Você está na página 1de 387
PAULO BOULOS IVAN DE CAMARGO UFPE OCEN MEL BIBLIOTE: 5 GEOMETRIA ANALITICA um tratamento vetorial MAKRON Books do Brasil Editora Ltda. Sao Paulo Rua Tabapué, 1348 Itaim Bibi CEP 04533-004 (011) 829-8604 e (011) 820-6622 Rio de Janeiro @ Lisboa @ Porto @ Bogotd @ Buenos Aires @ Guatemala @ Madrid @ México @ New York @ Panamé @ Sen Juan @ Santiago Auckland @ Hamburg @ Kuala Lumpur @ London @ Milan ® Montreal # New Delhi ¢ Paris @ Singapore ® Sydney @ Tokyo @ Toronto \ PREFACIO AOESTUDANTE .............00-- 00-0005 PARTE 1 - VETORES CAP. 1. oa. CAP. 3. CAP. 4, CAP. 5. CAP. 6. CAP. 7. CAP. 8. INTRODUGAO .... 22. eee VEIORES ADICAQ DE VETORES .......-.-. 0-00-0005 MULTIPLICACAO DE NUMERO REAL POR VETOR SOMA DEPONTO'COMVETOR «...-...+..0+5 DEPENDENCIA E INDEPENDENCIA LINEAR . BASE MUDANCA DE BASE ANGULO ENTRE VETORES. PRODUTO ESCALAR SUMARIO 27 = 47 57 var Geometria Analitica: um tratamento vetorial ZAP & ORIENTACAODEV? 20.0... 0 eee eee eeeeee tenes IAP zd PRODUTOVETORIAL...... 20.0. 00000 0c eeee nsec eee eee CAP 2: DUPLOPRODUTOVETORIAL ........22 26. 000000 eee eee CAP 12. PRODUTOMISTO .......20. 00000000 eee eee cece eee e eee PARTE 2-GEOMETRIA ANALITICA CAP. SISTEMA DE COORDENADAS ...... 2-6-0002 2s eee cece eee CAP.:4. ESTUDODARETA .......-.-....-+005 a CaP. 15. ESTUDO DO PLANO §1 - Equapdo Vetorial ¢ Equacdes Paramétricas de um Plano . . 2 - Equagao Geral §3 - Vetor Normal a um Plano . §4 - Feixe de Planos .... CAP. 16. POSICAO RELATIVA DE RETAS EPLANOS » . Gl Rese rta §2 - Retae plano . §3 - Planoe plano... . §4 - Misceldnea de Exercicios CAP. 17. PERPENDICULARISMO E ORTOGONALIDADE . . {1 - Retae reta §2- Retae plano . §3 - Planoe plano . CAP. 18. Parent + Angulo entre retas t ~ Angulo entre retae plano - §3 - Angulo entre planos . pboboecaccoopopogaco Smeg 119 126 139 139 146 160 166 170 170 175 181 186 196 196 201 205 207 207 210 212 214 Sumério Ix CAP. 19. DISTANCIAS ..........-..5- 219 §1 - Distancia de ponto a ponto 219 §2 - Distancia de ponto areta . 221 §3 - Distancia de ponto a plano 223 84 - Distancia entre duas retas . . 226 §5 - Distancia entre retae plano ........ 230 §6 - Distancia entre dois planos ......... . 230 CAP. 20, MUDANGA DE COORDENADAS. . 237 §1 - Mudanga de coordenadas em E? . 237 §2 - Mudanga de coordenadas em E* 242 §3 - Aplicagdo das translagdes e rotagdes de E? ao estudo da equacio Ax? +Bxy + Cy? +Dx+Ey+F=0...... . 248 CAP. 21, CONICAS ... 22.2... cece eee eee eee 258 §1 - Elipse, hipérbole, parabola (forma reduzida) . 258 §2 - Conicas (caso geral).......--- 20000005 21 §3 - Classificagdo das cOnicas ............. 280 CAP. 22. SUPERFICIES es §1 - Superficie esférica . . : 292 §2 - Generalidades sobre curvase superficies .......... 31 §3 - Superficie cilindrica 313 84 - Superficie cénica foe 319 §5 - Superficie de rotagao ooo8 323 §6 - Quddricas (forma reduzida) .... . 329 RESPOSTAS DOS EXERCICIOS PROPOSTOS Parte 1 343 Parte 2 353 PARTE! VETORES INTRODUGAO Nesta 14 parte, apresentamos os Vetores, que constituem uma importante ferramenta para o estudo da Geometria Analitica, da Fisica, do Calculo ete. Vocé encontraré aqui respostas 4s perguntas: “O que é?”, “Como funciona?” ¢ “Para que serve?”. 0 nosso ambiente seré 0 con- junto dos pontos do espago tridimensional, isto é, 0 conjunto dos pontos da Geometria Euclidia- na. Esse conjunto serd indicado por E*, e muitas vezes citado simplesmente como o “espaco”. Vocé deve sempre imaginar, como modelo intuitivo de E*, o espago fisico que nos cerca. Qs pontos de E® serdo indicados por letras latinas maitsculas (A, B, P, Q etc.); as retas, por letras latinas mindsculas (r, s, t etc.) ¢ os planos por letras gregas mintsculas (1, a, B etc.). Se uma reta r contém os pontos P e Q, falaremos em “reta PQ”; o segmento geométrico de extremidades P ¢ Q serd indicado por PQ. Quando um plano contém os pontos P, Qe R (nfo colineares), falaremos em “plano PQR”. Serdo pressupostos os resultados da Geometria Euclidiana, alguns dos quais serdo utilizados livremente. CAPITULO 1 VETORES Nogio Intuitiva Existem grandezas, chamadas escalares, que so caracterizadas por um numero (e a unidade correspondente):.50 dm? de drea, 4m de comprimento, 7 kg de massa, Outras, no entanto, re~ querem mais do que isso. Por exemplo, para caracterizarmos uma forga ou uma velocidade, preci- samios dar a diregdo, a intensidade (ou médulo) e o sentido: oa ee i F | | t | i Uma forga de 4 N Uma velocidade de 5 m/s Tais grandezas so chamadas vetoriais. Nos exemplos acima as flechas nos do idéia exata das grandezas mencionadas, No entanto, vamos adotar o seguinte ponto de vista: duas flechas de mesmo comprimento, mesma diregdo, (isto é, paralelas) e mesmo sentido (veja a figura adiante) definem a mesma grandeza vetorial. Tais flechas sio ditas equipolentes. 4 Geometria Analitica: um tratamento vetorial — Um caso da pratica que corresponde a esse ponto de vista é o de um sdlido em translagdio. Nesse caso, a grandeza velocidade de cada ponto, em cada N instante, é a mesma. Entdo, qual das flechas (equipolentes) que dio a ve- = locidade dos pontos do s6lido seria escolhida como sendo a velocidade do sdlido num certo instante? Como nenhuma tem preferéncia, que tal escolher todas, ou melhor, 0 conjunto de todas elas para ser chamado velocidade do sblido? Aqui esta o germe da nogao de vetor. Nesse caso, tal conjunto seria o vetor velocidade do s6lido, no instante considerado. Formalizagao do conceito de vetor Primeiramente, a definigo de flecha. Flecha é, intuitivamente, um segmento no qual se fixou uma orientagdo. E fixar uma orientagao é escather um sentido. No caso da figura, o segmen- to orientado representado tem orientago de A para B, Na verdade nfo ae precisamos da flecha toda para os nossos objetivos. Bastam os pontos Ae : B,e a ordem: primeizo A e depois B. Eis a definiggo: Definicéo 1 Uni segmento orientado & um par ordenado (A,B) de pontos do espaco. A é dito origem, B extremidade do segmento orientado. Os segmentos orientados da forma (A, A) sio ditos nulos. Observe que se A # B, (A,B) é diferente de (B, A). Definigao 2 © Dizemos que os segmentos orientados (A, B) e (C, D) tém 0 mesmo comprimento se 0s segmentos geométricos AB ¢ CD témo mesmo comprimento. © Suponha (A, B) e (C, D) nao nulos. Entdo dizemos que (A, B) e (C, D) tém mesma dire- do se AB // CD‘) . Nesse caso dizemos que (A, B) e (C, D) sfo paralelos. ‘© Suponha que (A, B) e (C, D) tem mesma dire¢ao. a) Se as retas AB e CD sao distintas, dizemos que (A, B) e (C, D) tem mesmo sentido caso os segmentos AC e BD tenham intersegao vazia. Casco ABMCD# 9, dizemos que (A,B) e (C.D) tém sentido contrario. B 8 |. a A c mesmo sentido sentido contririo (*) AB // CD incluio caso em que as retas suportes coincidem. Vetores 3 b) Se as retas AB e CD coincidem, tome (A’,B’) tal que A’ nao pertenga a reta AB e (A', B’) tenha mesma diregao, e mesmo sentido que (A, B) (como em a)), Entao dizemos que (A,B) e (C,D) tém mesmo sentido se (A’,B') e (C, D) tem mesmo sentido. Se nfo, dize- mosque (A,B) e (C,D) tém sentido contrario. 8 AN — > ~ — D — D, B a c / c 8 e ah — — — mesmo sentido sentido contrario Verifique que (A,B) e (B, A) tem mesmo comprimento, mesma diregdo e sentido contrario, sendo A#B. Definigao 3 Os segmentos orientados (A, B) e (C,D) so equipolentes, e indica-se (A,B) ~ (C,D), se um dos casos seguintes ocorrer: a) ambos sfo nulos; b) nenhum é nulo, e tém mesmo comprimento, mesma dirego e mesmo sentido. Decorre da definigo que “equipolente a um segmento nulo, s6 outro segmento nulo”. Proposigao 1: A relagdo de equipoléncia goza das seguintes propriedades: a) (A, B) ~ (A, B) (reflexiva) b) (A, B) ~~ (C, D) = (C,D)~(A,B) (simétrica) 9 (A,B)~(GD) ee (C,D)~(BF) = (A,B)~ (E, F) (transitivay Omitimos a demonstrago. No entanto, ser bom que vocé se convenga da validade das assergdes. Considere agora um segmento orientado (A, B) fixado. Chama-se classe de equipoléncia de (A, B) a0 conjunto de todos os segmentos orientados que so equipolentes a (A, B) (e portanto equipo- | lentes entre si, pela propriedade transitiva). O proprio (A, B) é um deles, pela propriedade reflexi- va. (A, B) se diz um representante da classe. Note que se (C, D) pertence a classe de equipoléncia de (A, B) entdo (A, B) pertence a classe de equipoléncia de (C, D) (devido a propriedade simétrica) (1) Uma relagéo que goza das propriedades a), b) e c) se chama relagdo de equivaléncia. 6 Geometria Analitica: um tratamento vetorial e na verdade essas duas classes coincidem, pois quem for equipolente a (C, D) 0 serd a (A, B) e vice-versa (propriedade transitiva), Em outras palavras, qualquer segmento orientado pertencente a uma classe de equipoléncia pode ser considerado seu representante, e cada segmento orientado é representante de uma tinica classe de equipoléncia. + Definigéo 4 @ Um vetor é uma classe de equipoléncia de segmentos orientados de E*. Se (A, B) é um segmento orientado, o vetor correspondente (ou seja, o vetor cujo representante ¢ (A, B)) sera indicado por AB. Usamse também letras latinas mintsculas encimadas por uma seta (@, 0, x etc.), ndo se fazendo desse modo referéncia ao representante. E claro que para citarmos um vetor basta citar (ou desenhar) um qualquer de seus representantes, ¢ pronto: o vetor estara bem determinado. O conjunto de todos os vetores ser4 indicado por V?. © Chamaremos vetor nulo a0 vetor cujo representante é um segmento orientado nulo. Jé comentamos que equipolente a um segmento nulo, sé outro segmento nulo; segue-se que todos ‘08 representantes do vetor nulo sfo segmentos com origem ¢ extremidade coincidentes. Indica-se © vetor nulo por 0. _,0 Os vetores Xe ¥ néo-nulos slo, paralelos (indica-se X11) ‘se um representante de X € paralelo a um representante de y (¢ portanto a todos). Se x //¥, x © ¥ tém mesmo sentido (resp. sentido contrdrio) se um representante de x e¢ um representante de y tém mesmo sentido (resp. sentido contrario). Consideraremos o vetor nulo paralelo a qualquer vetor. © Chamaremos norma (ou médulo, ou comprimento) de um vetor a0 comprimento de qual- quer um de seus representantes; indica-se a norma de x por Axl. Se Ixl= 1, dizemos que o vetor x ¢ unitario. Observagio De um modo geral, conceitos geométricos como paralelismo, perpendicularismo, compri- mento, angulos etc., envolvendo vetores, sfo definidos “pondo-se a culpa nos representantes”, como foi feito acima. Veja por exemplo a Definigao 2 do Capitulo 6. © © vetor BA é chamado vetor oposto do vetor AB. AB e.BA 6 diferem no sen- tido (se A # B), ja que seus representantes (A,B) ¢ (B,A) tém mesma dirego, mesmo comprimento ¢ sentido contrério, O vetor oposto do vetor AB é indicado também por -AB; o vetor oposto de um vetor X € indicado por -X. Um fato que estaremos usando sempre € que voce poderé intuir facilmente ¢ 0 seguinte: dados um ponto A e um vetor V, existe um ‘inico segmento orientado representante de ¥ com origem A (tente provar isso). Finalizamos este pardgrafo com uma recomendagdo: nunca use 0 termo “vetores equipolentes”, j4 que a equipoléncia é uma relagdo entre segmentos orientados ¢ nfo entre vetores. Se os segmen- tos orientados (A,B) e (C,D) so equipolentes, entdo os vetores AB € CD. so iguais (isto é, € segmentos orientados (A, B) e (C, D) pertencem a mesma classe de equipoléncia). CAPITULO 2 ADICAO DE VETORES Vamos definir em V? uma operagdo de adig&io, que a cada par de vetores U eV fard corres ponder o vetor soma U + V. Para isso, procedemos do seguinte modo: consideramos um represen- tante qualquer (A, B) do vetor u e o representante do vetorv que tem origem B. Seja C a extremi- dade deste ‘iltimo. Fica assim determinado 0 segmento orientado (A, C). Por definigdo, o vetor AC, cujo representante € 0 segmento orientado (A,C), ¢ 0 vetor soma de U com v. e + ey % Observacoes 1. A definigdo nos diz que para determinar vetor soma U +V, basta “fechar o triangulo”, tomando 0 cuidado de escolher a origem do segundo coincidindo com a extremidade do primeiro (representante). Pode-se também adotar a “regra do paralelogramo”, que consiste em tomar representantes de ue ¥ com a mesma origem A((A,B) e (A,C) na figura 7 & Geometria Analitica: um tratamento vetorial z aolado) e construir 0 paralelogramo ABCD. O segmento — : . orientado (A, D) (diagonal que contém o ponto A) ¢ um . ie Tepresentante do vetor U +¥, 4 que ela “fecha o triangulo” fey ABD e BD = v. MN » ag ae D 2. A escolha do representante (A,B) do vetor wf ¢ arbitraria, mas isso no influi na deter- minago de u+v. De fato, se escolhermos outro representante (A’,B') para u e conseqiientemente outro representante (B’,C’) para ¥ teremos (A’,B’)~ (A,B), (B’, C') ~ (B, C) e dat segue que (A’, C') ~ (A, C) (convenga-se disso; por exemplo, na situa- ¢4o ilustrada na pentltima figura, os triangulos ABC e A’B'C’ sdo congruentes — por qué?) Sdo muito importantes as propriedades que enunciamos a seguir; elas constituem as pri- meiras “‘regras” do célculo com vetores. No faremos demonstrag6es, mas as figuras seguintes so elucidativas. Al) PROPRIEDADE ASSOCIATIVA @+v)tw=u+@tw), Vu,v,wev? A2) PROPRIEDADE COMUTATIVA Usveveud vu,vev? 3) ELEMENTO NEUTRO v+d-u, vuev? (lembre-se que todo representante do vetor nulo tem origem e extremidade coincidentes). Assim, u+0 = AB+BB= AB = ¥. Ad) ELEMENTO OPOSTO ~ ~ Dado um vetor U qualquer, existe um vetor que somado a U dé como resultado © vetor nulo: trata-se do vetor oposto dew’, que se indica por ~ i. U+(u)= AB+BA = AA =T Adigéo de Vetores 9 | Esta propriedade nos permite definir subtragdo de vetores: u-¥ 6 por definiggo a e > soma do vetor u como vetor oposto do vetor Vv. U-v=U+Cy), Vu,vev? Observagao Escolhidos os representantes (A,B) ¢ (A,C) de We ¥, e construido o paralelogramo ABCD (figura) 0 vetor a: -v _terd como representante © segmento orientado (C,B), pois @D = v, DE=-¥, © (D+ DE =CB. Assim, as diagonais do paralelogramo representa soma e a diferenga entre U ev. Exercicio resolvido Prove as “‘leis do cancelamento” da adigao: U+Vst+0 2 ¥=8 t+ tetet ate? X+Z=y+2 2xX=y Resolugao Provaremos a primeira; a segunda se reduz a primeira devido a propriedade comutativa A2. Somando aos dois membros da igualdade u+V=U+wW~ o vetor oposto do vetor u, obtemos: Cu) +@+¥) = Cu)+@ +H), pela associativa (Al) temos (CUedyed = Ts tyew; pela propriedade Ad resulta . 7 > > > O+V¥V=0+w 10 Geometria Anatitica: um tratamento vetorial ou, pela comutativa, ICU «t + oO e, finalmente, pela propriedade A3, Vew. EXERCICIOS PROPOSTOS 1. Prove que ns oe a. 7 utsWw-v ae > 2. Dados representantes dos vetores Ue ¥ conforme a figura, ache um representante de Xtal a v 3 Justifique a seguinte regra. Para calcular xeutv+ ¥, tome um representante (A, B) de U, um representante (B,C) de ¥, um representante (C,D) de w. Entio x tem como representante (A, D). (Intuitivamente falando, “fecha-se 0 poligono”.) Raciocinando Por indugao finita, pode-se generalizar essa regra para n parcelas. 4. — Ache a soma dos vetores indicados na figura, nos casos: @ &) Adigdo de Vetores un H © ©) eek eo \ c A 8 (CUBOs) F 7 © () a 7 8 ¢c G6 A 8 A D (PARALELEPIPEDO) F Ee (HE XAGONOS REGULARES) @) (h) 3 : ® 5 co | | Oo F E F « CAPITULO 3 MULTIPLICACAO DE NUMERO REAL POR VETOR Vamos definir uma operagio “externa” em V°, que a cada nimero real a ¢a cada vetor v associa um vetor indicado por a¥ tal que: © Se a= 0 ou v= G, entio av = 0 (por definigao) © Sea # Oev # G, av & caracterizado por at aay //¥ b) av ev tém mesmo sentido se a > 0 € sentido contrario se a < 0. ) lavi= Jal ivi | vet ce) lavi= jaliv a 2 Vejamos quais sfo as propriedades da multiplicaggo de nimero por vetor; aqui, como nas propriedades da adicdo, omitiremos as demonstragSes (isso nfo o isenta da obrigagfo de entender ¢ intuir as propriedades; faca figuras!). MI) a@@+¥) =e tay, VaeR, Vu,veVv? (observe a semelhanga dos triéngulos da figura seguinte), Multiplicapdo de Nimero Real por Vetor 13 (@>0) M2) @+6)v =av+Bv, Va,pER, VveEV? M3) 1.v =v, Vvev? M4) a(B¥) = @A)¥ = B@v), VafeER, VVEV® Observagdes 1, As quatro propriedades da adigo e as quatro propriedades da multiplicagaio de nimero por vetor conferem a V° © que se chama uma estrutura de “espaco vetorial”. O nome “espago vetorial” se inspira, naturalmente, nos vetores, e pode ser entendido como “espago cujo com- portamento algébrico é idéntico ao do espaco V*”, ou seja, espago onde valem as propriedades Al, A2, A3, A4, M1, M2, M3, M4. Os espagos vetoriais so estudados na Algebra Linear. 2. B comum usar-se 0 termo escalar para designar ntimero real, em contraposigfo a vetor. A opera- glo definida neste pardgrafo é, pois, a multiplicapdo de vetor por escalar (nfo confunda com produto escalar, que seré definido mais adiante). 3. Como as gito propriedades Al, A2, A3, A4, M1, M2, M3, M4 sao vilidas também para a adicao e para a multiplicag’o de nimeros reais, 0 célculo com vetores (pelo menos no que tange as duas operagdes definidas até agora) segue os mesmos principios ~ as mesmas regras — que o céleulo algébrico elementar. Por exemplo, somando aos dois membros da igualdadea +B =¢ © vetor oposto do vetor a, e aplicando as propriedades Al, A4, A2, e A3, chegamos a v=c-2 Logo, vale para os vetores a conhecida regra “‘pode-se transpor um termo de um membro para outro de uma igualdade, desde que se lhe troque o sinal”. 1> 4, SeaER evEV, omat 0, significa > V. 14 Geomeiria Analitica: um tratamento vetorial EXERCICIOS RESOLVIDOS 1. Prove as Regras de Sinais: a) Ca) = -(@v), V aeER v vev? b) a(-v) = - (ev), Vv aeR, v vev? 9) Ga)(-¥) = av, Vv aéR, v vev? Resolugdo a) Devemos provar que (-a)¥ € 0 vetor oposto do vetor av; para isso, pela definigao de vetor oposto, é suficiente mostrar que a soma (-a)v + av é0 vetor nulo. Vejamos: > + M2 > + def. > (a)V+av = Gata) = Ov = 0 comoqueriamos. b) Devemos mostrar que a(-v) + a v= 0. para concluir que a(-¥) ¢ 0 oposto de av. Mas: > + M+ > def. aCv)tav =acvtv)=a0 = 6 ©) Usaremos as partes a) eb): > a) a) > s (-a)-v) =-[eCy)] = -[-@v)] = av - (explique voce mesmo a altima passagem; lembre-se da definigdo de vetor oposto). 2. Prove quese av = Pv ese ¥ #0, entdo a=8. Resolugo def. av =BV 7 av-B¥=8 > av+(-@V)=0 = avtcav=3 5 @pi-o Como por hipétese ¥ # 0, temos (exercicio 1 adiante) que a—8 = 0 ou seja a= B. (9) Exerofcio Resolvido 1a), Multiplicagdo de Nimero Real por Vetor 15 EXERCICIOS PROPOSTOS a es Provequeav=0 *a=0 ou v=0 > > —S Prove que se au =av ese a# 0, entdo u =v. a Prove que (-1)¥ = -¥. Prove que 2 Se (A,B) € um representante de u #0, e (C,D) um representante de v # 0, prove que: 1 CD == existe NER talque U= XV. (Este resultado ¢ importantissimo e sera muito Gtil; trata-se de uma “tradugdo” algébrica muito simples, u =.Av, de um fato geométrico muito importante, o paralelismo. E exa- tamente isto que se pretende na Geometria Analitica.) Resolva a equagio na incdgnita x: 2x - 3u = 10(x+¥) Resolva o sistema nas inedgnitas x e y: x+y = 0 ax - y= 2Qut¥ v Seja V #0. Mostre que —~ é um vetor unitario (chamado versor de Vv). v CAPITULO 4 SOMA DE PONTO COM VETOR Como j4 comentamos no final do Capitulo 1, dados um ponto P eum vetor ¥, existe lum nico segmento orientado (P,Q) representante de Y. Isso nos permite definir uma ope- ragGo que a cada ponto PEE? ea cada vetor ¥ € V* associa um Gnico ponto Q de E*, indi- catlo por P+¥, e chamado soma de P com ¥. Assim, a V PEE’, VVEV?:P+v¥=Q = PO=¥ s q) donde P+PO=Q P Usaremos a notago P-V para indicar a soma do ponto P como vetor oposto do vetor v: > = P-V=P+(-¥) Intuitivamente, podemos encarar P+v como o resultado de uma translagdo do ponto P, trans- lagdo essa determinada pelo vetor V. Vejamos algumas propriedades dessa operagio: Pl pP+0=P VPEE? E uma conseqiiéncia imediata da definigdo, pois PP= 0 > P+0 = P. Po, PtusPtyv suev 16 ‘Soma de Ponto com Vetor 17 De fato: seja Q = P+ U = P+¥. Entdo, da definiggo decorre que PQ = u e PO = Logo Tv = v. Note que esta propriedade permite um “cancelamento” de P na igualdade eee eee P3, (P+u)+v=P+@+v) Vu,vev? VPCE? Demonstracao Sejam (veja a figura ao lado) A = P+uU e B=A+V¥ (logo, B=(P+ u)+ ¥). Entdo, da A definiggo decorre que PA =u e AB=¥. Somando, temos PA+AB=u+v e¢ como PA+AB=PB, vem PB=u+v. % a Novamente pela definigzo de soma de ponto com vetor, conclui- . mos que B=P+(u+¥) e que portanto (P+u)+¥=P+(u tv). | 8 P4, A+V=Bty > A=B (Agora se trata de um “cancelamento” de ¥). De fato, Any = Bty > (A+¥)-v = (Bt+v)- y PB At@-v)= B+ -v) =A+0=B+0 > A=B, PS. (P-v)+¥= Decorre diretamente de P3 e de Pl: >, P3 >, > Pl (P-V)+V= [P+CV)]+¥ = P+[-v+v]=P+0 = P Observagdo Se © segmento orientado (A,B) é um representante do vetor x, é usual representar esse vetor por AB, ou também por B- A. Esta dltima ¢ chamada notagao de Grassmann (nao se trata, a rigor, de subtrair pontos, mas sim de uma notagao sugestiva: jé que o ponto B é a soma do ponto A comovetor x (pois AB =x), 0 vetor X seria a “diferenca” entre Be A). EXERCICIOS RESOLVIDOS 1. Mostre que AB - AC = CB Resolugao Lembrando que por definigao de adigao de vetores CA + AB = CB “GN eque CA = -AC obtemos o resultado A 8 Ty Geomerris Analitica: um tratamento vetorial me figura. M,N. P_sfo pontos médios de AB, BC e CA respectivamente, Exprima AN. QM em fungiode AB e AC. Resolacso © BP- AP+BA a 8 Precisamos fazer aparecer AC. Ai usamos o fato de P ser ponto médio: 2AP = AC Entdo, levando na primeira relagao acima, vem: = _ BP = AC-AB (@) © Quantoa aN: ®) © ica a seu cargo provar que = at. i OM = -AC + > AB @® Na figura ao lado, damos uma ilustragto de (8). Faga vocé uma de (a) ¢ uma de (7). ‘Soma de Ponto com Vetor 19 Observagies (a) Eis um outro modo de resolver o problema: Parta de 2AP = AC e faca aparecer B: 2(BP + AB)= AC Daf 2BF + JAN = AC. R= AC at (b) Nao va concluir de (8) que a medida de AN é a semi-soma das medidas de AB e AC! Sendo A, B,C vértices de um tridngulo, vale 1 ANI < + 1 ABI (por qué?} 1 = zy hact (©) Verifique que (a), (6) e (7) valem, mesmo que A,B eC sejam colineares. 3. Na figura, a medida de AX é metade da medida de XB. Exprima CX em fungiode CA e CB. Resolugio A : 8 Podemos eserever AX = 5.XB (Cuidado: AX’ e XB tém o mesmo sentido! E comum enganar-se escrevendo por exemplo AX = 5X, "0 que esta errado, pois os vetores do 19e 29membros tém sentido contrério.) Fazendo “aparecer” C resulta: 20 Geometria Analitica: um tratamento vetorial 4, Prove que as diagonais de um paralelogramo tém o mesmo ponto médio. Resolugéo Considere 0 paralelogramo ABCD, de diagonais AC e DB. Seja M 0 ponto médio de AC. Vamos pro- var que M é também ponto médio de BD. Ora, BM =BC + CM=AD+MA~=MD.Logo,Méponto —_, médio de BD. 5. Prove que 0 segmento que une oS pontos médios de dois lados de um tridngulo é paralelo a0 terceiro lado e tem por medida a metade da medida deste lado. Resolugio Seja o tridngulo ABC, e sejam M e Nos pontos médios de AC e BC, respectivamente. A afirmagdo feita equivale a seguinte relaggo: MN = + AB (por qué?) a qual passaremos a provar. Podemos escrever Somando membro a membvo, resulta ‘Soma de Ponto com Vetor 2 6. Prove que se 0s pontos médios dos lados de um quadrilatero sio vértices de um segundo quadrildtero, este € um paralelogramo. Resolugio. Seja ABCD o quadrildtero, e, M, N, P, Qos qua tro pontos médios de seus lados. Para provarmos a asser- do, basta provarmos que MN = PQ (pois se um quadrilétero tem dois lados opostos paralelos ¢ con- gruentes, ele é um paralelogramo). Pelo exercicio anterior, considerando o A ADC, podemos escrever iN = AC. Do mesmo modo, considerando o A ACB, PQ. + AC. Dessas duas expressdes resulta MN = PC, como queriamos. 7. Prove que num tridngulo as retas suportes de duas medianas se encontram num dnico ponto. Resolugao Com a notagio do Exercicio Resolvido-2, vamos provar a afirmagdo provando que AN e BP nao sdo paralelos. Se fossem, haveria XR tal que BP = AN. Usando as expresses (a) ¢ (8) do Exercicio Resolvido n9 2 vem Lo pamar FAC- AB = Ra eh donde _ a Nao pode suceder X= 1, sendo seria (1+) AB = @ logo B= A. Entdo A¥ Ie dai d +d AG = —® AB; togo AC e AB setiam paralelos, o que 6 absurdo. Geometria Analitica: um tratemento vetorial Na figura se representa um paralelepipedo ABCDEFGH. Sendo u=AB, = AD, = = AF. exprima AG, EC, HB, DF em fungao de u,v,w. H 6 ss ; e VM Lh LEE oe 7 c A u Resolugio 0 AG=CC+BC+AB=weV+T AG=U+vew (interpretagdo: em termos vetoriais, “a diagonal de um paralelepipedo € a soma de suas arestas”). © EC = BC+AB+EA=Vtu-w e HB AB+DA+HD -u-v-w EXERCICIOS PROPOSTOS 1. Dados quatro pontos A, B,C e X tais que AX = mXB, exprima CX em fungdo de CA e CB (e m) 5. ‘Soma de Ponto com Vetor 23 c Sugestio. Na telaggo AX = mXB. faca aparecer C em ambos os membros, 7 8 £ dado_um tridngulo_ABC_e 0s pontos X, Y, Z tais que AX =mXB BY =nYC CZ = pZX. Exprima CX, AY, BZ em funcdo de CA eCB (e m,n, p). Num triingulo ABC édado X sobre AB tal que | AXI = 2 1XBIl eédado Y sobre BC talque IBY I = 31'YC I. Mostre que as retas CX e AY se cortam. Sugestéo: Use 0 exercicio anterior, achando qual deve set_m ¢ qual deve ser n, Suponha ~~ EX = 2 AY e chegue a um absurdo. Nam tringalo ABC, sejam X a intersegao do lado AB coma bissetriz interna do angulo ACB, e, supondo ICA I+ oe I, Y a intersegdo da reta AB com uma das bissetrizes externas do angulo ACB). ao ao 1exi 1GBI iCal VCE e CY. Dé uma explicagdo geométrica para isso. No Capitulo 8 (Exercicio 3) vocé dard uma prova analitica. ICAL CB, ae (5) rovecue wn Ny WCRI vce a) Os vetores so respectivamente paralelos a CX AXI” VEX TAY IBYE s ei so K> c) Exprima CX,CY,XeY a em fungdo de A,CA e CB. 4 yer---/} 7 B Sendo CX a 1 altura do AABC relativa ao a0,vértice C, exprima CX e X em fungdo de A, CA e CB. - perio SeA eB nao sao retos, vale = 1AX 1 gA= BX I 1g B. Conclua dai que ce A) AX = (1g B) XB, quer Ae B sejam agudos, quer um deles seja obtuso. a : () Existe ¥ se ICA # ECB oad Geometria Analitica: um sratamento verorial 6. Prove que as medianas de um triangulo se encontram num mesmo ponto, que divide cada uma na raz4o 2:1 a partir do vértice correspondente. Sugestéo: Usando o Exercfcio Resolvido n9 7: seja G o ponto comum as retas AN © BP, © H 0 ponto comum as retas AN ¢ CM. Existem 2, u, a © @ tais que G= A+ \AN=BtyBP ec H=Ct+aCM= A+ BAN. Calcule A, u,a © 8. 7. Prove que as alturas de um triangulo se encontram num mesmo ponto. Idem para as bisse- trizes internas. 8. Demonstre que o segmento que une os pontos médios dos lados ndo-paralelos de um trapézio é paralelo as bases, e sua medida € a semi-soma das medidas das bases. (Atengao: nd é suficiente provar que MN = 4 (AB + D@), mas isso ajuda bastante.) - 9. Demonstre que 0 segmento que une os pontos médios das diagonais de um trapézio é paralelo as bases, ¢ sua medida é a semi-diferenca das medidas das bases. (Atencio: nfo é.suficiente provar que MN = 4 (AB ~ DC), mas isso ajuda bastante.) 0 c A B 10. Num triangulo ABC, sejam M,N, P, os pontos médios dos lados AB, BC e AC, respecti- vamente. Mostre que AN + BE + OM = 0. Sugestéo: Exercicio Resolvido n° 2. 11. Dado um triangulo qualquer, mostre que existe outro com lados paralelos e congruentes as medianas do primeiro. 14. 15. 16. «18, Soma de Ponto com Vetor 25 Sugestio: Tome um ponto © qualquer e considere os pontos X=O+AN, Y=X+BP e Z=¥+CM, Mostre que Z=0 eque 0,X,Y nfo sio colineares, Sendo ABCDEF um hexégono regular de centro O, prove que AB + AC+ AD + AE'+ AF = 640. Seja OABC um tetraedro, X 0 ponto da reta BC definido por BX = mBC. Exprima = ee eee OX ¢ AX em fungdo de OA, OB, OC. Seja OABC um tetraedro, X 0 ponto de encontro das medianas do triéngulo ABC (bari centro). Exprima OX em termos de OA, OB, OC. Sejam A, B,C, D pontos quaisquer, M 0 ponto médio de AC e No de BD. Exprima X em fungfo de MN, sendo x= AB + AD +CB+ CD. Seja ABCD um quadrilétero, e O um ponto qualquer. Seja P 0 ponto médio do seg- + mento que une os pontos médios das diagonais AC ¢ BD. Prove que P= 0+4@K+ OB + OC + OD) Dados O, A, B,C, ache G tal que-GA + GB +GC= 0 em fungio de 0, 2= OA, pa) = OB, c= OC. Sejam A,BeC trés pontos quaisquer, A# B. Prove que: X éum pontodareta AB CX = aCA + BOB, com at 6 = Sugestio: Exercicio 1. Nas condigdes do Exercicio 18, prove que: aCA+BCB, com a0, 6>0,¢ X um ponto do segmento AB = CX a+p=l. Sejam A, Be C vértices de um triéngulo, Prove que: X ¢ um ponto interior ao tridngulo ABC see somente se CX=aCA+BCB, com a>0, B>O, e atB<1 (umpontoé interior a um tringulo se for interior a alguma ceviana dele). Geometria Analitica: um tratamento vetorial 21. Na figura, a distincia de Ma A 60 dobro da, distancia de M a B, e a medidade AN 6a terga parte da medida de CN. Exprima X em funggo de A, AB e AC. N A B ™ 22. Considere o tridngulo ABC, e sejam CA =U, CB=V, e w= u-2v. Calcule a real para que o ponto X=C+aw pertenca areta AB. CAPITULO 5 DEPENDENCIA E INDEPENDENCIA LINEAR. Um conceito fundamental para tudo 0 que vird a seguir é 0 de dependéncia linear de vetores. Veremos em primeiro lugar a conceituagdo geométrica, para em seguida caracterizé-la algebrica- mente. Inicialmente, fixemos a seguinte linguagem: um vetor U diz-se paralelo a uma reta r (a um plano 7) se existir um representante (A,B) de U tal que o segmento AB esteja contido em r (em 1). Em particular, o vetor nulo € paralelo a qualquer reta e a qualquer plano. E claro que dois vetores paralelos a uma mesma reta sdo paralelos; mas cuidado: dois vetores paralelos a um mesmo plano podem nfo ser paralelos! A conceituagio geométrica da dependéncia linear serd feita por etapas, conforme a quanti- dade de vetores envolvidos. Definigao 1 1—Uma seqiiéncia (V) de um tnico vetor v€ V? é linearmente dependente (LD) se V= 0. Se V4, aseqiiéncia (v) € linearmente independente (LI). II — Uma seqiiéncia (u,v) de vetores de V? € linearmente dependente (LD) se Ue Vv sGo paralelos a uma mesma reta. Caso contrario, (u,v) é linearmente independente (LI). TIT — Uma seqiiéncia (u,V,w) de vetores de V? € linearmente dependente (LD) se u,v, forem paralelos a um mesmo plano. Caso contratio, (u,v, W) & linearmente indepen= dente (LI) - 27 28 Geometria Analitica: um tratamento vetorial IV — Qualquer seqiiéncia de vetores com quatro ou mais elementos é linearmente dependente (LD) por definigao. Observagies 1 Conforme ficou bem explicito na definicéo, dependéncia e independéncia linear sio qualidades inerentes @ seqiéncia de vetores, € no. aos prbprios vetores. Apesar disso, & comum dizer-se: “os vetores ue sfo LI", ou “os vetores u,v ew slo LD”. £ claro que 0 significado €: “o par ordenado (8, ¥) € LI”, ou, respectivamente, “a tripla orde- nada (u,¥,W) € LD”. Evite, portanto, 0 seguinte erro de raciocinio: se 0 vetor ul é LI € 0 vetor Vv é LI, entdo os vetores uw, eV sfo LI. Isso nem sempre € verdade, como por exemplo no caso da figura, onde (a) é LI, pois u#0, (v) é LI, pois v0, mas (u,v) € LD (por qué?) Cis 2 Se uma seqiiencia (¥;, V2, ... vn) € LD [LI}, qualquer permutagdo dessa seqiiéncia também é LD {LI}. Se um dos vetores da seqiténcia é nulo, essa seqiéncia é LD. Verifique vocé mesmo. CARACTERIZACAO ALGEBRICA DA DEPENDENCIA E DA INDEPENDENCIA LINEAR Definigdo 2 Sejam Vi, Va, Vp vetores de V? (mn > 1) © ay, a2, dq mGmeros reais. Chama-se scan inagio linear dos vetores Vn a Va (com coeficientes a), @,...@,) a0 vetor UW Oy Vy +2 V2 +. FOV Sew 2_combinagéo linear dos vetores v,, v2, ... V,, diz-se também que u €¢ gerado pelos vetores Vn. Obser+2 agora que 0 vetor nulo € gerado por ¥,, V2, ... Vp» Quaisquer que sejam estes veto- res. De fato. sempre é possivel escolher ay = a2 = 0, e teremos oy T= OV, + OV +...+ OV, V+ OV, +..4 0¥, a Dependéncia e Independéncia Linear 29 Ora, diré vocé, assim nfo tem graga! E claro que escolhendo todos os coeficientes iguais a zero, a combinagdo linear resultard no vetor nulo! Concordo. Ser que haveria, porém, outra combina do linear de Yi . Ya (isto 6, em que os coeficientes NAO sejam todos nulos) que seja também igual a ‘0? Conforme veremos mais adiante (Proposig&o 2), isso depende exclusivamente de ser LI ou LD aseqiiéncia (¥), ¥2s.u¥p)- ‘Antes, veremos uma primeira relagdo entre dependéncia linear e combinag®es lineares. Proposigao 1 Uma seqiiéncia (W;, V3, ..,¥_) (n > 2) € LD se e somente se algum vetor da seqiiéncia for gerado pelos demais. Demonstragao Analisaremos separadamente cada um dos casos (Il), (III) e (IV) da Definiggo 1. Caso (II) a) Suponhamos (u,¥) LD. Se um dos dois vetores ¢ nulo, ele é gerado pelo outro; suponhamos entfo u #0 e v0. Da hipotese, concluimos que existem representantes WW we Sevev tém mesmo sentido, temos V= au ese tém sentido contrério, v= (-a) u. Logo ¥ €gerado por u‘"), Compare com o Exercicio 5 do Capitulo 3. (A,B) de ¥ e(A,C) de ¥ taisque A,BeC sto colineares, A# Be A¥C. Seja a= b) Reciprocamente, suponka que V =aU € que nenhum dos dois vetores é nulo (caso em que nfo haveria nada a demonstrar). Seja (A,B) um representante de u. Da definicdo de multiplicagdo de vetor por escalar, concluimos que o representante de ¥ comorigem A tem sua extremidade C na reta que passa por Ae B. Logo, A,BeC sdocolineares ¢isso quer dizer que @,¥) ¢ LD. iso (III) a) Suponhamos (u,¥,) LD. Se 0 par (W, ¥) for LD, teremos pelo que jé foi pro- vado (caso (I1)) que W = a¥ (ou ¥= fu), Nesse caso, u= av +Ow (ou ¥= putow) ¢ esté demonstrada a afirmagao. Se, por outro lado; (u,¥) ¢ LI, fazemos a seguinte construgio geométrica: tomamos um ponto PE? eos representantes (P, A), (P,B) ¢ @,C)de uve w respectivamente; P, B e A nao sio colineares, pois @, Vé € LI. Pelo ponto C tomamos retas paralelas a PB e PA, determinando assim os pontos MeN (figura). Entao, (u, PM) é LD, e pelo que jé foi provado (caso II) temos au. Da mesma forma, PN = By. Notando agora que w= PM+23N, temos w= aut fv. Observe que os argumentos acima valem também para os casos em que w //u ou Ww // V5 apenas a figura seria diferente. Pense nisso. () Note que no caso u #0 © v #0 ndosé u égerado por ¥, mas também ¥ égerado por u, pois So ie a #0 eportantode v =qu segue u ety. \ at Geometria Analitica: um tratamento vetorial b) Reciprocamente, suponha que w, por exemplo, é gerado por ue V, W=au+Bv,e que nenhum dos trés vetores € nulo (pois nesse caso ndo hd o que demonstrar). Sejam (P, A), ‘P,B) e (P,C) representantes de wu, v ew, respectivamente. Se P, Ae B slo colineares, € claro que os quatro pontos esto num mesmo plano e portanto a, %, w) € LD. Se, ao contrario, P, Ae B determinam um plano, sendo PM = au e PN = BV (veja a figura) temos que M pertence a reta PA, N pertence & reta PB, e portanto o parale- logramo PMCN esté contido no plano determinado por P, Ae B. Concluimos que os pontos P, A, Be C sdo coplanares e portanto @,¥,w) é LD. Caso (IV) Neste caso, precisamos provar apenas que se n> 4, ento um dos vetores da seqiiéncia Gis Va, os Vg) € getado pelos demais (a recfproca ¢ automaticamente verdadeira, pois para n > 4 a seqiiéncia é LD por definiggo). Se (¥;, V2, ¥3) € LD, ento, pelo que jé vimos, um deles (por exemplo, ¥,) ¢ gerado pelos outros dois: 2 oe, Vy = anv, + as¥5. Segue-se que ee > Vi = OV; + V5 + 0V4 +2. + OVE € portanto ¥, é gerado pelos vetores V2, V3, .... Vq- Suponhamos agora que (¥;, V2, Vs) € LI e fagamos a seguinte construgio geométrica: sejam (P, A), (P,B), (P,C) e (P,D) respective: mente representantes de v,,V2,V3 € V4. Pelo ponto D, tomamos uma reta paralela a PC,que encontra o plano PAB no ponto M (por que essa reta nfo pode ser paralela ao plano PAB?). Pelo ponto M, tomamos retas paralelas a PA e PB, de- terminando assim os pontos N e Q (ver figura). Final- mente, pelo ponto D tomamos um plano paralelo ao plano PAB, que intercepta a reta PC num ponto R (por que esse plano nfo pode ser paralelo a PC?). E claro que PN + PQ + PR = vy. Por outro lado (PK,PN)é LD = PN= a,PA= av, (PB,PO)é LD = PQ = a,PB = a,%, @C,PR)é LD = PR= aPC = a3vy Dependéncia e Independéncia Linear 31 + ee > ee ee >. Logo, V4 = 1 V1 + O2V2.4 @3V3 € portanto, V4 = a1 V, + O2V2 + A3V3 + OVs +... + 0 Va, isto é, Va € gerado pelos demais vetores da seqiéncia. Note que os argumentos acima valem também para os casos em que D pertence a uma das retas PA, PB, PC, ou a um dos planos PAB, PAC, PBC. Pense nisso e faga novas figuras. Fica assim demonstrada a Proposigdo 1. >> oo Corolirio 1 (u, ¥) € LD = existe a real tal que U= av ou existe B real tal V= BU Além disso, se u eV sio diferentesde 0, existem ambos, «#0, 6 #0, Corolirio 2 Se ( Uy v) é Lle (u, v, w) € LD, entao Wé combinag&o linear de We v, isto é, existem escalares ae f tais que w= au +Bv (60 que foi demonstrado no Caso (II). Na realidade, como se vera nos exercicios resolvidos, existe um tinico par de coeficientes a eB nessas condigdes. Coloririo 3 Se (U,V, w) € LI, enttio todo vetor x € V3, é gerado por u, Ve w. Isso quer dizer que para todo x EV?, existem a, B, Y EIR tais que X=au+pv tow +B (veremos logo mais, nos Exercicios Resolvidos, que essa tripla ordenada (a, 8, 7) de escalares ¢ determinada de modo tinico). ‘A proposigao seguinte responde a pergunta a respeito de ser ou nflo ser possivel obter o vetor nulo como combinago linear dos vetores V;, Vz, ..., Vy sem langar mio do “golpe baixo” de tomar todos os escalares iguais a zero. Proposigfo 2 Uma seqiiéncia (¥;, Vz, -«, Va) de vetores de V2 € LD se, e somente se existirem escalates %, G2, ... @, NAO TODOS NULOS tais que a Vit a2¥; +..4a,¥,= 0. Ou seja, se e somente se a equago x, ¥; + xXy¥) t+ X,Vq = 0 mas a. ge ne admite solugdo nio-trivial. Exemplos 1) Seja ¥ um vetor qualquer; a seqiéncia (¥,-¥ ) € LD, pois 1.¥ + 1. (¥) = 0 (os escalares nffo so todos nulos). 2) Aseqiéncia (u,v, 2u -3¥) 6 LD, pois(-2)U+3¥+1.(2U-3¥)= 0. 3) Com 0 auxilio da Proposic¢ao 2, é bem facil ver que qualquer seqiiéncia na qual com- parega o vetor nulo é LD. De fato, basta escolher coeficiente néo nulo para o vetor 32 Geometria Analitica: um tratamento vetorial nulo e coeficientes nulos para os demais; para a seqiéncia (G, V2, 1 Vq)s por exemplo, temos: i S a - 1. F+0.¥, +..40.%=6 eportanto (G, v2, ..»¥q) € LD. Demonstragao da Proposigio 2 © caso n= | fica como exercicio, Demonstremos paran >2. a) Suponhamos que (¥;, ..., Vq) seja LD. Nesse caso, pela Proposi¢go 1, algum dos pl 1, 5 ou seja, que y € combinagdo linear dos demais vetores da seqiiéncia. Isso, pela Proposigao 1, garante que (¥,,...,¥,) € LD. Observacies 1. Uma forma equivalente de enunciar a Proposigfo 2 é: Proposigo 3 “Uma seqiéncia (¥,, Vz, ..¥,) de vetores V° é LIse e somente se a equagdo AAV, + X2¥; + + X,V, = 0 nas incdgnitas x1, x2, SO admite a solugio trivial, isto é, av, +a:¥, +. QV, = 0 > m= a=. A impticagao significa que € impossivel obter 0 vetor nulo como combinagio linear de @,, V2, -.., Va) a 080 ser daquela maneira que vocé achou “sem graca”, escolhendo todos 0s coeficientes nulos. Dependéncia e independéncia Linear 33 2, Tome cuidado, pois neste ponto € muito fécil errar: na verificaglo de que uma seqiléncia Gi, a,» 1, ¥q), € Ll, nfo se trata de saber se € possfvel obter 0 vetor nulo como combinago linear de Vj, Nee wy ¥q (pois sempre € possivel; na pior das hipéteses, escolhemos os escalares nulos). Tampouco se trata de saber se 0s coeficientes a1, 02, ....@, podem ser ou séo nulos (€ claro que podem). Trata-se, isto sim, de verificar se € obrigatério apelar para coeficientes nulos para que a combinagdo linear resulte no vetor nulo. Se voce entendeu, responda a esta pergunta: Sejam Vj, Va, Vq Vetoresde V € a4, 09, ..,%q escalarestaisque a,¥, +ag¥, +..+a,¥, = 0. Sabendo que a, = a; = ...= @,= 0, 0 que se pode afirmar da seqiéncia (V,, Vz, ..., ¥,)? E Liou LD? Vejaa resposta no fim deste pardgrafo, apés os exercicios resolvides. UFPE CCEN M BIBLIU EXERCICIOS RESOLVIDOS 1. Sia (1,¥2,.¥_) LI (1 Vy + 2 V2 to FOV, = BV, + B22 +o. + BOY, Dai segue que Y, > +. = oe os ay ¥y ~ Biv; + V2 ~ Brn +... +0, ¥,~B,¥, = 0 34 Geometria Analitica: um tratamento vetorial € portanto (ay ~ Bi) V1 + (G2 ~ B2) V2 + + (Hq ~ Bq) Yq = 0 e como (¥,,¥2, «1 ¥,) & LI, concluimos pela Proposi¢ao 3 que =B, = 0; 02 = Br = 0; my 0, ~ By donde a= Bi, 2 = Baym Oy By. Prove a recfproca da propriedade do exercicio anterior: se Gis Vay ws Vp) € tal que ay¥ + ars + + On¥q = Bi¥i + Bava + + Ba¥q sO vale se ay = By, G2 = Br, vey Oy = Bay ento (¥;, Vays ¥q) @ LI. Resolugao Sabemos que, d= ov, 40% +..40Vp_. Ento, se a1, 02, 4 a, sf0 escalares tais que a1¥) + anv +. Ogvn= 0 segue-se que ay Vy + a¥; +... +0,¥, = OV + OVe +. + OV" Mas por hipotese, essa igualdade s6 vale se a, = 0, a, = 0, 0 (troque os “8,” por 0 na hipétese). Entdo, gragas a Proposigao 3, concluimos que (¥1,¥25 «5 ¥q) 6 LI. Observacéo Os exercicios 1 e 2 acima mostram que vocé s6 poder “identificar os coeficientes” (algo se- melhante ao Principio de Identidade de Polinémios) quando os vetores envolvidos forem LI. i ees Exemplo: se u=2v+w, temse u+v+w=Out3v+2W. Prove que se (u,v) € LI, entfo (u + ¥, u- ¥) também é LL. Dependéncia e Independéncta Linear 35 Resolugio Sejam ae 8 escalares tais que a@+¥) +6@-v) =o @) Devemos demonstrar que a eB sfo obrigatoriamente nulos. Aplicando as propriedades da adigo e da multiplicago por escalar, obtemos de @ avtavtpu-py= B, donde (a+ 6) U+ (@-f)v= 0. Mas, por hipatese, (G,¥) 61; logo, a igualdade acima s6 é possivel se a+ B= 0 © a- B= 0. Como a Gnica soluggo do sistema +80 {onaeo 6 a= B= 0, provamos o que queriamos. Atengio. Seria péssima estratégia tentar resolver este exercicio partindo de uma combinagao linear de igualada a 0,au + fv = 0. O motivo é que, como (@, ¥) € LI, isso acarreta a = 6 = 0, € no se conclui absolutamente nada a respeito da dependéncia ou independéncia linear dos vetores & +¥ e U —¥, o que era 0 nosso propésito. Assim, quando se quer provar a indepen- déncia linear de uma seqiiéncia de vetores, deve-se partir de uma combinaggo linear dos ve- tores dessa seqiiéncia, igual a 0. Na figura, ABC é um tridngulo e M é 0 ponto médio de AB. Sabendo que MN é paralelo a BC, prove que N é 0 ponta médio de AC. Resolugio ‘Vamos transpor o problema para 2 linguagem vetorial. 36 Geometria Analitica: um tratamento vetorial Se ABC um triangulo, temos (por exemplo) que (AB, BC) ¢ LI @ Sendo M 0 ponto médio de AB, concluimos que aM 4.35 = (6) A hip6tese de ser MN paralelo a BC se traduz por MN = «BC M Finalmente, como N pertence ao lado AC, podemos afirmar que AN = pac (6) Agora, nosso objetivo é provar que B -+ De AN = MN + AM segue por (8)e (7): AN = BC +t : @) Por outro lado, por (5), AN = BAC = 6(BC + AB) = BBC +B AB a Comparando (€)¢ (A), obtemos: aBC + + AB = pBC + BAB Agora, por (a) e pelo primeiro exercicio, concluimos que a=B ¢ | 8B, como queria- sao Observe que fica também provado que o comprimento de MN ¢ igual a metade do com- pomenzo de BC. Agora a resposta a pergunta feita na Observagdo 2: nada se pode afirmar a respeito da depense ncia linear dos vetores. Dependéncia e Independéncia Linear 37 EXERCICIOS PROPOSTOS Prove que se (u,v, W) LI, entio (w+ ¥ + W, uv, 3¥) também é LI, 0 mesmo ee. sucedendo com (u+v, u+w, v + Ww). Seja (U,V, w) LI. Dado t t qualquer, sabemos que existem @,8,7 tais que Te autsvtyw (por qué?), Prove que (@ +t, v+t, wt) LIM ath ty+1 #0. Prove que (U,V) €LI =* (u+v, u-v) &LI. (Aimplicaggo = foi provada no Exer- cicio Resolvido n9 3.) Demonstre a Proposiggo 2 no caso n texto nao serve neste caso? . Pergunta: por que a demonstragio feita no Oe : Prove que (u-2V+w, 20+v+3w, u+8v+3w) € LD quaisquer que sejam os vetores U,V, W- CAPITULO 6 BASE Definigao 1 Chama-se base V> a qualquer tripla ordenada E=(€,,€,e3) linearmente independente de vetores de V*. Conforme 0 Corolério 3 do capitulo anterior, se (e; , €2,€3) é uma base de V°, todo vetor de V® é gerado por €,,€) © @3, isto é para todo v © V*, existem escalares a,,a2, a3, tais que V = aye; + a2€; + yey, ts Sabemos também que essa tripla (a, , a), a5) de escalares € tnica (veja 0 primeiro exercicio resol- vido do capitulo anterior). A conclusdo que, escolhida uma base E de V°, fica associada univoca- mente a cada vetor ¥ uma tripla ordenada de escalares (a, ,a),a3). Essa tripla é denominada tripla de coordenadas do vetor ¥ em relagdio & base E. Observe que é importante a ordem dos escalares 4;,a,,a3; trata-se de uma tripla ordenada. Se, por abuso de linguagem, dissermos: ““a,a2,€ a3 so as coordenadas de Vv na base E” fica subentendido que as coordenadas estéo nessa ordem @ = are; + are; + ane). 38 Base 39 A notagdo utilizada para indicar que a,,a2, 23 so as coordenadas (nessa ordem!!) do vetor¥ em relagao a base Eé ~ V= (aan asp a) ese nfo houver perio de davida quanto a base escolhida, omite-se o indice “’ ¥ = (a1, 82,83) @ Em outros termos, (1) ¢ (2) sio simplesmente “abreviaturas” de V = a,¢, + a,¢; + ase3. Daqui para a frente, o uso de coordenadas ser muito freqiente; é conveniente, portanto, que as operagSes entre vetores sejam feitas diretamente em coordenadas, evitando perda de tempo. Vejamos como se faz isso: 3) Adipdo Se U= (ay, a2, a5) €V = (irdasbs)g, entio T+ = (a+ bay + by, a5 + b3)e De fato: > ee U= (a,a2,83)p > U= ae, + aye, + a3e9 Y= (bi,ba,bs)gp > V= bie + bee, + byes Logo, ae + > > U + = (ay + bi) e, + (ay + ba) er + (ay + b3) ou seja, U4V= (ar tbr, a2 + by, 25 + bag Atengao a Para 0 procedimento acima € essencial que u eV estejam referidos a uma mesma base. b) —Multipticago por Escalar Se u = (a1,a7,a3), € A é um escalar, entdo . AU = (Aa, Aap, Aas). De fato: ~ en + So U= (1,42, 3)p > U= aye; + age, + ase, > AU= A(ayey + age + a5e3) = = (har) e, + (Aa2) @) + (Aag)eg > AWE (Aa, AM, Add)p. 2 40 Georietria Analitica: um tratamento vetorial Observagdo ——_—Devido & Proposi Vamos reexaminar em termos de coordenadas 0 conceito de dependéncia ¢ independéncia linear. + > Proposicgo 1 Os vetores u = (Xi, ¥1,21)p,€ V = (Xa. ¥2, 22)p S40 LD se e somente se X1, ¥1,Z1, sdo proporcionais a x2, ¥2,22- Demonstragao E uma conseqiiéncia direta do Corolario 1 do Capitulo 5. Proposigfo 2 U= (x1, ¥1,z1)p, V= (Xe+Y2+2a)p, W = (X3,Va,2a)y S40 LI se e somente se MY a i pe¥ ay % ¥: | #0 X3 Ys Z3 Demonstragao Temos, pela Proposigio 3 do Capitulo 5, que WV.w) LE = ut evtyw 20 = a=B=7=0). isto é VDT WYLT | a(x, ¥is 21) + BO, Yas Za) + 1(%3+Va, 25) = 0 admite apenas a solugéo nula a= 6=7=0 ax; + BX: + 7x: =0 = jay, + dy: + 7ys=0 admite apenas a solugao nula az, 14% + 72%3=0 Basta observar agora que este ultimo determinante 6 igual ao que aparece no enunciado, (*) Devido a Regra de Cramer. Base 41 © conceito de ortogonalidade de vetor com retas ¢ planos se define de modo natural, usando 0s mesmos conceitos para os segmentos orientados que representam o vetor. Mais claramente: Definiggo 2 © U# 6 ortogonel a retar [a0 plano 1m] se existe um representante (A,B) de u talqueo seg- mento AB é ortogonal ar [a 7]. O vetor nulo é considerado ortogonai a toda reta r ea todo plano 7. © Osvetores ev fo ortogonais se um deles é nulo, ow, caso contririo, admitirem represen- tantes perpendiculares, Para ortogonalidade usaremos o simbolo 1. Proposigdo 3. Os vetores U eV so ortogonais se e somente se lu t+ vi? = lull? + Ivi?. Demonstragao Trata-se em esséncia da aplicaggo do Teorema de Pitigoras e de sua teciproca. Deixando de lado 0s casos triviais em que um dos vetores é nulo (a verificagao ¢ imediata), basta observar que, tomando um ponto O qualquer, u LV se e somente se os pontos 0, O +u,O+u +¥, si0 vértices de um trigngulo retangulo. _ * x4 v % ° +t Definigao 3 Uma base E=(¢), €, 3) € ortonormal se €;,€3,€5 S80 unitdrios (Ne, 1 = We, I= lesll= 1) € dois a dois ortogonais. zs ee oO 42 Geometria Analitica: um tratamento vetorial Proposiglo 4 Se E= (¢;,€2,€3) € base ortonormal,e u = xe, + ye; + ze3 entfo Wil = Very +2 Demonstragio Consiste na aplicagdo do Teorema de Pitdgoras aos dois triéngulos retangulos destacados na figura. Vejamos. Como @3 Le © es Le), resulta zey Lxe, + ye; (por qué?). Logo, pela propo- sigdo anterior, como u = (xe, + ¥e:) +263, HUI = Wey + yey I? + Hh ze IP Como também xe, 1 yep, resulta, pela mesma proposic&0, que esta relaggo se escreve WIP = Uxey UP + Whyey IP + Uz IP @ e como @;,€;,€3 so unitérios, Ix[?= x? Whxe I? lye I? = byl? = y2 WWze3 IF iz? = 2 de onde resulta, por substituicao em (3), a tese. EXERCICIOS RESOLVIDOS Esté fixada uma base E= (@,,¢3, 62). 1. Verifique se so LI ou LD os vetores a v= (1,23) ¢ b) U5(,7) e Resolugéo a) E imediato que 1, 2,3, € 2,1, 1, nfo sf0 proporcionais pois $ # 2. Logo (W, ¥) éL. b) Nese caso & claro que 1,7,1 € 4. Et sfo proporcionais, com fator de propor- cionalidade 2: 0 = 2¥. Logo (u,v) éLD. Idem para U = (1,-1, 2g, ¥= O,1,3)p, W= (4-3, Ip. Resolugdo Como 1-1 2 0 1 3] = 0 resulta (U,¥,w) LD. oe Sejam F = 2¢,-% =e -G +28 He & +20; Mostre que (f,,f, #3) Ll e portanto base de V2. “4 Geometria Analitica: um tratamento vetorial Resolugso Temse f, = (2,-1.0, f= (y-1, Dp. f= (1,0, Dp 2-1 oO 1-1 2}=-4#0; logo @,,f,,f) é LI. 1 0 2 4. Calcule as coordenadas do vetor V = (1, 1, I)z_na base F do exercicio anterior. Resolucéo Sabemos que T= 2e-e Hz G- 8, + 225 f, =, + 2ey Resolvendo as equagSes acima com relagdo a €,,€;,€ €3, vocé obterd: > 1 1 1 f=sh-sh+ sh ee hth 2 -1744te4 @=-ghtgheg 1,1, Dg, temos ¥= e+e) +e, como ¥ € portanto : = 1 5 7 , isto é, as coordenadas de v na base F sfo 7 , “Gea: No préximo capitulo, veremos uma forma de sistematizar os edlculos acima, na resoluggo de problemas de “mudangas de base” como este. Base 45 5. Caloule Ww sendo w= (2,1,3)g € E base ortonormal. RPE GCEN MEL BIBLIOTECA Resolugio Wuie= 2+ e= 146 2 Vale Ve EXERCICIOS PROPOSTOS Todos os vetores est4o referidos a uma mesma dase 1. Sendo ¥=(1, -1, 3), ¥=(2, 1, 3), w= (-1, <1, 4), ache as coordenadas de aurty bu - a oa out wv -3w 2. Verifique se u é combinago linear de v e w, sendo u, v, w, como no exercicio anterior. 3. Escreva t =(4, 0, 13) como combinagdolinear de U, v, w, estes vetores sendo dados no exercicio 1. 4. W=(1,-1,3) pode ser escrito como combinagéo linear de V=(-1, 1,0) ¢ W= (2,3, be 5. Ache m de modo que w= (1,2,2) seja combinacdo linear de v= (m-1, 1, m-2) ¢ w = (m+1, m-1, 2). Em seguida, determine m para que (u,v, w) seja LD. 6. Decida se sao LI ou LD: a) U= (0,1,0), b) U= (01,0, ) U= (1,1), 4) v= (1,-3,14), © ¥=(1,0,0) w= (300, 1,2) 07 h v= (12,1) we (4,5,~4) /- g) u=0 h) U= (11,1)

Você também pode gostar