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Série Crescimento

AS DOUTRINAS
DA GRAÇA
Roteiro de estudos para
grupos de discipulado, classes de novos
membros, células familiares, etc.
E s t e livro foi publicado em inglês na Grã-Bretanha por T h e Banner
of T r u t h '1 rust, E d i n b u r g h , Scotland, 1991. © J o h n Benton e John
P e e t . Edição em p o r t u g u ê s : © Editora Cultura Cristã, 1998. Pu-
blicado c o m permissão.

T r a d u ç ã o : Arnold Bessel
R e v i s ã o : Claudete Água de Melo
F o r m a t a ç ã o : Rissato Editoração
C a p a : Expressão Exata

a
I edição — 1998
a
2 edição — 1999
a
2 r e i m p r e s s ã o — 2000
3000 e x e m p l a r e s

P u b l i c a ç ã o a u t o r i z a d a pelo C o n s e l h o Editorial:
Cláudio Marra (presidente), Aproniano Wilson dc Macedo, Augustas
Nicodcmus Eopes, Fernando Hamilton Costa, Sebastião Bueno ülinto.
CDITORÍl CULTURA CRISTÃ
Rua Miguel Teles Júnior, 382/394 - Cambuci
01540-040 - São Paulo - SP - Brasil
CPostal 15.136 - Cambuci - São Paulo - SP - 01599-970
Fone: (0**11) 270-7099 - Fax: (0**11) 279-1255
www.oep.org.br - cep@cep.org.br
""—-te: Haveraldo Ferreira Vargas
Editor: Cláudio Antônio Batista Marra
BABEL OU JESUS?
A suposta ou verdadeira preocupação com a salvação de incrédulos
moveu cruzadas no passado e movimenta muito dinheiro no presente.
Parece que a salvação de incrédulos preocupa de fato a igreja.
Mas nem sempre abordamos esse tema levando em conta a opinião de
Deus. As cruzadas que o digam, as do passado e muitas do presente. E
como se nunca tivéssemos parado de construir a torre de Babel, desen-
volvendo nosso próprio meio de levar a humanidade a Deus.
A Reforma do século XVI resgatou a autoridade da Bíblia e com ela as
doutrinas da Soberania e da Graça de Deus. Mas, como as heresias pós-
Reforma demonstram, precisamos sempre voltar às doutrinas da graça
e de novo rejeitar Babel. Vale notar que, depois de relatar Babel, Gênesis
conta sobre a iniciativa de Deus em chamar Abraão. Grande lição! Re-
jeitamos Babel e nos voltamos para o chamado soberano do Deus que
salva o seu povo.
Os estudos deste volume contribuem para olharmos a salvação do pon-
to-de-vista de Deus, conforme expresso nas Escrituras. Nada mais in-
dicado. Afinal, ele é o Deus da nossa salvação.

Cláudio Marra
Editor

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INTRODUÇÃO
Sempre é muito bom quando as pessoas aprendem as doutrinas da gra-
ça de Deus pelo estudo da Escritura. Este, portanto, é o propósito
deste manual.
Os presentes estudos surgiram em forma de uma série de sermões pre-
gados em cultos noturnos na Igreja Batista da rua Chertsey, em
Guildford, no outono de 1985. Posteriormente, os sermões foram ar-
ranjados em forma de lições para estudos bíblicos domésticos, sendo
muito bem aceitas. Ao prepararmos este material, estamos muito cons-
cientes de que devemos reconhecimento a muitas pessoas — numero-
sas demais para serem mencionadas — de quem aprendemos no decor-
rer dos anos. Porém, desejamos reconhecer especialmente a grande
ajuda obtida dos ministérios de ensino de Stuart Olyott e Dr. Roy
Clements que esclareceram muitos dos assuntos abordados neste ma-
nual. Acima de tudo, louvamos nosso Deus pelo tão maravilhoso evan-
gelho da graça no qual podemos nos regozijar.

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O Dr. John Benton e pastor da Igreja Batista da rua Chertsey, em
Guildford, Surrey.

O Dr. John Pett é conferencista no Guildford College of Technology e


presbítero da mesma igreja.
PARTE 1
Princípios Fundamentais
ESTUDO 1
A BÍBLIA
Verificamos que há dois grandes
princípios interligados sobre os
quais o cristianismo bíblico está
fundamentado. Na presente lição,
consideraremos o primeiro deles.
Princípio 1: Toda a Bíblia e somen-
te a Bíblia
Às vezes, você encontrará esse
princípio, que os Reformadores
tornaram famoso, escrito em latim:
Tota Scriptura: Sola Scriptura.

P o r q u e p r e c i s a m o s d a Bíblia?
Leia Salmo 19.1-4. O Universo e o mundo que nos cerca, criados por
Deus, revelam muitas coisas sobre Deus de um modo compreensível a
pessoas de todas as línguas e culturas.
O que você acha que podemos aprender sobre Deus a partir da criação?

Consulte Romanos 1.20. O que o texto diz? Copie o versículo.

Como podemos responder àqueles que dizem: "Mostra-me Deus e


então acreditarei"? (Veja Atos 14.17)

Apesar de a criação falar-nos claramente sobre Deus, deixando-nos sem


desculpas para ignorá-lo, há dois problemas. Primeiro, pelo fato de a

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humanidade ter-se afastado de Deus, ela agora está insensível às mani-
festações da criação sobre Deus, o Criador. Não devemos nos surpre-
ender quando descrentes sustentam uma visão diferente sobre a ori-
gem de nosso mundo e não aceitam o ensino bíblico. Na verdade,
devíamos esperar por isso (Romanos 1.21). Leia 1 Coríntios 1.21 e
2.14. Muitas pessoas cultas não crêem (embora algumas sim!). O que
esses versículos nos dizem sobre o motivo pelo qual elas não crêem?

Segundo, embora a criação fale sobre a existência e o poder de Deus,


ela não fala sobre a coisa mais importante para a humanidade perdida e
caída: a salvação do pecado e suas conseqüências. A criação fala o
bastante sobre Deus a ponto de deixar as pessoas indesculpáveis por
não acreditarem nele, mas não fala o suficiente às pessoas para habilitá-
las a encontrar o Salvador. Como Romanos 10.14 esclarece esse fato?

Mas Deus, em sua graça, revelou-se em sua palavra registrada na Bí-


blia, a Escritura Sagrada.
Leia os seguintes versículos: Salmo 19.7,8; Mateus 4.4; 1 Pedro 1.23-
25. Copie 2 Timóteo 3.15.

O q u e é a Bíblia?
Aprendemos de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que devemos aceitar os
39 livros do Antigo Testamento como a palavra de Deus. Se, como cris-
tãos, seguimos a Cristo, devemos segui-lo quanto a isso também.
Para verificar como o Senhor Jesus Cristo referiu-se ao Antigo Testa-
mento e como o empregou, veja Mateus 19.4-5; Marcos 7.9-13; Lucas
24.25-27; João 10.34-36. A que partes do Antigo Testamento se refe-
rem esses textos?

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Os 27 livros do Novo Testamento
foram escritos pelos apóstolos de
Cristo e seus companheiros ínti-
mos. Como os escritores do Anti-
go Testamento, esses homens es-
creveram sob especial inspiração
do Espírito de Deus, exatamente
como Cristo havia prometido. Por
exemplo, leia João 14.26 e 16.13.
Seus escritos são postos no mesmo
nível d o A n t i g o T e s t a m e n t o
(1 Tessalonicenses 4.8; 2 Pedro 3.16).
Consulte 2 Pedro 1.21 e 2 Timó-
teo 3.16. O que se entende pela
inspiração do Espírito de Deus?

Toda a Escritura é para ser aceita como palavra de Deus inspirada pelo
Espírito. Segundo Jesus, o Antigo Testamento é a infalível revelação
de Deus ao ser humano (Mateus 5.17-18; João 17.17). Mais tarde Je-
sus prometeu que aquilo que seus apóstolos escreveriam seria verdade
revelada (João 14.26; 16.13). Isso significa que nós devemos aceitar
toda a Bíblia, e não extrair ou escolher aquilo de que gostamos e des-
cartar partes que não apreciamos ou não podemos provar imediatamente!

QUE OUTRAS INDICAÇÕES HÁ DE QUE A BÍBLIA É A PALAVRA DE


DEUS?
Há muitos sinais "externos" da veracidade e inspiração divina da Bí-
blia. Por exemplo:
— profecias cumpridas a respeito de Cristo c sua igreja;
— confirmações arqueológicas da história bíblica;
— a poderosa transformação de comunidades e nações em épocas
passadas pela pregação da Bíblia.
Todavia, os cristãos têm plena certeza de que a Bíblia é a palavra de
Deus, em primeiro lugar, não por essas evidências, mas pelo testemu-
nho do Espírito Santo neles. Veja 1 João 2.20,27; 1 Coríntios 14:37.

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As evidências externas são para que todos vejam, mas algumas pessoas
jamais chegam a perceber sua importância. Mesmo antes de algumas
evidências específicas terem aparecido, os cristãos acreditavam que a
Escritura é a palavra de Deus. Confie em Deus porque ele empenha
sua palavra. Deus é um Deus fiel que não mente (Números 23.19).

O h o m e m natural recusa-se,
contrariamente a toda lógica, a
confiar em Deus. Mas o Espí-
rito Santo convence o cristão de
que Deus é fiel e que sua pa-
lavra, a Bíblia, é confiável.

S O M E N T E a Bíblia
T e n d o recebido tal livro de
Deus:
— não necessitamos procurar
e m n e n h u m o u t r o lugar
para d e s c o b r i r e m q u e
acreditar, como portar-nos
ou c o m o i n t e r p r e t a r as
experiências da vida;
— não devemos procurar em
nenhum outro lugar pois a
Bíblia é a única fonte infa-
lível d e r e v e l a ç ã o q u e
Deus nos deu.

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T)TUDO E M Q U E D E U S P E D E Q U E NÓS CREIAMOS E N C O N -
' TRA-SE NA BÍBLIA (2 Timóteo 3.16-17).
Nada devemos acrescentar {desejar conhecer mais não significa que
precisamos conhecer mais) ou tirar dela (Deuteronômio 4.2; Apocalipse
22.18-19).
Tudo que contraria o claro ensino da Bíblia é falso (Gálatas 1.8-9).
Devemos examinar tudo à luz das Escrituras (Atos 17.11; 1 João 4.1-2).
Essas concepções não são populares. Você sempre encontrará "ho-
mens sábios" que "sabem" mais. Como devemos reagir frente a tais
pessoas?

2. T U D O O Q U E P R E C I S A M O S SABER SOBRE C O M O N O S
PORTAR E N C O N T R A - S E NA BÍBLIA
Seguindo seus ensinamentos, podemos tornar-nos tudo o que Deus
quer que sejamos. Veja Salmo 119.9; 2 Timóteo 3.15-17; Mateus 7.24-
25. O Espírito Santo sempre nos guia segundo a Bíblia (1 Coríntios
14.37-38). Obediência à Escritura traz alegria e bênção (Salmo 1.1-3;
19.8; João 14.21,23).
Como devemos responder a alguém que diz: "Mas a cultura e as
condições de hoje são muito diferentes daquelas dos tempos bíbli-
cos. Não podemos esperar que a Bíblia nos ensine como devemos
nos portar agora"?

T O D A a Bíblia
A Bíblia é a palavra de Deus. Não precisamos procurar fora dela para
descobrir coisas a respeito de Deus ou de nosso relacionamento com
ele. Mas devemos examiná-la para estarmos bem informados sobre tudo
o que se encontra nela.
Se não conhecemos o todo da Palavra de Deus:

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1. NOSSA VISÃO DE C R I S T O SERÁ FALHA
Veja Lucas 24.25-27,44. O que seus amigos não-cristãos dizem sobre
Cristo? Em que aspectos as convicções que você possui diferem das
convicções deles?

Compare com Mateus 16.13-17.


2. NOSSA VIDA E S P I R I T U A L SERÁ FALHA
Leia Mateus 4.4; 2 Timóteo 3.15-17. Segundo esses versículos, para
que precisamos da Bíblia?

3. T O R N A M O - N O S PRESAS FÁCEIS DE FALSOS M E S T R E S ,


E R R O S E T O D A E S P É C I E DE E S P E C U L A Ç Ã O E F I L O S O -
FIAS DE O R I G E M HUMANA
Leia Marcos 12.24; Colossenses 2.8.
N o t a : Todas as seitas e religiões falsas dependem de algum tipo de
revelação falsa, diferente daquela da Bíblia. Portanto, cuidado!
Devemos dar a maior atenção a toda a Bíblia (2 Timóteo 3.16; cf. Salmo
119.9; Romanos 15.4). Devemos dar à Bíblia uma posição central na
igreja e na vida cristã. Cuidado com qualquer igreja que negligencie a
Bíblia.
Procuramos dar posição central à Bíblia quando:
1. Priorizamos a leitura pública da Bíblia na igreja ao nos congregarmos
(1 Timóteo 4.13).
2. Priorizamos a pregação e o ensino expositivos. Pregação e ensino
expositivos quer dizer proclamar o conteúdo bíblico, considerando
seu significado no contexto imediato da passagem e no contexto da
Bíblia como um todo, e aplicar sua verdade à nossa vida. Desta
maneira cada membro da congregação se familiariza com toda a pala-
vra e vontade de Deus (Atos 20.27). Quais são as vantagens da pre-
gação expositiva em relação à pregação sobre temas avulsos?

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3. Priorizamos a leitura da Escritura e a meditação sobre ela em nossas
devoções pessoais diárias (Salmo 1,2).
Qual deveria ser sua resposta àqueles que dizem que é muito difícil
estudar a Bíblia sozinho?

Conclusão
Diga, em uma ou duas frases, o que você aprendeu deste estudo.

Este estudo desafiou você, com a ajuda de Deus, a tomar alguma reso-
lução ou expressar alguma oração?

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ESTUDO 2
GLÓRIA SOMENTE A DEUS
O principal objetivo da Bíblia é revelar o Deus verdadeiro e vivo. O
presente estudo trata do segundo dos dois grandes princípios interliga-
dos sobre os quais o cristianismo bíblico está alicerçado.
Princípio 2: Glória somente a Deus
A m e n s a g e m da Bíblia difere
m u i t o da filosofia m o d e r n a e
ateísta. Essa filosofia diz que não
há Deus e diz que nosso mundo,
com tudo o que nele há, inclusi-
ve nós, é resultado apenas do aca-
so. Tal pensamento leva pessoas
a sustentar uma visão bastante
depressiva: a "de que nossa vida,
em última análise, é destituída de
propósito e significado.
A mensagem da Bíblia é comple-
tamente oposta a essa visão da
vida. Ela nos diz que Deus exis-
te, que ele é o centro de tudo e
que ele criou o mundo e está des-
dobrando a História com o propó-
Sem Deus, o eu torna-se nosso deus.
sito de glorificar seu grande nome
por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor (Efésios 1.6,14; 3.20-21;
Filipenses 2.10-11; judas 25).
O livro de Apocalipse nos mostra que a consumação da História será o
louvor e a adoração de Deus no novo céu e na nova Terra. Copie o
cântico de adoração de Apocalipse 5.13.

A mensagem da Bíblia para nós agora é que nossa vida seja dedicada à
glória de Deus (Marcos 12.28-30).

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À primeira vista, isso pode parecer egoísmo da parte de Deus. Mas não é.
Em primeiro lugar, a glória pertence a Deus por direito. Particularmente a
História está se encaminhando para seu clímax na segunda vinda de Cris-
to. Então todos verão claramente e reconhecerão que realmente Jesus
Cristo é Senhor. O cântico do céu diz: "Digno é o Cordeiro, que foi morto".
Em segundo lugar, enquanto as criaturas glorificam a Deus, elas mesmas
são abençoadas. E para a glória de Deus que encontramos alegria e paz no
seu culto. Sua criação encontra satisfação pela glorificação a Deus. Veja, por
exemplo, Salmo 96.11-13. Observe comoavinda do Senhor traz bem-estar
ao mundo. Sua presença traz luz e alegria. Ele é o Senhor que leva todas as
coisas a cantarem com prazer.
O cristianismo bíblico tem tudo a ver com Deus e sua glória. Muitas per-
versões do cristianismo começam com o ser humano, na verdade, elevan-
do o ser humano acima de Deus. Na melhor das hipóteses, essas perver-
sões conduzem inevitavelmente a uma fé truncada e distorcida e na pior,
elas levam ao caos, reduzindo Deus a um lacaio do ser humano.
Esse princípio de glória somente a Deus foi expresso no tempo da Re-
forma pela frase latina soli Deo gloria.
É fundamental que você consulte os textos listados abaixo para certifi-
car-se que de fato / isso o que a Bíblia ensina a respeito de Deus. Pri-
meiramente, iremos considerar quem Deus é e, depois, o que Deus
fez. Esse procedimento nos fará ver por que toda a glória é devida so-
mente a Deus.

Quem Deus É
1. O SER DE D E U S
Considere cada um desses aspectos da natureza de E»eus e pense em
como nós somos diferentes dele. Deus é:
Espírito João 4.24
invisível João 1.18; 1 Timóteo 6.16
pessoal Malaquias 2.10; João 14.9,23
infinito—onipresente Salmo 139.7-10; Jeremias 23.23-24
eterno Salmo 90.2; 102.27
onisciente Salmo 139.2-5; Hebreus 4.13
incompreensível Jó 11.7; Isaías40.18
inescrutável Isaías 40.13-14; Romanos 11.33-34
todo-suficiente Êxodo 3.14; João 5.26
soberano Daniel 4.34-35; Efésios 1.11

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Confrontadas com uma lista tão espantosa dos atributos de Deus,
muitas pessoas poderiam pensar que Deus está tão à frente e tão
distante a ponto de ser irrelevante para nós ou que ele não se preocu-
pa conosco. Olhe novamente para a lista. Por que os cristãos podem
se regozijar com cada um desses atributos de Deus?

2. O CARÁTER DE D E U S
Deus é:
santo Êxodo 15.11; Isaías 6.3
justo Salmo 97.2; 145.17
amoroso 1 João 4.8,10,16
bondoso Salmo 86.5; 107.1
sábio Salmo 104.24; Daniel 2.20
imutável Malaquias 3.6; Tiago 1.17
Não-cristãos freqüentemente afi rmam: "Deus é amor e por isso não
devia fazer isso e aquilo ou não permitir que aconteça tal coisa." O
que está errado nesse tipo de afi rmação?

Como, então, todo o caráter de Deus coopera para o bem de seu povo?

3. DEUS É T R I Ú N O
A Bíblia ensina que há três pessoas em Deus: o Pai, o Filho (Jesus
Cristo) e o Espírito Santo. Essas três pessoas são o único Deus eter-
no e verdadeiro, o mesmo em substância, igual em poder e glória,
embora distintas por suas propriedades pessoais.
Leia atentamente Mateus 3.16-17; 28.19; João 10.30; 2 Coríntios
13.13. ("orno esses textos justificam as afirmações feitas no parágrafo
anterior?

IS
N o t a : Antes de tentar explicar isso para alguém, lembre-se (a partir
do que já vimos anteriormente) de que Deus é, em última análise,
incomprensível para nós. Não tente reduzir Deus à lógica humana.
Ele está acima disso. Ele é único. Ele é Deus.
Por que não fazer uma pausa (se é que já não fez), apreciar as coisas
recém-aprendidas ou lembrar-se de Deus e adorá-lo? Devemos glorifi-
car a Deus por aquilo que ele é (Salmo 48.1).

O que Deus F E Z
Deus é o Deus que agiu e age. Ele é o Deus:
1. DA CRIAÇÃO
Leia atentamente Gênesis 1.1-31; Hebreus 11.3.
Nós fomos criados por ele. Portanto, demos a ele a glória que lhe é
devida (Salmo 95.6). Nossa própria existência d e p e n d e dele (Atos
17.28). Q u e tolice tentar viver sem ele!
Há muitas pessoas que tentam explicar a existência do mundo sem
referir-se a Deus. Por que você sustenta convicções diferentes em
relação a essas pessoas?

Veja o que a Bíblia diz sobre tais pessoas (Salmo 53.1).


2. DA P R O V I D Ê N C I A
Consulte os Salmos 103.19; 145.16 e Romanos 11.36. Deus está no
controle de tudo o que acontece no mundo. Deus provê para nós.
Portanto, demos glória a ele. Iremos verificar isso com um pouco mais
de atenção na próxima lição. Enquanto isso, relembre algumas das
providências de Deus em sua vida. A lista é extensa — anote apenas
alguns exemplos.

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3. DO JUÍZO
Leia os seguintes textos: Eclesiastes 12.14; Hebreus 9.27; Apocalipse
20.11-15. Deus cuidará para que justiça seja feita para todos os erros
no mundo. Ele nos julgará com justiça. Portanto, demos glória a ele
por ser Juiz justo (Salmo 98.9). Como você responderia a uma pessoa
que diz: Deus nada faz a respeito do mal no mundo?

4. DA R E D E N Ç Ã O
Leia atentamente essas passagens da Escritura: João 3.16; Romanos
3.24-25; 8.3-4; 2 Coríntios 4.6. Se você é cristão é porque Deus o
redimiu. Portanto, demos glória a ele (Efésios 1.3). A palavra "re-
denção" implica num preço que foi pago. Que preço foi pago para a
nossa redenção? Veja 1 Pedro 1.18-19.

Glória S O M E N T E a Deus
Devemos agradecer
às pessoas q u e são
bondosas para conos-
co na nossa vida diá-
ria, mas temos de nos
dar conta de que por
detrás de sua bonda-
de está a bondade de
Deus. Sem Deus,
aquela pessoa não es-
taria lá para nos mos-

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trar bondade ou não teria se mostrado bondosa para conosco. Devemos
agradecer às pessoas que nos conduziram a Cristo. Mas devemos nos
dar conta de que por detrás daquilo que elas fizeram estava, em última
análise, a ação de Deus.
Por isso, conquanto seja plenamente correto agradecer a outrem, a ver-
dadeira glória pertence a Deus somente. Ele é o, único objeto de nossa
adoração.
Se Deus é responsável pela bondade que enconttamos em outras pes-
soas, com que se pareceria o mundo se Deus retirasse seu EsDÚito e
sua conhecida graça?

Não há outro Deus. Consulte Deutetonômio 6.4; Salmo 18.31; Isaías


45.21; 1 Coríntios 8.4. Portanto, devemos adorar somente a ele.
É possível a pessoas civilizadas e sofisticadas do século XX ou XXI
adorar outros "deuses"? Se é, quais são esses deuses?

1. A criação é obra inteiramente de Deus (Jó 38.4-11; Isaías 44.24;


Apocalipse 4.11). Ele a realizou sozinho. Por isso devemos dar a
glória pela criação somente a ele.
Como algumas pessoas tentam minimizar ou eliminar a ação de Deus
na criação?

2. A providência é, em última análise, obra inteiramente de Deus. Leia


Romanos 11.36; Salmo 135.6; Mateus 10.29. Devemos dar a glória
somente a ele. Cuidado com a tendência moderna de dar crédito à
"coincidência", "boa sorte" e "natureza" como, por exemplo, quan-
do pessoas dizem: "Tive muita sorte de escapar" ou "A natuteza não
arranjou as coisas de um jeito maravilhoso?" O que essas expressões
dizem para você a respeito da sensibilidade espiritual de pessoas não
redimidas?

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3. O juízo está inteiramente nas mãos de Deus (Atos 17.31; Romanos
2.5-11,16; Apocalipse 20.11-13). Devemos dar a glória somente a ele.
Veja Romanos 12.17-20. Deus julgará. Como esse fato deveria afetar
nossa vida diária?

Devíamos agradecer a Deus pelo fato de ele ser nosso Juiz, e nin-
guém mais.
4. A redenção é obra inteiramente de Deus. Não temos n e n h u m mérito
pela nossa salvação. Qualquer orgulho ou congratulação pessoais estão
excluídos (Romanos 3.27; 1 Coríntios 4.7). Somos obra de Deus (Efésios
2.8-10). No céu, pessoas dão glória pela sua salvação somente a Deus.
Copie Apocalipse 7.10.

Conclusão
Por que podemos afirmar que todas as descrições de Deus feitas neste
estudo são verdadeiras tanto para Jesus Cristo e o Espírito Santo quan-
to para o Pai?

O que você aprendeu sobre Deus nesta lição que o ajudará na sua vida
diária?

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23
ESTUDO 3
A SOBERANIA DE DEUS E A
RESPONSABILIDADE HUMANA
No estudo anterior, fomos lembrados da verdade de que a glória per-
tence somente a Deus. Ao discutirmos a obra da providência de Deus,
dissemos que, em última análise, Deus está no controle de tudo o que
acontece no mundo. Também falamos que Deus julga o mundo. Quan-
do essas verdades são vistas em conjunto, surge uma pergunta em nos-
sa mente: "Se Deus está no controle de tudo, como as pessoas podem
ser responsabilizadas pelas coisas que elas fazem?" Pode parecer que
Deus não está no controle de absolutamente tudo ou que ele age injus-
tamente ao nos julgar. Nesse estudo investigamos o que a Bíblia tem a
dizer sobre a soberania de Deus e a responsabilidade humana.

A SOBERANIA DE DEUS
Entendemos por essa afirmação o controle supremo e detalhado de
Deus sobre tudo o que acontece no céu e na Terra.
Leia Daniel 4.35. As circunstâncias são importantes. Quem foi o tei
que disse essas palavras?

Você se recorda da história de como o rei se tornou orgulhoso, acredi-


tando que suas grandes realizações eram ações próprias? Deus o humi-
lhou (Daniel 4.24-25) e tomou-lhe sua soberania até que ele reconhe-
cesse que Deus era o Rei (Daniel 4.31-32).
Leia Romanos 11.36. Conforme o apóstolo, Deus é o princípio, o
mantenedor e o fim do quê?

A Bíblia fala especificamente sobre Deus preordenando tudo o que


está para acontecer.

Veja Efésios 1.11. O que Deus realiza de acordo com o seu propósito?

Veja Efésios 1.6,12. Qual é o propósito do seu plano?


A RESPONSABILIDADE HUMANA
Entendemos por essa expressão que nossas ações e escolhas são nossas
e somos moralmente responsáveis perante Deus. As pessoas não são
simplesmente fantoches ou robôs.
Leia Ezequiel 33.1-9. Nestes versículos lemos que Deus considera res-
ponsáveis perante ele dois grupos de pessoas. Os pecadores são res-
ponsáveis por seus pecados e o profeta/atalaia é responsável por adver-
tir as pessoas da vinda do juízo de Deus. O que o versículo 6 diz a
respeito da responsabilidade do profeta?

Leia Atos 10.1-4. Deus não nos considera responsáveis somente pelos
nossos pecados, mas também reconhece nossa responsabilidade por atos
de generosidade e bondade.
Lei 2 Coríntios 5.10 e Apocalipse 20.11-13. De acordo com esses
versículos, quem deverá estar perante Deus para ser julgado?

Por causa da cegueira espiritu-


al, o ser humano caído não gos-
ta de falar da soberania de Deus
e da responsabilidade humana
(ele prefere pensar na soberania
do ser humano e na responsa-
bilidade de Deus). Mas, como
verificamos, a Bíblia ensina es- Deus está no controle de tudo o que
sas verdades. acontece em nosso mundo.
A seguir, tentaremos ver como
essas duas verdades estão relacionadas.
A n á l i s e de alguns textos bíblicos
1. A L G U N S E X E M P L O S DA SOBERANIA DE D E U S E AÇÕES
HUMANAS PECAMINOSAS
José. Leia Gênesis 37.26-28 e 50.20. O que os irmãos de José lhe
fizeram foi mau, mas ainda assim favoreceu o plano de Deus. Reflita

25
sobre Gênesis 50.21. Qual foi a atitude de José?

Davi. Consulte 2 Samuel 24.1,10 e 1 Crônicas 21.1. Aqui encontra-


se um extraordinário resumo da soberania de Deus, da atividade sa-
tânica e da responsabilidade humana. Anote as afirmações que cha-
mam a atenção para as atividades de Deus, de Satanás e de Davi.

A morte de Cristo. O plano de Deus se cumpriu com precisão na cruz.


ainda que Judas e aqueles que crucificaram o Senhor Jesus sejam
tidos como responsáveis por seu ato malvado. Leia Lucas 22.22 e
anote a frase que descreve a ação de Deus e a frase que descreve a
responsabilidade humana.

Agora leia Atos 2.23, onde Pedro fala sobre os acontecimentos da


cruz. Anote a frase que diz respeito à ação de Deus e a frase que
descreve a responsabilidade humana.

2. A L G U N S E X E M P L O S DA SOBERANIA DE D E U S E BOAS
AÇÕES HUMANAS
A vinda de Cristo. Somos responsáveis pelo arrependimento e pela
confiança no evangelho (Mateus 11.20-24; Atos 2.37-38). Consulte
Mateus 11.28; João 7.37; Apocalipse 22.17. A quem os convites à
salvação são feitos?

Jesus ainda nos diz que somente Deus é quem capacita as pessoas a ir ;
Cristo. Leia João 6.37,44. Qual é a promessa feita no versículo 37?

26
Como a pessoa que se sente atraída por Jesus pode ser encorajada
por aquilo que o Senhor diz no versículo 44?

Vivendo como cristãos. Somos responsáveis por fazer o esforço para vi-
ver como convém a cristãos. Pot isso encontramos muitos manda-
mentos no Novo Testamento ditigidos a cristãos (1 Pedto 1.13-15).
Ainda que respondamos positivamente e obedeçamos, é Deus quem
age em nós, diz a Bíblia. Consulte Filipenses 2.12-13. Observe que
os versículos dizem que Deus realiza tudo o que ele deseja fazer.
Persistindo na vida cristã. Leia Judas, versículos 1,21 e 24. Que verbo
sobre a perseverança e preservação na vida cristã é usado nestes
vetsículos e que se refere tanto a nós como a Deus?

Devemos nos guardar embora sejamos guardados por Deus o tempo


todo.
Desta breve análise, começa-se a perceber que a Bíblia ensina tanto a
soberania de Deus como a responsabilidade humana. São duas coisas
separadas e mesmo assim realidades coincidentes.
Isso pode parecer sem lógica ao nosso limitado entendimento. Se Deus
está inteiramente no controle, nossa tendência é pensar que tal fato
conduziria a um determinismo que reduziria o ser humano a um fanto-
che sem responsabilidade. Por outto lado, se começamos pela respon-
sabilidade do ser humano perante Deus, nossa tendência é pensar que
o ser humano deve ter vontade livre a tal ponto que Deus somente
pode fazer um tanto e não mais do que isso.
Porém, a Bíblia não ensina nenhuma dessas coisas. Ela ensina simulta-
neamente a total responsabilidade humana e a completa soberania de
Deus, sem fazer concessão a nenhuma delas.

A n e c e s s i d a d e lógica de a m b a s
A soberania de Deus é necessária ao seu ser e à sua santidade. Se há alguma
coisa sobre a qual Deus não pode governar, então ele não é verdadeira-
mente Deus. Ainda mais, seria imoral da parte de Deus optar por não
controlar ou ter feito um Univetso que ele não controlaria.

27
Há uma necessidade lógica semelhante de verdadeira responsabilidade huma-
na e liberdade. O cristianismo como um todo pressupõe responsabilida-
de humana. A menos que haja espontaneidade no amor, por exemplo,
amor não é amor e Deus não é amado de fato por seu povo. Leia Mateus
22.37 e observe que nosso amor é ativo; ele é a resposta de todo o
nosso ser. Um ser humano afirmar sinceramente "eu amo você" é uma
coisa; mas se as mesmas palavras provêm da boca de um robô que foi
programado para repetir a frase, é completamente diferente.
Vemos, portanto, que tanto a plena soberania de Deus como a verda-
deira responsabilidade humana são logicamente necessárias e ensina-
das pelas Escrituras, apesar de não compreendermos inteiramente como
ambas se harmonizam. Devemos estar satisfeitos em saber que Deus e
o relacionamento que ele mantém com o mundo são maiores do que
nosso entendimento.
O grande teólogo Agostinho de Hipona (354-430), sintetizou isso. Ele
disse: "O dogma é somente uma cerca em volta do mistério". Em ou-
tras palavras, as Escrituras nos guardam do erro, porém, embora elas
nos dêem a verdade, não podem nos dar a verdade plena pois Deus é
maior do que nosso limitado entendimento é capaz de compreender.
Há certas coisas q u e nós acreditamos apesar de não conseguirmos
entendê-las completamente ou explicá-las. Uma dessas coisas é a rela-
ção entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana.

28
M a n t e n d o o equilíbrio
1. D E U S E O P R O B L E M A DO MAL
Vimos a partir dos exemplos de José, de Davi e da cruz de Cristo que
o mal não pode se expandir além da esfera da soberania divina. O
mal nunca destrona Deus. Em certo sentido, Deus está por trás tan-
to do bem como do mal (Isaías 54.16). Porém, devemos insistir nisso
—, ele não está por trás de ambos da mesma maneira. Embora o mal
não esteja fora do seu controle, Deus não é o autor do mal, nem nós
podemos responsabilizá-lo pelo mal. Leia Jó 1.10-12. Segundo essa
passagem, quem instigou Jó a pecar?

Consulte agora Tiago 1.17. Quem é o autor de todas as coisas boas?

2. D E U S E ORAÇÃO
A Bíblia enfatiza a predestinação e soberania de Deus, mas igual-
mente mantém em alta consideração a eficácia das orações do cris-
tão. A oração é tão eficaz que alguns ctistãos a compararam à trombe-
ta de Deus anunciando a notícia de que ele está por realizar alguma
coisa. Deus nada realiza sem antes levar seus filhos a orar por isso.

29
Essa é uma maneira de considerar a eficácia da oração.
Em segundo lugar, a oração é tão eficaz que não é errado, de nosso
ponto de vista limitado, retratar a oração como sendo capaz de afetar
a vontade de Deus. Leia Gênesis 18.22-33. Em que consistiu a ora-
ção de Abraão?

Qual foi a resposta de Deus?

Leia Isaías 38.1-6. Pot intermédio de Cristo, Deus de fato se impor-


ta conosco. Não devemos perder essa confiança. Ao mesmo tempo,
a própria razão por que oramos está no fato de confiatmos que Deus
é soberano e, por isso, é capaz de nos atender.
Consulte Jeremias 32.17,26-27. Por que podemos levar tudo a Deus
em oração?

3. D E U S E E V A N G E L I S M O
A soberania de Deus em salvar pessoas (Atos 16.14) não representa
desculpa para nos acomodarmos e nada fazer sob o argumento de
que "Se Deus quiser salvar pessoas ele não precisa da minha ajuda."
A soberania de Deus e nossa responsabilidade de pregar o evangelho
andam de mãos dadas. A soberania de Deus devia servir-nos de
encorajamento para levarmos adiante o árduo trabalho de evangelis-
mo. Foi assim que as coisas funcionaram para o Senhor Jesus (Mateus
11.25-30) e Paulo (Atos 18.9-11). Mantenha o equilíbtio. A soberania
de Deus significa q u e podemos confiar que ele proverá resultados.
Nossa tesponsabilidade consiste em fazer tudo o que podemos.
4. D E U S E NOSSA SALVAÇÃO
As doutrinas da tesponsabilidade humana e da soberania de Deus
são um enorme encorajamento para cada pessoa que busca Cristo.
Você ouviu o evangelho. Agora é responsabilidade sua arrepender-se
e crer. Você precisa chegar a essa decisão. Mas quando você dá as
costas à antiga vida e segue Cristo, é de grande encorajamento saber
que Deus está agindo em você e que a obra iniciada por Deus será
completada por ele (Filipenses 1.6).

30
Qual é a nossa responsabilidade segun-
do as palavras de Jesus em Marcos 1.15?

Mas, quem sabe você diga: Sinto-se


muito fraco para abandonar meus pe-
cados e não tenho forças para manter-
me na fé. Se esse é o caso, lembre-se
de que Deus é soberano e gracioso e
que ele pode suprir você com poder.
Ele pode dar a você verdadeiro arre-
p e n d i m e n t o e fé, e conservá-lo no
caminho cristão. Leia Efésios 2.8 e 1
Pedro 1.3.
Acredite nele. Confie nele.
PARTE II
As Doutrinas da Graça de Deus
ESTUDO 4
O QUE E O SER HUMANO?
O salmista Davi fez a pergunta que escolhemos para servir de título
para este estudo. Ele disse: "Quando contemplo os teus céus, obra dos
teus dedos, e a lua e as estrelas que estabeleceste, que é o homem, para
que dele te lembres? E o filho do homem, para que o visites?" (Salmo
8.3-4). Para Davi era motivo de grande admiração o fato de o Deus de
toda majestade interessar-se pela raça humana.
Nos primeiros três estudos, vimos que a Bíblia é o livro de Deus e que
ela nos revela principalmente o Deus soberano e sua glória. Mas ela
também é o livro que nos traz a resposta pata a pergunta do salmista.
"O que é o homem?" Precisamos compreender o ser humano e suas
necessidades para compreender o que Deus graciosamente tinha a fa-
zer para obter a sua salvação.

DEUS CRIOU ADÃO À SUA IMAGEM E SEMELHANÇA


O capítulo primeiro de Gênesis é o relato divinamente inspirado da
criação do mundo. Lemos a respeito da criação da
noite e do dia, dos oceanos e da Terra, da vegeta-
ção, dos peixes, dos pássaros e animais. Re-
p e t i d a m e n t e obsetvamos a fórmula:
"Disse Deus: Haja... E assim se fez."
Porém, quando Gênesis 1 relata
a criação do ser humano, essa
fórmula é visivelmente
quebrada. Não se diz
mais simplesmente:
"Haja o ser huma-
no...", pelo contrário,
Deus, por assim dizer, pri-
meiramente pára e toma con
selho consigo mesmo: "Façamos
o homem..." De maneira semelhan
te, quando Gênesis 1 relata a criação das
diferentes espécies, aparece a repetida fór-
mula de que eles foram feitos "conforme a sua espécie." Em outras
palavras, eles foram feitos de acordo com o padrão que Deus havia de-
terminado. Mas quando se chega à criação do ser humano, a fórmula é
quebrada novamente. Não se diz: "Façamos o homem... e Deus fez o
homem conforme a sua espécie." Em vez disso, lemos: "Também dis-
se Deus: Façamos o homem à nossa imagem." O próprio Deus serviu
de matriz segundo a qual homem e mulher foram modelados! Leia
atentamente Gênesis 1.26-27. Essa passagem é fundamental para nos-
so estudo. A criação da humanidade foi o clímax da criação.
Observe os seguintes pontos e confira-os, consultando as referências
bíblicas. Quando Adão foi criado:
— ele se constituía de corpo e espírito desde o ptincípio (Gênesis 2.7);
— ele foi imediatamente colocado em posição de destaque (Gênesis
1.28);
— ele era uma criatura justa e moral (Gênesis 1.31; Eclesiastes 7.29);
— ele era uma criatura espiritual, que poderia manter um relaciona
mento com Deus (Gênesis 2.7,15-18);
— ele era criatura pessoal, feita para relacionar-se com outros (Gênesis
2.18,22-24);
— ele era uma criatura que nunca precisaria morrer (Gênesis 2.17).
A ciência moderna classifica o ser humano simplesmente como "um
animal" que é parte de uma corrente evolucionária. A Bíblia apoia esse
tipo de classificação para o ser humano?

Leia 1 Coríntios 15.39 e observe um interessante comentário sobre esse


ponto.
O ser humano é fundamentalmente espiritual. Ele é feito à imagem de
Deus. Possui necessidades e aspirações diferentes de todas as outras
criaturas. Como se manifestam as necessidades e aspirações singulares
do ser humano no mundo moderno?

36
Consulte Atos 17.16 para verificar como algumas daquelas aspirações
se manifestaram em Atenas na época de Paulo.
DEUS FEZ UMA ALIANÇA COM ADÃO
Aliança é uma palavra amplamente empregada nas Escrituras. Basica-
mente, significa um comprometimento mútuo.
O capítulo 2 de Gênesis é extraordinário pela introdução do nome de
Deus na aliança: o S E N H O R (Trata-se do nome pessoal de Deus, não
apenas seu título, mas seu nome. Deus usou esse nome especialmente
quando estabeleceu aliança com seu povo. Veja Êxodo 20.2). Mesmo
que a palavra "aliança" não seja usada nesse capítulo, aparece esboça-
do aqui, no entanto, a primeira aliança entre Deus e o ser humano.
Nessa aliança do Éden, Deus deu muitos privilégios a Adão e Eva.
Confira-os você mesmo.
— E l e os colocou no paraíso
( " É d e n " p r o v é m d a palavra
hebraica para "deleite"; Gênesis
2.8).
— Ele lhes deu trabalho prazero-
so para fazer e os frutos do Éden
para comer (Gênesis 2.15-16).
— Não faltava para Adão e Eva
b e m nenhum de qualquer espé-
cie (Gênesis 2.9-14).
— As criaturas foram postas sob
o domínio e cuidado do ser hu-
mano (Gênesis 2.19-20).
— Foi dada a bênção do matri-
mônio para companhia e confor-
to (Gênesis 2.18,22-24).
— No É d e n foi dado o dia do
descanso (Gênesis 2.2-3).
— H o m e m e mulher desfruta-
vam vida e comunhão com Deus.
Não havia culpa ou vergonha no
Éden (Gênesis 2.25).

37
A Bíblia retrata o Éden como um antegozo do céu (compare Gênesis
2.9 com Apocalipse 22.2). Portanto, como as afirmações anteriores des-
crevem que o céu será uma experiência plena e prazerosa?

Todas essas foram dádivas da bondosa aliança de Deus com Adão. Po-
rém, também houve o lado da aliança que dizia respeito ao ser humano.
Deus deu ao ser humano muita liberdade (veja Gênesis 2.16), mas tam-
bém exigiu certas coisas de Adão e Eva, especialmente de Adão como
o cabeça da humanidade e da criação. Deus exigiu obediência pessoal,
perfeita e permanente a ele. Essa obediência foi especialmente testa-
da pela proibição de Deus ao homem e à mulher de não comerem do
fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, sob pena de morre-
rem (Gênesis 2.16-17).
Por que Adão e Eva inicialmente não achavam pesado e lhes era bem
mais fácil obedecer a Deus do que é para nós?

ADÃO QUEBROU A ALIANÇA


0 tentador, Satanás (Apocalipse 12.9; 20.2), lançou sementes de dúvi-
da, descrença e orgulho na mente de Eva (Gênesis 3.1,4-5).
Eva foi enganada. Adão, estando ao lado dela, escolheu quebtar o claro
mandamento de Deus (Gênesis 3.6). Ele caiu em pecado.
Você consegue encontrar alguma semelhança na estratégia usada por
Satanás com Eva e a que ele usa desde então? Compare Lucas 4.1-13;
1 João 2.16. Quais são as semelhanças?

38
Dessa maneira o pecado entrou no mundo. Os seres humanos torna-
ram-se culpados e envergonhados (Gênesis 3.10). Caíram sob o poder
da morte (Romanos 5.12), foram afligidos e expostos a muitos proble-
mas (Gênesis 3.14-24). Foram expulsos do paraíso e perderam a comu-
nhão com Deus que antes possuíam (Gênesis 3.23-24).
Resuma brevemente as mudanças ocorridas no mundo pelo manda-
mento de Deus e como punição do pecado.

0 PECADO DE ADÃO TEVE CONSEQÜÊNCIAS PERMANENTES PARA


TODA A HUMANIDADE
A aliança foi feita com Adão como representante de toda a humanida-
de. Como pai da humanidade, ele assumiu o papel de representante
não apenas para si mas para todos os seus descendentes. Todos nós
pecamos nele e caímos com ele (Atos 17.26; Romanos 5.12-19;
1 Coríntios 15.22).
Hoje em dia as pessoas gostam de pensar na humanidade em termos
de indivíduos isolados, semelhante a pés de milho num milharal. Se
um pé de milho é quebrado e cai, isso traz pouco ou nenhum efeito
sobte os demais. Mas não é assim que a Bíblia retrata a humanidade.

39
Uma vez que Adão era o repre-
sentante de toda a humanidade,
suas ações afetaram também a
nós. Sua queda é nossa queda.
Além disso, pelo fato de todos
nós sermos d e s c e n d e n t e s de
Adão, as Escrituras retratam a
humanidade mais em forma de
uma árvore (falamos de árvores
genealógicas, por e x e m p l o ) :
Adão é o tronco da árvore e o res-
tante da humanidade são os ga-
lhos e ramos que saem do tron-
co. Mas de maneira oposta a uma plantação de milho, quando o ttonco
de uma árvore se quebra e cai, todo o resto — os ramos, os brotos e tudo
mais — cai com ele. Foi o que aconteceu com a humanidade em Adão.
Como o ensino bíblico de que toda a humanidade caiu com Adão pode
ser confirmado pelas nossas observações da vida do dia-a-dia?

Todas as pessoas agora são pecadoras, não simplesmente por imitação


mas por natureza. Não cometemos pecado por acidente nem mesmo
por alguma escolha imparcial. Cometemos pecados porque nossa pró-
pria natureza foi corrompida pelo pecado (Salmo 5E5; Jeremias 17.9;
Marcos 7.20-23; Romanos 7.18; Efésios 2.3).
Que implicação isso traz para sermos justificados perante Deus? Por
exemplo, perdão é tudo de que precisamos?

Veja João 3.3,5-6


O fato de todos sermos pecadores não significa que todos somos tão
maus quanto poderíamos potencialmente ser. Também não significa
que não podemos ser bondosos, misericordiosos e interessados no bem-
estar de nosso semelhante. Alguma coisa da imagem de Deus perma-

40
nece em nós. Mas porque toda a natureza do ser humano agora está
manchada pelo pecado, ele é de todo inaceitável ao santo Deus e inca-
paz de fazer qualquer coisa que o agrade (Romanos 8.8).
Como isso se contrapõe à visão popular do ser humano?

Nossa relação com Deus está rompida (Gênesis 3.24; Efésios 2.12).
Estamos sob a ira de Deus (Romanos 1.18; Efésios 2.3).
Somos escravos do pecado e de Satanás (João 8.34; Efésios 2.2; Roma-
nos 6.16-20).
Possuímos um coração que natural-
mente rejeita Deus (Romanos 8.7;
Tiago 4.4).
Tudo o que as pessoas têm a fazer
para acabar no inferno é permane-
cer na condição em que estão (Lucas
16.22-26; 2 Tessalonicenses 1.9;
Apocalipse 20.12-15; 21.8).
Em resumo, estamos desesperada-
mente perdidos e nada podemos fa-
zer a respeito (Jó 14.14; Jeremias
13.23; João 3.6a).
Temos de encarar essas duras verda-
des porque um diagnóstico errado
conduzirá à uma prescrição errada
para a cura. A conclusão é que somente
Deus pode nos salvar. Não há abso-
lutamente n e n h u m a possibilidade
de nos salvarmos a nós mesmos.
Consideraremos isso mais detalhada-
mente no próximo estudo.
Você está de bem com Deus?

41


Conclusão
Em que aspectos o ser humano de hoje difere do ser humano quando
criado por Deus?

Quando abordamos a terrível questão do pecado e suas conseqüências,


somos novamente levados a admirar-nos juntamente com Davi sobre
nossa pergunta inicial: "Que é o homem, para que dele te lembres?"
Mais do que isso, talvez devêssemos perguntar: "Q'uem é esse Deus
maravilhoso que apesar de tudo ainda cuida de nós e nos ama?"

42
ESTUDO 5
O QUE ACONTECEU AO
SER HUMANO?
A expulsão de Adão do jardim do Eden deu expressão geográfica à
nossa separação espiritual de Deus como conseqüência da queda em
pecado de Adão. Conforme explicamos no último estudo, o pecado afe-
tou todas as pessoas.
Copie Romanos 3.23.

No presente estudo, veremos com mais atenção o que a Bíblia ensina


sobre os resultados da queda de Adão na vida de cada pessoa individu-
almente. O pecado não deixou o ser humano do jeito que ele era. Ele o
mudou profundamente.

O q u e a c o n t e c e u ao ser h u m a n o em si?
A vinda do pecado atin-
giu e danificou cada
área da vida individual
e da personalidade. Por
causa do pecado, nossos
corpos agora estão ex-
posto à dor e ao envelhe-
cimento, e a morte do-
mina sobre nós. Mas isso
não é tudo. O h o m e m
interior também foi afe-
tado e corrompido.
No seu interior, o ser hu-
mano possui sua mente, sua von-
tade e suas afeições. As vezes falamos do "co-
ração" ao pensarmos no homem interior. De acordo com a
Escritura, o homem interior como um todo foi atingido pelo pecado.

43
1. A M E N T E E O P E N S A M E N T O DO SER H U M A N O FORAM
OBSCURECIDOS
Essa verdade nos é dita em textos como Gênesis 6.5; Romanos 1.28;
Efésios 4.18. O incrédulo afirma "Eu não compreendo", quando você
lhe fala sobre Cristo. O que você deveria fazer?

Veja Efésios 1.18.


2. A V O N T A D E E A CAPACIDADE DE E S C O L H A DO H O M E M
FORAM ESCRAVIZADAS
Leia os seguintes textos da Escritura: Romanos 6.16,20; Gálatas
3.22; Jeremias 13.23.
Q u e implicações isso tem para uma pessoa que diz: "Eu me tornarei
cristão quando quiser, em algum outro momento"?

3. AS E M O Ç Õ E S E OS D E S E J O S DO H O M E M FORAM
C O R R O M P I D O S (Romanos 1.24-27; 2 Timóteo 3.4,6).
O que você diria a pessoas que estavam transgredindo os manda-
mentos de Deus e justificavam os seus atos, dizendo: "Como pode
ser errada uma coisa que nos é tão boa?"

4. ASSIM O C O M P O R T A M E N T O E X T E R N O , QUE PROVÉM DO


P E N S A M E N T O , DA E S C O L H A E DO D E S E J O , É N A T U R A L -
M E N T E C O N T A M I N A D O À VISTA DE D E U S .
Veja Marcos 7.20-23; Gálatas 5.19-21.
O efeito do pecado sobre a natureza do ser humano muitas vezes é
chamado de "depravação total". Já constatamos que isso não significa
que o ser humano é tão mau quanto potencialmente poderia ser; mas
significa que não há nenhum aspecto ou nenhuma área de nossa natu-
reza que não tenha sido afetada ou corrompida pelo pecado.

44
O q u e a c o n t e c e u a o r e l a c i o n a m e n t o d o ser h u m a n o c o m D e u s ?
A comunhão e amizade que o ser humano possuía com Deus antes da
queda no Eden foram completamente destruídas.
1. O SER H U M A N O É H O S T I L A D E U S (Romanos 1.30; 8.7; Tiago
4.4).
Diante de tantas religiões existentes no mundo, agente poderia pen-
sar que isso não é verdadeiro. Mas a atitude real do coração não con-
vertido foi exposta no Calvário onde homens ímpios crucificaram o
Filho de Deus.
Antes de você tornar-se cristão, como demonstrava essa hostilidade?

2. O SER H U M A N O É CULPADO P E R A N T E A SANTA L E I DE


D E U S (Romanos 2.12; 3.19-20; Gálatas 3.10).
3. O SER H U M A N O E S T Á DEBAIXO DA IRA DE D E U S (João
3.36; Romanos 1.18).
4. O SER H U M A N O ESTÁ " M O R T O " EM P E C A D O S (Efésios 2.1-
5; Colossenses 2.13).
Quais são as características de uma pessoa morta? Como essas carac-
terísticas nos ajudam a compreender o significado de estar espiritu-
almente morto?

Veja Gênesis 2.17; Ezequiel 37.1-3,11.


5. AS "BOAS" OBRAS DO SER HUMANO SÃO
T O T A L M E N T E I N Ú T E I S POR CAUSA DO
P E C A D O (Isaías 64.6; Filipenses 3.4-9).
O ser humano gosta de pensar que ele é capaz
de conseguir sua salvação. Como esse ponto de
vista se compara ao diagnóstico bíblico da con-
dição espiritual do ser humano perante Deus?

Somente Deus possui as


chaves da nossa salvação

45
O q u e a c o n t e c e q u a n d o o ser h u m a n o o u v e o e v a n g e l h o ?
O evangelho do Senhor Jesus Cristo é a boa nova para nós pecadores.
Mas sem a obra do Espírito Santo em nosso coração não há meios de o
ser humano responder ao evangelho! Quando ouve o evangelho:
1. O SER H U M A N O C O N T I N U A A SUPRIMIR A V E R D A D E (João
9.24-34; Atos 18.5-6; Romanos 1.18,21).
Por que o ser humano faz isso?

2. O S E R H U M A N O N Ã O C O M P R E E N D E O E V A N G E L H O
(Mateus 13.19; João 3.5-10; 1 Coríntios 2.14).
O ser humano o compreende falsamente, o reinterpreta à base de
suas idéias preconcebidas. Para exemplificar isso, veja o que aconte-
ceu a Paulo e Barnabé quando eles pregaram o evangelho em Listra
(Atos 14.8-18).

46
Como a psicologia moderna, tão popularizada, interpreta o evange-
lho e seus efeitos?

3. O SER H U M A N O C O N S I D E R A AS O F E R T A S DO EVANGE-
L H O T O L A S E SEM VALOR (1 Coríntios 1.18-25; João 18.37-38).
Tudo isso nos ajuda a compreender porque o evangelismo é trabalho
duro! Consulte 1 Coríntios 4.1-6 e encontre algumas das verdades que
encorajaram Paulo a continuar seus esforços evangelísticos.

O que precisa acontecer p a r a que o ser h u m a n o receba o evangelho?


Para ser salva e receber Cristo, a pessoa precisa arrepender-se dos seus
pecados e crer no Salvador (Atos 20.21). Mas por causa da escravidão
do ser humano ao pecado, ele não tem vontade e é incapaz de fazê-lo
se isso depender somente dele. E necessário que certas coisas aconte-
çam para que as pessoas recebam o evangelho:
(j). Pelo fato de a mente humana estar naturalmente obscurecida, é ne-
cessário que sua compreensão seja iluminada para que possa apreciar
o evangelho (2 Coríntios 4.4-6; Atos 26.18; Mateus 16.16-17).
( Zj. Pelo fato de a vontade do ser humano estar escravizada, ele precisa
ser liberto e receber poder para voltar-se ao Senhor. Ele não possui
poder próprio para voltar-se a Deus (Atos 11.18; 26.18).
Falamos da escravidão da vontade do ser humano, mas temos de nos
dar conta de que isso, por força da necessidade, significa que sua
rejeição a Deus é voluntária. Ele não é mantido cativo contra a sua
vontade, pois é sua vontade que se opõe a Deus.
Q^Pelo fato de as emoções do ser humano estarem corrompidas, deve
acontecer uma mudança para levá-lo a amar o Senhor. Mas ele não
consegue mudar-se a si próprio (Jeremias 13.23; João 3.5-6).

47
C o m o pode haver alguma esperança?
Tudo parece terrível e desesperador? Se ficar por nossa conta, sim.
Mas não se desespere. Continue lendo!
Leia Marcos 10.17-31. Aqui encontramos uma pessoa que rejeita Cris-
to. Por quê?

Como isso se enquadra naquilo que aprendemos nesta lição?

Consulte os versículos 24-26. Pode um camelo atravessar pelo fundo


de uma agulha? Quão difícil é para pecadores salvarem-se a si próprios?

Consulte o versículo 27. Como Jesus resume a habilidade do ser huma-


no para obter a salvação?

Mas há esperança. Veja novamente o versículo 27. Onde Jesus coloca a


única esperança para pecadores?

Somente a iniciativa e o poder de Deus podem salvar um pecador.


Leia Efésios 2.1-10. A quem esse texto atribui a obra da salvação? Veja
especialmente os versículos 4, 6 e 10.

Que palavras esse texto usa sobre o que acontece a alguém quando é
salvo? Compare o versículo 1 com os versículos 4-5.

48
Nossa salvação deve-se total-
mente a Deus e sua graça. Con-
sulte os seguintes textos q u e
confirmam isso:
Efésios 1.4-5; 1 Pedro 1.2-3.
A incapacidade do ser humano
de ajudar-se a si ou voltar-se para
Deus mostra a necessidade de
Deus agir em favor dele, movi-
do por graça e amor puros. Mas
como isso funciona? Começare-
mos a ver isso em nosso próxi-
mo estudo.

Conclusão
Enquanto você reflete sobre esse estudo, qual o papel da oração na
obra da pregação e do evangelismo?

O que você aprendeu com este estudo que o leva a querer humilhar-se
perante Deus?

49
ESTUDO 6
ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO
Será útil você ler Efésios 1.1-14 antes de dedicar-se a este estudo.
E L E I Ç Ã O E P R E D E S T I N A Ç Ã O não são palavras inventadas por
teólogos. São palavras correlacionadas encontradas na Bíblia que apre-
sentam ênfases levemente diferentes.
Eleger significa fazer uma escolha. "Refere-se àquela obra da graça de
Deus pela qual ele escolhe indivíduos e grupos para um propósito ou
destino de acordo com a sua vontade" (Bruce Milne).
Leia 1 Pedro 1.1-2. De acordo com o versículo 2, com base em que
Deus faz a escolha?

Segundo o texto, como as três pessoas da Trindade estão envolvidas


em nossa salvação?. Quem faz o quê?

Predestinar enfatiza o alvo, o fim em vista, o destino daqueles que fo-


ram escolhidos.
Leia Efésios 1.5. De acordo com esse versí-
culo, com base em quê Deus faz a escolha?

Qual é o alvo dessa escolha?

A d o u t r i n a da eleição
O verbo grego para eleger é eklegomai. Ele
é usado tanto para os atos de escolha de
Deus como de Cristo. A preposição "ek"
do verbo mostra que originalmente a pa-
lavra indicava "escolher entre". Dentre
toda a humanidade caída, Deus escolheu
para si um povo.

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Leia novamente Efésios 1.3-14. Copie Efésios 1.4.

1. QUAL DAS PESSOAS DA T R I N D A D E T E M A ATRIBUIÇÃO


DE NOS ESCOLHER?

2. Q U E M OU Q U E D E U S E S C O L H E U ?
Ao escrever aos cristãos de Efeso, a resposta de Paulo é que Deus
"nos" escolheu. Veja os versículos 4 e 11. Os cristãos são chamados
de eleitos de Deus. Leia Marcos 13.20 e Colossenses 3.12. Observe
como a história do mundo é afetada pelo cuidado de Deus pelos seus
eleitos.
3. C O M O D E U S OS E S C O L H E U ?
Ele os escolheu "em Cristo". Veja Efésios 1.4.
Na Escritura, fala-se que o Senhor Jesus Cristo é o primeiro grande
escolhido, o cabeça dos eleitos de Deus.
Leia Isaías 42.1-3. De acordo com Mateus 12.15-21, quem é "meu
servo" a quem se refere Isaías?

Leia 1 Pedro 1.20. Quem é "o qual" e a quem se refere a palavra


"vós" ("por amor de vós") nesse versículo?

A eleição nunca deve ser separada de Jesus Cristo. Os eleitos são salvos
unicamente pela obra redentora de Cristo na cruz (Efésios 1.7). Todas as
bênçãos espirituais vêm aos cristãos por meio de Cristo (Efésios 1,3).
Uma das expressões favoritas de Paulo é "em Cristo".
4. Q U A N D O D E U S F E Z ESSA ESCOLHA?
Deus está atuando agora no mundo de acordo com um plano anteri-
ormente por ele traçado. Ele nos escolheu "antes da fundação do
m u n d o " (Efésios 1.4). Observe que não se tratou de uma questão de
Deus revisar seus planos depois dos acontecimentos de Gênesis 3!
5. Q U E E F E I T O S A E S C O L H A DE D E U S T E V E SOBRE OS
ESCOLHIDOS?
Causou os efeitos de eles serem levados a Cristo, adotados na família
de Deus, perdoados e declarados inculpáveis aos olhos de Deus pela
obra de Cristo e viverem vida santa (Efésios 1.4-5).

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Leia Romanos 8.29-30. De acor-
do com esse texto, quais são as
conseqüências da eleição?

6. COM BASE EM Q U E D E U S
F E Z ESSA ESCOLHA?
Esse ato de eleger não é base-
ado sobre alguma coisa feita
pelos escolhidos e nem uma
resposta a algo que eles tives-
sem feito. Leia novamente Ro-
manos 8.29. O que esse versí-
culo aponta como razão da es-
colha de Deus?

Aqueles a quem Deus escolheu, O que Romanos 9.11-12 apon-


escolheram Deus. ta como não sendo a razão da
escolha de Deus?

Veja também 2 Timóteo 1.9.


A escolha de pessoas por Deus não está baseada em alguma coisa
que está nelas (Veja também Deuteronômio 7.7-8 e 9.4-6). Nesse
sentido, a eleição é "incondicional".
A Escritura não ensina que Deus prevê quem crerá em Cristo e então
os escolhe. O Novo Testamento não usa a palavra "prever" mas a
expressão "conhecer de antemão". Ele conhece de antemão, não as
ações das pessoas, mas as pessoas como tais (Romanos 8.29). O fato
de Deus conhecer de antemão significa que ele coloca seu amor so-
bre elas, não por motivos que estivessem nelas, antes do começo do
tempo.

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A graça de Deus é inteiramente gratuita. Se a escolha de Deus não é
condicionada de forma nenhuma por coisa nenhuma naqueles por
ele escolhidos, que resposta podemos dar às pessoas que dizem:
"Nunca poderei ser salvo porque não sou o tipo de pessoa que Deus
escolhe"?

7. QUAL É O P R O P Ó S I T O F I N A L DE D E U S EM N O S
ESCOLHER?
De acordo com o que vimos no segundo estudo, o propósito é a pró-
pria glória de Deus (Efésios 1.6).
Se somos cristãos, possuímos o magnífico privilégio de sermos as pes-
soas escolhidas pelo Deus vivo para demostrar o quão maravilhoso
ele é.
O fato de a nossa eleição ser para a glória de Deus é realmente como
deve ser. Ele é Deus, e seria errado nossa eleição ter em vista qual-
quer outra finalidade (Romanos 11.36).

A l g u m a s objeções a c o n s i d e r a r
Dizer que nossa posição é tal que nada podemos fazer para salvar-nos e
que nossa redenção depende inteiramente da soberania de Deus e seus
propósitos em escolher é um pensamento bastante humilhante e só-
brio. Por isso, as pessoas muitas vezes fazem objeções sobre o ensino
bíblico da eleição e predestinação:
1. "JESUS E N S I N O U UM E V A N G E L H O S I M P L E S , PAULO O
C O M P L I C O U COM A E L E I Ç Ã O "
Algumas pessoas tentam jogar Paulo contra o Senhor Jesus Cristo e
dar a impressão de que o Senhor Jesus não ensinou a eleição. Mas,
além do grande erro implícito nessa idéia (jogar uma parte da Bíblia
contta outra), a acusação simplesmente não é verdadeira. Paulo não é
o único escritor do Novo Testamento que ensina a eleição (veja 1
Pedro 1.2; 2 Pedro 1.10; 2 João 1,13). Na verdade, o Senhor Jesus
fala seguidamente sobre a eleição nos evangelhos. Verifique algu-
mas das coisas que ele diz: Mateus 22.14; João 5.21; 6.37,39,65; 17.6.

53
2. "A E L E I Ç Ã O FAZ COM Q U E D E U S PAREÇA I N J U S T O "
Essa é uma objeção compreensível a qual devemos responder cuida-
dosamente. A Bíblia ensina claramente a predestinação. Mas, como
vimos no estudo 3, a relação entre a soberania de Deus e a escolha e
responsabilidade humanas é um grande mistério. Embora a eleição
pareça tornar Deus injusto, isso não é verdade (Deuteronômio 32.4).
Leia Romanos 9.19-21. Como Paulo responde a acusação de que Deus
é injusto na eleição de alguns e não de outros?

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3. "A E L E I Ç Ã O N E G A O L I V R E - A R B Í T R I O H U M A N O "
Esse é um antiquíssimo quebra-cabeça que abordamos no estudo 3.
Pessoas falam freqüentemente do livre-arbítrio, mas a Bíblia não fala
do mesmo no sentido comumente aceito. Como vimos no estudo 3,
nosso relacionamento com o Deus soberano é mais complexo do que
podemos compreender. Ele é soberano e, ao mesmo tempo, nós so-
mos responsáveis.
De fato, quando a Bíblia fala da vontade do ser humano no contexto
da salvação, ela enfatiza sua escravidão, não sua liberdade. Nossa es-
cravidão moral e espiritual é uma das principais coisas das quais pre-
cisamos ser salvos.
Consulte João 8.34 e 2 Timóteo 2.25-26. De que o ser humano é
escravo?

Deus precisa agir primeiro e é isso que ele tem feito no seu amor.

Eleição e p r e d e s t i n a ç ã o n a s confissões da igreja


A eleição e a predestinação são ensinadas nas grandes confissões de fé
da igreja.

ARTIGO 17 DOS TRINTA E NOVE


ARTIGOS DA IGREJA ANGLICANA
"Predestinação à vida é o eterno pro-
pósito de Deus pelo qual... ele decre-
trou continuamente... livrar da maldi-
ção e condenação aqueles que esco-
lheu em Cristo... para levá-los à salva-
ção eterna por meio de Cristo."

A CONFISSÃO DE FÉ DE
WESTMINSTER
"Segundo a sua vontade... Deus es-
colheu em Cristo... os que são predes-
tinados para a vida... não por previsão
de fé ou de boas obras."

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A CONFISSÃO DE FÉ BATISTA, 1689
"Deus predestinou (ou preordenou) certas pessoas... à vida eterna por
meio de Jesus Cristo."

O uso dessa doutrina no N o v o Testamento


Essa doutrina nunca é usada na Escritura para desencorajar qualquer
pessoa que busca Cristo sinceramente.
O Novo Testamento usa essa douttina principalmente para o encoraja-
mento dos cristãos. Ela nos assegura que não somos nós simplesmente
quem escolhemos Cristo mas, pelo contrário, que Deus nos escolheu.
Nossa salvação começa com Deus, e o que Deus começa ele sempre
conclui; nada pode frustrar seus propósitos finais. "Serei salvo no fim?"
"Serei capaz de continuar firme na vida cristã?" "Deus de fato ama a
mimV Essa verdade responde tais perguntas com um poderoso sim!
Leia Romanos 8.28-31 e Efésios 1.1-14 e prepare uma lista dos benefí-
cios que você, como cristão, recebe por meio da eleição e dos propósi-
tos soberanos de Deus.

A verdade sobre a predestinação deve fixar nossas mentes em nosso


destino, que é santidade para a glória de Deus. Portanto, devemos vi-
ver agora nossa vida à luz desse destino.
Somos escolhidos para sermos felizes no céu e santos na Terra.
Conclusão
Será de grande encorajamento para você memorizar Efésios 1.4-6.
Um método simples de fazê-lo é o seguinte:
Ler os versículos cm voz alta três vezes,
Esctever os versículos três vezes,
Recitar os versículos três vezes sem olhar o texto,
Recapitular os versículos três vezes por dia durante uma semana.

56
ESTUDO 7
POR QUE JESUS CRISTO MORREU?
O apóstolo Paulo escreveu a partir de sua perspectiva de vida pessoal:
"Mas esteja longe de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor
Jesus Cristo" (Gálatas 6.14). Referindo-se à sua pregação do evange-
lho, escreveu: "Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cris-
to e este crucificado" (1 Coríntios 2.2). O grande propósito do culto de
comunhão da igreja ou ceia do Senhor, instituído pelo Senhor Jesus na
noite em que foi traído, é que nós nos lembremos da "morte do Se-
nhor, até que ele venha" (1 Coríntios 11.26).

A ctuz é questão central no cristianismo. Todos os cristãos sabem que


a morte de Jesus na cruz foi "pelos nossos pecados". Mas o que isso de
fato significa? Como os acontecimentos do Calvário podem nos dar o
perdão? E disso que iremos tratar.

C o m o um D e u s santo pode conceder perdão?


Leia Isaías 6.1-4. Qual a característica de Deus que mais chama a aten-
ção nesses versículos?

Leia Êxodo 3.5 e 19.10-13. O que havia no Senhor para que as pessoas
devessem tomar o máximo de cuidado ao aproximar-se dele?

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Consulte Jó 42.5-6 e Lucas 5.8. O que havia no Senhor que levou Jó e
Pedro a sentirem-se tão miseráveis e impuros na presença de Deus?

À santidade de Deus, sua pureza moral impecável e maravilhosa, se


constitui de muitas maneiras no atributo principal de Deus. E, por essa
razão, o perdoar pecados não é uma tarefa simples para Deus. E grande
engano pensarmos que é.
Por que você pensa que é muito mais fácil para nós perdoarmos nossos
semelhantes do que é para Deus perdoar pessoas? Veja Efésios 4.32;
Mateus 18.32-33.

Diferentemente de nós, Deus é santo e seu catáter santo de fato é o


alicerce sobre o qual todos os valores morais do universo repousam.
Esperar que Deus faça ou concorde com qualquer coisa que não seja
santa significaria destroná-lo como Deus, e toda a criação acabaria no
caos.
A dificuldade de Deus é como perdoar pessoas sem comprometer seu
carátet santo. Se apenas fechasse o olho para o mal, seria o equivalente
a dizer que o mal não faz diferença. Isso não tornaria Deus melhor do
que o diabo. Como Deus santo, sua justiça — isso é, sua oposição a
todo mal — deve ser demonstrada. Como Deus pode perdoar pessoas
e ainda assim permanecer no lado da justiça e ser visto como Deus
justo? Esse foi, por assim dizer, o "obstáculo" a ser vencido quando
Deus planejou salvar-nos.

Como Deus pode mostrar sua justiça?


1. D E U S , O JUIZ
A primeira e mais óbvia maneira para Deus demonstrar sua justiça é
por meio de seu papel de Juiz de toda a terra. Isso tem pelo menos
dois significados:
a) Deus declara e sustenta publicamente sua santa lei, resumida nos
Dez Mandamentos, por exemplo (Êxodo 20.1-17), ou de outra
maneira em 1 Coríntios 13.1-8.

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Como esses dois textos podem ser considerados equivalentes na
expressão da lei moral? Busque ajuda em Romanos 13.8-10.

Como o Senhor Jesus Cristo endossou publicamente a lei moral


de Deus no Sermão do Monte? Veja Mateus 5.17-18.

b) Deus como Juiz aplica penalidades sobre aqueles que transgri-


dem sua santa lei.
Leia Ezequiel 18.4; Romanos 2.8-9; 6.23. Qual é a penalidade
para o pecado?

O que Jesus disse sobre a penalidade para o pecado no Sermão do


Monte? Veja Mateus 5.21-22,27-30.

Porém, essa demonstração da justiça de Deus pelo exercício de seu


papel de Juiz, resulta na condenação de toda a raça humana (Roma-
nos 3.20,23).
Para que as pessoas sejam salvas, algum outro meio precisa ser en-
contrado.
2. C R I S T O , O SALVADOR
Há possibilidade de conceber a justiça
e santidade de Deus de alguma outra
maneira de forma que pessoas sejam
salvas e que a justiça de Deus de fato
as absolva em vez dc condená-las? Pa-
rece impossível.
No entanto, a boa notícia do evangelho é que, pela vinda do Senhor
Jesus Cristo, isso é possível. Deus enviou seu Filho ao mundo como
homem entre os homens; ele viveu vida pura e santa agradando ple-
namente a Deus e, por meio de sua morte sobre a cruz, todos que
crêem são declarados justos aos olhos de Deus e salvos.
Leia Romanos 3.21-26.
Como não alcançamos a justiça perante Deus? (versículo 21).

Como o presente da justiça se torna nosso? (versículo 22).

De onde provém essa justiça? (versículo 24).

É possível Deus ser justo e santo e, ao mesmo tempo, absolver e


perdoar pecadores! Leia Romanos 3.25-26 para certificar-se.
Esse caminho alternativo de Deus demonstrando sua justiça centra-
se no seu Filho, Jesus Cristo.

O propósito c e n t r a l da c r u z : subjetivo ou objetivo?


Algumas pessoas querem tratar a morte de Cristo como se seu único
propósito fosse a produção de algum efeito subjetivo em nós.
Há a teoria da influência moral. Segundo essa teoria, a morte de Cristo
foi uma grande demonstração do amor de Deus para conosco que nos
move a mudarmos nossa mente a respeito de Deus e assim amá-lo.
Há a teoria do exemplo moral. Segundo essa teoria, a morte de Cristo foi
uma ilustração de perfeita obediência a Deus e, portanto, mostra-nos
como devemos viver. Ela nos convence de nosso egoísmo e pecado e
assim decidimos reformar nossa vida.
Há a teoria da união mística. Na cruz vemos o sofrimento de Deus da
mesma maneira como nós sofremos em nosso mundo caído; assim so-
mos conduzidos à fé, sentindo que Deus está conosco em meio às lutas
de nossa vida.
Cada uma dessas teorias contém um elemento de verdade em si, mas
todas elas falham no propósito central da cruz.

•0
As dores de quem Cristo carregou? (versículo 4)

Por causa do que Cristo foi traspassado e moído? (versículo 5)

De que maneira obtemos paz e cura? (versículo 5)

O que o S E N H O R colocou sobre Cristo? (versículo 6)

É isso que os cristãos podem dizer acertadamente com respeito a Cris-


to como nosso substituto, morrendo em nosso lugar (Isaías 53.8).
Há três palavras importantes que o Novo Testamento usa para descre-
ver o que foi obtido na cruz pela morte de Jesus em nosso lugar.
1. R E D E N Ç Ã O (Romanos 3.24; Colossenses 1.14)
No pano de fundo desse termo está o mercado de escravos onde se
pagava um resgate ao senhor do escravo em lugar do escravo a fim de
efetuar a libertação deste.
De maneira semelhante, Cristo morreu em nosso lugar para libertar-
nos das penas do pecado. O que Jesus disse a seu respeito em Mar-
cos 10.45?

2. PROPICIAÇÃO (Romanos 3.25; 1 Jo 2.2)


Quando alguém é propiciado, ele foi aplacado, sua ira foi satisfeita e
eliminada. A morte de Cristo em nosso lugar tomou todo o poder da
ira de Deus contra o pecado e Deus não está mais irado conosco. O
que essa palavra nos diz sobre a natureza do pecado?

3. R E C O N C I L I A Ç Ã O (Romanos 5.10; 2 Coríntios 5.20-21)


Quando um inimigo torna-se nosso amigo, ele foi reconciliado. Atra-
vés da mc>rte substitutiva de Cristo, nós fomos reconciliados com
Deus.

62
Por trás disso tudo há o extensivo cenário do Antigo Testamento. Deus
estabeleceu a cruz no contexto do Judaísmo do Antigo Testamento para
mostrar como a morte de Cristo deve ser interpretada. Alguns desses
quadros do Antigo Testamento são:
1. O C A R N E I R O DE ISAQUE (Gênesis 22.1-19)
Consulte especialmente Gênesis 22.13. Copie a expressão que fala
do carneiro sendo oferecido como substituto.

Quem providenciou o sacrifício? (versículo 8)


2. A PÁSCOA (Êxodo 12.1-28)
Como Deus podia ser fiel às promessas feitas a Israel se os israelitas
eram tão pecadores quanto os egípcios? (versículos 12-13). Um dia
após o anjo da morte haver passado com juízo pela Terra, havia um
filho morto em cada lar egípcio, enquanto em cada lar israelita havia
um cordeiro morto. Cada filho mais velho dos israelitas podia dizer
que o anjo da morte passou sobre ele porque um "cordeiro da páscoa"
havia morrido por ele. Como isso retrata a nossa salvação? (1 Coríntios
5.7)

3. O DIA DA EXPIAÇÃO (Levítico 16.1-34)


Na escuridão do Santo dos Santos, onde somente Deus podia enxer-
gar, o sangue era aspergido para fazer expiação pelos pecados do povo
de Deus. A morte de Cristo satisfaz a justiça de Deus (Hebreus
9.24-28).
Sobre esse pano de fundo do Antigo Testamento, João Batista foi capaz
de anunciar vitoriosamente a respeito de Jesus: "Eis o Cordeiro de
Deus, que tira o pecado do mundo!" (João 1.29).

63
Seus santos dedos desenvolveram o galho
Onde cresceram os espinhos que o coroaram
Os pregos que o feriram foram extraídos
De veios secretos por ele formados.

Ele fez as florestas onde cresceu


O lenho no qual seu corpo foi pregado
E morreu sobre uma cruz de madeira
Mas ele fez a colina onde ela foi fincada.

O Sol que dele esconde a face


por seu plano eterno percorre o espaço
O céu que se fez noite sobre sua cabeça,
Foi por ele estendido por sobre a Terra.

A lança que derramou seu precioso sangue


Foi temperada nas fogueiras de Deus.
A cova na qual seu corpo foi colocado
Foi talhada em rochas que suas mãos moldaram.
8
KW. Pitt

Como esses versículos, que espelham o ensino da Escritura, respon-


dem à questão: "Como a morte de uma pessoa pôde trazer salvação
eterna para tanta gente?"

Conclusão
Reflita sobre o que você aprendeu neste estudo e use esse ensinamento
na oração, na adoração e no louvor ao Senhor.

64
ESTUDO 8
POR QUEM CRISTO MORREU?
No estudo anterior, vimos que o Novo Testamento ensina que o Se-
nhor Jesus, com seu sacrificio substitutivo na cruz:
— de fato redimiu as pessoas das conseqüências dos seus pecados
(Gálatas 3.13);
— de fato afastou a justa ira de Deus contra os pecadores (Romanos
3.25; 1 João 4.10);

— de fato reconciliou as pessoas com Deus (Romanos 5.10).

P o r q u e m Cristo realizou essa o b r a ?


Há três respostas possíveis.
1. POR T O D O S OS P E C A D O S DE
T O D O S OS SERES HUMANOS
Isso vem a ser o universalismo, que
sustenta que Cristo pagou a penali-
dade dos pecados de cada indivíduo e, portanto, todas as pessoas são
salvas.
Há, sem dúvida, uma relevância universal na morte de Cristo, como
veremos mais adiante, mas a partir da Bíblia fica claro que o inferno
não é uma ameaça vazia da parte de Deus (Na verdade, uma ameça
vazia seria desonesta e contrária à natureza de Deus.). Como sabe-
mos que nem todas as pessoas serão salvas? Veja Mateus 13.41-42 e
Apocalipse 20.15.

2. POR A L G U N S P E C A D O S DE T O D O S OS S E R E S H U M A N O S
Mas se Cristo não tirou a dívida total do pecado do individuo, isso
significa que a salvação de uma pessoa depende, no mínimo, em par-
te de sua própria habilidade de expiar o pecado e satisfazer as santas
exigências de Deus.
Está claro que o Espírito Santo habilita os crentes a vencer o poder

65
do pecado em sua vida, mas a Bíblia opõe-se a qualquer pensamento
que sustente a mínima contribuição de méritos humanos para a obra
da salvação como tal.
Leia Romanos 3.27 e Efésios 2.8-10. Por que são excluídas as "obras"
realizadas por nós, segundo esses versículos?

Veja também 2 Timóteo 1.9.


3. P O R T O D O S OS P E C A D O S DE ALGUMAS PESSOAS
Isso significa que algumas pessoas são definitivamente salvas. Há
uma expiação definitiva (algumas vezes isso é chamado de "expia-
ção limitada" ou "redenção particular" — redenção de certas pesso-
as). Deus tencionou salvar um grupo determinado de pessoas dentre
a humanidade decaída. Isso é coerente com o que foi visto na doutri-
na da eleição. Cristo salvou na cruz todos os que crêem, os eleitos de
Deus.
Muitos textos do Novo Testamento apontam para a verdade da re-
denção particular. Veja, por exemplo, os seguintes textos:
Mateus 1.21. Quem Jesus salvará?

João 6.37-40. Quem terá vida eterna?

João 10.14-16, 26-28. A favor de quem o Bom Pastor morreu?

Atos 20.28. A quem o Senhor comprou? Qual foi o preço?

Hebreus 10.14. A quem Cristo tornou perfeito aos olhos de Deus por
seu sacrifício?

Será proveitoso conferir também esses textos: João 15.13-14; Roma-


nos 8.31-34; 1 Coríntios 8.11; Efésios 5.25-27; 1 João 4.10-11.
O Novo Testamento ensina que, na cruz, Jesus não apenas tornou
possível a salvação, mas de fato salvou todos aqueles que crêem.

66
A divina foi paga, de uma vez por todas.

O teólogo puritano John Owen, comentando 2 Corintios 5.21, escreve: "O


que significa então? Aquele que não conheceu pecado, ele o fez pecado por
nós'? Claramente que, por dispensação e consentimento, ele (Deus) atribuiu
aquilo de que não era culpado ao seu (de Cristo) encargo. Ele colocou sobre
ele e imputou-lhe todos os pecados de todos os eleitos, e procedeu contra ele de
acordo. Ele serviu como nossa garantía, carregando de fato toda a divida,
e teve de pagar até o último centavo, como faz um fiador quando isso éexigi-
do dele; embora ele não tivesse emprestado o dinheiro, nem possuísse um
centavo daquilo que constituía a dívida, ainda assim se ele fosse cobrado
numa execução, teria de pagar tudo. O Senhor Jesus (se posso dizer assim)
foi processado pela justiça do seu Pai e condenado à pena de morte, razão
por que foi submetido a tudo que era devido ao pecado; que anteriormente
9
tínhamos provado como sendo morte, ira e maldição. "

A l g u m a s objeções e alguns e s c l a r e c i m e n t o s
1. Obviamente, há textos no Novo Testamento que parecem ensinar
que Cristo morreu em favor de "todos" ou "de cada um", mas deve-
mos ler essas palavras no seu contexto. Se você pensar a respeito
disso, vai concordar que muitas vezes usamos essas palavras em
sentido limitado e não universal.
Como exemplos, consideremos duas passagens.
Primeiro, consulte 2 Coríntios 5.14-15. O que distingue os "todos"
pelos quais Jesus morreu, segundo o versículo 15?

67
Segundo, consulte Hebreus 2.9-13. Observe a ligação existente en-
tre "todos" (versículo 9), "muitos filhos" (versículo 10), "irmãos"
(versículos l i e 12), "filhos" (versículo 13) e "salvação deles"
(versículo 10). Agora, quem são "todos" mencionado no versículo 9?

A Bíblia usa muitas vezes a palavra "todos" não no sentido de "todas


as pessoas em todos os lugares", mas todos de um certo grupo de
pessoas. O contexto deixa claro quem é esse grupo (veja João 12.32 e
observe os versículos 38-40).
De forma semelhante, a palavra "mundo" precisa ser lida no contex-
to. Um bom exemplo é João 4.42. Esse versículo fala de Cristo como
"o Salvador do mundo". Isso significa que cada pessoa no decurso de
toda a História e em todos os lugares será salva? Não, esse versículo
não ensina o universalismo; isso estaria em contradição com o restan-
te da Bíblia. Mas o versículo está ensinando que Cristo é o único
Salvador de qualquer um em qualquer lugar neste mundo; não há
salvação em nenhum outro.
2. Mas precisamos observar que a morte de Cristo possui relevância
universal. Quanto a isso há dois aspectos:
a) Jesus morreu por todos no sentido de que ele morreu para que
houvesse um evangelho da graça que está aberto para todos e é
livremente oferecido a todos. Leia Lucas 24.46-47 e o mais famo-
so versículo da Bíblia, João 3.16.
Para quem o perdão dos pecados deve ser proclamado?

Para quem ele é eficaz?

O evangelho deve ser oferecido a todos. Mas é da própria respon-


sabilidade do ser h u m a n o aceitá-lo ou não; recusar a oferta
salvadora de Deus consiste em pecado. Tocamos aqui novamente
no mistério que envolve a soberania de Deus na eleição e a res-
ponsabilidade do ser humano. Poderíamos imaginar que a doutri-
na da eleição excluiria uma livre oferta de perdão a todo o mundo.
Mas, biblicamente, isso não é assim. O chamado do evangelho
bíblico não é: "Você é um dos eleitos? Se é, então você pode crer

6
e ser salvo". O chamado é: "Crê no Senhor Jesus Cristo — e se
você crê, então é um dos eleitos de Deus". A morte de Cristo foi
em favor de todos no sentido de que todos os que crêem serão
salvos por ele.
b) Há outro aspecto universal na morte de Cristo: sua morte adquiriu
o dia da graça para todas as pessoas. O fato de Deus haver permi-
tido que a História do mundo continuasse após a queda foi para
que o pecado continuasse e se desenvolvesse. Ele podia ter colo-
cado um ponto final, destruindo o mundo. Mas Deus quis que a
História continuasse para que seus propósitos salvíficos fossem
realizados. A morte de Cristo comprou do tribunal de Deus o adi-
amento do juízo.
E dessa maneira que alguns textos das Escrituras falam da morte
de Cristo por aqueles que estão perdidos. Por exemplo, 2 Pedro
2.1 fala de falsos profetas sendo "resgatados" pelo Senhor.

O adiamento do juízo é uma das coisas que está por trás do pensa-
mento de Paulo em Atos 17.30 e Romanos 3.25.
À luz do que acabamos de ver, reflita sobre os seguintes versículos e
diga como você acha que eles devem ser entendidos.

1 Timóteo 4.10

1 Timóteo 2.6

1 João 2.2

69
P o r q u e a d o u t r i n a da e x p i a ç ã o limitada é i m p o r t a n t e ?
1. Ela é importante porque destaca que Jesus nos salva de fato. A obra da
salvação foi completada e acabada sobre a cruz de uma vez por todas
(João 19.30; Hebreus 9.26). O Senhor Jesus Cristo fez tudo o que era
necessário para salvar aqueles que crêem. Por isso, podemos regozi-
jar-nos na nossa segurança em Cristo.
Em que ocasiões de nossa vida cristã o pensamento da completa re-
denção nos é de especial conforto?

2. Ela é importante porque nos diz que nós, cristãos, podemos afirmar
para nós próprios: "Jesus me ama". Quando Cristo morreu na cruz,
ele não morreu por uma massa de indivíduos anônimos. Ele morreu
em favor de seus escolhidos. Ele suportou nossos pecados. O cristão
pode ter certeza de que "Cristo morreu por mini".
Leia Gálatas 2.20. Q u e efeito a realização dessa obra teve sobre o
apóstolo Paulo?

3. Ela é importante porque assegura ao crente a verdade de Romanos


8.32-39. Se Deus entregou seu Filho por nós particular e efetiva-
mente, podemos estar certos de que ele não deixará de nos dar todos
os outros bens.
Qual é a maior dádiva que Deus nos deu?

Pelo fato de nos ter dado isso, a dádiva mais cara e maior, ele dificil-
mente deixará de nos dar coisas menores, não é mesmo? Isso é de
grande encorajamento para a nossa fé!

Conclusão
Leia o parágrafo abaixo e medite sobre a morte de Cristo na cruz à luz
dessa leitura.

70
71
ESTUDO 9
COMO A GRAÇA DE DEUS VEM A NÓS
"Que devo fazer para ser salvo?" Essa foi a pergunta que o carcereiro
de Filipos fez a Paulo e Silas (Atos 16.30). Ele tinha se dado conta
desesperadamente da fragilidade de sua vida quando um terremoto
sacudiu os alicerces da prisão. Tendo visto o que Jesus realizou pelos
pecadores e percebendo a fragilidade de nossa vida, essa é uma per-
gunta que nós também devíamos nos fazer.
A graça de Deus provê perdão para os pecadores por meio da morte de
Cristo. Ele nos leva a conhecer Deus e nos torna aceitáveis a ele por-
que somos redimidos às custas de Cristo. Mas como essa graça — esse
perdão, essa vida espiritual — se torna efetiva em nossa vida?

F é pessoal
1. D E U S N O S T R A T A
COMO INDIVÍDUOS
A primeira coisa na qual
a Escritura insiste é que
a salvação é pessoal. Ter
nascido num país "cris-
tão" o n d e facilmente
podemos ouvir o evan-
gelho, ser parte de uma
família cristã onde a Bí-
blia é lida, acompanhar
a cada domingo o povo
à igreja — todas essas são coisas boas mas são insuficientes para nos
salvar. Para que o perdão e a vida espiritual sejam nossos, Deus pre-
cisa lidar com cada um de nós particularmente.
Como Jesus enfatizou isso ao mestre religioso, Nicodemos, em João
3.1-8?

2. O Ú N I C O M E D I A D O R
Em segundo lugar, podemos perguntar: "Como é possível que as
pessoas possam tratar com Deus no nível pessoal, individual? Não
precisamos de alguém que atue como intermediário? O dogma cató-
lico-romano sempre considerou a igreja como uma espécie de inter-
mediária entre Deus e os pecadores, e concede a graça como se fosse
um tipo de substância espiritual levada até o indivíduo pelos sacer-
dotes e sacramentos. Portanto, a visão católica tradicional tem sido a
de que não pode haver salvação fora da Igreja Católica Romana.
Mas a Bíblia ensina que Jesus Cristo é nosso sacerdote. Ele é o único
intermediário entre Deus e os seres humanos. Assim, conhecendo as
promessas de Deus no evangelho, somos convidados a ir diretamen-
te a Deus por intermédio de Cristo.
Copie 1 Timóteo 2.5

Copie 1 João 2.1

3. FE S O M E N T E
Consulte Atos 16.30-31. Qual foi a resposta do apóstolo Paulo ao ho-
mem que lhe perguntou: "Que devo fazer para que seja salvo?"
Recebemos perdão e vida espiritual de Deus quando o Espírito Santo
atua em nosso coração para conduzir-nos à fé no Senhor Jesus Cristo.
Verifique isso, consultando João 3.16; Romanos 3.22; 5.1.
O ensino bíblico da salvação pela fé é uma surpresa para muita gente.
As pessoas tendem a pensar a respeito da religião em termos de con-
quistar um lugar no céu sendo boas e obedecendo regras. O cristianis-
mo é popularmente entendido como se consistisse de cidadãos que
observam as leis, que levam vidas retas e são gentis com seus vizinhos.
Porém, isso é uma falsa compreensão e significa colocar o carro à frente
dos bois.
A Bíblia ensina categoricamente que não somos salvos por nossas boas
ações (Romanos 3.20). Elas nunca seriam boas o suficiente aos olhos do
santíssimo Deus, e nós sabemos disso. Não merecemos a salvação. Mas
o maravilhoso ensino do evangelho é que Cristo obteve, por seus méri-
tos, salvação para nós; ele a adquiriu para seu povo com seu sangue. A
ele pertencem as pessoas que possuem fé nele. Somos salvos pela fé
em Cristo.*
Uma vez salvos e conhecedores da alegria do perdão de Deus, deseja-
remos viver de maneira agradável a ele por gratidão ao seu amor. No
entanto, não são as boas ações, mas a fé, simples confiança pessoal em
Cristo, que traz salvação.
Em Gálatas 2.15-16, Paulo diz que a salvação vem pela fé somente e
não por boas obras. Leia esses versículos e depois tente reescrevê-los
em suas próprias palavras.

*Você encontrará algumas vezes na Escritura q u e o critério para a salvação é a fé (Atos 16.31),
às vezes a r r e p e n d i m e n t o (Lucas 24.47) e outras vezes a r r e p e n d i m e n t o e fé (Marcos 1.15;
Atos 20.21). A razão disso é q u e a r r e p e n d i m e n t o e fé são parte e parcela da mesma coisa; eles
são os dois lados da mesma moeda.
Verdadeira fé é o voltar-se da alma em confiança ao Senhor. Mas o voltar-se sincero ao
Senhor envolve necessariamente o afastamento do pecado e do ego. Portanto, verdadeira fé
inclui a r r e p e n d i m e n t o .
Verdadeiro a r r e p e n d i m e n t o significa dar as costas ao pecado, entristecido pela vida do
passado, e perseguir na prática o q u e é justo e bom. Mas s o m e n t e p o d e m o s perseguir o que
é justo q u a n d o confiamos no Senhor e o servimos, ele que é a fonte de toda justiça e bem.
Portanto, verdadeiro a r r e p e n d i m e n t o inclui fé.
R e c e b e m o s a graça de D e u s s o m e n t e pela fé. Fé é o voltar-se da alma para agarrar-se ao
Senhor pela fé em Cristo e na sua obra redentora q u e traz salvação ao indivíduo.

74
Martinho Lutero redescobriu o fato de que Deus dá graça diretamente
por meio da fé sem a mediação da igreja e sem o nosso merecimento
dela pelas nossas "boas obtas". Essa redescoberta conduziu ao grande
reavivamento espiritual, à verdade e à alegria, conhecidos como a Re-
forma. O simples prazer de saber que ninguém é ruim demais ou está
longe demais para ser salvo por Cristo ao vir a ele em fé, varreu todo o
continente europeu e mudou o curso da História. Sola fide ("fé somen-
te") foi o grito de guerra da Reforma.

C o m o c h e g a m o s à fé?
Algumas pessoas ensinaram que todos os seres humanos possuem, por
natureza, a habilidade de crer em Cristo se assim o escolherem. Essa
idéia é chamada de pelagianismo, por causa de Pelágio, um monge bri-
tânico, que fez essa proposição durante os séculos IV e V.
Mas leia 2 Coríntios 4.4. Como esse versículo mostra que o pelagianismo
está errado?

Outros reconhecem a cegueira e impotência espiritual dos pecadores,


mas dizem que Deus vem e dá a todas as pessoas suficiente graça para
se livrarem, por assim dizer, das algemas do pecado, e então devem por
si mesmas fazer uma livre escolha para crer no Salvador. Essa crença é
chamada de arminianismo, graças a Armínio, um teólogo holandês que
viveu durante o século XVII.
Mas leia Mateus 11.25-27. Como esses vetsículos nos mostram que Je-
sus não teve uma visão arminiana de como pessoas chegam ao arrepen-
dimento e à fé?

Outros ainda sustentam que o Espírito Santo atua de tal maneira nos
eleitos de Deus que muda a natureza deles fazendo com que queiram
confiar em Cristo e assim fazem. Evidentemente, por causa da nossa

75
condição de decaídos, todas as pessoas resistem ao chamado do evan-
gelho, mas por essa "graça irresistível" ou "chamado eficiente" de Deus,
a mente, o coração e a vontade do ser humano são mudados de modo
que ele alegra-se em confiar no Salvador. Historicamente esse ponto
de vista é chamado de calvinismo, por causa do reformador francês do
século XVI.

Leia 2 Coríntios 4.4-6. Como a linguagem da criação indica que aquilo


que Deus faz é um ato irresistível?

Enquanto o terceiro ponto de vista nos traz filosoficamente algumas


dificuldades, o primeiro e o segundo estão cheios de problemas quan-
do examinados à luz da Escritura.
Esses pontos de vista são de tal natureza que a salvação é entendida,
pelo menos em parte, como realização do ser humano. Tudo é colocado
como se dependesse apenas do ser humano escolher a Cristo. Isso é
contrário ao ensino da Escritura de que nossa salvação é total realização
de Deus, do começo ao fim.
Esses pontos de vista implicam que a morte de Cristo na cruz foi um
sério jogo de risco da parte de Deus, pois não possuía nenhuma segu-
rança quanto ao resultado. Cristo poderia ter morrido sem que ninguém
viesse a escolher ser salvo!

76
As v e r d a d e s básicas e textos da E s c r i t u r a
Em primeiro lugar, observe como essa verdade do chamado eficiente
se enquadra novamente em tudo o que vimos até aqui. Se os seres
humanos são espiritualmente cegos, mortos e incapazes de se salvarem
a si próprios por causa do pecado; se Deus em sua graça tem o propósi-
to de salvá-los e se Cristo morreu a fim de obter salvação, então segue-
se logicamente que Deus também deve prover os meios para chamá-
los aos benefícios da salvação que lhes preparou. Deus efetivamente
chama os eleitos à vida espititual e ao perdão.
Em segundo lugar, isso não apenas é lógico, mas é o ensino das Escrituras.
1. A obra do Espírito Santo é absolutamente necessária para sermos
capazes de ver a verdade do evangelho e crer (João 3.3; 1 Coríntios
2.12).
2. Fé não é simplesmente nossa resposta a Cristo: é um dom que Deus
nos concede (Mateus 16.17; Efésios 2.8; Filipenses 1.29).
Pense no ensino de Efésios 2.8. Por meio de que somos salvos?

77
Como essa graça vem a nós?

De onde provém os meios para recebermos essa graça?

3. O próprio Cristo falou clara e intransigentemente sobre a irresistível


graça salvadora de Deus. Leia João 6.36-37,44,64-65.
O que Jesus diz que "ninguém" pode fazer?

Como o versículo 37 nos mostra que Jesus sabia que a graça de Deus
é irresistível?

Há três figuras bíblicas que ilustram essas verdades da vocação eficaz.


1. R E S S U R R E I Ç Ã O
Consulte João 5.24-26 e Efésios 2.1,5. Como esses textos descrevem
a iniciativa de Deus em favor do ser humano?

Como os acontecimentos da manhã da páscoa nos dao a certeza de


que Deus é capaz de realizar a obra da conversão nas pessoas?

2. N O V O N A S C I M E N T O
Consulte João 3.1-8; 1 Pedro
1.3,23. De que maneira um
bebê pode contribuir para dar
vida a si mesmo?

Quem possui o poder de dar


vida a um bebê? Quem so-
mente tem poder para levar
pessoas à conversão e salvação?
3. NOVA CRIAÇÃO
Consulte 2 Coríntios 4.6; 5.17. O mundo se fez a si próprio ou Deus
o criou? Em última análise, quem nos torna cristãos?

Leia Efésios 2.10. Como as boas obras sc enquadram no plano de


salvação de Deus?

Porém, tendo visto que a vocação eficaz é obra de Deus e que sem a
ação divina as pessoas não podem ser convertidas, seria errado concluir
que por isso não deveríamos exortar pessoas a voltarem-se para Cristo
ou ordenar a elas que se arrependam e creiam. (Lembre-se do estudo 3
a respeito da soberania de Deus e a responsabilidade humana.)
Leia Mateus 11.25-30. Nosso Senhor Jesus Cristo sentia-se feliz em
afirmar a verdade da soberania de Deus na salvação (versículos 25-27)
junto com a livre oferta do evangelho a todos os que viriam a ele
(versículos 28-30).

Conclusão
Com base no que aprendemos nesse estudo, como você encorajaria um
amigo não-cristão que veio a você e disse que desejaria ter uma fé como
a sua e que gostaria de cter mas não consegue?

79
As verdades aprendidas levam o cristão a empenhar-se no evangelismo
com esperança e com oração. Não podemos levar pessoas à fé em Cris-
to, mas Deus pode!

C. H. Spurgeon diz: "A cruz de Cristo não está erguida ali simplesmente para
cada pessoa olhar para ela, e então deixar para o acaso se pessoas irão ou não
olhar. A cruz está ali livremente para cada alma que vive, todavia, Deus deter-
minou que ela não seja negligenciada. Há um número que ninguém pode contar
que deverá, por graça irresistível, ser levado a abraçar aquela cruz como a espe-
rança das suas almas. Jesus não terá morrido em vão. Deus dará vontade a
seres humanos no dia do seu poder.

80
ESTUDO 10
OS SINAIS DA GRAÇA
Como alguém pode ter certeza de
que foi salvo?
Q u a n d o nos tornamos cris-
tãos, conhecemos, até certo
ponto, a maravilhosa experi-
ência subjetiva do Espírito
Santo testemunhando ao nos-
so espírito que somos filhos
de Deus (Romanos 8.16). O
Espírito Santo, em nosso co-
ração, nos assegura da verda- .
de das promessas salvadoras
de Deus e nos leva a nos apoi-
armos nelas.
Mas além dessa experiência
subjetiva, há mudanças objetivas em nossa vida as quais evidenciam o
fato de que fomos salvos. Nosso pensamento, nossos desejos e nosso
comportamento começam a mudar por amor a Cristo. Tais mudanças
atestam a presença do Senhor em nossa vida. Uma pessoa salva começa
a mostrar esses sinais da graça.
Esse processo de mudança não suprime ou sufoca nossa individualida-
de. Na verdade, ele nos traz grande bênção ao sermos renovados e nos
tornamos as pessoas que Deus quis que fôssemos.
Para que grande mudança Deus nos predestinou? (Romanos 8.29)

De acordo com 2 Coríntios 3.18, o que nos acontecerá ao vivermos uma


vida olhando para Cristo pela fé?

í
Cristo é o santo Filho de Deus, e quando nos tornamos cristãos nossa
vida começa a mudar de tal maneira que também passamos a viver vida
santa como ele. Esse processo de mudança varia, até certo ponto, de
cristão para cristão, mas devia ficar claro que o processo de mudança
para tomar-se mais semelhante a Cristo começou e está continuando.
O crescimento e a mudança para sermos semelhantes ao Filho de Deus
são sinais de que estamos espiritualmente vivos.
Outra maneira de encarar isso é dizer que nos tornamos cristãos pelo
arrependimento e pela fé. E arrependimento e fé implicam mudança.
Nunca seremos perfeitos até alcançarmos o céu, e assim nossa cami-
nhada cristã neste mundo é de arrependimento e fé contínuos (Mateus
6.12).
Copie as instruções de Paulo para a vida cristã conforme expressas em
Colossenses 2.6-7.

Há alguma diferença na maneira como iniciamos a vida cristã e a ma-


neira como continuamos nela?

0 teólogo J, I. Packer faz um comentário muito útil a respeito da natureza do


arrependimento. Ele diz: "Arrependimento significa voltar-se do seu pecado até
onde você o conhece para dar-se o quanto você conhece de si a Deus, o quanto você
o conhece. E à medida que seu conhecimento desses três pontos cresce, sua prática
,s
do arrependimento deve aumentar. " Dessa maneira, mudança e arrependimento
são parte inevitável de um crescente relacionamento com Deus.

O s sinais d a g r a ç a n o N o v o T e s t a m e n t o
Como o Novo Testamento descreve os sinais da graça? Diferentes pre-
gadores e escritores no Novo Testamento abordam de maneiras dife-
rentes o assunto dos sinais da graça na vida de pessoas. Todos falam do
mesmo assunto, mas usam maneiras diferentes de expressá-lo e dão
diferentes ênfases. Tentemos observar um quadro geral das principais
maneiras nas quais a graça de Deus toma-se visível na vida de pessoas.

82
3. O cristão é uma pessoa que vive uma vida de evidente testemunho
de Deus (Mateus 5.14-16).
Não é fácil viver declaradamente para Cristo. Mas por que somente
uma fé que dá testemunho é fé verdadeira? (Veja Mateus 10.32-33).

4. O cristão é uma pessoa que vive uma vida de autonegação e conflito


diários com o pecado. N e m sempre ele consegue vencer essa bata-
lha, mas ele sempre procura batalhar.
Como Cristo retrata, em
M a t e u s 5.29-30, a ur-
gência com a qual deve-
mos combater o pecado?

5. O cristão é uma pessoa que é chamada à uma vida de perdão, :.mor


sensível e autodoação (Mateus 5.38-48). Somente depois de ter
conhecido o amor e o perdão de Deus, ele será capaz de amar outros.
Por que é difícil amar assim como Cristo nos ordena? Como tal amor
deveria nos distinguir de outras pessoas? (versículos 46-47).

6. O cristão é uma pessoa que deve rejeitar o mundo e seus valores.


A religião mundana espera pelo aplauso das pessoas, mas o cristão
deve rejeitar isso e procurar agradar somente a Deus (Mateus 6.1).
"Qual era a direção de nossa vida antes de sermos cristãos? Mobili-
dade ascendente! Qual é a direção de nossa vida depois que nos tor-
namos cristãos? Mobilidade ascendente — só que Deus está lá para

84
ajudar-nos a ter mais sucesso." O que há de errado nessa afirmação,
segundo Mateus 6.19-24?

7. Conquanto usemos, como cristãos, nossos cinco sentidos, devemos


viver pela fé e não pelo que vemos: somos chamados a um céu que
nunca vimos, por um Salvador que nunca vimos, por meio da obedi-
ência ao seu mandamento.
Q u e m é o homem sábio, segundo Mateus 7.24-27?

O sinal que de fato recebemos a


graça de Deus e somos súditos do
seu reino é que obedecemos aos
m a n d a m e n t o s do Senhor Jesus
Cristo movidos por amor ao Salva-
dor e não por legalismo. Fazendo
assim, nossa vida mudará e nós nos
tornaremos mais s e m e l h a n t e s a
Cristo. Esse bom fruto vai mostrar
que somos dele e isso não pode ser
falsificado (Mateus 7.16-20).

O APÓSTOLO PAULO: AS TRÊS


VIRTUDES CRISTÃS
Com freqüência, o apóstolo Paulo expressa em suas cartas três virtudes
especiais que caracterizam o cristianismo verdadeiro.
Veja 1 Coríntios 13.13; Colossenses 1.5; 1 Tessalonicenses 1.3. Quais
são as três virtudes que marcam a graça salvadora de Deus em nossa
vida?

O escritor da epístola aos Hebreus pode não ter sido Paulo, mas consul-
te Hebreus 6.9-12. Ao falar das "coisas que acompanham a salvação", o

85
autor enfatiza as mesmas três virtudes. Até quando ele diz que essas
virtudes persistem na vida cristã?

Como essas três virtudes se relacionam ao ensino de nosso Senhor so-


bre os sinais da graça no Sermão do Monte?

Leia Gálatas 5.22-23. Como essas três virtudes se relacionam ao ensi-


no de Paulo sobre o fruto do Espírito?

O APÓSTOLO JOÃO
João escreveu sua primeira carta para que as pessoas tivessem certeza
de que elas realmente eram pessoas cristãs salvas (1 João 5.13).
Como João deixa bem claro que nenhum cristão é perfeito nesta vida?
(1 João 1.8-10).

Se o cristão cai em pecado, o que ele deve fazer? (1 João 1.7; 2.1-2)

Porém, havendo esclarecido que os cristãos podem não ser perfeitos,


João nos conta que cada cristão se distingue por uma vida modificada.
O cristão é uma pessoa modificada intelectual, moral e socialmente.
Sua mente, sua vontade e seus sentimentos foram ttansformados. Isso
mostra que a graça de Deus está na vida de uma pessoa.
A mente do cristão mudou — ele crê em Cristo. Verifique o que João diz
em 1 João 3.23; 4.15; 5.1,5.
A vontade do cristão mudou — a direção geral de sua vida é contra o
pecado e a favor da obediência. Verifique isso em 1 João 2.3-6; 3.6,9;
5.18.

86
Os sentimentos do cristão mudaram — ele ama Deus e ama outros cris-
tãos. Verifique isso em 1 João 2.10; 3.14; 4.7,19-21.
Tudo isso mostra a presença do Espírito Santo em nossa vida (1 João
3.24; 4.13).
Como esse ensino sobre a mudança da mente, da vontade e do coração
do cristão se enquadra no que vimos no estudo 5 sobre a queda do ser
humano?

A CARTA DE TIAGO
Consulte Tiago 2.14-26. De acordo com Tiago, como a fé genuína se
mostra na vida de alguém?

Algumas pessoas tentam concluir


que Tiago contradiz a grande ênfa-
se de Paulo de q u e somos salvos
somente pela fé (Romanos 3.28).
Mas isso não é verdade. A verdade
é que Paulo e Tiago estão abordan-
do duas questões um pouco diferen-
tes. Paulo está tratando da questão:
"Como pecadores podem ser sal-
vos?" Sua resposta é: somente pela
fé em Cristo e os méritos deste.
Tiago, porém, está abordando a
questão: "Como podemos distinguir
entre fé genuína e presunção falsa?" Sua resposta é que fé genuína
sempre produzirá obediência e boas obras — não na tentativa de mere-
cer salvação pois Tiago reconhece que a salvação é pela fé (Tiago 2.5),
mas simplesmente porque o cristão confia em Deus e o ama.
Consulte Gálatas 5.6. Como esse texto mostra que Paulo concorda com
Tiago?

87
O APOSTOLO PEDRO
Consulte 2 Pedro 1.5-11. Como Pedro relaciona a mudança na vida de
uma pessoa e o crescimento no caráter cristão ao decreto da eleição de
Deus?

Veja também 1 Pedro 1.15-16.


Como o chamado de Pedro aos cristãos para buscarem vida santa com-
bina com o propóstito para o qual fomos escolhidos por Deus? (Efésios
1.4)

Portanto, verificamos que, apesar de a ação do Espírito Santo em nosso


coração set secreta e invisível, ainda assim a salvação se expressa de
maneiras concretas na vida transformada.

Conclusão
Como você resumiria o ensino do Novo Testamento sobre os sinais da
graça na vida do cristão?

O que significa para nós se verificamos que um exame honesto de nos-


sa vida revela que ela não é diferente da vida das pessoas do mundo?

Se estamos nessas condições, não precisamos desesperar, mas o que


devemos fazer?

88
ESTUDO 11
PRESERVAÇÃO E PERSEVERANÇA
Vimos que a Bíblia provém de Deus e trata fundamentalmente a res-
peito de Deus. Ela também nos fala a respeito do ser humano. Ela nos
diz que, embora o ser humano tenha sido criado originalmente à ima-
gem de Deus, ele agora está completamente caído e é incapaz de sal-
var-se a si e até mesmo de perceber essa sua necessidade.
Na eternidade, Deus escolheu salvar uma grande multidão dentre a
humanidade rebelde. Cristo fez expiação na cruz para esses pecadores
eleitos. Deus, por sua vez, efetivamente chama cada um deles e o leva
à fé em Cristo e assim para a experiência da salvação.

0 cristão prossegue para o final da jornada.


Uma coisa vital que precisamos ter em mente é que Deus não perde
n e n h u m daqueles que ele escolheu, comprou e chamou (João 6.39).
Ele os preserva e leva seguramente cada um deles ao céu. Ele realiza
isso assegurando que cada cristão verdadeiro persevere no caminho de
Cristo e continue na fé até o fim. A maravilhosa verdade é que nenhum
cristão verdadeiro jamais será perdido.

89
O QUE APRENDEMOS ATÉ AQUI TORNA CLARA A SEGURANÇA DO
CRISTÃO
Deus o Pai se propôs salvar seu povo em favor de quem Cristo morreu
e em quem o Espírito Santo realiza o novo nascimento. Se algum dos
que Deus se propôs salvar sucumbir e não chegar ao céu, então a onis-
ciência de Deus terá fracassado e ele não é mais onipotente e não pode
ser Deus!
Leia Isaías 46.9-10. Qual é a "boa vontade" de Deus?

Se Deus não cumprisse essa promessa, que implicações isso teria para
ele?

Agora consulte Efésios 1.11-12. Qual é o propósito de nossa salvação?

Se podemos nos perder, então esses versículos não são verdadeiros.


Mas isso é impossível!
Deus não abandonará seus eleitos. Para que isso acontecesse, ele teria
de mudar, negar o que decidiu e fazer alguma coisa que não persistiria
para sempre. Essas três coisas Deus não pode fazer. Consulte 2 Timó-
teo 2.13 e Eclesiastes 3.14. Qual é o atributo de Deus a que esses tex-
tos se teferem?

Uma vez compreendido que Deus é soberano e que ele se propôs sal-
var seu povo, fica claro que todos os cristãos verdadeiros estão eterna-
mente seguros.
Ele pagou um preço muito alto; é impossível pensar que ele desperdi-
çaria o preço. Se o seu poder pode salvar os ímpios, então é suficiente
para guardar os crentes!

90
EMBORA CRISTÃOS FALSOS POSSAM E IRÃO SE PERDER, ISSO NUN-
CA PODERÁ ACONTECER COM O VERDADEIRO CRISTÃO
Às vezes as Escrituras falam de pessoas que chegam ao seio da igreja, e
que nos final se perdem, mas sempre fica claro que, embora tais pesso-
as tivessem uma aparência de fé, na verdade nunca submeteram-se
verdadeiramente a Cristo e não eram cristãos reais.
Leia a parábola do semeador em Marcos 4.1-20. Quem são os cristãos
reais e quem são os "cristãos temporários"?

Veja os versículos 16-19. Quais são os motivos pelos quais esses "cris-
tãos temporários" desistem da fé?

Seja qual for a experiência que eles tiveram com o evangelho, eles nunca

91
se submeteram a Cristo a ponto de, quaisquer que fossem as provações
ou outras atrações, ficar firmes nele. O âmago do seu coração de fato
nunca foi mudado. Na realidade nunca foram cristãos.
Leia Hebreus 6.4-12. Essa passagem fala da queda daqueles que tiveram
algum tipo de experiência com o Espírito Santo. Como o escritor descreve
a experiência religiosa que eles tiveram antes de se desviarem?

Tais pessoas são cristãos falsos. O escritor continua explicando que cris-
tãos verdadeiros experimentam coisas melhores — "coisas que acom-
panham a salvação". Como ele mostra crer que, onde os sinais da graça
de fato estão evidentes, tal pessoa nunca se perderá?

TEXTOS BÍBLICOS ESPECÍFICOS ENSINAM QUE OS CRISTÃOS ES-


TÃO ETERNAMENTE SEGUROS
1. Alguns textos afirmam que Deus nos preserva. Consulte os seguin-
tes textos e identifique o que Deus fará: João 6.37-39; Filipenses
1.6; 1 Tessalonicenses 5.23-24; 2 Timóteo 4.18.

Alguns textos confir-


mam nossa segurança
p e r a n t e D e u s como
nosso Juiz. Veja Ro-
manos 8.31-34. Por
que ninguém pode
nos acusar?
Veja Judas 24-25. O que Deus é capaz de fazer?

3. Alguns textos confirmam nossa segurança pela fidelidade de Deus.


Veja Hebreus 6.17-18.
Quais são as duas coisas imutáveis que nos dão conforto e certeza?

4. Alguns textos estabelecem a natureza de nossa vida em Deus. Qual


é a promessa em João 11.26 e João 10.28-29?

Consulte 1 Pedro 1.23. O que é imperecível e que implicação isso traz?

5. Alguns textos sublinham o inevitável cumprimento dos propósitos


de Deus. Leia Romanos 8.30.
Você é capaz de encontrar qualquer indício de incerteza ali?

L e i a Romanos 8.37-39. L i s t e as coisas q u e são incapazes de


desvincular-nos de Deus. A lista cobre tudo?

6. Alguns textos sublinham nossa perseverança na fé. Veja Romanos


1.17.
O que acontecerá aos justos, justificados pela fé?

Veja João 5.18. Q u e m guarda aquele cuja vida não é mais dominada
pelo pecado?

OS TERMOS BÍBLICOS QUE DESCREVEM A SALVAÇÃO DEIXAM


CLARA A VERDADE DA PRESERVAÇÃO DOS CRENTES
1. Vida eterna. Leia João 3.15-16. Como isso mostra que um cristão não
pode se perdei?

93
Consulte João 17.1-3. Em que sentido a vida eterna difere da morte
eterna?

Vida eterna não significa simplesmente vida de duração infinita mas


vida de qualidade diferente, semelhante à vida de Deus. Morte eterna
não é aniquilamento, mas punição eterna (Mateus 25.46).
2. Os quadros que retratam os cristãos como sendo a noiva de Cristo
(Efésios 5.22-32), seu templo (Efésios 2.19-22) e membros do seu
corpo (Efésios 1.22-23), mostram que estamos inseparavelmente uni-
dos a ele que é o Eterno, para seu eterno louvor.
Como esses versículos mostram que os crentes estão eternamente
seguros?

3. T a m b é m somos retratados como sendo filhos de Deus e irmãos de


Cristo. Enquanto Cristo vive e é Filho de Deus, temos o favor de
Deus.
Leia Romanos 8.14-17. Como sabemos que somos filhos de Deus?

Consulte Efésios 1.4-6. Pode alguém que agora está "em Cristo" tor-
nar-se em algum momento inaceitável a Deus?

Conclusão
Os cristãos nunca poderão se perder. Deus nos levará em segurança ao
novo céu e à nova Terra. Essa verdade é motivo de inexprimível con-
forto para filhos de Deus. Se você é um filho do Deus vivo, não viva
como um órfão! Ande em comunhão com seu Pai. A verdade da segu-
rança etetna não significa que tomemos a salvação como algo natural e
vivamos vida ímpia: mostramos que somos filhos dc Dzvs nela santida-

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de — e que privilégio isso é! A
única conclusão adequada é nos
curvarmos h u m i l d e m e n t e em
adoração e louvor pela grandio-
sa graça que Deus mostrou para
conosco.

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LEITURAS PARA APROFUNDAMENTO
1. Bases da Fé Cristã (3 vol.) — Ludgero Braga
2. Breve Catecismó, O
3. C â n o n e s de Dort, Os
4. Catccismo Maior, O
5. Confissão de Fé de Westminster, A
6. Escolhidos em Cristo — Samuel Falcão
7. Glória de Cristo, A — R. C. Sproul
8. Mistério do Espírito Santo, O — R. C. Sproul

9. Salvos Pela Graça — A. [ l o e k e m a

CITAÇÕES
\. Works of Richard Sibbes, editado por Alexander B. Grosart, Vol. 1, Banner of Truth Trust,
1973 reeditado, p. 413.
2. T h o m a s Watson, A Body of Divinity, Banner of Truth Trust, 1975 reeditado, p. 14.
3. B. B. Warfield, Selected Shorter Writings, editado por John Meeter, Vol. 1, Presbyterian and
Reformed, 1970, p. 104.
4. C. H. Spurgeon, Metropolitan Tabernacle Pulpit, Vol 33, Banner of T r u t h Trust, 1969
reeditado, pp. 198-199.
5. Richard Baxter, Call to the Unconverted, Evangelical Press, 1976 reeditado, pp, 42-43.
6. Martin Luther, Sermons on the Gospel of St. John, Chapter 6-8 (trad. M. PL Bertram), Concordia
Publishing H o u s e , St. Louis, 1959, p. 36.
7. B. B. Warfield, The Plan of Salvation, E e r d m a n s , edição revisada, 1936, pp. 73-74.
8. Citado em Henry Gariepy, 100 Portraits of Christ, Victor Books, 1987, p. 20.
9. The Works of John Owen, editado por William H. Goold, Vol. 10, Banner of Truth Trust, 1 967
reeditado, p. 285.
10. M a t t h e w Poole, A Commentary on the Holy Bible, Vol 3, Banner of Truth Trust, 1963
reeditado, p. 921.
11. Gardiner Spring, The Attraction of the Cross, Banner of Truth Trust, 1983, p. 34.
12. B. B. Warfield, The Plan of Salvation, pp. 48-49.
13. B. B. Warfield, Selected Shorter Writings, Vol. 2, p. 726.
14. C. H. Spurgeon, New Park Street Pulpit, Vol. 6, Banner of Truth Trust, 1964 reeditado,
p. 256.
15. J. I. Packer, Keep in Step with the Spirit, Inter-Varsity Press, 1984, p. 104.
16. C. H. Spurgeon, Metropolitan Tabernacle Pulpit, Vol. 26, Banner of Truth Trust, 1971
reeditado, p. 476.

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