Você está na página 1de 115
Ji) A SARAIVA tem livros profissionais, feitos por profissionais... +. mas a didatica é para estudantes. 5 / Wibbattistica Yz<<€ Antonio Amot Ciespo Anténio Arnot Crespo HStatistica Licc€ “X waLiovEta Anténio Arnot Crespo Matemétiea lado em Pedagogia Professor de Matemétiea do rede publica de ensino do estado de S80 Paulo Estatistica batec€ © UBER ii 18* edigo — 2002 3* tiragem — 2004 Por raz6es praticas, suprimimos os centavos. ISBN 85.02.02056.0 ISBN 85-02-02055-2 (Livro do Professor) Minhas homenagens: ‘X'minha expos, Netinhs, que me dat AMOR Darna lta HLHOS para a alors ‘hos mas hos Antonio Arnot Alvaro Eduard @ Ana Maia. em José Lino Fruet Ronaldo A, Duarte Rocha be Chstina Spadaceini Copy-desk: Olivia Maria Neto Preparagio de original: Andrea Cristina Flatro Reviséo: Fernanda Almoda Umile(supervieto) ‘Ana Maria Cortszo Siva, Ana Paula Piccoli, ‘Aparecida Maradei, Ceca Boat A. Teixeira Edd de rte: Nair de Medeiros Barbosa {de arte: Jodo Aatista Ribeiro Filho letrdnie: Tavares Servigos de Pré-improssio SIC Lida, Capa: Sérgio Palio Dados nteracionas de Ctaloyatso na Publieaae (IP) (Camara rasta to La, Bras). (resp, Ania Arnot Estate al Ano Armot Crespo. — 7,0, —Sto Pa Suva, 2002, Isa 5-02 420560 odo alan) ISBN 5-02420552 todo profess) 1, Estaistia(Ensino médo) 2 satisea — Problema, execs ee (€xsino mao). Ta. coosi07 ce916 31076 Ina pare eatiogo sist: 1: taea Esto eensno 3107 2 bras Etasiea 31078, BIBLIOTECA ther Porta Vatho-RO| 844 Eaitora Saraiva ‘Re Morqués de Sao Vcore 1697 — CEP 01 190-004 Bare Funda Sto Pauo-SP_ “Tol: PABX (0°11) 9613.9000— Fox (0°11) 3611-3908 ~ Telvendas: (011) 9613.3944 Fax Vedas: (11) 9611-3268 ~ Atendimenio ao Profesor (011) 9649-2090 Enero internet ar eiorasarava com br ~E-malalendjol daca @erasarana.com be Be Apresentacao Este livro 6 0 resultado de varios anos de estudo dirigidos a0 ensino de Estatistiea e destina-se 2 clientela dos cursos profissionalizantes do 2° grau (Secretariado, Contablidade, Administragdo, Formagao Espectfica de Magis- tério para o 1 grau etc.) e, também, aos alunos de cursos superiores que ne- cessitam de um estudo introdutério de Estatstica, Preocupou-nos apresentar todos os t6picas exigides pelo programa esta belecido para os cursos profissionalizantes da rede de ensino particular e of cial, de uma forma acessivel ao aluno, dentro de um esquema de ensino obje- tivo e prtico Por essa razio, as caracteristicas deste livro so eminentemente didat cas. Foram evitadas demonstragées, sendo apresentados comentivios e andl ses objetivas dos assuntos. O estudo é complementado por exereieios em abundiineia, onde procuramos trabalhar com situagSes priticas. ‘Apés ampla reformulagio, que promoven a atualizagao do texto e a in- lusto e redistribuigao de alguns assuntos, a estrutura da obra ficou assim + Nos oito primeiros capitulos desenvolvemos os tpicos. de Estatistica Deseritiva, dando um especial destaque & Distribuigdo de Freqliéncia, + No capitulo 9 enfocamos o estudo de Probabilidades, de forma ele- ‘mentar, enfatizando 0 uso do raciocinio, No capitulo 10 entreabrimos a porta para um primeiro contato com os dois prineipais modelos teéri- cos de Distribuigio de Probabilidade: Distribuigio Binomial e Dis- tibuigio Normal No capitulo 11 apresentamos um estudo elementar de Correlagio e Re- sressiio, que nos ajudaré a compreender e medir a relagio entre varié- veis. Os Niimeros-indiees, de interesse permanente no aspecto econ6- mico de nosso dia-a-dia, passaram por uma revisio, na qual procura- mos dar énfase & realidade prética de sia formagio e de seu emprezo (capitulo 12) Finalmente, 0 Apéndice — Instrumental Matemitico, a ser consulta- do de acordo com as necessidades de cada aluno, foi complementado Os exervicios, sempre colocados em pontos estratégicos de cada capitu- Jo, estio divididos em ués secies: + Exercicios resolvidos — exemplos para a fixagio da matéia estudada; + Resolva — exercicios de aprendizagem imediata, algumas vezes com o raciocinio jé encaminhado: + Bxercicios — seqligncia graduada de exere‘eios propostos No final do livro, apresentamos uma coletinea de questies objetivas, que poderio ser usadas nas verificagies de aprendizagem. ‘Todos os exercicios deverdo ser resolvides num caderno & parte. As res- postas estio no final do liv. , Consideramos a Matemética, a Mdsica e a Estatistica linguagens univer- sais; lembramos que, “embora uma nova linguagem pareca um enigma antes de ser conquistada, é um poder, em seguida”. Nosso desejo é que aqueles que fizerem uso deste livro conquistem & linguagem estatstica, utilizando-a provel- tosamente. Aproveitamos para agradecer a todos aqueles que confiaram em nosso trabalho, utilizando este livro, ¢, em especial, aqueles que, fazendo suas eriti- ‘cas, deram-nos a oportunidade de methoré-lo. Continuamos a acolher os pareceres e sugestOes para 0 aperfeigoamento deste trabalho. © autor Indice CAPITULO 1 A NATUREZA DA ESTATiSTICA........... un 1, Panorama hist6rico. 2. Método estatistico a 2.1.0 método cientifico, ee 12 2.2. O método experimental 12 2.3. 0 método estatfstico. 2 3. A Estatistica, : 3B 4. Fases do método estat 4 4.1, Coleta de dados .. 4 4.2. Critica dos dados 4 4.3, Apuragiio dos dados ..... = 4 4.4. Exposigao ou apresentagao dos dados 15 4.5. Anilise dos resultados... 15 5. A Estatistica nas empresas ia EXERCICIOS 2.0 ’ : ‘ 16 CAPiruLO2 POPULACGAO E AMOSTRA. — 7 1, Varidveis. = 7 EXERCICIO. : ean te 18 2. Populagio € amos... = 19 3. Amostragem ....20 2 20 3.1. Amostragem casual ow aleatéria simples 0. 20 3.2. Amostragem proporcional estratificada sm 21 3.3. Amostragem sistemitica EXERCICIOS CAPITULO S SERIES msraristicas 1, Tabelas 2. Séries estatfsticas 2.1, Séries hist6ricas, cronol6gicas, tempor ‘ou marchas.. 2 2.2: Séries geogrdficas, espaciais, territorinis ou de localizagao.... 27 2.3. Séries especificas ou categ6ricas 0.0 21 3, Séries conjugadas. Tabela de dupla entrada ... 28 4, Distribuigdo de frequléncia. 29 EXERCICIOS .. 29 5. Dados absolutos e dds relativos, Gapizuid 6 mmpmas px PostcAo 9 5.1 As percentagens 1. Introdugéo ” 5.2. Os indices. Indices econmicos Sige Gs oe oo 533. Os coeficientes : , Pea 2. Dads loans % esvio em relagao & média EXERCICIOS .. 2.3. Propriedades da MEUIA ....secsssnsee sasesseen - - 81 CAPITULO 4 GRAFICOS RSTATISTICOS 2.4, Dados agrupados ne OE ict 2d. Se inervals de classe 2 aes: 24.2. Com intervatos de Classe cvssevuseeeessiansesennseen a 84 2. Diagramas 2.4.3. Processo breve 86 2.1. Grifico em linha ou em curva is coe ace a 2.2, Gréfico em colunas ou em bartas a es 7 233, Grifico em colunas ou em barras mdltipas Spa ate oe 4 oo eee eee 3.2. Dados agrupados. a) 3. Gritico polar. 221. Sem terse de clase 89 4 Cartograma 3! cas eesei ee ame Soe ee 90 5. Pictograma 3.3. As expressdes graficas da moda one 92 EXERCICIOS 3.4, Emprego da moda. is 2 PASEARESS yrora 4,4 mediana (Md) nnn 93 ca 27 IBUIOAO DE FREQURWOTA 4.1, Dados niio-agrupados: vn 93 1. Tabela primitiva. Rol. a Dale acaieine 3 2 Distibuigto de freqléncia 42:1, Sem iterelet de las ee 95 3. Elementos de uma distribuigio de freqiiéncia...... 4.2.2, Com imervalos de classe 7 3 Clasee : 4.3, Emprego da mediana — 100 3.2. Limites de classe 5. Posigio relativa da média, mediana e moda 100 ‘Amplitude de um intervalo de classe Aa 100 “Amplitude total da disribuigao. Aa ase : ior Amplitude amostal Ooo ecull a Ponto medio de una classe Poe aaa ts Freqincia simples ou absoluta 4: Nino de tases: neva ease AARPEEIEE arenas ve pisrEnsAo OU DE - ee ‘VARIABILIDADE. 10s 6. Distribuigio de frequéncia sem intervalos de classe - a ne oe eee | Diss o abate oe 18 7. Representagdo grfica de uma distribuigao rnpliude total : 7A Histogram i 2.1. Dados nio-agrupados sien 109 72. Poligono de freqiténcia ssn 2.2. Dados agrupit nn MO Cee eae 22.1 Sem ineraes de case 110 ° 222. Com itermis decane sioslindoo aT 0 8. A curva de freqiéncia 5 Rik cee mene cia aia 3. Varina, Desvio padrio cos “iM 8.2. As formas das curvas de freqiiéncia 3.1, Tntrodngfio —.-— Au 82.1. Curr em forma de sno 3.2. Dados nio-agrupados ieee ns 822. Cur em fora de jon 3.3, Dados agrupados : id 823. Curva em forma de 3311 Sem intervals de classe : us 224 Dinibalgdn mangas 3.32, Com interlosde classe noone 16 EXERCICIOS 3.4, Process0 br0¥e wsensnmssnsnnnnn ig 19 CAPITULO 12 WOMEROS-inDICES 4, Coeficiente de variagon EXERCICIOS ...... 120 1. Introdugio GAPHULO'S) mmprDAS DE ASSIMETRIA. MEDIDAS DE nents oe be 3. Relativos de pregos.. a a 4, los de relatives... 1a Introdugio non : 122 5. Relativos em cadeia 1.2. Coeficiente de assimetria woes 124 EXERCICIO. EXERCICIOS wes 124 6. Indices agregativos... 2. Curtose 12s 6.1 Indice agregativo simples 2.1 Introdugio..yssssvssnnsnsonnnnnonnnnnnnnvnnnnnna 12S 62. Indice agregativo ponderado.. - 2.2, Coeficiente de curtase 123 62.1. Formula de Laspeyres ow modo da tpca:base EXERCICIOS....... 126 6.3. Indices de precos 6.31 Indice de est ie via oe CAPITULO 9 PROBABILIDADE ...... 127 6.3.2. IPC — has de Pregos ao Consimidor 4 633: 1eh — hve da Cot Baca 1. Introdugd0 ssn ED ts toh he Gol 2. Experimento aleatsrio 127 635. 1 aa IPE 3. Espago amostral sninmninnnnnnnnnns ID 7. Deflacionamento de dados .. 4, BVENO8 sss : 128 EXERCICIOS 5. Probabilidade 129 : 6. Bventos complements osscrsnnnnnnennnes 130 APENDICE INSTRUMENTAL MATEMATICO 7. Eventos independentes, T. Naneros aproximados ¢ arredondamento de dados. 8. Eventos mutuamente exclusives 1.1. Némeros aproximados = 1.2. Arredondamento de dadas EXERCICIOS 1:3. Compensagio CAPITULO 10. DISTRIBUIGOES BINOMIAL E NORMAL ..137 EXERCICIOS 1. Varidvel aleat6ra... _ 137 2, Fragdes 2. Distribuigiio de probabilidade 137 2.1, Conceito... 3. Distribuigo binomial... 140 2.2. Fragdes propria, imprépriae aparente 2.3. Fragoes equivalentes. - Hear 1g 2.4, Simplifieagio de fragies 4. Distribuigéo normal. Curva normal 142 bares eer pei my EXERCICIOS 147 2.6. Redugdo de fragées 20 mesmo derominador . . 2:7. Comparagao de fragées 2 capiruLo 11 CORRELAGAO E REGRESSAO wren 148 2/8. Operagdes com rages. 1 ntrodugao 148 2A. Adigdo e subtragio = 2. Conelacio ie 2.82. Muhipticagao . 2.1, Relagio funcional e relagio estatistica 148, BEI. Dist sn 2.2. Diagrama de dispersio : 149 4. Potenciagao 2:3. Correlagio linear = cn 150 EXERCICIOS 2.4. Coeficiente de correlagio linear. “151 2.5. Roetoe decals 3. Regressio 154 pumas 3.1. Ajustamento da reta “154 3. Razies 7 3.2. Interpolagao ¢ extrapolaga 156 3.1, Razaio de dois nimeros EXERCICIOS essenininenesrnnn a 138 3.2. Raz de duas grandezas A WNatureza da Estatistica 1 PANORAMA HISTORICO Todas as ciéncias t&m suas rafzes na histéria do homem. ‘A Matemitica, que € considerada “a ciéneia que une a clareza do racioct- nio a sintese da linguagem”, originou-se do convivio social, das trocas, da contagem, com eariter pritico, uilitério, empitico. ‘A Estatistica, ramo da Matemtica Aplicada, teve origem semelhante Desde a Antiguidade, varios povos jf registravam o mimero de habitan- tes, de nascimentos, de dbitos, faziam estimativas das riquezas individual ¢ social, dstribuiam eqitativamente terras ao povo, cobravam impostos e reali- zayam inguétitos quanttatives por processos que, hoje, chamariamos de “es- tatisticas Na Idade Média colhiam-se informagées, geralmente com finalidades ti- butarias ou beticas A partir do século XVI comegaram a surgi as primeiras andlises siste- Imaticas de fatos sociais, como batizados, casamentos, funerais, originando as primeiras tabuas e tabelas e os primeiros nimeros relatives. No século XVIII o estudo de taisfatos foi adquirindo, aos poucos, feigio verdadeitamente cienilica. Godofredo Achenwall batizou a nova eiéneia (ow método) com o nome de Estatistiea, determinando o seu objetivo e suas rela- 8s com as cincias. As tabelas tornaram-se mais completa, surgiram as representagBes gréti- «as © 0 céleulo das probablidades, e a Estatistica deixou de ser simples cata- logagio de dados numéricos coletivos para se tornar o estudo de como chegar 4 conclusies sobre o todo (populacio*), partindo da observagio de partes desse todo (amostras*) ‘Atualmente, 0 publico leigo (leitor de jornais ¢ revistas) posiciona-se em dois extremos divergentes € igualmente erréneos quanto & validade das con- clusGes estatisticas: ou ex® em sua infaliilidade ow afirma que elas nada pro- vam. Os que assim pensam ignoram os objetivos, © campo e 0 rigor do méto- do estatistico; ignoram a Estatistica, quer te6rica quer pritiea, ov a conhecem ‘muito superficialmente. © Captato 2 4, Percentagem 4.1. Coneeito. EXERCICIOS 5. Seqiiéncia. Somatério ... Sul, Seqiiéncia ou sucessio 5.2. Somatério EXERCICIOS 6, Média aritmética 6.1. Média aritmética simples 6.2. Média aritmética ponderada.. EXERCICIOS .. 7. Fatorial EXERCICIO 8. Coeficientes binomiais 8.1. Coeficientes binomiais complementares. EXERCICIO 9, Binmio de Newton EXERCICIOS 10. Fungo 10.1. Definicao 10.2. Grifico de uma fungio 10.3. Fungo do 1° grau 10.4. Grafico da fungio do 1* grau 10.5. Equacio da reta que passa por dois pontos dads... EXERCICIOS ... 10.6. Pontos notavei 10.6.1. Ponto em que a retacorta 0 exo dos 10.6.2. Ponto em que a reta cora 0 eto dos y 10.7. Significado dos coeficientes 1071. Coeficieme B 10.72. Coeficiente a COLETANEA DE QUESTOES OBIETIVAS RESPOSTAS Anexo 1 — Tabela de nimeros aleat6rios ~~ Anexo II — Area subtendida pela curva normal reduzida de 0a Z. 195 19S “195; 183 183 185 186 186 189 190 191 191 192 193 193 194 198 198 199 199 200 200 200 200 201 202 210 223, 224 12 esmincarAcn, Na era da energia nuclear, os estudos estatisticos mente ¢, com seus processos € téenicas, tém contrib dos negécios e recursos do mundo moderno. n avangado rapida- 0 para a organizagio @| M@TODO ESTATISTICO 2.1. 0 método cientifico ‘Muitos dos conhecimentos que temos foram obtidos na Antiguidade por caso ¢, outros, por necessidades préticas, sem aplicagao de um método. ‘Atualmente, quase todo acréscimo de conhecimento resulta da observa: io € do estudo, Se bem que muito desse conhecimento possa ter sido obser~ vvado inicialmente por acaso, a verdade € que desenvolvemos processos cient ficos para seu estudo e para adquirirmos tais conhecimentos. Podemos dizer, entio, que: ‘Método é um conjunto de meios dispostos convenientemente para se chegar a um fim que se deseja, os métodos cientificos, vamos destacar o método experimental © 0 cestatistico, 2.2. O método experimental (© método experimental consiste em manter constantes todas as ccausas (fatores), menos uma, e variar esta causa de modo que o pesquisa dor possa descobrir seus efeitos, caso existam. 0 método preferido no estudo da Fisica, da Quimica etc. 2.3. O método estatistico Muitas vezes temos necessidade de descobrir fatos em um campo em que ‘© método experimental nio se aplica (nas ciéncias sociais), jf que 0s varios fatores que afetam o fenémeno em estudo no podem permanecer constantes fenguanto fazemos variar a causa que, naquele momento, nos interessa, Como exemplo, podemos citar a determinagao das causas que definem © prego de uma mereadoria, Para aplicarmos @ método experimental, teriamos de fazer variar a quantidade da mercadoria ¢ verificar se tal fatoiria influenciar seu prego. ‘Cop. — ANotwoza a soitea 13 Porém, seria necessério que no houvesse alterago nos outros fatore ‘Assim, deveria existir, no momento da pesquisa, uma uniformidade dos sali- ros, o gosto dos consumidores deveria permarecer constante, seria necessdiria 4 fixagdo do nivel geral dos pregos das outras aecessidades etc. Mas isso tudo 6 impossivel. Nesses casos, langamos mio de outro método, embora mais dificil e ‘menos preciso, denominado método estatistic. © método estatistico, diante da impossibilidade de manter as cau- sas constantes, admite todas essas causas presentes variando-as, registran- do essas variagdes e procurando determinar, no resultado final, que in- fluéncias eabem a cada uma delas S| AESTATisSTICA Exprimindo por meio de mimeros as observagSes que se fazem de ele- mentos com, pelo menos, uma caracteristica comum (por exemplo: os alunos do sexo masculino de uma comunidade), obtemos os chamados dados refe- rentes a esses elementos. Podemos dizer, entio, que: ‘A Estatistica é uma parte da Matematica Aplicada que fornece métodos para a coleta, organizagio, descrigio, andlise e interpretagio de dados € para a utilizagao dos mesmos na tomada de decisdes. Accoleta, a organizagio ¢ a descri¢lo dos dados esto a cargo da Esta- tistica Deseritiva, enquanto a aniilise e a interpretagio desses dados ficam a cargo da Estatistica Indutiva ou Inferencial, Em geral, as pessoas, quando se referem ao termo estatistica, o fazem no sentido da organizagio e descrigio dos dados (estatistica do Ministério da Educagdo, estatistica dos acidentes de trifego ztc.), desconhiecendo que 0 as pecto essencial da Estatistica ¢ 0 de proporeionar métodos inferenciais, que permitam conclusdes que transcendam os dados obtidos inicialmente. ‘Assim, a andlise e a interpretacZo dos dados estatfsticos tornam possivel © diagnéstico de uma empresa (por exemplo, de uma escola), o conhecimento de seus problemas (condigdes de funcionamento, produtividade), a formulagao de solugdes apropriadas e um planejamento otjetivo de agao, 14 eswisncarAcn 4 FASES DO METODO ESTATISTICO Podemos distinguir no método estatistico as seguintes fases 4.1. Coleta de dados Apés cuidadoso planejamento ¢ a devida determinagao das caracterist- cas mensurdveis do fendmeno coletivamente tipico* que se quer pesquisar, damos inicio a eoleta dos dados numéricos necessitios a sua descrigio, A coleta pode ser direta ¢ indireta Acoleta é direta quando feita sobre elementos informativos de registro obrigatério (nascimentos, casamentos e dbitos, importagio e exportagao de ‘mercadorias), elementos pertinentes aos prontuérios dos alunos de uma escola ou, ainda, quando os dados sio coletados pelo préprio pesquisador através de inquéritos e questionsrios, como € o caso das notas de verificagio e de exames, do censo demografico etc. ‘A coleta direta de dados pode ser classificada relativamente a0 fator tem- po em: a. continua (registro) — quando feita continuamente, tal como a de nas: ccimentos e Gbitos e a de freqliéncia dos alunos as aulas; b. periédiea — quando feita em intervalos constantes de tempo, como {05 censos (de 10 em 10 anos) ¢ as avaliagGes mensais dos alunos; ¢. ocasional — quando feita extemporaneamente, a fim de atender a uma conjuntura ou a uma emergéncia, como no caso de epidemias que as- solam ou dizimam rebanhos inteitos. A ccoleta se diz. indireta quando 6 inferida de elementos conhecidos (co- leta direta) e/ou do conhecimento de outros fendmenos relacionados com fenémeno estudado, Como exemplo, podemos citar a pesquisa sobre a morta lidade infamtil, que é feita através de dados colhidos por uma coleta direta. 4.2. Critica dos dados Obtidos 5 dados, eles devem ser cuidadosamente criticados, & procura de possiveis falhas e imperfeigées, a fim de nao incorrermos em erros grossei- ros ou de certo vulto, que possam influir sensivelmente nos resultados. critica é externa quando visa as causas dos erros por parte do infor- ‘ante, por distrago ou ma interpretagio das perguntas que the Fram feitgs: € interna quando visa observar os elementos originais dos dados da coleta 7 Fendmene coletvamene pico ¢ acl que nt aresenta epulaidade a observaso dex: iss ‘Seriya nase de overvgtes. (Rocha: Marcos Vinfcos ds, Curso de Este. 3, Rio de evo, Fundesso ISGE, 1975.) Cop. —ANatuera de osteo 15 4.3. Apuragdo dos dados Nada mais € do que a soma e o processamento dos dados obtidos e a dis- posi¢ao mediante critérios de classificacZo. Pode ser manual, eletromeciinica ‘ou eletrénica. 4.4, Exposigiio ou apresentagiio dos dados Por mais diversa que seja a finalidade que se tenha em vista, os dados devem ser apresentados sob forma adequada (abelas ou gréficos*), tornando ais facil o exame daquilo que esta sendo objeto de tratamento estatistico e ulterior obtengiio de medidas tipicas** 4.5. Andlise dos resultados Como ja dissemos, 0 objetivo Gltimo da Estatistica é tirar conclusées sobre o todo (populacdo) a partir de informagSes fornecidas por parte repre- sentativa do todo (amostra). Assim, realizadas as fases anteriores (Estatisticn Deseritiva), fazemos uma andlise dos resultados obtidos, através dos métodos dda Bstatistica Indutiva ou Inferencial, que tem por base a indugio ou inferén- cia, e tiramos desses resultados conclusdes e arevisdes. 5 AESTATISTICA NAS EMPRESAS No mundo atual, a empresa & uma das vigas-mestras da Economia dos povos. A direcdo de uma empresa, de qualquer tipo, ineluindo as estatais go- vernamentais, exige de seu administrador a importante tarefa de tomar deci- sbes, € 0 conhecimento € 0 uso da Estatistica facilitarao seu triplice trabalho de organizar, dirigit e controlar a empresa. Por meio de sondagem, de coleta de dados ¢ de recenseamento de opi- nides, podemos conhecer a realidade geogratica e social, os recursos naturais, hhumanos ¢ financeiros disponiveis, as expeciativas da comunidade sobre a ‘empresa, e estabelecer suas metas, seus objetivos com maior possibilidade de serem alcangados a curto, médio ou longo prazos. A Estatistica ajudaré em tal trabalho, como também na selegtio e organi- da estratégia a ser adotada no empreendimento e, ainda, na escolha das téenicas de verificagdo e avaliagHo da quantidade e da qualidade do produto mesmo dos possiveis Iucros e/ou perdas, = Capitulos 3 16 eswisncarAct ‘Tudo isso que se pensou, que se planejou, precisa ficar registrado, do- ‘cumentado para evitar esquecimentos, a fim de garantir 0 bom uso do tempo, dda energia e do material e, ainda, para um controle eficiente do trabalho, ‘0 esquema do planejamento € o plano, que pode ser resumido, com av lio da Estatistica, em tabelas e gréficos, que faciliarZo a compreensio visual dos eéleulos matemtico-estatisticos que Thes deram origem. ‘0 homem de hoje, em suas miltiplas atividades, langa mio de processos €¢ técnicas estatisticos, ¢ s6 estudando-0s evitaremos 0 erro das generalizagdes pressadas a respeito de tabelas € grificos apresentados em jomais, revistas € televisio, freqlientemente cometido quando se conhece apenas “por cima” um pouco de Estatfstica. _ BXERCICIOS A Complete: ‘© metodo experimental 6 0 mais usado por cincias como: 2) As ciéncias humanas e sociais, para obterem os dados que buscam, an- gam mao de que método? © que ¢ Estatistica? Cite as fases do método estatistico. Para vooé, o que ¢ coletar dados? Para que serve @ critica dos dados? (© que 6 apurar dados? Como podem ser apresentados ou expostos os dados? ition? ‘As conclusées, as inferéncias pertencem a que parte da E: Cite trés ou mais atividades do tistica se faz necessaria, 4] 0 método estatistico tom como um de seus fins: estudar os fendmenos estatisticos. festudar qualidades concretas dos individuos que formam grupos. Geterminar qualidades abstratas dos individuos que formam grupos. determinar qualidades abstratas de grupos de individuos. ‘estudar fendmenos numéricos. mento empresarial em que a Esta: Populacao e Amostra* Uj VARIAVEIS ‘A cada fendmeno corresponde um niimero de resultados posstveis. As- sim, por exemplo: — para o fenémeno “sexo” sio dois os resultados possfveis: sexo mas- culino e sexo feminino; — para 0 fenémeno “niimero de filhos” hé um niimero de resultados possiveis expresso através dos mimeros natura: 0,1,.2.3, ms — para o fenémeno “estatura” temos uma situagio diferente, pois os resultados podem tomar um nimero infinito de valores numéricos dentro de um determinado intervalo, ‘Variavel é, convencionalmente, 0 conjunto de resultados possiveis de um fendmeno. Os exemplos acima nos dizem que uma varivel pode ser: ‘a, qualitativa — quando seus valores sio expressos por attibutos: sexo (masculine — feminino), cor da pele (branca, preta, amarela, verme- tha, parda) ete.; 'b, quantitativa — quando seus valores so expressos em niimeros (sali- trios dos opersrios, idade dos alunos de uma escola ete.), Uma variivel 4quantitativa que pode assumir, teoricamente, qualquer valor entre dois limites recebe o nome de varisivel continua; uma varidvel que s6 pode assumir valores pertencentes a um corjunto enumersvel recebe 0 nome de varidvel discreta * Consue © Apéndice — Instrumental Matemio, pra una revo dos assumtos Aredondamesto {dead i173) © Compensagio (p75), 18 eswsbucartcn Assim, o nimero de alunos de uma escola pode assumir qualquer um dos valores do conjunto N= (1, 2, 8, .}, mas nunca valores como 2,5 ou 3,78 ou 4,325 etc. Logo, é uma varivel discreta, Jé o peso desses alunos & ‘uma varisivel continua, pois um dos alunos tanto pode pesar 72 kg, como 72,5 kg, como 72,54 kg ete., dependendo esse valor da preciso da medida De modo geral, as medigdes do origem a variveis continuas as con- tagens ou enumeracdes, a varidveis discretas. Designamos as varifveis por letras latinas, em geral, as dltimas: mye Por exemplo, sejam 2, 3, 5 € 8 todos os resultados posstveis de um dado fendmego. Fazendo uso da letra x para indicar a variavel relativa ao fendmeno considerado, temos: xe 2,3,5,8) RESOLVA 41 Classifique as variaveis em qualitativas ou quantit continuas}: a. Universo: alunos de uma escola, Variavel: cor dos cabelos — b. Universo: casais residentes Variavel: namero de fllhos — ©. Universo: as jogadas de um dado. Variavel: © ponto obtido em cada jogada — 4. Universe: produzidas por corta maquina. Varidvel: numero de pecas produzidas por hora — «8. Universo: pecas produzidas por certa maquina Variavel: didmetro externo — ivas (continuas ou des: 1m uma cidade, EXERCICIO b. Ps estagao meteorolégica de uma cidade. Vz: precipitagao pluviométtica, durante um ano. P: Bolsa de Valores de Sto Paulo. V.: nlimero de agdes negociadas. P: funciondrios de uma empresa, Vz salaios. cop.2—Populoesee Amosta 19 pregos produzidos por uma maquina comprimento. ‘casais residentes em uma cidade. sexo dos filhos. propriedades agricolas do Brasil roducso de algoda segmentos de rete comprimento. bibliotecas da cidade de Sao Paulo. + ngimero de volumes. aparelhos produzidos em uma linha de montagem. numero de defeitos por unidade. industrias de uma cidade. Indice de liquide KB SP SPKREPEPED 2 POPULACAO E AMOSTRA Ao conjunto de entes portadores de, pelo menos, uma caracteristica comum denominamos populagio estatfstica ou universo estatistico, Assim, 05 estudantes, por exemplo, constituem uma populace, pois apre senlam pelo menos uma caracteristica comum: s80 0s que estudam ‘Como em qualquer estudo estatistico femos em mente pesquisar uma ou mais caracteristicas dos elementos de alguma populagio, esa caracterstca de- ve estar perfeitamente definida. E isto se dé cuando, considerado um elemento qualquer, podemos afirmar, sem ambigtidade, se esse elemento pertence ou nto & poptilagao,E necessério, pos, existir um critério de consituigto da popu- lagao, valido para qualquer pessoa, no tempo o¥ no espago. Por isso, quando pretendemos fazer uma pesquisa entre os alunos das cscolas de 1? grav, precisamos defini quai s4o 0s alunos que formam o uni- verso: 08 que atualmente ocupam as careiras das escolas, ov devemos incluir também os que jé passaram pela escola? E claro que a solugao do problema vai depender de cada caso em particular ‘Na maioria das vezes, por impossibilidade ou invibilidade econdmiea ou temporal, limitamos as observagoes referentes a uma determinada pesquisa a apenas uma parte da populagio, A essa parte proveniente da popilagao em cstudo denominamos amostea ‘Uma amostra € um subconjunto finito de uma populagio., Como vimos no capitulo anterior, a Estatistica Indutiva tem por objetivo tirar conclusdes sobre as populacdes, com base em resultados verificados em amostras retiradas dessa populagao.

Você também pode gostar