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ESTUDOS ALEMAES ‘Série coordenada por EDUARDO PORTELLA, EMMANUEL CARNEIRO LEAO ‘e VAMIREH CHACON ich Cataogratiea elaborada pela Baulpe de ‘Besgusn da ORDECC con ON problomas tratarats do matedo Copitaista {claus Ofte, tradugto ae urbara Pratap. {plo de Janeieo Tempo ‘Braslito, 18 300 p._coioteen Tebo Universttile: 1s, Serid"‘Bstados Alemues) 1, oiiseg, — ongantsago 2. Capltalisino 1 nila Baie cpu g21.0n Hosea. CLAUS OFFE PROBLEMAS ESTRUTURAIS Do ESTADO CAPITALISTA TEMPO BRASILEIRO BIBLIOTECA TEMPO BRASILEIRO — 19 colegio dirigida por EDUARDO PORTELLA Professor da Univeredade ederal 80 Rio de Janeiro ‘Traduridos dot originate alemfes menclonados nas aberturas dos especivos ates Cconyriaht (¢) SUHRICAMP Verlag — Lindenstrasee Subtkamp Haus 6000 Frankfurt I. e Class Offe, Profesor a Universidade de ‘Blelefeld - Republica Federal da Alemanka. ‘Trdusio de BARDARA FRETTAG ‘Revisio Téenlea de TADEU HIDELBRANDO VALLADARES ‘Capa de ANTONIO DIAS ¢ ELIZABETH LAPAYETTE Programagio ‘Textual de DANIEL CAMARINHA DA SILVA ‘Todos os direitos reservados EDIGOES “TEMPO BRASILEIRO 1-7DA. ua Gago Coulinho, 61 — Tel: 205-5069 (Caixa Poctal 18000 CEP 22221 Rio DE JANEIRO — RI — BRASIL SUMARIO 1, FORGA DE TRABALHO E PODER DA SOCIEDADE ‘Teoria do Estado e politica sodial / Claus Offe © Gere Lenhardt ius liens da seo coletva: anotagiestedrcas sobre clas- fe socal ¢ Forma Orgenizaconal / Claus Offe © Helmut Wiesenthal 1. PODER DA SOCIEDADE B INSTITUICOBS POLITICAS ‘Tess sobre fundamentagio do conecto de "Estado Ca~ Dltalistae sobre a pesguisa polltca de orientaggo materia- sta / Claus Offe e Volker Ronse Dominagéo de classe e sistema politico. Sobre a setetividade das insitlgbes polities / Cinus Ofte Relages ce Troca o Direcko Politica. A alualidade do Pro- blema da Legltimagao / Claas Ofte Critérios de Racionalidede e problemas Funeionais da Ag80 Poltee- Administrative / Cla Ofte “A Ingovernabllidade": sobre © Renaseimento das ‘Teorlas Cconservadoras da Crist / Claus Otfe Reflendes e Hlpsteses em Torno do Problema a Legitima~ so Politica / Claus Ofte Partido Competitive Identidade Politica Coletiva / Claus one ss Politi por Desisio Majeritéria? / Claus Ofte fMmeracia raraacia competi ¢ o -Wotare sate esiano: atores de Estavildade © Desogatleaio / \ apis ott ° 6 ue a 180 6 8 m2 ou & | — FORGA DE TRABALHO E PODER DA SOCIEDADE Gero Lenhardt e Claus Offe Teoria do Estado e Politica Social. Tenlatioas de Explicagdo Politioo-Sociolégica para as Fungde @ 08 Provessos Inovadores da Politica Social. (Titulo original: Staatstheorie und Sozlalpolitik. Politisch ‘soriologisshe Erkiaerungsansaetze fuer Funktionen und Tnnovations-prozesse der Sozialpoltik). em: Cy, Ferber/F. X Kautmann (eds): Sonderhett 19/1977 Giimero especiai) da: Kolner Zeitschrift fr Soziologic und. Sozialpeyehologie. ‘TEORIA DO ESTADO F POLITICA SOCIAL ‘TENTATIVAS DE FXPLICACAO POLITICO-SOCIOLOGICA PARA AS FUNCOES E OS PROCESSOS INOVADORES, 'DA POLITICA SOCIAL Gero Lenhardt e Claus Offe 1. CONTROVERSIAS EM TORNO DE UMA TEORIA SOCIOLOGICA DO ESTADO A invostignsio do Estado e da politica estat se orienta nas citncias socials liberais por onceptualizacbes formals ‘Quando eventualmente encodtramos definicaes sociologieas do Btedo de direto paflamentar-democraticoy esas defin- oes ce referem a formas e procedimentos, o/regras ¢ ins frumentos da atividade estatal e nao a suas func, relagses de Interesses-e resultados. A detinieao,woberiana do Estado como detentor do “monopdlio da violéncia” remete 20 falo formal da “dsterminagio em ultima instancla” dos atos de soberania, mas nada revela sobre a ovientacso da relacdo de oléneia: quem a exzres, contra quem estl diigida? ‘A “irracionelizacgo" do conceit de poltiea Investida nas docites aolitrias irracionas dos “lideres” priva essa pet fgunte de qualquer significado. A operacionallzagdo mevodo- légtea do concelto de democracla,snlciada por Weber (1917), {01 depots a tal ponto radicaliaida por Schumpeter (1942) questa obra se Yrmou, desde entano foo da teria Nberal demoeracia e do pluralismo: a démocracia é tum procedl- mento de selepdo (especialmente eficiente) do ponto Ge vista 10 a “técnica estatal”, como dizia Weber, mas nada pode ser ilo teoricamente sobre os resultados desse procedimento. A estralégia teprica de conceber os contetidos como inicialmen- te contingentes (isto é, dependentes da vontade dos grandes homens, de provessos empirioos de barganha e de coalizéo oa de imperatives téenico-cientificos) para em seguida omiti- los do esforgo de teorizacio, também domina as diseiplinas fins, como 0 direito consituionsl ¢ a clinela da sam nistracio. ‘Assim, depols da eriacéo da Repiiblica Federal da Alema- ‘ha, E, Forsthoff e W. Weber investiram considerdveis ener- ‘las intelectuais para contestar & igualdade hierdrquica entre © concelto de “Estado social", definicdo normativa de con- teiido com que & gio earacterlza o Estado alemao 6 principio formal do Estado de dizeito, rebaixando o prin- eipio do Estado social, do plano constitucional, 20 plano {da legilacto ordindria’ De forma andloga, nas ciénclas ad- ‘ministrativas, a ago tétioa nao vineulada a contetidos, a 50. Itugdo de problemas de bases “incrementalistas” (Lindblom), ‘ow “oportunistas” (Lubmann) € caracterizada como a forma, empiricamente dominante da racionalidade adrainistrativa, pata a qual nao existem alternativas praticavels. Em contraste, o que aqui entendemos como teoria do Estado pode ser deserito como o conjunto das tentativas de fluminar esta “zona einzenta” com os recursos da pesquisa soelol6gica. A reducso do Rstado e da democracia & ca las de procedimento, que perdura e progride desde @ Pri- ‘meira Guerra Mundial, j4 permeou de tal forma as cléncias sociais iberais, que no somente a lacuna cognitiva sistemé- tica aqui saljentada — a questdo dos contetdos e resultados do procedimento — delxa. de ser pervebida, como as tenta- livas clentifleas de fechar ecsa Idcuna 40 Tecebidas pelos especialistas com uma ignorinela oficiosa. Essas tentativas compartilham o interesse comum no elemento de ditadura”, que “toda a democracta burguesa necessariamente earrega em seu bojo” (Kirchhelmer), ou — dito de forma mais geral — o interesse nas razdes concretas @ de conteido para o surgimento da violencia estatal, bem como em seus resultados materiais, na medida em que'essas razbes e resultados nfo s6 aparceem de fato, ¢ portanto de forma contingente, mas também como pontas de referéncla funeionais que, por assim dizer, esto embutidos na organi- n sagfo do aparetnoestatal bunguts. Um estudo dessa ordem | hao parte da constatacdo de certos modos de regulamentagao | ree Paral da etividade estacal (Pox Entado Se deta Prcraci), mag sm de hipotese sobre a Teagio funcional Freee lade eats foram ino, e oe prolem ers Sais ae tm forays Foil (ao cso. copii). por Shite, necestdade intelectual de una‘ definkto fanvional Seicondedo do Estado ou Go Ares eepelicas da atividade Sita certamente nib’ percesida Pooe centstas socals Staraisies Um extmplo setnte inflente on iteraura pol Tosoclal alma: da entativa de superar uma deverminagio formalstin do toto oa pote seta, € endo por Cats Ein"von Ferber l90t, BE deplor‘0 fato do\qe dado 0 nop tbc, nessa ret das eincis exinbmleas © Forces a pollica soci na Repub Fetert da Alena Ba iste como um sistema Je Telvndleagbes furiieas Guano a slocaghes financeiras dlstribuldag Peo Bstado © Gp que tt “Jurdifiengio" e“economlzagho” da poi social fodlnda nutoa “lope” da tora eda prea politico social ‘Bee'uoe indviavog ou pequenas comes (pg ts se fiintes vide tambemn ‘Tenasted, 108). Por mals perinente Canvtncente que ola ena corvites ores que cn fertem Tenomehas plicos em formals processus (oa tea, dtingto de "demoencla” ania Conpetto Sat Silt peas notes do pove ou éa “pallies” samo © Sislemd das Fevindleagées Jordi guanto @ tanstdneis fn fonda ete) "e guste inalsiterio que a lacuna Te fuitante see pre ering oes mortavag GO a jue tals pesos de conleudo fen value sie tempo! Uk ,cOntIAUAIMOS sem Saber o que "E™ a Pole fea ‘scl, tam sentido funclonal, @-Teedbemos apenas In formagées, sem duvida mencs interessantes, sobre. os crite ‘os BOTMATIVGS com que certas pessoas (que além do Slo clentstas) avaliam este Estado. Quando, por exemplo, se diz que € objetivo da palltica socai “assegurar e melhorar 0 Status sélo-cultural, um sentido humano integral” (Tenns- feat, 1976; 139) ou quando se exige que certos parkmetros da situngdo de vida individual (como salério, etc.) “nso tenham efeto restitivo" (op. elt, 149), coloca-te a questio 2 do conteido semanteooperativo de tals allmagtes ver dade que els servem perm antecpar cetas quesesInials tom que devem confronts cess pesqulss secologiss ‘he trea da pollen sod © Que. pods ser eamucleriasdas Como comparacdes entre 6 sere ddeverser: 2 pation Go- ‘inante & confontada com suas deflclencas, suas ncunas> permanecendo, no entanto,duvidoes a elevanea pain de Tir indigock Considerace qu tis pesguists contituem um objeto de interewe para nvesigng6ee socologieas eapeciias na res da pilin sola. Mas ¢ problema de taistnestigaches, on Sine no fa de que valoratives si de forma mat go enes tne a Pesuautor, ait Teeltado congeié on; prover gee © ti soci no ale ag teas Srogresistas ins eat das oujeges Tun damentais. primero, ela ¢ tneapas fe garantie a valade ¢ ‘obrgatoniedade dos pats desta neenatves e sagand, her tuerestiay vn de mgra. ala capaclaads’ie-peovocse pelo menos aigima ingustagio entrees stores pales & Sémunistrativs, ao apresentar a, prot da dscsepbaca eae fente entre © “deverser" eo "ber" alors gre de sean, panda tals pesguies, (ou Bode ‘nao fall). a todo ‘evera exgirae de una Concepsto tebice da rales Seclal que’ prelende.“estimiiar uns gesquloe, Surbiousa ‘te contilun, no interes dp Estado Socal (”.)" (Tene: ett, 1076: 185) uma indiaedo decom sla pense enao. bar cle dioma dupio — metodolegeo ¢ potticor Em sua oponigfo as abordagens formalistas_(especiai- mente econbmleas jusileas) 0 campo da pllca socal Glontiten, ax abordaging normatiicgs confitmam, em vet Ge superar, aquela dualliade-fnconelisvel das esters, na ‘tal se cine o realidad soll para as elias seas ibe fais nas diss abordagens, regis de procedimentoe's¢ con fMonlam com necesidedes; fais com valores, raelonaldade {eft com materia, Parece-nos que tanto as dois fo ‘allt. quanto as nonnativistad da police octal evita tia reaps & pergune que se encontra no centro dx as: ‘ssio sual sobre 8 tons do Estado, ¢ que nas cists toetate€ colacada predominantemente for dutores de cere indo 'maraina: ‘cbmo surge a policy etaal (bo caso" Dt social) apasir dos problemas especiise de ume 18 trutara econtmica de clases, batetda n8 valorisacdo extraturn ccna de, ses, tnsede 7 Yona po Ti'Zungtes que ie competem, consderandowe exeniage Tera Seiestho E Canagisia, por exenpla, for Shee HSE" gre: Yo0/0) pura a en 8 pollen sod qoutes Be Enlit’ a telagdo"entze og problemas de forma ‘pe ce figades & economia previdenciaria e a leglslagdo dos sega rjc cs antagenishos de intereses entre Ss clases S- Els chamands a alengto, de modo geal, parm sigul segundo causes epecfcas, daa notmas de organiza fultca’*(pag, 10): stares portant, flaado cfm terme Peres, ca! ysiga de como tcka soiedae histérea ge Te- trea, de forma ldlnica ou no: qual ut elruturas OS que gora an Sua conlinuldade sun ientidne Ge aja ab suns dscontinuldades, a concepeto de que aquela eoltiuade ¢ probiematics ou pelo metas de que elm Dio Shi assepureda por dadas meta-doclls (como, por exempo, natareta nummdna) "constitu como 6 fall demonstar, “tundamento ne qual se basal todo e qualauer esfon fecrisosoaal sejn Gu Comic ou em Sars A socbologa Hime pecirel a purr dest evidéndn A soeoiogla rer foie eae problema primordial (que ontimin basco atu) Sa medida em que indlen quals 950 ctamente as queties ‘otrafuras que probietaliam 0 contesto socetdrib © sun Sceitnuldaae nuforca, estlarere staves de que modlaas Gr ategranto”o sate socll 6 capes ou nid Ge reoler ag sous problemas extruturnisexpectco. Na respsta hipo- téaten nesta ‘tltima perpunta, © alusfo A fora poles eso carder “esttal" da scedade burguesa sempre desempeohon fim papa importants’ dentro da ttadiao tebica ao matey alibeb slic Masa hipotese precisa ser confirmads, Ecrprovandinse& fangto eSpectcaente presi, Tegul ore Weollgin, ee, do apefelno eal, de seus compenen- tes crganiatonais © de suas pollen, o que faromon ag, {titulo de exomplo, na aren pola sd 2. A FUNGAO DAS INSTITUIGOES DE POL{TICA SOCIAL, EO PROBLEMA DOS PONTOS DE REFERENCIA FUNCIONAIS. ‘Uma andlise social que se disponha a responder tals pergunias deve partir da construcso hipotétiea de pontos M de referéncia funcionals, que posteriormente precisam com- rovar-se como instramentos para a explicagdo empirica de [processos politieas.* Propomos, como um desses pontos de re foréncia, a seguinte tese: A politica social € a forma pela, qual o Estado tenta resolver 0 problema da transformacdo | Guradoura de trabaino ndo assalariado em trabalho assala-\ Piado, Esta tese decorre das seguintes reflexes. O processo | de industrializago capitalista € acompanhado de processos de desorganizacéo © mobilizagao da forca de trabalho, fend- ‘meno gue nao'se limita & fase iniclal do capitalismo, mas que nela pode ser observado com especial clareza. A amplia~ gio das relacdes concorrencials aos mercados nacionais © finalmente mundiais, a introdugio permanente de mudanges. {éenicas poupadoras da forga de trabalho, a dissolucéo das formas agrarias de vida e de trabalho, a influénela de erises ciclieas, ete, tm 0 efeito comum de destruér, em maior ou ‘menor medida, as condigoes de utilizaedo da forca de tra- batho até entao dominantes, Os individiios atingidos por tais processos entram numa siivacdo na qual no eonseguem, ‘mais fazer de sua propria capacidade de trabalho a base de sua subsisténcia, ja que nao controlam, seja em termos in- Aividuais ou coletivos, as condigdes de ultilizagdo dessa capa eldade, Isto ndo quer dizer de forma alguma que esses indi- duos’ por si mesmos tenham condigées de descobrir, para cenfrentar esses problemas, a solucdo especifica que consiste fem allenar a tereeiros sua forga de trabalho em troca de dinhelro, isto é, de aparecerem no mercado de trabalho, do Jado da oferta, A azeltacéo de tal automatismo, tentando transformar em evidéncia sociologica 0 que € apenas o “caso geral” do desenvolvimento historico, leva-ncs a perder de ‘iste og mecanismos que precisam existir, para que “o caso geral” de fato venha a ocorrer. | suey PAE especificar esse problema parece-nos adequada a | aistingio entre proetarizagio “passive” ¢ “ata”, 0 fato da Proletarlzagéo passiva, macica ¢ continua, ou seja, a des- ‘tmuigo das formas de trabalho e de subsisténcia até ento | habituais, nao pode ser contestado, econstitui um importante aspecto social e estrutural do processo de industrializagao. Mas, do ponto de vista socioldgico, nada Indica que os indl- | Yiduos atingidos por essa “desapropriacio” das condigées de lulilizagao do seu trabalho ou de outras condigdes de subsis- | tenia, transitem espontaneamente para o estado da prole- 15 tarizagio “ativa”, 1.é, passem a oferecer sua forga de tra- ‘alho nos mereados de trabalho, Esta conciusao significaria transformer a fome e a caréneia fisiea, decorrentes da. prole- tarlaagéo “passiva”, em fator da explicagéo sociolégiea, ‘Tirar esse tipo de conclusio seria — descartando-se re- ‘lexées metodolégicas — equivocado pelo simples fato de que hha, do ponto de Vista teérico, uma série de allernativas, fan- ciohalmente equivalentes, & proletarizagdo, que se realizaram. hhistoricamente, e que continuam atuais: emigrar com 0 obje- tivo de restabelecet, em outzo lugar, uma existencla autono- ‘ma; assegurar a subsistincia por melo de formas mais ou ‘menos organizadas de roubo; fugir para formas alternativas do vida e de economia, muitas vezes sustentadas por auto- Interpretagées religiosas; baixar o nivel de subsistencia, re- correndo & mendicincia, & asasténcia social privada, ete.; ‘ampliay o periodo anterior & entrada no mercado do traba- tho, estendendose a jase de adolescéncia, ou mediante a re- tenelio dos adoleseentes no sistema familiar ou, o que é mals comium, dilatando 0 periodo de passagem pelis institulcoes {0 sistema eduodeional formal; enfim, ular contra as causas 4a proletariaagio possiva através, por exemplo, da destrulcdo ‘de maquinas, do clamor polities pela protecdo aljandegdria ‘4 de miovimentas politicos com o objetivo de liquidar a forma~ ‘mereadoria da forca de trabalho (movimentos de massa re- Woluelonérlos, de ofigem soclalista). Essa possibilidades for- recem uma lista incompleta e assistematica das alternativas efetivas, tanto historieas como atuals, a proletarizacao, “ativa”. A luz dessas alternativas torna-de necessirio expll- coat por que somente uma minoria (quantitativamente nio de ‘todo insignifieante, mas no conjunto pouco expressiva) ¢s- colien essas alterativas, pois a socializacao em massa das {orcas de trabalho como trabalho assalariado eo sUrgimen- to de um mereado de frabatho nfo sto Wo Obvias, mesmo se aceltarmes a destruicdo das formas do subsisténcia tra- icionals como um dado, embora no plano conceitual nao ‘seja possivel pensar o proprio fato da industrializacio inel- ‘sem 9 prerequisito de uma maclca proletarizacao ‘Se o problema da proletartzacto, da insergio da forga de trabalho ho mereado de trabalho néo pode se resslver "por si 6", em um sentido que possa ser Tevado a sério do ponto de vista das eléneias soclais, devemos perguntar que estrutu- 16 ras parclais da sociedade teriam agido funcionalmente com Vistas & solugao desse problema eatrutural. Defendemos aqu 2 ese de que'a transformacio em massa da forga de trabalho flespossuida em trabatho assalariado nao teria sido nem & possivel sem ‘uma politica estatal, que nao seria, 80 centidD esr, politica soa, mak que da mesma forma que esta fontsibui pare integrar a forga de trabalho no mercado ontib pare integra fr ‘Nossa tese sobre a proletarizagéo “ativa”, néo-autométi a, scompanhada de uma proletarizagio “passiva", eonco- tnltante'e "natural, pode ser deadobrada en tes problemas pareiais. Para que uma recrganizagdo fundamental da socle- fade, nos moldes em que els ocorfeu no decorrer da indus {rializagdo eapitalista, ja posefoel como tal, (a) a forea de ‘trabalho despossulda’ precisa estar disposta’ dofereoer sua capacldade de trabatho nos mercados como uma mereaderia fe dceitar os rseas e as sobrecargas associndas & essa forma de existénela como relatioemente suportavels og trabalhade- res procisam ter motivas ulturals para se transformarer em ‘rabathadares asvalariados. (b) Preolsam canstituire cond (6es sdcloestraturais para gl o trabalho assalariado funcio- hie efetivamente como trabalho assalariado. J que em vista das suas oondigoes especials de vida nem todos os membros ‘Bt soclodade potem funcionar como trabalhadores assalaria. das, a menos que cerlas fungées de tepfodacao elementares (especialmente ne area da soclalizacio, da satide, da forma io profissonal e da. asistencia & veibice) celsem de ser Preenshidas, tomam-se necessirias ‘medidas institucionais specials, sob euja protegdo parte da forea de trabalho fica por assim diver dispensada da pressdo de se vender, endo Gonsumida de outra forma que pela cessio em troca de dl- ihelzo (como, por extmplo,o caso da done-de-casa). A mdis- Pensabilidade’ funcional de’ tais subsistemaa extemos. 90 ereado— como a familia, a escola ¢ instalagdes da ass téncla & side — € menos problemética que a resposta & pergunta de por que {ais formas de organizacéo da vida so- Slearia, externas” aos mereados de trabelno, deveriam ser ‘assumidas pela potion eslalal. Hé dois argumentos para jus ‘itlear a tte de quo a socializagdo através do trabalho asa. latiado tem, de falo, como prerequisito, que as formas de cexisténcia extemas ao mercado de trabalho, sejam organiza- das sancionadas pelo Estado, © primeiro é que justamente 1" aquetes (como a familia, a assisténcia carita- fifa privadaca igreja) que na fase pre-industrial e no periodo nieial da industrializaedo tnham assumido fungSes assis- tiva, porque em caso contririo haveria uma tendéneia in- controlével a que os trabalhadores assalariadas se evadissem {49 mereado de trabalho, refugiando-se em um dos subsiste- ‘mas, Hsia refleio evidenela por que a constitulgéo de uma tenclais, perdem em eficiéncie, no decorrer do. desenvolvi- or gu Ss SnMel Uhce av a gular or repaane asie. de-trabalhedores assaletiados tem como prerequisito (aes pallens frpalendas © Segundo argument (pert Bitituclonalicacio politica — e nfo somente a exsténcia famente compativel com 6 primeiro, mas provavelmente de factual — de diversas categorias de trabalhadores néo-assa- [mportancia desigual) consiste no fato de qe somente a "ea. Jariados! Finalmente, precise ester assegurado (e) que haja nportanela desi guty cisiemas periéeios permite controlat uma correspondénela quantitativa aproximada enire o nde. tevconiigces de vida eas pessoas As uals & permitido 9 acess0 1 de individuos que slo proletarizados de forma “pasiva guclas formas da vida e de subssténola stuadas fora. do, (Gor exempio mediante a emigragio forcada, que se traduz Iereado, e que com isso sio dispensadas (lemporariamente rho abandono das formas de Tepfoducso agricolas, ou me- Taerern seme) de presto da vera no mercado de abel. Glante a liberagdo da forga de trabalho, por recessio ou mu- PO ponto-chave desse argumento consiste no fato de que mio danga téenlea)'e 0 nimero daqueles que em vista da deman- Sommente por calsa dos prerequisits da reproducio "ma. 44a no mereado de trabalho podem encontrar oeupecdo como feria” mas também, e na mesma medida, para assegurar © ‘trabelhadores assalarindos, fontrole sebre 0 trabalhador assalariado, 6 necessdrode- solugio do primeiro desses trés problemas parcais & finir, através de uma regulamentagdo politica, quem pode encotads pls ciliata dagoeag-policas exttal que quem nao pode tomar-se trabalbador assalariado. De outa Aregundo & terminologia dos estruturalisas franceses — forma, seria aiiell explicar por que introdugso de tim la Integpam os aparelhos “ideologieos” e “tepressivos” do. Es- tema escolar universal (ou sea & substituiedo do formas de tadolla entrada da forca de trebaiho na funcdo do trabalho ‘soclalizagao e formacio interns ® familia). vieram compa fssilariado, ou seje, sua Socllizagao segundo o modelo da hadas da introducao da obrigatoriedade escolar era, tem- meteadori, ¢ probiémética e de forma algume automatica poralmente definida (ou seja a organizacio obrigatéria do 2B inicio do. provesso de industralizagaov Alem disso, este {ertas elapas da vida fora do mercado de trabalho). Somente problema & eanstantemente Feeriado, no decorrer do desdo- ‘quando as eondloGes sob as -quals a ndo-participacao no bramento do capltatismo industrial,’ problematizando-se de hereado de trabalho & possivel estiverem “regulamentadas forma endégena a permantneia na’ fungdo de trabelhador pelo poder piblico (pois as medidas repressivas como 0 cas- asstlariado, Segundo a antropologia do trabalho ¢ a teoria figo da mendiséneia'e do roubo, néo bastam), e conteqiien- a alienacao de Marx, faz parte do carater especifico do tra- femente quando a escolha entre as formas de existéncla do 1) \batho assalariado que a dlsposicio da forca de trabalho de trabaino asselariado e as formas de subwisténela externas ao lefetivamente vender-se nso pode ser vista como natural. Com mereado de trabatho no mais depender da deelsio do proprio fa propriedade privada dos meos de producéo foram institi- frabathador, podemos contar com uma intogragio confiével cionalizados tanto um eerto modo de distribuicéo das bens SC permascail tae ohamarises neuminten nas tacetes de ‘Quanto uma cerla forma de divisio de trabalho, Em conse: trabalho asseariado. Se, quando e por quanto tempo um in- {(éneia, os trabalhadores perderam em large medida a pos- dividuo se encontra em uma situagao em que a participacio Shoildade de estruturer a organizacao do trabalho eutono- zno mereado de trabalho nio € permitida, se alguém esta mamente, ¢ segundo os seus prépros interesses. Uma das vyelho, jovem, invalid se tem dirito & pariicipagao nas me- ‘aracteristicas da arganizaéa da trabalho éapitalista)é sub- idas educacionais ou & ajuda social —'nenhuume dessas de meter a forga do trabalho, tanto quanto~possfve~a uma isdes pode de ssidades individuals nem das ‘orientagéo extema. ea um controle externo integral. Do Joportuntdades de subsisténcia exstentes fore o mefead, elas onto de vista da organtzacio do trabalho, & "desapropria- recisam ser regulamentadas polticamente, de forma defini- $40" signitiea que os Individuos foram despojades de seus 18 19 7 - recursos materias slmbélicos, dos quals depende uma auto- RRprocatagto salistatria, Na'medida, portanto, em que a TePionalldade da economia privada se impbe, excuse © pos Fiindade de que o trabalho conatitua, independentemente ap sou cartier tecoldgico Instrumental tsmbem tm Instroe mento de satisagao de necssidades. Dai decor litatagtes ferns na motiraeto para 0 trabalho, nfo somente no inicio @ de industiaizacdn, durante © qual prevaleetam inde orletaghes de valor pre-capitalist, shes o moments presente. B necesrio reagir a este probiema constant da Eintegragdo soclal” do opetariado asclariado com mecanis- sos de controle soclal que no gerados de forma confldvel pelos meeanismos do metcado de trabalho, Dai, por um lado, P°fendénela a considerar delituoses,e reprimr, modos a fuboistensia que consituam ume aitemativa a’ rlagao Ge trabalho assalariado. (da problgto. de: mendicancia até, os sigs de repressio do po da let antlseinits) por out, 2 froromitado de norman © vélores, organicada eo Estado, uja observe assegure a passagem pera a felacto de tra: batho assalarlado, Somente & coustante mobllzagao dessas aus alavancas da politica estat pode fazer com que a caase ‘operiria “por educagio,tradigao ¢ uso, reconhega as exigen- las daguele modo de preducao como sendo leis a natuteza Sbvias” CK. Marx, 0 Capital 1 pags. 76 segue) A transformagio da forga de trabalho despossulda em trabalho asclariado 6, ela mesma, parte do processo constitutivo da Politica socal, enjaefetivagio no pode ser somente expliea da pea “coergdo muda das relagSes econdmicas" (bid. ple fina 777), ‘Além disso, mesmo que a forma de organlzasio do tra- taho asselariado se tenths impasio como forma de subslstén- cin politcamente dominante, isto nlo significa em absoluto ‘quevela © partir dase momento te autoreustente ¢ persista GAs formas de aproveitamento da force de trabalho, especi- ficas do capitalismo industrial reintroduzem constantemente este problema estrutural da socializagio através do trabalho remunerado, (Vide Bable e Sauer 1975), Estas formas de proveitamento implicam em que nfo sto considerados as U- ‘ites da revistnciafsiquica @ fiiea das rabalhadores, no resse forma permanente a capacidade de Inteese de prserrar permanente a capac! 0 [Responsévels por 80 no so somente as restrigfes ins lituclonslizdas nas instalagées téenieas ou sob a forma de autoridade pessoal. Meso quando ¢ trabelho € poco regu: Jamentado ¢ portanto permite malor autonomia decioria os aperaris, os trabalhadores extfo’ sob a pressio de Tomar eeisbes cujas eonseqiéneias podem ser nelastas para & sua Salde (0 tanejo de instalagses teenias perigora. 0 des Yespelio a regras de seguranga, um ritmo de trabalho pre- judicial, jomadas de trabaino excessvamente longa te, s80 {ormas de comportamento impostas, entre outros flores) por Sistemas de remunerngao baseados no desempenbo. A aor tancia dos trabalhadores se aeresce que também as empresas 86 podem ter uma consideracdo limitada com a sade ¢ 8 Intégrdade corporal do operdtlo. Danifieada a forea de tea- hulho de um empregado, os empresirios reagem, via de Tegra, com a demisséo © & cohtratacto de forga de trabalho als ticaz: Assim, ha poucag razSes para que as empresas adotem ‘espontaneamente medidas prevent teger otra ou amar g-foease fatwa Porous a, sade trabalho. Por outfo lado, 0 de Taereado da forea de irabalho ¢ restringido pela constante obsoleseéncia da qualifieaedo profissional. O contex- to funcional autonomizado das inovacdes técnieas ¢ organiza clonais e a concorréneia reciproca dos que oferecem sua forca, ‘trabalho provecam um desequilibrio permanente, no ‘superdvel no contexto de mercado, entre a estrutura do em- ‘pregado e as eapacidades individuals. Na medida em que as Qualifieagsee profissionals ndo mals podem set adquiridas e constantemente renovadas pela experiéncia, ¢ em que as qua- Tifleagdes culturais genéricas néo bastam para preservar 0 femprego, as oportunidades para uma participacio perma- nente no mercado de trabalho se deterioram, Nao se pode, vis de regra, esperar das empresas que ponham a disposiedo ins- ‘educacionals dispendiasss. Isto também € valld0 no Gata ‘Gus has "depertom de forge, Ge trabalho qua cada. Pols, o contrato, mediante o qual a forca de trabalho € entregue ao empresério, pode ser escindido a qualquer ‘momento pelo trabalhador, de modo que delxa de existir para, empresa toda e qualquer gerantia de_re ine vestimento educasianal. O grau de rentabilidade e, portanto, do valoF a6 mercado da forga de trabalho individuel, depen’ ‘dendo do seu estado de saiide e do seu nivel de qualticagio, © rebalxado de tal forma pelos mecanismos endogenos’ da 2 Yr eo capltaista, que se tora necessrio instituclonalizar Papas uimpasdexternor a0 mercado de trabalho, nos cer cee ed rabalno pode ser abrignda de forma pet se ee tebocentadots por itade, invalses) 08 femporksin Miamituicde de amparo hsaide ede Felelagem profiaonal) ‘Asresconta-se sas, como Segunda condicso, que essay {exces de emergenla ou encocho nfo_podetn ter de Ise {Gosiha do trabelbador,O aceon a tals itgbes presiaeatar Sloeulado a coros entree do admin, contol admin Tnllvamente,posue do contriro seri de esperar que ho. ese umn redaglo da "preado de" venda” pera orga de Wbaaho ainda intact, (Ck. Gazer 1979) ‘Tembémn neste sentido a politen social repretenta uma strates esta de intemracio de forea de trabalho na To do isbalno assalarid, 1, ulna rela que somente poderia’sequirir a aifusao ea’ “normalieage™ que hoje Ett grayed cfeisldade dessa estrafepia, Nests Seti, & politessoval nao € mera “renedo™ co Eetado aos “probe: tas" da lane operria mas conribal de tran {orma indispensie pare. «conti jasse. A funda mals {mor af TERPS poles eidat consate cn egulamentar’9 proceso A de proleerizacaa, Nao podemos. coneeber, em outras pala: ‘rad, 0. proceso de. prletarizacko ‘como um processo de ‘ass, Gontinuo ¢Telaivamente sem regresiées| tem pensar ao metino tempo a juncdo constitutiva aa potion sostal do Estado? Ao lado (a) Ga preparacao repressiva.€ sociallza- dora da protetarizagdo ¢ dab) estabilizagao por medidas 44a coleivzagao compulsbia ‘dos soos, acresentarse.(e) fomo ferceiro componente da poli. social do Bsiado, 0 controle quantitativa do procasso de protearizagao. Essa tese esta bascada no seguinte'racioeinio: © processo de industria: sagio eapltalista progride em lovas ¢ mmudencas abrupias ‘qué so carncterizadas por assimetrias agudas. Este modelo tora a priori improvavel que o niimero de operérle, vitimas da prolearizagdo passiva. (provorada, pela. destrulgio daa condigées ususis de utilzgo de sua forea de trabalho, ou 4e Set modo de subssténcia tradicional) soja exata ou mesmo ‘aproximadamente igual ao nlimero de operdris que nas con- dligdes temporals, espaciais estruturals dadas, poderiam ser ‘absorvidos" plas Telagdes de trabalho assaiariago, ainda que adinitissemos a disposigdo e a eapacidade desses traba- Thadores. Um “excesso de oferta” (pelo mends temporiro), 2 superior ao potenciat de trabatho que funciona como “exer- clto de reserva, precisa ser pressupasto constantemente, como uma eventivalldade: a desapropriacdo da forea de tra- batho ou a tiberacdo de trabalhadores assalariados j& empre- gados excedo a capaeldade de absoredo do mercado de tra Dalho, Tais desproporedes se tomam provavels pelo fato de que a ‘mercadoria” forea de trabalho se diferencia das outras mereadorias na medida em que sua quantidade, seu lugar e momento de aparecimento ao sio determinades por atos estratégicos de escolha subordinados ao eritério de sun ven dabilidade, Dito de outra maneira: a forea de trabalho é tratada como mercadoria, mas, so contrario de oulras mer- cadorias, sua existéncia nfo se fundamenta em expectati- vas estratégicas de sua possibllidade de venda (Polanyl, 1944), Este problema estrutural de uma constante discre- ‘pAncia, especialmente no que diz respeito a um excedente oteneial de oferta, exige mecanismos reguladores dos volu- ‘mes quantitativas, capazes de estabelecerem o equilibrio entre f@ profctarizacdo “passiva” e “ativa”. As flutuacdes “andr- quicas” da oferta ¢ da procura no mercado de trabalho, ge- Fadas mas nao controladas pela sociedade, “impoem um sis- ‘toma social, fora do processo produtivo, destinado a reeather ‘as parcelas’redundantes, de modo a assegurar a reproducéo a forca de trabalho, mesmo quando nao hé um impacto Aireto sobre o provesso de producso” (Bolle e Sauer, 1975, pig. 64). Este problema de “Tecolhimento” institucional dé parcelas da forga de trabalho que, em vista de mudancas 2: truturais e conjunturals, ndo podem ser absorvidas pela de manda no mereado de trabalho, se tora premente na mo- ida em que as formas tradicionals de assisténcia a esses in- ‘dividuos perdem ua capacidade de funcionamento. Fata ‘ese poderia ser melhor fundamentada se recorréssemios 20s resultados da soclologia da familia, voltada para a historia, social (ef. p. ex. Helnsohn e Knleper, 1975) ¢ as pesquisas sobre a perda de funcées das instituigées privadas de bem- estar € assisténcla aos desvalldos. Resumindo os resultados até agora alcancados:_a desa- propriacdo da forga de trabalho acarreta trés problemas truturais. a saber problema da integracto da forca det balto no mercado de trabalho, do lado da oferta, a institu- cionalizagdo das esforas existencials e das riscos vitals, “nilo- Integravels" na relagio de trabalho assalariado, e a tegula- ey yuantitativa da relagio entre oferta e demanda no tho, Hstes problemas esiruturals nio se re- fem ieottamente de forma autnoma, por exemplo cite vuma premio muda das relagdes econonicas, que ‘Rip debasse os partielpentes nenfnuma outra escola senso nla molar aos imperatives Inevitvels. industrial see, caplalicta, Se as “TeingBes econdmicas®coagem, eas 0 fase sea Stldg de esimular invengho de Instiulces 8 fazer Peaches de dominagao, que ni eo baselam de modo Sa ums etaglo mda socalzgho nlp ocorsesomente sere oo eed dominacio = eo poss esstal O pro JBflen de JominagSo “do poucr esata. © pro. ae tralno eoménte fe tora trabalho einrado enaonlo casdlo, ods agora defiis a politics soll, deforma hipoté- tice, como 0 conjunto daqueles relagdes e-etratéglae poll. camente onganizadas, que prodiacm ‘coainuamente esa ftansfommagio do propsielico de orga de trabalho em tra teanador aslarid, ne medias em quo paftclpam da soit. gfe des prolemas estrutarsis, nierormente mencionadoa* Sia exfatega concestunl que fgnora as dezlagies usis- diclonals préxitentes. nfo se dei inluenelar or opeoes Sormativds precisa costudo, denonstar que st lesicugoes Piecldas ie "poltica soca” pate eer eelcadas, de forma Blnusve, om coeagio fuclonal com cares its problemas Eetrutursi De que forma 0 acervo eelente de bulges Stelopolica estresponde ace problemas estruturas da in- {Egapio defn co vabulo no sim do tal sas. avado? Para responder s essa pergunta enumeratemoe eq algumas reflexes llustrativas e elueldativas a Voltemo-nos, inicatmente, para o problema da adequ- so “motivaconil” da forga de ral para o trabalho as. Shasta Fan formar claro gue os inceatvos aera, en Sl meamos, nfo bantam para assogurar 4 dspoigia para’ 0 trabalho, no € press reorer A fungio do protstanismo, Atserlta por MaY Weber, ou hintrodugao da Corigalariedade Sica derg im fatinpo tant da nectaidae. ura, lamibtm ormatiment, a dapoigio pera 0 ta. ehery Gus Sie cutee etn pullica do mereado fe trabalho, de alteray em o aux do Eotema educaconal.c pape eteretpado a mulber, valor ‘indo 0 trabalho asnidrsdo As castes do trabell de ont 4 ie e-casa. Com efelto, comparado com outros paises ocidentals, 4 partielpagéo feminina no trabalho assalariado € relativa- mente baixa na Republica Federal da Alemanha. Os instru- ‘ments politicos da edueagio preencher, neste easo, a funcio fe modelar motivagées (e, a0 mesmo tempo, de regular quan Utativamente o mercado de trabalho). Os esforges pela igual- dade de oportunidades da mulher no’ mereado de trabaiho € ‘2 ampliaeao da procura de forga de trabalho em regime de tempo parcial, bem como a instalacio de jardins-de-infancia, constituem medidas eolaterais, cujo objetivo também eonsis- te em mobilizar forea de trabalho (BMAS” 1974, pags. 87 € seguintes). A telacdo entre as instituigdes de poiltica soziat 0 segundo problema, ou seja, 0 de assegurar, através do controle politica, os requisitos materiais da forma do traba- tho assaldriado, parece evidente, Basta mencionar as institul- es que sio ativadas quando um operdrio 6 expulso do pro- fesso ol! é ameacado de silo, Uma funcio preventiva 6 pre- ‘enchida pela legislagdo protetora relativa aos aspectos téent- fc, temporuls € sotlais do processo de trabalho. A fim de ‘evitar que operdrios sejam excluides do processo de trabalho, por desgaste prematuro, certas condleoes de trabalho mate- Flal prejudieials 2 ratide 40. prolbldas, preserevendo-se me- ‘didad para a protegdo dos trabalhadores. (prevencdo de aci- ‘dentes, dispositives sobre o local eo material de trabalho) ‘Além de preserigdes e protbiedes, o Estado eria possiblidades de informacdo (pesquisas sobre 2 humanizaczo do trabalho, financiadas pelo stado) © impde disposiodes soviais destina das a melhorar as condigées de smide e de trabalho (lel sobre ‘9s médicos de empresa). Na medida em que o aproveltamento a forea de trabalho depende de qualificacdes profissionals, a pcg uacional ae proiionatizago, bem_ como & lea de aperfeigoamento profissional, asseguram a corres- pondéncia entre a forca de trabalho e @ demanda, também o ponto de vista qualitative. O seguro de saiide tem a fungao de garantir a reprodueéo do trabalho assalariado de forma ‘bastante Imediata, Ele contribu para que o trabalhador, im- pedido de reeorrer a formas de assisténcia tradicionals, no sela marginallzado duravelmente por causa de uma doenga fransitérla. Antes da adocdo das medidas estatals correspon dentes no séoulo XIX, os encargos financeiros resultantes da 25 ro ‘doenga levavam facilmente os afetados por tais encargos a $RGRSr.ce daquele melo cultural cujos membros ganham sua. ‘ida atraves do trabalho e que praticam moral de trabalho ‘won Ferber, 1967: 63). Em face dessa explleacso, toma-se ‘fouco piousivel a tese segundo a qual a funcio principal do Royurolde saude consistiria em impedir que a oferta de forca, de trabalho fesse Insufclente para alender ts necesiades de pessoal das empresas (cf. Buble e Sauer, ofer de orga de trabalno nos witimos 150 anos 86 excepeional- mente deve ter fleado abaixo da procura, nio havendo pra- Heamente nenhuma razdo para tratar essa forca de trabalho ‘Abundante com eaulela, ¢ Para preoeuparse com sua Te- ‘comporicio, ‘A estabilidade do sistema do trabalho remunerado de- pende em um sentido duplo do suprimento de moradias aos frabalhadores, Por um lado, as moradias podem ser enea- adas como condicées materials importantes para a regene- Tagdo da forga de trabalho e desenvolvimento da prole, € por outro, a oferta de wm espaco residencial condiciona a @xtensio a mobilidade regional, da qual necessila o mer- teado de trabalho. A concentracdo dos locals de trabalho, de- correntes da concentracdo do capital, elevou — tendo em ‘vista o valor de renda da terra — de tl maneira os alugueis gue necessidade de espaco residencial s6 pode ser satls- feita através de medidas estatais de apolo (subvencoes para ‘moradia, construgdes de baixo custo, lels do inguilinato). ‘Assim como o seguro de satide combate as conseqiénelas desintegradoras de uma limitacdo ou interrupeao transitéria, de trabalho assalariado, o seguro de desemprego tem a fun- ‘do de evitar que os trabathadores atingidos pelo desemprego Se esquivem dp controle aaquetes que Sancionam sua isp ‘icao para o trabalho, O valor de integracio dos subsid Financelras baseia-se no fato de que o poder aquisitivo pode ser encarado como tum fundamento decisivo do bastecimen- to material, e portanto da manulengéo de uma forma de organlzagio da vida, aprovada pela respectiva sub-cultuta ‘Mantendo-se estruturas tradicionais de necessidades, mas Ii mitando-se simultaneamente o salério-desemprego. a uma ferta parcela do salério original, ¢ fazendo-se, além disso, ‘sua obtencio depender do fato de que o respectivo desem- Pregado continue & disposicdo do mereado de trabalho, esti ‘Se trabalhando contra a formagao de modalidades de’socia- 1izagao que interrompam a relacio com 0 trabalho assalarla- do, Tal efeito se produz de forma ainda mals confiavel se 03 ‘desempregados, com base no. principio da. subsidiaridade, ppassam a cer sustentados por parentes préxlmos, 0 que sub: mete 2 sua disposicdo para o trabalho a um controle 20 ‘mesmo tempo fntimo e intenso. A flm de combater a neces- sidade de formas de socializagio alhelas ao mereado, o Estado ‘ainda pode mobilizar de outra maneira os recursos culturals « simbolicos para o controle das desempregados, Sem dUvida fle 56 pode organizar diretamente os desemprogados em esca” Ja muito limitada (servigo militar, frentes de trabalho, Teel- clagem profissional), mas pode mobllizar os papéis socials tradiclonais, a fim dé utilize los pare a finalidade da regula: edo quantitatioa do mereado de trabalho. Com Isso chega-se fo terceiro problema da “politica social", aelma mencionado. (Os jovens podem ser retidas em instituigdes do sistema de sino, qe permite redux oferta de forea de trabalho. ( Estado, nesto caso, ngo esta lidando com desempregades, ‘mas com’ escolares e universitarios. A manutengao dos tra: Dalhadores potenciais em instituicées do sistema edueacional ‘em ao mesmo lempo a vantagem de que nelas pode ser exigida uma eerta forma de comportamento diseiplinado, que fem geral corresponde & exigida ho processo de trabalho (ef Bawees e Gintis, 1975) © Estado ainda pode adicionalmente aliviar 9 mercado de trabalio de forca de trabalho extedente, abrindo aos tra- Dathadores a possibilldade de. antecipar ‘a. aposentadoria, gracas a um Limite do idade flexivel. E, finalmente, as mu theres podem sor reintegradas em seu papel de donai-de-casa @ de maes, O Estado dispée, portanto, de uma sirie de possi- Dilidades de ampliar a oferta de posiedes que nao implicam fem ofertas no mercado de trabalho, e simultaneamente @ de integrar os que nio podem ser insluidos no mereado de tra- ‘balho, estando assim desvinculados do efelto dlsciplinador do trabalho. Esses instrumentos de intervengao da politiea Social tém a vantagem de que, dependendo da eapacidade de absor¢ao do mercado de trabalho, também podem ser util- zados no sentido contrario, ou seja para a elevacao da oferta a forea de trabalho. (© trabalho assalariado se toma mais atraente para és trabalhadores, reforeando a sta disposigéo para o tabalho, zna medida em que 05 riscos existenciais associados ao tra 2” - patho assalariad esiejam coberts por formas instituclonals batho asealeral ‘Ao mesmo tempo, os sistemas do seguro 0,20 Seem tamber © capita, contibuindo assim Para soci crrovaa demanda, por forea de trabalho. O capital & Syanarede ne medida em que, na auséneia de tals Institue Stonere problemas individuais decorrentes da existéncin do $Eeb0h dav asctarado, precisriam ser resovidos mediante sage slarais mais evades por parte dos trabalnado- sa oate caso, no estariaassegurado que as pareelas adi Teale de reco realmente fostem Uiilzadas #0 sentido da lonteeracdo da fora de trabalto no tereado. Os delentores Ee umegaro de sad, contention, nao tio na mes SeNhoneio cue un parieyante do mercado, que consome Fegundo seu poder aquisilivo, de aeordo com Sua propria svallagio ‘Que tpos de servigas cabem a0 assegurado e em que situates, @delerminedo por preserigdes admimistrativas que ‘Stabeleeem nos orgamentos os segures, tanto do lado da fresagko quanto.do ado Ga wlizagho dss servos, urn com Fumo social coereitoa ‘Sem a previdénsia social os meios ¢ as snstalagSes que servem part a cobertre dos rsces de trabalho ede. vida Seria oojeto de dispendiosasIutas redistnbutivas, 20 passo {Que no quadro do sistema de preidéneia soll eles :20 finan Sncos por uma redistribulgdo obrigatora, horzonial e tem- otal, que gera confanga, e que alivia 0 capltal, nlo somen- {erm termos financeirs’ Surgindo um confit em torno das condiyoes destavoraves da existencia do trabathador asslae ‘indo; no se Ga um confronto entre trabalhador e capital, hem be foram objeto de conflto a organiaagio capitalsta fo training om o nivel saariel dea decoreente, © que pode- ‘a eventualmente provoear um conflto aberto de’ classe 6 {mansformado num conflito politiso ou numa controvérla Bde Os riseoso 0 tipo de'elaboragio desses conflitos si prior definides de tal forma que a eatrutura do proceso de’ proacso capitalist nfo pista em questso. A oitiea aras vers tore Tos means socias estruvurss, Que provocam danot de sade, Isto se revela pela "orienta: ‘Ho Guaso que exeluaivamente curativa © individaallsta” do Sistema de side (Nasohold, 1970: 193). As medidas legl- lativas param melhoria Gas! contigdes © jelacbes de treba. Iho elteram minimamente a estratura Ga divisuo de trabalho i e. ls do pose eanmic capa A mada rete fem-se espedialmente aot aspectot téenicas do" processo de Eesha © nio poem ereder a media do fnaocamerte Sportive pela empress, Os Grgéon de cogesto pratiemnen: te no poem faze valer pontos de visas eontedros asim. osles do procesto'de producao eapitalist, respeltadan as ‘Sas possibildades leit de influenciar os processes deco Hos da emprese. Dest forma pratieamente Rao ha por parte des trabalhadores posibldade de controlar o volume das emisebes. Tumba solugdo dos problemas de qualfiacio precisa ser encontrada fore do meteado de tabalho, Ja que 4s empresas a num mbito multo limitado podem’ propor- Glonar instaastes educacionais dspendiosas,& tenfaiva es fatal de influenclar a aplicagso dos recursos. empresatals ratinados a qualifieagdo dos trabalhadores e de impor Pa drbes de quatifiencio as eonddes de funconamento das em: Dresas gerou camo reatao, por parte. cetas, umn continu Geelinio das suas atividadés' de guaitoegao.() A police socal ndo se limita a oferecer (de forma con- trl eae conan) presiagi de sev, hr ob {quis sera del imaginar a integragko permanente de fo de trabalho no sistema do trabalho assalarado. Ela fambeet se encarrega de controlar oso “adequado” de tals presta. Gon. Isto € necessaro j4 que, em vista do carder repressio do trabalho asielariade parece Sia a Yendincia pan que © trabathador procure reifarse (lemporariamente) do proces. 9 de trabatho, recorrendo aos sermeos de seguro APneces: sidade de controlar o aceso acs servicos se demonstra empl Heamente peas ovellaces, dependentes de conjunfurs eo. nnomica, dot montante de pacientes, eujo creseimento em fépocas de pleno emprego — mostra que os trabathadores fazer uso fe sua posiedo de forga telstra no mercado de ‘abalno, delxando de frabsibar passagetramente. Onde tals controled de aceso formas de reprodupao exterias a0 mer. cdo nlo slo possivets, como, por exemplo, no ea30 do papel 44 mencionndp das donasde-cana, tomainse necessAri6s = © Rola Tradutor: 0 enno profisionaleante até ore tem so ‘woe rlere A. ‘arte pita dots deco a (cubresat, Gue nbrem regan pare tags gue al pe amit, ‘Stoaninada ares Sule uct oer eas ‘enio daa eepectvas reas pofionas, nm wlune ttl que no ‘icede, ar semana, © corepondents aon da de aba Ey

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