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AS DOUTRINAS
DA GRAÇA
Roteiro de estudos para
grupos de discipulado, classes de novos
membros, células familiares, etc.
E s t e livro foi publicado em inglês na Grã-Bretanha por T h e Banner
of T r u t h '1 rust, E d i n b u r g h , Scotland, 1991. © J o h n Benton e John
P e e t . Edição em p o r t u g u ê s : © Editora Cultura Cristã, 1998. Pu-
blicado c o m permissão.
T r a d u ç ã o : Arnold Bessel
R e v i s ã o : Claudete Água de Melo
F o r m a t a ç ã o : Rissato Editoração
C a p a : Expressão Exata
a
I edição — 1998
a
2 edição — 1999
a
2 r e i m p r e s s ã o — 2000
3000 e x e m p l a r e s
P u b l i c a ç ã o a u t o r i z a d a pelo C o n s e l h o Editorial:
Cláudio Marra (presidente), Aproniano Wilson dc Macedo, Augustas
Nicodcmus Eopes, Fernando Hamilton Costa, Sebastião Bueno ülinto.
CDITORÍl CULTURA CRISTÃ
Rua Miguel Teles Júnior, 382/394 - Cambuci
01540-040 - São Paulo - SP - Brasil
CPostal 15.136 - Cambuci - São Paulo - SP - 01599-970
Fone: (0**11) 270-7099 - Fax: (0**11) 279-1255
www.oep.org.br - cep@cep.org.br
""—-te: Haveraldo Ferreira Vargas
Editor: Cláudio Antônio Batista Marra
BABEL OU JESUS?
A suposta ou verdadeira preocupação com a salvação de incrédulos
moveu cruzadas no passado e movimenta muito dinheiro no presente.
Parece que a salvação de incrédulos preocupa de fato a igreja.
Mas nem sempre abordamos esse tema levando em conta a opinião de
Deus. As cruzadas que o digam, as do passado e muitas do presente. E
como se nunca tivéssemos parado de construir a torre de Babel, desen-
volvendo nosso próprio meio de levar a humanidade a Deus.
A Reforma do século XVI resgatou a autoridade da Bíblia e com ela as
doutrinas da Soberania e da Graça de Deus. Mas, como as heresias pós-
Reforma demonstram, precisamos sempre voltar às doutrinas da graça
e de novo rejeitar Babel. Vale notar que, depois de relatar Babel, Gênesis
conta sobre a iniciativa de Deus em chamar Abraão. Grande lição! Re-
jeitamos Babel e nos voltamos para o chamado soberano do Deus que
salva o seu povo.
Os estudos deste volume contribuem para olharmos a salvação do pon-
to-de-vista de Deus, conforme expresso nas Escrituras. Nada mais in-
dicado. Afinal, ele é o Deus da nossa salvação.
Cláudio Marra
Editor
4
INTRODUÇÃO
Sempre é muito bom quando as pessoas aprendem as doutrinas da gra-
ça de Deus pelo estudo da Escritura. Este, portanto, é o propósito
deste manual.
Os presentes estudos surgiram em forma de uma série de sermões pre-
gados em cultos noturnos na Igreja Batista da rua Chertsey, em
Guildford, no outono de 1985. Posteriormente, os sermões foram ar-
ranjados em forma de lições para estudos bíblicos domésticos, sendo
muito bem aceitas. Ao prepararmos este material, estamos muito cons-
cientes de que devemos reconhecimento a muitas pessoas — numero-
sas demais para serem mencionadas — de quem aprendemos no decor-
rer dos anos. Porém, desejamos reconhecer especialmente a grande
ajuda obtida dos ministérios de ensino de Stuart Olyott e Dr. Roy
Clements que esclareceram muitos dos assuntos abordados neste ma-
nual. Acima de tudo, louvamos nosso Deus pelo tão maravilhoso evan-
gelho da graça no qual podemos nos regozijar.
5
O Dr. John Benton e pastor da Igreja Batista da rua Chertsey, em
Guildford, Surrey.
P o r q u e p r e c i s a m o s d a Bíblia?
Leia Salmo 19.1-4. O Universo e o mundo que nos cerca, criados por
Deus, revelam muitas coisas sobre Deus de um modo compreensível a
pessoas de todas as línguas e culturas.
O que você acha que podemos aprender sobre Deus a partir da criação?
9
humanidade ter-se afastado de Deus, ela agora está insensível às mani-
festações da criação sobre Deus, o Criador. Não devemos nos surpre-
ender quando descrentes sustentam uma visão diferente sobre a ori-
gem de nosso mundo e não aceitam o ensino bíblico. Na verdade,
devíamos esperar por isso (Romanos 1.21). Leia 1 Coríntios 1.21 e
2.14. Muitas pessoas cultas não crêem (embora algumas sim!). O que
esses versículos nos dizem sobre o motivo pelo qual elas não crêem?
O q u e é a Bíblia?
Aprendemos de Jesus Cristo, o Filho de Deus, que devemos aceitar os
39 livros do Antigo Testamento como a palavra de Deus. Se, como cris-
tãos, seguimos a Cristo, devemos segui-lo quanto a isso também.
Para verificar como o Senhor Jesus Cristo referiu-se ao Antigo Testa-
mento e como o empregou, veja Mateus 19.4-5; Marcos 7.9-13; Lucas
24.25-27; João 10.34-36. A que partes do Antigo Testamento se refe-
rem esses textos?
10
Os 27 livros do Novo Testamento
foram escritos pelos apóstolos de
Cristo e seus companheiros ínti-
mos. Como os escritores do Anti-
go Testamento, esses homens es-
creveram sob especial inspiração
do Espírito de Deus, exatamente
como Cristo havia prometido. Por
exemplo, leia João 14.26 e 16.13.
Seus escritos são postos no mesmo
nível d o A n t i g o T e s t a m e n t o
(1 Tessalonicenses 4.8; 2 Pedro 3.16).
Consulte 2 Pedro 1.21 e 2 Timó-
teo 3.16. O que se entende pela
inspiração do Espírito de Deus?
Toda a Escritura é para ser aceita como palavra de Deus inspirada pelo
Espírito. Segundo Jesus, o Antigo Testamento é a infalível revelação
de Deus ao ser humano (Mateus 5.17-18; João 17.17). Mais tarde Je-
sus prometeu que aquilo que seus apóstolos escreveriam seria verdade
revelada (João 14.26; 16.13). Isso significa que nós devemos aceitar
toda a Bíblia, e não extrair ou escolher aquilo de que gostamos e des-
cartar partes que não apreciamos ou não podemos provar imediatamente!
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As evidências externas são para que todos vejam, mas algumas pessoas
jamais chegam a perceber sua importância. Mesmo antes de algumas
evidências específicas terem aparecido, os cristãos acreditavam que a
Escritura é a palavra de Deus. Confie em Deus porque ele empenha
sua palavra. Deus é um Deus fiel que não mente (Números 23.19).
O h o m e m natural recusa-se,
contrariamente a toda lógica, a
confiar em Deus. Mas o Espí-
rito Santo convence o cristão de
que Deus é fiel e que sua pa-
lavra, a Bíblia, é confiável.
S O M E N T E a Bíblia
T e n d o recebido tal livro de
Deus:
— não necessitamos procurar
e m n e n h u m o u t r o lugar
para d e s c o b r i r e m q u e
acreditar, como portar-nos
ou c o m o i n t e r p r e t a r as
experiências da vida;
— não devemos procurar em
nenhum outro lugar pois a
Bíblia é a única fonte infa-
lível d e r e v e l a ç ã o q u e
Deus nos deu.
12
T)TUDO E M Q U E D E U S P E D E Q U E NÓS CREIAMOS E N C O N -
' TRA-SE NA BÍBLIA (2 Timóteo 3.16-17).
Nada devemos acrescentar {desejar conhecer mais não significa que
precisamos conhecer mais) ou tirar dela (Deuteronômio 4.2; Apocalipse
22.18-19).
Tudo que contraria o claro ensino da Bíblia é falso (Gálatas 1.8-9).
Devemos examinar tudo à luz das Escrituras (Atos 17.11; 1 João 4.1-2).
Essas concepções não são populares. Você sempre encontrará "ho-
mens sábios" que "sabem" mais. Como devemos reagir frente a tais
pessoas?
2. T U D O O Q U E P R E C I S A M O S SABER SOBRE C O M O N O S
PORTAR E N C O N T R A - S E NA BÍBLIA
Seguindo seus ensinamentos, podemos tornar-nos tudo o que Deus
quer que sejamos. Veja Salmo 119.9; 2 Timóteo 3.15-17; Mateus 7.24-
25. O Espírito Santo sempre nos guia segundo a Bíblia (1 Coríntios
14.37-38). Obediência à Escritura traz alegria e bênção (Salmo 1.1-3;
19.8; João 14.21,23).
Como devemos responder a alguém que diz: "Mas a cultura e as
condições de hoje são muito diferentes daquelas dos tempos bíbli-
cos. Não podemos esperar que a Bíblia nos ensine como devemos
nos portar agora"?
T O D A a Bíblia
A Bíblia é a palavra de Deus. Não precisamos procurar fora dela para
descobrir coisas a respeito de Deus ou de nosso relacionamento com
ele. Mas devemos examiná-la para estarmos bem informados sobre tudo
o que se encontra nela.
Se não conhecemos o todo da Palavra de Deus:
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1. NOSSA VISÃO DE C R I S T O SERÁ FALHA
Veja Lucas 24.25-27,44. O que seus amigos não-cristãos dizem sobre
Cristo? Em que aspectos as convicções que você possui diferem das
convicções deles?
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3. Priorizamos a leitura da Escritura e a meditação sobre ela em nossas
devoções pessoais diárias (Salmo 1,2).
Qual deveria ser sua resposta àqueles que dizem que é muito difícil
estudar a Bíblia sozinho?
Conclusão
Diga, em uma ou duas frases, o que você aprendeu deste estudo.
Este estudo desafiou você, com a ajuda de Deus, a tomar alguma reso-
lução ou expressar alguma oração?
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ESTUDO 2
GLÓRIA SOMENTE A DEUS
O principal objetivo da Bíblia é revelar o Deus verdadeiro e vivo. O
presente estudo trata do segundo dos dois grandes princípios interliga-
dos sobre os quais o cristianismo bíblico está alicerçado.
Princípio 2: Glória somente a Deus
A m e n s a g e m da Bíblia difere
m u i t o da filosofia m o d e r n a e
ateísta. Essa filosofia diz que não
há Deus e diz que nosso mundo,
com tudo o que nele há, inclusi-
ve nós, é resultado apenas do aca-
so. Tal pensamento leva pessoas
a sustentar uma visão bastante
depressiva: a "de que nossa vida,
em última análise, é destituída de
propósito e significado.
A mensagem da Bíblia é comple-
tamente oposta a essa visão da
vida. Ela nos diz que Deus exis-
te, que ele é o centro de tudo e
que ele criou o mundo e está des-
dobrando a História com o propó-
Sem Deus, o eu torna-se nosso deus.
sito de glorificar seu grande nome
por meio de Jesus Cristo, nosso Senhor (Efésios 1.6,14; 3.20-21;
Filipenses 2.10-11; judas 25).
O livro de Apocalipse nos mostra que a consumação da História será o
louvor e a adoração de Deus no novo céu e na nova Terra. Copie o
cântico de adoração de Apocalipse 5.13.
A mensagem da Bíblia para nós agora é que nossa vida seja dedicada à
glória de Deus (Marcos 12.28-30).
1
À primeira vista, isso pode parecer egoísmo da parte de Deus. Mas não é.
Em primeiro lugar, a glória pertence a Deus por direito. Particularmente a
História está se encaminhando para seu clímax na segunda vinda de Cris-
to. Então todos verão claramente e reconhecerão que realmente Jesus
Cristo é Senhor. O cântico do céu diz: "Digno é o Cordeiro, que foi morto".
Em segundo lugar, enquanto as criaturas glorificam a Deus, elas mesmas
são abençoadas. E para a glória de Deus que encontramos alegria e paz no
seu culto. Sua criação encontra satisfação pela glorificação a Deus. Veja, por
exemplo, Salmo 96.11-13. Observe comoavinda do Senhor traz bem-estar
ao mundo. Sua presença traz luz e alegria. Ele é o Senhor que leva todas as
coisas a cantarem com prazer.
O cristianismo bíblico tem tudo a ver com Deus e sua glória. Muitas per-
versões do cristianismo começam com o ser humano, na verdade, elevan-
do o ser humano acima de Deus. Na melhor das hipóteses, essas perver-
sões conduzem inevitavelmente a uma fé truncada e distorcida e na pior,
elas levam ao caos, reduzindo Deus a um lacaio do ser humano.
Esse princípio de glória somente a Deus foi expresso no tempo da Re-
forma pela frase latina soli Deo gloria.
É fundamental que você consulte os textos listados abaixo para certifi-
car-se que de fato / isso o que a Bíblia ensina a respeito de Deus. Pri-
meiramente, iremos considerar quem Deus é e, depois, o que Deus
fez. Esse procedimento nos fará ver por que toda a glória é devida so-
mente a Deus.
Quem Deus É
1. O SER DE D E U S
Considere cada um desses aspectos da natureza de E»eus e pense em
como nós somos diferentes dele. Deus é:
Espírito João 4.24
invisível João 1.18; 1 Timóteo 6.16
pessoal Malaquias 2.10; João 14.9,23
infinito—onipresente Salmo 139.7-10; Jeremias 23.23-24
eterno Salmo 90.2; 102.27
onisciente Salmo 139.2-5; Hebreus 4.13
incompreensível Jó 11.7; Isaías40.18
inescrutável Isaías 40.13-14; Romanos 11.33-34
todo-suficiente Êxodo 3.14; João 5.26
soberano Daniel 4.34-35; Efésios 1.11
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Confrontadas com uma lista tão espantosa dos atributos de Deus,
muitas pessoas poderiam pensar que Deus está tão à frente e tão
distante a ponto de ser irrelevante para nós ou que ele não se preocu-
pa conosco. Olhe novamente para a lista. Por que os cristãos podem
se regozijar com cada um desses atributos de Deus?
2. O CARÁTER DE D E U S
Deus é:
santo Êxodo 15.11; Isaías 6.3
justo Salmo 97.2; 145.17
amoroso 1 João 4.8,10,16
bondoso Salmo 86.5; 107.1
sábio Salmo 104.24; Daniel 2.20
imutável Malaquias 3.6; Tiago 1.17
Não-cristãos freqüentemente afi rmam: "Deus é amor e por isso não
devia fazer isso e aquilo ou não permitir que aconteça tal coisa." O
que está errado nesse tipo de afi rmação?
Como, então, todo o caráter de Deus coopera para o bem de seu povo?
3. DEUS É T R I Ú N O
A Bíblia ensina que há três pessoas em Deus: o Pai, o Filho (Jesus
Cristo) e o Espírito Santo. Essas três pessoas são o único Deus eter-
no e verdadeiro, o mesmo em substância, igual em poder e glória,
embora distintas por suas propriedades pessoais.
Leia atentamente Mateus 3.16-17; 28.19; João 10.30; 2 Coríntios
13.13. ("orno esses textos justificam as afirmações feitas no parágrafo
anterior?
IS
N o t a : Antes de tentar explicar isso para alguém, lembre-se (a partir
do que já vimos anteriormente) de que Deus é, em última análise,
incomprensível para nós. Não tente reduzir Deus à lógica humana.
Ele está acima disso. Ele é único. Ele é Deus.
Por que não fazer uma pausa (se é que já não fez), apreciar as coisas
recém-aprendidas ou lembrar-se de Deus e adorá-lo? Devemos glorifi-
car a Deus por aquilo que ele é (Salmo 48.1).
O que Deus F E Z
Deus é o Deus que agiu e age. Ele é o Deus:
1. DA CRIAÇÃO
Leia atentamente Gênesis 1.1-31; Hebreus 11.3.
Nós fomos criados por ele. Portanto, demos a ele a glória que lhe é
devida (Salmo 95.6). Nossa própria existência d e p e n d e dele (Atos
17.28). Q u e tolice tentar viver sem ele!
Há muitas pessoas que tentam explicar a existência do mundo sem
referir-se a Deus. Por que você sustenta convicções diferentes em
relação a essas pessoas?
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3. DO JUÍZO
Leia os seguintes textos: Eclesiastes 12.14; Hebreus 9.27; Apocalipse
20.11-15. Deus cuidará para que justiça seja feita para todos os erros
no mundo. Ele nos julgará com justiça. Portanto, demos glória a ele
por ser Juiz justo (Salmo 98.9). Como você responderia a uma pessoa
que diz: Deus nada faz a respeito do mal no mundo?
4. DA R E D E N Ç Ã O
Leia atentamente essas passagens da Escritura: João 3.16; Romanos
3.24-25; 8.3-4; 2 Coríntios 4.6. Se você é cristão é porque Deus o
redimiu. Portanto, demos glória a ele (Efésios 1.3). A palavra "re-
denção" implica num preço que foi pago. Que preço foi pago para a
nossa redenção? Veja 1 Pedro 1.18-19.
Glória S O M E N T E a Deus
Devemos agradecer
às pessoas q u e são
bondosas para conos-
co na nossa vida diá-
ria, mas temos de nos
dar conta de que por
detrás de sua bonda-
de está a bondade de
Deus. Sem Deus,
aquela pessoa não es-
taria lá para nos mos-
20
trar bondade ou não teria se mostrado bondosa para conosco. Devemos
agradecer às pessoas que nos conduziram a Cristo. Mas devemos nos
dar conta de que por detrás daquilo que elas fizeram estava, em última
análise, a ação de Deus.
Por isso, conquanto seja plenamente correto agradecer a outrem, a ver-
dadeira glória pertence a Deus somente. Ele é o, único objeto de nossa
adoração.
Se Deus é responsável pela bondade que enconttamos em outras pes-
soas, com que se pareceria o mundo se Deus retirasse seu EsDÚito e
sua conhecida graça?
21
3. O juízo está inteiramente nas mãos de Deus (Atos 17.31; Romanos
2.5-11,16; Apocalipse 20.11-13). Devemos dar a glória somente a ele.
Veja Romanos 12.17-20. Deus julgará. Como esse fato deveria afetar
nossa vida diária?
Devíamos agradecer a Deus pelo fato de ele ser nosso Juiz, e nin-
guém mais.
4. A redenção é obra inteiramente de Deus. Não temos n e n h u m mérito
pela nossa salvação. Qualquer orgulho ou congratulação pessoais estão
excluídos (Romanos 3.27; 1 Coríntios 4.7). Somos obra de Deus (Efésios
2.8-10). No céu, pessoas dão glória pela sua salvação somente a Deus.
Copie Apocalipse 7.10.
Conclusão
Por que podemos afirmar que todas as descrições de Deus feitas neste
estudo são verdadeiras tanto para Jesus Cristo e o Espírito Santo quan-
to para o Pai?
O que você aprendeu sobre Deus nesta lição que o ajudará na sua vida
diária?
22
23
ESTUDO 3
A SOBERANIA DE DEUS E A
RESPONSABILIDADE HUMANA
No estudo anterior, fomos lembrados da verdade de que a glória per-
tence somente a Deus. Ao discutirmos a obra da providência de Deus,
dissemos que, em última análise, Deus está no controle de tudo o que
acontece no mundo. Também falamos que Deus julga o mundo. Quan-
do essas verdades são vistas em conjunto, surge uma pergunta em nos-
sa mente: "Se Deus está no controle de tudo, como as pessoas podem
ser responsabilizadas pelas coisas que elas fazem?" Pode parecer que
Deus não está no controle de absolutamente tudo ou que ele age injus-
tamente ao nos julgar. Nesse estudo investigamos o que a Bíblia tem a
dizer sobre a soberania de Deus e a responsabilidade humana.
A SOBERANIA DE DEUS
Entendemos por essa afirmação o controle supremo e detalhado de
Deus sobre tudo o que acontece no céu e na Terra.
Leia Daniel 4.35. As circunstâncias são importantes. Quem foi o tei
que disse essas palavras?
Veja Efésios 1.11. O que Deus realiza de acordo com o seu propósito?
Leia Atos 10.1-4. Deus não nos considera responsáveis somente pelos
nossos pecados, mas também reconhece nossa responsabilidade por atos
de generosidade e bondade.
Lei 2 Coríntios 5.10 e Apocalipse 20.11-13. De acordo com esses
versículos, quem deverá estar perante Deus para ser julgado?
25
sobre Gênesis 50.21. Qual foi a atitude de José?
2. A L G U N S E X E M P L O S DA SOBERANIA DE D E U S E BOAS
AÇÕES HUMANAS
A vinda de Cristo. Somos responsáveis pelo arrependimento e pela
confiança no evangelho (Mateus 11.20-24; Atos 2.37-38). Consulte
Mateus 11.28; João 7.37; Apocalipse 22.17. A quem os convites à
salvação são feitos?
Jesus ainda nos diz que somente Deus é quem capacita as pessoas a ir ;
Cristo. Leia João 6.37,44. Qual é a promessa feita no versículo 37?
26
Como a pessoa que se sente atraída por Jesus pode ser encorajada
por aquilo que o Senhor diz no versículo 44?
Vivendo como cristãos. Somos responsáveis por fazer o esforço para vi-
ver como convém a cristãos. Pot isso encontramos muitos manda-
mentos no Novo Testamento ditigidos a cristãos (1 Pedto 1.13-15).
Ainda que respondamos positivamente e obedeçamos, é Deus quem
age em nós, diz a Bíblia. Consulte Filipenses 2.12-13. Observe que
os versículos dizem que Deus realiza tudo o que ele deseja fazer.
Persistindo na vida cristã. Leia Judas, versículos 1,21 e 24. Que verbo
sobre a perseverança e preservação na vida cristã é usado nestes
vetsículos e que se refere tanto a nós como a Deus?
A n e c e s s i d a d e lógica de a m b a s
A soberania de Deus é necessária ao seu ser e à sua santidade. Se há alguma
coisa sobre a qual Deus não pode governar, então ele não é verdadeira-
mente Deus. Ainda mais, seria imoral da parte de Deus optar por não
controlar ou ter feito um Univetso que ele não controlaria.
27
Há uma necessidade lógica semelhante de verdadeira responsabilidade huma-
na e liberdade. O cristianismo como um todo pressupõe responsabilida-
de humana. A menos que haja espontaneidade no amor, por exemplo,
amor não é amor e Deus não é amado de fato por seu povo. Leia Mateus
22.37 e observe que nosso amor é ativo; ele é a resposta de todo o
nosso ser. Um ser humano afirmar sinceramente "eu amo você" é uma
coisa; mas se as mesmas palavras provêm da boca de um robô que foi
programado para repetir a frase, é completamente diferente.
Vemos, portanto, que tanto a plena soberania de Deus como a verda-
deira responsabilidade humana são logicamente necessárias e ensina-
das pelas Escrituras, apesar de não compreendermos inteiramente como
ambas se harmonizam. Devemos estar satisfeitos em saber que Deus e
o relacionamento que ele mantém com o mundo são maiores do que
nosso entendimento.
O grande teólogo Agostinho de Hipona (354-430), sintetizou isso. Ele
disse: "O dogma é somente uma cerca em volta do mistério". Em ou-
tras palavras, as Escrituras nos guardam do erro, porém, embora elas
nos dêem a verdade, não podem nos dar a verdade plena pois Deus é
maior do que nosso limitado entendimento é capaz de compreender.
Há certas coisas q u e nós acreditamos apesar de não conseguirmos
entendê-las completamente ou explicá-las. Uma dessas coisas é a rela-
ção entre a soberania de Deus e a responsabilidade humana.
28
M a n t e n d o o equilíbrio
1. D E U S E O P R O B L E M A DO MAL
Vimos a partir dos exemplos de José, de Davi e da cruz de Cristo que
o mal não pode se expandir além da esfera da soberania divina. O
mal nunca destrona Deus. Em certo sentido, Deus está por trás tan-
to do bem como do mal (Isaías 54.16). Porém, devemos insistir nisso
—, ele não está por trás de ambos da mesma maneira. Embora o mal
não esteja fora do seu controle, Deus não é o autor do mal, nem nós
podemos responsabilizá-lo pelo mal. Leia Jó 1.10-12. Segundo essa
passagem, quem instigou Jó a pecar?
2. D E U S E ORAÇÃO
A Bíblia enfatiza a predestinação e soberania de Deus, mas igual-
mente mantém em alta consideração a eficácia das orações do cris-
tão. A oração é tão eficaz que alguns ctistãos a compararam à trombe-
ta de Deus anunciando a notícia de que ele está por realizar alguma
coisa. Deus nada realiza sem antes levar seus filhos a orar por isso.
29
Essa é uma maneira de considerar a eficácia da oração.
Em segundo lugar, a oração é tão eficaz que não é errado, de nosso
ponto de vista limitado, retratar a oração como sendo capaz de afetar
a vontade de Deus. Leia Gênesis 18.22-33. Em que consistiu a ora-
ção de Abraão?
3. D E U S E E V A N G E L I S M O
A soberania de Deus em salvar pessoas (Atos 16.14) não representa
desculpa para nos acomodarmos e nada fazer sob o argumento de
que "Se Deus quiser salvar pessoas ele não precisa da minha ajuda."
A soberania de Deus e nossa responsabilidade de pregar o evangelho
andam de mãos dadas. A soberania de Deus devia servir-nos de
encorajamento para levarmos adiante o árduo trabalho de evangelis-
mo. Foi assim que as coisas funcionaram para o Senhor Jesus (Mateus
11.25-30) e Paulo (Atos 18.9-11). Mantenha o equilíbtio. A soberania
de Deus significa q u e podemos confiar que ele proverá resultados.
Nossa tesponsabilidade consiste em fazer tudo o que podemos.
4. D E U S E NOSSA SALVAÇÃO
As doutrinas da tesponsabilidade humana e da soberania de Deus
são um enorme encorajamento para cada pessoa que busca Cristo.
Você ouviu o evangelho. Agora é responsabilidade sua arrepender-se
e crer. Você precisa chegar a essa decisão. Mas quando você dá as
costas à antiga vida e segue Cristo, é de grande encorajamento saber
que Deus está agindo em você e que a obra iniciada por Deus será
completada por ele (Filipenses 1.6).
30
Qual é a nossa responsabilidade segun-
do as palavras de Jesus em Marcos 1.15?
36
Consulte Atos 17.16 para verificar como algumas daquelas aspirações
se manifestaram em Atenas na época de Paulo.
DEUS FEZ UMA ALIANÇA COM ADÃO
Aliança é uma palavra amplamente empregada nas Escrituras. Basica-
mente, significa um comprometimento mútuo.
O capítulo 2 de Gênesis é extraordinário pela introdução do nome de
Deus na aliança: o S E N H O R (Trata-se do nome pessoal de Deus, não
apenas seu título, mas seu nome. Deus usou esse nome especialmente
quando estabeleceu aliança com seu povo. Veja Êxodo 20.2). Mesmo
que a palavra "aliança" não seja usada nesse capítulo, aparece esboça-
do aqui, no entanto, a primeira aliança entre Deus e o ser humano.
Nessa aliança do Éden, Deus deu muitos privilégios a Adão e Eva.
Confira-os você mesmo.
— E l e os colocou no paraíso
( " É d e n " p r o v é m d a palavra
hebraica para "deleite"; Gênesis
2.8).
— Ele lhes deu trabalho prazero-
so para fazer e os frutos do Éden
para comer (Gênesis 2.15-16).
— Não faltava para Adão e Eva
b e m nenhum de qualquer espé-
cie (Gênesis 2.9-14).
— As criaturas foram postas sob
o domínio e cuidado do ser hu-
mano (Gênesis 2.19-20).
— Foi dada a bênção do matri-
mônio para companhia e confor-
to (Gênesis 2.18,22-24).
— No É d e n foi dado o dia do
descanso (Gênesis 2.2-3).
— H o m e m e mulher desfruta-
vam vida e comunhão com Deus.
Não havia culpa ou vergonha no
Éden (Gênesis 2.25).
37
A Bíblia retrata o Éden como um antegozo do céu (compare Gênesis
2.9 com Apocalipse 22.2). Portanto, como as afirmações anteriores des-
crevem que o céu será uma experiência plena e prazerosa?
Todas essas foram dádivas da bondosa aliança de Deus com Adão. Po-
rém, também houve o lado da aliança que dizia respeito ao ser humano.
Deus deu ao ser humano muita liberdade (veja Gênesis 2.16), mas tam-
bém exigiu certas coisas de Adão e Eva, especialmente de Adão como
o cabeça da humanidade e da criação. Deus exigiu obediência pessoal,
perfeita e permanente a ele. Essa obediência foi especialmente testa-
da pela proibição de Deus ao homem e à mulher de não comerem do
fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal, sob pena de morre-
rem (Gênesis 2.16-17).
Por que Adão e Eva inicialmente não achavam pesado e lhes era bem
mais fácil obedecer a Deus do que é para nós?
38
Dessa maneira o pecado entrou no mundo. Os seres humanos torna-
ram-se culpados e envergonhados (Gênesis 3.10). Caíram sob o poder
da morte (Romanos 5.12), foram afligidos e expostos a muitos proble-
mas (Gênesis 3.14-24). Foram expulsos do paraíso e perderam a comu-
nhão com Deus que antes possuíam (Gênesis 3.23-24).
Resuma brevemente as mudanças ocorridas no mundo pelo manda-
mento de Deus e como punição do pecado.
39
Uma vez que Adão era o repre-
sentante de toda a humanidade,
suas ações afetaram também a
nós. Sua queda é nossa queda.
Além disso, pelo fato de todos
nós sermos d e s c e n d e n t e s de
Adão, as Escrituras retratam a
humanidade mais em forma de
uma árvore (falamos de árvores
genealógicas, por e x e m p l o ) :
Adão é o tronco da árvore e o res-
tante da humanidade são os ga-
lhos e ramos que saem do tron-
co. Mas de maneira oposta a uma plantação de milho, quando o ttonco
de uma árvore se quebra e cai, todo o resto — os ramos, os brotos e tudo
mais — cai com ele. Foi o que aconteceu com a humanidade em Adão.
Como o ensino bíblico de que toda a humanidade caiu com Adão pode
ser confirmado pelas nossas observações da vida do dia-a-dia?
40
nece em nós. Mas porque toda a natureza do ser humano agora está
manchada pelo pecado, ele é de todo inaceitável ao santo Deus e inca-
paz de fazer qualquer coisa que o agrade (Romanos 8.8).
Como isso se contrapõe à visão popular do ser humano?
Nossa relação com Deus está rompida (Gênesis 3.24; Efésios 2.12).
Estamos sob a ira de Deus (Romanos 1.18; Efésios 2.3).
Somos escravos do pecado e de Satanás (João 8.34; Efésios 2.2; Roma-
nos 6.16-20).
Possuímos um coração que natural-
mente rejeita Deus (Romanos 8.7;
Tiago 4.4).
Tudo o que as pessoas têm a fazer
para acabar no inferno é permane-
cer na condição em que estão (Lucas
16.22-26; 2 Tessalonicenses 1.9;
Apocalipse 20.12-15; 21.8).
Em resumo, estamos desesperada-
mente perdidos e nada podemos fa-
zer a respeito (Jó 14.14; Jeremias
13.23; João 3.6a).
Temos de encarar essas duras verda-
des porque um diagnóstico errado
conduzirá à uma prescrição errada
para a cura. A conclusão é que somente
Deus pode nos salvar. Não há abso-
lutamente n e n h u m a possibilidade
de nos salvarmos a nós mesmos.
Consideraremos isso mais detalhada-
mente no próximo estudo.
Você está de bem com Deus?
41
—
Conclusão
Em que aspectos o ser humano de hoje difere do ser humano quando
criado por Deus?
42
ESTUDO 5
O QUE ACONTECEU AO
SER HUMANO?
A expulsão de Adão do jardim do Eden deu expressão geográfica à
nossa separação espiritual de Deus como conseqüência da queda em
pecado de Adão. Conforme explicamos no último estudo, o pecado afe-
tou todas as pessoas.
Copie Romanos 3.23.
O q u e a c o n t e c e u ao ser h u m a n o em si?
A vinda do pecado atin-
giu e danificou cada
área da vida individual
e da personalidade. Por
causa do pecado, nossos
corpos agora estão ex-
posto à dor e ao envelhe-
cimento, e a morte do-
mina sobre nós. Mas isso
não é tudo. O h o m e m
interior também foi afe-
tado e corrompido.
No seu interior, o ser hu-
mano possui sua mente, sua von-
tade e suas afeições. As vezes falamos do "co-
ração" ao pensarmos no homem interior. De acordo com a
Escritura, o homem interior como um todo foi atingido pelo pecado.
43
1. A M E N T E E O P E N S A M E N T O DO SER H U M A N O FORAM
OBSCURECIDOS
Essa verdade nos é dita em textos como Gênesis 6.5; Romanos 1.28;
Efésios 4.18. O incrédulo afirma "Eu não compreendo", quando você
lhe fala sobre Cristo. O que você deveria fazer?
3. AS E M O Ç Õ E S E OS D E S E J O S DO H O M E M FORAM
C O R R O M P I D O S (Romanos 1.24-27; 2 Timóteo 3.4,6).
O que você diria a pessoas que estavam transgredindo os manda-
mentos de Deus e justificavam os seus atos, dizendo: "Como pode
ser errada uma coisa que nos é tão boa?"
44
O q u e a c o n t e c e u a o r e l a c i o n a m e n t o d o ser h u m a n o c o m D e u s ?
A comunhão e amizade que o ser humano possuía com Deus antes da
queda no Eden foram completamente destruídas.
1. O SER H U M A N O É H O S T I L A D E U S (Romanos 1.30; 8.7; Tiago
4.4).
Diante de tantas religiões existentes no mundo, agente poderia pen-
sar que isso não é verdadeiro. Mas a atitude real do coração não con-
vertido foi exposta no Calvário onde homens ímpios crucificaram o
Filho de Deus.
Antes de você tornar-se cristão, como demonstrava essa hostilidade?
45
O q u e a c o n t e c e q u a n d o o ser h u m a n o o u v e o e v a n g e l h o ?
O evangelho do Senhor Jesus Cristo é a boa nova para nós pecadores.
Mas sem a obra do Espírito Santo em nosso coração não há meios de o
ser humano responder ao evangelho! Quando ouve o evangelho:
1. O SER H U M A N O C O N T I N U A A SUPRIMIR A V E R D A D E (João
9.24-34; Atos 18.5-6; Romanos 1.18,21).
Por que o ser humano faz isso?
2. O S E R H U M A N O N Ã O C O M P R E E N D E O E V A N G E L H O
(Mateus 13.19; João 3.5-10; 1 Coríntios 2.14).
O ser humano o compreende falsamente, o reinterpreta à base de
suas idéias preconcebidas. Para exemplificar isso, veja o que aconte-
ceu a Paulo e Barnabé quando eles pregaram o evangelho em Listra
(Atos 14.8-18).
46
Como a psicologia moderna, tão popularizada, interpreta o evange-
lho e seus efeitos?
3. O SER H U M A N O C O N S I D E R A AS O F E R T A S DO EVANGE-
L H O T O L A S E SEM VALOR (1 Coríntios 1.18-25; João 18.37-38).
Tudo isso nos ajuda a compreender porque o evangelismo é trabalho
duro! Consulte 1 Coríntios 4.1-6 e encontre algumas das verdades que
encorajaram Paulo a continuar seus esforços evangelísticos.
47
C o m o pode haver alguma esperança?
Tudo parece terrível e desesperador? Se ficar por nossa conta, sim.
Mas não se desespere. Continue lendo!
Leia Marcos 10.17-31. Aqui encontramos uma pessoa que rejeita Cris-
to. Por quê?
Que palavras esse texto usa sobre o que acontece a alguém quando é
salvo? Compare o versículo 1 com os versículos 4-5.
48
Nossa salvação deve-se total-
mente a Deus e sua graça. Con-
sulte os seguintes textos q u e
confirmam isso:
Efésios 1.4-5; 1 Pedro 1.2-3.
A incapacidade do ser humano
de ajudar-se a si ou voltar-se para
Deus mostra a necessidade de
Deus agir em favor dele, movi-
do por graça e amor puros. Mas
como isso funciona? Começare-
mos a ver isso em nosso próxi-
mo estudo.
Conclusão
Enquanto você reflete sobre esse estudo, qual o papel da oração na
obra da pregação e do evangelismo?
O que você aprendeu com este estudo que o leva a querer humilhar-se
perante Deus?
49
ESTUDO 6
ELEIÇÃO E PREDESTINAÇÃO
Será útil você ler Efésios 1.1-14 antes de dedicar-se a este estudo.
E L E I Ç Ã O E P R E D E S T I N A Ç Ã O não são palavras inventadas por
teólogos. São palavras correlacionadas encontradas na Bíblia que apre-
sentam ênfases levemente diferentes.
Eleger significa fazer uma escolha. "Refere-se àquela obra da graça de
Deus pela qual ele escolhe indivíduos e grupos para um propósito ou
destino de acordo com a sua vontade" (Bruce Milne).
Leia 1 Pedro 1.1-2. De acordo com o versículo 2, com base em que
Deus faz a escolha?
A d o u t r i n a da eleição
O verbo grego para eleger é eklegomai. Ele
é usado tanto para os atos de escolha de
Deus como de Cristo. A preposição "ek"
do verbo mostra que originalmente a pa-
lavra indicava "escolher entre". Dentre
toda a humanidade caída, Deus escolheu
para si um povo.
50
Leia novamente Efésios 1.3-14. Copie Efésios 1.4.
2. Q U E M OU Q U E D E U S E S C O L H E U ?
Ao escrever aos cristãos de Efeso, a resposta de Paulo é que Deus
"nos" escolheu. Veja os versículos 4 e 11. Os cristãos são chamados
de eleitos de Deus. Leia Marcos 13.20 e Colossenses 3.12. Observe
como a história do mundo é afetada pelo cuidado de Deus pelos seus
eleitos.
3. C O M O D E U S OS E S C O L H E U ?
Ele os escolheu "em Cristo". Veja Efésios 1.4.
Na Escritura, fala-se que o Senhor Jesus Cristo é o primeiro grande
escolhido, o cabeça dos eleitos de Deus.
Leia Isaías 42.1-3. De acordo com Mateus 12.15-21, quem é "meu
servo" a quem se refere Isaías?
A eleição nunca deve ser separada de Jesus Cristo. Os eleitos são salvos
unicamente pela obra redentora de Cristo na cruz (Efésios 1.7). Todas as
bênçãos espirituais vêm aos cristãos por meio de Cristo (Efésios 1,3).
Uma das expressões favoritas de Paulo é "em Cristo".
4. Q U A N D O D E U S F E Z ESSA ESCOLHA?
Deus está atuando agora no mundo de acordo com um plano anteri-
ormente por ele traçado. Ele nos escolheu "antes da fundação do
m u n d o " (Efésios 1.4). Observe que não se tratou de uma questão de
Deus revisar seus planos depois dos acontecimentos de Gênesis 3!
5. Q U E E F E I T O S A E S C O L H A DE D E U S T E V E SOBRE OS
ESCOLHIDOS?
Causou os efeitos de eles serem levados a Cristo, adotados na família
de Deus, perdoados e declarados inculpáveis aos olhos de Deus pela
obra de Cristo e viverem vida santa (Efésios 1.4-5).
51
Leia Romanos 8.29-30. De acor-
do com esse texto, quais são as
conseqüências da eleição?
6. COM BASE EM Q U E D E U S
F E Z ESSA ESCOLHA?
Esse ato de eleger não é base-
ado sobre alguma coisa feita
pelos escolhidos e nem uma
resposta a algo que eles tives-
sem feito. Leia novamente Ro-
manos 8.29. O que esse versí-
culo aponta como razão da es-
colha de Deus?
52
A graça de Deus é inteiramente gratuita. Se a escolha de Deus não é
condicionada de forma nenhuma por coisa nenhuma naqueles por
ele escolhidos, que resposta podemos dar às pessoas que dizem:
"Nunca poderei ser salvo porque não sou o tipo de pessoa que Deus
escolhe"?
7. QUAL É O P R O P Ó S I T O F I N A L DE D E U S EM N O S
ESCOLHER?
De acordo com o que vimos no segundo estudo, o propósito é a pró-
pria glória de Deus (Efésios 1.6).
Se somos cristãos, possuímos o magnífico privilégio de sermos as pes-
soas escolhidas pelo Deus vivo para demostrar o quão maravilhoso
ele é.
O fato de a nossa eleição ser para a glória de Deus é realmente como
deve ser. Ele é Deus, e seria errado nossa eleição ter em vista qual-
quer outra finalidade (Romanos 11.36).
A l g u m a s objeções a c o n s i d e r a r
Dizer que nossa posição é tal que nada podemos fazer para salvar-nos e
que nossa redenção depende inteiramente da soberania de Deus e seus
propósitos em escolher é um pensamento bastante humilhante e só-
brio. Por isso, as pessoas muitas vezes fazem objeções sobre o ensino
bíblico da eleição e predestinação:
1. "JESUS E N S I N O U UM E V A N G E L H O S I M P L E S , PAULO O
C O M P L I C O U COM A E L E I Ç Ã O "
Algumas pessoas tentam jogar Paulo contra o Senhor Jesus Cristo e
dar a impressão de que o Senhor Jesus não ensinou a eleição. Mas,
além do grande erro implícito nessa idéia (jogar uma parte da Bíblia
contta outra), a acusação simplesmente não é verdadeira. Paulo não é
o único escritor do Novo Testamento que ensina a eleição (veja 1
Pedro 1.2; 2 Pedro 1.10; 2 João 1,13). Na verdade, o Senhor Jesus
fala seguidamente sobre a eleição nos evangelhos. Verifique algu-
mas das coisas que ele diz: Mateus 22.14; João 5.21; 6.37,39,65; 17.6.
53
2. "A E L E I Ç Ã O FAZ COM Q U E D E U S PAREÇA I N J U S T O "
Essa é uma objeção compreensível a qual devemos responder cuida-
dosamente. A Bíblia ensina claramente a predestinação. Mas, como
vimos no estudo 3, a relação entre a soberania de Deus e a escolha e
responsabilidade humanas é um grande mistério. Embora a eleição
pareça tornar Deus injusto, isso não é verdade (Deuteronômio 32.4).
Leia Romanos 9.19-21. Como Paulo responde a acusação de que Deus
é injusto na eleição de alguns e não de outros?
54
3. "A E L E I Ç Ã O N E G A O L I V R E - A R B Í T R I O H U M A N O "
Esse é um antiquíssimo quebra-cabeça que abordamos no estudo 3.
Pessoas falam freqüentemente do livre-arbítrio, mas a Bíblia não fala
do mesmo no sentido comumente aceito. Como vimos no estudo 3,
nosso relacionamento com o Deus soberano é mais complexo do que
podemos compreender. Ele é soberano e, ao mesmo tempo, nós so-
mos responsáveis.
De fato, quando a Bíblia fala da vontade do ser humano no contexto
da salvação, ela enfatiza sua escravidão, não sua liberdade. Nossa es-
cravidão moral e espiritual é uma das principais coisas das quais pre-
cisamos ser salvos.
Consulte João 8.34 e 2 Timóteo 2.25-26. De que o ser humano é
escravo?
Deus precisa agir primeiro e é isso que ele tem feito no seu amor.
A CONFISSÃO DE FÉ DE
WESTMINSTER
"Segundo a sua vontade... Deus es-
colheu em Cristo... os que são predes-
tinados para a vida... não por previsão
de fé ou de boas obras."
55
A CONFISSÃO DE FÉ BATISTA, 1689
"Deus predestinou (ou preordenou) certas pessoas... à vida eterna por
meio de Jesus Cristo."
56
ESTUDO 7
POR QUE JESUS CRISTO MORREU?
O apóstolo Paulo escreveu a partir de sua perspectiva de vida pessoal:
"Mas esteja longe de mim gloriar-me, senão na cruz de nosso Senhor
Jesus Cristo" (Gálatas 6.14). Referindo-se à sua pregação do evange-
lho, escreveu: "Porque decidi nada saber entre vós, senão a Jesus Cris-
to e este crucificado" (1 Coríntios 2.2). O grande propósito do culto de
comunhão da igreja ou ceia do Senhor, instituído pelo Senhor Jesus na
noite em que foi traído, é que nós nos lembremos da "morte do Se-
nhor, até que ele venha" (1 Coríntios 11.26).
Leia Êxodo 3.5 e 19.10-13. O que havia no Senhor para que as pessoas
devessem tomar o máximo de cuidado ao aproximar-se dele?
57
Consulte Jó 42.5-6 e Lucas 5.8. O que havia no Senhor que levou Jó e
Pedro a sentirem-se tão miseráveis e impuros na presença de Deus?
58
Como esses dois textos podem ser considerados equivalentes na
expressão da lei moral? Busque ajuda em Romanos 13.8-10.
•0
As dores de quem Cristo carregou? (versículo 4)
62
Por trás disso tudo há o extensivo cenário do Antigo Testamento. Deus
estabeleceu a cruz no contexto do Judaísmo do Antigo Testamento para
mostrar como a morte de Cristo deve ser interpretada. Alguns desses
quadros do Antigo Testamento são:
1. O C A R N E I R O DE ISAQUE (Gênesis 22.1-19)
Consulte especialmente Gênesis 22.13. Copie a expressão que fala
do carneiro sendo oferecido como substituto.
63
Seus santos dedos desenvolveram o galho
Onde cresceram os espinhos que o coroaram
Os pregos que o feriram foram extraídos
De veios secretos por ele formados.
Conclusão
Reflita sobre o que você aprendeu neste estudo e use esse ensinamento
na oração, na adoração e no louvor ao Senhor.
64
ESTUDO 8
POR QUEM CRISTO MORREU?
No estudo anterior, vimos que o Novo Testamento ensina que o Se-
nhor Jesus, com seu sacrificio substitutivo na cruz:
— de fato redimiu as pessoas das conseqüências dos seus pecados
(Gálatas 3.13);
— de fato afastou a justa ira de Deus contra os pecadores (Romanos
3.25; 1 João 4.10);
2. POR A L G U N S P E C A D O S DE T O D O S OS S E R E S H U M A N O S
Mas se Cristo não tirou a dívida total do pecado do individuo, isso
significa que a salvação de uma pessoa depende, no mínimo, em par-
te de sua própria habilidade de expiar o pecado e satisfazer as santas
exigências de Deus.
Está claro que o Espírito Santo habilita os crentes a vencer o poder
65
do pecado em sua vida, mas a Bíblia opõe-se a qualquer pensamento
que sustente a mínima contribuição de méritos humanos para a obra
da salvação como tal.
Leia Romanos 3.27 e Efésios 2.8-10. Por que são excluídas as "obras"
realizadas por nós, segundo esses versículos?
Hebreus 10.14. A quem Cristo tornou perfeito aos olhos de Deus por
seu sacrifício?
66
A divina foi paga, de uma vez por todas.
A l g u m a s objeções e alguns e s c l a r e c i m e n t o s
1. Obviamente, há textos no Novo Testamento que parecem ensinar
que Cristo morreu em favor de "todos" ou "de cada um", mas deve-
mos ler essas palavras no seu contexto. Se você pensar a respeito
disso, vai concordar que muitas vezes usamos essas palavras em
sentido limitado e não universal.
Como exemplos, consideremos duas passagens.
Primeiro, consulte 2 Coríntios 5.14-15. O que distingue os "todos"
pelos quais Jesus morreu, segundo o versículo 15?
67
Segundo, consulte Hebreus 2.9-13. Observe a ligação existente en-
tre "todos" (versículo 9), "muitos filhos" (versículo 10), "irmãos"
(versículos l i e 12), "filhos" (versículo 13) e "salvação deles"
(versículo 10). Agora, quem são "todos" mencionado no versículo 9?
6
e ser salvo". O chamado é: "Crê no Senhor Jesus Cristo — e se
você crê, então é um dos eleitos de Deus". A morte de Cristo foi
em favor de todos no sentido de que todos os que crêem serão
salvos por ele.
b) Há outro aspecto universal na morte de Cristo: sua morte adquiriu
o dia da graça para todas as pessoas. O fato de Deus haver permi-
tido que a História do mundo continuasse após a queda foi para
que o pecado continuasse e se desenvolvesse. Ele podia ter colo-
cado um ponto final, destruindo o mundo. Mas Deus quis que a
História continuasse para que seus propósitos salvíficos fossem
realizados. A morte de Cristo comprou do tribunal de Deus o adi-
amento do juízo.
E dessa maneira que alguns textos das Escrituras falam da morte
de Cristo por aqueles que estão perdidos. Por exemplo, 2 Pedro
2.1 fala de falsos profetas sendo "resgatados" pelo Senhor.
O adiamento do juízo é uma das coisas que está por trás do pensa-
mento de Paulo em Atos 17.30 e Romanos 3.25.
À luz do que acabamos de ver, reflita sobre os seguintes versículos e
diga como você acha que eles devem ser entendidos.
1 Timóteo 4.10
1 Timóteo 2.6
1 João 2.2
69
P o r q u e a d o u t r i n a da e x p i a ç ã o limitada é i m p o r t a n t e ?
1. Ela é importante porque destaca que Jesus nos salva de fato. A obra da
salvação foi completada e acabada sobre a cruz de uma vez por todas
(João 19.30; Hebreus 9.26). O Senhor Jesus Cristo fez tudo o que era
necessário para salvar aqueles que crêem. Por isso, podemos regozi-
jar-nos na nossa segurança em Cristo.
Em que ocasiões de nossa vida cristã o pensamento da completa re-
denção nos é de especial conforto?
2. Ela é importante porque nos diz que nós, cristãos, podemos afirmar
para nós próprios: "Jesus me ama". Quando Cristo morreu na cruz,
ele não morreu por uma massa de indivíduos anônimos. Ele morreu
em favor de seus escolhidos. Ele suportou nossos pecados. O cristão
pode ter certeza de que "Cristo morreu por mini".
Leia Gálatas 2.20. Q u e efeito a realização dessa obra teve sobre o
apóstolo Paulo?
Pelo fato de nos ter dado isso, a dádiva mais cara e maior, ele dificil-
mente deixará de nos dar coisas menores, não é mesmo? Isso é de
grande encorajamento para a nossa fé!
Conclusão
Leia o parágrafo abaixo e medite sobre a morte de Cristo na cruz à luz
dessa leitura.
70
71
ESTUDO 9
COMO A GRAÇA DE DEUS VEM A NÓS
"Que devo fazer para ser salvo?" Essa foi a pergunta que o carcereiro
de Filipos fez a Paulo e Silas (Atos 16.30). Ele tinha se dado conta
desesperadamente da fragilidade de sua vida quando um terremoto
sacudiu os alicerces da prisão. Tendo visto o que Jesus realizou pelos
pecadores e percebendo a fragilidade de nossa vida, essa é uma per-
gunta que nós também devíamos nos fazer.
A graça de Deus provê perdão para os pecadores por meio da morte de
Cristo. Ele nos leva a conhecer Deus e nos torna aceitáveis a ele por-
que somos redimidos às custas de Cristo. Mas como essa graça — esse
perdão, essa vida espiritual — se torna efetiva em nossa vida?
F é pessoal
1. D E U S N O S T R A T A
COMO INDIVÍDUOS
A primeira coisa na qual
a Escritura insiste é que
a salvação é pessoal. Ter
nascido num país "cris-
tão" o n d e facilmente
podemos ouvir o evan-
gelho, ser parte de uma
família cristã onde a Bí-
blia é lida, acompanhar
a cada domingo o povo
à igreja — todas essas são coisas boas mas são insuficientes para nos
salvar. Para que o perdão e a vida espiritual sejam nossos, Deus pre-
cisa lidar com cada um de nós particularmente.
Como Jesus enfatizou isso ao mestre religioso, Nicodemos, em João
3.1-8?
2. O Ú N I C O M E D I A D O R
Em segundo lugar, podemos perguntar: "Como é possível que as
pessoas possam tratar com Deus no nível pessoal, individual? Não
precisamos de alguém que atue como intermediário? O dogma cató-
lico-romano sempre considerou a igreja como uma espécie de inter-
mediária entre Deus e os pecadores, e concede a graça como se fosse
um tipo de substância espiritual levada até o indivíduo pelos sacer-
dotes e sacramentos. Portanto, a visão católica tradicional tem sido a
de que não pode haver salvação fora da Igreja Católica Romana.
Mas a Bíblia ensina que Jesus Cristo é nosso sacerdote. Ele é o único
intermediário entre Deus e os seres humanos. Assim, conhecendo as
promessas de Deus no evangelho, somos convidados a ir diretamen-
te a Deus por intermédio de Cristo.
Copie 1 Timóteo 2.5
3. FE S O M E N T E
Consulte Atos 16.30-31. Qual foi a resposta do apóstolo Paulo ao ho-
mem que lhe perguntou: "Que devo fazer para que seja salvo?"
Recebemos perdão e vida espiritual de Deus quando o Espírito Santo
atua em nosso coração para conduzir-nos à fé no Senhor Jesus Cristo.
Verifique isso, consultando João 3.16; Romanos 3.22; 5.1.
O ensino bíblico da salvação pela fé é uma surpresa para muita gente.
As pessoas tendem a pensar a respeito da religião em termos de con-
quistar um lugar no céu sendo boas e obedecendo regras. O cristianis-
mo é popularmente entendido como se consistisse de cidadãos que
observam as leis, que levam vidas retas e são gentis com seus vizinhos.
Porém, isso é uma falsa compreensão e significa colocar o carro à frente
dos bois.
A Bíblia ensina categoricamente que não somos salvos por nossas boas
ações (Romanos 3.20). Elas nunca seriam boas o suficiente aos olhos do
santíssimo Deus, e nós sabemos disso. Não merecemos a salvação. Mas
o maravilhoso ensino do evangelho é que Cristo obteve, por seus méri-
tos, salvação para nós; ele a adquiriu para seu povo com seu sangue. A
ele pertencem as pessoas que possuem fé nele. Somos salvos pela fé
em Cristo.*
Uma vez salvos e conhecedores da alegria do perdão de Deus, deseja-
remos viver de maneira agradável a ele por gratidão ao seu amor. No
entanto, não são as boas ações, mas a fé, simples confiança pessoal em
Cristo, que traz salvação.
Em Gálatas 2.15-16, Paulo diz que a salvação vem pela fé somente e
não por boas obras. Leia esses versículos e depois tente reescrevê-los
em suas próprias palavras.
*Você encontrará algumas vezes na Escritura q u e o critério para a salvação é a fé (Atos 16.31),
às vezes a r r e p e n d i m e n t o (Lucas 24.47) e outras vezes a r r e p e n d i m e n t o e fé (Marcos 1.15;
Atos 20.21). A razão disso é q u e a r r e p e n d i m e n t o e fé são parte e parcela da mesma coisa; eles
são os dois lados da mesma moeda.
Verdadeira fé é o voltar-se da alma em confiança ao Senhor. Mas o voltar-se sincero ao
Senhor envolve necessariamente o afastamento do pecado e do ego. Portanto, verdadeira fé
inclui a r r e p e n d i m e n t o .
Verdadeiro a r r e p e n d i m e n t o significa dar as costas ao pecado, entristecido pela vida do
passado, e perseguir na prática o q u e é justo e bom. Mas s o m e n t e p o d e m o s perseguir o que
é justo q u a n d o confiamos no Senhor e o servimos, ele que é a fonte de toda justiça e bem.
Portanto, verdadeiro a r r e p e n d i m e n t o inclui fé.
R e c e b e m o s a graça de D e u s s o m e n t e pela fé. Fé é o voltar-se da alma para agarrar-se ao
Senhor pela fé em Cristo e na sua obra redentora q u e traz salvação ao indivíduo.
74
Martinho Lutero redescobriu o fato de que Deus dá graça diretamente
por meio da fé sem a mediação da igreja e sem o nosso merecimento
dela pelas nossas "boas obtas". Essa redescoberta conduziu ao grande
reavivamento espiritual, à verdade e à alegria, conhecidos como a Re-
forma. O simples prazer de saber que ninguém é ruim demais ou está
longe demais para ser salvo por Cristo ao vir a ele em fé, varreu todo o
continente europeu e mudou o curso da História. Sola fide ("fé somen-
te") foi o grito de guerra da Reforma.
C o m o c h e g a m o s à fé?
Algumas pessoas ensinaram que todos os seres humanos possuem, por
natureza, a habilidade de crer em Cristo se assim o escolherem. Essa
idéia é chamada de pelagianismo, por causa de Pelágio, um monge bri-
tânico, que fez essa proposição durante os séculos IV e V.
Mas leia 2 Coríntios 4.4. Como esse versículo mostra que o pelagianismo
está errado?
Outros ainda sustentam que o Espírito Santo atua de tal maneira nos
eleitos de Deus que muda a natureza deles fazendo com que queiram
confiar em Cristo e assim fazem. Evidentemente, por causa da nossa
75
condição de decaídos, todas as pessoas resistem ao chamado do evan-
gelho, mas por essa "graça irresistível" ou "chamado eficiente" de Deus,
a mente, o coração e a vontade do ser humano são mudados de modo
que ele alegra-se em confiar no Salvador. Historicamente esse ponto
de vista é chamado de calvinismo, por causa do reformador francês do
século XVI.
76
As v e r d a d e s básicas e textos da E s c r i t u r a
Em primeiro lugar, observe como essa verdade do chamado eficiente
se enquadra novamente em tudo o que vimos até aqui. Se os seres
humanos são espiritualmente cegos, mortos e incapazes de se salvarem
a si próprios por causa do pecado; se Deus em sua graça tem o propósi-
to de salvá-los e se Cristo morreu a fim de obter salvação, então segue-
se logicamente que Deus também deve prover os meios para chamá-
los aos benefícios da salvação que lhes preparou. Deus efetivamente
chama os eleitos à vida espititual e ao perdão.
Em segundo lugar, isso não apenas é lógico, mas é o ensino das Escrituras.
1. A obra do Espírito Santo é absolutamente necessária para sermos
capazes de ver a verdade do evangelho e crer (João 3.3; 1 Coríntios
2.12).
2. Fé não é simplesmente nossa resposta a Cristo: é um dom que Deus
nos concede (Mateus 16.17; Efésios 2.8; Filipenses 1.29).
Pense no ensino de Efésios 2.8. Por meio de que somos salvos?
77
Como essa graça vem a nós?
Como o versículo 37 nos mostra que Jesus sabia que a graça de Deus
é irresistível?
2. N O V O N A S C I M E N T O
Consulte João 3.1-8; 1 Pedro
1.3,23. De que maneira um
bebê pode contribuir para dar
vida a si mesmo?
Porém, tendo visto que a vocação eficaz é obra de Deus e que sem a
ação divina as pessoas não podem ser convertidas, seria errado concluir
que por isso não deveríamos exortar pessoas a voltarem-se para Cristo
ou ordenar a elas que se arrependam e creiam. (Lembre-se do estudo 3
a respeito da soberania de Deus e a responsabilidade humana.)
Leia Mateus 11.25-30. Nosso Senhor Jesus Cristo sentia-se feliz em
afirmar a verdade da soberania de Deus na salvação (versículos 25-27)
junto com a livre oferta do evangelho a todos os que viriam a ele
(versículos 28-30).
Conclusão
Com base no que aprendemos nesse estudo, como você encorajaria um
amigo não-cristão que veio a você e disse que desejaria ter uma fé como
a sua e que gostaria de cter mas não consegue?
79
As verdades aprendidas levam o cristão a empenhar-se no evangelismo
com esperança e com oração. Não podemos levar pessoas à fé em Cris-
to, mas Deus pode!
C. H. Spurgeon diz: "A cruz de Cristo não está erguida ali simplesmente para
cada pessoa olhar para ela, e então deixar para o acaso se pessoas irão ou não
olhar. A cruz está ali livremente para cada alma que vive, todavia, Deus deter-
minou que ela não seja negligenciada. Há um número que ninguém pode contar
que deverá, por graça irresistível, ser levado a abraçar aquela cruz como a espe-
rança das suas almas. Jesus não terá morrido em vão. Deus dará vontade a
seres humanos no dia do seu poder.
80
ESTUDO 10
OS SINAIS DA GRAÇA
Como alguém pode ter certeza de
que foi salvo?
Q u a n d o nos tornamos cris-
tãos, conhecemos, até certo
ponto, a maravilhosa experi-
ência subjetiva do Espírito
Santo testemunhando ao nos-
so espírito que somos filhos
de Deus (Romanos 8.16). O
Espírito Santo, em nosso co-
ração, nos assegura da verda- .
de das promessas salvadoras
de Deus e nos leva a nos apoi-
armos nelas.
Mas além dessa experiência
subjetiva, há mudanças objetivas em nossa vida as quais evidenciam o
fato de que fomos salvos. Nosso pensamento, nossos desejos e nosso
comportamento começam a mudar por amor a Cristo. Tais mudanças
atestam a presença do Senhor em nossa vida. Uma pessoa salva começa
a mostrar esses sinais da graça.
Esse processo de mudança não suprime ou sufoca nossa individualida-
de. Na verdade, ele nos traz grande bênção ao sermos renovados e nos
tornamos as pessoas que Deus quis que fôssemos.
Para que grande mudança Deus nos predestinou? (Romanos 8.29)
í
Cristo é o santo Filho de Deus, e quando nos tornamos cristãos nossa
vida começa a mudar de tal maneira que também passamos a viver vida
santa como ele. Esse processo de mudança varia, até certo ponto, de
cristão para cristão, mas devia ficar claro que o processo de mudança
para tomar-se mais semelhante a Cristo começou e está continuando.
O crescimento e a mudança para sermos semelhantes ao Filho de Deus
são sinais de que estamos espiritualmente vivos.
Outra maneira de encarar isso é dizer que nos tornamos cristãos pelo
arrependimento e pela fé. E arrependimento e fé implicam mudança.
Nunca seremos perfeitos até alcançarmos o céu, e assim nossa cami-
nhada cristã neste mundo é de arrependimento e fé contínuos (Mateus
6.12).
Copie as instruções de Paulo para a vida cristã conforme expressas em
Colossenses 2.6-7.
O s sinais d a g r a ç a n o N o v o T e s t a m e n t o
Como o Novo Testamento descreve os sinais da graça? Diferentes pre-
gadores e escritores no Novo Testamento abordam de maneiras dife-
rentes o assunto dos sinais da graça na vida de pessoas. Todos falam do
mesmo assunto, mas usam maneiras diferentes de expressá-lo e dão
diferentes ênfases. Tentemos observar um quadro geral das principais
maneiras nas quais a graça de Deus toma-se visível na vida de pessoas.
82
3. O cristão é uma pessoa que vive uma vida de evidente testemunho
de Deus (Mateus 5.14-16).
Não é fácil viver declaradamente para Cristo. Mas por que somente
uma fé que dá testemunho é fé verdadeira? (Veja Mateus 10.32-33).
84
ajudar-nos a ter mais sucesso." O que há de errado nessa afirmação,
segundo Mateus 6.19-24?
O escritor da epístola aos Hebreus pode não ter sido Paulo, mas consul-
te Hebreus 6.9-12. Ao falar das "coisas que acompanham a salvação", o
85
autor enfatiza as mesmas três virtudes. Até quando ele diz que essas
virtudes persistem na vida cristã?
O APÓSTOLO JOÃO
João escreveu sua primeira carta para que as pessoas tivessem certeza
de que elas realmente eram pessoas cristãs salvas (1 João 5.13).
Como João deixa bem claro que nenhum cristão é perfeito nesta vida?
(1 João 1.8-10).
Se o cristão cai em pecado, o que ele deve fazer? (1 João 1.7; 2.1-2)
86
Os sentimentos do cristão mudaram — ele ama Deus e ama outros cris-
tãos. Verifique isso em 1 João 2.10; 3.14; 4.7,19-21.
Tudo isso mostra a presença do Espírito Santo em nossa vida (1 João
3.24; 4.13).
Como esse ensino sobre a mudança da mente, da vontade e do coração
do cristão se enquadra no que vimos no estudo 5 sobre a queda do ser
humano?
A CARTA DE TIAGO
Consulte Tiago 2.14-26. De acordo com Tiago, como a fé genuína se
mostra na vida de alguém?
87
O APOSTOLO PEDRO
Consulte 2 Pedro 1.5-11. Como Pedro relaciona a mudança na vida de
uma pessoa e o crescimento no caráter cristão ao decreto da eleição de
Deus?
Conclusão
Como você resumiria o ensino do Novo Testamento sobre os sinais da
graça na vida do cristão?
88
ESTUDO 11
PRESERVAÇÃO E PERSEVERANÇA
Vimos que a Bíblia provém de Deus e trata fundamentalmente a res-
peito de Deus. Ela também nos fala a respeito do ser humano. Ela nos
diz que, embora o ser humano tenha sido criado originalmente à ima-
gem de Deus, ele agora está completamente caído e é incapaz de sal-
var-se a si e até mesmo de perceber essa sua necessidade.
Na eternidade, Deus escolheu salvar uma grande multidão dentre a
humanidade rebelde. Cristo fez expiação na cruz para esses pecadores
eleitos. Deus, por sua vez, efetivamente chama cada um deles e o leva
à fé em Cristo e assim para a experiência da salvação.
89
O QUE APRENDEMOS ATÉ AQUI TORNA CLARA A SEGURANÇA DO
CRISTÃO
Deus o Pai se propôs salvar seu povo em favor de quem Cristo morreu
e em quem o Espírito Santo realiza o novo nascimento. Se algum dos
que Deus se propôs salvar sucumbir e não chegar ao céu, então a onis-
ciência de Deus terá fracassado e ele não é mais onipotente e não pode
ser Deus!
Leia Isaías 46.9-10. Qual é a "boa vontade" de Deus?
Se Deus não cumprisse essa promessa, que implicações isso teria para
ele?
Uma vez compreendido que Deus é soberano e que ele se propôs sal-
var seu povo, fica claro que todos os cristãos verdadeiros estão eterna-
mente seguros.
Ele pagou um preço muito alto; é impossível pensar que ele desperdi-
çaria o preço. Se o seu poder pode salvar os ímpios, então é suficiente
para guardar os crentes!
90
EMBORA CRISTÃOS FALSOS POSSAM E IRÃO SE PERDER, ISSO NUN-
CA PODERÁ ACONTECER COM O VERDADEIRO CRISTÃO
Às vezes as Escrituras falam de pessoas que chegam ao seio da igreja, e
que nos final se perdem, mas sempre fica claro que, embora tais pesso-
as tivessem uma aparência de fé, na verdade nunca submeteram-se
verdadeiramente a Cristo e não eram cristãos reais.
Leia a parábola do semeador em Marcos 4.1-20. Quem são os cristãos
reais e quem são os "cristãos temporários"?
Veja os versículos 16-19. Quais são os motivos pelos quais esses "cris-
tãos temporários" desistem da fé?
Seja qual for a experiência que eles tiveram com o evangelho, eles nunca
91
se submeteram a Cristo a ponto de, quaisquer que fossem as provações
ou outras atrações, ficar firmes nele. O âmago do seu coração de fato
nunca foi mudado. Na realidade nunca foram cristãos.
Leia Hebreus 6.4-12. Essa passagem fala da queda daqueles que tiveram
algum tipo de experiência com o Espírito Santo. Como o escritor descreve
a experiência religiosa que eles tiveram antes de se desviarem?
Tais pessoas são cristãos falsos. O escritor continua explicando que cris-
tãos verdadeiros experimentam coisas melhores — "coisas que acom-
panham a salvação". Como ele mostra crer que, onde os sinais da graça
de fato estão evidentes, tal pessoa nunca se perderá?
Veja João 5.18. Q u e m guarda aquele cuja vida não é mais dominada
pelo pecado?
93
Consulte João 17.1-3. Em que sentido a vida eterna difere da morte
eterna?
Consulte Efésios 1.4-6. Pode alguém que agora está "em Cristo" tor-
nar-se em algum momento inaceitável a Deus?
Conclusão
Os cristãos nunca poderão se perder. Deus nos levará em segurança ao
novo céu e à nova Terra. Essa verdade é motivo de inexprimível con-
forto para filhos de Deus. Se você é um filho do Deus vivo, não viva
como um órfão! Ande em comunhão com seu Pai. A verdade da segu-
rança etetna não significa que tomemos a salvação como algo natural e
vivamos vida ímpia: mostramos que somos filhos dc Dzvs nela santida-
94
de — e que privilégio isso é! A
única conclusão adequada é nos
curvarmos h u m i l d e m e n t e em
adoração e louvor pela grandio-
sa graça que Deus mostrou para
conosco.
95
LEITURAS PARA APROFUNDAMENTO
1. Bases da Fé Cristã (3 vol.) — Ludgero Braga
2. Breve Catecismó, O
3. C â n o n e s de Dort, Os
4. Catccismo Maior, O
5. Confissão de Fé de Westminster, A
6. Escolhidos em Cristo — Samuel Falcão
7. Glória de Cristo, A — R. C. Sproul
8. Mistério do Espírito Santo, O — R. C. Sproul
CITAÇÕES
\. Works of Richard Sibbes, editado por Alexander B. Grosart, Vol. 1, Banner of Truth Trust,
1973 reeditado, p. 413.
2. T h o m a s Watson, A Body of Divinity, Banner of Truth Trust, 1975 reeditado, p. 14.
3. B. B. Warfield, Selected Shorter Writings, editado por John Meeter, Vol. 1, Presbyterian and
Reformed, 1970, p. 104.
4. C. H. Spurgeon, Metropolitan Tabernacle Pulpit, Vol 33, Banner of T r u t h Trust, 1969
reeditado, pp. 198-199.
5. Richard Baxter, Call to the Unconverted, Evangelical Press, 1976 reeditado, pp, 42-43.
6. Martin Luther, Sermons on the Gospel of St. John, Chapter 6-8 (trad. M. PL Bertram), Concordia
Publishing H o u s e , St. Louis, 1959, p. 36.
7. B. B. Warfield, The Plan of Salvation, E e r d m a n s , edição revisada, 1936, pp. 73-74.
8. Citado em Henry Gariepy, 100 Portraits of Christ, Victor Books, 1987, p. 20.
9. The Works of John Owen, editado por William H. Goold, Vol. 10, Banner of Truth Trust, 1 967
reeditado, p. 285.
10. M a t t h e w Poole, A Commentary on the Holy Bible, Vol 3, Banner of Truth Trust, 1963
reeditado, p. 921.
11. Gardiner Spring, The Attraction of the Cross, Banner of Truth Trust, 1983, p. 34.
12. B. B. Warfield, The Plan of Salvation, pp. 48-49.
13. B. B. Warfield, Selected Shorter Writings, Vol. 2, p. 726.
14. C. H. Spurgeon, New Park Street Pulpit, Vol. 6, Banner of Truth Trust, 1964 reeditado,
p. 256.
15. J. I. Packer, Keep in Step with the Spirit, Inter-Varsity Press, 1984, p. 104.
16. C. H. Spurgeon, Metropolitan Tabernacle Pulpit, Vol. 26, Banner of Truth Trust, 1971
reeditado, p. 476.
96