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LEITURA

E
PRODUÇÃO
DE
TEXTOS - II
Material organizado pelos professores de LPT II do
curso de Pedagogia da UNINOVE (2o semestre 2010)
WWW.PROFESSORAYARAMARISOL@BLOGSPOT.COM.BR

ALUNO: R.A.

CURSO: UNIDADE:

SEJA A MUDANÇA QUE VOCÊ QUER VER NO MUNDO “


1
(D.LAMA)

O Professor Está Sempre Errado!

Quando…É jovem, não tem experiência.


É velho, está superado.
Não tem automóvel, é um coitado.Tem automóvel, chora de ?
barriga cheia?.
Fala em voz alta, vive gritando.Fala em tom normal, ninguém
escuta.
Não falta às aulas, é um “Caxias”.
Precisa faltar, é ?turista?.
Conversa com os outros professores, está “malhando” os
alunos.
Não conversa, é um desligado.
Dá muita matéria, não tem dó dos alunos.
Dá pouca matéria, não prepara os alunos.
Brinca com a turma, é metido a engraçado.
Não brinca com a turma, é um chato.
Chama à atenção, é um grosso.
Não chama à atenção, não sabe se impor.
A prova é longa, não dá tempo.
A prova é curta, tira as chances do aluno.
Escreve muito, não explica.
Explica muito, o caderno não tem nada.
Fala corretamente, ninguém entende.
Fala a língua do aluno, não tem vocabulário.
Exige, é rude.
Elogia, é debochado.
O aluno é reprovado, é perseguição.
O aluno é aprovado, deu mole.
É, o professor está sempre errado mas, sevocê conseguiu ler
até aqui, agradeça a ele!?

1 – POR QUE ESTUDAR?


(O texto abaixo foi adaptado de: Programa Aprendendo a Aprender,
http://campus.sapo.pt/7C03/353293.html)

A sociedade capitalista oferece diversas opções de lazer: cinema, jogos,


bares, festas, danceterias, conversas com amigos, etc. Ao se ver diante dessa
grande oferta de lazer, o estudante, possivelmente, questionará: "Por que
estudar? Por que ir às aulas?"

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Se sua resposta for:
• Estudo para atender uma exigência dos meus pais. É hora de começar a
pensar por sua própria cabeça e exercer seu poder de decisão. Muitas vezes, os
filhos seguem a vontade dos pais para não se responsabilizarem por seus próprios
erros ou fracassos. É a individualidade e a liberdade que devem motivar a ação do
ser humano.
• Estudo para satisfazer o estatuto social. As pessoas têm a necessidade de
se sentirem aceitas pelo grupo social. No entanto, estudar para satisfazer a
sociedade é uma ótima receita para a frustração e o fracasso.
Qualquer que seja o motivo para estudar, é importante tomar consciência
de que foi uma escolha sua. Portanto, você é responsável por ela e pela sua
concretização.
O desejo de estudar deve estar dentro de você, pois a curiosidade e a
vontade de aprender são motivações próprias de todos os seres humanos e
transformam as dificuldades dos estudos em desafios a serem enfrentados e
vencidos.

2 – QUE TIPO DE OUVINTE VOCÊ É?

(O texto abaixo foi adaptado de: Programa Aprendendo a Aprender,


http://campus.sapo.pt/7C03/353293.html)

Freqüentemente, o aluno sai de uma aula acreditando que seria melhor não
ter ido para a faculdade, crê que nada aprendeu e que só perdeu o seu tempo. Em
seguida, buscará um culpado.
Se isso ocorre com você, pare e reflita: durante a aula, quanto tempo você
ficou conversando com os colegas? Você fez as anotações da aula ou somente
desenhos?
A responsabilidade por essa insatisfação nem sempre é do professor ou da
matéria que é muito difícil. Muitas vezes, a postura do aluno é inadequada em
relação à aula e ao conteúdo.
Às vezes, adotamos uma postura de ouvinte, que não é a mais adequada à
aprendizagem e como tal possuímos maus hábitos. É hora de se questionar: que
tipo de ouvinte sou eu?
Tipos de ouvinte:
• Menospreza o assunto: Acha que o tema da aula é desinteressante, por isso
não desperta a sua atenção. G. K. Chesterton disse: “Neste mundo não
existem assuntos desinteressantes, apenas pessoas desinteressadas”. Um bom
ouvinte procura sempre encontrar algo de interessante e novo a aprender
sobre qualquer assunto. Procure descobrir um motivo para aprender.
• Critica o orador: responsabiliza o professor por não prender sua atenção ou
não gosta da forma como ele ensina e usa isso como uma desculpa para não se
manter atento. Pode manter a sua opinião sobre a forma de ensinar do
professor e, ainda assim, manter a atenção e interesse naquilo que está sendo
dito. Quanto maior a atenção no conteúdo da mensagem, menor importância
terá para a forma como é transmitida. Lembre que a responsabilidade de
interesse e compreensão está em você e não no professor.
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• Rejeita antecipadamente: o ouvinte rejeita o conteúdo e não ouve a mensagem
até o fim. Desiste de ouvi-la, porque não concorda ou não gosta do que ouve.
Procure adotar uma decisão ou uma opinião somente após ter ouvido tudo que
envolve o assunto. É importante analisar o seu ponto de vista antes de
concordar ou rejeitar. Quanto a temas cujas idéias já foram pré-concebidas,
veja-os como uma oportunidade para conhecer melhor o que causa essa
reação de rejeição para rever a sua opinião ou reforçá-la. Não use um
preconceito como desculpa para não aprender.
• Dá importância somente aos fatos: um bom ouvinte procura ouvir as idéias
principais e encadear os acontecimentos. De que interessa conhecer os fatos se
você não compreender o seu significado ou em que contexto é que surgem?
Procura perceber a relação que estabelecem com o assunto que está a
aprender e de que maneira sustentam o ponto de vista do professor.
• Finge estar atento: um olhar e postura fixa no professor não significam,
necessariamente, concentração. Um bom ouvinte não é relaxado nem passivo.
Tem uma escuta ativa, dinâmica e construtiva.
• Distraído: distrai-se com facilidade e, às vezes, até distrai os outros
conversando ou fazendo barulho e não se esforça para combater a sua
distração. Procure combater essa tendência de ceder a distrações e concentre,
sistematicamente, a sua atenção na informação que recebe do professor.
• Evita as aulas mais complexas: e adia enfrentar suas dificuldades em
compreender a matéria. Apesar de proporcionar um alívio provisório, você
estará acumulando o conteúdo que lhe parece complicado, bem como as suas
dificuldades em relação a ele. Quanto mais cedo enfrentar essas aulas, menor
será o esforço desempenhado para compreendê-las e maior será o seu
interesse.
• Não faz anotações das aulas: porque acredita que não vale a pena ou porque
irá copiar as anotações feitas por um colega. Fazer os seus apontamentos
ajuda a focar a sua atenção e testam a sua compreensão do assunto. Faça
apontamentos das idéias principais da aula. Concentre-se nas pistas do
professor, que podem ser, material escrito no quadro, maior ênfase dada a
determinadas partes com exemplos ou repetições ou mesmo com alterações do
tom de voz. Anote também os resumos dados no início e no fim de cada aula.
Prepare-se para cada aula relendo os seus apontamentos da aula anterior.

3 – COMO ESTUDAR?

O que diferencia um aluno mediano de um “gênio”? Muitas vezes, é apenas


a maneira como cada um estuda.
A aprendizagem requer tempo → para ser bem sucedido nos estudos, não
basta apenas assistir às aulas ou memorizar alguns conceitos. A aprendizagem
ocorre quando se é capaz de relacionar conceitos, aqueles já aprendidos com os
novos, de fazer questionamentos, de averiguar a veracidade dos fatos, de
raciocinar sobre um determinado problema e buscar soluções. Conclui-se, então,
que a aprendizagem é gradual e exigirá que você reserve horários de estudo.
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A aprendizagem é contínua → sempre é possível aprofundar, aperfeiçoar o
conhecimento que temos em relação a um determinado tema ou assunto
aprendido.
Os requisitos para essa permanente aprendizagem são a motivação e o
interesse do indivíduo e a importância do tema para a formação global do
estudante.
Dificuldades e frustrações: o outro lado da aprendizagem → encontrar
dificuldades nos estudos faz parte do próprio processo de aprendizagem. Quem
afirma não ter dificuldades para aprender, provavelmente, está apenas
memorizando alguns conhecimentos que serão rapidamente esquecidos.
Compreender e assimilar um conhecimento exige tempo e, nesse percurso,
sempre enfrentamos dificuldades. Por isso, é necessário que o aluno estude com
antecedência e não no dia de uma avaliação.
Cada pessoa tem seu ritmo de aprendizagem. Portanto, é você quem
estabelece quanto tempo necessita de estudo para cada disciplina (matéria). Se o
tempo de estudo não for devidamente planejado, o aluno tenderá a ficar ansioso e
angustiado, prejudicando a aprendizagem e, conseqüentemente, poderá obter um
resultado inferior à sua capacidade.
É necessário estar preparado para lidar com possíveis frustrações, pois nem
sempre o resultado de um trabalho ou avaliação corresponde às suas
expectativas. Lembre-se de que os erros, também, são educativos. Verificar onde
está o erro é uma oportunidade de aprendizagem.
Superar as dificuldades, aceitar e transpor os erros, trabalhar os
sentimentos de falta de confiança e frustração, farão com que o estudante
amadureça e seja capaz de enfrentar novos desafios.
Atividades de lazer → ao ingressar na Universidade, muitos alunos
acreditam que será necessário abrir mão das atividades de lazer e diversão. Ao
contrário, aprende mais e melhor o aluno que se sente bem e feliz consigo. É
necessário apenas planejar atividades de lazer e diversão de maneira equilibrada.
Planeje tempo para estudar e tempo para lazer.
Aprendizagem eficiente → você deve se auto-analisar para identificar qual a
maneira mais eficiente para você estudar e aprender. Se os indivíduos são
diferentes entre si, provavelmente, as técnicas de estudo de um aluno podem não
servir para outro.
Há pessoas que aprendem somente ouvindo, como há aquelas que
aprendem lendo, escrevendo ou vivenciando o tema na prática. Alguns alunos
preferem estudar individualmente e outros em grupo, discutindo e esclarecendo
dúvidas. Trace já o seu perfil de estudo, pois tempo e conhecimento não podem
ser desperdiçados.

4- COMO FAZER ANOTAÇÕES

O texto abaixo foi extraído de: ORENSTEIN, Benny. Como estudar. Disponível:
http://www.enaol.com/educando/leitura.htm, (20 de fevereiro de 2005)
“A escrita é um poderoso instrumento para preservar o conhecimento.
Tomar notas é a melhor técnica para guardar as informações obtidas em aula, em
livros, em pesquisas de campo. Manter os apontamentos é fundamental. Logo,
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nada de rabiscar em folhas soltas. Mas também não se deve ir escrevendo no
caderno tudo que se ouve, lê ou vê. Tomar notas supõe rapidez e economia. Por
isso, as anotações têm de ser:
• suficientemente claras e detalhadas, para que sejam compreendidas mesmo
depois de algum tempo;
• suficientemente sintéticas, para não ser preciso recorrer ao registro completo,
ou quase, de uma lição.
Anotar é uma técnica pessoal do estudante. Pode comportar letras, sinais
que só ele entenda. Mas há pontos gerais a observar. Quando se tratar de leitura,
não basta sublinhar no livro. Deve-se passar as notas para o caderno de estudos.
O aluno tem de se acostumar à síntese: aprender a apagar mentalmente palavras
e trechos menos importantes para anotar somente palavras e conceitos
fundamentais. Outros recursos: jamais anotar dados conhecidos a ponto de serem
óbvios; eliminar artigos, conjunções, preposições e usar abreviaturas. É preciso
compreender que anotações não são resumos, mas registros de dados
essenciais.”

5 – OS INTRUMENTOS DE TRABALHO

(O texto abaixo foi extraído de: SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do


trabalho científico. 21. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2000.)
“A formação universitária acarreta quase sempre atividades práticas, de
laboratório ou de campo, culminando no fornecimento de algumas habilidades
profissionais próprias de cada área. Naturalmente, as várias áreas exigem, umas
mais, outras menos, essa prática profissional. Contudo, antes de aí chegar, faz-se
necessário um embasamento teórico pelo qual responde, fundamentalmente, o
ensino superior. Essa fundamentação teórica das ciências, das artes e das
técnicas é justificativa essencial desse nível de ensino. E é por aí que se inicia a
tarefa de aprendizagem na universidade.
A assimilação desses elementos é feita através do ensino em classe
propriamente dito, nas aulas, mas é garantida pelo estudo pessoal de cada
estudante. E é por isso que precisa ele dispor dos devidos instrumentos de
trabalho que, em nosso meio, são fundamentalmente bibliográficos. (p. 24)
Ao dar início a sua vida universitária, o estudante precisa começar a formar
sua biblioteca pessoal, adquirindo paulatinamente, mas de maneira bem
sistemática, os livros fundamentais para o desenvolvimento de seu estudo. Essa
biblioteca deve ser especializada e qualificada. As obras de referência geral, os
textos clássicos esgotados, são encontrados nas bibliotecas das universidades,
das várias faculdades ou de outras instituições. E, no momento oportuno, essas
bibliotecas devem ser devidamente exploradas pelo estudante. O estudante
precisa munir-se de textos básicos para o estudo de sua área específica, tais
como um dicionário, um texto introdutório, um texto de história, algum possível
tratado mais amplo, algumas revistas especializadas, todas obras específicas à
sua área de estudo e a áreas afins. Posteriormente, à medida que o curso for
avançando, deve adquirir os textos monográficos e especializados referentes à
matéria.

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Esses textos básicos aqui assinalados têm por finalidade única criar um
contexto, um quadro teórico geral a partir do qual se pode desenvolver a
aprendizagem. Esses textos exercem, portanto, papel meramente propedêutico1,
situando-se numa etapa provisória de iniciação. Não se trata de maneira alguma
de restringir o estudo aos manuais ou, pior ainda, às apostilas. Eles se fazem
necessários, contudo, nesse momento de iniciação, sobretudo para complementar
as exposições dos professores em classe, para servir de base de comparação com
algum texto porventura utilizado pelos professores, enfim, para fornecer o
primeiro instrumental de trabalho nas várias áreas, o vocabulário básico, os
elementos do código das várias disciplinas. Esses textos desempenham, pois, o
papel de fontes de consultas das primeiras categorias a partir das quais se
desenvolverão os vários discursos científicos. Naturalmente, à medida do avanço
e do aprofundamentos do estudo, serão progressivamente substituídos pelos
textos especializados, pelos estudos monográficos resultantes das pesquisas
elaboradas pelos vários especialistas com os quais o estudante deverá conviver
por muito tempo. Numa fase mais avançada de seus estudos, e sobretudo durante
sua vida profissional, esses textos formarão a biblioteca do estudante, lançando
as linhas mestras do seu pensamento científico organicamente estruturado. Nesse
momento, os textos introdutórios só serão utilizados para cobrir eventuais lacunas
do processo seqüencial de aprendizagem. Frise-se, porém, que, na universidade,
não se pode passar o tempo todo estudando apenas textos genéricos,
comentários e introduções, embora, pelo menos (p. 25) nas atuais condições,
iniciar o curso superior única e exclusivamente com textos especializados, sem
nenhuma propedêutica teórica, seja um empreendimento de resultados pouco
convincentes. Embora essa concepção de muitos professores universitários
decorra do esforço para criar maior rigor científico, tal prática não se recomenda
como norma geral. Seus resultados históricos são, em alguns casos, brilhantes,
mas foram obtidos com sacrifício de muitas potencialidades que se perderam
neste salve-se-quem-puder que acaba agravando a situação de discriminação e de
seleção de nosso ensino superior. O universitário deve poder passar por um
encaminhamento lógico que inicie ao pensar, por mais que o professor não goste
de executar essa tarefa. Ao professor não basta ser um grande especialista: é
preciso dar-se conta de que é também um professor e mestre,
conseqüentemente, um educador inserido numa situação histórico-cultural de um
país que não pode desconhecer. Isto não quer dizer que o professor sabe tudo:
mas que deve saber, pelo menos, conduzir os alunos a descobrirem as vias de
aprendizagem. O uso inteligente desses textos auxiliares não prejudicará, em
hipótese alguma, a qualificação do ensino
A essa altura das considerações sobre os instrumentos de trabalho de que o
estudante universitário deve munir-se, é preciso dar ênfase às revistas, as
grandes ausentes do dia-a-dia do trabalho acadêmico em nosso meio
universitário. A assinatura de periódicos especializados é hábito elementar para
qualquer estudante exigente. Tais revistas mantêm atualizada a informação sobre
as pesquisas que se realizam nas várias áreas do saber, assim como sobre a
bibliografia referente às mesmas. Em algumas áreas, acompanham essas revistas

1
Propedêutico: que serve de introdução; preliminar; que prepara para receber ensino mais completo.
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repertórios bibliográficos, outro indispensável instrumento do trabalho científico. A
função da revista enquadra-se na vida intelectual do estudante enquanto lhe
permite acompanhar o desenvolvimento de sua ciência e das ciências afins. Com
efeito, ao fazer o curso superior, o estudante é levado a tomar conhecimento de
todas as aquisições da ciência de sua especialidade, obtidas durante toda a sua
formação. Esse acervo cultural acumulado, porém, continua desenvolvendo-se
dinamicamente. Por isso, além de assimilar essas aquisições, deve passar a seguir
sua solução, que estaria a cargo dessas publicações periódicas. O mínimo que
uma revista fornece são informações bibliográficas preciosas, além de resenhas e
de outros dados sobre a vida científica e cultural. (p. 26)
Deve ser igualmente estimulada entre os universitários, de maneira incisiva,
a participação em acontecimentos extra-escolares, tais como simpósios,
congressos, encontros, semanas etc.
(...)
Quando se fala aqui desses instrumentos teóricos especializados, livros ou
revistas, considerados como base para o estudo e pesquisa dos fatos e categorias
fundamentais do saber atual, não se quer fazer apologia2 da hiperespecialização,
hermética3 e isolada. Pelo contrário, a interdisciplinaridade é um pressuposto
básico de toda formação teórica. As disciplinas não se isolam no contexto teórico:
se o curso do aluno define o núcleo central de sua especialização, é de se notar
que sua formação exigirá igualmente abertura de complementação para áreas
afins com o objetivo de ampliar o referencial teórico. Por isso é importante
familiarizar-se com o material relativo a essas disciplinas afins. Assim, não só
textos básicos, mas também revistas de áreas complementares à da sua
especialização, devem, paulatinamente e sistematicamente, ser adquiridos, na
medida do possível.
(...)
Dentre os instrumentos para o trabalho científico disponíveis atualmente,
cabe dar especial destaque aos recursos eletrônicos gerados pela tecnologia
informacional. De modo especial, cabe referir à rede mundial de computadores, a
Internet, e aos muitos (p. 27) recursos comunicacionais da multimídia, como os
disquetes e CD-ROMs.” (p. 28)

6 – IMPORTÂNCIA DA DISCIPLINA NOS ESTUDOS

(O texto abaixo foi extraído de: SEVERINO, Antônio Joaquim. Metodologia do


trabalho científico. 21. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2000.)
(...) “Em virtude de os universitários brasileiros, na sua grande maioria,
disporem de pouco tempo para seus cursos e exercerem funções profissionais
concomitantes ao curso superior, exige-se deles organização sistemática do pouco
tempo disponível para o estudo em casa, indispensável para um aproveitamento
mais inteligente do seu curso de graduação, com um mínimo de capacitação
2
Apologia: discurso para justificar, defender ou louvar.
3
Hermética: inteiramente fechado.
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qualitativa para as etapas posteriores tanto numa eventual seqüência de seus
estudos, como na continuidade de suas atividades profissionais definidas e
oficializadas pelo seu curso.
Não se trata de estabelecer uma minuciosa divisão do horário de estudo: o
essencial é aproveitar sistematicamente o tempo disponível, com uma ordenação
de prioridades. Também não vem ao caso discutir as condições de ordem física e
psíquica que sejam melhores para o estudo, muito dependentes das
características pessoais de cada um, sendo difícil estabelecer normas gerais que
acabam caindo numa tipologia artificial.
Feito o levantamento do tempo disponível, predetermina-se um horário para
o estudo em casa. E uma vez estabelecido o horário, é necessário começar sem
muitos rodeios e cumpri-lo rigorosamente, mantendo um ritmo de estudo.
Vencida a fase de aquecimento e seguindo as diretrizes apresentadas para a
exploração (p. 31) do material, a produção do trabalho torna-se eficiente, fluente
e até mesmo agradável.
Tais diretrizes são aplicáveis igualmente ao estudo em grupo. Uma vez
reunidos no horário combinado, os elementos do grupo devem desencadear o
trabalho sem maiores rodeios, definindo-se as várias tarefas, as várias etapas a
serem vencidas e as várias formas de procedimento.
Quando o período de estudos ultrapassar duas horas, faz-se regra geral um
intervalo de meia hora para alteração do ritmo de trabalho. Esse intervalo
também precisa ser seguido à risca.
Recomenda-se distribuir um tempo de estudo para os vários dias da
semana, com objetivo de revisar a matéria ou preparar aulas das várias
disciplinas nos períodos imediatamente mais próximos às suas aulas. Caso haja
necessidade de um período maior de concentração, a distribuição do tempo para
as várias matérias levará em conta a carga de trabalho de cada uma e o grau de
dificuldade das mesmas.” (p. 32)

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Nome da disciplina: Leitura e Produção Carga Horária: 80 horas Semestre: 2º Grade/Ano: 2010
Textual II
Perfil docente: Licenciado em Letras e áreas afins, Titulação: Mestre, Especialista
preferencialmente, com Mestrado em Letras.
Ementa: O curso articula-se em sequências didáticas que enfocam a progressão do repertório de textos representativos de
cada modalidade, argumentação do texto e o seu planejamento, contemplando sua revisão, refacção e avaliação, inserindo,
ainda, temas políticos, sociais e econômicos contemporâneos, aderentes à área específica da carreira. Além disso, o curso
também contempla aspectos relacionados à pesquisa acadêmica, a saber: autonomia e produção acadêmica, a linguagem
científica, pensamento científico, projeto de pesquisa, organização e reconhecimento da estrutura e características de um
artigo científico.
Objetivos:
Desenvolver no aluno as competências necessárias para o planejamento de textos de diferentes; habilitar o aluno a
reconhecer os diferentes gêneros textuais; desenvolver a competência de produção de textos de vários gêneros, conforme
suas organizações macro-estruturais; tornar o aluno proficiente em ler e escrever textos argumentativos variados. No que se
refere à pesquisa: Proporcionar uma adequada formação acadêmica e profissional. Desenvolver a autonomia do corpo
discente através da motivação e participação, da conscientização e do pensamento científico. Valorizar, orientar e divulgar a
produção acadêmica discente. Educar para a cidadania.
Planograma:
1. Definição e análise de texto (revisão: identificação de tema, recorte, objetivo, idéias principais, paragrafação)
2. Descrição: definição, características e tipos de descrições. (poesia infantil)
3. Narração e descrição (distinções e análise da estrutura da narrativa); as diversas formas narrativas
4. Produção de um texto descritivo; análise de um texto narrativo (conto de fadas; narrativa infantil)
5. Dissertação: aspectos do texto dissertativo
6. Dissertação, argumentação e persuasão; tipos de argumentos. Análise de textos argumentativos
7. Leitura e análise de textos jornalísticos;
8. Produção de um texto dissertativo-argumentativo;
9. Conceito de ciência e de pesquisa.
10. A linguagem científica.
11. Principais normas de trabalhos acadêmicos: ABNT (capa, bibliografia, citação e referência)
12. Resumo e resenha (revisão)
15. Elaboração de uma resenha crítica; resumo de um texto acadêmico;
16. O projeto científico;
17. Itens de um projeto científico (tema, título, sumário, introdução, justificativa, objetivos, cronograma, referências, anexos)
18. Elaboração de projeto de pesquisa;
19. Artigo científico: estrutura e esquema;
20. Elaboração em grupo de um pré-projeto de pesquisa; Análise ou resumo de um artigo científico.

Metodologia:
Aulas expositivas, trabalhos individual e em grupo, leitura e produção de textos diversos, atividades diversificadas, reescrita
de textos dos alunos. Aulas expositivas, apresentações orais, aulas na biblioteca e laboratório de informática, exercícios
periódicos. Produção de um projeto. Fichamento de artigo.
Avaliação:
Será composta por duas notas, formadas pelo seguinte sistema de avaliação:

A1: Avaliação escrita individual + Atividades em grupo em sala de aula e fora dela

A2: Avaliação escrita individual + Seminário em grupo: elaboração e apresentação de um pré-projeto de pesquisa

Bibliografia Básica:
KÖCHE, José Carlos. Fundamentos de metodologia científica: teoria da ciência e iniciação à pesquisa. Petrópolis:
Vozes, 1997.
FIORIN, José Luiz; SAVIOLI, Francisco Platão. Para entender o texto: leitura e redação. São Paulo: Ática, 2002.

Bibliografia Complementar:
BERVIAN, Pedro Alcino e CERVO, Amado Luiz. Metodologia científica. São Paulo: Prentice Hall, 2002.
FARACO, Carlos Alberto; TEZZA, Cristóvão. Prática de texto para estudantes universitários. Petrópolis, RJ: Vozes, 1992.
GARCIA, Othon Marques. Comunicação em prosa moderna. 14. Ed. Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas, 1988.

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APRESENTAÇÃO VISUAL DA REDAÇÃO
• O aluno deve preencher corretamente todos os itens do cabeçalho com letra legível.
• Centralizar o título na primeira linha, sem aspas e sem grifo.
• Pular uma linha entre o título e o texto para então iniciar a redação.
• Fazer parágrafos distando mais ou menos três centímetros da margem e mantê-los
alinhados.
• Não ultrapassar as margens (direita e esquerda) e também não deixar de atingi-las.
• Evitar rasuras e borrões. O erro deverá ser anulado com um traço apenas.
• Apresentar letra legível, cursiva ou de forma.
• Distinguir bem as maiúsculas das minúsculas, especialmente no uso de letra de forma.
• Não exceda o número de linhas pautadas ou pedidas como limites máximos e
mínimos.
• Escrever apenas com caneta preta ou azul. O rascunho ou esboço das idéias podem
ser feitos a lápis e rasurados. O texto definitivo não será corrigido em caso de
utilização de lápis ou caneta vermelha, verde, etc.
Lembretes
• Antes de começar a escrever, faça um esquema de seu texto, dividindo em parágrafos
as idéias que pretende expor. Isso evita repetição ou esquecimento de alguma idéia.
• Cheque se os pontos de vista que você vai defender não são contraditórios em relação
à tese.
• Não tenha preguiça de refazer seu texto várias vezes. É a melhor maneira de se
chegar a um bom resultado.
• Enquanto escreve, tenha sempre à mão um dicionário para checar a grafia das
palavras e descobrir sinônimos para evitar repetições desnecessárias.
• Escreva o que você pensa sobre o tema dado e não o que você acredita que o corretor
do texto gostaria que fosse escrito. Jamais analise os temas propostos movido por
emoções exageradas. Nunca se dirija ao leitor.
• Não escreva sobre o que você não conhece, arriscando-se a incorrer em erros e
imprecisões.
• Não use a 1a pessoa do singular ou plural; use a 3a pessoa do singular ou plural.
Abandone de vez expressões como “Na minha opinião”, “Eu acho que”, “Bom, eu...”.
• Não empregue palavras cujo significado seja desconhecido para você. Evite utilizar
noções vagas, como “liberdade”, “democracia”, “injustiça”, “conscientização”, ─ termos
que têm um significado tão amplo que chegam a não significar nada.
• Evite expressões do tipo “belo”, “bom”, “mau”, “incrível”, “péssimo”, “triste”, “pobre”,
“rico” ─ são juízos de valor sem carga informativa, imprecisos e subjetivos.
• Evite o lugar-comum: frases feitas e expressões cristalizadas, como “a pureza das
crianças” e “a sabedoria dos velhos”. Há crianças e velhos de todos os tipos.
• Evite também gírias e a palavra “coisa” (procure o vocabulário adequado a cada idéia).
Não use o “etc.”, nem abrevie palavras.
• Procure não embromar, tentando preencher mais algumas linhas. Cada palavra deve
ser fundamental e informativa na redação.
• Não repita idéias tentando explicá-las melhor. Se você escrever com clareza, uma vez
só basta.
• Cuidado com o uso inadequado de conjunções. Elas podem estabelecer relações que
não existem entre as frases e tornar o texto sem nexo.

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• Se formular uma pergunta na tese, responda-a ao longo do texto. Evite interrogações
na argumentação e jamais as utilize na conclusão. Para aprofundar seus argumentos,
suas afirmações, use exemplos, fatos notórios ou históricos, conhecimentos
geográficos, cifras aproximadas e informações adquiridas através de leitura, estudo e
aquisições culturais.
• Respeite os limites indicados: evite escrever demais, pois você corre o risco de
entediar o leitor e cometer erros.
• Evite orações demasiadamente longas e parágrafos de uma só frase.
• Dê um título coerente ao assunto abordado em seu texto.
• Releia o texto depois de rascunhá-lo, para observar se você não “fugiu” ao tema
proposto.
• Passe o texto a limpo, procurando aprimorar o vocabulário.

OBSERVAÇÕES:

A) Idade - deve-se escrever por extenso até o nº 10. Do nº 11 em diante devem-se usar
algarismos;
B) Datas, horas e distâncias sempre em algarismos: 10h30min, 12h, 10m, 16m30cm, 10km
(m, h, km, I, g, kg).
C) Palavras estrangeiras - as que estiverem incorporadas aos hábitos lingüísticos devem vir
sem aspas: marketing, merchandising, software, dark, punk, status, offlce-boy, hippie, show
etc.

O QUE VOCÊ DEVE EVITAR NA REDAÇÃO

Por ser um conjunto de opiniões pessoais logicamente concatenadas, a redação deve ser
precisa, rigorosa. Para despertar interesse, deve ser sugestiva e original. A vulgaridade é o
nível em que a mensagem é só redundância. Vejamos os casos mais freqüentes de
vulgaridades, em que a redundância desnecessária e mesmo prejudicial informação:

1.Adjetivação excessiva
A incômoda e nociva poluição ambiental pode tornar o já problemático e atrasado Brasil uma
terra inabitável.

2. Queísmo
O fato de que o homem que seja inteligente tenha que entender os erros dos outros e perdoá-
los não parece que seja certo.

3. Intromissão
Cultura, na minha opinião, é ...

4. Projeção da linguagem oral


Hoje em dia a gente não vive, a gente vegeta; dizem que antigamente a coisa era melhor
porque havia mais tempo para as diversões, para as conversas, para a família, e assim
sucessivamente.

5. “Atualidade” redundante
O sistema de disco laser , hoje, pouco acessível à maioria dos consumidores que,
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atualmente, continuam preferindo os toca-discos tradicionais. Porém, na atualidade, tem
havido um crescente interesse pela aquisição dessa recente inovação tecnológica.

6. Abstração grosseira
Porque aí nós pegamos e pensamos: para onde vai a humanidade?

7. Predominância do gerúndio (endorréia)


Entendendo dessa maneira, o problema vai-se pondo numa perspectiva melhor, ficando mais
claro...

8. Palavras de introdução embromatória


A vida, única e exclusivamente, é tão complexa que, apesar de tudo, não obstante o que
possam dizer, torna-se altamente problemática.

9. Adjetivos cristalizados
"Silêncio mortal", "calorosos aplausos", "mais alta estima", "sol quente”, "cabelos negros
como a noite", "grande homem", séria conversa, "notável artista", "mulher fatal”, 'lábios de
mel", "dentes de pérola", "semblante carregado", "sinceros votos de feliz natal “, “merecidos
aplausos", "calorosa polêmica”, “gol espetacular", "amor inesquecível", "alma trasbordante",
“esmagadora maioria".

10. Lugar-comum ou clichê


"Subir os degraus da glória”, "fazer das tripas coração", "encerrar com chave de ouro", “a
nível de", "a grosso modo”, "solução para este problema", “colocar os pingos nos ii ", “sair
com as mãos abanando", "fazer fé em", "da melhor maneira possível", "em todos os cantos
do mundo”, “com a voz embargada pela emoção", "muita gente pensa que", "isto quer dizer
que", "pedra sobre pedra", "dos males o menor", "encher os bolsos", "agora ou nunca",
"contorcendo-se em dores”, "chorando copiosamente", " uma vergonha".

11. Truísmo - (verdade evidente)


Todos os homens são mortais. / São Paulo, o maior centro industrial da América Latina./ Pelé
considerado rei do futebol. / A criança de hoje será o adulto de amanhã. /Os idosos são
pessoas que viveram mais que os jovens.

SUGESTÕES PARA RESPONDER MELHOR ÀS QUESTÕES DISSERTATIVAS:

• Leia atentamente, se necessário várias vezes, os enunciados das questões detectando


os verbos-comando que estruturam as questões.
• Responda exatamente o que está sendo pedido, não tente “complementar” suas
respostas com informações desnecessárias achando que elas irão compensar o que
você não souber responder.
• Não se esqueça de que uma resposta a uma questão dissertativa, por menor que seja,
é sempre um texto, sendo assim, seja claro, coeso, coerente.
• Suas respostas deverão ter, como em qualquer outro texto, um início um
desenvolvimento e, quando necessário, uma conclusão.
• Não responda às questões utilizando frases inteiras de textos, leia atentamente o
material que esta sendo analisado e construa a resposta com o seu próprio discurso.

1 13
Os recortes de frases devem ser feitos apenas quando se tratar de verbos-comando
como transcreva, retire etc.
• Respeite o número de linhas especificado para as suas respostas. Não seja muito
sucinto nem muito prolixo – responda de maneira que você dê conta do que está
sendo pedido.
• Todo boa resposta geralmente se inicia com traços da questão que a originou.
Ex.: Pergunta: De acordo com o texto, qual o nível financeiro daquela população?
Resposta: De acordo com o texto, o nível financeiro daquela população é muito baixo.
• Não use em suas respostas gírias e/ou construções típicas da linguagem coloquial.

LEITURA, ENTENDIMENTO DE QUESTÕES E RESPOSTAS ADEQUADAS

A resolução de exercícios e as respostas oferecidas a questões de provas também


compreendem o entendimento e a produção de texto. A distração aliada à inconveniente
pressa e à dificuldade em relação aos verbos de comando são as responsáveis, na maior
parte das vezes, pelo mau desempenho na solução desses problemas.
Há que se mergulhar na leitura para melhor compreender o sentido do texto que ora faz parte
de nossa ocupação. Não adianta pular etapas, pois um bom raciocínio requer começo, meio e
fim.
É importante lembrar sempre que cada resposta é um pequeno texto e que, portanto, deve ter
introdução (muitas vezes representada pela reescrita da própria pergunta (tópico frasal),
desenvolvimento (a resposta propriamente dita) e, quando possível, conclusão (fechamento
do texto).
Na resolução de problemas, muitos alunos começam a ler a questão e, sem terminar de ler
todo o enunciado, acham que já sabem o que se está pedindo e fazem as contas. Mas, na
verdade, não sabem realmente qual é a pergunta do problema. Isso é muito ruim, pois em
muitos problemas a pergunta está justamente no finalzinho do enunciado.
Por esse motivo, na maioria das vezes, uma questão muito fácil pode ser jogada fora por
causa de uma má leitura do enunciado.
Há questões que apresentam enunciados muito longos, daqueles que você já olha e fica
assustado - "isso aqui não sei". Geralmente, nesse tipo de questão, quando o aluno chega ao
fim da leitura do enunciado, já se esqueceu o que dizia o começo do problema: aí fica
nervoso e acaba considerando a questão difícil.

O PROCESSO DA ESCRITA E INTERPRETAÇÃO


É muito comum estudantes e profissionais sentirem certa dificuldade na produção de
textos. Esse problema se deve, na maioria das vezes, à falta do hábito de leitura, de treino e
também de técnica.
Aprender a escrever é aprender a pensar. Não é possível escrever sem que se tenha o
que dizer e sem que se possa organizar o pensamento. Portanto, é necessário observar os
fatos, analisá-los, criar idéias sobre eles, ou seja, pensar.

ATIVIDADE DE LEITURA- preparação para a escrita

1 14
Para solucionar, ou pelo menos, amenizar as dificuldades em relação à escrita,
apresentamos uma proposta de leitura mais atenta e investigativa das questões discutidas
nos textos e do modo como elas nos são apresentadas.

OS DEZ MANDAMENTOS PARA ANÁLISE DE TEXTOS.


(Fonte: BECHARA, Evanildo)

1 – Ler duas vezes o texto. A primeira para tomar contato com o assunto; a segunda para
observar como o texto está articulado; desenvolvido.
2 – Observar que um parágrafo em relação ao outro pode indicar uma continuação ou uma
conclusão ou, ainda, uma falsa oposição.
3 – Sublinhar, em cada parágrafo, a idéia mais importante ( tópico frasal).
4 – Ler com muito cuidado os enunciados das questões para entender direito a intenção do
que foi pedido.
5 – Sublinhar palavras como: erro, incorreto, correto, etc., para não se confundir no momento
de responder à questão.
6 – Escrever, ao lado de cada parágrafo ou de cada estrofe, a idéia mais importante contida
neles.
7 – Não levar em consideração o que o autor quis dizer, mas sim o que ele disse, o que
escreveu.
8 – Se o enunciado mencionar tema ou idéia central, deve-se examinar com atenção a
introdução e/ou a conclusão.
9 – Se o enunciado mencionar argumentação, deve preocupar-se com o desenvolvimento.
10 – Tomar cuidado com os vocábulos relatores (os que remetem a outros vocábulos do
texto: pronomes relativos, pronomes pessoais, pronomes demonstrativos, etc.)

COMPREENSÃO DA LEITURA
Como faço para compreender um texto?

Compreender é uma forma de reunir duas habilidades:

1) Habilidade de reconhecer as informações dadas pelo autor (vocabulário, a estrutura


das frases, organização textual, a relação entre as idéias do texto etc - é conhecer
bem a Língua Portuguesa).

2) Habilidade de conhecer, de alguma forma, o assunto o texto (informações prévias,


conhecimento de mundo (repertório) sobre o assunto, adquirido em outras leituras, em
discussões, em experiências de vida.)

LINGUAGEM TEXTUAL E DADOS DO TEXTO


+

1 15
CONHECIMENTO DE MUNDO
_____________________________________________________
COMPREENSÃO

Não há compreensão por causa do:


• nível de linguagem usado pelo autor;
• assunto é por demais complexo para o momento, exigindo informações prévias
que ainda não temos.

ERROS CLÁSSICOS DE COMPREENSÃO:

Extrapolação: ir além dos limites do texto, indevidamente acrescentar elementos


desnecessários à compreensão;

Redução: abordar apenas uma parte, um aspecto do texto, quebrar o conjunto, isolar o
texto do contexto;

Contradição: chegar a uma conclusão contrária à do texto, perder passagens do


desenvolvimento, inverter o seu sentido.

EXEMPLO

“O que podemos experimentar de mais belo é o mistério. Ele é a fonte de toda a arte e
ciência verdadeira. Aquele que for a alheio a essa emoção, aquele que não se detém a
admirar as coisas, sentindo-se cheio de surpresas, esse já está, por assim dizer, morto e
tem os olhos extintos. O que fez nascer a religião foi essa vivência do misterioso – embora
mesclado de terror. Saber que existe algo insondável, sentir a presença de algo
profundamente racional e radiantemente belo, algo que compreendemos apenas em
forma muito rudimentar – é essa experiência que constitui a atitude genuinamente
religiosa. Neste sentido, e unicamente neste sentido, pertenço aos homens
profundamente religiosos.” (Albert Einstein – como vejo o mundo)

Extrapolação: o texto fala sobre a importância de Deus e da religião, e sobre o mistério


da criação do universo; o texto afirma que todo cientista precisa ser artista e religioso,
para poder compreender a natureza.

Redução: o texto afirma que o terror fez nascer a religião; o texto afirma que a nossa
compreensão dos fenômenos é ainda muito elementar.

Contradição: o texto afirma que quem experimenta o mistério está com os olhos
fechados e não consegue compreender a natureza; o texto afirma que a experiência do
mistério é um elemento importante para a arte, não para a ciência.

COMPREENSÃO CORRETA:
• A beleza da experiência do mistério;
• A emoção do mistério como raiz da ciência e da arte;
1 16
• O homem incapaz de sentir essa emoção está com os olhos mortos;
• A caracterização dessa vivência: saber e sentir que existe algo – belo e racional –
que compreendemos apenas rudimentarmente;
• O sentido em que o autor se considera uma pessoa religiosa (e unicamente nesse
sentido).

EXERCÍCIOS DE INTERPRETAÇÃO

1) Analise as tiras abaixo quanto a:


a) interpretação do conteúdo.

2) Observe a ilustração a seguir.

1 17
Laurence Stephen Lowry. Industrial River Scene

1 18
Neste retrato diferenciado de uma região industrial da Inglaterra ― com suas chaminés
e fileiras de casas germinadas ―, o pintor inglês Lowry (que só se tornou conhecido em
1039, aos 52 anos) mostra com clareza seu estilo característico, em que a figura humana,
apesar de ser pouco mais que um traço sobre a tela, passa uma idéia de movimento e
energia surpreendentes, compondo com precisão o clima opressivo de uma cidade fabril. Seu
estilo, considerado pelos críticos: cru e totalmente individual, sem influência dos pós-
impressionistas do começo do século, nos surpreende pela contemporaneidade.

A representação acima pode se relacionar com a sociedade moderna. Indique a


analogia mais adequada à simbologia da imagem.

a) Avenida Paulista;
b) Centro urbano;
c) Favelas e periferia;
d) São Bernardo do Campo;
e) Porto de Santos.

3) Leia os textos abaixo para responder ao que se pede.


Texto I
Somente colocar um computador na mão das pessoas ou vendê–lo a um preço menor
não é, definitivamente, inclusão digital. É preciso ensiná–las a utilizá–lo em benefício próprio
e coletivo. Induzir a inclusão social a partir da digital ainda é um cenário pouco estudado no
Brasil, mas tem à frente os bons resultados obtidos pelo CDI no País(...) O presidente do
CDIPE, Marcelo Fernandes, acha que agora é o momento para reflexões e críticas às
atividades desenvolvidas, pois o Comitê está completando dez anos. “Nestes últimos anos,
tivemos muitas conquistas e desafios. Agora é o momento para refletirmos sobre eles e
prestarmos conta para a sociedade sobre as ações que realizamos”, adianta. Apesar da boa
vontade, alguns empecilhos representam um grave problema à melhor socialização de
comunidades carentes.
(Inclusão digital: o que é e a quem se destina? Texto adaptado e disponível em
http://webinsider.uol.com.br/index.php/2005/05/12/inclusao-digital-o-que-e-e-a-quem-se-destina )

4) A reflexão sobre a charge e o texto acima permite concluir que:

1 19
a) Para que a inclusão digital ocorra, basta que os indivíduos tenham condições de
adquirir um computador de última geração.
b) A inclusão digital favorece a inclusão social.
c) A inclusão digital compreende a disponibilização de recursos técnicos necessários à
navegação na internet o que demanda administração de recursos financeiros.
d) O custo baixo do computador certamente facilitaria o processo da inclusão.
e) Apenas a criação de recursos técnicos resolveria a questão da inclusão digital.

5) São exemplos de linguagem não verbal:


a) sinais de trânsito e uma conversa informal entre alunos e professores.
b) cores das bandeiras e dos semáforos.
c) cantigas infantis.
d) discursos políticos.
e) apitos e discursos políticos.

6) Considerando uma partida de futebol, podemos dizer que só não é linguagem não verbal:
a) os cartões amarelos e vermelhos do juiz.
b) as listras pretas das camisas dos bandeirinhas.
c) as cores quadriculadas das bandeiras dos times.
d) o som do apito do juiz.
e) os gritos de gol da torcida.

7) Observe as indicações abaixo e assinale a alternativa correta:


1. números estampados nas camisas dos jogadores de futebol.
2. gesto de "Pare" da mão estendida do Guarda de Trânsito.
3. conversa animada numa roda de amigos.

a) Linguagem não verbal – Linguagem não verbal – Linguagem verbal.


b) Linguagem não verbal – Linguagem verbal – Linguagem verbal.
c) Linguagem verbal – Linguagem não verbal – Linguagem verbal.
d) Linguagem não verbal – Linguagem não verbal – Linguagem não verbal.
e) Linguagem verbal – Linguagem verbal – Linguagem não verbal.

(Fonte: HTTP://forum.brasilescola.com/index.php?showtopic=38769)
Texto II

Se o disco está todo estragado, troque-o

Há situações em que a eliminação da hérnia não tira a dor do paciente.


‘Isso pode acontecer quando o disco está ruim como um todo. Mesmo
tirando a hérnia e suas dores irradiadas, o desconforto continuará’,
explica o cirurgião Luiz Pimenta (...). O principal sintoma desse estrago
no disco, chamado de discopatia generativa e causado principalmente por
sobrecarga, é uma dor persistente na região lombar, que aumenta com o
tempo até deixar o indivíduo incapaz de se movimentar.
Se a doença estiver em estágio avançado, o caminho é recauchutar o
disco. Foi o que fez o empresário Airton Silva, 37 anos. Depois de sentir
2 20
dores fortes durante oito anos, ele se submeteu a uma cirurgia nova para
trocar três discos da coluna lombar por outros, novinhos em folha e
sintéticos.
A troca de discos começou a ser feita por alguns especialistas no Brasil
há três anos e está em fase de aperfeiçoamento, com o lançamento de
novas próteses discais. Cada disco lombar custa em média, R$25 mil.
(IstoÉ, 1886, 07/05. p. 52)

11.Quanto ao título, em relação ao conteúdo do trecho, pode-se afirmar:

a) O disco a que se refere é tanto o de mecânica veicular quanto o de anatomia do


corpo
b) O disco a que se refere tem significação restrita
c) O disco a que se refere o título tem sentido figurado
d) Já pelo título se sabe que disco a que se refere é o lombar
e) Sem ler o trecho, deduz-se que o disco é o de hérnia
II. Levando-se em conta o último parágrafo, deduz-se:
a) O que restringe a troca de disco é seu preço
b) O que restringe a troca de disco lombar é o tempo de recuperação do paciente
c) A troca de discos é algo recente e não garantida
d) O preço da troca de disco é alta porque seu uso é recente
e) O preço da troca de disco está em fase de aperfeiçoamento
III. Quanto ao uso de um vocabulário próprio do campo da mecânica de carros, pode-se
afirmar:
a) O tipo de vocabulário usado não tem lógica com relação ao assunto
b) O tipo de vocabulário usado torna o texto mais fácil de o leitor entender
c) Não se deve misturar campos diferentes de vocabulário, pois a língua não
permite isso
d) O uso desse tipo de vocabulário empobreceu o texto
e) O texto fica mais difícil de ser entendido quando tal vocabulário foi usado
IV. Do texto pode-se deduzir:
a) Encontrou-se uma solução definitiva para o problema das dores lombares
b) A eliminação da hérnia tira a dor do paciente
c) A dor na região lombar é causada por sobrecarga
d) Os estudos quanto à eliminação da dor lombar estão sendo aperfeiçoados
e) Só recauchutando o disco, a dor desaparece

12) Leia o trecho a seguir para responder às questões:

Atenção às pílulas

O uso diário de comprimidos de ácido acetilsalicílico – entre eles, o mais


famoso é a Aspirina – vinha sendo apontado como meio de proteger o
coração. Mas agora os especialistas dizem que não é bem assim. No caso
de mulheres com mais de 45 anos, os remédios não diminuem os riscos
de um ataque cardíaco. O benefício só foi observado entre as voluntárias
com idade superior a 65 anos (redução de risco de 26%). Por outro lado,
as pílulas foram eficazes para diminuir em 17% o perigo de um derrame cerebral. A
2 21
conclusão é de um estudo de dez anos feito com 40 mil mulheres e divulgado no
congresso de Orlando. Outros trabalhos, porém, mostraram que o consumo de
Aspirina em conjunto com um anticoagulante (Plavix) ajuda a prevenir ataques nas
pessoas que já passaram por problema no coração. As pesquisas (uma com 3,5 mil
pessoas e outra com 46 mil) revelaram uma queda no risco de um evento cardíaco que
variou de 36% a 9%. De qualquer modo, deve-se consultar o médico antes de se adotar
o remédio.
(Fonte: IstoÉ, São Paulo, 16/03/05).

Da leitura do trecho, conclui-se que a idéia central é:

a) O uso diário de Aspirina não protege o coração;


b) O uso diário de Aspirina protege o coração dependendo da idade do paciente;
c) As pílulas de Aspirina são eficazes para muitas doenças, entre elas o derrame
cerebral;
d) O uso de Aspirina com Plavix ajuda nos problemas coronários e cerebrais;
e) Deve-se consultar um médico antes de tomar Aspirina.

II Quanto ao nível de linguagem do texto lido:

a) Mistura-se a linguagem coloquial com a linguagem culta;


b) Mistura-se a linguagem coloquial com a regional e culta;
c) Prepondera a linguagem culta;
d) Prepondera a linguagem coloquial, se bem que com alguns elementos da culta;
e) Prepondera a linguagem coloquial.

13) Leia o seguinte trecho de Carlos Drummond de Andrade, tirado de “Contos plausíveis”

Essas meninas

As alegres meninas que passam na rua, com suas pastas escolares, às


vezes com seus namorados. As alegres meninas que estão sempre rindo,
comentando o besouro que entrou na classe e pousou no vestido da
professora; essas meninas; essas coisas sem importância.
O uniforme as despersonaliza, mas o riso de cada uma as diferencia.
Riem alto, riem musical, riem desafinando, riem sem motivo; riem.
Hoje de manhã estavam sérias, era como se nunca mais voltassem a rir e
falar de coisas sem importância. Faltava uma delas. O jornal dera notícia
do crime. O corpo da menina encontrado naquelas condições, em lugar
ermo. A selvageria de um tempo que não deixa mais rir.
As alegres meninas, agora sérias, tornaram-se adultas de uma hora para
outra; essas mulheres.

I. A transformação do indivíduo provocada pelo sofrimento fica evidente em:


a) As alegres meninas que passam na rua, com suas pastas escolares, às vezes com seus
namorados.
b) A selvageria de um tempo que não deixa mais rir.
c) O jornal dera notícia do crime.

2 22
d) As alegres meninas, agora sérias, tornaram-se adultas de uma hora para outra; essas
mulheres.
e) O uniforme as despersonaliza, mas o riso de cada uma as diferencia.

EXERCÍCIOS
(Partes dos exercícios deste capítulo têm como fonte SAVIOLI, Francisco Platão. Gramática em 44 lições com mais de 1700
exercícios. São Paulo: Ática, 1985.

A seguir, você tem uma relação de exercícios de correção e de interpretação de frases,


segundo o padrão culto da língua. Leia com atenção, pesquise o que é solicitado e faça os
exercícios.

A) As frases que seguem contêm erros. Reescreva-as, efetuando as devidas correções.


Exemplo: As pesquizas tem demonstrado que, por ora, o mercado está quase
paralizado. Correção: As pesquisas têm demonstrado que, por ora, o mercado está
quase paralisado. Observe: as palavras em negrito foram corrigidas.

1. É preciso, às vezes, deixar para traz as preocupações e relachar as tensões.


_______________________________________________________________________

2. Apesar de ainda faltarem alguns meses para o início do verão, faziam dias quentíssimos
como há muito não se viam.
__________________________________________________________________________

3. Estudou muito e, porisso, não receiava a dificuldade do exame.


_______________________________________________________________________

4. O menino mau criado não inspira simpatia.


___________________________________________________________________

B) Escolha a alternativa que preenche corretamente as lacunas:

1. Assinale a alternativa em que um dos vocábulos está incorreta:

a) analisar, analisável, analisei,


b) paralisar, paralisante, paralize,
c) atrasar, atrasado, retrasado,
d) esvaziar, esvaziado, esvaziamento,
e) azedar, azedume, azedado.

C) As frases a seguir apresentam ambiguidade (mais de um sentido). Reescreva-as com


clareza;

2 23
1. Vi o desfile andando pela cidade.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________

2. Trouxe um presente para o meu chefe que fez anos nesta caixa.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________

PLANEJANDO O TEXTO
Antes de se escrever um texto, é importante que se faça um planejamento daquilo
que você quer comunicar. Geralmente, quando se deve escrever sobre um tema, vem um
monte de empecilhos: você acha que está sem inspiração, que não consegue encontrar uma
idéia a desenvolver, e, assim, pode até entregar um texto sem unidade, em que você apenas
juntou várias idéias.
A melhor solução é planejar o texto, evitando, dessa forma, que o que se escreve saia
desarmônico.
E como planejar? Quanto mais contato tiver com os meios de informações (TV, jornais,
revistas, rádio, livros), maior será seu conhecimento sobre os assuntos. Por isso é muito
importante que você leia constantemente, a fim de que seu “arquivo” de conhecimentos
esteja sempre cheio e atualizado. Se suas idéias forem limitadas, seu texto também o será.

Delimitação do tema

Antes de iniciar um texto, pense, primeiramente quanto à delimitação do tema, ou seja,


às vezes, você se defronta com um tema muito amplo para ser desenvolvido e sente
dificuldade em escrever, pois já que ele é amplo demais, as idéias também serão múltiplas.
Tome como exemplo o tema “Drogas”. Dá para escreve não só um texto, mas uma
enciclopédia sobre o assunto... Se for solicitado, por exemplo, uma redação de 25/30 linhas,
o resultado de seu texto será uma reunião de frases desconexas e genéricas, e o assunto
teria um tratamento superficial. Numa redação, as idéias devem ser delimitadas para que a
argumentação possa ser, no mínimo convincente. Veja algumas possíveis delimitações para
o tema escolhido como exemplo – “Drogas”:
• Drogas lícitas
• Drogas ilícitas
• Drogas entre os adolescentes
• As drogas e a violência
• Por que se procuram as drogas na vida moderna
• O que a sociedade deve fazer perante o problema das drogas
• Drogas e pobreza
Observe-se que nesses exemplos o tema será drogas, mas seu campo de extensão é
delimitado, marcado. Seu texto será muito mais profícuo e interessante, pois você terá mais
chances de fazer valer seu ponto de vista quanto à questão abordada.

2 24
Delimitado o tema, veja um exemplo de como planejar um texto. Tome como
parâmetro o tema “Trânsito nas grandes cidades” – observe que ele já vem delimitado: você
vai escrever sobre o trânsito, especificamente o das cidades grandes.

Tema: trânsito nas grandes cidades


- violência e morte no trânsito;
- as pessoas não respeitam a sinalização;
- à noite ocorrem muitos acidentes;
- o transporte coletivo é muito precário;
- na Europa o transporte é feito basicamente por trem e metrô;
- as pessoas preferem transporte particular a coletivo;
- o trânsito deixa as pessoas nervosas e violentas;
- as ruas estão muito estreitas;
- há poucos viadutos e vias de acesso rápido;
- a poluição é muito grande devido ao número excessivo de carros no centro da cidade;
- deveria ser limitado o número de veículos no centro da cidade, porém esta medida não
agrada aos comerciantes;
- a prefeitura não tem verbas para melhorar o transporte coletivo;
- o transporte poderia ser privatizado e a prefeitura poderia fiscalizar o serviço.

Com um bom número de idéias levantadas, ficará mais fácil redigir seu texto !!!.

ORGANIZANDO AS IDEIAS
Logo atrás, foram enumeradas várias idéias, porém estavam desorganizadas. Agora,
a proposta é agrupá-las, através de causas, conseqüências e soluções. Contudo, selecione
somente aquelas que possuem uma linha de pensamento, isto é, que estejam interligadas.

FATO: Trânsito caótico.

CAUSAS:
- Há muitos carros particulares no centro da cidade.
- As ruas não comportam o grande número de automóveis.
- O transporte coletivo não atende satisfatoriamente a população.
- Motoristas e pedestres não respeitam as leis de trânsito.
-
CONSEQUÊNCIAS:
- Engarrafamentos, poluição, barulho, estresse.
- Insatisfação do usuário, perda de tempo.
- Acidentes graves, violência.
-
SOLUÇÕES:
- Reduzir o número de veículos no centro da cidade.
- Melhorar as condições dos transportes coletivos para que a população os use
freqüentemente.
- Campanhas drásticas de educação de trânsito.
- Melhoria nas ruas, ampliando as vias de acesso rápido.
- Multar severamente os infratores.
2 25
Feito isso, veja como ficará mais fácil produzir um texto coeso e coerente:

“O trânsito nas grandes cidades está se tornando caótico, pois o


número excessivo de veículos, nestas ruas pequenas e sem condições,
gera engarrafamentos quilométricos que por sua vez estressam os
motoristas, contribuindo, assim, para o grande número de acidentes e
mortes. Entretanto, o problema poderia ser resolvido com a melhoria do
transporte coletivo, com a ampliação das marginais e viadutos, com a
restrição de automóveis no centro, com uma campanha forte de
educação e com a punição severa nas infrações”.

Observe que as ideias foram reelaboradas, e só algumas foram utilizadas, aquelas


que tinham a ver com o raciocínio do autor.

O TÍTULO E O TEMA NO TEXTO DISSERTATIVO

(Partes deste capítulo foram extraídos de SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação: escrevendo com prática. São
Paulo: Iglu, 1997.)

É muito comum a confusão que se faz entre título e tema. Observe a diferença e
importância desse tópico na produção do texto dissertativo.
Título: é uma vaga referência ao assunto abordado; normalmente é colocado no início do
texto.
Tema: é o assunto abordado no texto, a ideia a ser defendida.
Dependendo da proposta, podemos escolher diversos temas e títulos para o texto.
Exemplos:
Tema: Família
Título: A ditadura dos filhos
Idéia central: As famílias sofrem ultimamente com a ditadura dos filhos consumistas
que tudo pedem movidos pela onda de consumo propagada pela televisão; e os pais,
perdidos nas novas tendências educacionais, permitem que os filhos mandem e desmandem
na hora de comprar determinado produto.
Tanto o título quanto o tema poderiam ser outros, a proposta é muito ampla, permitindo
várias opções de escolha. É importante que você seja criativo na escolha do título e que não
use expressões simplórias.

EXERCÍCIOS
(Partes dos exercícios e textos deste capítulo têm como fonte SOBRAL, 1997)

1) Escolha um dos temas e elabore um planejamento de ideias :

a) O estado da saúde pública.


b) A poluição nas grandes cidades.
c) O aumento da criminalidade.
_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

2 26
_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

_______________________________________________________________________

2) Escolha um levantamento de ideias produzido no exercício anterior e faça a organização


do texto, dividindo-o em causa, consequência e conclusão. Em seguida, elabore um
parágrafo dissertativo.
__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

__________________________________________________________________________

______________________________________________________________________

3) No texto abaixo, indique:


a)tema; ____________________________________________________________________

b)delimitaçã do tema;________________________________________________________

c) causas; __________________________________________________________________

d) conseqüências; ____________________________________________________________

e) introdução; _______________________________________________________________

f) conclusão._______________________________________________________________
_

“O nariz é vítima de muitas alergias – algumas causadas por fatores


que o atacam diretamente. ‘Muitas vezes’, explica o alergista Laércio José
2 27
Zuppi, ‘os próprios medicamentos para gripes e rinites irritam a mucosa
olfativa, levando a uma perda temporária do olfato. A poluição, cada vez
maior nas grandes cidades, também ajuda a enfraquecer o olfato’. Em
certos casos, os danos à mucosa são irreversíveis: mesmo recuperado da
alergia, o paciente não volta a sentir bem os odores.
Conservantes de alimentos podem causar alergias a longo prazo, que
por sua vez podem causar a anosmia (perda ou enfraquecimento do olfato).
Os medicamentos, porém, encabeçam os fatores que provocam esse tipo
de problema, em especial os remédios para hipertensos, os diuréticos e o
ácido acetilsalicílico, o mais popular analgésico”.

(Revista Superinteressante, no. 1, 1988)

TIPOLOGIA TEXUAL - DESCRIÇÃO


(Partes deste capítulo foram extraídos de SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação: escrevendo com prática. São Paulo: Iglu,
1997.)

A descrição é uma espécie de retrato verbal de um determinado objeto. É descritivo o


texto que tem por finalidade retratar algo, de forma que o interlocutor possa, por meio das
palavras, criar mentalmente a imagem do objeto descrito. É importante ressaltar que como
não há escrita sem intenção, descreve-se para atingir determinados objetivos, tais como:
• exaltar ou criticar.
• analisar conteúdos.
• fazer conhecer, direta ou indiretamente, o objeto descrito.
Ao descrever, a pessoa seleciona as palavras que pretende usar para que possa
convencer o interlocutor. Se há um desejo de convencer, de fazer com que o interlocutor
enxergue de acordo com a visão de mundo do enunciador, o texto descritivo possui uma
função argumentativa.
Sendo assim, a descrição pretende ser um retrato verbal. Todavia, pretende retratar aquilo
que os olhos do enunciador veem, que muitas vezes pode não corresponder à realidade. A
descrição pode ser:

Objetiva: quando se retrata a realidade como ela é.


Subjetiva: quando se retrata a realidade segundo nossos
sentimentos e emoção.

Descrição objetiva:
“A cômoda era velha, de madeira escura com manchas provocadas pelo longo tempo
de uso. As três gavetas possuem puxadores de ferro em forma de conchas, nas duas laterais
há ornamentos semelhantes àqueles de esculturas barrocas, os pés são redondos e
ornamentados.”

Descrição subjetiva:

2 28
“Dona Cômoda tem três gavetas. E um ar confortável de senhora
rica. Nas gavetas guarda coisas de outros tempos, só para si. Foi sempre
assim, dona Cômoda: gorda, fechada, egoísta.”
(QUINTANA, Mário. Sapo amarelo. Porto Alegre: Mercado Aberto. 1984,
p. 37).

Na primeira descrição, houve um retrato fiel do objeto; já na segunda, houve o ponto


de vista do autor, o objeto foi descrito conforme ele vê.

Observação:
Não confunda descrição e definição.
Definir é explicar a significação de um ser.
Descrever é retratar a partir de um ponto de
vista.

Veja a definição de uma cômoda:


CÔMODA: móvel guarnecido de gavetas desde a base até a parte superior, que serve para
guardar coisas.
Na definição, não há ponto de vista, o objeto é descrito de maneira geral e serve para
qualquer cômoda; já nas descrições prevalece a particularidade; cada cômoda foi descrita de
forma diferente.

Descrição sensorial
A descrição sensorial, também conhecida por sinestésica, apoia-se nas sensações.
Este tipo de descrição faz com que o texto fique mais rico, forte, poético; nele o leitor interage
com o narrador e com a personagem. As sensações são:

Visuais: relacionadas à cor, forma, dimensões, etc.


“Era um olho amendoado, grande, dum azul celestial, de traços suaves...”
Auditivas: relacionadas ao som.
“O silêncio tornara-se assustador, o zumbido do vento fazia chorar as janelas...”
Gustativas: relacionadas ao gosto, paladar.
“Tua despedida amarga, o sorriso irônico, insosso; deixaram-me angustiado.”
Olfativas: relacionadas ao cheiro.
“O cheiro de terra trazido pelo vento úmido era prenúncio de chuva.”
Táteis: relacionados ao tato, contato da pele.
“As mãos ásperas como casca de árvores, grossas, ríspidas, secas como pedra.”

Observe como as descrições sensoriais são trabalhadas neste belo texto da poetisa
Cecília Meireles:

NOITE

Úmido gosto de terra,


cheiro de pedra lavada,
- tempo inseguro do tempo! –
sobra do flanco da serra,
nua e fria, sem mais nada.
2 29
Brilho de areias pisadas,
sabor de folhas mordidas,
- lábio da voz sem ventura!-
suspiro das madrugadas
sem coisas acontecidas.

A noite abria a frescura


dos campos todos molhados,
- sozinho, com o seu perfume!-
preparando a flor mais pura
com ares de todos os lados.

Bem que a vida estava quieta.


Mas passava o pensamento...
- de onde vinha aquela música?
E era uma nuvem repleta
Entre as estrelas e o vento.
(MEIRELES, Cecília. Obra completa. Rio de Janeiro: Aguilar, 1967.)
Descrição técnica

A descrição técnica deve apresentar precisão vocabular e exatidão de pormenores.


Deve esclarecer, convencendo. Pode-se descrever objetos, mecanismos ou processos,
fenômenos, fatos, lugares, eventos. Determinar o ponto de vista e o objetivo do texto é muito
importante na construção do texto descritivo, deles depende a estrutura do texto:

• que será descrito?


• que aspecto será destacado?
• quais são os pormenores mais importantes?
• que ordem será adotada para a descrição?
• a quem se destina o texto: ao técnico ou ao leigo?

Observe o seguinte exemplo:

“O motor está montado na traseira do carro, fixado por quatro parafusos


à caixa de câmbio, a qual, por sua vez, está fixada nos coxins de borracha
na extremidade bifurcada do chassi. Os cilindros estão dispostos
horizontalmente e opostos dois a dois. Cada par de cilindros tem um
cabeçote comum de metal leve. As válvulas, situadas nos cabeçotes, são
comandadas por meio de tuchos e balancins. O virabrequim, livre de
vibrações, de comprimento reduzido, com têmpera especial nos colos, gira
em quatro pontos de apoio e aciona o eixo excêntrico por meio de
engrenagens oblíquas. As bielas contam com mancais de chumbo-bronze e
os pistões são fundidos de uma liga de metal leve.”
(Fonte: Manual de instruções [Volkswagen]. In: Comunicação em prosa moderna. GARCIA Othon, Rio de janeiro: Editora
FGV, 1996, p.388.)

1. O que está sendo descrito?


3 30
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________

2. Que aspecto está em destaque?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________

3. Que pormenores parecem mais importantes?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________

4. Que ordem é adotada? Do geral para o particular (dedutivo) ou do particular para o geral?
(indutivo)
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________

5. A quem se destina o texto?


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________

Descrição de ambiente e paisagem

Espaço é o lugar físico onde se passa a ação narrativa, e ambiente é o espaço com
características sociais, morais, psicológicas, religiosas, etc. Ao se descrever um ambiente
fechado, escuro, sujo, desarrumado, normalmente é sugerido um estado de angústia, ou
solidão, ou desleixo. Já os lugares abertos, claros, coloridos, sugerem felicidade, harmonia,
paz, amor. Portanto o ambiente descrito em seu texto deverá fazer com que o leitor perceba o
rumo da história. Veja um exemplo:

“A Praça da Alegria apresentava um ar fúnebre. De um casebre


miserável, de porta e janela, ouviam-se gemer os armadores
enferrujados de uma rede e uma voz tísica e aflautada, de mulher, cantar
em falsete a “gentil Carolina era bela”, doutro lado da praça, uma preta
velha, vergada por imenso tabuleiro de madeira, sujo, seboso, cheio de
sangue e coberto por uma nuvem de moscas, apregoava em tom muito
arrastado e melancólico: “Fígado, rins e coração!” Era uma vendedeira
de fatos de boi. As crianças nuas, com as perninhas tortas pelo costume
de cavalgar as ilhargas maternas, as cabeças avermelhadas pelo sol, a
pele crestada, os ventrezinhos amarelentos e crescidos, corriam e
guinchavam, empinando papagaios de papel. Um ou outro branco, levado
pela necessidade de sair, atravessava a rua suando, vermelho,
afogueado, à sombra de um enorme chapéu-de-sol. Os cães, estendidos
pelas calçadas, tinham uivos que pareciam gemidos humanos,

3 31
movimentos irascíveis, mordiam o ar, querendo morder os mosquitos. Ao
longe, para as bandas de São Pantaleão, ouvia-se apregoar: “Arroz de
Veneza! Mangas! Macajubas!” Às esquinas, nas quitandas vazias,
fermentava um cheiro acre de sabão da terra e aguardente. O
quitandeiro, assentado sobre o balcão, cochilava a sua preguiça
morrinhenta, acariciando o seu imenso e espalmado pé descalço. Da
Praia de Santo Antônio enchiam toda a cidade os sons invariáveis e
monótonos de uma buzina, anunciando que os pescadores chegavam do
mar; para lá convergiam, apressadas e cheias de interesse, as peixeiras,
quase todas negras, muito gordas, o tabuleiro na cabeça, rebolando os
grossos quadris trêmulos e as tetas opulentas.”
(AZEVEDO, Aluísio de. O Mulato. Apud Curso de Redação, Harbra. J. Miguel, p. 67.)

Note como todas as descrições procuram mostrar para o leitor um ambiente em


decadência, miserável, fúnebre:
“A praça da alegria apresentavam um ar fúnebre, de um casebre miserável, de porta e janela,
ouviam-se gemer os armadores enferrujados de uma rede...”
“Os cães, entendidos pelas calçadas, tinham uivos que pareciam gemidos humanos...”

EXERCÍCIOS

1. Leia o texto a seguir e responda:

FUNERAL

“Uma cena me ficou na memória com uma nitidez inapagável. Parado no


meio-fio duma calçada, no Passo de la Reforma, vejo passar o enterro de
um bombeiro que se suicidou. Os tambores, cobertos de crepe, estão
abafados e soam surdos. Não se ouve sequer um toque de clarim. Atrás
dos tambores marcham alguns pelotões. Os soldados de uniforme negro,
gola carmesim, crepe no braço, marcham em cadenciado silêncio. E sobre
um carro coberto de preto está o esquife cinzento envolto na bandeira
mexicana.
Plan-rata-plan! Plan-rata-plan! Lá se vai o cortejo rumo do cemitério.
Haverá outro país no mundo em que um velório seja mais velório, um
enterro mais enterro, e a morte mais morte?
Plan-rata-plan! Adeus, bombeiro. Nunca te vi. Teu nome não sei. Mas me
será difícil, impossível esquecer o teu funeral. Plan-rat-plan!”

(VERÍSSIMO, Érico. México, Apud J.F. Miranda, Arquitetura da redação.)

a) O texto é objetivo ou subjetivo? Justifique retirando trechos que comprovem sua opção;
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________
3 32
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________
b) Qual o tema do texto?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________

c) Qual o processo descritivo usado para descrever? (Ver descrição sensorial)


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________

d)Explique o uso da onomatopéia (palavras que imitam sons).


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________
e) A história apresenta uma ironia. Qual é? Comente-a.
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________

2) Leia o texto a seguir e responda:

RETRATO
Cecília Meireles

Eu não tinha este rosto de hoje,


assim calmo, assim triste, assim magro,
nem estes olhos tão vazios,
nem o lábio amargo.

Eu não tinha estas mãos sem força,


tão paradas e frias e mortas;
eu não tinha este coração
que nem se mostra.

Eu não dei por esta mudança,


tão simples, tão certa, tão fácil:
- Em que espelho ficou perdida a minha face?

a) O texto é objetivo ou subjetivo? Justifique retirando trechos que comprovem sua opção;
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
__________________________________________________________________

3 33
b) Qual o tema do texto?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

c) Qual o processo descritivo usado para descrever? (Ver descrição sensorial)


___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

TIPOLOGIA TEXTUAL - NARRAÇÃO


Contar histórias é uma atividade comum nas relações humanas, faz parte do ato de
comunicação, não só na vida particular, mas também na profissional. Usamos aspectos da
narração quando precisamos produzir relatórios, textos técnicos, e-mails e outros textos que
fazem parte do cotidiano de qualquer profissional. Escrevemos para contar o que acontece,
com quem, onde, como, por quê e para quê. Esses são os elementos do processo narrativo.
Veja:

Quem narra a história? Identificação do narrador.


O que é narrado? Resumo do enredo.
Quem participa do conflito? Reconhecimento das pessoas ou personagens.
Por que elas estão em conflito? Procura dos motivos.
Onde (em que lugar) a história ocorre? Especificação do espaço e/ou do ambiente.
Quando ocorre o conflito? Especificação do tempo.
Como eram e são agora as personagens? Compreensão das mudanças ocorridas.

Obs.: a diferença entre narração e relato é que este não tem conflito. Na narração, a
personagem tem que sofrer mutação, devido ao conflito.

A narração, assim como qualquer texto, também pode ser objetiva e subjetiva (veja a
unidade DESCRIÇÃO)

Narração objetiva
Narração objetiva é aquela que costumamos ler em jornais, em livros de História etc.
Veja um exemplo:

ÁRVORE CAI COM A CHUVA

“Ontem, na rua Colômbia, nos Jardins, desabou uma enorme e


antiga árvore sobre dois carros. A tempestade e o forte vento que caíram
sobre a cidade são os causadores do acidente.”

3 34
Observe que o narrador está em terceira pessoa; não toma, pois, parte da história,
apenas relata de maneira imparcial, contando os fatos sem que sua emoção transpareça na
narrativa. Resumindo, a narração objetiva apenas informa o leitor.

Narração subjetiva

Narração subjetiva é aquela em que o narrador deixa transparecer os seus


sentimentos, sua posição diante do fato é sensível, emocional. Exemplo:

O CAJUEIRO

O cajueiro já devia ser velho quando nasci. Ele vive nas mais
antigas recordações de minha infância: belo, imenso, no alto do morro
atrás da casa. Agora vem uma carta dizendo que ele caiu.
Eu me lembro do outro cajueiro que era menor, e morreu há muito
tempo. Eu me lembro dos pés da pinha, do cajá-manga, da grande
touceira de espadas-de-são-jorge (que nós chamávamos simplesmente
“tala”) e da alta saboneteira que era nossa alegria e a cobiça de toda a
meninada do bairro porque fornecia centenas de bolas pretas para o jogo
de gude. Lembro-me da tamareira, e de tantos arbustos e folhagens
coloridas, lembro-me da parreira que cobria o caramanchão, e dos
canteiros de flores humildes, beijos, violetas. Tudo sumira; mas o grande
pé de fruta-pão ao lado da casa e o imenso cajueiro lá no alto eram como
árvores sagradas protegendo a família. Cada menino que ia crescendo ia
aprendendo o jeito de seu tronco, a cica de seu fruto, o lugar melhor
para apoiar o pé e subir pelo cajueiro acima, ver de lá o telhado das
casas do outro lado e os morros além, sentir o leve balanceio na brisa da
tarde.
No último verão ainda o vi; estava como sempre carregado de frutos
amarelos, trêmulo de sanhaços. Chovera: mas assim mesmo fiz questão
de que Caribé subisse o morro para vê-lo de perto, como quem apresenta
a um amigo de outras terras um parente muito querido.
A carta de minha irmã mais moça diz que ele caiu numa tarde de
ventania, num fragor tremendo pela ribanceira; e caiu meio de lado,
como se não quisesse quebrar o telhado de nossa velha casa. Diz que
passou o dia abatida, pensando em nossa mãe, em nosso pai, em nossos
irmãos que já morreram. Diz que seus filhos pequenos se assustaram,
mas depois foram brincar nos galhos tombados.
Foi agora, em fins de setembro. Estava carregado de flores.

(BRAGA, Rubem. Cem crônicas escolhidas. Rio de Janeiro: José Olympio Ed., 1956.)

O narrador, neste texto, conta a princípio uma história banal: a queda de um cajueiro.
No entanto, traz à tona suas recordações de infância, suas últimas visões da árvore e por fim
a ironia: apesar de ser fins de setembro, primavera, o cajueiro que estava “tombado de flores”
caiu. De forma tocante, o narrador nos faz sentir um certo sentimento de compaixão e carinho
pelo cajueiro. A narração subjetiva tem esta finalidade.

O narrador

3 35
Ao produzir um texto, você poderá fazê-lo de duas maneiras diferentes, contar uma
história em que você participa ou contar uma história que ocorreu com outra pessoa. Essa
decisão determinará o tipo de narrador a ser utilizado em seu texto.
NARRADOR EM 1a PESSOA: Conhecido também por narrador-personagem, é aquele
que participa da ação. Pode ser protagonista quando personagem principal da história, ou
pode ser alguém que presenciou o fato, estando no mesmo local.

Exemplo: Narrador-protagonista:
“Era noite, voltava sozinho para casa, o frio estava insuportável, não havia ninguém
naquela rua sombria, ouvi um barulho estranho no muro ao lado, assustei- me...”

Exemplo: Narrador 1ª pessoa


“Estava debruçado em minha janela quando vejo na esquina um garoto magro
roubando a carteira de um pobre velho...”

NARRADOR EM 3ª PESSOA: Conhecido também por narrador-observador, é aquele que


não participa da ação.
“João estava voltando para casa, à noite, sozinho, quando ouviu, próximo ao muro, um
barulho estranho.”

Estrutura do Enredo
Geralmente, toda história tem um princípio (introdução), um meio (desenvolvimento), e
um fim (desfecho). Contudo, em alguns casos esta estrutura não é obedecida. Veja-se a
estrutura de uma história que apresenta começo, meio e fim:
Introdução: o autor apresenta a idéia principal, as personagens, o lugar onde vai
ocorrer os fatos.
Desenvolvimento: é a parte mais importante do enredo, é nele que o autor detalha a
idéia principal. O desenvolvimento é dividido em duas partes:
Complicação: quando há uma ligação entre os fatos levando a personagem a um conflito,
situação complicada.
Clímax: é o momento mais importante da narrativa, a situação chega em seu momento crítico
e precisa ser resolvida.
Desfecho: é a parte final, a conclusão. Nessa parte o autor soluciona todos os
conflitos, podendo levar a narrativa para um final feliz, trágico ou ainda sem desfecho
definido, deixando as conclusões para o leitor.

EXERCÍCIOS
1. Analise o enredo a seguir de acordo com os elementos do texto narrativo:

O HOMEM NU
Ao acordar, disse para a mulher:
- Escuta, minha filha: hoje é dia de pagar a prestação da televisão,
vem aí o sujeito com a conta, na certa. Mas acontece que ontem eu não
trouxe dinheiro da cidade, estou a nenhum.
- Explique isso ao homem - ponderou a mulher.
- Não gosto dessas coisas. Dá um ar de vigarice, gosto de cumprir
rigorosamente as minhas obrigações. Escuta: quando ele vier a gente

3 36
fica quieto aqui dentro, não faz barulho, para ele pensar que não tem
ninguém. Deixa ele bater até cansar - amanhã eu pago.
Pouco depois, tendo despido o pijama, dirigiu-se ao banheiro para
tomar um banho, mas a mulher já se trancara lá dentro. Enquanto
esperava, resolveu fazer um café. Pôs a água a ferver e abriu a porta de
serviço para apanhar o pão. Como estivesse completamente nu, olhou
com cautela para um lado e para outro antes de arriscar-se a dar dois
passos até o embrulhinho deixado pelo padeiro sobre o mármore do
parapeito. Ainda era muito cedo, não poderia aparecer ninguém. Mal
seus dedos, porém, tocavam o pão, a porta atrás de si fechou-se com
estrondo, impulsionada pelo vento.
Aterrorizado, precipitou-se até a campainha e, depois de tocá-la,
ficou à espera, olhando ansiosamente ao redor. Ouviu lá dentro o ruído
da água do chuveiro interromper-se de súbito, mas ninguém veio abrir.
Na certa a mulher pensava que já era o sujeito da televisão. Bateu com o
nó dos dedos:
- Maria! Abre aí, Maria. Sou eu - chamou, em voz baixa.
Quanto mais batia, mais silêncio fazia lá dentro.
Enquanto isso, ouvia lá embaixo a porta do elevador fechar-se, viu o
ponteiro subir lentamente os andares... Desta vez, era o homem da
televisão!
Não era. Refugiado no lanço de escada entre os andares, esperou
que o elevador passasse, e voltou para a porta de seu apartamento,
sempre a segurar nas mãos nervosas o embrulho de pão:
- Maria, por favor! Sou eu!
Desta vez não teve tempo de insistir: ouviu passos na escada,
lentos, regulares, vindos lá de baixo... Tomado de pânico, olhou ao redor,
fazendo uma pirueta, e assim despido, embrulho na mão, parecia
executar um ballet grotesco e mal-ensaiado. Os passos na escada se
aproximavam, e ele sem onde se esconder. Correu para o elevador,
apertou o botão. Foi o tempo de abrir a porta e entrar, e a empregada
passava, vagarosa, encetando a subida de mais um lanço de escada. Ele
respirou aliviado, enxugando o suor da testa com embrulho do pão. Mas
eis que a porta interna do elevador se fecha e ele começa a descer.
- Ah, isso é que não! - diz o homem nu, sobressaltado.
E agora? Alguém lá embaixo abriria a porta do elevador e daria com
ele ali, em pelo, podia mesmo ser algum vizinho conhecido. Percebeu,
desorientado, que estava sendo levado cada vez para mais longe de seu
apartamento, começava a viver um verdadeiro pesadelo de Kafka,
instaurava-se naquele momento o mais autêntico e desvairado Regime
de Terror!
- Isso é que não - repetiu, furioso.
Agarrou-se à porta do elevador e abriu-a com força entre os
andares, obrigando-o a parar. Respirou fundo, fechando os olhos, para
ter a momentânea ilusão de que sonhava. Depois experimentou apertar o
botão de seu andar. Lá embaixo continuavam a chamar o elevador. Antes
de mais nada: “Emergência: parar.” Muito bem. E agora? Iria subir ou
descer? Com cautela desligou a parada de emergência, largou a porta,
enquanto insistia em fazer o elevador subir. O elevador subiu.
3 37
- Maria! Abre esta porta! gritava, desta vez esmurrando a porta, já
sem nenhuma cautela. Ouviu que outra porta se abria atrás de si. Voltou-
se, acuado, apoiando o traseiro no batente e tentando inutilmente
cobrir-se com o embrulho de pão. Era a velha do apartamento vizinho:
- Bom dia, minha senhora - disse ele, confuso. - Imagine que eu...
A velha, estarrecida, atirou os braços para cima, soltou um grito:
- Valha-me Deus! O padeiro está nu!
E correu ao telefone para chamar a radiopatrulha:
- Tem um homem pelado aqui na porta!
Outros vizinhos, ouvindo a gritaria, vieram ver o que se passava:
- É um tarado!
- Olha, que horror!
- Não olha não! Já para dentro, minha filha!
Maria, a esposa do infeliz, abriu finalmente a porta para ver o que
era. Ele entrou como foguete e vestiu-se precipitadamente, sem nem se
lembrar do banho. Poucos minutos depois, restabelecida a calma lá fora,
bateram na porta.
- Deve ser a polícia - disse ele, ainda ofegante, indo abrir. Não era:
era o cobrador da televisão.

(SABINO, Fernando. O Homem nu. 24 ed. Rio de Janeiro, Record, 1984. p. 65-8).
a) Introdução_______________________________________________________________
________________________________________________________________________
__
b) Desenvolvimento (complicação e clímax)
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________
______
c) Desfecho________________________________________________________________
________________________________________________________________________
___
d) Quanto à tipologia textual, como se classifica o texto lido?
________________________________________________________________________
________________________________________________________________________

2. Leia o texto abaixo e responda às questões que seguem:

TESTEMUNHA TRANQUILA
Stanislaw Ponte Preta

O camarada chegou assim com ar suspeito, olhou pros lados e –


como não parecia ter ninguém por perto – forçou a porta do apartamento
e entrou. Eu estava parado olhando, para ver no que ia dar aquilo.
Na verdade eu estava vendo nitidamente toda a cena e senti que o
camarada era um mau-caráter.
E foi batata. Entrou no apartamento e olhou em volta. Penumbra
total. Caminhou até o telefone e desligou com cuidado, na certa para que
o aparelho não tocasse enquanto ele estivesse ali. Isto – pensei – é

3 38
porque ele não quer que ninguém note a sua presença: logo, só pode ser
um ladrão, ou coisa assim.
Mas não era. Se fosse ladrão, estaria revistando as gavetas,
mexendo em tudo, procurando coisas pra levar. O cara – ao contrário –
parecia morar perfeitamente no ambiente, pois mesmo na penumbra se
orientou muito bem e andou desembaraçado até a poltrona, onde sentou
e ficou quieto.
- Pior que ladrão. Esse cara deve ser um assassino e está esperando
alguém chegar para matar – eu tornei a pensar e me lembro (inclusive)
que cheguei a suspirar aliviado por não conhecer o homem e – portanto –
ser difícil que ele estivesse esperando por mim. Pensamento bobo, de
resto, eu não tinha nada a ver com aquilo.
De repente, ele se retesou na cadeira. Passos no corredor. Os
passos, ou melhor, a pessoa que dava os passos, parou em frente à porta
do apartamento. O detalhe era visível pela réstia de luz que vinha por
baixo da porta. Som de chave na fechadura e a porta se abriu lentamente
e logo a silhueta de uma mulher se desenhou contra a luz. Bonita ou
feia? – pensei eu. Pois era uma graça, meus caros. Quando ela acendeu
a luz da sala é que eu pude ver. Era boa às pampas. Quando viu o cara na
poltrona ainda tentou recuar, mas ele avançou e fechou a porta com um
pontapé... e eu ali olhando. Fechou a porta, caminhou em direção à
bonitinha e pataco... tacou-lhe a primeira bolacha. Ela estremeceu nos
alicerces e pimpa... tacou outra.
Os caros leitores perguntarão: - E você? Assistindo àquilo tudo sem
tomar uma atitude?- a pergunta é razoável. Eu tomei uma atitude,
realmente. Desliguei a televisão, a imagem dos dois desapareceu e eu fui
dormir.

1. Qual o nível de linguagem usado pelo autor nos dois primeiros parágrafos (culta, coloquial,
vulgar, regional, técnica)?_____________________________________

2. E a partir do 3º parágrafo?___________________________________

3. Qual a pessoa do discurso?__________________________________

4. Quanto à tipologia, como se classifica o texto?_____________________

5. Qual a descrição do vilão? E da mulher?________________________________________

________________________________________________________________________

________________________________________________________________________
6. O que significam “pataco” e “pimpa”?
___________________________________________________________________________
______________________________________________________________

GRAMÁTICA DE USO
(Partes dos exercícios deste capítulo têm como fonte SAVIOLI, Francisco Platão. Gramática em 44 lições com
mais de 1700 exercícios. São Paulo: Ática, 1985.
3 39
1) Recentemente, o jornal O Estado de São Paulo publicou um texto intitulado “Eymael,
nanico também na língua portuguesa”. Leia um trecho e responda às questões:
Junto com o horário eleitoral vem o costumeiro desfile de bizarrices que toma a televisão em
nome da democracia. (...) A novidade é que agora os candidatos se fazem entender em
legendas e na linguagem de sinais. E eis que ao pé do vídeo do democrata-cristão [Eymael]
se deixam apanhar erros imperdoáveis de ortografia. No horário eleitoral da tarde estavam
“empobresse” e obcessão”. No da noite, o “empobresse” foi corrigido, mas o “obcessão” ficou.
Na turma dos nanicos que maltratam a língua pátria, está também Luciano Bivar (PSL), que
peca na concordância verbal – lançou um “acham que nós queremos se exibir” – sem falar no
senso de oportunidade (...)
I. Escolha a alternativa em que as palavras grafadas com “erros imperdoáveis” deveriam
estar escritas corretamente:
a) empobre-se e obsessão
b) empobrece e obsessão
c) empobresce e obceção
d) empobrece e obsceção
e) empobrece e obecessão
II. Escolha a alternativa em que a frase do candidato do PSL, sendo corrigida, não mais
apresenta erro:
a) Acham que nós queremos nos exibir
b) Acham que nós queremos nos exibirmos
c) Acham que nós queremos-nos exibir
d) Acham que nós queremo-nos exibir
e) Acham que nós queremos exibir

2) Em que alternativa a variante culta da escrita foi usada corretamente, em oposição às


variantes populares:
a) Faça ele calar a boca, por favor.
b) Mandei ela voltar amanhã.
c) Mandei que ela volte amanhã.
d) Deixou que ele entrasse sem documento.
e) Deixou ele entrar sem documento.

3) Leia o trecho a seguir para responder às questões:

Se tradicionalmente nos referimos à comunicação verbal, escrita ou por sinais, (...)


‘comunicação visual’ [é] aquela que utiliza os olhos e as pálpebras como os elementos
corporais que permitem a expressão de idéias e pensamentos. Em muitos casos, o simples
piscar dos olhos, cartelas manuais ou dispositivos eletrônicos derivados (...), possibilitam
saber o que os pacientes desejam expressar. Mecanismos de comunicação mais complexos,
como o código Morse, também têm sido propostos. O termo ‘computação adaptativa’ define
atualmente os serviços profissionais e a tecnologia de computação, tanto “hardware” como
“software”, destinados às pessoas com deficiências físicas.
4 40
[CASSEMIRO, Cesar R. et al. Comunicação visual por computador na esclerose lateral amiotrófica. Arq. Bras.
Oftalmol. 2004]
I. As palavras em negrito podem ser trocadas, sem prejuízo de sentido, pelo seguinte
conjunto:
a) Sempre – aquilo que – tais como.
b) Sempre – tudo o que – tais como.
c) Muitas vezes – aquilo que – tais como.
d) Eventualmente – que – assim como.
e) Há casos que – aquilo que – além do

DISSERTAÇÃO E ARGUMENTAÇÃO
(Partes deste capítulo foram extraídos/adaptados de SOBRAL, João Jonas Veiga. Redação: escrevendo com
prática. São Paulo: Iglu, 1997; FIORIN, José Luiz e SAVIOLI, Francisco Platão. Lições de texto: leitura e
redação. São Paulo: Ática, 2000; PACHECO, Agnelo C. A dissertação. São Paulo: Atual, 1993 e da apostila das
Profas. Adriana Soeiro e Chafiha Laszkiewsz).

O PLANEJAMENTO DO TEXTO
Uma possibilidade de planejamento de texto dissertativo é a utilização da técnica do “POR
QUÊ?”
Considere a seguinte estrutura textual:
 INTRODUÇÃO: Tese + argumento 1 + argumento 2 + argumento 3
 DESENVOLVIMENTO: argumento 1+ argumento 2+ argumento 3
 CONCLUSÃO: Expressão inicial + reafirmação do tema + observação final
Vejamos, agora, os passos para esse tipo de planejamento textual.

Tese: O MUNDO CAMINHA PARA A PRÓPRIA DESTRUIÇÃO


Pergunta-se: Por que O MUNDO CAMINHA PARA A PRÓPRIA DESTRUIÇÃO?
Responde-se: (argumento 1) tem havido inúmeros conflitos internacionais.
(argumento 2) o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio
ecológico.
(argumento 3) permanece o perigo de uma catástrofe nuclear.
Conclui-se: Expressão inicial + retomada do tema + sugestão ou possibilidade (previsão) de solução
do problema.
Com esse esquema preparado, basta desenvolver as idéias selecionadas, articulando os
parágrafos de maneira clara e lógica. E, por fim, escolher um título atraente que faça referência ao
tema abordado no texto. Observe como isso pode dar um excelente resultado:

4 41
Destruição: a ameaça constante
O mundo caminha atualmente para a sua própria destruição, pois tem havido inúmeros
conflitos internacionais, o meio ambiente encontra-se ameaçado por sério desequilíbrio
ecológico e, além do mais, permanece o perigo de uma catástrofe nuclear.
Nestas últimas décadas, temos assistido, com certa preocupação, aos inúmeros
conflitos internacionais que se sucedem. Muitos trazem na memória a triste lembrança das
guerras do Vietnã e da Coréia que provocaram grande extermínio. Em nossos dias,
testemunhamos conflitos que, envolvendo as grandes potências internacionais, poderiam
conduzir-nos a um confronto mundial de proporções incalculáveis.
Outra ameaça constante é o desequilíbrio ecológico, provocado pela ambição
desmedida de alguns, que promovem desmatamentos e poluem as águas dos rios. Tais
atitudes contribuem para que o meio ambiente, em virtude de tantas agressões, acabe por se
transformar em um local inabitável...
Além disso, enfrentamos sério perigo relativo à utilização da energia atômica. Quer
pelos acidentes que já ocorreram e podem acontecer novamente nas usinas nucleares, quer
por um eventual confronto em uma guerra mundial, dificilmente poderíamos sobreviver diante
do poder avassalador desses sofisticados armamentos.
Em virtude dos fatos mencionados, somos levados a acreditar na possibilidade
de estarmos a caminho do nosso próprio extermínio. É desejo de todos nós que algo
possa ser feito no sentido de conter essas diversas forças destrutivas, para podermos
sobreviver às adversidades e construir um mundo que, por ser pacífico, será mais
facilmente habitado pelas gerações futuras.
(Texto adaptado de GRANATIC, Branca. Técnicas básicas de redação. São Paulo:Ed. Scipione,1988)

Dinâmica argumentativa

Há inúmeras maneiras de convencer alguém de algo. Podemos tentar impor nossa


vontade usando a violência. Ou recorrendo à demonstração científica. Ou simplesmente
ganhando no grito.
Podemos, no entanto, argumentar. Quem argumenta parte do princípio de que não vai
ganhar uma discussão no grito ou na base da força (física, de sua autoridade, de seu status).
Argumentar exige debate aberto e ético. Não manipulativo. Com todos os argumentos
a nosso alcance abordados, mesmo os avessos à nossa opinião. Ou não seria
argumentação. Seria publicidade (apresentar as vantagens do que nos interessa sem exibir
contrapontos), manipulação psicológica ou mera sedução (desviar-nos do principal, pela
aparência dos fatos, não pelos fatos).
Seria buscar eficácia a qualquer preço.
A comunicação argumentativa parte do princípio de que a opinião pode ser defendida
com rigor e abertura ao debate. Por isso, quem argumenta procura um acordo prévio com seu
interlocutor. Como quem deseja estabelecer uma ligação a partir desse acordo.
Há, enfim, uma dinâmica argumentativa. Porque argumentar não é só emitir opinião.
Para o francês Philippe Breton, em A Argumentação na Comunicação (Publicações Dom

4 42
Quixote, Lisboa, 1998), a opinião existe antes de ser formulada. E mal formulada já entra no
debate para não convencer ninguém.
Não podemos defender a descriminalização das drogas a uma platéia de policiais sem
antes derrubar seu asco natural pela questão. Sem esse esforço prévio, nem teriam sequer
paciência em nos ouvir. Por isso, devemos criar um terreno para que se reduza a resistência
natural da platéia à nossa opinião.
Quem alimenta esperança de ser ouvido precisa transformar sua opinião em um
argumento adequado a um auditório. Por isso, precisa prever o contexto em que sua opinião
será recebida, aquele conjunto de valores e opiniões pré-concebidas já partilhado pelo
público. Sua opinião inicial deve integrar-se ao contexto de recepção.
A retórica antiga sugeria preparar o terreno antes de emitirmos diretamente nossas
opiniões. Descrever uma situação facilmente assimilada pelo ouvinte, antes de emitir pra
valer o que pretendemos. Breton batiza o recurso de "enquadramento".
Enquadrar é tentar modificar o conjunto de opiniões e valores prévios, partilhados por
quem nos ouve, para só então abrir espaço para a nossa opinião.
(Fonte: Revista Língua Portuguesa, ano iii, 29, 2008, p. 43)

Responda às perguntas relativas ao texto lido:


a) Como se ganha uma discussão?
_______________________________________________________________

b) O quarto parágrafo está ligado a argumentação ou a manipulação?


________________________________________________________________________
c) O que procura quem argumenta?
______________________________________________________________
d) O que é “contexto”?
_______________________________________________________________
e) O que é “auditório”?
______________________________________________________________
f) O que é “enquadrar”?
_____________________________________________________________

Dissertação x argumentação

Dissertar é exercer nossa consciência crítica, questionar um tema, debater um ponto


de vista, desenvolver argumentos.
Existem dois tipos de dissertação: a dissertação expositiva e a dissertação
argumentativa. A primeira tem como objetivo primordial expor uma tese, analisar e interpretar
idéias e pode ser identificada como demonstrativa: não se dirige a um interlocutor definido,
constitui-se de provas, as mais impessoais possíveis. Na dissertação argumentativa,
identificada como texto argumentativo, além de demonstrativo, tentamos, explicitamente,
formar a opinião do leitor ou ouvinte, procurando persuadi-lo de que a razão está conosco.

"Argumentar é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar


informação, é falar à razão do outro, demonstrando, provando.
Etimologicamente, significa 'vencer junto com o outro' (com + vencer) e não
contra o outro. Persuadir é saber gerenciar a relação, é falar à emoção do
outro". A origem dessa palavra está ligada à preposição ‘per, 'por meio de, e
4 43
a 'Suada, deusa romana da persuasão. (... ) Mas em que 'convencer' se
diferencia de ‘persuadir'? Convencer é construir algo no campo das idéias.
Quando convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós.
Persuadir é construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir.
Quando persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que
ele realize".

(ABREU, A. S., A arte de argumentar - gerenciando razão e emoção. SP: Ateliê, 1999)

Para a argumentação ser eficaz, os argumentos devem possuir consistência de


raciocínio e de provas. O raciocínio consistente é aquele que se apóia nos princípios da
lógica, que não se perde em especulações vãs, no “bate-boca” estéril. As provas, por sua
vez, servem para reforçar os argumentos. Os tipos mais comuns de provas são: os fatos
exemplos, os dados estatísticos e o testemunho.
A estrutura dos dois tipos de composição é a mesma: introdução, desenvolvimento e
conclusão.

A boa argumentação

A boa argumentação, portanto, é aquela que está de acordo com a situação concreta do
texto, que leva em conta os componentes envolvidos na discussão (o tipo de pessoa a quem
se dirige a comunicação, o assunto etc.).
Convém ainda alertar que não se convence ninguém com manifestações de sinceridade
do autor (como eu, que não costumo mentir...) ou com declarações de certeza expressas em
fórmulas feitas (como estou certo, creio firmemente, é claro, é óbvio, é evidente, afirmo com
toda a certeza etc.). Em vez de prometer, em seu texto, sinceridade e certeza, autenticidade
e verdade, o enunciador deve construir um texto que revele isso. Em outros termos, essas
qualidades não se prometem, manifestam-se na ação.
A argumentação é a exploração de recursos para fazer parecer verdadeiro aquilo que se
diz num texto e, com isso, levar a pessoa a quem o texto é endereçado a crer naquilo que ele
diz.

DESENVOLVIMENTO DO TEXTO DISSERTATIVO (Recursos argumentativos)

Pode-se desenvolver o texto dissertativo de diversas maneiras: enumeração, causa/


conseqüência, exemplificação, confronto, dados estatísticos e citações, além de outros.
Vejamos como trabalhar com esses tipos de desenvolvimento:

1) Enumeração: Consiste em especificar a idéia central através de pormenores, de


enumerações.
“Como as pessoas podem se livrar da tirania da aparência? (...) O primeiro passo é
pensar nas coisas que fazem as pessoas cederem a essa tirania e tentar evitá-las. São três
fraquezas. A primeira é precisar de aplauso, a segunda é precisar se sentir amada e a
4 44
terceira é buscar segurança. Os Beatles foram recusados por gravadoras e nem por isso
desistiram. Hoje, o erro das escolas de música é definir o estilo do aluno”.
(R.Shinyashiki. Entrevista a IstoÉ, 19.10.05)

Note que o autor foi enumerando e explicitando cada item de seus argumentos.

2) Causa/conseqüência: É freqüentemente usado este recurso no desenvolvimento dos


textos dissertativos; o autor apresenta a causa do problema para em seguida mostrar as
possíveis conseqüências.
“Entre as causas da poluição dos rios, encontramos o despejo de esgotos e de
poluentes industriais nas águas. Este fato agrava-se mais porque o controle por parte das
autoridades responsáveis é muito pequeno. A poluição pode ser explicada também pelo
descaso da população, que acaba por não se preocupar com o problema, o que se revela,
por exemplo, pelo uso de detergentes não biodegradáveis.
Como efeito da poluição dos rios, temos notadamente a morte dos peixes, gerando
um profundo desequilíbrio ecológico. Ainda como conseqüência, ocorre a contaminação de
plantações irrigadas por água poluída. A transmissão de doenças infecciosas aos indivíduos
surge também como resultado da contaminação da água e dos peixes por eles ingeridos.
Por fim, inundações decorrem também do acúmulo de detritos no leito dos rios”.

Observe que as palavras em negrito/itálico enfatizando a forma de desenvolvimento


por causa/conseqüência.

3) Exemplificação: Outro meio de argumentação que facilita o trabalho do autor; nele


mostram-se exemplos que comprovam a defesa dos argumentos. Observe que, com
relação ao vício do tabagismo, a repórter usou o Brasil como exemplo de sua tese, de
que as empresas lucram muito com o vício.
“O mercado mundial de cigarros movimenta 300 bilhões de dólares anuais. As fábricas
geram empregos e impostos que vão direto para os cofres públicos, argumentam. No Brasil,
por exemplo, o cigarro propicia uma arrecadação anual de 5,5 bilhões de reais em impostos.
Em torno de 2 bilhões são gastos com o tratamento de saúde dos fumantes. Ou seja, sobram
aos cofres públicos 3,5 bilhões.”
(Buchalla, A. Paula. Fonte desconhecida)

4) Confronto: Consiste em comparar seres, fatos ou idéias enfatizando as igualdades e


desigualdades entre eles.
“A leitura é muito mais enriquecedora no processo criativo do que o ato de assistir à
televisão. No livro o leitor cria, organiza imagens; enquanto na televisão a imagem já vem
construída, limitando o trabalho de criação do receptor.”

Veja que o autor confrontou duas idéias para defender a idéia central.

5) Argumento de existência: É aquele que se fundamenta no fato de que é mais fácil


aceitar aquilo que comprovadamente existe do que aquilo que é apenas provável.
Incluem-se provas documentais (fotos, estatísticas, depoimentos, gravações, etc.) ou
provas concretas, que tornam mais aceitável uma afirmação genérica.
“Segundo pesquisa do IBGE, publicada na Veja desta semana, de cada dez crianças
nascidas no sertão do Norte e Nordeste do Brasil, cinco morrem antes de completar sete
anos de idade. Não é possível que um país que acena para a modernidade deixe suas

4 45
crianças morrerem por doenças facilmente curáveis ou de inanição. Nossos governantes
devem dar condições para que a população menos favorecida tenha direito à vida.”

Importante: Dados estatísticos só podem ser usados mediante comprovação

6) Argumento de autoridade: Consiste em citar frases, máximas, trechos ou obras de


escritores, intelectuais, políticos, etc.
“A mídia consagra e destrói pessoas num instante com o aval do público, que, como
gado, segue a marcha da maioria; ídolos são trocados com rapidez absurda, políticos
esquecidos são ressuscitados, vota-se por programa de governo. A maioria esmagadora é a
representação cega e surda da mídia. Nelson Rodrigues, grande fazedor de frases já dizia:
‘Amigos, a unanimidade é burra.’ Está certo, o Nelson.”

7) Tempo e espaço: Apesar de serem mais comuns na narração, muitos temas de


dissertação permitem uma organização em termos de tempo, ou de espaço ou ainda de
tempo e espaço.
“Para viver, necessitamos de alimento, vestuário, calçados, alojamento, combustíveis, etc.
Para termos esses bens materiais é necessário que a sociedade os produza. (...) Mas o
desenvolvimento das forças produtivas está condicionado pelo desenvolvimento dos
instrumentos de produção. Primeiro, os grosseiros e primitivos instrumentos de pedra.
Depois, arcos e flechas, que possibilitaram a passagem da caça à domesticação de animais
e à pecuária primitiva. A esse estágio seguiu-se o dos instrumentos de metal, que permitiram
a passagem para a agricultura (...) Em traços rápidos, é esse o quadro do desenvolvimento
das forças produtivas no decorrer da história da humanidade”.
(A. G. Galliano, Introdução à sociologia)

DEFEITOS DE ARGUMENTAÇÃO
Os principais defeitos que podem aparecer e comprometer a legitimidade do argumento são:
o Emprego de noções confusas;
o Emprego de noções de totalidade indeterminada;
o Utilização de conceitos e afirmações genéricos;
o Uso de conceitos que se contradizem entre si;
o Instauração de falsos pressupostos;
o Emprego de noções semiformalizadas;
o Defeitos pelo exemplo, pela ilustração ou pelo modelo:
o Dados falsos
 generalização indevida
 distância entre o fato narrado e a conclusão
 disparidade entre relato e conclusão
 exemplos inconsistentes
o Uso inadequado da linguagem;
o Problemas de acentuação gráfica;
o Falta ou excesso de sinais de pontuação;
o Erro ao grafar as palavras;

4 46
o Emprego incorreto da crase;
o Problemas de concordância;
o Erros de regência;
o Sintaxe de colocação;
o Sintaxe dos pronomes;
o Problemas de conjugação verbal;
o Diversidade vocabular - preciosismos e impropriedades.

CONCLUSÃO DO TEXTO DISSERTATIVO

O texto não termina quando os argumentos foram expostos, é necessário atar as


idéias da introdução com os argumentos. O parágrafo de conclusão tem por finalidade
amarrar todo o processo do texto por meio de síntese ou confirmação dos argumentos. A
conclusão pode ser, entre outras:
1) Conclusão-síntese: É a mais comum entre as usadas, tem por finalidade resumir todo o
texto trabalhando em um parágrafo; no entanto, deve-se tomar cuidado ao usá-la para
que o texto não se torne repetitivo. Em relação ao texto sobre poluição nos rios
(Desenvolvimento por causa e conseqüência), pode-se concluí-lo assim:
“Dessa maneira, observamos que o problema da poluição nos rios envolve uma série
de variáveis que incluem a população, as indústrias e o Estado”.
ou
“Portanto, o problema da poluição nos rios não é tão simples quanto possa parecer.
Afeta-nos diretamente e faz-se necessária uma ação conjunta que envolva toda a
comunidade”.

Note que a conclusão resume as idéias trabalhadas ao longo do texto.

2) Conclusão-solução: Esta conclusão apresenta soluções para o problema exposto.


Ainda com relação à poluição dos rios, uma conclusão-solução poderia ser:
“Como se nota pela dimensão do problema, algumas medidas fazem-se urgentes: é
necessário investir em projetos de recuperação dos rios, tal como se fez na Inglaterra com o
rio Tâmisa; por outro lado, devem-se desenvolver projetos que visem ao reaproveitamento
dos esgotos. Ao lado disso, devem-se fazer maciças campanhas educativas para a
população. Finalmente, há necessidade de uma ampla fiscalização por parte das autoridades
responsáveis”.
Note que, neste caso, o autor mostra o que deve ser feito: indica uma proposta.

DISSERTAÇÃO SUBJETIVA

Nas páginas anteriores, lemos textos cuja temática foi escrita objetivamente. Vejamos
como pode se desenvolver uma dissertação subjetiva. Nela, o autor tem por objetivo comover
o leitor, despertar-lhe alguma emoção. Diferente da dissertação objetiva, a subjetiva
apresenta um texto mais leve, carregado de impressões pessoais do autor, a linguagem é
trabalhada com delicadeza e lirismo, muito próxima da linguagem poética. Exemplo:

DA SOLIDÃO
4 47
Há muitas pessoas que sofrem do mal da solidão. Basta que em
redor delas se arme o silêncio, que não se manifeste aos seus olhos
nenhuma presença humana, para que delas se apodere imensa angústia:
como se o peso do céu desabasse sobre a sua cabeça, como se dos
horizontes se levantasse o anúncio do fim do mundo.
No entanto, haverá na terra verdadeira solidão? Não estamos todos
cercados por inúmeros objetos, por infinitas formas da Natureza, e o
nosso mundo particular não está cheio de lembranças de sonhos, de
raciocínios, de idéias, que impedem uma total solidão?
Tudo é vivo e tudo fala, em redor de nós, embora com a vida e voz
que não são humanas, mas que podemos aprender a escutar, porque
muitas vezes essa linguagem secreta ajuda a esclarecer o nosso próprio
mistério. Como aquele Sultão Mamude, que entendia a fala dos pássaros,
podemos aplicar toda a nossa sensibilidade a esse aparente vazio de
solidão: e pouco nos sentiremos enriquecidos.
Pintores e fotógrafos andam em volta dos objetos à procura de
ângulos, jogos de luz, eloqüência de formas, para revelarem aquilo que
lhe parece não só o mais estático dos seus aspectos, mas também o mais
comunicável, o mais rico de sugestões, o mais capaz de transmitir aquilo
que excede os limites físicos desses objetos, constituindo, de certo
modo, seu espírito e sua alma.
Façamo-nos também desse modo videntes: olhemos devagar para a
cor das paredes, o desenho das cadeiras, a transparência das vidraças,
os dóceis panos tecidos sem maiores pretensões. Não procuremos neles
a beleza que arrebata logo o olhar, o equilíbrio de linhas, a graça das
proporções: muitas vezes seu aspecto – como o das criaturas humanas –
é inábil e desajeitado. Mas não é isso que procuramos, apenas: é o seu
sentido íntimo que tentamos discernir. Amemos nessas humildes coisas a
carga de experiências que representam, e a repercussão, nelas sensível,
de tanto trabalho humano, por infindáveis séculos.
Amemos o que sentimos de nós mesmos, nessas variadas coisas, já
que, por egoístas que somos, não sabemos amar senão aquilo em que
nos encontramos. Amemos o antigo encantamento dos nossos olhos
infantis, quando começavam a descobrir o mundo: as nervuras da
madeira, com seus caminhos de bosques e ondas e horizontes; o desenho
dos azulejos; o esmalte das louças; os tranqüilos, metódicos telhados...
Amemos o rumor da água que corre, os sons das máquinas, a inquieta
voz dos animais, que desejaríamos traduzir.
Tudo palpita em redor de nós, e é como um dever de amor
aplicarmos o ouvido, a vista, o coração a essa infinidade de formas
naturais ou artificiais que encerram seu segredo, suas memórias, suas
silenciosas experiências. A rosa que se despede de si mesma, o espelho
onde pousa o nosso rosto, a fronha por onde se desenham os sonhos de
quem dorme, tudo, tudo é um mundo com passado, presente, futuro,
pelo qual transitamos atentos ou distraídos. Mundo delicado, que não se
impõe com violência: que aceita a nossa frivolidade ou o nosso respeito;
que espera que o descubramos, sem se anunciar nem pretender
prevalecer; que pode ficar para sempre ignorado, sem que por isto deixe
4 48
de existir; que não faz da sua presença um anúncio exigente “Estou aqui!
estou aqui!”. Mas, concentrado em sua essência, só se revela quando os
nossos sentidos estão aptos para o descobrirem. E que em silêncio nos
oferece sua múltipla companhia, generosa e invisível.
Oh! se vos queixais de solidão humana, prestai atenção em redor de
vós, a essa prestigiosa presença, a essa copiosa linguagem que de tudo
transborda, e que conversará convosco interminavelmente.
(Cecília Meireles. Escolha Seu Sonho. Rio de Janeiro: Record, p. 35-38.)

a) Delimite o tópico frasal.


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b) Justifique por que o texto é subjetivo. Use trechos do texto.
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c) Como começa a angústia? (Parágrafo 1)
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d) Há solidão, de acordo com os 2o e 3o parágrafos?


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e) O que procuram os fotógrafos e pintores? (Parágrafo 4)
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f) O que devemos fazer em relação às coisas? Para quê? (Parágrafos 5 e 6)
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g) Como é o mundo, segundo a autora? (Penúltimo parágrafo)


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2. Diga que forma de desenvolvimento foi usado nos seguintes trechos:

a) “O aumento da natalidade parece resultar, em certas sociedades, de transformações


psicossociológicas. Havia antigamente, no esquema tradicional, certo número de
costumes cujo efeito, voluntário ou não, era limitar a natalidade: interdição do
casamento das viúvas, importância do celibato religioso, poliandria, interdição das
relações sexuais em certos períodos, interdição da exogamia. Esses fatores que de
algum modo limitavam a natalidade estão hoje sensivelmente esfumados. (...) Porém,
no essencial, o aumento da natalidade resulta das melhorias sanitárias que foram
realizadas nos países subdesenvolvidos, os antibióticos fazem recuar as causas de
esterilidade devidas a moléstias infecciosas”.

b) “A mítica brasileira procede de três fontes étnicas: influência negra, abrangendo a área da
cana-de-açúcar, da mineração e grande parte da cafeeira; influência indígena, envolvendo o
extremo norte e o oeste, isto é, a Amazônia Legal; e influência branca, predominantemente
no sul do país. Note a presença da Ecologia Humana.
(J.C. Rossato. Rev. Pau-Brasil, no. 11)

a) “De certa maneira, instintivamente, se conhece a ação das cores. Ninguém associa
emoções fortes, que fazem disparar o coração, com tonalidades suaves e, muito menos,
escuras. A paixão, por exemplo, é eternamente simbolizada por corações vermelhos. Já
quando se está desanimado, a tendência é usar roupas de cores frias. Nas pesquisas
sobre preferências de cores, invariavelmente a maioria das pessoas que vive em grandes
cidades escolhe o azul – talvez numa busca nostálgica de tranqüilidade”.
_____________________________________________________________________

b) (...) Treze milhões de brasileiros já deixaram a linha de pobreza. As classes D e E


diminuíram 17%, e as classes A e B cresceram 21%. O rendimento dos 10% mais pobres
da população dobrou. (...) Carne bovina, ovos, congelados, iogurte e conservas passaram
a freqüentar mais a mesa dos brasileiros. As classes D e E são responsáveis por 30% de
produtos como biscoitos, iogurte e macarrão instantâneo. Aumentou também o número de
residências com geladeira, TV em cores, freezer, produtos eletrônicos e eletrodomésticos
(...). As vendas de cimento cresceram 12% em 1995 e 21,5% no primeiro semestre deste
ano. (...) Nestes dois anos de governo, 100 mil novas famílias tiveram acesso à terra. (...).
Já desapropriamos, neste período, 3 milhões de hectares (...). Na Previdência Social, o
aumento real médio dos benefícios foi de 39% entre 94 e 96 (...). Conseguimos reduzir, de
maneira sensível, os índices de mortalidade infantil (...)____(Fernando Henrique Cardoso:
Folha de S. Paulo, 29/12/1996)
________________________________________________________________________

5 50
e) “De acordo com a comunidade, a oposição linguagem do homem/linguagem da mulher
pode determinar diferenças sensíveis, em especial no campo do vocabulário, devido a certos
tabus morais (que geram os tabus lingüísticos). Essa oposição, no entanto, vem perdendo,
gradativamente, sua significação, em especial nas grandes cidades, onde os meios de
comunicação de massa (também o teatro em proporção menor) e a transformação dos
costumes e padrões morais (atividades exercidas pela mulher fora do lar; novas profissões;
condições culturais mais recentes como, por exemplo, os colégios mistos, os movimentos
feministas, etc.) têm exercido um papel nivelador importante.
(Dino Pretti, Sociolingüística – Os níveis da fala)
________________________________________________________________________

f) “É provável que minhas palavras incomodem as leitoras da Super que estão folheando a
revista ao lado de seus rechonchudos bebês. Ou mesmo desperte a sanha dos cristãos mais
fervorosos que lembrarão a célebre frase bíblica ‘crescei e multiplicai-vos’. Acontece que
quando tal frase foi dita, a humanidade vivia num mundo completamente diferente. Ainda não
havia recenseamento populacional preciso e a Terra parecia pronta para receber todos que
aqui chegassem. Hoje, isso não é mais verdade. Dados internacionais mostram que há mais
de seis bilhões de seres humanos sobre o planeta. O pior é que, em 2050, esse número deve
saltar para nove bilhões. Ou seja, em pouco menos de 50 anos, adicionaremos no planeta a
metade da população que temos hoje – e não custa nada lembrar que levamos cerca de
100.000 anos para atingir esse número.
(GIMENEZ, Karen. In: Superinteressante, set. 2002)
____________________________________________________________

g) “Os regimes autoritários odeiam quem escreve, esta é a verdade (...). No Marrocos, por
exemplo, o poeta e crítico literário Abdelkader Chaoui foi condenado a 20 anos de prisão por
‘conspirar contra a segurança do Estado’. Na Jordânia, o escritor Mazin Abd al-Wahid al-
As’ad recebeu pena de 3 anos por ‘pertencer a uma organização ilegal’. (...) No México, o
jornalista Jorge Enrique Hernandez Aguilar está preso em Chiapas, desde maio de 1986, por
seu envolvimento, como jornalista, em protestos de camponeses. (...) Mas a prisão não é o
único mal que se abate sobre esta gente odiada – e temida também – pelos inimigos da
liberdade. Há o medo, a intimidação, a tortura”.
(Rodolfo Konder, O Estado de S.Paulo, 5/2/88)
________________________________________________________________________

3.Leia o texto a seguir e responda às questões:

DROGA PESADA

Fui dependente de nicotina durante 20 anos. Comecei ainda


adolescente, porque não sabia o que fazer com as mãos, quando chegava
às festas. Era início dos anos 60, e o cigarro estava em toda parte:
televisão, cinema, outdoors e com os amigos. As meninas começavam a
fumar em público, de minissaia, com as bocas pintadas assoprando a
fumaça para o alto. O jovem que não fumasse estava por fora.
Um dia, na porta do colégio, um amigo me ensinou a tragar. Lembro
que fiquei meio tonto, mas saí de lá e comprei um maço na padaria. Caí

5 51
na mão do fornecedor por duas décadas; 20 cigarros por dia, às vezes
mais.
Fiz o curso de Medicina fumando. Naquela época, começavam a
aparecer os primeiros estudos sobre os efeitos do cigarro no organismo,
mas a indústria tinha equipes de médicos encarregados de contestar
sistematicamente qualquer pesquisa que ousasse demonstrar a ação
prejudicial do fumo. Esses cientistas de aluguel negavam até que a
nicotina provocasse dependência química, desqualificando o sofrimento
da legião de fumantes que tentam largar e não conseguem.
Nos anos 1970, fui trabalhar no Hospital do Câncer de São Paulo.
Nesse tempo, a literatura científica já havia deixado clara a relação entre
o fumo e diversos tipos de câncer: de pulmão, esôfago, estômago, rim,
bexiga e os tumores de cabeça e pescoço. Já se sabia até que, de cada
três casos de câncer, pelo menos um era provocado pelo cigarro. Apesar
do conhecimento teórico e da convivência diária com os doentes,
continuei fumando.
Na irresponsabilidade que a dependência química traz, fumei na
frente dos doentes a quem recomendava abandonar o cigarro. Fumei em
ambientes fechados diante de pessoas de idade, mulheres grávidas e
crianças pequenas. Como professor de cursinho, durante quase 20 anos,
fumei nas salas de aula, induzindo muitos jovens a adquirir o vício.
Quando me perguntavam: “Mas você é cancerologista e fuma?, eu ficava
sem graça e dizia que iria parar. Só que esse dia nunca chegava. A droga
quebra o caráter do dependente.
A nicotina é um alcalóide. Fumada, é absorvida rapidamente nos
pulmões, vai para o coração e através do sangue arterial se espalha pelo
corpo todo e atinge o cérebro. No sistema nervoso central, age em
receptores ligados às sensações de prazer. Esses, uma vez estimulados,
comunicam-se com os circuitos de neurônios responsáveis pelo
comportamento associado à busca do prazer. De todas as drogas
conhecidas, é a que mais dependência química provoca. Vicia mais do
que álcool, cocaína e morfina. E vicia depressa: de cada dez adolescentes
que experimentam o cigarro, quatro vezes, seis se tornam dependentes
para o resto da vida.
A droga provoca crise de abstinência insuportável. Sem fumar, o
dependente entra num quadro de ansiedade crescente, que só passa com
uma tragada. Enquanto as demais drogas dão trégua de dias, ou pelo
menos de muitas horas, ao usuário, as crises de abstinência da nicotina
se sucedem em intervalos de minutos. Para evitá-las, o fumante precisa
ter o maço ao alcance da mão; sem ele, parece que está faltando uma
parte do corpo. Como o álcool dissolve a nicotina e favorece sua excreção
por aumentar a diurese, quando o fumante bebe, as crises de abstinência
se repetem em intervalos tão curtos que ele mal acaba de fumar um, já
acende outro.
Em 30 anos de profissão, assisti às mais humilhantes
demonstrações do domínio que a nicotina exerce sobre o usuário. O
doente tem um infarto do miocárdio, passa três dias na UTI entre a vida
e a morte e não pára de fumar, mesmo que as pessoas mais queridas
implorem. Sofre um derrame cerebral, sai pela rua de bengala
5 52
arrastando a perna paralisada, mas com o cigarro na boca. Na vizinhança
do Hospital do Câncer, cansei de ver doentes que perderam a laringe por
câncer, levantarem a toalhinha que cobre o orifício respiratório aberto no
pescoço, aspirarem e soltarem a fumaça por ali.
Existe uma doença, exclusiva de fumantes, chamada tromboangeíte
obliterante, que obstrui as artérias das extremidades e provoca necrose
dos tecidos. O doente perde os dedos do pé, a perna, uma coxa, depois a
outra, e fica ali na cama, aquele toco de gente, pedindo um cigarrinho
pelo amor de Deus.
Mais de 95% dos usuários de nicotina começaram a fumar antes dos
25 anos, a faixa etária mais vulnerável às adições. A imensa maioria
comprará um maço por dia pelo resto de suas vidas, compulsivamente.
Atrás desse lucro cativo, os fabricantes de cigarro investem fortunas na
promoção do fumo para jovens: imagens de homens de sucesso,
mulheres maravilhosas, esportes radicais e a ânsia de liberdade. Depois,
com ar de deboche, vêm a público de terno e gravata dizer que não têm
culpa se tantos adolescentes decidem fumar.
O fumo é o mais grave problema de saúde pública no Brasil. Assim
como não admitimos que os comerciantes de maconha, crack ou heroína
façam propaganda para os nossos filhos na TV, todas as formas de
publicidade do cigarro deveriam ser proibidas terminantemente. Para os
desobedientes, cadeia.
(Drauzio Varella, In: Folha de S. Paulo, 20.05.2000)

a) Dr. Varella inicia seu texto apresentando-se como um “ex-dependente da nicotina”. Por que
faz isso? Qual é a sua intenção com essa apresentação inicial?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_____________________________________________________________________

b)O fato de se apresentar como médico apenas depois de ter se apresentado como ex-
fumante é importante para a argumentação que ele constrói em seu texto? Por quê?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________

c) Qual é a relação que o médico estabelece, em seu texto, entre a propaganda tabagista e
a juventude?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
_______________________________________________________________

d) Qual é o ponto de vista defendido a respeito da proibição da propaganda de cigarros?


___________________________________________________________________________

5 53
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
____________________________________________________________

e) Quais os argumentos utilizados pelo autor para defender seu ponto de vista e como se
classificam?
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________
___________________________________________________________________________

GRAMÁTICA DE USO
(Partes dos exercícios deste capítulo têm como fonte SAVIOLI, Francisco Platão. Gramática em 44 lições com
mais de 1700 exercícios. São Paulo: Ática, 1985.

1) Em que alternativa a frase apresenta ambiguidade?

a) Ana Paula foi com Cláudia à casa desta.


b) Ana Paula foi com Cláudia à casa daquela.
c) Ana Paula foi com Cláudia à casa dela.
d) Ana Paula foi com Cláudia à casa delas.
e) Ana Paula foi com Cláudia à casa dessas.

2) Até hoje as buscas de dietas individualizadas não produziu grandes resultados justamente
porque elas ignoravam a identidade genética das pessoas. O médico Peter D’Adamo sugeriu
em 1996 uma dieta que fez furor por receitar comidas de acordo com o tipo sangüíneo. Anos
mais tarde o americano Michael Roizen, da Universidade de Chicago, passou a prescrever
dietas de acordo com a idade biológica dos obesos, que nem sempre coincide com a idade
que consta na carteira de identidade. Roizen chamou seu regime de dieta da idade
verdadeira. Apesar dos cálculos complicados que propunha, essa dieta se resumia, no fundo,
à reeducação alimentar.
(Fonte: Veja, 14/5/2003)

I Para evitar repetição, num trecho curto, “de acordo” poderia ser melhor aplicado, na terceira
frase, por:
a) pela:
b) entendendo;
c) vendo;
d) olhando;
e) conforme.

II. As palavras e expressões grifadas no texto podem ser substituídas pelo grupo a seguir,
sem prejuízo da comunicação:
a) procuras - exatamente – a qual;
b) necessidades – bem porque – na qual;
c) procuras – exatamente –em que;
5 54
d) procuras – bem – em que;
e) necessidades – exatamente – em que.

TEXTOS JORNALÍSTICOS

Os textos jornalísticos são, com freqüência, expositivos, ou seja, apresentam fatos e


suas circunstâncias, com análise de causas e efeitos, de forma aparentemente neutra ou não.
Em geral, as redações recomendam que as idéias sejam apresentadas de forma clara e
objetiva.
Para a publicação de uma notícia, leva-se em conta: proximidade do fato, impacto
proeminência, aventura, conflito, conseqüência, humor, raridade, sexo, idade, interesse
pessoal humano, importância, utilidade, oportunidade, suspense, originalidade, repercussão.
Na divulgação do fato noticioso, é necessário reconhecer três aspectos: a informação, a
interpretação e a opinião. Freqüentemente, a informação baseia-se no quê, a interpretação
no porquê, e a opinião apóia-se em juízos de valor. Geralmente, respondem-se às seguintes
perguntas: quem, o quê, onde, quando, como, por quê.

Nota
Notícia que se caracteriza pela brevidade do texto. Pequena notícia que se destina à
informação rápida.

Notícia
Deve ser recente, inédita, ligada à realidade, objetiva, de interesse público, os fatos
relatados devem estar próximos do público, provocar impacto, ter interesse pessoal e
humano, ser relevantes para a sociedade, ser originais.

Reportagem
Enquanto a notícia sintetiza o fato e pode ser ou não ampliada, a reportagem trata de
assuntos não necessariamente relacionados a fatos novos. Na reportagem, busca-se certo
conhecimento do mundo, o que inclui investigação e interpretação. A reportagem exige
conhecimento de antecedentes, adição de minúcias complementares à notícia e adequação
da linguagem ao leitor. Exemplo:

Artigo
Tipo de texto em que prevalece uma opinião pessoal baseada em análise da situação
ou dos fatos. Se consistente, apresenta naturalidade, densidade e concisão. Em geral, o
artigo procura explicar um fato, e sua motivação apóia-se no desejo do jornalista em informar,
ou interpretar, ou convencer/persuadir. O artigo, como opinião pessoal, vem assinado pelo
autor.

Editorial

5 55
Texto jornalístico que analisa um assunto de forma valorativa, a partir do ponto de vista
da empresa jornalística. Há certo dogmatismo em todo editorial que, em conseqüência, é
marcado pela adjetivação, por juízos de ponderação, reclamação ou indignação. O texto não
é assinado, pois reflete a opinião do veículo de comunicação.

Carta do leitor
Neste tipo de texto jornalístico, é o receptor – o leitor do jornal, da revista – quem se
manifesta e dá sua opinião sobre qualquer fato anunciado ou comentado pelo veículo de
comunicação.

Crônica
Tipo de texto jornalístico que se caracteriza particularmente pelo estilo descontraído
que a faz situar entre o jornalismo e a literatura. De um lado, o jornalista interessa-se pela
atualidade da informação (o termo crônica provém de cronos, que significa tempo); de outro,
tem em vista superar a fugacidade da notícia e, portanto, ultrapassar os fatos.
Tradicionalmente, crônica é relato de fatos dispostos em ordem cronológica.

Cartum, charge, tira, história em quadrinhos

Cartum (do inglês cartoon) - "Desenho caricatural que apresenta uma situação humorística,
utilizando, ou não, legendas." (Aurélio). Retrata de forma sintética algo que envolve o
cotidiano de uma sociedade.
Charge - Representação pictórica, de caráter burlesco e caricatural, em que se satiriza um
fato específico, em geral de caráter político e que é do conhecimento público.
Tira - Segmento de uma história em quadrinhos, usualmente constituído de uma única faixa
horizontal, contendo três ou quatro quadros.
História em quadrinhos - Arte de narrar uma história através de seqüência de desenhos e
legendas dispostos em quadros.

Além desses textos, existem, nos veículos jornalísticos, muitos outros tipos, tais como:
entrevista (divulga-se informações sobre o entrevistado, na forma de perguntas e respostas),
anúncios publicitários ou institucionais, classificados (anúncios e diversão), horóscopo,
Palavras Cruzadas, Sudoku, etc.

EXERCÍCIOS

1. Leia o texto a seguir e responda às questões:

A ÚLTIMA CRÔNICA

A caminho de casa, entro num botequim da Gávea para tomar um


café junto ao balcão. Na realidade estou adiando o momento de escrever.
A perspectiva me assusta. Gostaria de estar inspirado, de coroar com
êxito mais um ano nesta busca do pitoresco ou do irrisório no cotidiano

5 56
de cada um. Eu pretendia apenas recolher da vida diária algo de seu
disperso conteúdo humano, fruto da convivência, que a faz mais digna de
ser vivida. Visava ao circunstancial, ao episódico. Nesta perseguição do
acidental, quer num flagrante de esquina, quer nas palavras de uma
criança ou num incidente doméstico, torno-me simples espectador e
perco a noção do essencial. Sem mais nada para contar, curvo a cabeça e
tomo meu café, enquanto o verso do poeta se repete na lembrança:
“assim eu queria o meu último poema”. Não sou poeta e estou sem
assunto. Lanço então um último olhar fora de mim, onde vivem os
assuntos que merecem uma crônica.
Ao fundo do botequim um casal de pretos acaba de sentar-se numa
das mesas de mármore ao longo da parede de espelhos. A compostura da
humildade, na contenção de gestos e palavras, deixa-se acentuar pela
presença de uma negrinha de seus três anos, laço na cabeça, toda
arrumadinha no vestido pobre, que se instalou também à mesa: mal ousa
balançar as perninhas curtas ou correr os olhos grandes de curiosidades
ao redor. Três seres esquivos que compõem em torno à mesa a
instituição tradicional da família, célula da sociedade. Vejo, porém, que
se preparam para algo mais que matar a fome.
Passo a observá-los. O pai, depois de contar o dinheiro que
discretamente retirou do bolso, aborda o garçom, inclinando-se para trás
na cadeira, e aponta no balcão num pedaço de bolo sob a redoma. A mãe
limita-se a ficar olhando imóvel, vagamente ansiosa, como se aguardasse
a aprovação do garçom. Este ouve, concentrado, o pedido do homem e
depois se afasta para atendê-lo. A mulher suspira, olhando para os lados,
a reassegurar-se da naturalidade de sua presença ali. A meu lado o
garçom encaminha a ordem do freguês. O homem atrás do balcão apanha
a porção do bolo com a mão, larga-o no pratinho – um bolo simples
amarelo escuro, apenas uma pequena fatia triangular.
A negrinha, contida na sua expectativa, olha a garrafa de coca-cola
e o pratinho que o garçom deixou à sua frente. Por que não começa a
comer? Vejo que os três, pai, mãe e filha, obedecem em torno à mesa a
um discreto ritual. A mãe remexe na bolsa de plástico preto e brilhante,
retira qualquer coisa. O pai se mune de uma caixa de fósforos e espera. A
filha aguarda também, atenta como um animalzinho. Ninguém mais os
observa além de mim.
São três velinhas brancas, minúsculas, que a mãe espeta
caprichosamente na fatia do bolo. E enquanto ela serve a coca-cola, o pai
risca o fósforo e acende as velas. Como a um gesto ensaiado, a
menininha repousa o queixo no mármore e sopra com força, apagando as
chamas. Imediatamente põe-se a bater palmas, muito compenetrada,
cantando num balbucio, a que os pais juntam, discretos: “ parabéns pra
você, parabéns pra você...” Depois a mãe recolhe as velas, torna a
guardá-las na bolsa. A negrinha agarra finalmente o bolo com as duas
mãos sôfregas e põe-se a comê-lo. A mulher está olhando para ela com
ternura – ajeita-lhe a fitinha no cabelo crespo, limpa o farelo de bolo que
lhe cai ao colo. O pai corre os olhos pelo botequim, satisfeito, como a se
convencer intimamente do sucesso da celebração. De súbito, dá comigo a
observá-lo, nossos olhos se encontram, ele se perturba, constrangido
5 57
vacila, ameaça abaixar a cabeça, mas acaba sustentando o olhar e enfim
se abre num sorriso.
Assim eu quereria a minha última crônica: que fosse pura como
esse sorriso.

(SABINO, Fernando. A companheira de viagem. 10 ed. Rio de Janeiro: Record, p. 169-171.)

a) Como texto jornalístico, como se classifica A última crônica?-


_______________________________________________________________________

c) Qual o motivo de o narrador usar várias expressões no diminutivo?


_______________________________________________________________

d) Qual o problema que o narrador enfrenta, logo no início de seu texto?


___________________________________________________________________

e) Existe algum preconceito do narrador em relação à família?


Justifique.________________________________________________________________

g) Explique a reação do narrador e do pai no fim do


texto.___________________________________________________________________

2. Identifique os tipos de textos jornalísticos abaixo:

1) Todos ficam sempre atentos quando se fala de mais um casamento de Elizabeth Taylor.
Casadoura inveterada, a atriz já está em seu oitavo casamento. Agora, diferentemente das
vezes anteriores, seu foi com um homem do povo que ela encontrou numa clínica para
tratamento de alcoólatras, onde ela também estava. Com toda pompa, o casamento foi
realizado na casa do falecido cantorn Michael Jackson, e a imprensa ficou proibida de
assistir ao evento. Ninguém sabe se será seu último casamento.
(Fonte: Istoé,s.d.)

Tipo: _____________________________________________

a) Quem; ___________________
b) O quê; ; ___________________
c) Onde; ; ___________________
d) Quando; ; ___________________
e) Como; ; ___________________
f) Por quê? ; ___________________

3) EUTANÁSIA

E se o “pai” de Jheck de Oliveira, Jeson de Oliveira, estivesse no lugar do


filho, gostaria que fosse desligada a aparelhagem que, bem ou mal, o
5 58
manteria vivo? À parte toda convicção religiosa, basta um pouco de
raciocínio no que se refere à vida. não sendo o homem o seu autor,
também não lhe cabe cortá-la.
(MARS, Olinda-PE, IstoÉ, 1874-14/9/2005)
Tipo:_______________________________________

a) Quem;____________________
b) O quê; ____________________
c) Onde; ____________________
d) Quando;__________________
e) Como;____________________

f) Por quê? ____________________

g) É possível responder a todas as perguntas? ____________________

3) “NÃO DOU ESMOLA NEM PARA MULHER GRÁVIDA”

Ao parar seu Fiat Tipo no semáforo da esquina da Avenida Prestes Maia


com a Rua São Caetano, a estudante de Direito Helena Miquelina, de 20
anos, foi abordada por um garoto de aproximadamente 14 anos. Ele
limpou o pára-brisa do carro e Helena, moradora em Santana, deu- lhe R$
1,00.
O garoto a chamou de “pão-dura”, tirou um punhal do cabo do
limpador e disse para Helena entregar- lhe a carteira. “Achei que ele
estava brincando”, contou a estudante no 2º Distrito Policial, no Bom
Retiro. “Mas ele encostou a ponta do punhal no meu pescoço, tirou o
dinheiro – cerca de R$ 100,00 – e depois jogou a carteira vazia no meu
colo.”
Chocada com o assalto, a estudante não passou mais pela Prestes
Maia. Sai de Santana, vai até a Ponte Casa Verde e depois pega a
Avenida Rio Branco para chegar ao Centro. “Não abro mais o vidro do
carro para ninguém”, diz Helena. “Depois da situação em que estive, não
dou dinheiro nem para mulher grávida ou com criança pequena no colo.”

(Estado de São Paulo, 27/7/95.)

Tipo: ____________________________________________________

Responda:
a) Quem; ; ___________________
b) O quê; ; ___________________
c) Onde; ; ___________________
d) Quando; ; ___________________
e) Como; ; ___________________
f) Por quê; ___________________

4) ESTUDO LEVA À CRIAÇÃO DE MINIFÍGADO

5 59
Cientistas britânicos anunciaram nesta terça-feira que conseguiram
criar em laboratório um fígado humano em miniatura, medindo menos de
três centímetros. O mini órgão, na verdade parte do tecido de um fígado
normal, foi reproduzido artificialmente a partir de células-tronco de um
cordão umbilical, por uma equipe de pesquisadores da Universidade de
Newcastle, Inglaterra.
Segundo os cientistas, o tecido poderá ser utilizado para testar
drogas e produtos farmacêuticos, o que evitaria o emprego de cobaias
humanas ou animais neste processo. Em algumas décadas, eles
acreditam, será possível reproduzir um fígado de tamanho real, para ser
usado em transplantes.
Os coordenadores da pesquisa, Nico Ferraz e Colin McGuckin,
disseram que, em 10 ou 15 anos, a técnica que eles utilizaram poderá ser
aplicada na recuperação de partes do fígado de pacientes doentes. O
tecido foi criado com um chamado biorreator, equipamento desenvolvido
pela Nasa para simular a ausência de gravidade. O efeito da falta de
peso permite que as células se reproduzam a um ritmo mais acelerado.
O professor Ian Gilmore, especialista em fígados no Royal Liverpool
Hospital, levantou também o aspecto ético do estudo. "Os pesquisadores
conseguiram criar o fígado a partir do sangue colhido no cordão
umbilical, sem precisar de embriões. Isso é um grande avanço ético",
afirmou o professor à BBC.
No entanto, ainda há um longo caminho a ser percorrido até que a
ciência possa reproduzir um fígado inteiro. De acordo com Gilmore, "o
fígado tem seu próprio fornecimento de sangue, seu próprio esqueleto fibroso, e os
pesquisadores estão apenas produzindo células individuais de fígado.
Mas qualquer coisa que dê esperança aos pacientes que aguardam um
transplante, mesmo em um período de dez anos, é motivo para
celebração", disse.

(Copyright © Editora Abril S.A. - todos os direitos reservados Fonte: Revista Veja On
line http://vejaonline.abril.com.br. 31.10.2006)

Tipo:________________________________________________________

Responda:
a) Quem; ; ___________________
b) O quê; ; ___________________
c) Onde; ; ___________________
d) Quando; ; _________________
e) Como; ; ___________________
f) Por quê? ; ___________________
g) Qual a diferença entre esta reportagem e a notícia lida acima? ; ___________________;
___________________
h) Qual o tema? ; ___________________
i) Qual o tema delimitado? ; ___________________

5) MACONHA

6 60
A maconha (Cannabis sativa) foi provavelmente a primeira planta que o homem usou
para fabricar fibras e também – a carne é fraca – para embriagar-se. Ao que tudo indica, ela
surgiu no norte do Himalaia. Escritos antigos apontam que já em 2.800 a.C. os chineses a
utilizavam. Há indícios de que a planta já era conhecida na Pré-História.
A erva rapidamente se popularizou. Na Índia é conhecida como “bhang”, “charas” ou
“ghanga”; no Egito e Ásia Menor, haxixe; no norte da África é “kif”. O português “maconha”
vem do quimbundo (língua banto africana) “ma’kaña” (erva santa).
A fértil imaginação dos brasileiros e africanos criou uma rica lista de sinônimos para
designar essa variedade de cânhamo: liamba, aliamba, diamba, riamba, bagulho, benge,
birra, dirígio, erva, fuminho, fumo, fumo-de-angola, mato, pango, soruna, manga-rosa, massa,
tabanagira. Há o mais universal, marijuana.
Apesar de antigo, o hábito de embriagar-se com “Cannabis sativa” muitas vezes foi
visto com maus olhos. Um grupo de cruzados europeus teve de enfrentar – com pouco
sucesso, acredita-se – uma seita islâmica bastante valorosa em combate. Eram os
“hashshsshin” (“bebedores de haxixe”). Atribuindo a ferocidade da seita à droga, os europeus
retornaram em menor número à sua terra natal e trouxeram de quebra a palavra “assassino”.
A ideia do Ministério da Saúde de liberar o mais importante
princípio ativo da Cannabis sativa, o tetrahidrocanabinol (THC), para uso
medicinal – em que pese os resultados frustrantes do seminário de
ontem – é mais do que oportuna.
Os próprios EUA, os inimigos número 1 do tráfico, já incluíram o THC
em sua farmacopéia. A ONU, sobre recomendação da OMS, retirou o THC
da lista 1 – a das drogas proscritas – para incluí-lo no rol dos
medicamentos controlados.
A droga já revelou grande valor no combate às náuseas e vômitos
dos pacientes de câncer submetidos a sessões de quimioterapia.
Também está comprovada sua ação no tratamento de glaucoma. Estudos
ainda inconclusivos indicam que o THC pode ter algum valor terapêutico
para epilépticos.
Permitir que médicos recomendem a seus pacientes que procurem
um traficante para obter uma droga que pode fazer bem à sua saúde ou
melhorar a sua qualidade de vida é um contra-senso. A liberação do THC
como substância médica controlada é um imperativo. A morfina,
estupefaciente do grupo das opiáceas muito mais poderoso que o THC,
circula pelos hospitais sem que isso se tenha transformado num
problema de saúde pública.
Seria ridículo que falsos moralistas e a hipocrisia impedissem que
uma droga que pode ajudar muitos seja comercializada legalmente.
(Folha de S. Paulo, s.d.)

Tipo:___________________________________________________________
6) Como se classifica a figura abaixo, quanto a texto jornalístico?

6 61
R.: ________________________________________________________

1) O texto abaixo chama-se, numa publicação jornalística “olho”. Geralmente, acompanha


uma reportagem mais longa e vem à direita, no meio, à esquerda da página para
ressaltar um ponto de vista, algo importante da matéria, etc. Leia o olho abaixo e
responda:

a) Qual é o tema
da reportagem?

b) O texto apresenta
um ponto de vista
de quem?

c) Os argumentos
usados são convincentes?
Para quem?

ESTRUTURA E REGRAS PARA ELABORAÇÃO DE ARTIGOS


CIENTÍFICOS

Laudemira Silva Rabelo1


RESUMO
A NBR 6028 (1990) esclarece que um resumo deve passar informaヘ›es suficientes sobre
todo o conteœdo do texto, possibilitando ao leitor a decis‹o de lミ em sua totalidade. ƒ
solicitado que o resumo contenha objetivo, mŽtodo, resultados e as conclus›es do
trabalho. Em alguns peri—dicos tambŽm Ž pedido uma breve introduヘ‹o, objetivos,
material e mŽtodos, resultados, discuss‹o e conclus‹o (LEITE BARBOSA, 2001). O
resumo deve ser escrito em par‡grafo œnico, numa seqü.ncia corrente de frases l—gicas
sem nenhuma enumeraヘ‹o de t—picos. A norma 6028 (1990) explicita tambŽm que a

6 62
primeira frase deve explicar o tema do artigo, dando-se preferミncia ao uso da terceira
pessoa do singular e do verbo na voz ativa. Embora o artigo possa ter sido escrito por
v‡rios autores, a primeira pessoa do plural (n—s) n‹o deve ser utilizado. Deve-se, ainda,
evitar o uso de frases negativas, s’mbolos, equaヘ›es, tabelas, quadros etc no resumo.
Quanto ˆ extens‹o do resumo, geralmente, Ž estipulado pelo peri—dico, porŽm quando
n‹o, pode estar entre 250 (valor mais utilizado) a 500 palavras.
Palavras-chaves: cada peri—dico explicita a quantidade de palavras-chaves, podendo
variar de trミs a cinco palavras, que representem o artigo como um todo.
ABSTRAT (inglミs), RESUMEN (espanhol) ou RESUME (francミs)
Geralmente Ž obrigat—rio em peri—dicos de divulgaヘ‹o internacional, sendo o pr—prio
resumo, elaborado em l’ngua estrangeira, a ser indicado, pelo peri—dico, qual a l’ngua de
preferミncia. Quando n‹o ficar claro essa explicitaヘ‹o, geralmente Ž escrito em inglミs.
Keywords (inglミs), Palabras clave (espanhol) ou Mots-clŽs (francミs)
1Mestranda em Desenvolvimento e Meio Ambiente (UFC), Especialista em Responsabilidade Social (FIC) e
graduada em Qu’mica Industrial (UFC). E-mail: laudemira@yahoo.com.br
Aqui, deve constar um breve curr’culo do(s) autor(es) contendo, inclusive, o e-mail para contato. Cabe uma
observaヘ‹o quanto ao nœmero de autores por artigo cient’fico. Alguns peri—dicos limitam esse nœmero para, no
m‡ximo, quatro autores, sendo importante, antes do envio de qualquer trabalho, conhecer o nœmero aceito de
autores por trabalho.
Estrutura e regras para elaboraヘao de artigos cientificos
2

1 INTRODUÇÃO

A introduヘ‹o precisa ser bem elaborada para prender o seu leitor quanto a
assunto a ser abordado, seja esse leitor leigo, ou n‹o, no assunto. Assim, a norma 6022
(2003) esclarece que deve constar a delimitaヘ‹o do assunto e finalizar com os objetivos
da pesquisa.
Dusilek (1983 apud Costa, 2003) sugere que a introduヘ‹o contenha o assunto a
ser tratado, delimitando-o, justificando-o e por fim esclarecendo os objetivos da pesquisa
e hip—teses, caso tenham.
Mesmo sendo a introduヘ‹o um dos primeiros elementos a ser visualizado pelo
leitor, Costa (2003) recomenda que deve ser um dos œltimos a ser elaborado para n‹o
haver desacertos entre o que foi introduzido e desenvolvido, principalmente com relaヘ‹o
a conclus‹o, fator a ser analisado para aceite nos peri—dicos.
Este breve texto pretende demonstrar a estrutura b‡sica necess‡ria de um artigo
cient’fico, como tambŽm conhecer algumas das principais regras da ABNT utilizadas.

2 DESENVOLVIMENTO

Parte important’ssima em um artigo, pois exp›e, de forma ordenada, toda a


fundamentaヘ‹o te—rica que possibilitou a experimentaヘ‹o ou o estudo de caso, podendo
ter subseヘ›es, conforme a NBR 6023 (2002), de informaヘ‹o e documentaヘ‹o de
referミncias, a NBR 6024, de numeraヘ‹o progressiva das seヘ›es de um documento escrito
e a NBR 10520, de informaヘ‹o e documentaヘ‹o – citaヘ›es em documentos.

2.1 Algumas regras de formatações

“Os t’tulos sevem de eixo tem‡tico, e as idŽias mestras dos par‡grafos a serem
redigidas formam os elementos delineadores do esquema da composiヘ‹o.” (COSTA,
2003, p. 54).
As seヘ›es secund‡rias tais como o 2.1, acima, devem ser em letras maiœsculas e
minœsculas, em negrito, porŽm as demais seヘ›es, em letras normais e sem qualquer
destaque e todas alinhadas a esquerda (NBR 14724, 2002):
2 INTRODUÇÃO (tamanho 14 e em destaque)

2.1 Regras de formatação (tamanho 12 e em destaque)


[ 1,25 cm]
[Espaヘo duplo para separar o t’tulo do texto]

6 63
[Dois espaヘos duplos entre o fim de uma seヘ‹o e o in’cio de outra]
Estrutura e regras para elaboraヘao de artigos cientificos
3
2.1.1 Tamanho da letra nos t’tulos (tamanho 12 e sem destaque)
Quanto ˆs regras de formataヘ‹o do texto, geralmente, usa-se papel A4, com
margens superior e esquerda 3 cm e inferior e direita 2 cm. PorŽm, sempre Ž bom
verificar as regras estipuladas por cada peri—dico.
2.1.1 Ilustraヘ›es e tabelas
Existem diferenヘas entre ilustraヘ›es (quadros, fotos, mapas, desenhos,
diagramas, gr‡ficos etc) e tabelas. As ilustraヘ›es recebem a denominaヘ‹o de figuras com
numeraヘ‹o seqüencial e situam-se, em sua identificaヘ‹o, o t’tulo na parte inferior da
figura e a fonte logo abaixo, em letra tamanho 10:
Figura 01: As diversas relaヘ›es ecol—gicas
Fonte: a partir de Foladori (2001)
Figura 1: As diversas relaヘ›es ecol—gicas
Fonte: adaptaヘ‹o de Foladori (2001)
Algumas pessoas confundem tabelas com quadros, porŽm nos quadros constam
textos e dados, sendo utilizado em dados qualitativos, fechando todas as cŽlulas.
Enquanto que as tabelas possuem somente dados numŽricos sendo, sua estrutura,
delimitada, na parte superior e inferior, por traヘos mais grossos e abertos, pelos traヘos
verticais, nos extremos da tabela. Vejam o exemplo abaixo:
Tabela 1 – Orヘamento da pesquisa do mestrado
ESPECIFICA‚ÌO VALOR TOTAL (R$)
Material bibliogr‡fico
Livros 2.000,00
Pesquisa de campo
Passagens de ™nibus
Di‡rias nas pousadas
Aplicaヘ‹o do question‡rio
350,00
300,00
500,00
TOTAL 3.150,00
SERES
VIVOS
MEIO ABIîTICO CONGæNERES
OUTRAS ESPÉCIES VIVAS
TêTULO DA TABELA
Estrutura e regras para elaboraヘao de artigos cientificos
4
Fonte: Pesquisa do autor
I – As unidades foram constru’das com verbas do munic’pio. (NOTA)
1 – Os livros s‹o todos de origem estrangeiras. (Chamadas)
O IBGE disponibiliza algumas das principais regras de tabelas para os
pesquisadores que trabalhem com dados quantitativos.
2.1.2 Entendendo as citaヘ›es
Uma das maiores dœvidas, na elaboraヘ‹o de um artigo, Ž saber citar os autores
que junto com o pesquisador d‹o credibilidade ao seu pensamento. De forma geral,
existem dois tipos de citaヘ›es:
� Direta, quando se transcreve, tal qual, como consta no livro ou texto retirado;
� Indireta, quando se utiliza o pensamento l—gico do autor, porŽm com outras
palavras.
AlŽm dessa classificaヘ‹o as citaヘ›es diretas podem tambŽm serem:
� Longas, quando o conteœdo a ser transcrito passa de trミs linhas. Nesse caso,
deve-se fazer um recuo de 4 cm, a partir da margem esquerda, por fonte 10,
justificado, com espaヘamento simples e sem aspas, alŽm de colocar, entre
parミnteses, o sobrenome do autor (em caixa alta), ano e p‡gina que o conteœdo
foi extra’do;
Os seres vivos, como organismos biol—gicos e sociedades equipadas com
determinadas bagagens culturais, possuem um comportamento e um instrumental
para transformar o meio ambiente de forma qualitativamente diferente daquela
usada pelo restante dos seres vivos (FOLADORI, 2001, p. 61).
As citaヘ›es diretas devem ser escritas inclusive com os poss’veis erros gramaticais
6 64
encontrados, n‹o permitindo nenhum tipo de correヘ‹o. PorŽm, ap—s a frase citada, podese
escrever [sic] que significa tal qual est‡ escrito, servindo para enfatizar algum
absurdo, principalmente, gramatical.
RODAPƒ DA TABELA
[ 4 cm]
[espaヘo duplo]
[espaヘo duplo]
Estrutura e regras para elaboraヘao de artigos cientificos
5
� Curtas, quando o conteœdo Ž de atŽ trミs linhas. Aqui, inserem-se as aspas e a
frase fica dentro do contexto do autor. Caso tenha supress›es necessita por [...].
Veja, abaixo, o exemplo:
Para Ricklefs (1996, p. 1) a “Ecologia Ž a ciミncia atravŽs da qual estudamos como
os organismos (animais, plantas e microorganismos) interagem dentro do e no
mundo
natural”. Enquanto que para Burnie (2001, p. 8) “Ecologia Ž o estudo cient’fico da
vida em
seu ambiente natural [...] fornecendo informaヘ›es sobre como a destruiヘ‹o afeta
os seres
vivos e ajuda a descobrir como isso pode ser corrigido”.
� Citaヘ›es de citaヘ›es – nesse caso usa-se a express‹o apud, que significa citado
por. Isso Ž bastante utilizado quando n‹o se tem acesso ao material original de
um autor X, e ao ler um autor Y, que fala do X, atravŽs do Y, o cita. Apesar de
parecer complicado, Ž bem mais f‡cil, do que se pensa: sobrenome do autor que
n‹o se tem a obra em m‹o, (ano dessa obra apud sobrenome do autor, ano da
obra lida, p‡gina). Veja o exemplo, abaixo, que Ž uma citaヘ‹o de citaヘ‹o direta e
longa. Isso porque se leu o autor Küsten, que em sua obra citou Viola e Leis,
devido a n‹o ter o acesso ˆ obra de Viola e Leis, cita-o atravŽs de Küsten.
No Primeiro Mundo encontra-se a poluiヘ‹o da riqueza. Usinas nucleares, chuva
‡cida, consumo suntu‡rio, montanhas de lixo, doenヘas provocadas pelo excesso de
alimentos, ‡lcool, drogas e medicamentos. No Terceiro Mundo concentra-se a
poluiヘ‹o da misŽria: subnutriヘ‹o, ausミncia de ‡gua pot‡vel e esgotos, lix›es a cŽu
aberto, ausミncia de atenヘ‹o mŽdica e de medicamentos, consumo de ‡lcool e drogas.
No Primeiro Mundo h‡ uma perda progressiva do sentido da vida motivada por uma
concepヘ‹o unilateralmente materialista da vida humana. No Terceiro Mundo h‡ uma
degradaヘ‹o generalizada do sentido da vida, provocada por uma concentraヘ‹o
extrema da riqueza, que deixa sem horizontes as maiorias miser‡veis. Viola e Leis
(1991 apud K†STEN et al., 2004, p. 18).
Outra abreviatura bastante utilizada Ž et al ou et alli, que deve ser utilizado ao
citar obras com mais de trミs autores. O significado de et al Ž “e outros”.

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Os artigos cient’ficos, cada vez mais, tミm tido a necessidade de serem gerados,
n‹o somente para divulgar a pesquisa como tambŽm para que idŽias possam ser
conhecidas e questionadas.
[Os t’tulos das seヘ›es ficam
alinhados ˆ margem
esquerda e sem ponto entre
a numeraヘ‹o e o texto]
[espaヘo duplo entre a citaヘ‹o e
o texto]
[espaヘo simples,
tamanho 10 e
justificado]
[espaヘo duplo entre a citaヘ‹o e
o texto]
Estrutura e regras para elaboraヘao de artigos cientificos
6
6 65
Espera-se ter atingido o objetivo de tornar mais f‡cil algumas das regras para
elaboraヘ‹o de artigos cient’ficos, embora a pretens‹o n‹o seja desse material ser um
guia, mas amenizar, para os pesquisadores, a longa jornada de expor sua pesquisa.

4 REFERÊNCIAS BIBLIOGRçFICAS

ABNT. NBR 6022: informaヘ‹o e documentaヘ‹o – artigo em publicaヘ‹o peri—dica


cient’fica impressa – apresentaヘ‹o. Rio de Janeiro, 2003.
ABNT. NBR 6028: resumos. Rio de Janeiro, 1990.
ABNT. NBR 14724: informaヘ‹o e documentaヘ‹o – trabalhos acadミmicos – apresentaヘ‹o.
Rio de Janeiro, 2002.
ABNT. NBR 10520: informaヘ›es e documentaヘ‹o – citaヘ›es em documentos –
apresentaヘ‹o. Rio de Janeiro, 2002.
BURNIE, David. Fique por dentro da Ecologia. S‹o Paulo: Cosac & Naify Ediヘ›es,
2001.
COSTA, Ant™nio F. G. Guia para elaboraヘ ‹o de monografias – relat—rios de pesquisa:
trabalhos acadミmicos, trabalhos de iniciaヘ‹o cient’fica, dissertaヘ›es, teses e editoraヘ‹o
de livros. 3 ed. Rio de Janeiro: Interciミncia, 2003.
FALADORI, Guillermo. Limites do desenvolvimento sustent‡vel. Campinas. S‹o
Paulo: Editora da Unicamp, 2001.
K†STEN, ångela. Democracia e sustentabilidade: experiミncias no Cear‡, Nordeste do
Brasil. Fortaleza, Express‹o Gr‡fica e Editora, 2003.
LEITE BARBOSA, Arnoldo P. Metodologia da pesquisa cient’fica. Fortaleza: UECE,
2001.
RICKLEFS, Robert E. A economia da natureza. 3 ed. Rio de Janeiro: Guanabara
Koogan, 1996.
Referミncias alinhadas a esquerda.
Somente se negrita o t’tulo da obra indo
atŽ os dois pontos, o sub-t’tulo n‹o recebe
negrito nem sublinhado.
Espaヘo
simples na
referミncia
Espaヘo
duplo
entre as
referミncias

Paper: um instrumento pedagógico para prática acadêmica

Apresenta o paper como instrumento pedagógico para a prática acadêmica. Esta


discussão é provocada, no sentido de haver certo desconhecimento por parte de
acadêmicos para tal instrumento. Tem como objetivo basilar, contribuir para o
processo ensino-aprendizagem, apresentando pistas metodológicas para produção
de documentos com a característica de paper. Utiliza como metodologia a pesquisa
bibliográfica e eletrônica. Tem como público alvo os usuários do sistema Mater
Christi de ensino, assim como seus mediadores do conhecimento. Apresenta o
pensamento de estudiosos. Define estratégias de trabalho para trabalhar com o
paper na academia. Conclui apresentando uma solução viável para a produção de
um documento com as características de paper.

Palavras – chave: Paper. Metodologia do trabalho científico. Redação científica.

Prática acadêmica.

Documento produzido pelo Núcleo de Monografias da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater


6 66
Christi – RN.
2
Licenciado em Letras pela UERN e Membro do Núcleo de Monografias da Faculdade de Ciências e
Tecnologia Mater Christi – RN.
3
Bibliotecário-Documentalista pela UFRN (CRB-15/476). Coordenador da Biblioteca Acadêmica da
Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi – RN.
4
Graduado em Ciências Sociais e Mestre em Filosofia – UECE, Professor e Coordenador do Núcleo
de Monografias da Faculdade de Ciências e Tecnologia Mater Christi – RN.

1 INTRODUÇÃO

Esta sistematização se dá em virtude de haver um singular público que

desconhece a forma como o paper é concebido, caracterizado e qual sua função

para academia.

Tem como objetivo basilar, contribuir para o processo de ensino-

aprendizagem, apresentando caminhos metodológicos para a produção de

documentos com característica de paper.

Utilizou-se como metodologia a pesquisa bibliográfica (textos científicos e as

normas da ABNT, especialmente a norma de Resumo – NBR 6028, Artigo em

publicação periódica científica impressa – NBR 6022, Referências – 6023, Citações

em documentos – 10520 e Numeração progressiva das seções de um documento

escrito – NBR 6024) e pesquisa eletrônica, tendo em seu universo a Faculdade de

Ciências e Tecnologia Mater Christi e como público alvo alunos, funcionários e

docentes.

A frente será mostrada uma série de opiniões a respeito da concepção e

aplicação do Paper no meio acadêmico, assim como orientá-lo, metodologicamente,

na produção de um paper.

2 REVISÃO DE LITERATURA

Para Medeiros (2008), entende-se por paper uma síntese de pensamentos

aplicados a um tema específico. Esta síntese deverá ser original e reconhecer a

fonte do material utilizado. Em português, a palavra corresponde a ensaio, mas este

nome não encontrou acolhida entre os pesquisadores.

Christiano Netto (s.d) retrata que paper é um pequeno artigo científico

6 67
elaborado sobre determinado tema ou resultados de um projeto de pesquisa para

comunicações em congressos e reuniões científicas, sujeitos à sua aceitação por

julgamento.

3
Para Andrade (1995, p. 68 apud MEDEIROS, 2008, p. 213), “paper é texto

escrito para uma comunicação oral. Pode apresentar o resumo ou o conteúdo

integral da comunicação e tem por objetivo sua publicação nas atas ou anais do

evento em que foi apresentado”.

Para Roth (1994, p. 02 apud MEDEIROS, 2008, p. 213), paper é um

documento que se baseia em pesquisa bibliográfica e em descobertas pessoais.

Caso o autor apenas tenha compilado informações sem fazer avaliações ou

interpretações sobre elas, o produto de seu trabalho será um relatório.

Para Medeiros (2008, p. 213), “o paper difere de um relatório, sobretudo

porque se espera de quem o escreve uma avaliação ou interpretação de fatos ou

das informações que forem recolhidas’.

O paper é para Roth (1994, p. 03 apud MEDEIROS, 2008, p. 213): a) uma

síntese de suas descobertas sobre um tema e seu julgamento, avaliação,

interpretação sobre essas descobertas; b) um trabalho que deve apresentar

originalidade quanto às idéias; c) um trabalho que deve reconhecer as fontes que

foram utilizadas; d) um trabalho que mostra que o pesquisador é parte da

comunidade acadêmica.

O paper não é para Roth (1994, p. 04 apud MEDEIROS, 2008, p. 213): a) um

resumo de um artigo ou livro (ou outra fonte); b) idéias de outras pessoas, repetidas

não criticamente; c) uma série de citações, não importa se habilmente postas juntas;

d) opinião pessoal não evidenciada, não demonstrada; e) cópia do trabalho de outra

pessoa sem reconhecê-la, quer o trabalho seja ou não publicado, profissional ou

amador: isto é plágio.

Medeiros (2008, p. 214) acredita que “depois de informar que o tamanho do

6 68
paper depende da complexidade do tema e da motivação do pesquisador para o

trabalho e do tempo de que dispõe”. Roth (1994, p. 06 apud MEDEIROS, 2008, p.

214) ensina cinco passos para a realização de um paper: escolher um assunto,

reunir informações, avaliar o material, organizar as idéias, escrever o paper.

Medeiros (2008, p. 214) cita que, para redigir um paper, escolha um assunto,

estabeleça limites precisos para ele (dessa forma, você estará determinando o

tema), eleja uma perspectiva sob a qual você tratará o tema (sociológico,

psicológico, químico, físico, matemático, filosófico, histórico, geográfico). Em

textuais

abrangem:

introdução,

4
seguida, apresente o problema que estará resolvendo e construa uma hipótese de

trabalho (antecipação de uma resposta para o problema). Diga o objetivo de seu

paper e desenvolva suas idéias apoiando-se em fontes dignas de crédito. Após

defender seu ponto de vista, demonstrá-lo e apresentar provas, conclua o paper.

Uma bibliografia deve acompanhar o trabalho.

Assim quanto à estrutura, basta seguir a mesma da comunicação científica,

seguindo os seguintes passos:

1) Pré-textual: a) Capa que engloba o nome do evento ou outro tipo da reunião;

b) título do trabalho; c) nome do autor; d) credenciais do autor e patrocinador

(se houver); e) resumo (incluindo palavras-chave); f) local e data.

2) Os

reflexão/análise sobre a abordagem em questão) e considerações finais.

Para Medeiros (2008, p. 204), a estrutura da comunicação engloba:

introdução, na qual é composta por: formulação do tema, justificativa, objetivos,

metodologia, delimitação do problema, abordagem e exposição exata da idéia

central. O desenvolvimento inclui exposição detalhada do que se disse na

introdução e fundamentação lógica das idéias apresentadas. A conclusão busca

6 69
a síntese dos resultados da pesquisa.

3) Os pós-textuais: Resumo em Língua estrangeira (opcional) e Referências.

Quanto ao estilo, o paper deve ser escrito na voz ativa e na terceira pessoa

do singular.

Quanto à formatação deve conter:

1) Papel A4;

2) Margem: superior e esquerda (3 cm), direita e inferior (2 cm);

3) Tipo da fonte: Arial/ Times New Roman;

4) Tamanho da fonte: 12 (texto). 10 (Notas e citações);

5) Espacejamento: 1,5 para o texto e simples para o resumo indicativo5 (De 100

a 250 palavras);

6) Seções: utilizar números arábicos (máximo de 5 seções). Anteceder e

suceder as seções e sub-seções com enter duplo;

Ex: 1 (Maiúsculo e negrito) - 1.1 (maiúsculo) - 1.1.1 (Minúsculo e negrito) -

Simplificado e não exclui a leitura do texto original conforme NBR 6028 (2003).

1.1.1.1 (minúsculo) - 1.1.1.1.1 (minúsculo e itálico);

7) Número de folhas: 05 a 20 (incluindo as referências e dependendo da

complexidade).

Medeiros (2008, p. 214) observa que “no meio acadêmico o paper vem sendo

empregado com um sentido genérico; pode referir-se não só a comunicação

científica, mas também a texto de um simpósio, mesa-redonda e mesmo a um

3 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Conclui-se que dentre as 41 normas da Associação Brasileira de Normas

Técnicas (ABNT) voltadas para informação e documentação, não existe nenhuma

norma exclusiva, direcionada para a produção de paper.

Como fôra visto, existem variadas opiniões e direcionamentos de estudiosos

7 70
que compilam e sistematizam princípios da ABNT e adaptam para a construção de

um dado paper.

O direcionamento apresentado não é uma norma petrificada, mas um guia

simplificado para a produção de tal documento.

EL PAPEL COMO PRÁCTICA ACADÉMICA PARA EL TRABAJO CIENTÍFICO

Presenta el papel como una herramienta educativa para la práctica académica. Este
debate se produce, para tener un poco de conocimiento por parte de los académicos
a este instrumento. Su objetivo básico, para contribuir al proceso de enseñanza-
aprendizaje, la presentación de sugerencias metodológicas para la producción de
documentos con la característica de papel. Utiliza la metodología de investigación
como la literatura y la electrónica. Su objetivo los usuarios del sistema de educación

6
Mater Christi, así como su conocimiento de los mediadores. Presenta el
pensamiento de los estudiosos. Definir estrategias para trabajar con el papel en el
mundo académico. Concluye con la presentación de una solución viable para la
producción de un documento con las características del papel.

Palabras – clave: Papel. Metodología del trabajo científico. Escritura de la ciencia.

La práctica académica.

REFERÊNCIAS

ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6022: Informação e


documentação - artigo em publicação periódica científica impressa - apresentação.
Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

______. NBR 6023: Informação e documentação - referências - elaboração. Rio de


Janeiro: ABNT, 2002.

______. NBR6024: Informação e documentação - numeração progressiva das


seções de um documento escrito - apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2003.

______. NBR 6028: Informação e documentação - resumo – apresentação. Rio de


Janeiro: ABNT, 2003.

______. NBR 10520: Informação e documentação - citações em documentos -


apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2002.

______. NBR 14724: Informação e documentação - trabalhos acadêmicos -


apresentação. Rio de Janeiro: ABNT, 2005.

CHRISTIANO NETTO, Ismael Guilherme. Paper. Disponível em: <http://www.


escolaqi.com.br/professor>. Acesso em: 16 jul. 2009.

MEDEIROS, João Bosco. Redação científica: a prática de fichamentos, resumos,


resenhas. 10. ed. São Paulo: Atlas, 2008.

7 71
MORAIS, Vanessa. Modelo de ensaio e paper. Disponível em:
<http://recantodasletras.uol.com.br/artigos/1551430>. Acesso em: 16 jul. 2009.

7 72

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