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1.

INTRODUÇÃO À CONTABILIDADE

ƒ Definir Contabilidade
ƒ Contextualizar a finalidade da contabilidade
ƒ Introduzir a contabilidade no âmbito das organizações
ƒ Discutir o objeto de estudo da contabilidade
ƒ Apresentar os diversos usuários das informações contábeis

1.1. Conceito e Finalidade da Contabilidade

Desde as primeiras iniciativas de ordenamento das informações financeiras relativas


às atividades de uma organização, abrangendo tanto os aspectos funcionais internos quanto
os fatores decorrentes das atividades econômicas, existe uma busca pela sistematização e
padronização de seus registros.
As pessoas que ocupam cargos formais dentro de uma organização,
independentemente da natureza jurídica que ela tenha, têm sentido a necessidade de
instrumentos eficazes para o acompanhamento de seu andamento e têm solicitado inúmeras
informações através de relatórios elaborados a partir dos fatos econômicos e financeiros
ocorridos em seu âmbito, bem como suas diversas conseqüências.
A contabilidade é o ramo de conhecimento que estuda o patrimônio das
organizações (entidades) através dos fatos identificados, mensurados, classificados,
registrados, consolidados, auditados e analisados, para a geração e interpretação de
informações relevantes para dar suporte ao processo de tomada de decisão no que se refere
ao planejamento e controle, considerando sua estrutura, suas variações e sua evolução em
função do desenvolvimento das operações específicas de seu ramo de atividade.
O registro desses acontecimentos viabiliza consultas futuras, uma vez que, sem eles
seria impossível para um gestor lembrar-se de tudo que tenha acontecido apenas através do
uso de sua memória. O volume, a diversidade e a complexidade dos fatos ocorridos
demandam procedimentos e regras pré-definidas para sistematizar esses registros.
O surgimento e a evolução da contabilidade como prática cotidiana ocorreu de
maneira associada ao desenvolvimento das atividades econômicas empresariais em função
de sua crescente complexidade, além da busca por melhores resultados e maior volume de
decisões a serem tomadas através da elaboração e implantação de diversas técnicas
associadas à identificação, mensuração, classificação, registro, consolidação, auditoria e
análise dessas atividades.
A finalidade da contabilidade consiste em auxiliar uma organização a aumentar sua
eficácia empresarial através de um eficiente mecanismo financeiro que monitore os seus
empreendimentos industriais e comerciais através pelo registro e controle dos fatos
(denominados fatos contábeis) que provocam alterações nos bens e propriedades que
compõem seu patrimônio.
Como ramo científico de conhecimento, a contabilidade faz parte das ciências
sociais aplicadas e está inserida no contexto das organizações através de um objeto de
estudo próprio determinado e de uma metodologia específica com a função de identificar,
mensurar, classificar, registrar, consolidar, auditar e analisar todos os tipos de mudanças
ocorridas no patrimônio.
A contabilidade pode ser introduzida de diversas maneiras no cotidiano de uma
organização societária contemporânea, bem como atuar como instrumento eficaz em
diversas situações. Ela pode auxiliar organizações de naturezas distintas que buscam dentre
outras funções:
• O controle do patrimônio da organização;
• A geração de relatórios financeiros gerenciais;
• As informações relativas às obrigações fiscais;
• A apuração do resultado financeiro obtido.
Considerando que, dentre os mais diversos tipos de organizações, a contabilidade se
insere como um elemento obrigatório, faz-se necessário caracterizar as distintas
modalidades de grupos de usuários que as informações geradas a partir dela, podendo
destacar:
• Organizações industriais;
• Estabelecimentos comerciais;
• Instituições financeiras;
• Empresas prestadoras de serviço;
• Agroindústrias;
• Associações comunitárias;
• Organizações Não-Governamentais;
• Organizações religiosas;
• Sindicatos;
• Entidades esportivas.
As metodologias contidas nas práticas da contabilidade também podem ser
utilizadas por pessoas físicas para auxiliá-las no controle e planejamento de suas finanças
pessoais e familiares.
Através de mecanismos de registro e controle dos gastos pessoais, bem como de seu
patrimônio. O orçamento familiar é uma aplicação cotidiana das práticas e técnicas
contábeis para auxiliar as pessoas na organização e controle de suas finanças.
Dentro do setor público, a contabilidade exerce uma função muito importante para
nossa sociedade. O Poder Executivo, o Poder Legislativo e o Poder Judiciário, em suas
diversas esferas (Federal, Estadual e Municipal), vêem a contabilidade como um referencial
básico para o controle de suas atividades.
Desde sua programação através da Lei de Diretrizes orçamentárias, que é
responsável pelo estabelecimento dos parâmetros para a elaboração do orçamento público,
que detalhará as receitas e as despesas previstas até a sua execução e fiscalização posterior,
a contabilidade é responsável pelos mecanismos de acompanhamento de todo o processo.
O controle da arrecadação e do uso dos recursos públicos (que são essenciais para a
manutenção do interesse público na aplicação desses recursos) é realizado através da
análise e auditoria dos registros contábeis.
Pode-se notar que a contabilidade faz parte de nossa vida através de sua utilização
em praticamente todas as organizações das quais fazemos parte ou somos apenas clientes
ou usuários.

1.2. Objeto de Estudo da Contabilidade

O elemento essencial para a definição da abrangência do campo de atuação da


contabilidade é o estudo do Patrimônio de uma certa organização, através da identificação,
mensuração, classificação, registro, consolidação, auditoria e análise de suas alterações,
decorrentes das atividades operacionais e não operacionais realizadas.
Como ramo científico de conhecimento, a contabilidade possui seu objeto de estudo,
bem como seu foco, relacionados à perspectiva de identificar e caracterizar os diferentes
fenômenos relacionados às variações ocorridas no patrimônio.
A principal decorrência do processo contínuo de identificação, mensuração,
classificação, registro, consolidação, auditoria e análise dos dados, referentes aos fatos que
alteram o estado patrimonial de uma organização, consiste em um fluxo contínuo de
registros.
Este fluxo de registros gera um influxo de informações que é responsável pela
caracterização e tipificação de um sistema gerencial auxiliar que se torna muito importante
para a eficácia das decisões tomadas, atuando como ferramenta financeira indispensável.
Dentro de suas atribuições organizacionais de armazenamento e processamento das
informações originadas dos fatos contábeis ocorridos, a contabilidade possui duas funções
básicas, que são:
• Identificar e monitorar o comportamento dos parâmetros referenciais para os
padrões e mecanismos de controle das atividades operacionais;
• Atuar como instrumento gerador de subsídios indispensável para a elaboração
de metas e referências futuras através do planejamento empresarial.
Como ferramenta de controle, a contabilidade é responsável pela identificação,
classificação e registro de todas as atividades inerentes ao desenvolvimento das operações
no âmbito da organização.
Os registros contábeis são responsáveis pela geração dos dados primários
necessários para a confecção e consolidação dos relatórios financeiros e das demonstrações
financeiras da organização.
Os relatórios financeiros elaborados devem ser enviados periodicamente para os
diversos níveis da administração da organização (alta administração, gerência
intermediária, chefia departamental).
Devem ser consideradas a adequação e necessidade informacional para cada uma
das posições dentro da estrutura hierárquica, tornando possível o acompanhamento
gerencial de maneira simples, compacta e eficiente sobre o andamento das atividades.
Os relatórios financeiros possuem a finalidade de transmitir as informações
concernentes à avaliação dos resultados obtidos em função dos padrões estabelecidos pelo
planejamento e políticas institucionais para poder avaliar as tendências do negócio
(positivas e negativas), bem como os resultados propriamente ditos.
A função dos relatórios possui uma característica muito sensível no âmbito de
qualquer organização que busca ampliar sua eficiência para alcançar melhores resultados
financeiros.
As demonstrações financeiras são uma representação e consolidação monetária do
patrimônio da organização. As demonstrações financeiras são elaboradas periodicamente a
partir de técnicas e metodologias contábeis pré-determinadas para ilustrar seu estado
patrimonial.
As diversas demonstrações financeiras compõem a representação do patrimônio de
uma organização em seus aspectos estáticos e dinâmicos são:
• Balanço Patrimonial (BP);
• Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
• Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR);
• Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido (DMPL);
• Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC);
• Demonstração do Valor Adicionado (DVA);
Dentro das atividades de planejamento, a contabilidade é responsável pelo
fornecimento dos registros históricos relativos aos principais aspectos financeiros e
patrimoniais acumulados ao longo de um certo intervalo de tempo.
Estes registros históricos são tomados como base fundamental para o
estabelecimento das referências futuras aceitáveis pela organização, considerando neste
processo os fatores e condicionantes internos e externos para a definição de padrões
desejáveis para o desempenho financeiro.
O planejamento não se restringe a uma série de previsões quantitativas elaboradas a
partir de dados históricos, mas consiste em uma inserção prospectiva nos diversos cursos de
ação alternativos disponíveis considerando os registros históricos, mas incluindo alguns
elementos qualitativos relacionados aos cenários possíveis sobre as alterações do
patrimônio em decorrência do comportamento esperado do mercado. Os orçamentos, que
são antecipações de um futuro financeiro projetado, são parte integrante do planejamento
empresarial.
A contabilidade pode considerar em suas projeções as expectativas sobre as
variações dos preços de seus produtos, insumos e demais componentes considerando
principalmente a aplicação de um índice relevante (um índice setorial, por exemplo), bem
como as quantidades vendidas esperadas para cada um dos produtos para avaliar
antecipadamente as perspectivas sobre os resultados futuros esperados.
Sobre a aplicação das informações da contabilidade dentro do planejamento da
produção, os dados históricos registrados podem ser utilizados como parâmetros para a
elaboração de previsões relacionadas ao impacto das necessidades financeiras de seu fluxo
de caixa, seja para a aquisição de matérias-primas ou até mesmo para a avaliação de
diferentes metodologias de rateio dos custos indiretos de fabricação.
A contabilidade ainda pode ser utilizada para analisar as necessidades financeiras,
os resultados operacionais, bem como o balanço futuro projetado.

1.3. Usuários das Informações Contábeis

Considerando a relevância da contabilidade dentro das organizações, se faz


necessário caracterizar as perspectivas que os diversos usuários das informações geradas a
partir da identificação, mensuração, classificação, registro, consolidação, auditoria e análise
dos fatos contábeis.
Podem ser considerados usuários das informações contábeis diversos grupos de
interessados, sejam eles profissionais ou outras organizações.
Os usuários das informações contábeis podem ser classificados a partir de sua
perspectiva sobre a informação contábil, que são os usuários internos e os usuários
externos.
Usuários internos ⇒ São representados pelos seguintes grupos distintos, a saber,
que são:
• Proprietários, sócios e acionistas;
• Gerentes e demais administradores.
Proprietários, sócios e acionistas

Este grupo de usuários se interessa principalmente pelas informações geradas a


partir dos registros contábeis em função de seus objetivos relacionados com a empresa em
sua forma mais ampla possível.
Os proprietários, sócios e acionistas buscam as informações através dos diversos
relatórios financeiros que estejam relacionadas à rentabilidade e lucratividade de seus
investimentos.
Eles possuem uma atenção mais forte sobre a situação financeira da empresa,
principalmente, considerando suas perspectivas de longo prazo sem desprezar suas
fragilidades e estratégias financeiras de curto prazo.
Também são consideradas informações acerca de alternativas potencias mais
rentáveis para investimentos eventuais para maximizar o uso dos recursos financeiros
excedentes.

Gerentes e demais administradores

Este grupo de usuários se interessa, principalmente, pelas informações geradas a


partir dos registros, relatórios e planilhas contábeis em função do desempenho operacional
dos setores sob sua responsabilidade e supervisão.
Os gerentes e demais administradores buscam contextualizar os resultados de seus
setores relacionando-os ao desempenho geral da organização através da forma mais
específica, com a maior profundidade e intensidade possível.
Eles consideram principalmente as informações relacionadas à produtividade e
eficiência, bem como aos custos e despesas, embora não desprezem as informações
relacionadas à rentabilidade e lucratividade da empresa.
Como estes profissionais são responsáveis por parcelas significativas das decisões
tomadas no âmbito das organizações, os sistemas de informações contábeis (quando
implantado) são instrumentos gerenciais de aplicação contínua dentro dessas decisões.
Usuários externos ⇒ São representados pelos seguintes grupos distintos, a saber,
que são:
• Bancos e instituições financeiras;
• Governos e órgãos públicos.
• Fornecedores;
• Clientes;
• Concorrentes.

Bancos e Instituições financeiras

Este grupo de usuários está interessado em receber as informações geradas a partir


da elaboração das demonstrações financeiras. As informações relevantes são consideradas
para analisar a situação financeira da organização.
São considerados os procedimentos metodológicos adotados na elaboração e
consolidação das demonstrações, bem como a credibilidade dos responsáveis pela auditoria
desses valores.
Os bancos e instituições financeiras observam e avaliam diversos parâmetros
financeiros, principalmente as informações relacionadas à rentabilidade e lucratividade,
bem como sua liquidez e seu endividamento.
Desta forma, esse grupo de usuários avalia a capacidade financeira de uma
organização relacionada à sua capacidade para tomar novos empréstimos, financiamentos
ou qualquer outra modalidade de concessão de crédito.
Possuem uma preocupação adicional relacionada à qualidade das informações
financeiras requeridas para as organizações, principalmente considerando sua perspectiva
financeira de longo prazo.

Governos e órgãos públicos

Este grupo de usuários se interessa, principalmente, pelas informações geradas


pelos registros, relatórios e demonstrações financeiras no que se refere aos aspectos das
obrigações fiscais da organização.
Eles analisam a situação em termos tributários, através dos impostos, taxas e
contribuições que incidem e são inerentes à atividade desenvolvida pela organização sob a
ótica da arrecadação de recursos públicos, bem como para o planejamento e avaliação das
atividades de fiscalização.
O setor público da economia também se interessa pelas informações financeiras das
organizações para fundamentar a elaboração de programas e políticas industriais, bem
como conceder financiamentos e linhas específicas de crédito para estimular o crescimento
de determinados setores da economia.

Fornecedores

Este grupo de usuários se interessa principalmente pelas informações geradas a partir


da capacidade de pagamento da organização em função das obrigações financeiras
existentes em comparação às disponibilidades atuais, bem como aos valores a receber em
curto prazo.
Os fornecedores buscam informações relacionadas à capacidade de pagamento de seus
clientes e possuem uma atenção voltada para suas vendas e seus estoques, principalmente
considerando suas perspectivas operacionais conjuntas.
Também são consideradas outras informações acerca da rentabilidade e do
endividamento para subsidiar análises futuras de concessão de créditos.

Clientes

Este grupo de usuários se interessa, principalmente, pelas informações geradas a partir


dos relatórios e registros relacionados à capacidade de produção instalada, perspectivas de
expansão operacional, bem como a capacidade de pagamento de suas obrigações e a
obtenção de novos empréstimos e financiamentos.
Os clientes normalmente dedicam grande parte de sua atenção a seus fornecedores
quando percebem a existência de uma certa dependência em relação a eles, quando eles não
possuem o mesmo porte ou estejam vulneráveis a outras modalidades de risco operacional.
Concorrentes

Uma empresa se interessa pelas informações geradas a partir da análise das


demonstrações financeiras de seus concorrentes em busca de conhecimentos acerca de suas
situação econônomico-financeira dentro do setor no qual ela atua.
Decisões sobre novos produtos, novos mercados e novas instalações devem estar
fundamentadas, além das avaliações convencionais, pela situação financeira de uma
empresa considerando seus concorrentes.
Estes usuários observam principalmente as informações relacionadas ao
comportamento dos índices-padrão do setor para sua auto-avaliação e planejamento.

Questões para Discussão

a) O que é contabilidade?

b) Qual é a finalidade da contabilidade?

c) Qual é o significado de Patrimônio para uma organização?

d) Quais são os desafios da contabilidade suprir informações para a tomada de decisão?

e) Qual é a perspectiva semelhante dos usuários da contabilidade sobre suas informações?


2. O PATRIMÔNIO

OBJETIVOS DESTE CAPÍTULO

ƒ Apresentar e conceituar Patrimônio


ƒ Mostrar os elementos componentes do Patrimônio
ƒ Conceituar e ilustrar a estática patrimonial

2.1. Aspectos Gerais

O Patrimônio é o objeto de estudo da Contabilidade. O seu entendimento torna-se


fundamental para qualquer profissional interessado em compreender e aplicar us preceitos
contábeis em seu cotidiano.
O estudo do Patrimônio não é de domínio exclusivo para a Contabilidade. A
aplicação de seus conhecimentos é encontrada freqüentemente dentro de outros ramos de
conhecimento.
As ciências jurídicas estudam diversas questões associadas à Contabilidade, tais
como, as implicações legais sobre a natureza das diferentes personalidades jurídicas das
entidades, bem como a regulamentação de inúmeras situações especiais associadas a
concordatas, pedidos de falência, obrigações trabalhistas, créditos, etc.
As ciências econômicas estudam os recursos escassos, considerando que os fatores
produtivos são a base conceitual para a geração das atividades econômicas e que a
maximização e otimização da utilização desses recursos produzirá os melhores resultados
possíveis, favorecendo a geração de excedentes (lucros) a serem incorporados aos recursos
disponíveis.
As ciências administrativas estudam os diversos aspectos relacionados à gestão
organizacional e as informações geradas pela contabilidade estão presentes na
administração financeira e orçamentária. Também se pode encontrar sua aplicação na
administração da produção, bem como na gestão de seus estoques. A contabilidade também
é responsável pelos registros das obrigações trabalhistas e tributárias.
De maneira semelhante, outros ramos do conhecimento científico possuem
interfaces de interesse com a contabilidade. Na medida que a estrutura de nossa sociedade
se torna cada vez mais complexa e dinâmica, estas interfaces se ampliam e tornam a
contabilidade mais presente em nossa vida pessoal e profissional.

2.2. Conceito

O Patrimônio de uma empresa abrange uma ampla variedade de aspectos, elementos


e perspectivas. Portanto, a sua conceituação não deve considerar uma forma simplista ou
restritiva para não gerar erros de interpretação ou interferir na compreensão plena de seu
significado.
Patrimônio é o somatório de todos os bens pertencentes, direitos (ou valores a
receber) e obrigações (dívidas perante terceiros), expressos monetariamente, que uma
entidade possui em determinado instante de tempo.
Esta definição nos permite visualizar a contabilidade como uma ciência que estuda
o patrimônio em suas diversas formas, desde as entidades mais elementares até as grandes
corporações multinacionais.

2.3. Bens, Direitos e Obrigações

Considerando que o conceito de Patrimônio expressa uma série de elementos


componentes, a descrição precisa destes elementos torna-se importante para que eles
possam ser situados corretamente no âmbito de uma empresa.
Bens são todas as coisas pertencentes à empresa, estejam disponíveis para uso e que
estejam passíveis de avaliação monetária.
A contabilidade aborda a presença dos bens dentro das entidades em seu conjunto e
não isoladamente. Os bens podem ser classificados em duas modalidades:
a) Quanto à sua natureza física:
b) Quanto à sua natureza jurídica.
Quanto à sua natureza física, os bens são classificados nas seguintes categorias
distintas, a saber:
• Bens Tangíveis ⇒ São bens que possuem forma física definida, são
palpáveis e possuem características próprias (ex. veículos, máquinas);
• Bens Intangíveis ⇒ São bens que não apresentam forma física definida, são
abstratos, mas possuem características de significado próprias (ex. marcas,
patentes).
Em relação à sua natureza jurídica, os bens são classificados nas seguintes
categorias distintas, a saber:
• Bens Imóveis ⇒ São bens que estão ligados fisicamente ao solo, que não
pode ser removido sem haver dado ou destruição (ex. edifícios, galpões,
garagens);
• Bens Móveis ⇒ São bens que podem ser transportados pelas pessoas ou que
possam se movimentar por si mesmos sem haver dado ou destruição (ex.
computadores, cadeiras).
Direitos são todos os valores que a empresa tem para receber de terceiros, surgidos
como contrapartidas de transação comercial, referentes a pagamentos futuros sobre bens
vendidos ou serviços prestados.
A contabilidade utiliza diversas denominações para representar os direitos que uma
emprese tem a receber, que são: títulos a receber, créditos a receber, duplicatas a receber,
contas a receber, etc.
Obrigações são todos os valores que a empresa tem para pagar a terceiros, surgidos
como decorrência de contrapartidas de transação comercial, referentes a pagamentos
futuros sobre bens adquiridos ou serviços contratados.
A contabilidade utiliza diversas denominações para representar as obrigações que
uma emprese tem a pagar, que são: débitos a pagar, títulos a pagar, impostos a pagar,
duplicatas a pagar, contas a pagar, etc.

2.4. Estática patrimonial

A representação do patrimônio de uma entidade é estabelecida através do Balanço


Patrimonial (ou simplesmente Balanço), que é uma das demonstrações financeiras mais
importantes e ele ilustra de maneira monetária e quantitativa a situação patrimonial e
financeira dessa entidade em um determinado instante do tempo.
O Balanço é composto por três elementos obrigatórios que compõem a denominada
Equação Fundamental do Patrimônio, que são:
• Ativos;
• Passivos Exigíveis;
• Patrimônio Líquido.

Ativos são todos os bens e direitos disponíveis para o uso de uma entidade e que
podem ser expressos de maneira monetária.
São todos os recursos controlados, que são geridos pela administração da entidade e
que alteram a situação do patrimônio ao longo do desenvolvimento de suas atividades
operacionais e administrativas (ex. caixa, estoques, títulos e receber, máquinas,
edificações).
Passivos exigíveis são todas as obrigações existentes perante terceiros em uma
entidade e que podem ser expressos de maneira monetária.
São todas as dívidas contratadas, que devem ser honradas pela administração da
entidade e que alteram a situação do patrimônio ao longo do desenvolvimento de suas
atividades operacionais e administrativas (ex. contas a pagar, fornecedores, empréstimos,
financiamentos).
Patrimônio Líquido é a diferença algébrica entre os ativos e os passivos exigíveis.
Portanto, é a representação eficaz da riqueza líquida disponível para uma entidade em
função do montante de seus ativos e passivos exigíveis.
O Patrimônio Líquido é originado a partir do capital social formado pelos sócios da
entidade, bem como dos resultados operacionais líquidos obtidos a partir do início das
atividades econômicas.
A Equação Fundamental do Patrimônio é representação geral do perfil patrimonial
de determinada entidade em um certo instante do tempo através da visualização conjunta
dos elementos obrigatórios que compõem o Balanço Patrimonial.
Equação Fundamental do Patrimônio

Ativo = Passivo Exigível + Patrimônio Líquido

O Ativo, que também pode ser conhecido como Patrimônio Bruto, representa a
soma algébrica entre o Passivo Exigível e o Patrimônio Líquido. Como foi visto
anteriormente, o conceito de Patrimônio pode ser identificado na Equação Fundamental do
Patrimônio.
O Passivo Exigível e o Patrimônio Líquido se localizam do lado direito do Balanço
e juntos compõem o Passivo. O Passivo do Balanço representa a fonte ou origem dos
recursos disponíveis para a empresa.
O Passivo Exigível é composto por recursos provenientes de financiadores,
fornecedores ou qualquer outra fonte responsável por recursos denominados como recursos
pertencentes a terceiros.
O Patrimônio Líquido é composto pelos recursos líquidos disponíveis para a
empresa provenientes do Capital Social, investimentos, reservas financeiras ou que tenham
sido obtidos através de resultados operacionais que sejam denominados como recursos
próprios.
O Ativo se localiza do lado esquerdo do Balanço Patrimonial. O Ativo representa as
aplicações dos recursos financeiros disponíveis para a empresa distribuídos nos inúmeros
elementos formadores.
Desta forma, o Patrimônio pode também ser definido como um conjunto de recursos
financeiros disponíveis, com origem detalhada no Passivo e com aplicação descrita no
Ativo.
Sendo Patrimônio o somatório de todos os bens pertencentes, direitos (ou valores a
receber) e obrigações (dívidas perante terceiros), a equação pode ser aplicada graficamente
nas seguintes possibilidades:
1o) Para A > PE e PL ≠ 0 ⇒ Nesta situação pode-se observar que o Patrimônio
Líquido ilustra a diferença existente entre o Ativo e
o Passivo Exigível.

PASSIVO
EXIGÍVEL
ATIVO

PATRIMÔNIO
LÍQUIDO

2o) Para A > P e P = 0 ⇒ Nesta situação a representação gráfica ilustra que o Patrimônio
Líquido é igual ao Ativo, pois o Passivo Exigível é igual a zero.

ATIVO PATRIMÔNIO
LÍQUIDO

3o) Para A = PE e PL = 0 ⇒ Nesta situação, pode-se observar que o total dos Ativos é
igual ao total dos Passivo exigível e que o Patrimônio Líquido é nulo.

ATIVO PASSIVO
EXIGÍVEL
4o) Para PE > A e PL < 0 ⇒ Nesta situação é possível perceber que o Passivo Exigível é
maior que o total dos Ativos, caracterizando a situação de Passivo a Descoberto e que o
Patrimônio Líquido se localiza do lado direito (contrariamente ao posicionamento normal
no lado direito).

ATIVO
PASSIVO
EXIGÍVEL
PATRIMÔNIO
LÍQUIDO

Desta forma, a ilustração gráfica do estado patrimonial de uma entidade refletirá a


relação existente entre os seus bens, direitos e obrigações, facilitando a compreensão de sua
situação financeira.

Questões para Discussão

a) O que é Patrimônio?

b) O que são bens?

c) O que são direitos?

d) O que são obrigações?

e) O que é a equação fundamental do patrimônio?


3. MODIFICAÇÕES NO PATRIMÔNIO

OBJETIVOS DESTE CAPÍTULO

ƒ Apresentar as principais características da escrituração


ƒ Definir e classificar as contas
ƒ Discutir a natureza dos fatos contábeis
ƒ Apresentar os mecanismos de débito e crédito

3.1. Escrituração e Contas

Ao longo da realização das atividades produtivas, administrativas, econômicas e


comerciais inerentes ao funcionamento de uma organização, o Patrimônio sofre inúmeras
mutações em sua composição, tanto de natureza quantitativa quanto qualitativa, que são
identificadas e monitoradas sistematicamente através do registro, classificação,
mensuração, consolidação e análise dos fatos responsáveis por estas mutações ocorridos em
seu âmbito.
A partir dos registros contábeis será possível estudar as variações do Patrimônio. O
registro de cada uma das variações efetivamente ocorridas é realizado de acordo com os
princípios contábeis, dotados de linguagem apropriada e recebem a denominação de
lançamentos contábeis.
Os lançamentos contábeis podem ser realizados de diversas maneiras, desde
procedimentos manuais até a utilização de softwares especialmente desenvolvidos para esta
finalidade.
Diversos fatores são considerados no processo de definição do sistema de registro
dos lançamentos a ser adotado por uma organização. Dentre eles, pode-se destacar:
• Tamanho da organização;
• Volume dos lançamentos;
• Complexidade da composição do Patrimônio;
• Freqüência da demanda por informações patrimoniais;
• Recursos financeiros disponíveis;
• Qualificação dos recursos humanos.
Uma análise a relação custo-benefício será suficiente para avaliar e identificar o
sistema adequado às necessidades da organização
Todas os lançamentos relacionados a estas modificações ocorridas no Patrimônio
devem ser efetuados de acordo com critérios e procedimentos previamente padronizados.
Desta forma, eles serão importantes apenas para atender à função de acumulador de
registros, mas também para gerar informações que sejam úteis para os proprietários,
gerentes e demais interessados pela contabilidade através de sua escrituração.
Escrituração é o procedimento pelo qual são registrados formalmente os fatos
ocorridos no âmbito de uma organização para o controle dos elementos que compõem seu
Patrimônio.
O registro contábil de cada fato ocorrido é efetuado em local apropriado. Portanto,
pode-se assumir que a função de escrituração contábil consiste na efetuação contínua de
lançamentos contábeis.
Faz-se necessário destacar que a ordem dos registros deve obedecer fielmente à
cronologia dos fatos ocorridos. Os lançamentos devem reproduzir fielmente os fatos através
de suas características, tais como:
• Descrição clara;
• Valor monetário;
• Data do lançamento.
Além disso, todos os lançamentos devem estar baseados em um documento
específico, denominado documento contábil, que o comprove formalmente, tanto no que se
refere aos aspectos fiscais quanto aos aspectos patrimoniais e comerciais. Os documentos
contábeis são classificados em função de sua origem, a saber:
• Documentos contábeis externos;
• Documentos contábeis internos.
Os documentos contábeis externos são derivados de atividades registradas pela
contabilidade que estejam relacionados a fatos operacionais, comerciais, financeiros,
econômicos ou institucionais com outra organização.
Exemplos de documentos externos:

Extratos bancários
Notas fiscais de compra de mercadorias
Cópias de cheques relativos a pagamentos
Recibos
Títulos de crédito

Os documentos contábeis internos são derivados de atividades registradas pela


contabilidade que estejam relacionados a fatos operacionais, comerciais, financeiros,
econômicos ou institucionais exclusivamente de âmbito interno da organização.

Exemplos de documentos internos:

Solicitação de materiais do estoque


Comunicados de transferência de ativos
Notificações de perdas
Concessão de adiantamentos
Recibos

Todos os documentos contábeis são importantes e devem ser arquivados


apropriadamente para a preservação de sua integridade física pelo intervalo de tempo
determinado pela legislação.
Como o Patrimônio de uma determinada organização é composto por bens, direitos
e obrigações, deve-se considerar que cada um desses elementos compreende uma ampla
variedade de itens que podem ser divididos em grupos.
Esses grupos devem representar todas as categorias de fatos ocorridos no âmbito de
uma organização ao longo do desempenho de suas atividades operacionais e não-
operacionais, onde cada uma delas é relacionada a uma unidade referencial denominada
conta.
Contas são unidades do patrimônio de uma organização que recebem
denominações, compostas por uma ou mais palavras, pelas quais são representados os
diversos elementos do Patrimônio para o acúmulo dos registros contábeis de mesma
natureza, bem como suas variações, identificadas dentre os diversos bens, direitos,
obrigações, receitas, despesas e custos que ela representa.
A função da elaboração do elenco de contas relativo à estrutura patrimonial de uma
organização está relacionada ao seu papel referencial e orientador para viabilizar uma
escrituração contábil padronizada.

Exemplos de elementos patrimoniais e suas respectivas contas:

Elemento Contas correspondente

dinheiro Caixa
automóvel Veículos
vendas a prazo Créditos a receber
financiamento de máquina Financiamentos a pagar
lucros obtidos Lucros acumulados

O plano de contas é o elenco das diversas contas que estão contidas na estrutura do
Patrimônio de uma organização.
Os principais critérios utilizados para a elaboração de um plano de contas são:
• A estrutura do plano de contas deve ser específica para cada organização;
• A hierarquia do plano de contas deve ser ilustrada através de um sistema de
classificação baseada em códigos próprios;
• A classificação deve ser construída a partir das características mais gerais dos
grupos de contas até as especificidades inerentes a cada uma delas;
• As informações geradas a partir do plano de contas devem estar de acordo com
as necessidades dos usuários;
• As denominações contidas no plano de contas devem identificar facilmente os
elementos patrimoniais;
• A estrutura deve permitir uma flexibilidade que permita sua alteração
(ampliação ou diminuição) e operacionalização.
A associação de cada um dos elementos componentes do Patrimônio a uma conta
correspondente é fundamental para o controle de suas variações.

Ilustração da estrutura de um Plano de contas:

1 – ATIVO
1.1 – Ativo Circulante
1.2 – Ativo Realizável a Longo Prazo
1.3 – Ativo Permanente

2 – PASSIVO
2.1 – Passivo Circulante
2.2 – Passivo Exigível a Longo Prazo
2.3 – Resultados de Exercícios Futuros
2.4 – Patrimônio Líquido

1.1 – ATIVO CIRCULANTE


1.1.1 – Disponível
1.1.2 – Direitos a Receber
1.1.3 – Estoques

1.1.1 – DISPONÍVEL
1.1.1.1 – Caixa
1.1.1.2 – Bancos (movimentos)
1.1.1.3 – Títulos

Desta forma, o Patrimônio de uma determinada organização pode ser visualizado a


partir das contas que representam cada um dos respectivos elementos patrimoniais,
representando todas as categorias de fatos ocorridos em seu âmbito.

3.2. Fatos Contábeis


O Patrimônio de uma organização sofre inúmeras modificações quantitativas e
qualitativas ao longo do tempo que são visualizadas e acompanhadas através do registro,
classificação, mensuração, consolidação e análise dos fatos ocorridos em seu âmbito.
Deste modo, em função de sua própria natureza, o Patrimônio possui um
comportamento dinâmico e sofre mudanças freqüentemente em decorrência de diversos
fatos inerentes à sua atividade, tais como, compra de insumos, comercialização de seus
produtos e serviços, pagamentos e recebimentos diversos.
Essas mudanças decorrentes desses fatos provocam alterações no Patrimônio que
são denominados fatos contábeis.
Fatos contábeis são todos os fatos ocorridos no âmbito das atividades operacionais
e não operacionais que alteram qualitativamente ou quantitativamente a composição do
Patrimônio.
A contabilidade identifica diversas formas pelas quais um fato contábil pode alterar
a composição do Patrimônio. Os fatos contábeis podem ser classificados em três categorias,
a saber:
c) Fatos permutativos;
d) Fatos modificativos;
e) Fatos mistos.
Os fatos permutativos (ou compensativos) são os fatos contábeis que, quando
ocorrem, modificam a composição do Patrimônio de maneira qualitativa em relação às
contas afetadas sem alterar quantitativamente o Patrimônio Líquido.

Exemplo: Compra de terreno à vista.

O registro deste fato contábil alterará as contas Caixa e


Imóveis, mas não influenciará nenhuma mudança o Patrimônio
Líquido uma vez que o valor da retirada do caixa será idêntico ao
registrado pelo terreno.

Através do exemplo exposto, pode-se observar registros inerentes a uma simples


transferência entre duas contas, sem haver alteração da situação patrimonial líquida.
Por definição, os fatos permutativos não alterem a situação patrimonial líquida,
embora seja possível que alguns fatos contábeis possam alterar o Patrimônio Líquido de
maneira qualitativa, envolvendo alterações patrimoniais oriundas de fatos contábeis entre
algumas de suas contas, sem haver alteração de seu valor total.
Os fatos modificativos são os fatos contábeis que, quando ocorrem, modificam a
composição quantitativa do Patrimônio Líquido.
Os fatos modificativos podem ser divididos em função da maneira pela qual o
Patrimônio é alterado nas seguintes modalidades:
• Fatos modificativos-aumentativos;
• Fatos modificativos-diminutivos.
Os fatos modificativos-aumentativos são os fatos contábeis que, quando ocorrem,
modificam quantitativamente a composição do Patrimônio Líquido de maneira positiva.

Exemplo: Receitas de alugueis.

O registro deste fato contábil alterará as contas Caixa e


Lucros acumulados, aumentando o Patrimônio Líquido.

Neste exemplo, o Patrimônio Líquido foi alterado positivamente, uma vez que este
fato contábil aumentou a situação patrimonial líquida.
Os fatos modificativos-diminutivos são os fatos contábeis que, quando ocorrem,
modificam quantitativamente a composição do Patrimônio Líquido de maneira negativa.

Exemplo: Distribuição de lucros entre os sócios.

O registro deste fato contábil alterará as contas Bancos e


Lucros acumulados, diminuindo o Patrimônio Líquido.

No exemplo dado, o Patrimônio Líquido foi diminuído, uma vez que a distribuição
dos lucros alterou negativamente a situação patrimonial líquida.
Os fatos mistos (ou compostos) são os fatos contábeis que causam fatos
permutativos ao mesmo instante em que causam fatos modificativos. Os fatos mistos
podem ser divididos em função da maneira pela qual alterará a situação patrimonial líquida
nas seguintes modalidades:
• Fatos mistos-aumentativos;
• Fatos mistos-diminutivos.
Os fatos mistos-aumentativos são os fatos contábeis que, quando ocorrem,
combinam fatos permutativos juntamente com fatos modificativos, quantitativamente
aumentando o valor do Patrimônio Líquido.

Exemplo: Venda de mercadoria à vista por valor maior que seu


custo.

O registro deste fato contábil alterará as contas Caixa,


Estoques e Lucros acumulados.

Neste exemplo, pode-se verificar que houve uma relação permutativa entre as
contas Caixa e Estoques, mas também se pode observar que o valor recebido (maior que o
custo da mercadoria) provocará um aumento do Patrimônio Líquido correspondente à
diferença, alterando a situação patrimonial líquida.
Os fatos mistos-diminutivos são os fatos contábeis que, quando ocorrem,
combinam fatos permutativos juntamente com fatos modificativos, quantitativamente
diminuindo o valor do Patrimônio Líquido.

Exemplo: Venda de máquina à vista por valor menor que o valor


registrado.

O registro deste fato contábil alterará as contas Caixa,


Máquinas e Prejuízos acumulados.
No exemplo dado, percebe-se que houve uma relação permutativa entre as contas
Caixa e Máquinas, mas também se pode observar que o valor recebido (menor que o custo
da mercadoria) provocará uma diminuição do Patrimônio Líquido correspondente à
diferença, alterando a situação patrimonial líquida.
Portanto, a denominação apropriada para os fatos contábeis caracteriza a
identificação contábil formal e exata de seu impacto no âmbito de uma organização em
função das alterações que eles provocam no Patrimônio.

3.3. Débito e Crédito

Os lançamentos contábeis registram as alterações ocorridas no Patrimônio, mas


preservam a premissa da Equação Fundamental do Patrimônio.
Este método permite que o registro de um fato contábil, aumentando ou diminuindo
o saldo de uma determinada conta (ou mais de uma conta), implicará em outro registro,
aumentando ou diminuindo outra conta (ou outras contas) em valores iguais.
O mecanismo pelo qual esta premissa é preservada se baseia no método das partidas
dobradas, que representa os aumentos ou diminuições das diversas contas através dos
termos débito e crédito.
O termo débito está relacionado a um lançamento contábil referente a uma
aplicação de recursos.
O termo crédito está relacionado a um lançamento contábil referente a uma origem
de recursos.
O método das partidas dobradas, para preservar a premissa da Equação
Fundamental do Patrimônio, estabelece que para cada débito lançado haverá um crédito
correspondente.
Para ordenar os procedimentos de lançamento nas diversas contas que compõem o
Patrimônio de acordo com a sua natureza, foram estabelecidos os seguintes critérios:
• Serão denominados débitos os lançamentos relativos a aumentos nas contas
do Ativo, bem como os lançamentos relativos a diminuições nas contas do
Passivo;
• Serão denominados créditos os lançamentos relativos a diminuições nas
contas do Ativo, bem como os lançamentos relativos a aumentos nas contas
do Passivo.
As convenções estabelecidas para guiar os mecanismos de débito e crédito nessas
contas podem ser resumidas da seguinte maneira:

CONTAS AUMENTO DIMINUIÇÃO


Ativo Débito Crédito
Passivo Exigível Crédito Débito
Patrimônio Líquido Crédito Débito

Exemplo:

O recebimento de um pagamento referente a uma venda à vista de um


produto será lançado na conta Caixa como um aumento, devendo ser debitada. A
Paraconta
as despesas, custos
Estoque, por e receitas
ter sido (fatosserá
diminuída, modificativos que
creditada em alteram
igual valor.o Patrimônio
Líquido), os procedimentos de lançamento nas diversas contas, conforme a sua natureza,
foram estabelecidos através dos seguintes critérios:
• Serão denominados débitos os lançamentos relativos a despesas e custos,
uma vez que eles representam diminuições do Patrimônio Líquido;
• Serão denominados créditos os lançamentos relativos a receitas, uma vez
que eles representam aumentos do Patrimônio Líquido.
As convenções estabelecidas para guiar os mecanismos de débito e crédito nessas
contas podem ser resumidas da seguinte maneira:

CONTAS AUMENTO DIMINUIÇÃO


Receitas Crédito Débito
Despesas Débito Crédito
Custos Débito Crédito
A receitas sempre são lançadas como créditos, embora possa haver lançamentos de
débito para cancelar algum lançamento anterior indevido ou para que a conta seja
encerrada.
Por sua vez, as despesas e custos sempre são lançados como débitos, embora possa
haver lançamentos de crédito para cancelar algum lançamento anterior indevido ou para
que a conta seja encerrada.

Questões para Discussão

a) Qual é a importância da escrituração para a contabilidade?


b) O que são contas?
c) O que são fatos contábeis?
d) Qual é a diferença entre fatos permutativos, modificativos e mistos?
e) O que você sabe sobre os lançamentos de débitos e créditos?
6. O BALANÇO PATRIMONIAL

OBJETIVOS DESTE CAPÍTULO

ƒ Conceituar e apresentar a estrutura do Balanço Patrimonial


ƒ Apresentar e caracterizar o Ativo
ƒ Apresentar e caracterizar o Passivo

6.1. Aspectos Conceituais e Estruturais do BP

A tarefa de registrar de maneira sistemática todos os fatos contábeis não assegura


plenamente o alcance do objetivo de geração de informações úteis para dar suporte às
atividades de controle e planejamento.
A disposição organizada das informações geradas a partir das mutações
patrimoniais decorrentes dos fatos contábeis registrados ao longo do Exercício social, de
forma expositiva, ordenada e previamente estabelecida é responsável pela configuração das
demonstrações contábeis.
O Balanço Patrimonial é a representação monetária estática da situação do
Patrimônio de uma organização através da apresentação ordenada dos diversos elementos
que o compõe em um determinado instante do tempo.
O Balanço Patrimonial é um documento financeiro fundamental para qualquer
profissional interessado em tomar conhecimento sobre a situação patrimonial de uma
organização.
A estrutura do Balanço Patrimonial está disposta através de duas colunas, uma do
lado direito e outra do lado esquerdo.
A coluna direita apresenta os elementos patrimoniais relativos ao Passivo Exigível e
Patrimônio Líquido. Estes elementos representam as origens dos recursos que estão à
disposição da organização.
A coluna esquerda apresenta os elementos patrimoniais relativos ao Ativo. Estes
elementos representam a maneira pela qual a organização está aplicando esses recursos .
Representação da estrutura do Balanço Patrimonial.

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO PASSIVO

Total do Ativo Total do Passivo

A Equação Fundamental do Patrimônio estabelece que os ativos são iguais à soma


dos passivos exigíveis com o Patrimônio Líquido. Então, o Balanço Patrimonial
obrigatoriamente deverá apresentará valores iguais para o total do Ativo e para o total do
Passivo.
O Balanço Patrimonial também pode ser apresentado de maneira vertical, dispondo
a coluna do Ativo sobre a coluna do Passivo.

BALANÇO PATRIMONIAL

ATIVO

Total do Ativo
PASSIVO

Total do Passivo
Independentemente da maneira pela qual o Balanço esteja organizado, ele sempre
será considerado como a referência financeira principal por todos os usuários das
informações geradas pela Contabilidade em relação à situação geral do Patrimônio de uma
organização.

6.2. Ativo

O ativo é o conjunto de todos os bens e direitos que uma organização possui. Os


ativos representam a maneira pela qual uma empresa está utilizando todos os recursos
disponibilizados por seus sócios, proprietários ou acionistas, bem como por terceiros.
Uma alocação racional dos diversos elementos que compõem um dado Patrimônio
de maneira aleatória, mesmo que tenham sido registrados apropriadamente a partir de seus
respectivos fatos contábeis, bem como acumulados em suas respectivas contas, não seria
suficientemente útil em termos de organização das informações para a construção de uma
referência financeira para o controle e tomada de decisão.
A organização das diversas contas que compõem o Ativo, portanto, deve obedecer a
uma condição ou pressuposto estabelecido como padrão.
Este padrão está relacionado ao grau de liquidez de cada uma de suas contas, onde a
sua localização no Balanço indicará o seu grau de liquidez a partir de uma ordem
decrescente.
Liquidez é a capacidade e velocidade que um determinado elemento patrimonial
pertencente ao Ativo possui para ser transformado em moeda corrente.
Quanto maior for a velocidade que um determinado bem ou direito possui em ser
convertido em moeda corrente, maior será o grau de liquidez atribuído.
Com relação à posição no Balanço, quanto maior for a liquidez de um determinado
bem ou direito, mais acima será a sua localização. Por outro lado, quanto menor for a sua
liquidez, mais abaixo ficará a sua posição.
Considerando estas variações acerca do grau de liquidez, a Contabilidade apresenta
uma classificação apropriada para a localização dos bens e direitos no Ativo do Balanço em
três modalidades, a saber:
• Ativo circulante;
• Ativo realizável a longo prazo;
• Ativo permanente.
Outro fator considerado nesta classificação está relacionado aos conceitos de curto e
longo prazo. Normalmente, a Contabilidade considera que curto prazo está relacionado ao
período que compreenderá do início ao término do Exercício Social subseqüente.
Algumas empresas possuem ciclos operacionais maiores que doze meses. Para estas
situações, o parâmetro utilizado para identificar fatos contábeis pertencentes ao Ativo
circulante ou ao Ativo realizável a longo prazo será o prazo de duração do ciclo
operacional.

6.2.1. Ativo circulante

O Ativo circulante é a parcela do Ativo que possui o maior grau de liquidez e está
associado ao capital de giro disponível para o desenvolvimento das atividades operacionais
no âmbito da organização.
Ativo circulante é o conjunto de bens e direitos que uma organização possui e que
poderão ser realizáveis dentro do período que compreenderá o Exercício Social
subseqüente.
O Ativo circulante é composto por diversos elementos distintos, mas alguns deles
são comuns para a maioria das organizações, que são:
• Disponibilidades;
• Estoques;
• Créditos a receber;
• Aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte.
As disponibilidades são os elementos de Ativo que possuem a maior liquidez dentro
do Balanço Patrimonial.
As disponibilidades compreendem os ativos relacionados às mudanças nas contas
caixa e bancos e representam o volume de recursos financeiros em moeda corrente na
forma de dinheiro em espécie ou de depósitos bancários à disposição de uma organização a
qualquer instante de tempo.
Exemplos:

Recebimentos e pagamentos em espécie pela organização são registrados em


uma conta normalmente denominada Caixa.
Depósitos e retiradas efetuados em contas correntes bancárias pertencentes a
organizações são registrados em uma conta normalmente denominada Bancos.

Dentro das disponibilidades também podem ser consideradas as aplicações


financeiras de curto prazo que apresentem liquidez quase que imediata.
Os estoques representam o montante de bens, insumos e materiais à disposição da
organização que são necessários para a manutenção de seus processos operacionais e não-
operacionais. Os estoques relacionados ao processo operacional podem ser classificados
em:
• Estoques de matérias-primas e insumos;
• Estoques de produtos em elaboração;
• Estoques de produtos acabados.
Os estoques associados às atividades não-operacionais de uma organização podem
ser representados pelas seguintes categorias:
• Estoques de suprimentos de escritório;
• Estoques de materiais gerais.

Exemplos:

Entradas e saídas de insumos são registradas em uma conta normalmente


denominada Estoque de matérias-primas.
Aquisição e uso de material de escritório são registrados em uma conta
normalmente denominada Estoque de materiais de expediente.

O perfil dos estoques que uma determinada organização venha apresentar estará
relacionado ao ramo de atividade econômica no qual ela esteja inserida.
Portanto, é difícil afirmar que um determinado elenco comum de contas de estoques
esteja presente dentro da estrutura do Balanço Patrimonial de todas as organizações.
Os créditos a receber representam as contas relacionadas aos direitos e valores que
uma organização tenha a receber em um momento futuro que, embora não estejam
especificamente disponíveis monetariamente, podem eventualmente ser convertidos em
dinheiro em espécie.

Exemplo:

Direitos decorrentes de vendas efetuadas com pagamentos previstos para o


Exercício Social subseqüente são registrados na conta créditos a receber.

A conta créditos a receber pode ser denominada de diversas maneiras dentro do da


estrutura de contas, dentre outros, a saber:
• Duplicatas a receber;
• Clientes;
• Valores a receber.
Os créditos a receber podem ser compostos por contas associadas a vendas a prazo e
títulos conversíveis, dentre outras.
As aplicações de recursos em despesas do exercício seguinte (ou despesas pagas
antecipadamente) são direitos que uma organização possui e que são decorrentes de
desembolsos realizados antes que os benefícios relativos sejam plenamente
disponibilizados para ela apenas no Exercício Social seguinte.

Exemplos:

Assinaturas de Revistas e Jornais são registradas em uma conta que pode ser
denominada Assinaturas.
O pagamento de Prêmios relativos a Seguros são registrados em uma conta
que pode ser denominada Seguros.
Esse grupo de contas, contrariamente à sua denominação, não representa despesas
efetivas. Na verdade, simplesmente são direitos derivados de pagamentos antecipados que
se tornarão despesas no Exercício Social seguinte.

6.2.2. Ativo realizável a longo prazo

O Ativo realizável a longo prazo é a parcela do Ativo que está relacionada às


atividades operacionais mas não possui um grau de liquidez semelhante ao Ativo
circulante.
Ativo realizável a longo prazo é o conjunto de direitos que uma organização
possui e que poderão ser realizáveis (convertidos em moeda corrente) apenas após o
término do Exercício Social subseqüente, ou após o encerramento deste, mas dentro de um
intervalo de tempo equivalente ao ciclo operacional seguinte.
O Ativo realizável a longo prazo pode ser composto por elementos que apresentam
características distintas entre si, tais como:
• Diretos realizáveis;
• Vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou controladas.
Os direitos realizáveis são direitos que possuem realização prevista para após o
término do Exercício Social ou do ciclo operacional seguinte e são derivados das atividades
operacionais vinculados às atividades-fim da entidade.

Exemplo:

Direitos decorrentes de vendas efetuadas com pagamentos previstos em


prazos posteriores ao término do Exercício Social subseqüente ou maior que o
ciclo operacional são registrados na conta direitos a receber.

Faz-se necessário destacar que a diferença entre os fatos contábeis registrados em


créditos a receber pertencentes ao Ativo circulante e os direitos realizáveis pertencentes ao
Realizável a longo prazo está relacionada ao instante de tempo no qual o direito se
converterá em moeda corrente.
As vendas realizadas com prazos de pagamento superiores há doze meses, ou
superiores ao período relativo ao ciclo operacional (em função do fator tempo), após
encerramento do Exercício Social serão registradas no Ativo realizável a longo prazo.
As vendas, adiantamentos ou empréstimos a sociedades coligadas ou
controladas, bem como a diretores, acionistas ou participantes no lucro são direitos
realizáveis que não estão associados a esta classificação em função do prazo necessário
para sua realização (superior a doze meses ou ao período relativo ao ciclo operacional), mas
em função de uma imposição legal estabelecida pela Lei das Sociedades por Ações.
As Sociedades coligadas são modalidades de sociedade em que, sem que haja
controle, uma organização (investidora) que possuir ações ou quotas referentes a uma
participação de 10% ou mais do Capital Social de outra organização (investida).
As Sociedades controladas são modalidades de sociedade em que uma organização
(controladora) possui, direta ou indiretamente, mais de 50% do Capital votante de outra
organização (controlada).

6.2.3. Ativo permanente

O Ativo circulante é a parcela do Ativo que possui o menor grau de liquidez e está
associado às aplicações fixas ou permanentes relativas aos ativos da organização.
Ativo permanente é o conjunto de bens e direitos que uma organização possui e
não tem a intenção de se desfazer, bem como as despesas que contribuirão para a obtenção
de resultados operacionais para mais de um Exercício Social, que estão relacionados à sua
estrutura sem haver um período previamente estabelecido para a sua permanência como um
elemento pertencente ao Ativo.
O termo permanente está associado à inexistência de intenções da organização em
converter em moeda corrente certos elementos pertencentes ao Ativo.
O Ativo permanente é composto por diversos elementos distintos, mas alguns deles
são comuns para a maioria das organizações, que são:
• Investimento;
• Imobilizado;
• Diferido.

Os investimentos são os recursos financeiros direcionados para a participação


permanente em outras sociedades, bem como outras modalidades de direitos que não sejam
classificáveis como elementos do Ativo circulante ou do Realizável a longo prazo e que não
estejam relacionados com a manutenção das atividades operacionais da organização.
Para que um investimento seja considerado Permanente se faz necessário que haja
uma intenção clara da empresa em mantê-lo em caráter permanente.

Exemplos:

A aquisição de ações ou títulos de participação societária é registrada em


uma conta normalmente denominada Participações societárias.
Reservas de recursos naturais destinados à preservação ambiental são
registrados em uma conta normalmente denominada Investimentos em Meio
Ambiente.

Existindo a possibilidade de haver diferentes interpretações sobre a intenção de


manter a posse de determinado Ativo, a contabilidade dispõe de uma imposição legal para
atuar como parâmetro.
Desta forma, os investimentos serão classificados como elementos pertencentes ao
Ativo Permanente em duas modalidades, a saber:
• Intenção espontânea e explícita da manutenção do investimento;
• Intenção presumida em função da legislação.
A intenção espontânea estará relacionada à importância e destinação de certo
elemento do Ativo Permanente dentro da carteira de ativos.
A participação societária em outras organizações pode ser originada de necessidades
estratégicas vinculadas ao mercado, aos canais de distribuição, à tecnologia aplicada no
negócio, ou sua posição dentro da cadeia produtiva.
Uma organização poderá ter participação societária de maneira espontânea sem
possuir qualquer motivação estritamente corporativa, comercial ou mercadológica.
Também é possível que uma organização busque a participação societária em outras
organizações considerando alguns benefícios fiscais relacionados à operação.
Será considerada presumida a intenção de permanência caso um determinado
elemento seja registrado como Investimento no Balanço Patrimonial referente a um
determinado Exercício Social sempre que ele tenha sido registrado no Exercício Social
anterior como Ativo circulante, mas que não tenha sido realizado.
Outro fator importante consiste na conceituação de destinação de determinado
recurso para a manutenção das atividades da organização.

Exemplo:

A propriedade da patente de um processo de fabricação que não seja usado


pela organização será registrada em uma conta denominada Investimentos em
Patentes.
Caso a organização passe a utilizar este processo de fabricação, o registro
poderá ser efetuado em uma conta normalmente denominada Investimento
Imobilizado.

Também podem ser considerados investimentos os elementos do Ativo relacionados


a Direitos de qualquer natureza, desde que não sejam classificados como ativos realizáveis
e que não possam estar associados às atividades da organização, tais como a propriedade de
obras de arte ou imóveis destinados para arrendamento.
O imobilizado se refere aos bens e direitos pertencentes à organização que possuem
natureza permanente e que estejam relacionados com a manutenção das atividades
operacionais ou que sejam destinados para esta finalidade, incluindo os direitos associados
à propriedade industrial ou comercial.
O imobilizado, considerando este conceito bastante abrangente, podem ser
classificados em duas modalidades sobre sua natureza, a saber:
• Tangíveis;
• Intangíveis.
Os imobilizados tangíveis são aqueles que são avaliados, classificados e
contabilizados em função de possuírem estados físicos específicos, tais como móveis,
equipamentos, máquinas e benfeitorias.
Os imobilizados intangíveis são aqueles que cujo valor patrimonial não está
associado a qualquer aspecto físico específico, mas em função dos direitos de propriedade
conferidos tais como patentes e direitos autorais.
A maneira pela qual os ativos estejam relacionados ao Patrimônio de uma
organização definirá a sua classificação contábil, seja pela forma de utilização ou pelo
destino dado, identificarão se eles estão vinculados a direitos de propriedade sobre bens
destinados à manutenção das atividades ou a direitos outros exercidos com a mesma
finalidade.

Exemplo:

O adiantamento de recursos a fornecedores destinados à aquisição de bens


que serão parte integrante do Ativo imobilizado pode ser incluído no Ativo
Permanente.

As benfeitorias realizadas em imóveis arrendados também podem ser registradas


como pertencentes ao Imobilizado, pois elas se destinam a dar suporte às atividades
operacionais da organização.

Exemplo:

Construções em terrenos arrendados de terceiros para instalações físicas


relacionadas às atividades operacionais.

Desta forma, fica evidente que o Ativo imobilizado pode ser composto por
elementos bastante diversos e que a classificação de seus elementos formadores dependerá
de critérios bastante apurados para evitar erros de registro e controle do Patrimônio.

Os diferidos são as aplicações de recursos em despesas que estejam relacionadas


com serviços prestados por terceiros que contribuirão para a formação de resultados para
mais de um Exercício Social.
Os ativos diferidos possuem algumas características peculiares que os distinguem
dos demais ativos, a saber:
• São ativos geralmente intangíveis e estão sujeitos à amortização durante o
tempo em que estiverem contribuindo para o resultado;
• Estão relacionados a despesas incorridas ao longo do desenvolvimento de algum
projeto específico;
• Estão vinculados a despesas incorridas em pesquisas relacionadas a
modernização da empresa bem como ao desenvolvimento de novos produtos,
processos, métodos e fórmulas;
• Não podem ser bens corpóreos, uma vez que estes devem ser classificados no
Imobilizado;
• Constitui-se em uma exceção às regras de classificação dos elementos
pertencentes ao ativo uma vez que não são nem bens nem direitos;
• Não são confundidos com as despesas pagas antecipadamente.
Em síntese, os ativos diferidos podem estar associados a despesas pré-operacionais,
despesas em pesquisa e desenvolvimento bem como despesas vinculadas ao
desenvolvimento de processos, métodos e softwares.
As despesas pré-operacionais estão associadas a gastos que uma organização
possa vir a ter antes de iniciar suas atividades operacionais.

Exemplo:

As despesas com aluguéis, energia elétrica, comunicações construções que


ocorram antes do início das atividades operacionais são classificadas como
despesas pré-operacionais.

As despesas em pesquisa e desenvolvimento estão associadas aos gastos que uma


organização tem a partir do desenvolvimento de novos produtos, serviços ou processos.
Exemplo:

As despesas com salários dos profissionais responsáveis pelas pesquisas,


bem como materiais e serviços de terceiros são classificadas como despesas
em pesquisa e desenvolvimento.

As despesas em desenvolvimento de softwares estão associadas aos gastos que


uma organização tem a partir da concepção e desenvolvimento da engenharia de programa,
da lógica de fluxos, bem como do design de comandos de programação para novos
softwares.

Exemplo:

As despesas com salários dos profissionais responsáveis pelo desenvolvimento


de novos programas, materiais, serviços de terceiros, bem como tecnologias são
classificadas como despesas em desenvolvimento de software.

Podem ocorrer exceções às características básicas que definem os ativos diferidos


quando se observa que alguns bens corpóreos são considerados como diferido desde que
não possuam nenhuma utilidade para a organização além de participação em experimentos
e protótipos.

6.3. Passivo

O passivo é o conjunto de todas as obrigações ou dívidas que uma organização


possui. O passivo representa a maneira pela qual uma organização está obtendo todos os
recursos disponíveis.
De maneira semelhante aos Ativos, uma colocação dos diversos elementos que
compõem as obrigações de um certo Patrimônio de maneira aleatória, mesmo que todos os
fatos contábeis fossem registrados e acumulados em suas respectivas contas, não seria útil
em termos de referência financeira para o controle e para a tomada de decisão.
A ordenação das diversas contas que compõem o Passivo, portanto, deve obedecer a
uma condição estabelecida como padrão. Este padrão está relacionado ao grau de
exigibilidade das contas em uma ordem decrescente.
Exigibilidade é o prazo de pagamento que um determinado elemento patrimonial
pertencente ao Passivo possui para ser honrado.
Quanto menor for o prazo de pagamento, maior será a exigibilidade de uma
determinada obrigação ou dívida.
Com relação à posição no Balanço, quanto maior for a exigibilidade de uma
determinada obrigação ou dívida, mais acima será a sua localização. Por outro lado, quanto
menor for a sua exigibilidade, mais abaixo ficará a sua posição.
Considerando estas variações acerca do grau de exigibilidade, a contabilidade
apresenta uma classificação apropriada para a localização das obrigações e dívidas no
Passivo do Balanço em quatro modalidades, a saber:
• Passivo circulante;
• Passivo exigível a longo prazo;
• Passivo relativo a resultados de exercícios futuros;
• Patrimônio líquido.
Da mesma forma que ocorre com as contas do Ativo, esta classificação está
relacionado aos conceitos de curto e longo prazo.
Como já foi afirmado anteriormente, a Contabilidade considera que curto prazo está
relacionado ao período que compreenderá do início ao término do Exercício Social
subseqüente.
Para as organizações que possuem ciclos operacionais maiores que doze meses, o
parâmetro utilizado para identificar fatos contábeis pertencentes ao Passivo circulante ou ao
exigível a longo prazo será um intervalo de tempo relativo ao ciclo operacional.

6.3.1. Passivo circulante

O Passivo circulante é a parcela do Passivo que possui o maior grau de exigibilidade


e está associado ao capital de giro utilizado para o desenvolvimento das atividades
operacionais no âmbito da organização.
Passivo circulante é o conjunto das obrigações e dívidas que uma organização
possui e que poderão exigíveis dentro do período que compreenderá o Exercício Social
subseqüente.
O Passivo circulante é composto por diversos elementos distintos, mas alguns deles
são comuns para a maioria das organizações, que são:
• Fornecedores;
• Títulos a pagar;
• Salários a pagar;
• Encargos sociais;
• Adiantamentos de clientes;
• Empréstimos;
• Financiamentos.

A definição dos elementos que apresentem o maior grau de exigibilidade dependerá


das características específicas da indústria na qual a organização atua em função dos
padrões característicos de seus ciclos financeiros perante terceiros.
Os fornecedores compreendem os passivos relacionados às obrigações derivadas
das compras a prazo de mercadorias, materiais, matérias-primas, bem como outros serviços.

Exemplo:

As compras de matérias-primas a prazo representam fatos contábeis que são


registrados em uma conta normalmente denominada Fornecedores.

Também são considerados fornecedores os serviços públicos prestados pelas


organizações possuidoras de autorização específica, tais como os serviços de transmissão
de energia elétrica, os serviços de abastecimento de água e de rede de esgotos, bem como
os serviços de telefonia e transmissão de informações e dados.
Os títulos a pagar são os passivos associados às obrigações financeiras contraídas
pela organização junto a pessoas físicas ou jurídicas perante interações corporativas em
função de necessidades operacionais e não-operacionais.
Exemplo:

Empréstimos contraídos junto à outra organização, que não seja uma


Instituição Financeira, são registrados em uma conta que pode ser denominada
Títulos a pagar.

Os títulos a pagar são obrigações perante terceiros e podem assumir formas bastante
diversas, mas a sua característica básica está relacionada a uma obrigação financeira
permanecerá.
Os salários a pagar são os passivos relacionados aos recursos humanos da
organização e compreendem todas as obrigações que compõem o relatório mensal da folha
de pagamento.
Os encargos sociais são os passivos relacionados às obrigações financeiras
referentes aos encargos sociais que incidem sobre a folha de pagamento.

Exemplos:

Os salários dos empregados da empresa representam fatos contábeis que são


registrados em uma conta normalmente denominada salários a pagar.
As obrigações referentes ao FGTS e INSS dos empregados representam
fatos contábeis que são registrados em uma conta normalmente denominada
encargos sociais.

Os adiantamentos de clientes são os passivos compreendem todas as obrigações


relacionadas aos adiantamentos recebidos de cliente anteriormente à entrega do bem
adquirido ou serviço contratado.
Exemplo:

O recebimento de pagamento relativo à aquisição de um bem que será


entregue em 30 (trinta) dias no ato da assinatura do compromisso.

Os empréstimos são os passivos relacionados às obrigações financeiras contraídas


junto a Instituições Financeiras relativas à obtenção de capitais para suprir necessidades
sazonais de recursos financeiros.

Exemplo:

Uma operação financeira para a obtenção de recursos financeiros para serem


utilizados nas atividades cotidianas pode representar fatos contábeis que são
registrados em uma conta normalmente denominada empréstimos.

Os financiamentos são os passivos relacionados às obrigações financeiras


contraídas junto a Instituições Financeiras relativas à obtenção de capitais para atender a
certas necessidades específicas vinculadas à operação.

Exemplo:

Uma operação financeira para a obtenção de recursos financeiros vinculando


o uso dos recursos financeiros para a renovação das máquinas serem utilizados
nas atividades cotidianas podem representar fatos contábeis que são
registrados em uma conta normalmente denominada financiamentos.

A contabilidade pode contemplar inúmeros elementos do Passivo que podem ser


classificados como obrigações para atender as particularidades inerentes a organizações que
atuam em setores distintos da atividade econômica.
É importante lembrar que o Passivo circulante também abrange as obrigações
exigíveis por um prazo maior que doze meses, desde que o ciclo operacional seja maior.

6.3.2. Passivo exigível a longo prazo

O Passivo exigível a longo prazo é a parcela do Passivo que está relacionada às


atividades operacionais mas não possui um grau de exigibilidade semelhante ao Passivo
circulante.
Passivo exigível a longo prazo é o conjunto de obrigações e deveres que a
organização possui e que serão exigíveis (terão seus valores pagos pela empresa) apenas
após o término do Exercício Social subseqüente, ou dentro de um intervalo de tempo
equivalente ao ciclo operacional seguinte.
O Passivo exigível a longo prazo pode ser composto por elementos que apresentam
características distintas entre si, tais como:
• Obrigações exigíveis;
• Empréstimos ou adiantamentos de sociedades coligadas ou controladas.
As obrigações exigíveis são obrigações que possuem exigibilidade prevista para
após o término do Exercício Social ou do ciclo operacional seguinte e são derivadas das
atividades operacionais vinculados às atividades-fim da entidade.

Exemplo:

Obrigações decorrentes de compras efetuadas com pagamentos previstos em


prazos posteriores ao término do Exercício Social subseqüente ou maior que o
ciclo operacional são registrados na conta obrigações exigíveis.

Faz-se necessário destacar que a diferença entre os fatos contábeis registrados em


Títulos a pagar pertencentes ao Passivo circulante e os Títulos a pagar pertencente
pertencentes ao Passivo exigível a longo prazo está relacionada ao instante de tempo no
qual a exigibilidade acontecerá.
As obrigações contraídas com prazos de pagamento superiores há doze meses, ou
superiores ao período relativo ao ciclo operacional (em função do fator tempo), após
encerramento do Exercício Social serão registradas no Passivo exigível a longo prazo.
Os empréstimos ou adiantamentos de sociedades coligadas ou controladas, bem
como de diretores, acionistas ou participantes no lucro são obrigações exigíveis que não
estão associadas a esta classificação em função do prazo necessário para sua exigibilidade
(superior a doze meses ou ao período relativo ao ciclo operacional), mas em função de uma
imposição legal decorrente da Lei das Sociedades por Ações.

6.3.3. Resultados de Exercícios Futuros

O Passivo relativo a resultados de exercícios futuros é composto por elementos


patrimoniais bastante específicos e que não são encontrados facilmente nas estruturas dos
balanços patrimoniais mais comuns.
Os resultados de exercícios futuros são receitas de exercícios futuros, diminuídos
dos respectivos custos e despesas.
Nesta classificação devem ser considerados apenas os recebimentos que sejam
perfeitamente caracterizados como receitas efetivamente recebidas, mas que serão
apropriados apenas em exercícios futuros.

Exemplo:

O recebimento antecipado de pagamentos referentes a aluguéis não elimina a


obrigatoriedade da organização em disponibilizar o imóvel ao longo do prazo
estabelecido contratualmente.

Os resultados de exercícios futuros são caracterizados por serem valores


incorporados aos Ativos de uma organização antes mesmo que ela tenha cumprido suas
respectivas obrigações contratadas, tais como a entrega posterior de bens vendidos, ou a
prestação de serviços.
6.3.4. Patrimônio Líquido

O Ativo circulante é a parcela do Passivo que possui o menor grau de exigibilidade


e está associado ao capital de longo prazo de uma organização.
Patrimônio líquido é o conjunto de obrigações que uma organização possui perante
seus sócios, proprietários ou acionistas representadas por quotas, ações ou títulos de
propriedade.
O Patrimônio líquido representa a diferença líquida existente entre o total dos ativos
de uma organização e o total de seus passivos exigíveis (passivos circulantes e exigíveis em
longo prazo, bem como os resultados de exercícios futuros).
Desta forma, pode-se considerar que o Patrimônio líquido representa o capital
próprio de uma organização.
O Patrimônio líquido é composto por diversos elementos distintos, mas alguns deles
são comuns para a maioria das organizações, que são:
• Capital social;
• Reservas;
• Lucros ou prejuízos acumulados;
• Contas retificadoras.

O Capital social é o montante dos recursos financeiros investidos em uma certa


organização por seus sócios, proprietários ou acionistas para a composição dos recursos
essenciais necessários para o início das atividades.
Considerando as suas diversas modalidades, o Capital social pode ser subdividido
em quatro modalidades distintas, a saber:
• Capital subscrito;
• Capital integralizado;
• Capital a integralizar;
• Capital autorizado.
O capital subscrito se refere aos recursos financeiros a serem disponibilizados
pelos sócios em função de compromissos estabelecidos pelo contrato social ou estatuto da
organização.
O capital integralizado (ou realizado) se refere ao montante dos recursos
financeiros subscritos estabelecidos pelo contrato social ou estatuto da entidade que foram
efetivamente recebidos pela organização.
O capital a integralizar (ou a realizar) se refere ao montante dos recursos
financeiros subscritos estabelecidos pelo contrato social ou estatuto da entidade que ainda
não foram efetivamente recebidos pela organização.
O capital autorizado se refere ao limite estabelecido em montante ou participação
societária pelos quais o contrato social ou estatuto da organização autoriza a administração
a promover aumento de capital social sem haver a necessidade de qualquer alteração
contratual ou estatutária.
As Reservas são os valores financeiros que não apresentam expectativas presentes
ou futuras de exigibilidade e que estão associados a recursos retidos para preservar o valor
do Patrimônio líquido.
Considerando as suas diversas modalidades, as reservas podem ser subdivididas em
três modalidades distintas, a saber:
• Reservas de capital;
• Reservas de reavaliação;
• Reservas de lucros.

As Reservas de capital se referem aos montantes dos recursos acrescidos ao


Patrimônio líquido que não devem transitar nas contas referentes a resultados e que não
sejam oriundos de reavaliações de ativos.
Podem ser consideradas como reservas de capital as seguintes configurações de
fatos contábeis:
• Correção monetária do capital integralizado;
• Doações recebidas;
• Prêmios obtidos na emissão de debêntures;
• Subvenções para investimentos;
• Incentivos fiscais.
As Reservas de reavaliação se referem aos montantes dos recursos adicionados ao
Patrimônio líquido que estejam relacionados à contrapartida dos acréscimos de valos dos
bens que compõem o Ativo e que sejam decorrentes de reavaliações.
As Reservas de lucros se refere aos montantes originados de lucros não
distribuídos aos proprietários e que estejam relacionados a alguma finalidade específica
para assegurar uma maior estabilidade financeira.
Podem ser consideradas como reservas de lucros as seguintes configurações de fatos
contábeis:
• Reservas legais;
• Reservas estatutárias;
• Reservas para contingências;
• Reservas de lucros a realizar;
• Reservas de lucros para dividendos.

Os Lucros ou prejuízos acumulados são a representação do saldo remanescente


dos lucros (ou prejuízos) líquidos dos montantes designados para as reservas de lucros e
para os dividendos a serem distribuídos e que farão parte do Patrimônio líquido a partir do
Balanço Patrimonial em que forem registrados.
As Contas retificadoras são a representação de operações específicas para a
correção contábil do Patrimônio líquido.
Considerando as suas diversas possibilidades, as Contas retificadoras podem ser
classificadas em três modalidades distintas, a saber:
• Capital social a realizar;
• Ações em tesouraria ou quotas liberadas;
• Dividendos distribuídos antecipadamente.

Finalmente, o Patrimônio líquido pode ser considerado como a referência mais


importante dentro do Balanço patrimonial quando se pretende observar o perfil da estrutura
de capital de uma organização dando ênfase aos recursos próprios em suas diversas formas
possíveis.
Questões para Discussão

a) De que maneira a estrutura do Balanço Patrimonial contribui para o controle e


planejamento financeiro?

b) Qual é a finalidade da elaboração do Balanço Patrimonial?

c) Qual é a diferença entre os conceitos de curto e longo prazos?

e) O que você sabe sobre os ativos circulantes e realizáveis a longo prazo?

f) Como você pode caracterizar a função do Ativo Permanente?

g) Qual é a importância da compreensão distinção entre os passivos exigíveis e Patrimônio


Líquido para a gestão financeira de uma organização?
5. A CONTABILIDADE E AS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

ƒ Apresentar os elementos complementares das demonstrações financeiras


ƒ Definir os objetivos da análise financeira das informações contábeis
ƒ Conceituar e diferenciar dados e informação

5.1. Aspectos Conceituais e seus Elementos Complementares

O principal referencial que a Contabilidade fornece para os gestores de qualquer


organização consiste no conjunto de informações financeiras agregadas de maneira
ordenada e lógica.
Através dos registros dos fatos contábeis ocorridos em seu âmbito ao longo de um
Exercício Social em suas respectivas contas, a Contabilidade é responsável pela
consolidação e elaboração das diversas demonstrações financeiras.
As demonstrações financeiras são relatórios financeiros elaborados a partir dos
registros da contabilidade através da consolidação de todos os fatos contábeis.
Estas demonstrações são instrumentos financeiros imprescindíveis para
proporcionar uma visão ampla sobre a situação econômica e financeira de uma organização
em um determinado período.
As demonstrações financeiras são elaboradas periodicamente pelas organizações ao
final de cada Exercício Social para a identificação de seu estado patrimonial, resultante de
todos os fatos contábeis registrados. As demonstrações financeiras obrigatórias são, a saber:
• Balanço Patrimonial (BP);
• Demonstração do Resultado do Exercício (DRE);
• Demonstração das Origens e Aplicações de Recursos (DOAR);
• Demonstração dos Lucros/Prejuízos Acumulados (DLPA);
• Demonstração do Fluxo de Caixa (DFC);
• Demonstração do Valor Adicionado (DVA);
As diversas contas que compõem o Patrimônio podem ser inter-relacionadas para
prover informações relevantes sobre seu comportamento aos gestores e proprietários de
uma organização acerca de seu Patrimônio de maneira ampla e precisa, considerando sua
dinâmica e estrutura estática para um determinado instante de tempo.
O Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado do Exercício e a
Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido são obrigatórias tanto para as
sociedades por ações quanto para as sociedades por quotas de responsabilidade limitada
para atender à legislação tributária para fins de prestação de contas do Imposto de Renda. A
Demonstração da Origem e Aplicação dos Recursos é exigida apenas para as sociedades
por ações.
Normalmente, as organizações de capital aberto (que possuem ações negociadas e
cotadas em bolsas de valores), bem como as instituições financeiras, consolidam e
publicam suas demonstrações financeiras semestralmente.
Esta freqüência decorre das demandas e expectativas do mercado financeiro por
informações financeiras atualizadas sobre a sua situação financeira das organizações, bem
com evitar eventuais especulações indesejadas que influenciem negativamente o valor de
suas ações.
As demonstrações financeiras, quando de sua publicação, são acompanhadas por
outras fontes complementares de informação, a saber:
• Notas Explicativas;
• Relatório da Diretoria;
• Parecer dos Auditores Independentes.
As notas explicativas são instrumentos financeiros auxiliares que possuem a
finalidade de complementar o elenco de informações contidas nas demonstrações
financeiras através da descrição dos procedimentos adotados, bem como prover
esclarecimentos adicionais sobre eventuais alterações estruturais ocorridas em relação às
demonstrações dos exercícios sociais anteriores.
Através das notas explicativas é possível desenvolver uma compreensão mais fiel
sobre diversas variáveis que não estejam incluídas explicitamente nas demonstrações
financeiras, tais como, o comportamento da taxa de juros ao longo do Exercício Social ou
alterações nos padrões de produtividade.
As notas explicativas também podem apontar alguns critérios e procedimentos
adotados no processo de sua confecção para viabilizar uma avaliação mais precisa sobre a
situação da organização.
Além das notas explicativas, pode-se destacar duas fontes de informação relevantes
para suprir a necessidade de informações acerca da situação patrimonial da organização,
que são o relatório de diretoria e o parecer dos auditores.
O relatório de diretoria é entendido como um documento responsável pela
explanação dos diversos aspectos da organização que estejam relacionados ao desempenho
econômico corporativo ao longo do Exercício Social.
São considerados no relatório de diretoria os mais importantes fatores operacionais
inerentes às atividades operacionais e administrativas da organização, tais como,
planejamento estratégico, políticas institucionais, conjuntura econômica, bem como planos
de expansão e outros assuntos relevantes a serem considerados.
O parecer dos auditores pode ser entendido como avaliação técnica das
demonstrações financeiras de uma organização considerando sua conformidade econômico-
financeira em relação à sua situação real, sua uniformidade em consideração às
demonstrações dos exercícios anteriores e seu rigor acerca dos procedimentos contábeis
adotados pela organização.
A importância creditada ao parecer dos auditores se deve ao fato de se tratar de uma
opinião emitida por profissionais independentes, que não possuem vínculo empregatício
com a organização, acerca da correção, veracidade, qualidade e credibilidade do processo
de elaboração de suas demonstrações financeiras.
Neste contexto, a análise das informações contidas nas demonstrações financeiras se
torna uma prerrogativa obrigatória para o gestor financeiro de qualquer organização, tendo
em vista que o acompanhamento da evolução do patrimônio faz parte de suas preocupações
e atribuições institucionais mais relevantes.
De maneira geral, a análise das demonstrações financeiras pode ser definida
como um conjunto de articulações previamente estabelecidas entre os diversos elementos
patrimoniais que as compõem para a obtenção de informações financeiras relevantes, bem
como proporcionar instrumentos quantitativos específicos para acompanhar, avaliar e
projetar a evolução do Patrimônio de uma organização.
Esta análise consiste na aplicação de metodologias previamente estabelecidas para
avaliar a evolução do Patrimônio ao longo de um certo intervalo de tempo, bem como
avaliar a sua estrutura em um certo instante de tempo, incorporando ao processo a
experiência e sensibilidade do profissional responsável pela análise.
Além das demonstrações e relatórios obrigatórios, a contabilidade pode fornecer
uma série de relatórios econômico-financeiros, para fins de controle gerencial interno,
sobre assuntos importantes e que demandem informações específicas, tais como, fluxo de
caixa, projeções e orçamentos de vendas, planejamento e controle da produção, avaliação
de estoques, dentre outros.

5.2. Dados, informações e Análise Contábil

A partir da consolidação das Demonstrações Financeiras, a contabilidade


disponibiliza instrumentos financeiros responsáveis pela representação monetária da
situação atual do Patrimônio.
Estes valores mostrados nas diversas demonstrações são essencialmente números e
podem ser considerados como dados em função de estarem organizados em sua forma
original sem ter sido transformada ou manipulada.
Em outras palavras, dados são valores referentes a uma certa variável, ou
fenômeno, que podem ser expressos de maneira quantitativa e em sua forma original.
Os dados que representam o comportamento de uma variável podem ser
classificados da seguinte maneira:
• Discretos;
• Nominais;
• Por postos;
• Contínuos.
Os dados discretos são aqueles que somente poderão assumir determinados valores,
normalmente derivados de contagens. Os valores que representam a quantidade de clientes
que entraram em uma loja de uma entidade podem ser considerados como dados discretos.
Os dados nominais são aqueles que representam categorias (não numéricas) em
função das variáveis que representam. Os itens que compõem o perfil dos consumidores,
tais como sexo, idade e profissão podem ser considerados como dados nominais.
Os dados por postos são aqueles que representam avaliações subjetivas em função
de alguma preferência ou desempenho. Os valores contidos nos relatórios de vendas através
da discriminação das quantidades vendidas por produtos obedecendo a volumes
decrescentes podem ser considerados como dados por postos.
Os dados contínuos são aqueles que podem assumir quaisquer valores dentro de um
intervalo contínuo. Os valores que representam o saldo do caixa ao final do expediente
podem ser considerados como dados contínuos.
A disponibilização de dados em grandes quantidades pode gerar circunstâncias
desfavoráveis para o profissional responsável por sua análise e interpretação.
Para viabilizar análises de dados mais precisas e fiéis à realidade, são necessários
procedimentos metodológicos específicos para transformá-los em informações.
Desta forma, informações podem ser consideradas como o resultado do
processamento e sistematização de dados.
O processo de conversão de dados em informações pode ser útil para facilitar a
identificação de relações entre dados referentes a diversas variáveis, podendo ser
representado de inúmeras maneiras, a saber:
• Gráficos;
• Tabelas;
• Percentagem;
• Números-índice.
Além de servirem como ferramentas de comunicação, as informações podem ser
utilizadas para a identificação e conceituação de anormalidades através da caracterização de
desvios dos valores esperados.
As demonstrações financeiras são compostas por inúmeros dados que precisam ser
articulados para poder gerar informações úteis e atualizadas.
Portanto, o objetivo da aplicação de metodologias analíticas sobre os diversos
dados disponíveis nas demonstrações financeiras consiste na geração de informações para
identificar, determinar e caracterizar seus pontos críticos e subsidiar a apreciação de
medidas alternativas para sua resolução.
Estas informações serão utilizadas dentro das aplicações da Contabilidade no
contexto de uma entidade que são auxiliar as atividades de controle e planejamento da
organização.
Em relação à sua inserção no controle, a análise das demonstrações financeiras
poderá dispor de referências quantitativas desejáveis para avaliar os resultados efetivamente
obtidos em um determinado Exercício Social.
A disposição ordenada dos aspectos relacionados à análise de informações
financeiras/contábeis pode ser construída a partir das características dos dados, dos
mecanismos de processamento e das informações geradas.

PROCESAMENTO
DADOS DOS INFORMAÇÕES
CONTÁBEIS DADOS CONTÁBEIS

Normalmente, os valores históricos relativos a resultados passados são tomados


como parâmetro para a avaliação e funcional efetivamente como termômetros da entidade
para a consolidação de padrões de desempenho.
Sobre seu papel nas atividades de planejamento, a análise das demonstrações
financeiras é responsável pela geração de informações relevantes para auxiliar a tomada de
decisões a partir dos resultados obtidos.
Os valores encontrados nos resultados contidos nas demonstrações são tomados
como referência de avaliação das decisões tomadas anteriormente e atuam como retro-
alimentação do processo de tomada de decisão da organização na busca de melhores
resultados no Exercício Social seguinte.
Faz-se necessário destacar que, além dos valores e indicadores obtidos a partir das
técnicas e metodologias adotadas para analisar as demonstrações financeiras, a intuição e a
experiência são decisivas para a obtenção de conclusões satisfatórias.
É bastante comum que analistas cheguem a diferentes conclusões, mesmo dispondo
de dados idênticos e adotando as mesmas técnicas de mensuração e avaliação.
Outros dois fatores relevantes para a análise estão relacionados à quantidade e
qualidade das informações disponíveis para subsidiar o processo de tomada de decisões.

Questões para Discussão

a) O que são demonstrações financeiras?

b) Quais são as demonstrações financeiras obrigatórias?

c) Quais são e o que você sabe sobre as fontes complementares de informação?

d) Diferencie dados de informações.

e) Quais são as diferenças principais entre os diversos usuários das informações da análise
das demonstrações financeiras?
6. ANÁLISE ESTRUTURAL DAS DEMONSTRAÇÕES FINANCEIRAS

ƒ Mostrar a relevância da análise estrutural das demonstrações financeiras


ƒ Apontar os principais métodos, bem como seus pressupostos
ƒ Ilustrar modalidades de aplicações da análise horizontal e vertical

6.1. Considerações Gerais

A análise das demonstrações financeiras é uma ferramenta gerencial útil e


amplamente utilizada dentro do processo de avaliação da evolução do Patrimônio de uma
Entidade.
Como a contabilidade, através do seu processo de escrituração, atua na forma de
mecanismo de acumulação das mutações ocorridas no patrimônio, a primeira percepção
sobre o processo de análise das demonstrações financeiras se dá identificação e análise da
composição de sua estrutura de contas.
A partir desta estrutura de contas, o analista financeiro terá a oportunidade de
observar a composição patrimonial em termos descritivos (considerando o elenco de contas
existentes), mas também a sua composição quantitativa (mostrando a participação relativa
dos valores que cada conta apresenta em função do montante do Patrimônio).
A observação sistemática do comportamento de contas específicas, ou mesmo
grupos de contas, isoladamente não são capazes de fornecer informações relevantes para
subsidiar qualquer decisão.
O sentido da análise das demonstrações consiste na visão sistêmica que a
metodologia proporciona em função das relações existentes entre os valores apresentados
pelas contas (ou grupos de contas) no sentido de ilustrar e explicar as mudanças ocorridas
no Patrimônio, ou possibilitar diagnósticos para fundamentar resultados obtidos.
A principal finalidade do desenvolvimento e aplicação de uma técnica de análise
para o estudo das demonstrações financeiras está relacionada à sua viabilidade e eficácia
como instrumento de comparação entre valores referentes ao Patrimônio em diferentes
instantes de tempo.
Para que qualquer analista possa efetuar avaliações dignas de crédito acerca de
demonstrações financeiras, se faz necessária à observação de alguns pressupostos, a saber:
• Devem apresentar valores financeiramente equivalentes e se referirem a um
mesmo instante de tempo;
• Devem ter sido elaboradas a partir da mesma metodologia;
• Devem representar os mesmos intervalos de tempo para evitar distorções
decorrentes de efeitos sazonais;
• Devem representar exercícios sociais que não sejam atípicos.
Desta forma, qualquer perspectiva de análise sobre as demonstrações financeiras
deve obedecer a uma cautela metodológica rigorosa para assegurar a fidelidade dos dados
disponibilizados para proporcionar resultados confiáveis.
Considerando as diferentes metodologias de cálculo, a análise estrutural pode
apresentada sob duas perspectivas, a saber:
• Análise Horizontal;
• Análise Vertical.
Cada uma delas, pode ser categorizada de maneira distinta e terá a sua
aplicabilidade concentrada em objetivos específicos complementares.
Podem ser destacadas as metodologias de interpretação dos resultados obtidos por
cada uma delas, bem como suas limitações.

6.2. Análise Horizontal

A análise horizontal pode ser definida como uma metodologia que executa um
processo de apropriação do comportamento das diversas contas contidas em uma série de
demonstrações financeiras, que representam o Patrimônio ao longo de um certo intervalo de
tempo, para visualizar suas variações estruturais a partir de uma referência padrão.
Esta metodologia se baseia na identificação e utilização de um exercício social
tomado como referência para a análise, que é denominado para tal finalidade como ano-
base.
Usualmente, a demonstração financeira referente ao exercício social mais antigo da
série como ano-base, tornando os resultados obtidos como uma seqüência temporal para
facilitar a ilustração da evolução patrimonial.
Para que os cálculos sejam mais acurados, se faz necessário que as diversas
demonstrações financeiras estejam representadas em valores monetários relativos à mesma
data, uma vez que as variações de preços e valores dos elementos que compõem o
Patrimônio não interfiram indevidamente nos resultados e, conseqüentemente, na análise.
Para assegurar esta equivalência, são adotadas técnicas financeiras específicas
relativas a equivalências financeiras entre valores obtidos em diferentes instantes do tempo.
Para os fins específicos apresentados aqui, os valores apresentados se referem a uma
mesma data.
O processo de análise horizontal, para ser realizado, deve obedecer às seguintes
etapas:
Primeiro Passo ⇒ Obtenção de uma série de demonstrações financeiras;
Segundo Passo ⇒ Conversão monetária dos valores para torna-los financeiramente
equivalentes a uma mesma data;
Terceiro Passo ⇒ Efetuação dos cálculos.
Quarto Passo ⇒ Realização do processo de análise.

Os cálculos referentes à análise horizontal são, individualmente, aplicações


matemáticas lógicas para a obtenção de números-índice que representarão as relações entre
as diferentes contas e grupos de contas.
Dentro desta metodologia, podem-se observar duas variações principais de seus
cálculos propriamente ditos.
A primeira variação consiste na aplicação do valor do Ativo Total como referência-
padrão para todos os cálculos efetuados sobre todas as contas, ou grupo de contas das
demonstrações financeiras analisadas, inclusive o ano-base.
Desta forma, os valores encontrados para cada conta, ou grupo de contas, serão
representações relativas ao Ativo Total do ano-base, que é tomado como valor de referência
para todas as contas, ou grupos de contas, inclusive para os valores relativos aos Ativos
Totais dos demais exercícios sociais contidos na série analisada.
A segunda variação consiste na aplicação do valor de uma determinada conta, ou
grupo de contas, como referência-padrão para os cálculos que considerarem esta mesma
conta, ou mesmo grupo de contas.
Deste modo, os valores encontrados serão representações relativas à conta, ou grupo
de contas, do ano-base, que é tomado como referência, para os valores relativos às contas,
ou grupos de contas, dos demais exercícios sociais contidos na série analisada.
A partir dos resultados obtidos, o analista poderá identificar as contas, ou grupos de
contas que tiveram comportamento crescente ou decrescente em função do valor-referência.
Os Balanços Patrimoniais relativos aos exercícios sociais X1, X2 e X3 de uma certa
empresa E mostra a organização inicial dos dados para a análise horizontal.

Balanços Patrimoniais para os Exercícios Sociais X1, X2 e X3.


ATIVO X1 X2 X3

Ativo Circulante R$556.107,00 R$674.017,00 R$592.020,00

disponibilidades R$68.758,00 R$86.353,00 R$52.278,00


bancos R$43.982,00 R$32.122,00 R$43.524,00
caixa R$24.776,00 R$54.231,00 R$8.754,00

Direitos realizaveis R$487.349,00 R$587.664,00 R$539.742,00


duplicatas R$432.531,00 R$412.343,00 R$364.557,00
prov. Para dev. Duv. R$12.043,00 R$76.556,00 R$87.532,00
estoques R$42.775,00 R$98.765,00 R$87.653,00

R. a Longo Prazo R$684.886,00 R$542.253,00 R$464.089,00


direitos realizaveis R$342.110,00 R$298.731,00 R$265.436,00
rec. Antec. N. op. R$342.776,00 R$243.522,00 R$198.653,00

Ativo Permanente R$2.092.907,00 R$2.159.091,00 R$2.399.088,00


Invest. permanentes R$854.853,00 R$901.256,00 R$1.032.876,00
Ativos imobilizados R$1.003.202,00 R$1.092.453,00 R$1.234.668,00
Ativo diferido R$234.852,00 R$165.382,00 R$131.544,00

Ativo Total 3.333.900,00 3.375.361,00 3.455.197,00


PASSIVO

Passivo circulante R$61.647,00 R$74.041,00 R$74.136,00

Duplicatas R$21.732,00 R$29.876,00 R$31.295,00


Contas R$32.443,00 R$34.321,00 R$29.876,00
Empréstimos R$4.221,00 R$5.312,00 R$6.423,00
Títulos R$3.251,00 R$4.532,00 R$6.542,00

Exig. a longo prazo R$360.298,00 R$448.688,00 R$472.594,00

Duplicatas R$3.241,00 R$5.432,00 R$8.652,00


Contas R$358,00 R$102.341,00 R$100.654,00
Empréstimos R$324.512,00 R$228.461,00 R$259.643,00
Títulos R$32.187,00 R$112.454,00 R$103.645,00

Patrimônio Liquido R$2.911.955,00 R$2.852.640,00 R$2.908.467,00

capital social R$1.754.392,00 R$1.985.332,00 R$1.994.536,00


reservas R$728.210,00 R$590.580,00 R$705.104,00
capital R$298.642,00 R$189.000,00 R$233.425,00
lucros R$231.036,00 R$245.406,00 R$284.536,00
reaval. R$198.532,00 R$156.174,00 R$187.143,00
lucros (prejuízos) R$429.353,00 R$276.728,00 R$208.827,00

Passivo Total 3.333.900,00 3.375.369,00 3.455.197,00

Considerando as variações existentes para a aplicação da análise horizontal, podem-se


encontrar valores distintos.
Os resultados mostrados na tabela abaixo mostram os números-índice obtidos através
dos cálculos efetuados a partir da referência do Ativo Total do ano-base ser igual a 100.

Análise Horizontal referente aos períodos X1, X2 e X3 (Ativo Total = 100).


Contas X1 X2 X3
Ativo Permanente R$2.092.907,00 62,78 R$2.159.091,00 64,76 R$2.399.088,00 71,96
Invest. permanentes R$854.853,00 25,64 R$901.256,00 27,03 R$1.032.876,00 30,98
Ativos imobilizados R$1.003.202,00 30,09 R$1.092.453,00 32,77 R$1.234.668,00 37,03
Ativo diferido R$234.852,00 7,04 R$165.382,00 4,96 R$131.544,00 3,95
Ativo Total 3.333.900,00 100,00 3.375.361,00 101,24 3.455.197,00 103,64

Observa-se que os valores encontrados para o Ativo Total dos exercícios sociais X2 e
X3 demonstram seu incremento relativo em comparação ao Ativo Total do ano-base (1,24 e
3,64, respectivamente).
Também pode ser destacado que tanto o grupo de contas Ativo permanente quanto as
contas individuais mostraram resultados crescentes, excetuando a conta Ativo Diferido, que
apresentou redução de 7,04 (referente ao exercício social X1) para 3,95 (referente ao
exercício social X3).
Por outro lado, observando os resultados da tabela abaixo contendo os números-índice
obtidos através dos cálculos efetuados a partir da referência do ano-base em suas diversas
contas, bem como no grupo de contas, ser igual a 100.

Análise Horizontal referente aos períodos X1, X2 e X3 (Contas de X1 = 100).


Contas X1 X2 X3
Ativo Permanente R$2.092.907,00 100,00 R$2.159.091,00 103,16 R$2.399.088,00 114,63
Invest. permanentes R$854.853,00 100,00 R$901.256,00 105,43 R$1.032.876,00 120,82
Ativos imobilizados R$1.003.202,00 100,00 R$1.092.453,00 108,90 R$1.234.668,00 123,07
Ativo diferido R$234.852,00 100,00 R$165.382,00 70,42 R$131.544,00 56,01

Ativo Total 3.333.900,00 100,00 3.375.369,00 101,24 3.455.197,00 103,64

Observa-se que o valor encontrado para todas as contas do exercício social X1 é igual
a 100, onde as demais contas dos exercícios sociais X2 e X3 demonstram sua variação
específica em comparação ao padrão estabelecido.
Desta forma, fica clara a perspectiva temporal que a análise horizontal aborda através
do processo de construção dos números-índice a partir do ano-base. Esta metodologia
favorece a construção de modelos quantitativos para avaliar tendências e elaborar projeções
futuras, considerando os dados disponíveis nos balanços relativos a exercícios sociais
anteriores.

6.3. Análise Vertical


A análise horizontal pode ser definida como uma metodologia que executa um
processo de apropriação do comportamento das diversas contas que representam o
Patrimônio para cada um dos exercícios sociais analisados para visualizar sua composição,
bem como suas variações estruturais ao longo do intervalo de tempo considerado.
Esta metodologia se baseia na utilização do Ativo Total tomado como referência
para a análise, sendo denominado para tal finalidade como Patrimônio-base.
Diferentemente da análise horizontal, as demonstrações financeiras são
consideradas na análise vertical como unidades independentes para a efetuação dos
cálculos, sem a existência de um ano-base, podendo, contudo, visualizar os resultados
obtidos como uma seqüência temporal para ilustração da evolução patrimonial.
Outra diferença entre operacionalização adotada na análise vertical em comparação
com a análise horizontal consiste na possibilidade de cálculo sem que as diversas
demonstrações financeiras estejam representadas em valores monetários relativos à mesma
data.
O processo de análise vertical, para ser realizado, deve obedecer às seguintes etapas:
Primeiro Passo ⇒ Obtenção de uma série de demonstrações financeiras;
Segundo Passo ⇒ Efetuação dos cálculos.
Terceiro Passo ⇒ Realização do processo de análise.

Os cálculos referentes à análise vertical são, individualmente, aplicações lógicas para


a obtenção de percentuais que representarão as respectivas participações relativas das
diferentes contas e grupos de contas.
A partir dos resultados obtidos, o analista poderá identificar as contas, ou grupos de
contas que tiveram sua participação relativa aumentada ou diminuída em função do Ativo
Total de seus respectivos exercícios sociais.
Os Balanços Patrimoniais relativos aos exercícios sociais X1, X2 e X3 da empresa E,
utilizados para o cálculo da análise horizontal, serão também utilizados para ilustrar a
análise vertical.
Os resultados mostrados na tabela abaixo mostram os percentuais obtidos através dos
cálculos efetuados a partir das referências dos Ativos Totais dos exercícios sociais
analisados tornados iguais a 100.
Análise Vertical referente aos períodos X1, X2 e X3 (Ativos Totais = 100).
Contas X1 X2 X3
Ativo Permanente R$2.092.907,00 62,78 R$2.159.091,00 63,97 R$2.399.088,00 69,43
Invest. permanentes R$854.853,00 25,64 R$901.256,00 26,70 R$1.032.876,00 29,89
Ativos imobilizados R$1.003.202,00 30,09 R$1.092.453,00 32,37 R$1.234.668,00 35,73
Ativo diferido R$234.852,00 7,04 R$165.382,00 4,90 R$131.544,00 3,81

Ativo Total 3.333.900,00 100,00 3.375.361,00 100,00 3.455.197,00 100,00

Deste modo, os valores encontrados para as contas mostram seus respectivos


percentuais em relação ao Ativo Total para cada um dos exercícios sociais analisados.
Observa-se também que tanto o grupo de contas Ativo permanente quanto as contas
individuais mostraram participações relativas crescentes, excetuando a conta Ativo
Diferido, que apresentou uma redução de 7,04 (referente ao exercício social X1) para 3,81
(referente ao exercício social X3).
A análise estrutural se baseia na configuração da distribuição patrimonial no contexto
das diversas contas que compõem o Patrimônio de uma entidade para identificar,
acompanhar e analisar sua composição em termos quantitativos e qualitativos.
Esta configuração analítica está baseada sob dois aspectos distintos, se são os aspectos
internos e os aspectos externos. Os aspectos internos consideram os valores apresentados
pelas demonstrações desta empresa. Os aspectos externos abordam os valores apresentados
pelas demonstrações financeiras em comparação às demonstrações de outras empresas que
atuam no mesmo setor de atividade econômica ou que possuam estruturas semelhantes.

Questões para Discussão

a) Comente o que você entende sobre os pressupostos da análise estrutural.


b) Caracterize a análise horizontal em suas diversas etapas.
c) Quais são os principais desafios e finalidades da análise vertical?
d) Diferencie os dois métodos de análise estrutural.
7. ANÁLISE DOS ÍNDICES FINANCEIROS

ƒ Demonstrar as aplicações dos índices dentro da análise financeira;


ƒ Apresentar e conceituar os principais índices financeiros;
ƒ Diferenciar as expectativas do Analista quanto ao comportamento dos índices de liquidez e
de endividamento.

7.1. Índices e análise das demonstrações financeiras

A perspectiva gerencial de análise das demonstrações financeiras exige do


profissional da área financeira uma série de habilidades conceituais que permitam
consistência e profundidade no que se refere ao desenvolvimento e monitoramento de
instrumentos apropriados para atingir esta finalidade.
Os índices são expressões numéricas que representam quantitativamente a relação
existente entre diferentes dados.
A inserção dos índices na análise das demonstrações financeiras deverá estar
relacionada a parâmetros referenciais válidos para que se tornem consistentes e objetivos.
A elaboração e utilização de índices financeiros como mecanismo sistemático para
avaliação financeira da situação patrimonial de uma entidade não é uma tarefa simples e
requer conhecimento aprofundado sobre o setor de atividade econômica no qual ela esteja
atuando.
Uma mera interposição de valores relativos a certas contas, ou grupos de contas,
gerará números que, isoladamente, não passarão de expressões numéricas sem refletir
qualquer significado expressivo que contribua para a análise financeira propriamente dita.
Entidades que exploram atividade econômica vinculada ao setor industrial podem
possuir padrões patrimoniais diferentes de entidades de atividade econômica vinculada ao
setor comercial ou ao setor de serviços.
Mais especificamente, dentre as entidades que exploram atividade econômica
vinculada ao setor industrial, comercial ou de serviços, pode haver diferenças significativas
e que possuam características patrimoniais distintas entre os seus diversos segmentos.
Cada segmento de atividade econômica se caracteriza por diversos aspectos que
influenciam diretamente na composição e estruturação patrimonial das entidades que
estejam efetivamente atuando. Dentre estes aspectos, podem-se destacar:
• Prazos de pagamentos a fornecedores;
• Prazos de recebimentos de clientes;
• Grau de dependência sobre inovação tecnológica;
• Importância relativa das atividades de Pesquisa e desenvolvimento;
• Estrutura operacional;
• Complexidade organizacional;
• Marketing e publicidade;
• Cadeia de comercialização.
Desta forma, a contabilidade, através da consolidação das demonstrações
financeiras, é responsável pela disponibilização dos dados para o processo de elaboração e
aplicação de índices para a análise dessas demonstrações.

7.2. Índices Financeiros

A partir da estrutura de contas que compõem o patrimônio, o analista financeiro terá


a oportunidade de avaliar sua composição patrimonial em termos qualitativos, mas também
a sua composição em termos quantitativos, através da participação relativa dos valores que
cada conta apresenta em função do montante do Patrimônio.
A observação dos valores das contas, ou grupos de contas, que apresentem
comportamento assimétrico, isoladamente, pode se tornar uma fonte de informações
relevantes para subsidiar qualquer perspectiva de elaboração de índices relevantes para
avaliação financeira.
A análise de índices financeiros é um método de avaliação patrimonial de uma
entidade que expressa as relações existentes entre as contas ou grupos de contas relevantes
para o setor específico de atividade no qual ela atua para retratar sua situação financeira e
econômica.
Embora a análise de índices financeiros seja realizada a partir de metodologia
própria, ela apresenta um sentido de visão sistêmica complementar à análise estrutural. Ela
também busca a identificação, ilustração e explicação das mudanças ocorridas no
Patrimônio, ou possibilitar diagnósticos para fundamentar resultados obtidos.
A principal finalidade do desenvolvimento e aplicação de índices financeiros está
relacionada a uma perspectiva sistêmica da situação financeira e econômica no que se
refere ao Patrimônio para permitir a construção de um perfil de avaliação mais amplo.
Os índices financeiros também podem ser utilizados para analisar a evolução do
Patrimônio ao longo de um certo intervalo de tempo. Esta aplicação se torna útil na medida
que proporciona uma comparação entre os índices encontrados com a finalidade de
identificar tendências.
Esta metodologia de análise financeira a partir do seu mecanismo operacional, que é
baseado em quocientes, elimina qualquer interferência inflacionária, uma vez que cada
índice se refere especificamente a um determinado instante de tempo.
Estes índices (ou quocientes) podem apresentar comportamentos semelhantes e
possuírem interpretações distintas. Para alguns índices, quanto maior for o valor
encontrado, melhor será o seu significado. Outros índices apresentam característica oposta,
onde quanto menor for o valor encontrado, melhor será o seu significado. Podem-se
encontrar índices cujo comportamento do valor encontrado terá o melhor significado
quando ele girar em torno de um certo valor pré-estabelecido.
A partir da geração de informações sistemáticas sobre os índices financeiros, pode-
se analisar a eficácia das decisões e políticas que a entidade tenha adotado ao longo do
intervalo de tempo estudado. Os índices obtidos podem ser avaliados a partir das seguintes
referências:
• Índices históricos médios da própria empresa;
• Índices-padrão do setor de atividade econômica;
• Índices-padrão de outras empresas.
É importante destacar que quando são adotadas metodologias de analise das
demonstrações financeiras a partir de comparações entre empresas, inclusive quando elas
estejam atuando no mesmo setor de atividade econômica.
Nestas comparações há a possibilidade de inconsistência de resultados, provocando
avaliações distorcidas e incompletas, principalmente decorrentes de diferenças
metodológicas contábeis quando de sua elaboração.
A proposição dos índices financeiros a serem utilizados para a análise financeira das
demonstrações financeiras de uma certa empresa precede uma tarefa ainda mais importante
e não menos complexa que é a definição da importância relativa de cada um deles no
contexto global da avaliação.
É possível que os resultados obtidos apresentem comportamentos distintos e o
analista deve ter em mente quais serão os índices que possuem aspectos mais sensíveis,
para evitar distorções e erros de avaliação.
A atribuição de valores ponderados para cada um dos índices possui características
quantitativas, mas também leva em consideração uma abordagem qualitativa. Para a
realização desta tarefa, devem ser considerados os seguintes fatores:
• Experiência do analista;
• Modelos quantitativos de inferência.
O processo de avaliação financeira através de índices consiste em uma série de
procedimentos ordenados paga gerar um panorama abrangente para o analista em função
das características relevantes, que pode ser rapidamente descrito através das seguintes
etapas:
Etapa 1 – Desenvolvimento dos índices financeiros ⇒ Esta etapa consiste na
escolha dos índices que serão utilizados para avaliar a situação financeira da empresa.
Nesta etapa devem ser levadas em consideração as características do setor de atividade
econômica, bem como os aspectos patrimoniais mais importantes;
Etapa 2 – Determinação de comportamento para os índices ⇒ Esta etapa
consiste na identificação dos parâmetros que serão adotados para avaliar o comportamento
dos índices em função de seus significados, considerando que eles podem apresentar
comportamento maior, menor ou próximo a um determinado valor;
Etapa 3 – Tabulação dos valores encontrados ⇒ Esta etapa consiste na
construção de planilhas a partir dos índices encontrados e dispostos em conjunto com os
índices-padrão do setor, ou índices obtidos através da avaliação das demonstrações de
outras empresas do mesmo setor.
Etapa 4 – Análise financeira dos índices ⇒ Esta etapa consiste no processo de
análise propriamente dito, onde devem ser considerados tanto os resultados encontrados a
partir dos índices, bem como a importância relativa de cada um deles dentro do panorama
de avaliação proposto.
Considerando as diferentes abordagens de análise, os índices financeiros podem ser
classificados em duas categorias principais, a saber:
• Índices de Liquidez;
• Índices de Endividamento.
Cada uma delas pode ser categorizada de maneira distinta e terá a sua aplicabilidade
concentrada em objetivos específicos complementares. Os índices financeiros são os
parâmetros mais utilizados para a avaliação financeira e sua interpretação dependerá
principalmente do contexto no qual a análise seja realizada.

7.3. Índices de Liquidez

A análise financeira da liquidez é desenvolvida para identificar o comportamento de


diversos elementos patrimoniais relacionados aos aspectos operacionais e é considerada
como uma das referências de avaliação mais importantes para o gestor financeiro de
qualquer empresa.
A análise da liquidez consiste em uma abordagem de avaliação da capacidade
financeira que uma certa entidade possui para honrar os seus compromissos financeiros de
curto prazo perante terceiros.
Os índices de liquidez são responsáveis pela avaliação da situação financeira, que
pode ser elaborada periodicamente para atender finalidades de controle gerencial para
intervalos de tempo semanais, quinzenais ou mensais.
Geralmente, os índices financeiros de liquidez são construídos a partir das relações
elaboradas entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante (como grupos de contas ou
utilizando suas contas individualmente).
Quando considerados de uma forma mais ampla, os índices financeiros de liquidez
também podem incluir nesta avaliação o Ativo Realizável a Longo Prazo e o Passivo
Exigível a Longo Prazo (também considerados como grupos de contas ou utilizando suas
contas individualmente).
Os índices de liquidez são compostos por diversos elementos distintos, mas alguns
deles são comuns para a maioria das empresas, que são:
• Capital Circulante Líquido;
• Liquidez Corrente;
• Liquidez Seca;
• Liquidez Imediata;
• Liquidez Geral.

O Capital Circulante Líquido é um indicador responsável pela ilustração da folga


financeira que uma determinada entidade possui para enfrentar suas obrigações de curto
prazo.
Ao longo do tempo, o valor total do Ativo Circulante tende a apresentar volumes
flutuantes que oscilam em função das atividades operacionais e comerciais efetivamente
registradas.

Capital Circulante Líquido = Ativo Circulante – Passivo Circulante

Considerando que uma parcela significativa das obrigações contidas no Passivo


Circulante não apresentam variações significativas ao longo do tempo, torna-se vital a
preservação de um certo nível de segurança financeira.
Desta forma, o objetivo deste indicador é a identificação da expressão nominal da
diferença entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante.
O Índice de Liquidez Corrente é um indicador responsável pela ilustração da
liquidez de uma entidade através da relação existente entre o Ativo Circulante e o Passivo
Circulante em face de suas obrigações de curto prazo.
O Índice de Liquidez Corrente, diferentemente do Capital Circulante Líquido,
expressa monetariamente os elementos patrimoniais do Ativo Circulante para honrar cada
unidade monetária das obrigações discriminadas no Passivo Circulante.
Índice de Liquidez Corrente = Ativo Circulante

Passivo Circulante

Quanto maior for este índice, melhor será a sua situação patrimonial da entidade
para honrar suas obrigações financeiras de curto prazo.
Desta forma, o objetivo deste indicador é a identificação da expressão nominal da
razão entre o Ativo Circulante e o Passivo Circulante.
O Índice de Liquidez Seca é outro indicador que possui a responsabilidade de
ilustrar a liquidez de uma entidade para enfrentar suas obrigações de curto prazo.
Este índice de Liquidez difere do Índice de Liquidez Corrente, pois não
desconsidera os estoques como elementos patrimoniais do Ativo Circulante em função de
sua baixa liquidez em comparação aos demais componentes.

Índice de Liquidez Corrente = Ativo Circulante - Estoques

Passivo Circulante

O objetivo deste indicador é a identificação da expressão nominal da razão entre o


Ativo Circulante (subtraindo os estoques) e o Passivo Circulante.
De maneira semelhante ao Índice de Liquidez Corrente, quanto maior for o valor
encontrado, melhor será a sua situação patrimonial da entidade para honrar suas obrigações
financeiras de curto prazo.
O Índice de Liquidez Imediata também possui a responsabilidade de ilustrar a
liquidez de uma entidade para enfrentar suas obrigações de curto prazo.
Este índice de Liquidez tem o objetivo de ilustrar da liquidez de uma entidade
através da relação existente entre as disponibilidades contidas no Ativo Circulante em face
de suas obrigações de curto prazo que compõem o Passivo Circulante.

Índice de Liquidez Imediata = Disponibilidades

Passivo Circulante

O Índice de Liquidez Imediata difere dos índices anteriores através da expressão


monetária da razão dos elementos patrimoniais do Ativo Circulante efetivamente disponível
para honrar cada unidade monetária das obrigações discriminadas no Passivo Circulante.
De maneira idêntica, quanto maior for o valor encontrado, melhor será a sua
situação patrimonial da entidade para honrar suas obrigações financeiras de curto prazo.
O Índice de Liquidez Geral é um indicador responsável pela ilustração da liquidez
de uma entidade através da relação existente entre o Ativo Circulante adicionado ao Ativo
Realizável a Longo Prazo e o Passivo Circulante adicionado ao Passivo Exigível a Longo
Prazo em face de suas obrigações de curto e longo prazo.
O Índice de Liquidez Geral se distingue do Índice de Liquidez Corrente, pois
expressa monetariamente a relação existente entre os elementos patrimoniais vinculados
aos aspectos operacionais considerando as perspectivas de curto e longo prazos.

Índice de Liquidez Geral = Ativo Circulante + Ativo Realizável a Longo Prazo

Passivo Circulante + Passivo Exigível a Longo Prazo


O objetivo deste indicador é a identificação da expressão nominal da razão entre o
Ativo Circulante adicionado ao Ativo Realizável a Longo Prazo e o Passivo Circulante
adicionado ao Passivo exigível a Longo Prazo..
Quanto maior for este índice, melhor será a sua situação patrimonial da entidade
para honrar suas obrigações financeiras.

7.4. Índices de Endividamento

A análise financeira do endividamento é desenvolvida para identificar as relações


existentes entre as diversas fontes permanentes de capitais de uma entidade, possuindo uma
conotação complementar à análise financeira da liquidez.
A análise do endividamento é uma ferramenta de avaliação do perfil qualitativo da
estrutura financeira que uma certa entidade possui para financiar suas atividades
operacionais, bem como a manutenção de suas demais atividades administrativas.
Os índices de endividamento são responsáveis pelo diagnóstico do equilíbrio
existente entre os capitais próprios originados os acionistas e proprietários e os capitais de
terceiros oriundos de fornecedores, instituições financeiras e demais fontes de recursos
disponíveis.
Esta análise deve ser realizada periodicamente para orientar a administração e os
proprietários como ferramenta para atender finalidades de controle gerencial.
Os índices financeiros de endividamento são desenvolvidos a partir das relações
elaboradas entre os diversos grupos de contas existentes no Passivo, que representa a
origem dos recursos financeiros disponíveis.
Os índices de endividamento são compostos por diversos elementos distintos que
são comuns para a maioria das empresas, que são:
• Índice de Estrutura de Capital;
• Índice de Dependência;
• Índice de Composição;
O Índice de Estrutura de Capital é um indicador responsável pela ilustração da
relação existente entre os capitais próprios e os capitais de terceiros que uma determinada
entidade possui para conduzir suas atividades operacionais e administrativas.
Mesmo considerando que eventuais sazonalidades possam ocorrer, o valor total do
Patrimônio Líquido, bem como do Passivo Exigível Ativo tenderão a apresentar pequenas
oscilações desde que não ocorram operações financeiras de grande vulto.

Índice de Estrutura de Capital = Passivo Exigível

Patrimônio Líquido

Deste modo, o objetivo deste indicador consiste na identificação da razão entre o


Ativo Circulante e o Passivo Circulante para ilustrar a margem de segurança dada para
assegurar que as obrigações financeiras relativas aos capitais de terceiros serão honradas.
Quanto menor for este índice, melhor será a sua situação patrimonial da entidade em
função da participação relativa dos capitais de terceiros em face dos capitais próprios.
O Índice de Dependência pode ser considerado como um parâmetro responsável
pela identificação da participação relativa dos capitais de terceiros dentro do montante de
capitais investidos na entidade.

Índice de Dependência = Passivo Exigível

Ativo Total
O objetivo deste indicador consiste na identificação da razão entre os capitais de
terceiros contidos no Passivo Exigível e os capitais totais existentes no Ativo Total. Quanto
menor for este índice, melhor será a sua situação patrimonial da entidade.
O Índice de Dependência também pode ser elaborada a partir de uma perspectiva
específica considerando a participação relativa do Passivo Circulante dentro do Ativo Total.

Índice de Dependência para Curto Prazo = Passivo Circulante

Ativo Total

Este indicador possibilita a identificação da razão entre o Passivo Circulante e o


Ativo Total. Quanto menor for este índice, melhor será a sua situação patrimonial da
entidade.
O Índice de Composição é um indicador responsável pela ilustração da
participação relativa do Passivo Circulante dentro do conjunto total de exigibilidades de
uma entidade em face de seu Passivo Exigível.

Índice de Composição = Passivo Circulante

Passivo Exigível

O objetivo deste indicador consiste na identificação da razão entre os capitais de


terceiros contidos no Passivo Circulante e os capitais de terceiros existentes no Passivo
Exigível. Quanto menor for este índice, melhor será a sua situação patrimonial da entidade.
A análise dos índices, de maneira semelhante à análise horizontal e vertical, se baseia
sob dois aspectos distintos, se são os aspectos internos e os aspectos externos.
Os aspectos internos consideram os valores apresentados pelas demonstrações
divulgadas pelas empresas.
Os aspectos externos podem abordar os valores apresentados pelas demonstrações
financeiras de uma entidade em comparação com as demonstrações de outras empresas que
atuam no mesmo setor de atividade econômica ou que possuam estruturas semelhantes.

Questões para Discussão

a) Comente o que você entende sobre índices.


b) Caracterize a aplicação dos índices como ferramenta de análise financeira.
c) Cite e defina os principais índices de liquidez e de endividamento.
d) Diferencie os dois grupos de índices destacando suas características particulares.

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