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Edigoes Salesianas Ps P. HUGUET, S. M. PENSAMENTOS CONSOLADORES DE SAO FRANCISCO DE SALES wt 4 Vorae idl cone vibes aL PENSAMENTOS to CONSOLADORES §. FRANCISCO DE SALES senate svntn rusts soos ea wet | pelo Pe, P, HUBUET S. M. VERSAO PORTUGUESA POR VASCO DE MACEDO io hi litre mals th do quo a de 8. Francisoo de Sales; tudo ali 6 consolador ¢ amavot, venstos, inaels ML Sea BIBLigi ec ag Pq. Agosimianas - Franca - SP. ~ SAO PAULO Escolas Profssonais Salesianas ot Lnaria Salosiana Editira eeu Corato de esus Largo Coragae de Jesus CoM APROVAGAO ECLESLASTIOA PERMISSAO DOS SUPERIORS NIM, onNTAT. 8. Pati, 802 Oetobris 1925. Gas, Dn. Joausns Mawnixs LADeraa IMPRIMATUR Moxs, Perera Bankos ‘Vigéelo Geral Aloverténcia Bste livro & um tesouro. Nao 0 digo eu; di-lo Bossuet, Féneton, Bourdaloue, man eo proprio Pio IX. Esgolaram-se rapidamente treze edighes em Franca e cada uma do alguns mithares de exemplares; isto diz bastante. A suavidarle, a candura, 0 perfume da santidade mais exeelea resplendem nas suas pdyinas de ouro. De resto, pronunciando-se 0 nome do amdvel santo de Gonebra, esta tudo dito. ‘S. Francisco de Sales tinka um dom sublime para encaminhar as almas a perfeiedo; era éste sobretudo 0 seu dote partioutar, Waste livro precioso encontra-se a consolago que livia tantos eoragbes dilacerados ¢ 0 canselho que oncaminhe tantas conseiéneias timoratas. O fim do Angélico Doutor é, segundo a opinido do Pe. Huguct, mostrar que 0 jugo do Senhor & doce Onald éste livro possa contrabalangar quanto pos- strel a divulagio de tantas obras desmoratizadoras @ pérfidas. Raw Vasco pp Maceno PROLOGO ‘Troze edigbes déste livro, sem contar as traduedes, publicadas em poueo tempo, dirio mais do que tudo quanto pdéramos dizer a propésito da popularidade de 8, Francisco do Sales em Franea. Bastantos coragSes enformos ou feridos pela morte eneontraram nestas tocantissimas piginas uma consola- fo celeste. Animado por éste sucesso, cuja gléria reverte para Dous © para 0 sou bom-avonturado sorvo, percorremos de novo, com a pena na mio as obras do Santo Bispo de Genebra, para analisar com cuidade tudo 0 gue po- deria ter escapado a uma pequena Jeitura. Néo foi indtil © nosso trabalho; recolhemos novas flores, cuja virtudo e perfume nada codem As primeiras. Para as colocar nesta ediciio retiramos diversos ca- pitulos, que s@ nao referiam tanto ao assunto do I nos ficou disso pezar, porque os publicamos nova. mente e completamos nos soguintes volumes: A Pie dade consoladora de 8. Francisco de Sales — 0 Més de Maria Inaculada de 8. Francisos de Sales ¢ as Pirolas de S. Francisco Sales ou os seus pensamentos mais formosos sobre o amor de Deus. Estas trés obras formam um curso completo de consolagdes para tOdas anedes da vida. Permitam-nos quo citemos mimeros da Biltiografia Catétioa que contém am artigo sbbre os Pensamentos wonsoladores. _— +36 0 titulo désto livro basta para agradar ou gran- gear-the um grande mimero de leitoros. Quantas almas, hojo om dia, nocossitam ser consoladas ¢ animadas! A falta de contianga ¢ 0 obstfculo mais comum e inais dificil de vencer na obra do apostolado cristo. <0 dosglonto é a grande doenga da nossa época, porque geralmente a vida crist8, a santidade apresenta- se-nos como wma montanha escarpada, que poucas pes soas podem subir; desesperando de chezar a0 cume, fi- amos muito longe, em campo Taso, Basta 0 nome de santidade para fazer tremor. As Vidas dos Santos, que deveriam animar, desa- sam pelo conirario, pelo quaslro das virtudos horGieas; eonelui-se voluntiriamente quo tal estado de perfei- (Ho 86 pdde ser 0 apandgio dum pequeno mimero 6 que se fiea afastado do caminho da santideds 56 polo temor de o nfo poder seguir. «Dentro tOdas as obras que publicamos hé mais de quarenta anos, nenhuma merecou tantos aplausos das pessoas piodosas, que acharam nos Pensamentos conso- Iadores do mais amével dos Santos, consideragBes, mé- sximas, rogras quo dilataram 0 coracko dos escrupulosos, roanimaram os esp{ritos timoratos, consolaram os doontes © aflitos © mostraram a todos como 0 Jugo do Senhor é doce e suave. Possa essa nova odigfio, aumentada, fazer ainda maior bem aos que meditarem ossas paginas to suavos, inspirando-lhes 0 pensamonto de rogar por nés as trés pessoas da Santa familia, cujo culto 0 nosso Santo traba- Thou por dilatar por meio dos sous exemplos @ escritos. Pe. Huguot INTRODUCAO fe Saioe so sholos de gragns ¢ de experidncie, Fenaion A grande molestia da nossa época, 6 0 desalonto. Os caracteres, bem como os temperamentos, degenera- ram © enfraquoceram singularmonte, A falta do confian- ¢a, todos concordam em |dizel-o, 6 o obstéculo mais comum © mais diffeil do voncer para todos os que tra- ‘balham na conversio dos pecadores e santificagio das almas piedosas. © grande mal que o jansenismo produziu no meio do nés ainda nio desapareceu de todo; muitos creem sempre que 2 perfeigflo consisto unicamonte em tomer fa Deus @ ter médo de Aquéle que na sun misericérdia infinita nos permite que Ihe chamemos Nosso Pai e Bom Deus. ‘A maior parto dos autores no esereveram nas ‘vidas dos saotos senfio a narragio das suas virtudes horGieas, sem dizorom uma 86 palavra dos defeitos e mi- s6rias, que Dous Jhes deixara para os conservar na humildade @ os tornar mais indulgentes para com seus irmios; e, no entanto, a historia das suas fraquezas, segundo a judiciosa opinifo de §. Francisco de Sales, teria feito o maior bem a Gste niimero de almas que pen- 0 = sam que a santidade péde 6 deve ser, ainda neste mun- do igenta do tdda a liga ¢ imperfeigiio. para remodiar, tanto quanto em nossas foreas caiba, a dstos ineonvenientes, que recolhemos textual- mente nas obras do mais adordvel e mais dooe de todos og santos, as passagens mais proprias para osclarecer ag almas piedosas e dilatar os coragdes fechados pelo temor. Os escritos do 8. Francisco de Sales yeem a pro- pdsito em tempos de prova e infortinio. A alma res} ra af uma atmosfera de forcn © serenidade recobrada, quo a fortalece ¢ reanima. A doutrina 6 santa, protunda © vigorosa, sob aparéneias amabilissimas; 0 estilo, pela sua eandura, concorre para 0 encanto dum pensamento vivo e engenhoso; instruimo-nos crendo distrair-nos ‘admiramo-nos sortindo. Nenhum santo, péde-so assim firmar, contribuiu tanto como S, Francisco de Sales com sous eseritos imor- tais para fazer amar e praticar a piedada em todas as classes da sociedade. Relacionado com uma multid’o de pessoas, desde fo humildo pastor das montanhas até ao monarea no seu palfcio; encarregado sucossivamente ¢ em mil situa- Gos diversas de conduzir as almas desde a conversto @ dos rudimentos das virtudes até as ominéncias cia santidndo; deixa, como brineando, eair da pena e dos \dhios um curso verdadoivamente completo de educagso moval, eujo primeiro carter 6 ser ndo menos jperteito quo veitico. As suas regras 0 conselhos sto simples ¢ claros, acessfveis a todos; vivos, porque @ experiéneia os dita 6 ~u anatureza os confirma; eficazes © proveitosos sobre- tudo, porque sio dum Santo que nfo procura, como Re ‘v6, sono consolar, esclarecer, renovar e santificar as olas Mas ondo houve esta direeio uma eficéeia tio uni- versal? Primetro da sua dogura, om seguida da ampli azo © maravilhosa dextreza, que nio se the pode negar. A sua dogura nfio cargos de louvores, todos a go zam ¢ admiram; 6 por ela qua chega a enternecor os coracées mais rebeldes e ganhé-los para Jestis Cristo, Ninguom péde resistir a esta ungio divina que far dis- tilar dos seus labios 0 Ieito © 0 mol: Met et lac sub Hague tua, Todos eoahocem o belo testomunho quo o Cardoal Duporvon, dso grande controversisia, Ihe consagraya «Si go trata de convencer os herejes, nada digo: mas si se trata de os persuadir @ conveneer, enviemo-los a0 Bispo Gonobra.r Sabla, diz admiravelmente Bossuet, que o calor pe notra até As ontranhas, para fazer brotar frutos maravi- Ihosos A essa opinitio do piedoso Fénelon, ajuntaremos a do doutor Bourdalowo: €A doutrine do 8. Pranciseo de Salos é um manjar, nfo da terra, mas do Céu, ane a prépria substancia nutre tambem como o mané, toda n qualidade de pessoas, © poseo dizer, sem faltar ao raspoito dovido a todos 08 outros escritores, que, depois Has Sagradas Eserituras, vontuny livres bd que mais fonhiun conservado a piedade ontre os fis do que os Haste santo bispo.? Monsenhor Parisis manifesta os memaog sentimen- for. «Tudo © que pode contribuir, iz éle, para fazer conhocor melhor ao mundo o mais amiivel dos santos, nilo pode ser Seno o mais titi] A causa dit nowse santa religiao.» F! assim quo 08 trés homens que foram a gidria do clero ule Franea no séeulo de Luiz XIV, sito undvimes em lonvar ¢ estimar as obras daste grande mestre da, ida espititual. H@, diremos nis com Monsenhor Mermillod, nes piginas escritas pela mio do santo, um doce perfume quo atrai, © uma seiva vivitieadora que nutre: 6, som contradigio, o ar mais saudavel eo alimento mais so que na nossa época 8 pode ofereer 58 conciéncias ts, Idéas vagas, omogies one religiosa muitas vezes desprov' vautes; uma literatura inde teologia © vigor moral, eonseguiram extenuar as alms. Daf, ossas cOmodas transagdes © 08 compromissos fceis com a natureza e com o mundo. Daf, @stes eoragies cuidadosos de pritieas e apa- rOnelas, som virilidade perante as doves @ santas exi- géneias do amor divino, Os proprios protestanies fazem forvosamonte ji ao mérito excepcional das obras de 8. Fran Sales. Fis como sfo apreciadas por um do sens melhores oscritores as obras do Santo Bispo cle Genebra: Desde que apaveceu a Introduedo a vida devote, seve em Franca um 6xito universal @ as edigies suce- deram-se ripidamente, Semelhante livro era um aconte- — 26 cimento de grande conseméucia # 0 vatolicismo regori= jou-sa profundamente, *As sibias eontrovérsias de Belarmino nao. the tinham servo de tanto proveito; sem daivida tinha exervitado na diseussio teolégica um clero que contava contra si forgas maiores: mas imediatamonty a Introdu- edo @ vida devota podia fazer conquista paya uma re- ligito quo se aprosentava com aspoto to agradavel e quase risonho. . *Batro os fidalgos calvinistas.inetados a abjuragno dw sua £6, 0 livrinho servin de oeasifin para mais do que una derrota. © acrescontou éste bolo elogio : (1) Conta-se que o editor, em reeonheeimonte pelo Ives ‘obsido pein venda da Introducdo'@ vide. dovota, fox expressamente ‘wn viggem @ Annecy, park ofereeer a0 autor & soma de quatro- tented excudos de urd, (Mendrie sar Soeisdade Acadimniox ile Sa doy tomo 3°, pig. 133) \ \ , Hm quanto a alma nfo ostiver firme © porsuadida da unio desta bondade puder de Deus, nfo sop 38 A bondade divina preparoy, no seu amor @ miseri- cordia, torlos os meios gerais o particulares para a nosea salvagio. Sim, nfo o duvidemos: assim como uma mie prepara o bergo, 08 paninhos e a ama para aquéle que acaba de dar A luz, assim Nosso Souhor, com 0 desejo de nos gerar para a salvagdo @ de nos tornar seus fi- Thos, proparou sobre o altar da crux tudo o que nos ora preciso; 0 nosso hereo espiritual, os nossos pani- nhos, a nossa ama e tudo quanto preoisamos para 2 nossa felieidade; pois ontra cousn nio sio os atrativos © as gracas com os quaes guia as nossas almas para perfeigto. 2% Convéin agora considerar os beneficios divinos na sta sogunda fonte meritéria: porque nfo sabes tu, oh! Tedtimo, quo o Sumo Sacerdote tinha no peite © nas costas os nomes dos filhos de Israel, isto é, as pe- leas precfosas, nas quais estavam gravados os nomes de Israel? Oh! contemplai a Jestis, 0 nosso grande Bispo, desde 0 momento da sua eoncepetio: considera que nos levaya aos ombros ageitando 0 cargo de nos vemir por sua morte © morte na cruz! Oh! Tastimo, ‘Testimo! esta alma do Salvador vonhecia-nos a todos pelo nome e apelido: mas sdbre tudo no dia da Paixfo, quando oferecia as ligrimas, as eragées, o sanguo e a vida por todos, dirigin-vos particularmente éstes ponsa~ sonilo motade da forea © do amor ¢, enfin, una idéia pesfeita do soorr0 divin, do ual tudo devemos esperar. Af que nada tem, 6 sompre neconsiria is alinas que quero™ corjosuente instue Jesus Crite: tealiam pats elas wspernea en eonvegule tua Pape Ravaena a — 9 — mentos de amor: ©Oh! meu eterno Pai! Eu tomo & mi: nha conta todos vs psvades do pobre Tevitimo, para softer todos of tormentos oa morte, afim de que éle viva’ saja Hu eruvificado, contanto que Ble seja glo fieado. Oh! amor soberano do sagrado Coragho de Je- sds, que cor sim, dentro do seu peito maternal, o seu divine voraeiio previa, dispunha, mereein, impetrava todos os beneffeios que temos, nao s6 em geral para torlos, mas para cada um em particular; @ 08 seus peitos cheios de dogura nos preparayam o leite das suas. agd0s, dag iragBes @ das suaviduces pelas quais nos insta, conduz ¢ nutre os nossos eoraetes para a vida eterna, Os heneffeiog que nos ensoberbecem, ge, consideramos a bondarle etecna que no-las conquistou A custa de tantos trabalhos, da morte ¢ paixio. © amr divino, assentada ao eoragia do Salvador, come num trono real, contempiot pela abertura do la- do todos os varagdes dos filhos dos homens; poruue sso coraeio, sendo 0 rei dos coragdes, tem sempre 0 oliar fito noles. Mas, vomo 08 qne otham através. ns gelosias véem sem serem vistos, assim o divino amor doste coracio, ou antes 0 coraglo déste divino amor, vB sompre claramente os nossos © contempla-os com ollie res de tornura; mas n6s no o vemos distintamente. Porque, Dous meu, #2 0 vissemos elaramente, morreria- mos de amor por éle. Adorai a sua soberane bondade, que desde toda a oternidade vos chamou pelo vosko nome © tenelonou salvar-vos, destinando-vos entre oniras cousas 0 dia prosente, afin de que nele exergais as obras da vide e

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