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SOBRE A CIENCIA ‘worw.physicsplace.com ‘As manchas circuazes de luz rodeando Lilian Lee so imagens do Sol projetadas através de pe- quenas aberturas entre a folhas que extho acima del. Ourance um eclipse parcial, as manchas tm a forma de uma lua erescence. 'm primeiro lugar ciéncia é o corpo de conhecimentos que ‘descrove a ordem na natureza ¢ a origem desta ordem. Se- ‘gundo, cgncia é uma atividade humana dindmica que represen- taas descobertas, os saberes e os esforcos coletivas da raca humana — com a finalidade de reunir conhecimento sobre 0 ‘mundo, organizé-lo.e condensé-lo em leis teorias testavels. ‘A ciéncia tove inicio antes da histéria escrita, quando as pes soas comegaram a descobrir as regularidades e os relaciona- ‘mentos na natureza, tals como padres de estrelas no céu no- turno e padres de clima ~ quando a estacio. chuvosa come- «ava ou 08 das tornavam-se mais longos.A partir dessas regu- laridades, elas aprenderam a fazer previs6es, que thes davam al- ‘gum controle sobre o que as cercavarn. A. ciéneia tomou grande impulso na Grécia no terceiro e quarto séculos a.C.Espalhou-se pelo mundo mediterranico. 0 avango cientifico chegou quase a parar com a queda do Impé- rio Ramano no século quinto .C. Hordas barbaras destru am quase tudo em seu caminho quando se espalharam pela Europa e precederam 0 que veio a ser conhecide como a lda- de das Trevas, Durante esse tempo, os chineses e os polinésios estavam catalogando as estrelas @ 0s planetas,e as nagSes éra- bes estavam desenvolvendo a matemética ¢ aprendendo a pro- ddutir vidro, papel, metas e varios produtos quimicos. ‘A ciéncia grega foi reintroduzida na Europa através das in- fugncias Islamicas que penetraram na Espanha durante os sé- culos dez,onze e doze.As universidades emergiram na Europa durante 0 sécylo treze e @ introdugio da pélvora mudou a es- ‘rutura social e politica da regio no século quatorze. O sécu- lo quinze assistiu & arte e & ciéncia maravilhosamente mescia- as por Leonardo daVinci. © conhecimento cientifco foi favo- recido pelo advento da imprensa no século dezesses, © astrénomo polonés Nicolau Copérnico,no século de- zesseis, ausou grande controversia quando publicou um livro tem que propunha o Sol estacionérro e a Terra girando ao seu redor: Essas idéias entraram em conflito com a visio popular de Terra como © centro do universo, Também entraram em conflto com o¢ ensinamentes da Igreja @ foram banidas por 200 anos. © fsice Italiane Galleu Gallet foi preso por divulgar a teoria de Copérnico e por suas outras contribuig6es 20 pen: samento cientfico, Mesmo assim, os defensores de Copérnico foram aceitos um século depois. Esse tipo de ciclo ocorre era apés era. No inicio do sécu- lo XIX, gedlogos sofreram violentas condenagées por discor- darem do Genesis sobre a criagfo, Mais tarde, no mesmo sé culo, geologia foi aceita, mas as teorias evolucionarias foram condenadas ¢ seu ensino proibido. Cada época tem seus gru- pos de intelectuais rebeldes que sio condenados e algumas ve- 2es perseguidos, mas que mais tarde parecem inofensivos e froquentemente essenciais para a elevacio das condicoes hu- rmanas. "Em toda encruzihada da estrada que leva 20 futuro, ‘ada espiivo progressista enfrenta mil homens que guardarn 0 pasado” SS Medidas Cientificas As medidas so um indicador da boa cincia, O quanto vo- ‘eé conhece sobre algo depende de quato bem voré pode me- “deo. Isto foi claramente expresso pelo famoso fisico Lord Kelvin, no século dezenove: “Digo freqilentemente que “quando se pode medir algo ¢ expressé-lo em niimeros, alga ‘ma isa se conhece sobre ele, Quando nio se pode medi-lo, “quando nio se pode expressi-lo em niimetos, 0: conheci- “mento que se tem dele €estéril einsatisfat6rio. Ele pode até ‘ser am inicio para o conhecimento, mas ainda se avamgou “muito pouco em diregio ao estigio da ciéncia, seja ele qual for”. As medidas cientificas nao sGo algo novo, mas reme- ‘em aos tempos antigas, No terceiro sSculo a.C., por exem- plo, foram feitas medidas bastante precisas dos tamanihos da ‘Tera, da Lune do Sol, bem como das distincias entre eles, Tamanho da Terra (0 tamanho da Terra foi pela primeira ver medido no Exit pelo gedgrafo e matemstico Eratistenes, cerca de 235 .C. Eratéstenes calculou 0 comprimento da circunferéncia da “Terma da seguinte maneira: ele sabia que o Sol esté em sua posigto mais alts no eu a0 meio-dia de 22 de juno, 0 sols- Aico de vero, Nesse momento, a sombra de uina estaca ver- tical se apresenta com comprimento minimo. Seo Sol esti ver diretamente acima, a estaca no projetaré sombra algu- ‘ma, 0 que ovorre em Siena”, cidade ao sul de Alexandria. Eratdstenes descobriu que 0 Sol estava diretamente acima terminado de alguma outra maneira. Aristarcos encontrou ‘uma maneira de faz@-lo e props uma estimativa, Eis 0 que fer: Aristarcos observou a fase da Lua quando ela estava exatamente metade cheia, com 0 Sol senclo ainda vistvel no cu. Nesta situagio, ahuz solar devia estar incidindo sobre a Lara em Angulo reto com a linha de visio dele. Isso signit ccava que as linhas entre a Terra ¢ 2 Lu, ¢ entre a Terra e 0 Sol, centre a Lua e o Sol, formavam um triéngulo retangu- Jo (Figura 1.5). Didmetro do Lua. Didmetro damoeda _ idmetro lunar __1 Disténcia da moeda ~ Distancia lunar 1.4’ Um exercico com razdes. Quando 2 moeda“eclipsa” totalmente a Lun, entio 0 difmetro da moeda.pela distinc entre vo- ‘ee ea, igual a0-dimetro de Lua pela dstincia entre voce e a La (a figura no esti om escae). As medidas dio © mesmo valor de I/l 10 T0 Meia-Lua Terra JGURA 1.5. Quando a Lua aparece metade chela,o So 2 Lua e aTerraformam um triingulo retingulo (nfo est em escas). & hipotenu “£2 distincaTerra-Sol.Portrigonometra simples a hiporerusa de um triingulo retangulo pode ser obtda se voc® conhece o valor de umn z ‘nio-retos ¢ © comprimenta de um dos catetos.A dstinca Terra-Lua ¢ um eateto conhecida. Mega Angulo Xe voct calcula a 32. Fisica Conceital Um teorema da trigonometria estabelece que se voce conhece todos os Angulos de um triangulo reténgulo, mais 0 comprimento de um de scus lads, pode calcular 0 compri- ‘mento de qualquer dos outros lados, Aristarco sabia qual era a distancia da Terra a Lua, Naépoca da mei cle conhecia um dos ngulos, 90°. Tudo que ele tinha que fa zer era medir 0 segundo ngulo entre sua linha de visio pa- ra a Lua e a linha para o Sol. Entio, 0 tereeiro angulo, mui to pequeno, vale 180° menos a soma dos dois primeiros an gulos (a soma dos angulos internos de qualquer trdingulo & igual a 180. Meedir o ingulo entre as Finhas de visio para a Lua e pa- Fa Sol é dificil sem um moderne teodolito, Por cut lado, tanto 0 Sol como a Lua no so pontos, so relativamente grandes. Ele tinha que ditigir a visio para os seus centros (ou ambas as bordas) ¢ medir o Angulo entre eles ~ um din gulo grande, quase um ngulo-reto, mesmo! Pelos padrées modernos, stia medio foi muito grosseira. Ele mediu 87°, ‘quando o yalor verdadeiro era 89,8". Ele calculou que 0 Sol estivesse a uma distincia 20 vezes maior que a da Lua, quando de fato ele est 400 vezes mais distante que ela. AS- sim, embora seu método fosse engenhoso, suas medidas, oriundas desse método, nfo 0 eram, Talvez Aristarcos achasse diffil erer que 0 Sol estivesse to distante, “errando para menos”. NOs ndo sabemos. Hoje sabemos que o Sol esta a uma distancia média de 150,000.00 de quilémetros. Fiea um pouco mais préxima em dezembro (147.000.000 km) ¢ um pouco mais afastado em junho (152,000.00 km), 0 Tamanho do Sol Uma vez que se conhega a distincia até 0 Sol, a razsio 1/110 do didmetrovdistincia possibilita uma medida do didmetro do Sol. Outra maneira de medir a razaio 1/110, além do mé: todo da Figura 1.4, 6 medir odiimetro da imagem salar pro- Jetada através de um faro de alfinete, Voee poderia tentar: faca win pequeno furo numa cartolina opaca e dcixe a luz so- Jar incidir sobre ela. A imagem arredondiada projetada sobre uma superficie abaixo & de fato uma imagem do Sol. Voc® verd que o tamanho da imagem niio dependeré do tamanho do furo, mas de quai afastado o mesmo esta daiimagem. Fu ros maiores tornam a imagem mais brilhante, néo maiores. F claro que se o furo for muito grande no se formar im gem alguma. Medigdes cuidadosas mostrario que a razio entre o tamanho da imagem e a distincia dela até o furo é 1/110 —amesma que a razio didmetro do Solidistincia Ter ra-Sol (Figura 1.6) E interessante que na hora de um eclipse solar parcial a imagem projetada pelo pequeno furo toma a forma cresce te ~ a mesma forma que apresenta o Sol parcialmente cobe to! Isso oferece uma maneira interessante de observas um eclipse parcial sem olhar diretamente para o Sol Jénotou que as manchas de luz solar que se enxergam nna chio, abaixo de drvores. so perfeitamente redondas ‘quando 0 Sol esté diretamente acima da cabega, e que se le . eB 8 gf f a > H wn “150.000.000%m" 11 FIGURA 1,6 Amancha arredondada de luz projeada através do ppequeno furo € uma imagem do Sol. Sua razio didmetrofdstancia & igual razio dldmeto do Soldstncio do Sok 1/1 10.0 didmetro de Sol 61/110 da sua distincia até a Terra, slargam em elipses quando o Sol esté baixo no o6v? Tais manchas so imagens do Sol, onde a luz brilha através de aberturas nas folhas, que so pequenas quando comparadas 3 distin até o cho abaino dela Uma mancha redonda com didmetro de 10 em foi projetada por uma aberara 110 x10 em aeima do cho, Arvores alts prodizem imagens grandes; drvores baixas produzem pequenas imagens. E na hora de um eclipse parcial do Sol, as imagens sto em forma crescente (Figura 1.8) FIGURA 1,7 Renoir Pintow com preciso te manchae de luz 0- lar sobre o vestida de sua modelo ~ imagens do Sol projetadas pe- Ine aberturasrelaia Imenee pequenas en- wea folhas FIGURA 1.8 As rmanchas de luz solar ‘em forma crescente so imagens do Sol du rante um eclipse solar parela ene RANE SRT Matematica: a Linguagem da Ciencia A ciéncia ¢ as condigées de vida humana avancaram significaivamente depois que a cigncia e a matemticainte- raram-se hd uns quatro sSculos. Quando as idsias da cién- tia si expressas em termos matemticos, elas nao s am- biguas. As equagoes cientificas provéem expressdes com- pacts das relacdes entre os conceitos. Nao possuem os d- plos significados que freqtientemente tornam confusa a dis- ‘uso de idéias em linguagem comum. Quando as dexco- hers sobre a natureza so expressas matematicamente, & mis cit comprové-las ow negé-las através de experimen- tos.A estrutura matemética da fisica esti evidente nas mui- tus equagGes que vocé encontrar ao longo deste livro. Elas so gus para 0 pensamenta, mostrando as conexées entre fosconceitos sobre a natureza, O método matemiético ¢ a ex- perimentagdo levaram a ciéncia a um enorme sucesso. 1 SU ARES SCPC 0 Método Cientifico O fisico italiano Galileu Galilei e 6 filésofo inglés Francis Bacon sio geralmente citados como os principais fundado- res do método cientifico — um método extremamente efeti- ‘yoem adquiri, organizar e aplicar os novos conhecimentos. Baseado no pensamento racional ¢ na experimentagio, este éiodo, introduzido no século dezesseis, funciona assim: *Fazemos disingio eure a esutura matmstica da Fisica ea préticn de res0- lagi de problemas raemstcos 0 foo da msioria dos eusos no conc mais Ohsereonitneto relanamentepequeno de problemas nos ais de pik, neste tivo, comparado com o-nmeno de exeticins.O Fisica Conc fun pe a compensa antes ds comput Capigulo I + Sobrea Ciéncia 33 1. Tdentifique uma questo ou um problems. 2. Faca uma suposigio culta ‘uma hipétese — em respos- 3. Faca uma previsdo das conseqiigneias que devem ser observaclas se a hipdtese estiver correta e que deveriam estar ausentes se a hipstese nao fosse correta, 4, Realize experimentos para verificar se as conseq cias previstas esto presentes. 5. Formule a lei mais simples que organiza os trés ingre- dientes — hipstese, efeitos preditos ¢ resultados experi Embora este método clissico seja poderoso, a boa cién- ccia nem sempre ¢ feita dessa maneira. Muitos avangos cien- tificos costumam envolver tentativa ¢ erro, experimentagiio sem uma hipétese clara, ou apenas mera descoberta aciden tal. Observacio disciplinada, entretanto, € essencial para perceber questdes pela primeira vez e dar sentido as evidén- cias. Mas mais do que um método particular, o sucesso da cigncia deve muito a uma atitude comum aos cientistas. ‘Tal atitude é a da investigacio, experimentagao e modéstia ~ a oa-vontade em admitir erros. |S A I A Atitude Cientifica £ comum se pensar num fato como algo imutavel e absolu- to, Mas em ciéacia, um fato é geralmente uma concordan- cia estreita entre observadores competentes sobre uma série de observagties do mesmo fendmeno. Por exemplo, onde foi ‘uma vez. fato que 0 universo era imutiivel ¢ permanente, ho: je € um fato que estd se expandindo e evoluindo. Uma hipé- {ese cientifica, por outro lado, é uma suposicao culta que so- tada pelos expe- ‘mente é tomada como factual depois de tes rimentos, Apds ser testada muitas e muitas vezes ¢ negada, uma hipotese pode tornar-se uma lei ou principio. Se as descobertas de um cientista evidencian uma con- tradigdo a uma hipstese, lei ou principio, entio deve ser abandonada dentro clo espirito cientifico ~ nao importa a re- putagao ow a autoridade das pessoas que a defendem (a me- fhos que a evidéneia negativa mostre-se errénea ~ como smplo, 0 filésofo grego altamen- te respeitavel Aristételes (384-322 a.C.) afirmava que um ‘objeto cai com uma velocidade proporcional ao seu peso, Esta idéia foi aceita como verdadeira por quase 2.000 anos, por causa da grande autoridade de Arist6teles. Galileu su- postamente demonstrou a falsidade da afirmativa de Arist6- teles com um experimento ~ mostrando que objetos leves ¢ pesados cafam da torre inclinada de Pisa com valores de ra pidez aproximadamente iguais. No espitito cientifico, um \inico experimento comprovadamente contedrio tem mais valor do que qualquer autoridacle, no importa sua reputa- ‘glo 00 0 ntimero de seus seguidores ou defensores. Na cién- 34° Fisica Conceltual cia moderna, argumentos de apslo & autoridade tém pouco valor Os cientistas devem aceitar descobertas experimentais ‘mesmo quando gostariam que fossem diferentes, Dever es- ‘forgar-se para distinguir entre o que véem e 0 que dese Ver, pois os cientistas, como as pessoas, «8m grande capaci- dade dle enganar a si mesmos". As pessoas tém sempre @ tendéncia de adotar regras, crengas, credos, idéias ¢ hipéte- ses, sem questionar profundamente a sua validade, e a man- {&-las por muito tempo apsis terem se mostrado sem signifi ado, falsas ou no minimo questiondveis. As suposigdes ‘mais difundidas sao frequlentemente as menos questionads. Muitas vezes, quando uma idéia é adotada, uma atengiio es- pecial é dada aos casos que parecem corrobori-la, 20 passo. ‘que aqueles casos que parecem refuti-la so distorcidos, de- preciados ou ignorados, Os cientistas usam a palavra teoria de maneira diferen: te 8 que é adotada no falar cotidiano. Na linguagem do coti- diano, uma teoria nao difere de uma hipdtese ~ uma suposi- ‘Go que ainda néo foi comprovada. Uma teoria cientifica, or outro lado, ¢ a sintese de um grande corpo de informa- (gBes que englobam hipéteses comprovadas e testadas sobre determinados aspectos do mundo natural. Os fisicos, por ‘exemplo, falam na teoria dos quarks dos micleos atGmicos, ‘6s quimicos falam na teoria das Tigagdes metdlicas nos me- tas, ¢ biGlogos falam da teoria celular, As teorias cientificas no so imutiveis, ao contrério, clas sofrem mudancas. Blas evoluem quando passam por es- igios de redefinigo refinamento, Durante-os cem tiltimos, ‘anos, por exemplo, a teoria atGmica tem sido redefinida re- Petidamente toda vez. que se consegue uma nova evidéncia sobre 0 comportamento attimico, De maneira semelhante, ‘0s quimicos tém redefinide suas visOes da maneira como as moléculas se ligam, e os bidlogos tém refinado a teoria ce- lular, O aperfeigoamento de teorias é uma forga da ciéncia, ‘iio uma fraqueza. Muitas pessoas acham que & um sinal de fraqueza mudar suas opiniGes. Cientistas competentes de- vem ser especialistas em alterar suas opinives. Eles trocam de opinido, entretanto, somente quando deparam-se com s6- lidas evidéncias experimentais ou quando uma hipdtese conceitualmente matis simples forga-os a adotar um novo Ponto de vista, Mais importante que defender crengas, € me- horé-las. As methores hipsteses so aquelas mais honestus ‘em face da evidéncia experimental. Fora de suas profissGes, os cientisias nfo so inerente- ‘mente mais honestos ou éticos que # maioria dys pessoas. * Ponsm wapeloesfico tem vlor em cigniat Mas de um rssh exper ‘mena na Gécia madera contac uma tors acl, que aps ives ‘slo adcionalprovou-s era. Ito en alimentad sf ds cientstasem gue = deseriho coreta da natureza, no fil ds ents, envlvecencisio de x reso e economia de eas uma combinago que merece er cham Gebel Em am formaco ao € bastante estar steno outras peso feta fa ilo de bobo: mals impor ¢ estar aeno appr tenncie de engin « “Ma em suas profissdes eles trabalham em um meio que dt alto valor a honestidade: A regra que norteia aciéncia é ade gue todas as hipSteves devem ser testiveis ~ devem ser pas- siveis, pelo menos em principio, de serem negadas. E mais itmportante, na cidncia, que exista urn modo de provar aue ‘uma idgia estéerrada do que existir uma maneira de provar ser eorreta, Este ¢ um dos principaisfatores que distingue @ cigncia da nfo-cigncia. A primeira vista, isso pode soar es- tranho, pois quando nos perguntamos sobre s maioria das coisas, n6s nos preoeupamos em encontrar maneiras de re- velar se elas sto verdadeiras. As hipéteses ciemtiticas s20 di- fetentes. De faio, se vor# deseja descobrir se uma hipdtese -cientifica ou nao, veja se existe um teste para comprovar 4que €ertOnca. Se nao exisir teste algum para provar sua fal- sidade, entao a hipdtese é nio-cientifica. Albert Einstein pos {sso muito bem quando declarou que “nenhum ndmero de ‘experimentos pode provar que estou certo; um tinico expe- rimento pode provar que estou errado”. Considere a hipdtese do bidlogo Darwin de que a vida evolu de formas mais simples para mais complexas, Isso poxtetia ser negaco se os paleontologistas descobrissem que formas de vida mais complexas surgitam antes de suas con- trapartidas mais simples. Finstein crioa a hipétese de que a luz ¢ desviada pela gravidade. Isso poderia ser negado se a luz das estretas que passa muito préiximo ao Sol, e que pode ser vista durante um eclipse solar, nfo fosse desvinda de sua trajetdria normal. Como foi demonstrado, as formas de vida menos. complexas precederam suas contrapartidas. mais complexas, ea uz das estrelasdesviou-se ao passar perto do Sol, © que sustenta as afirmativas. Se e quando uma hipéte- se ou alegagio cientfica ¢ confirmada, ela éencarada come “ile como sendo um degrau para conhecimento adicional Considere a hipdtese “o alinhamento dos planetas no ‘céu determina a melhor ocasitio para tomar decisdes”, Mui- tas pessoas acreditam nela, mas tal hipStese € nio-cientifi- ca, Nao se pode provar que est errada, nem correta, Ela € ‘uma especulagdo, Analogamente, a hipdtese “existe vida in- tcligente em outros planetas em algum lugar do universo” no € cientifica. Embora possa ser provada como correta, pela verificagdio por um tnico exemplo de vida inteligente em algum outro lugar do universo, no existe maneira de se provar que ela esté errada se vida alguma for jamais encon- trada. Se procuréssemos nas regides mais longinquas do universo ao longo de eras e niio encontrdssemos vida, nio provar que ela nio existe “na préxima esquina” ppassfvel de ser demonstrada com certeza, mas. de ser negada nao & uma hipétese cientifica ‘dessas afirmativas so completamente razodveis € ‘mas estio fora do dominio da ciéncia, “Nenhum de nés dispde de tempo, energia ou recursos testar cada idia; assim, na maior parte do tempo, esta~ ‘nos baseando na palavra de algaém. Como descobrir apalavra a considerar? Para reducir a possibitidade de ‘s cientistas accitam somente a palavra daqueles cujas {eorias ¢ descobertas so testiveis — se nio na pri pelo menos em principio. Especulagées nio-testaveis ‘consideradas como “nio-cientificas”. Isto tem o efeito a prazo de incentivar a honestidade — as descobertas di- largamente entre colegas da comunidade cientiti- -caestio geralmente sujeitas testes adicionais. Mais cedo ‘ou mais tarde, erros (e fraudes) so descobertos: 0 pensa- ‘mento tendencioso é desmascarado. Um cientista desacredi- tado no consegue uma segunda chance dentro da comi dade cientifica, A honestidade, to importante para o pro= ‘gresso da ciéncia, torna-se assim um assunto de interesse proprio para os cientistas, Hé relativamente pouco logro ‘hum jogo em que todas as apostas so declaradas. Em cam- pos deestudo, onde-0 certo.e o erraddo nio si estabelecidos facilmente, a pressio para ser honesto ¢ consideravelmente menor, Teste a si mesmo Qual destas 6 uma hipétese cientfica? (2) Os étomos sio as menores particulas existences de maté- (b) © espaco & permeaco com uma esséncia nfo-detectivel, | © Albert Einstein foi o maior fisico do século vinte. Verifique sua resposta Apenas a hipétese a é cient- casporque existe um test para testa sus falsidade. A afirmagio ro apenas ¢ posivel de ser nezads, como foi de fato negra Nio.existe um teste para provar a falsidade da hiponess be ola & portant, nfo-cientifea.O mesmo vale para qualquer pri pio ou conceit para o qual nfo existe maneira, procedimento ‘ou teste pelo qual ele posta ser negado (se for errado).Alguns pseudocientistas e outros fingidores do seber nem mesmo se preocupam com um teste para verificar a posivelfalsidade de suas afrmativas.A afirmativacé uma que niko pode ser testada fen sua possivelfalidade. Se Einstein nfo tivesse sido © maior dos fics, como poderiamos sabé-o! £ importante notar que, coma o nome de Einstein geralmente é muito considerado, ele 0 preferido dos pseudoclentistas Assim, no deveriames fcar surpretos que © nome de Einstein. como os de Jesus ¢ outras fonts alamente respetadas, sia frequentemente mencionado por charles que querem emprestarrespeito asi mesmos ea seu pontos de vista. Em todos os campos, prudente ser c&t- ‘o.com aqueles que quorem dar eréito asi mesmos apelando pira.aautoridade de outros. Capitulo 1 + Sobre a Citncin 35 AAs idéias © conceitos mais importantes de nossa vida ‘cotidiana freqiientemente s80 nao-cientificos; sua veracida- de ou falsidade no pode ser determinada no laboratério. Curiosamente, parece que as pessoas acreditam honesta- mente que suas idgias sobre as coisas estejam corretas, ¢ quase todo mundo conhece pessoas que sustentam pontos de vista inteiramente opostos ~ logo. as idgias de alguns (ou de todos) devem estar incorretas. Como saber se vocé & ou nao um daqueles que sustentam crengas errdneas? Existe uum teste. Antes de estar razoavelmente convencido de que ‘wood estd certo acerca de uma idéia particular, deveria estar seguro de que entendeu as objegdes e as posicdes de seus adversérios mais articulados. Vocé deveria descobrir se suas pr6prias opinides sdo sustentadas pelo conhecimento ade- quaalo das idéias oponentes ou pelas falsas concepcaes de> las, Faca esta distinglo, vendo se voc® pode ou ndo enunciar as objegdes e as posigdes de seus opasitores, de forma que eles fiquem satisfeitos. Mesmo que consiga fazé-lo, voce no pode estar absolutamente certo de estar correto acerca de suas prdprias idéias, mas a chance de estar certo € consi- deravelmente maior se voc? passar no teste. Teste a si mesmo Suponha que darante uma discordin- «in entre duas pessoas. Ae B, vocé nota que a pessoa A repet- damente enuncia sev porto de vista, enquanto B enuneig ara mente tanto a sua prépria posislo: como a da pessoa A. Quem estaré provaveimente correto? (Pense, antes de ler 0 respasta aboot) Embora a nogio de ser familiarizado com os pontos de vista contrétios parega razodivel 4 maioria das pessoas pen- santes, a nociio oposta — protegendo-nos e a outros de idéias ‘contrrias ~ tem sido mais amplamente praticada, Temos si- do ensinados a desacreditar de idéias nao populares sem en- tendé.1as no contexto apropriado. Com uma visio retros- pectiva, podemos ver que muitas das ‘profundas verdades” peddeas-mestras de civilizagdes inteiras, eram meros reflexos dda ignorncia que prevalecia na época. Muitos dos proble- mas que impostunavam as sociedades provinham dessa ig- nordncia ¢ das falsas concepgdes resultantes; muito do que «ra sustentado como verdade simplesmente nd era verda- deito. Isto no & restrito av passado, Cada avango cientifico € necessariamente incompleto e parcialmente impreciso, pois o descobridor enxerga com 0s antolhos” de dia, € con- segue se livrar de uma parte, apenas, dos impedimentos. Ciéncia, Arte e Religido AA procura por ordem e significado no mundo em nossa vol- ta tem tomado diferentes. formas: uma é a ciéncia, outra é a = N.deT. Pegus de cour, onde outro material optco, colocalss do lao dos cthas de um caval, para limita seu campo de visio eevte que se ass, 36 Fisica Conceitual arte © outra ¢ a religido, Embora as rafzes de todas as ts re- ‘meta a milhares de anos, as tradigdes cientificas so relati- vamente recentes. Mais importante, os dominios da eigncia, da arte © da religido sie diferentes, embora elas com fre- agiiéncia se superponkam. A ciéncia esta principalmente en- ‘gajada em descobrir registrar fendmenos naturais, as artes dizem respeito d interpretacso pessoal e i expressio criativa a religido remete a origem, propésito e significado de w- do. ——— Verifique sua resposta Quem sabe com cerzeza! A Pessoa B pode tera perspicicia de um advogado. que pode sus- fentarvirios pontos de vista e ainda assim estar incarreto. NSo Podemos ter certaze acerca do“outro rapen”.O teste para cor- reco ou incorresao sugeride aqui nfo & um teste para os ou ‘70s, mas de wood para vocé. Ele pode auxiiar em seu desenvol- vimento pessoal. Quando voeé tenta articular a ids de seus antagonists, esteja preparado, como os cientistas, para aleerar suas opinides e descobrir evidéncias contrrias as suas proprias idles ~ evidéncia que pode modifcar seus pontos de vista, O

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