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ESTUDOS EM HOMENAGEM AO PROF, DOUTOR SERVULO CORREIA v Dirsito Civil Adelaide Menezes Letdo, 0 vefergo da tela ds pcopredadeintelecust na economia dgi- ta através de aces de responsabilidade evil ‘Ane Pipa Morais Auunes, Alguns questaes sobre presctigio e caucldade Jorge Duarte Pinte, A elo ent avés€ nos José Alberto Vien, A nove obvigotoviedade de cegistar,o se inipacto sobre a aqusi= lo is reas sobre oss imo sang condo ju mobili. 7 Luis Atel Teles de Men ore Leitdo, sesponssbiidade civil dis enidades regu Meso Siva Persrald Soares Perera, Monin e Presete de Dict da Puni, Dos novos sujetos da dogidia jstanii. fw Pavlo Couinto de Mascarenhas Ate, Caustlidade e imptagio objective na tora 180/2002.S1, in piv dgsi.ps). + questio do object da peescrigso fo reapreciada, tomando por rfectnei a écisto record (proferda pelo Tribuna da Relaglo de Evora, «mm 3 de Oaubre ds 2008), que dofendes a inmplicabliede da proscrigho a> dssito de cesogSo de ure dao, cio slegado no caso, poo facto de no estar em causa um cto de ext sobre prse ‘aeGo, mas, anes, um divlto potstatvo, como tal, exclude do fmbite de aplicai do institut, (0/81 corigu,¢ bem, o teferido entendimento, decidindo, com bess va adlise do antigo 298° {a CC, que “nfo Senco os asides cietos por pate dos dandores, sscepivels de serem englo- tacos em quar de exiegriae de direitos enunciados no n> 1, ¢ 3 it 98. esto see tos aos prazos de pressig, Asse, ct, p- 26. Mens Counc recenhoce, aj, que a gone ralidade dos casos de eacidade surgs em matéie de dietospotsativos, Tratodo I, 7. [V. .210. Em seni préximo, Remto1o Marques, Em romo dos prezos de presrigao e de cade eldade e 0 eelolverrapio da lnsdncia ~ a propdsio do avige 1652 do Let Geral do Ti but Angola, Lusi, Universidade Lusfods, Porto, a° 1, 1998, pp, 103 8 135 (128). (Gh) VazSotea dsfendeu, nos Trabalhos Preparties, que aprescrigzo teva a nareza de insta com esdcter eral que, como il aria aplicsvel 8 gener dade dos dies, © 2p0- as sos direitos de oxéit, Presrigaoextntvae cactcidade, BML. n2 105, p. 6, () CE. Auunbs Costa, Dielto da Obigepdes cit, p. 112K CaRvat Ho FeROAxoes, Teo- Ha Geral, vol. sty pp. 696 & 68S; OuveiRa ASCENSKO, Divito Gvileoria Geral ct, lI, . M2; Cinta be Sa, Mados de etn das brigagdes, cit, p- 24, MENEZES CoRDEIRO Teco" "hece @natureza de insti ger preseigt, embara nia dike de Sllentar a exitncia de una “ligagao genie da pescrigio as obxigngbes", Da cadncidade, cit, p. 24, € Tra de Direito Ci, 1,T-1V, et, p. 273; Peono Pass be VASCONCELOS, Teovia Geral, cit, p. 379. Para Ou area AsCeSKo, “0 categoria mais genérica é a preseripaa” que deerminars guaiment, 8 extn {$0 de dros resis, Dirt Civil — Reais, 52 ed Cobra Edikora Coimbra, 2000, p. 403 (Va Sera ropunia 0 seguinte ero, a apiar nos eass em que se sseassem dive das quanto 8 ntureza dos prazosestipulados para o exereico dos direio: “Desde que o regime A este propésito, pocer-sesia argumentar que a interpretagio, no sentido da preserigZo como insitato egra, no tem apoio literal, atento on 2 do atigo 298°, {que impée o recurso & caducidade mas situagdes em que, por forga da lei ou da ontade das partes, wn direito deva: ser exercido dentro de certo praco, a menos que a lei se refira expressamente @ prescricdo. Nio &, no entanio, esse 0 nosso entensdimento. Noma primeira leitura da referida norma, poder-se-ia, com efeito, incorrer no equivaco de assuinir que a caducidade comesponderia & regta geral, a que cabe- Fia atender, no silencio da lei ou da vontade clas partes, em todas 2s hipéteses de direitos sujeitos a um prazo de exercicio (4). Todavia, a nosso ver. on? 2 do aitigo 298.° consagra um eritério a que caber tender apenas nos casos dluvidosos em matéria de qualificagtio de um prazo especial (expressamente estabelecido) para 0 exercicio de direitos. © que resultaré pois, em sitima and- lise, desta previsio € a idein de que, em face de um praco especialmente apli- ccivel, por forga da lei ou da vontade das partes, a certo dieito ou categoria de direitos. © na aus@ncia de uma remissio legislativa para regime da presctigio, tetio aplicagio as regras da caducidade (3). Numa palavra, sempre que no exista ‘un praco especial. imposto por lei ou por convengio, para o exercicio de um dieito, cair-se-4 na regrn geral, isto &, na aplicagio da prescti¢fo, no pressuposio. claro, de nos encontrarmos perante direitos prescritiveis. postanto, desde que no estejamm em causa direitos indispontveis e direitos que a lei declare isentos, de preserigio (), 4: caducdade € mais apertato que 0 da prescriglo, que ee pode colocae fitter do dinito ‘num sivagio menos favorve! gue ce the ada plo regime ds pasergfo, parece Jeghimo coneluie que, na divies. dove mite que a ei quer estabeleoer wm prozo de pres ‘nito de caduciade”. Prescrgdo exintva e cadueldade, BM, n° 107, po. 200 4201, No ret italiano, a eadveidade tem natueza excepclonal. pelo gue, na susSnei de proviso legal de um peazo de caducidede, deversentenderse que 0 dicta esté suelo & presi, ef. GALGANO, Jesitazion i Dieino Prvato, Cedam, Padov2, 2008, 9.365. (C5) Como antesipa Mevezes Cornero. “Iplerante 0 artigo 298°, podria parecer que, no Direio portugues regia gor & ada eaduidnderenr-se-a, por defeitoe perant: um splemento de notmnvdade na presergto. Nao € assim”, Or cadhcdee, oR. p. 21. Como ve usileo,& ceucidade,diferentemente da presrigto, exge sempre espactias prevsGes, de Foe lel ou con lau, Da eadueidade, chp. 28 3) Cha propésit, ALMEIDA Costa, que propde a distingo assente na exis ‘aséca de um prazo especial para 0 extcicio de uu dist, Dirt das Obrgopdes cit, Pi CConciu, no entanto, que "a pescrielo nose presuie, ms sim a eaducidade”, ab cir nota 3. 1.1123. No mesmo sentido, ef Menezes ListA0, Dieto das Obrigasdes, vl. I it. pp. 108 110, Em sentido prdximo, Prono Pass pe VasconceLos apela 3 distingéo ene dieitoe tem onitose direitos sem dependéncia de prazo. Teor Ger ct pp. 39) & 392. ©) Cf. Menezes Conoano, Da caduidade, cp. 21,< Trado, IT. IV. p, 220: 0 pine pio mais basco &0 6a preset.) No alia da ei ns eg fa, 3982, n° 1. dC} tem Cc ES ES ERDF TRE Em sintese: 1) A prescrigio 6 um instituto de voeagio geral — aplica-se a todos 08 direitos disponiveis e nfo isentos de prescrica 2) A prescrigdo ¢ 0 instituto regra: no silencio da lei e das partes, o prazo a considerar é de prescriglo, € nfo de cuducidade; 3) Havendo prazo especial, definido pela lei cu pelas partes, 0 prazo seri de caducidade, a menos que a lei o qualifigqte como de preseri¢ao ~ ef. artigo 298°, n.° 2. VIL. Por ditimo, © sem prejufzo das directivas expostas, parece que, na linha do sustentado por Vaz SERA, as fronteas entre 0: institutos poderio ser cscharecidas, casuisticamente, & luz da finalidade de cade prazo, cabendo apurar se-a intend do legislador ou das paries foi a de consagrar um prazo de pres crigo ou de eaducidade, operagio que nfo poder prescindir do apelo 20 fan- damento primordial de cada uma das figuras (7), VILL. A prescrigfo nfo €, como observado, o nico istituto com repercussiio nas relagdes jurfdicas, pelo nfo exereicio dos direitos, durante um certo lnpso de tempo. Assim, no esto abrangidos pela preserigio. 1) os direitos indisponivels « i) 0s que a lei declare isentas de preseriglo (cf. n2 I. in fine do antigo 298." CL) A) ‘A ressalva relativa aos direitos indisponiveis ter splicagfo, coneretamente, em matéria de direitos de personalidad (cf. artigos 70° a 81. do C.C.), de diteitos de estado (v. g., 08 direitos de cénjuge, de pai, de filho, bem como os poderes juridicos que criam a situago correspondente z estas qualidades) © de alguns direitos familiares pessonis (v.g., 0 poder paternal, o poder masta e pati monisis (rg. 0 diteito legal de alimentos, que se destina & satisfagto de neces- sidades fandamentais da vida — cf, artigo 2008° da CC) (), alicaglo. A presenga de uma noema que impoaha um prazo é — els sim — um pls regulativo fue apes elude CCE Va2 Sere, Prscrgto etna ¢ caducidade, BMI, 9° 107, pp. 198 ¢ 196 & 197 Dias Manques defendin que sisting entre a presrgdo es cadesidade earentaria na diversi dade da fongéo do prazo: "num exse mde ¢ doagso da negligéncls, ao outro, rede a diragio bo dict”, Teoria Geral ela Caducidade, cit p. 48, 0 que levava 0A. a cole, de Fer le tativa, senquanta a presriclo "mata" 0 dieito, a eaduckdade €¢ >Gprio “morte” do dlrlio» (bce loc it). Resenenene, cf, CARVALHO FERNANDES, Teor Gera ci, vl Mp. 89 ¢ T0: © RENEDIO Manques, Ei torno das pcos de prescrigao e de caaucidade, ct. pp. 126.2 127 (2) Para maioces deseavolvimentos, ef, Vaz Suna, Prsserigdo eau & celucidade, BM), 105, pp. 56 (> CE Vaz Senta, Prescrgdo eviniva ¢ caducdade, BMI n. 105, p. 57 — A segunda modalidade de direitos imprescritiveis € a dos diteitos que a lei declare isentos de preserigdo. Aqui se compreendem os diteites referides nos aGimeros 2 ¢ 3 do artigo, isto &, 08 direitos sujeitas a caduciade e a general dade dos direitos reais de gozo (v. g., 0 direito de propriedade, de usufiuto, de uso © habitagto, de superficie e de servidio), que se extinguem pelo ro uso. 3. DA PRESCRIGAO DE CINCO ANOS DAS QUOTAS DE AMOR- TIZACAO DO CAPITAL PAGAVEIS COM OS JUROS (CF. ARTIGO 3102, ALINEA £), DO CODIGO CIVIL) I. Pouca reflextio se tem dedicado a exegese da alinea e) do artigo 310° do CC. (9). Este aparente desinteresse so nivel doutrinal justificaré, em boa medida, a posigio de alguma jurisprudéncia no sentido de desconsiderer a exis- ‘éneia de um prazo especial de prescrigao, de cinco anos, em certas hipsteses caracterizadas pela presenga de quotas de amortizagdo do capital pagdveis com os juros. facto de nos encontrarmos perante um prazo especial impor, assim, com base no brocardo lex specialis derogat generali, 0 afestamento do prizo ordintio, de vinte anos. Por outto lado, o referide prazo prescricional de cinco anes ini- ciar-se-4 para cada uma das quotas que se vencer e nfio pars a obrigagio no seu todo. O C.C. vigente impOe um prazo prescricional nico, de curta duragio, api- ccavel a0 capital e aos juros correspondentes, que dovam ser pagos de forma ceonjunta. Sublinhe-se, no entanto, que s6 estdo contempladas as quotas de amortiza- ‘go que devam ser pagas como adjungo aos juros, A previsio normativa abrange, pois, as hipSteses de obrigagdes pecuniscias, com natureza de presta- es periédicas, pagiiveis em prestagdes sucessivas ¢ que corespondam a duas fracgdes distintas: uma, de capital e, outra, de juros, em proporgiio varivel, a pagar conjuntamente. Cada quota de amortizaglo corresponderd, assim, a0 valor somado do capital e dos juros correspondentes, pagiveis conjuntamente. elo exposto, a circunstancia de se contratar um plano de pagamento frac- cionado, composto por uma parcela de capital e outra de juros — a pagar simul- ©°) 0 Ciédigo Civil de Seabes preva, lumens, exits sete & presrgio de cinco anos (as pensies enfituies,subenttzticas ou censticas, rendas,slugures, jars © quai {ogGes venidas, que se costumam pagar em cet ¢ determine tempos — ef. eign $43 ‘As quotas de amantzaio do capital pagtveis com os ures nio ina consagragso atsnons no ‘Cédigo Civil de Seabra, pes embora 6 feet dese thes por apicac o prazo de prescisio de cinco anos, previsto no eto anigo 543°, ao abigo da previo quatzquerpresagdes vencidas. que te ‘oxic pagar en certase dererninades tenpor. ee taneamente —, relevard, de modo particular, wa determinago do prazo prescri- ional, na medida em que a referida previsso pressupde, na generalidade dos casos, fem termas factuais, a individualizago de um plano de amortizagdo das obriga Ges, assente numa distribuiglo, temporal e parcelar, do capital e dos juros cor- respondentes, devidos a titulo de remuneragiio do capital. 1, Mas qual a razio justfcativa da existéncia de um prazo especial de pres- crigdo, de curt duraelo, aplicdvel & amortizagao do capital? A resposta & questfo enunciada pressupde 0 esclatecimento do fundamento da previsto contemplada na alinea o) do referido artigo 310 Estas resultam da estipulago, entre as partes, de um plano de reembolso gradual e peridico do capital, que visa fecilitar e agilizar © pagamento através do fraccionamento da aivida €m parcelas de capital. As quotes de amortizagéo representam, assim, pag: mentos paiciis do capital devido @) © fundamento das quotas de amostizagio do capital, aconselha, pela mesma fordem de ideias, a existéncia de um prazo presericional de curta duraglo, apli vel a cada prestaglo que se venga, considerada individuaamente, como obrigacdo auténoma, Assim sendo, e como esclarecia Vaz Seana a finalidade da refecida pres- crigio de curto prazo é “evitar que, pela acumulacke de prestagées periédicas, se produza a ruina do devedor (2)".” A preseriggo quinguenal justifica-se-4, por tanto, pela ideia de tutela do devedor, que ve © pagamento Facilitado, pela sua- viaagio do reembolso do capital (2), Esta teleologia levave 0 Autor dos Trabathos Prepsratérios e do Antepra- jecto do C.C., nesta matéria, a sustentar a aplicabilidade da preserieao quin quenal “sempre que se trate de prestagbes periddicas derivadas de uma deter- minada relagio juridica G4)". , pois, posstvel afirmar que, subjacente & consagragio desta preserigéo de curto prazo, resid 0 critério da periodicidade do direito, isto 6, a cizcunsténcia de nos encontrarmos perante presiagdes que se 6) Vaz Sena, Obrigapdo de Juros, BM, n° 55, pp. 159 2170 (160). No mesmo sen- id, Connaia nas Neves, Manual dos Jros, Rando jurtico de uid pétce, 3? ea, Ame dina, Coimire, 1989, p. 24, (2). Preserigto exiuiva € caducidede, BM, n2 106, p. 119. Na mes ina. de ideas, ch Mona Puito, Nao ctmprinento do dever de reviso de prestagces perc, cit, p. 3715 © (Curate SK, Modas de Rutigto das Obrigagdes, et, nota 2.*30 p. 247 (2). Bxpictande a rio de ser de un prazo corto de peserig, em rata de prestagoes peviddica, num caso abrangdo pela linea g) éo artigo 310° do C2. ef. Aeéedio do ST) de 2 de Maio de 2002 (proceso n° 0281143, in buphwwalasl (lif — A vaso de ser de wn reco eurto de prescricdo das presagbes peviodieanente renovévis é evtar que 0 credor as deive acuadar tarnando excessivamerte onerosa a presiagto a cago do deveder (09) Vaz Sanaa, Prescrgdo exintva e eaducdade, BMS, n° 106, . 119 ra f¢ se vencem, em certo € determinado tempo, levando consigo 0 perigo sério de acumulagio de divida (°5). © artigo 310.° do C.C. nfo pode, nesta medida, ser dissociado da ideia de prestagdo perisdica, pelo que importaré precisar 0 respectivo conceito. Releva, para 0 efeito, atender no contibuto dado pelo Acérdio do STI de 3 de Fevereiro de 2009 (9): “Prestagdes periédicas, ret- teradas, repetidas ou com trato sucessivo sao prestagbes de watureza duradoura que. ndo sendo de execugao comtinuada, se renovam em prestagdes singulares sucessivas, em regra ao fim de perfodos consecutivos — verificando-se 0 cum- primento através de actos sucessivos com dleterminados intervatos ~ ¢ de for: ‘magdo correspondente a esses pertodos, indicando-se habitualmente como exem- ples da espécie as prestacées do locatério, do fornecedor de bens de consumo 420 respectivo estabelecinento de venda, do consumidor de dgua ou electricidade. Em regra, as prestagdes reiteradas ou repetidas so periddicas pois que se for- ‘mam, como dito, com certa periodicidade, renovando-se. A prestagéo de obri- -gagdo periédica, quer na formagao, quer na determinagdo do respectivo objecto, aida ligada ao factor tempo, de que depende G7)", IIL. A alfnea e) do artigo 310° do C.C, aplica-se, como referido, as pres- {agGes de capital repartidas no tempo, a que se somam juros — a pagar con- juntamente —, e que representam quotas correspondentes 8 amortizaglo ¢ #0 ren- ddimento do capital disponibitizado. O pressuposto especifico de actuagio da alines ¢) do artigo 310.° — a cit- cunstincia de © pagamento das fraegdes ou quotas de capital se processar con- jjumtamente com 0s juros — foi esclarecido pelo Acéniio do Tribunal da Rel glo de Coimbra de 8 de Maio de 2007 (8: 1, Nos termos do disposto no ar. 310, al. €), de Cédigo Civil, prescrevem no prazo de cinco anos as quo- tas de amortisagéo de capital pagdveis com juros, isto é, desde que © pagantento das jracpdes ou quotas de capital se processe de forma adjumta com os jures. A decisio acima referida evidencia os requisitos de que depende a aplicagio da alinea ¢) do artigo 310.° do C.C., saber, a cixcunstaneia de se estar perante quotas de amortizacZo de capital € 0 pagamento respective se processar de forma adjunta com os juros. A eespeciticidade das quotas de amortizagio do capital pagéveis com juros foi, sinda, explicitada no Acérdio do STI de 4 de Maio de 1993 ©): 1 — Pres- (2) sta solugo tem, hoe, acolhimento expresso na alfneag) do amigo 310° do C.C, ‘ue sujita& presrgdo quinguenal Quaisquer owas presiapoes perlodicanente renonaveis. (©), Processo n" O8A3952, in hile de ©) Acbedo, ct, p. 3 (0) Procssso n° 321803.0TBVIS-A.CI, in itpdlwsun dest () Processo n? 083489, in upon das ot crevem no prazo de cinco anos, nos termos do artigo 310.° do Cédigo Civil de 1966, as quotas de amortizagao do capital pagéveis com os juros. I ~ Essa prescricao é de curto praco e nito simples prescrigdo preeuntiva, IIT ~ Deixando 0 devedor de pagar algunas das quotas de amortisagdo de capital mutuado, a prescrictio ndo pade pér-se em relagao ais quotas em divide como um todo, mas em velagdo a cada uma delas. O STS enfatizou a mportincia da natureza de prestagées periddicas e a autonomia das quotas de amertizagio de capital pagiveis com juros: estes elementos imp5em que o prazo arescricional — de cinco anos — se aplique em relagdo a cada urna delas € nfo quanto 2s quotas em divida como um todo, Releva, pois, uma perspectiva de anélise atomistica IV. Bm sintese,o preenchimento da situago contemplada na alinea e) do sutigo 310. do C.C. obriga a que se atenda is circunsténcias do cxso coneret. Em paticular serd relevante, para aquele efeito, o ficto de 0 reembolso da divida ter sido objecto de um plano de amertizagées, composto por diversas ‘quotas, que compreendam uma parcela de capital € uma parcela de juros rerau- nerat6rios. Este dado tem, como observado, importantes refleros em matéria de prazo prescricfonal, na medida em que permite suportar a corclusto de que seré apli- cayel a referida prescrigfo quinguenal, © n30 0 prazo oxdindrio presericional, previsto no artigo 309° do C.C. Na verdade, na situagdo prevista no artigo 3102, alfnea e), nfo estar em caus ma tniea obrigagdo pecunitia emergente de um contrato de financiamento, ainda que com pagamento dierido no tempo, a que cabetiaapliear @ prazo ord nirio de pescriga, de vine anos, mas sim, diversumene, uma hipétese distinta, Fesultante do acordo entre eredor e devedor e cristalizeda num plano de amor tizagdo do capital ¢ dos juros coresponcentes, que, serdo composto por diver- sas prestagdes periias, impic a epicagio de um prazo especial de prescrigiio, de curta duragho. © referide plano, reitera-se, obedece a um propésito de agi lizagto do reembolso do crédito, facilitando a respective fiquidagao em prest $8es autGnomas, de montante mais reduzido. Por outro Indo, vise-se estimular 4 cobranga pontial dos montantesfraceionados pelo credr,evitado o diferimento do exerccio do diteito de crédito para o termo do contato, tendo por objecto a totalidade do montante em divida Constitirdo, assim, indicios reveladores da existBrcia de quotas de amor- tizagao do capital pagiveis com juros: em primeiro lagar, a circunstincia de nos encontarmos perante quotas integradas por duas fnegbes: uma de capital e ooutra de juros, a pager conjuntamente; em segundo gar, 0 facto de serem scordadas prestagbes periiens, isto 6, vitins obrigagées distintas, embora todas ‘emergentes do mesmo vineulo fundamental, de que nascem sucessivamente, © que Se Yenceto uma apés outra A vontade das partes deverd, pois, ser atendida, nilo se podendo descon- siderac a referida intengao comum, de agilizar a amontizagio do capital e 0 pagn- ‘mento dos juros correspondentes. Caberd, pois, nessa eventualidade, reco- hecer a existéncia de varias prestagGes pecunisrias, com prazos de Veneimento auténomos, cada qual sujeita a um prazo prescricional privativo, de cinco anos. Justificar-se-4, numa palavra, a aplicagio de um prazo quinquenal de pres- crigfio, uma vez que 0 plano de amostizagdes convolaré a divida numa série de Drestagdes periédicas por un Lapso de tempo significative. 4. DA INTERRUPCAO DO PRAZO PRESCRICIONAL PROMO- VIDA PELO TITULAR (CF. ARTIGO 323°, N° 1, DO CODIGO CIVIL) E PELO RECONHECIMENTO (CF. ARTIGO 325° DO CODIGO CrviL) 1. Uma das questdes com enorme relevincia pritica no regime da prescri- gifo € a das causas com eficécia interuptiva no cémputo do respective prazo. Estes eventos serio particularmente importantes naquelas hipéteses em que lide- ‘mos com preserigses de curta duragio, como sucede nos casos previstos nos artigos 310°, 316° © 317° do C.C., onde se consagram prazos, respectivamente, de cinco anos, de seis meses e de dois anos. Na verdade, o prazo prescricional nem sempre completa seu cuts0 de forma continua. © C.C. vigente consagra um conjunto de causas interruptivas gue determinardo a inutilizagio do prazo prescricional entretanto decortido € o reinicio do mesino, a partir da verifieagZo do ucto que determinou a respectiva interrupgio (#), Nfo ocorre, assim, diversamente da suspensio da presctigao, uma mera paralisagio do prazo, mas sim uma inutilizagao de todo 0 tempo enttetanto decorride € 0 infcio de um novo prezo, em regra, de duraglo igual 20 da prescrigdo primitiva, ressalvada a hipétese particular prevista no artigo 3112 do C.C. (¢f. m2 1 6 2 do artigo 326° do CC) A interrupgio pode resultar, quer de una iniciativa do titular do ditto (credor), quer do beneficirio da preseriglo (éevedor), IL, A primeira modalidade de interrupedo, contemplada no artigo 323° do C.C., teré lugar na hipétese de 0 credor praticar um acto que traduza a intengao de vir a exercer o seu diteito ¢ de que serd daclo conhecimento a0 () 0 Citign Civil de Seas reconheci,jé etio, 2 fits nterptiva da presto (ef, stigos $52. a $59. devedor, através de citagfo, notificagio judicial (*") ou de outro meio judi- cial. ‘A referida norma deve ser objecto de uma ilerpretagio cuidnda,s6 cabendo reconhecer eficécia interrupiva, para efeitos do referido artigo, aos actos de natureza judicial (#2). Assim, no seré qualquer acto do exedor que ter efeito de intercomper a prescrigto, exigindo-se que © mesmo assuma determtinada forma, paca poder elevar aquele nivel (3). Nio basta, 2otanto, que sejem pra- ticados actos exteajudiciais que revelem, directa ou indieetamente, a intengéo de cexercer 0 diteto (#9) IL A segunda modatidade de interrupedo, fundaéa num acto do devedor, nos termos do artigo 3252 do C.C.,reclama, de igual forma, uma postara de cau- tela e de exigncia em tomo dos respectivos requisitos ¢*), ‘A autonomizagio da referida fonte de interrupgtio do prazo prescricional é justificada pela légica inspiradora do instituto. Se existem razbes para penali- 2a¥ © Siieito que, por omisséo e inérvia, nfo exerce o respective direito, tambsm ser legitimo desproteger o devedor que, de forma t#cita ou expressa, revele aceitar 2 obrigagio peticionada como sua ow afirme conhecer a existéncia do diteito do credor. 0 referido acto de reconhecimento poder ser valorado como uma renincia & invocago do decurso do prazo prescricional, pela circunsténcia de traduzir una vontade em eumpsir (6), Neste easo, no entanto, 0 reconheci- mento 56 seré relevante se resulta de factas que inegrivocamente 0 exprimam (cf. n2 2 do artigo 325.9. A solugo consagrada corresponde ao articulado pro- posto por Vaz SERRA, em que se previa: O reconhecimento pode manifestar-se por factos de que inequivocamente se conclua ("), Estio, pois, em causa actos através dos quais se pode inferir que o devedor est convencido da existéncia da sua cbrigago, que assume, através da adopeio (4) Be hae sent, dep do Assonto n° 398, de 26 de Margo de 1998, «admis lade de recurso 8 noticogo juicialavalsa para interomper a yreserigi. (©) No Cidigo Civil de Seabra, a poseriio intaronspinse par citpdo judicial feta ao deve dor (ot. $ 2° do atign $52. (©) CE Canvaino Furwavoes, Teoria Geral, vol. itp 698. (9 GF Atwetoa Costa, Direito das Obrigapbes, ct, p. NE. 2) © Cdigo Civil de Seabracontemplava, ene as eas de intempo da reser, 0 recontecinento expresso, quer seja de palava, guer par exer, do iret da pessoa gen 1 prescrpdo pode prejodicar, on por fatos de que se deduza micessaviamente tal recouhec ‘mento (ef igo $82%, n® 4), Em rigor, como esclaecia Dus Matques,esomos pera 01600 nhesimento dos fects originadores do direto do eredor, Presvipdo Extintiva, cit. p. 161 (8) Cf, Vaz Senta, Preseriedo extntvae ceducidade, BMI, n° 106 (©) G£.n*3 do atigo 5° do aricwlao sobre aiterupgo ds peescigho, Prescriedo exe tive enducidede, BMI, n° 107, p. 16 a i de comportamentos que inequivocamente o revelam (8). © reconhecimento Xécito ser eficaz, nesta medida, pela prética de factos conciudentes, isto 6, como defendido pelo STI, em Acérdio de $ de Novembro de 1997 (), de compor- tamentos significantes, positivos, ¢ inequivocos. Exige-se, assim, que 08 factos revelem, de forma inequivoca, 0 reconhecimento da obrigagio e iio, apenas, com ‘oda a probabilidade (), Valerio como reconhecimento técito com efictcia inter ‘uptiva: i) o cumprimento parcial da obrigagio, como seja, o pagamento de restagdes. periédicas: fi) © pagamento de juros; ii) a prestago de gntantias; 5) 0 pedido de prorrogagio do prazo de pagamento ou de remissio; v) a decla- ‘aso de compensayao (FF). Serio, igualmente, susceptiveis de consubstanciar um acto de reeonhecimento do direito do titular: /) a descrigéo da divida num inven- tétio; 2) referéncia & existéneia da divida no balango de um falido ow insol- vente ou na lista de eréitos na faléncia ou insolvénei if) a proposta concilitéria feita pelo devedor, num processo de execucfo, para que os autos vio 2 conta a Fim de ser liquidala e paga a dtvida exequenda; iv) a delegngio dada pelo deve- dor a terceiro para fiquidar a sua divida junto do credor; ») a declarago, no acto de protesto de uma letra, de impossibilidade de pagamento da mesma por falta de recursos: vi) a liquidagio de contas entre credor e devedor,incluindo-se nela a divida preseribenda (2), IV. A leitura prudente do regime da interrupeso da preserigao foi adop- tada, em termos elucidativos, no Acérdao do STI de 18 de Novembro de 2004 (*), que aqui se sumaria parcialmente, atenta a natureza assertiva da respectiva decisis (...) 2. Nos terms do artigo 323.° do Cédigo Civil, para que 4 prescrigéo se tenha por interrompida, necesscrio € que o credor manifest judi cialmente ao devedor a intengio de exigir a sailsfagéo dlo seu crédito e que este, or esse meio, fenha conhecimento daquele exercicio ou daquela intengao 3. Nao basta, nos termos de fal norma, para interromper a prescrigao, que 0 credor, durante o decurso do prazo prescricional, tenha diversas vezes recla- ‘mado, junto da ré, 0 pagamento dos momantes em dlvida, ¢ the tenha enviado (2) Do confronto entee © regime do reconhecimenta tfeto, consagrado vo n? 2 do antigo 3252, a regra geal do atigo 217° do Cistign Civil (decaraotica), sla que © lest lador estabeleceu, no primelto caso um regime agravado, por necesidades de cereza- Neste ‘seri, ef. CaRvaLMO Faxes, Teoria Goal, vol. Il cit, pp. 696 a 657; Peono Pas oe Vas. ConceLOS. Teoria Gera, cit. p. 391; ¢ CUNiA BE SA, Modes de Extingto des Obrigogdes ct. p.257 () CE. BMI, n° 471, 1997, pp. 361 2368 Ch. Cunta vs SA, Modos de Essingdo das Obrigages, ct, p. 257 (}) CE Dans Maeauts, Presergdo Extntv, cit p. 166. 2) Neste sentido, ef. Vat Sena, Preseripdoextva e caducidede, BMI n$ 106, p. 227 (2) Proceso n® 0453439, in htglenww lest. carta registada com indicagdo das facturas, seus tineros, datas de venct- mento, daras de pogamento ¢ montante dos juros. 4.0 reconhecimento da ‘vida, considerado facto internptivo da prescrigéo pelo artigo 323. do Cédigo Civ pode ser expresso ot técito, enbora, quanto ao recouhecinent weto, no tenha relevéncia aquele que ndo se baseie em facto eue inequivocamente 0 exprima. 5. Nao consrituireconhecinento técito 0 mero siléucio da devedora perante as reclamagées do credor e da carta registaéa (com indicagdo das {facturas, seus mimeros, datas de vencimento, datas de pagamiento e montante dos juros) que aquele the remete. (0 ST! julgou improcedente, na situagio em andlise a invocagéo de causas imtereuptivas, quer por iniciativa do credor (nos termes e para os efeitos do artigo 323° do C.C), quer deseneadeada pelo devedor (0 denominado acto de reconhecimento, por forea do artigo 325.° do C.C.). A decisto foi fondamen- tada com base na consideragio de que seria insufciente, para a interrupoto da preseripfo, o envio de uma carta, pelo Autor t Ré, em Janeiro de 1999, com a lista das facturas, datas de vencimento, datas de pagamento e montante de jros, bbem como o facto de, durante os anos de 1994, 1995, 1996, 1997 ¢ 1998, por diversas vezes, © Autor tor reclamado junto da Ré 0 pagarento das quantias rfe- vides naquelasnotas de débito. Na verdade, como esclaezeu 0 STI, a interrupgio 4a presctigdo desencadeada por acto do eredor pressupée um acto judicial que, directa ou indirectamente, d& a conhecer ao devedor a intengio de 0 credor exereer a sua pretensio, como seja o recurso a uma noiificaglo judicial avulsa ou a ctagio do Réu, na sequéncia da proposigdo de uma avgio (). Sio, pois, destituidos de efiedoia, para tal, os actos extrajuiciais, como teria sucedide taquele caso (5), Afastou-se, ainda, a relovancia de um eventual recoshecimento, por falta de verifieagio dos requisitos exigidos pelo artigo 325° do CC. Assim, a RE limi- tourse a assumir uma posigo de total passividade perante a8 cartas © 08 pedi- dos que Ihe foram dizigidos pelo Autor, nfo se podendo retirar daquela omiss¥0 de comportamento e do siléncio veiculado qualquer reconhecimento, ainda que tGcito, da existéncia da divida (), (5) No Direito francés f se sustenou, 20 nivel jrsprodenc, que a causes de interap ‘io eleneadas pelo art. 2244 6a Code el (as que Slo deseacadeades por uma conduta do credce) to teriam naturena de ordom pibliea,podendo, por iso, ser darogada pals partes, no sentido de se entender que o envi do un ciple cra tra o efeito de intarompe a prescrigh, of de so da Cour de Casson, ci, 25 js 2002. Sobre o porto, cf. Pare Srora-MUNCK, Alene sa les prescriptions extnctives: Particle 244 du code ciil es plus d'ordre public, Recueil le allo, Jurisprucence, 179° anaée, n* 3. [eahie. 16 janvier 2003, pp. 155 « 159 (3) Acérdto. elt, pp. a 3. (6) Aesrdo cit pS V. As conclustes firmadas no referido Acérdio tém plena validade e ‘encontram suporte normative expresso. Na verdade, a interrupgio da prescrigao — atenta a natureza excepcional do respective figurino — s6 deverd ser adii- tida com precaugio e. em geral, nas hipsteses em que eredor revele, através da pritica de actos de natureza judicial, a intenc3o de exercer o seu direito ov, outro campo, na eventualidade de o devedor reconhecer a obrigagio peticionada como sua, pelo facto de, designadamente, ier demonstrado intengio de regala- rizar 0 erédito imputado, 5. DO PROLONGAMENTO DOS EFEITOS DA INTERRUPCAO DA PRESCRICAO NA HIPOTESE DE ABSOLVICAO DA. INS- TANCIA POR MOTIVO PROCESSUAL NAO IMPUTAVEL AO TITULAR DO DIREITO (CF. ARTIGO 3272, N2 3, DO CODIGO civin) 2 3, do C.C, precisa os efeitos de uma eventual deci- fo de absolvigio da instincia no curso prescricional © principio geral em matéria de interrupgio da prescrigo promovida pelo titular do direito estd previsto, como referido, no n.? 1 do artigo 323.’ do C.C. Atendendo a que uma das finalidades do insttato da prescrigl0 é penalizar a ingreia do tiwular do direito no respectivo exereicio @") 0 legislador esclarecen, no 2 1 do axtigo 327° do C.C., a duragio da interupgfio, nas hipéeses em que a inter- upg tem origem na citagio, notficago ou acto equiparado, bem como em compromisso aubitral. Resulta deste comando legislativo que as demoras e tra- 50s inerentes ao curso do process0 no onerargo o titular do direlto, nf se ineianco 2 contagem do novo prtzo prescricional enquanto nfo estiver definitivamente {indo o litigio, portanto, enquanto nfo transitar em julgado a decisfo que puser temo 40 processo. Estando em causa situagées caracterizadas por uma interrupgtio do prazo prescricional desencadeada por actos judiciais ou por um compromisso arbi- tral, nio dever$, pois, considerar-se que o titular do direito estard inactivo ox em posiglo de inéreia que, reitera-se, & um dos fundamentos do instituto &) IL A regra acima enunciada sofie, no entento, desvios, que se caracterizamn pela nota comum de a efiescia da interrupglo ser instantinea, SG0 elas a8 hips- teses de desisténcia, absolvigiio, desergdo da instincia e de fiear sem efeito © com- ppromisso arbitral (ef. n° 2 do artigo 327° do C.C.). © Ch, por tots. Ouvsien AsceNsio, Direto CivilTeoria Geral, ol Il, et, p. 342 0) Ch Vaz Sena, Preserigdo exintva ¢ eaducidade, BMI, n° 106, p. 248, —_ a OF aE Limitando agora a nossa andlise hipérese de uma eventual absolvigio da stancia, importa preeisar que areferida decisfo determinaré o desaparesimento do efeito interruptivo da prescrigio, que comegard a corer apds 0 acto inter ruprivo, de acordo com 0 disposto no n° 2 da artigo 327.° ‘A absolviglo da instincia no obsta, naturalmente, « que se proponka nova aogtio com 0 mesmo objecto, para que possa ser apreciaco métito da questi, 0 regime consagrado no artigo 3278, n2* 2 € 3, do C.C. tem, por iso. de ser auticulado com 0 n2 2 do artigo 289 do CPC (*). De acondo com 0 referido preceito, Sem prejuco do dispasto na lei civil relacvamete & prescrigao e & cate cidade dos direitos, os efetes civis derivados da proposicéo da primeira causa e da citgao do réu mantén-se, quando seja possivel, se a nove acpao for inten- tada ow 0 véu for citado para ela dentro de 30 dias, a cantar do téusito em ja gaclo da sentenga de absolvig&o da instancia. Daqui resulta que, sendo 0 'réw lbgolvido ca instincia e sendo proposta nova aeglo, ocorrer nova interrupeio o prazo prescricional — inicindo apés a decisio da sbsolvicfo da instincia —. 2 0 16u for citado para a acgio dentro de 30 dias, 8 contar do trfnsito em jul gado da decisio de absolvigo de instincia. © prazo presericional interrom- per-se-i, pois, pela citago para a acgfo através da qual se pretenda exercer 0 direito,fiecionando lei que a etagio tem lugar cinco dias depois de proposta 4 acgH0. salvo se 0 autor impedit a sua realizagio dentro desse prazo (ct. art. 323., no Le 2,do CC) IIL. A solugio consagradia no n2 2 do artigo 323. do C.C. ter, contudo, previsivelmente, 0 efeito pemniciaso de conduzir ao preenchimento do prazo prescricional antes de ser intentada uma nova acgio, em particular nas hipSte- ses de direitos sujeites a um prazo curto de prescrigii. Na verdade, estando em causa um prazo, v. g. de seis meses, no sera dificil que, entre a citago do réu ‘ou notificagio do requerido e a decisio de absolviedo de instancia, decorram seis meses. Numa palavra, esta solugio poderd ter 0 inconveniente de a prescrigSo ©) Cr. Acéntio do Tribunal da Relagio do Porto de 9 de Agosto de 2008 (procesto 9° DB2095, in hunuswane dsp): — A absovigdo de intdncia no abst aque se proponha coutraaceée sobre 0 mesmo objeco (a. 282°, a* I, do CPC). Ul ~ Os eflos cits devivados 4a propia da eyo designadamente a imterrudo da prescrgho, manténese sempre, deste ‘qe @ nova ecco seja proposta enre ax mesias partes e a ace sejainewda, ot a ciara “evada a cabo, dentro do reso estabelecid por lel (J. © Acéxao deciiu que sadist, ssi, ne segunda scgio, o benctsio da interupgio da presrgio devant da eta dos rus, por feito da pliengg0 do m3 do astigo 327° do C.C. ef. n® 2 do arigo 289° do CFC). Em sen lio dives, rintewse © Acérdso do STI de | de Jllo de 2009 (roeeso 0° STUN7-TTPRT'SI, in htigulwardgsip): 1 — A matte arent @ prescrede ¢ cadusdade dos direos, inellade 0s gfetios que dele decorrem, ¢ regulada pela lei eli, ndo tendo, guano & mesa, aplicagan 0 Aispaio non. 2 do art 259° do Cage de Processo Cl.) | se consumar enquanto o processo est pendente (®). Esta circunsténcia inviabi- lizaria, assim, a possibilidade de ser intentada uma segunda acgio, uma vez que os direitos que se pretenderia fazer valer ja seriam inopontveis, porque prescritos, Antecipando esta eventualidade, o legislador acautela os direitos do titular do direito no n2 3 do artiga 327° do CC. [std em causa uma solugdo que visa neutralizar as consequéncias que decor reriam da regra prevista no n.° 2 do artigo 327-° e que, nese sentido, trade numa ditagéio dos efeitos da interrupgto da prescrigao. Exige-se, em todo 0 caso, {que estejamos perante um morivo processual néo impurdvel ao sinular do dlireito, Nesia circunstincia, a prescrigio nao se considera completada antes de finda: rem dois nieses imediatos ao trdusito em julgado da decisto, Por outras pala vias, admitis-5e-4 um prolongamento dos efeitos da interrupgdo até aos dois ‘meses subsequentes a0 trinsito em julgado da decisto, que se justifieard pelo facto de a decisio se fundar em circunstancias proces serd alheto (6), IV. © problema suscitado pela seferida norma reside na determina sentido da expressio morivo processual ndo imputdvel ao titular do diveito Antes de mais, dir-se~i que 0 n.° 3 do artigo 327° nfo poderi ser dissociado de uma ideia de culpa, devendo entender-se que o legislador faz depender a Jilago do efeito intesruptivo da prescri¢io da auséncia de um eomportamento do titular do dieito susceptivel de ser objecto de um jufzo de censura. A apli- cago da norma em andlise estd, assim, dependente da insusceptibilidade de se poder qualificar a conduta processual do titular do direito como culposa. Nesta medida, na interpretagdo que sustentamos, pelas razses que serio explanadas de seguida, 0 regime consagrado no n° 3 do axtigo 327° exige, como pressuposto de aplicagio, mais do que um mero nexo de causalidade material entre o facto praticado pelo titular do direito e a decisio de absolvicz0 dda instincia. Serd. pois. indispensavel que a referida relagio de causalidade iio soja acompanhada de um elemento subjectivo, isto é, de uma condata cul- post por parte do titular de direito V. A leitura acima sustentada pode ser suportada, env primeiro lugar, n0 elemento histérico da interpretagio, Nos Trabalhos Preparat6rios do C.C. adi tia-se o prolongamento dos efeitos da interrupezo da preseriga0, no caso de nko cchegar a ser proferida uma decisio de mérito sobre o 250, mas uma mera de () Conscente desta eventualdade, ef, Vaz Stana, Prescrigdo exiatva ¢ eaductdade, BMI, n® 106, ota n® 1010, pp. 257 8 258. (@0) CE. Cura 08 SK, Modos de Estingdo das Obrigasdes, cite p. 259, e so de extingio da insténcia, fundada numa eonduta processual nfo eulposa do tiwlar do diteito: “(..J esta decisdo [de exingdo da instancia} pode ndo ser devida a negligéncia do titular, dado que, por exemplo, pode ndo the ser impu- tdvel o facto de ter propesto a aegéo nun tribunal incanpetente (pede ser dif- eil a interpretago da lei sobre a competéncia). Parece, pois, de dispor ue. se 0 pedido judicial & rejeitado por algun motivo processual, no imputdvel eo fizor, tem este wn praco suplementar de sessenta dias para fazer valer 0 set dineito, caso 0 prazo da prescrigéo tenka findado entretento, contando-se aquele prazo da publicagdo ou notficagdo da sentenga, corforme ela nao deva ow deva ser netificada (%)" (islico nosso). O Anteprojecto de Vaz SeRRA. que steve na base da actual redacedio do n2 3 do artigo 3272, acolhia, justamente, a idela de imputabilidade e exigin que, para efeitos do texonhecimento do bene- ficio do prazo suplementar de prescrcfio,o desfecho do arocesso no se fundasse numa attude processual culposa por parte do titular de direito (®), VI. Bin segundo lugar, a esteeita velco entre imputabilidade culpa decorre do elemento sistemético, Na verdade, 0 n.* 2 do artigo 323° do C.C., que acolhe as hipéteses de interrupgtio por acto do titular do diteito, reconhece relevaincia as situagées de citago ou notificagio frustrada por causa ndo impu- tdvel a0 requerente. EB essa expresstio tem sido unanimemente interpretada cenguanto sindnimo de ndo devida @ culpa do titular do direito (*}, Nesta () CF, Vaz Seana, Prescrigtio extnine ¢ caducidade, BMI, a2 106, nota a? 1010, pp. 257 a 288 (9) Ar 27° (es ¢dopto da arerrupyo) — (.). 4. Quando o or desist da ins- rancia, ow 0 seo absolid da insta on esa fgue desert « nova presceeto comer da dda do act inerrapive. Mas, eo pedo dial néo for ated, paragon motivo process ‘noice ao aor do meno pelo, tm este pase suplenetar de sessnta das para fet vuler 0 ven diet. quando prose da presrio tela entvetantsfndado, contando-se aguele praco da publicapdo cu da notficagdo da sentenca, conforme elt deva on néo ser noiieada (Col. 6. Se 0 melo judicial fo dedicdo peronte rbunal incompernie «ese meio, declarada @ ‘ncomperncia do wibunal, contauarperauteo tribunal competent, a iterrapyéo da presi, produce pela cagée ou notfleagdo Juda! na causa dedicidaperanteaguele tribunal, dire laid que passe ev julgo «deca qe ponko trmo @ causa no jz conpeteie, nos reves do 153° Se, porn, melo judcal for ento,e no a mesmo deo no ibaa inconpetene, 80 inse efcdcia inerraptva de primeira cltagdo ou nefeapo, mas deta camega a corre © oxo praco da prescrgda, com apliearde do disposte no $ 4°, Presergéo exit ¢ eadueldede BMI,” 107, p. 296, (A propésito de norma congénere do Céligo Civil de Seabr, Dias Maxgues, exis, ‘con pressuposto de apicago de nonmtivo, dois elementes: a} demo da eto: b) to imps {abit dessa demeora 20 autor, resripdo Eutitiva, et, pp. 18 a 150. O segundo requisito emmonarsei pei fee deers exit de aor gu oe pdesse ser auibudo alo de dole ou culpa. Nessa medida, se ene o autre Fact no hot ‘esse mais do que um simples nexo de eausalidade material nip acompahada de dolo ou de Pome a TT medida, estar-se-d perante uma cause imputdvel ao requerente, para efeitos do n2 2 do artigo 323°, se 0 mesmo podia e devia ter gctuado de outta forma, portanto, se lhe fosse exigivel (e possivel) uma conduta distinta. A jurispradéncia fem contribuido, de modo relevante, para © esclarecimento da referia previsio legal (). Assim, a utulo exemplificativo, a norma seré aplicdvel nas hipsteses de nfo pagamento, pelo autor, do preparo inicial; de indicagio de falsa resi- dencin do réu; de envio da petigdo inicial sem duplicados (#) ow, no termo do razo para 0 efeito, cesacompanhada dos documentos corsespondentes (©. VIL. Em terceiro lugar, 0 elemento teleolégico postula, igualmente, interpretagio prudente don’ 3 do artigo 327 do CC, Com efeito, se 0 propésito legislative no fosse penalizar apenas 2s condutas Processuais assentes em erro grosseiro ou, pelo menos, censurdvel, ficaria pre- Judicada a operatividade daquela norma. Na verdade, na generalidade das hip6- teses, a decistio de absolvigio da instincia ser motivada por uma conduta (reve- fda por uma acgio ou omissio) do titular do direita, a quem pertence a inicitiva uma culpa © atigo seria plerament apisvel. Seri facto imputives 20 auto, designadamonte: no ter requrido a itag80 com precedéncia da dstbuig no ver Wemifiendo cortectarente 0 120; ter demorado o pagamento do preparo ince. A siangfo sera divers seo ato Tose devido 20 facto de o 160 ta procure esquvarso 8 eto, e deo ju ilo ter owdenado imeditanente 4 citagio, o mau funsionamento da secretria, ov a e290 Torito Ov de Fores maior. ab. i. p. 150 (6) Cente utes, Mesto do STI de 30 de Abi de 1996 (BM), n? 456, 1996, pp. 376 1383), gue se ransoreve parte do suiviio ca decisfo (..) I). A expresso aeausa nib np ‘vel ao reqnerenes, used no amigo 323." do Cédigo Ci, xdeve ser interpretada em termos de cause objectiva, ow mele. condita do requeente 28 esl a interripedo da reser aro tea infngide objetivo ai en guar kr processal nd eta da eho (0) Ci, Actito do ST) de 24 de Margo de 1999 (AD, Ano 38,1? 456, Dezembro de 1999, pp. 1621 a 1628. (.) I. Nesta medi, para poder benefciar do regime refer no cto pre ‘eto {n° 2 do artigo 323.’ do CC. 0 ator terd de comprir dae condi: requerer cl ‘io do réu cinco dias ames do termo do preco presricionl: evita que eventual etardernento a ego hese inputve.nerpetandoce eta itina sito em ternos de eee abe ta, de tal modo que 0 reardntento da elo 26 ser inputvel ao enor quando este vel oer tivamente ate, designadamente quatdo nto proceda ao pagamento do prepero tical, quando Jndige fsa residéncia do réu on quando ndo tenka enregie os necessriesdiplicndes. @) Mais recentemente. ef. Acsrato do STI de 26 de Novembro de 2008 (processo sn? 0882568, in hupvuwdesip) (..) VII — Tendo 0 enfordisponbiizede apenas cmt 29 de Junho de 2005 os dipicados dos documentos que ecompanvan a petit lindspensdvls pare raced 2 citag2o), pode to feto ante, e ndo tendo, sequer, requeride, sea a urgent cit. lo da, sje a sua eta previa, a sua actuagdo nose process com digencia devia em ‘dem a obier do wibwnal no praze considera peo legitader como nornelmente bastante pare ‘ano, a pte do acto tuerruptvo da prescricdo, au se a cto, sendo-tie, por iss, ine vel a circunsutncia de 0 cit ter sido efeetwada para além do dia 1 de Julho de 2005 € 0 impulso processual, pelo que sempre Ihe serd imputdrel (®). Lida a norma neste sentido, frustrar-se-i © designio legislativo subjacente 19 n° 3 do artigo 3272, ro 6, protelar a interrupgiio da prescrigtio, sempre que nfo se vislumbre fun-

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