Você está na página 1de 1

Felicidade?

Viver. Refletir sobre isso é, como dizem, “um balaio de gatos”. Mas eu sou insistente, então
irei escrever um punhado de frases clichè e mais algumas inutilidades.
Primeiro, a pergunta de um milhão de dólares; “Qual o sentido da vida?”. Considero que a
resposta dessa pergunta seja totalmente subjetiva e talvez o que faz com que tenhamos algum
relacionamento com qualquer pessoa que seja é o conteúdo dessa resposta. Se vejo na minha vida
uma oportunidade de tornar o mundo melhor para as pessoas que amo, mesmo com a infinidade de
possibilidades e cursos de ação que isso acarreta, vou acabar me aproximando de outros que
também pensam assim e provavelmente desenvolver amizades ou ao menos contato com eles. A
resposta dessa questão, entretanto, é apenas um reflexo do que penso, sinto e como ajo, mas serve
de base para muita coisa.
Daí a base para a reflexão em si e a reflexão sobre o por que algumas pessoas precisam
refletir sobre suas vidas e outras não o fazem, por não terem capacidade para tal, por não terem
muito sobre o que refletir, por não sentirem a necessidade de tal ou talvez por tudo isso ao mesmo
tempo. Fato é que eu reflito sobre minha vida constantemente. Na maioria das vezes penso que essa
necessidade vem do fato de eu não ter muita certeza de como fazer as coisas, ou de não ter vontade
de fazer certas coisas, as quais a maioria das pessoas não veria motivo para eu não querer fazer.
Voltando à reflexão geral, muitas pessoas preferem talvez não pensar no assunto e
simplesmente “ir levando”. Parece funcionar para eles. Não sei se as pessoas que refletem sobre
suas vidas vivem melhor ou não, mas creio que vivem de forma diferente, ao menos. Essa é a forma
que eu vejo a moral toda do filme “Matrix”, por exemplo. Os “despertos” têm muito mais
dificuldades que os outros mas têm muito mais possibilidades também. Vamos aos clichès:
− “A ignorância é uma bênção”: Pulemos a parte de discutir quem é ignorante e vamos aos
ignorantes a conhecimentos além de sua compreensão. Realmente receber um
conhecimento que não se entende e talvez nunca se vá entender pode tornar a vida de
alguém pior, mas como vai se saber? O complexo para um pode ser simples para outro, o
abstrato para um pode ser concreto para outro. A ignorância é um desperdício de
potencial de gerar mais conhecimento.
− “A felicidade está nas coisas simples”: Conceito demasiadamente positivista. Talvez
comprar pão na mesma esquina, à mesma hora, durante toda a vida possa trazer uma
ilusão de segurança e ordem, que gera um contentamento no sujeito. Mas o sujeito pode
ter perdido a vida toda comprando um pão pior e mais caro que o da esquina seguinte.
Existe uma infinidade de coisas que poderiam ter sido feitas ao invés dessa, mas não ter
certeza de o que pode se fazer traz insegurança. “(...)É a solução de quem não quer
perder aquilo que se tem e fecha a mão para o que advir”. Perde-se as possibilidades em
troca de segurança. Isso é covardia, não felicidade.
− “Mente vazia é a casa do diabo”: Mal entendido. Muitos acham que temos de ocupar
nossas mentes com coisas cotidianas e corriqueiras, para não perdermos o sentido que há
na vida. É justamente o contrário. O não saber o que fazer faz com que busquemos
soluções e alternativas, nos faz ir além do comum, fazer alguma diferença. Não há nada
errado em refletir, em ter um tanto diário de ócio. A falta desse ócio gera alienação,
comodismo. “(...)É preciso força para sonhar e perceber que a estrada vai além do que
se vê”.
Concluindo, não há conclusão. É difícil dizer se alguém é mais feliz tendo uma ilusão de
segurança e ordem ou buscando sempre algo que está além. A busca incessante torna a vida
demasiadamente insatisfatória. Talvez a resposta seja o equilíbrio. Saber a hora de parar de buscar.
Talvez essa hora não exista e todos que se julgam satisfeitos são, na verdade, acomodados.

Rafael Marréga Rezende,


16 de Agosto de 2010.

Você também pode gostar