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Estado Novo
Constituição Portuguesa de
1933

Trabalho efectuado no âmbito da disciplina de


História da Administração Pública Portuguesa.

João Cruz
ISCSP
30/5/2010
Índice

• Introdução.....................................................................................
...Pág 3

• Portugal antes do Estado


Novo........................................................Pág 4

• Novo rumo com novo


lider..............................................................Pág 5

• O início do Estado
Novo...................................................................Pág de 6 a 9

• A Constituição de
1993....................................................................Pág 10 e 11

• Queda do Império
Salazarista..........................................................Pág 11

• Conclusão.....................................................................................
....Pág 12

• Bibliografia....................................................................................
..Pág 13

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Introdução

Portugal, ao longo do século XX, apresentou várias carências, tanto a


nivel politico, como economico ou até mesmo social.

A evolução dos tempos, acompanhou as evolução das mentalidades


da população e dos seus lideres politicos, sendo estes determinantes
para o desenvolvimento do país.

O Estado Novo, caracteriza-se por ser um especial tempo da nossa


história, por um lado Portugal viveu durante uma ditadura, com
liberdades condicionadas durante 41 anos, mas por outro lado, evitou
guerras e conseguiu evoluir o seu poderio economico.

Para além do tipo de politica, foi introduzido neste tempo, um grande


marco na nossa história, a formulação da constituição de 1933, que
veio trazer novas prioridades e novas regras.

Assim, este tempo da nossa história, veio mudar comportamentos, e


influênciar todo o rumo que Portugal seguiu, e sem o qual, nunca se
tornaria no que é hoje em dia.

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Portugal antes do Estado Novo

Depois da queda da monarquia, em 1910, Portugal foi governado por


um regime provisório presidido por Teófilo Braga. Com inspirações
plenamente republicanas, o idoso professor do curso superior de
letras, juntamente com a ajuda de António José de Almeida, Afonso
Costa, Bernardino Machado e de Brito Camacho, conseguiu resolver
alguns problemas do seio interno do país, atingindo grande parte dos
objectivos previamente estabelecidos.

Porém, em 1926, começa um novo ciclo de mudança em Portugal,


uma implementação de uma ditadura por parte dos militares do país,
regime de caractér provisório, com a suspensão das normas
referentes à constituição de 1911.

Em 1928, Portugal era governado por Sinel de Cordes (homem que


“destronou” Gomes da Costa, com um golpe de estado) e por Óscar
Carmona. No entanto, esta dupla só deu maus resultados a Portugal,
fazendo com que o país se afundá-se mais do que o que já estava,
sobretudo com niveis de déficit muito baixos.

Os tempos eram dificeis, e a governação do país mediocre, desta


maneira, o povo começou a afirmar-se, com revoltas e duvidas
quanto ao trabalho do governo ditatorial. Assim, Foram feitas várias
medidas repressivas, por parte do estado, para que o povo fosse

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calado e sem opinião, como as medidas de censura feitas á impresa.
Porém, a revolta do povo passou para um nivel superior, quando em
1927, um movimento revolucionário tentou acabar com o regime.
Contudo, as tentaivas tanto em 1927, como futuramente em 1928,
não saíriam vitoriosas, com o governo a resistir e aniquilar tal acto
revolucionário, acabando no final com centenas de mortos.

Para além destas acções de revolta, foram feitas mais algumas


durante os anos de ditadura, mas não de tão impacto como as de
1927 e de 1928, tendo a ditadura sempre vencido e impondo a sua
vontade.

Novo rumo com novo lider

Perante o cenério negro que portugal atravessava, era necessário, um


plano de emergência, para melhorar o desenvolvimento economico,
social e politico do país.

È então, que em 1928, o coronel Vicente de Freitas, forma um novo


ministério, e inclui neste, António de Oliveira Salazar, a chefiar o
ministério das finanças.

Professor de Economia na Universidade de Coimbra, Oliveira Salazar,


de 39 anos, assume um papel com elevada relevância no controlo das
finaças do país durante a 1ª República, Salazar havia sido como
deputado católico para o Parlamento Republicano em 1921. Era visto
como o representante ideal pela Extrema-Direita Católica. Para além
do seu carisma e respeito, Salazar, apenas aceitou o Cargo de
Ministro das finanças na condição de poder supervisar os orçamentos
de todos os ministérios e de ter direito de veto nos aumentos de
despesa respectivos.

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Apesar da severidade do regime que impôs, publicou em 14 de Maio
de 1928 a Reforma Orçamental, contribuindo para que o ano
económico de 1928-1929 registasse um saldo positivo, o que lhe
granjeou prestígio, e fosse adorado pela população.

Com o passar do tempo, Salazar vai impondo revelando as suas


ideias, não só economicas e financeiras, mas tambem assuntos
militares, sociais e governativos, chegando a fazer discursos à
populção sobre estas matérias.

È então, chegado o dia que já se esperava, decorria o ano de 1932,


quando Domingos de Oliveira cede o lugar ao ex-ministro das
finanças. Imediatamente aseguir à sua tomada de posse, Salazar
formou um ministério de individuos da sua geração, que o viam como
ideal.

O início do Estado Novo

O auto-proclamado chefe, rápido impôs a sua vontade e os seus


planos políticos, e assim, rejeitou qualquer tipo de exaltação contra a
sua forma de governação ou qualquer tipo de entendimento com os
grupos de oposição.

Em 1933, é publicada uma nova constiuição Portuguesa, documento


este que visa várias alterações da cosntituição anterior, e que marca
um inicio de um ciclo que perduraria durante 41 anos no nosso país: o
inicio do Estado Novo.

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Oliveira Salazar, considerou o
corporativismo como a faceta do seu
regime com maiores potencialidades
futuras, várias personalidades
apoiantes do Estado Novo
apresentaram aquele regime político
como tendo sido inspirado nas
doutrinas corporativas do
Integralismo Lusitano.

Para além de ser considerado


corporativista, o novo governo
caracterizava-se também, por ser
antiparlamentar e antipartidário, pois o único partido político aceite
Ilustração 1 – António de
pela força política, que na altura era
Oliveira Salazar
responsável pela apresentação de candidaturas aos órgãos electivos
de poder, foi a União Nacional, sendo que os restantes foram
ilegalizados e banidos.

Neste regime ditatorial, o governo tem simultaneamente o poder


executivo e legislativo, e por sua vez os poderes do Governo estão
fortemente centralizados e reforçados nas mãos de Salazar. O
Presidente da República tinha somente funções meramente
cerimoniais, embora tivesse o poder de escolher e demitir o
Presidente do Conselho de Ministros. Mas este poder nunca foi
utilizado visto que o cargo de Presidente da República era sempre
ocupado por um partidário da União Nacional e apoiante do
Presidente do Conselho de Ministros.

Para além destes factores acima referidos, este regime detinha ainda
multiplas caracteristicas, muitas delas também influênciadas por
outros sistemas de governação idênticos aos de Salazar:

1. O Estado Novo autoritário declarava-se limitado pelo Direito e


pela Moral cristã, considerando, por isso, não ser classificável

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como um regime totalitário, considerando-se sempre um Estado
de direito;
2. O culto do Chefe, Salazar, é representado como um chefe
paternal, mas austero, sem as poses bombásticas e militaristas
do seu congénere Mussolini; Salazar era muitas vezes
mencionado como o "salvador da Pátria";
3. Tal como outros regimes autoritários da época, o Estado Novo
possuia lemas para mostrar resumidamente a sua ideologia e
doutrina;
4. Uma ideologia com forte componente católica, associando-se o
regime à Igreja Católica através da Concordata entre a Santa Sé
e Portugal, em 1940;
5. Um serviço de censura prévia às publicações periódicas,
emissões de rádio e de televisão, e de fiscalização de
publicações não periódicas nacionais e estrangeiras,
protegendo permanentemente a doutrina e ideologia do Estado
Novo e defendendo a moral e os bons
costumes;
6. O regime apoia-se na propaganda
política para difundir os bons
costumes, a doutrina e a ideologia
defendida pelo Estado Novo;
7. Apoia-se nas organizações juvenis,
como a Mocidade Portuguesa, para
ensinar aos jovens a ideologia
defendida pelo regime e ensiná-los a
obedecer e a respeitar o líder;

8. Uma polícia política repressiva, mais conhecida por PIDE,


omnipresente e detentora de grande poder, que reprime
apenas qualquer oposição política expressa ao regime, de
Ilustração 2 – Mocidade
acordo com critérios de Portuguesa
selectividade pontual, nunca se responsabilizando por crimes
de massas, ao contrário das suas congéneres italiana e

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especialmente alemã, a PIDE semeia o terror, o medo e o
silêncio nos sectores oposicionistas que fossem activos na
sociedade portuguesa, protegendo o regime de qualquer
Oposição organizada, e com visibilidade pública; os opositores
políticos mais activistas eram interrogados e, aqueles que
apoiavam ou pertenciam a organizações que defendiam a luta
armada contra o Regime ou que tinham ligações às potências
inimigas de Portugal eram por vezes torturados e detidos em
prisões;

9. Um discurso e uma prática anticomunistas, tanto na ordem


interna como na externa, que leva o regime a combater o
Comunismo e a aliar-se ao lado dos E.U.A, durante a Guerra
Fria, juntando-se à NATO, em 1949;
10. Uma economia capitalista controlada e regulada por cartéis
constituídos e supervisionados pelo Governo, detentores de
grandes privilégios, conservadores, receosa da inovação e do
desenvolvimento, que só admitirá a abertura da economia e a
entrada regulada de capitais estrangeiros numa fase tardia da
história do regime, na década de 50;
11. O regime era muito conservador, tentando controlar o processo
de modernização do País, pois Salazar temia que se esta não
fosse controlada, iria destruir os valores religiosos, culturais e
rurais da Nação. Este medo de uma modernização segundo os
modelos capitalistas puros que imperavam no Mundo Ocidental
contribuiu, depois da Segunda Guerra Mundial, para o
distanciameto progressivo de Portugal em relação a outros
países ocidentais, principalmente nas áreas das ciências, da
tecnologia e da cultura;
12. Uma forte tutela sobre o movimento sindical, proibindo todos os
sindicatos, exceptuando aqueles controlados pelo Estado, e
procurando organizar os operários e os patrões de cada
profissão em corporações, organizações controladas pelo
Estado que pretendiam conciliar harmoniosamente os

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interesses do operariado e do patronato, prevenindo assim a
luta de classes e a agitação social e protegendo os
interesses/unidade da Nação.

Para além das fortes medidas tomadas por Salazar, para calar todos
os que estavam contra ele, houve alguma acções quase sempre
tomadas por parte do povo, que abalaram o regime ditatorial do
chefe Salazar.

Os Nacionais-Sindicalistas e grupos Anarquicos de esquerda,


tentaram pôr fim ao regime, tentando mesmo matar Salazar. Nos
anos 1937 e 1938, houve várias tentativas de matar o ditador
Português. Houve também, em 1961, uma tentativa golpista contra o
regime por parte de militares democráticos, várias acções armadas,
protagonizadas pelo Partido Comunista Português contra o estado
Salazarista. Também os estudantes se revoltaram, exigindo o fim da
ditatura e da guerra colonial e também pelo grande fluxo de
emigração dos Portuguêses que procuravam fugir ao regime ditatorial
de Salazar, procurando uma vida melhor, principalmente em França.

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A Constituição de 1933

Um ano depois, de ter tomado posse da chefia do governo, Salazar,


decidiu reunir um grupo de professores de Direito, para que estes
criassem uma constiuição. Assim, a Constituição politica da republica
Portuguesa de 1933, é promulgada no dia 22 de Fevereiro, e
aprovada no dia 19 de Março de 1933.

Esta constituição, veio oficializar a criação e imposição do Estado


Novo, ou seja, o novo tipo de regime que iria governar os
Portugueses.

Uma das pricipais caracteristicas deste tipo de governo, é o facto de o


chefe do Governo, Salazar, deter o poder máximo para delegar sobre
todo e qualquer tipo de assunto do Estado. Ainda assim, esta
constituição, admitia a existência de uma Assembleia Nacional e de
uma Camâra Corporativa, porém estas eram ambas compostas por
elementos próximos do regime.

Antes da criação desta constituição, Portugal regia-se pela anterior


constituição feita em 1911, pela Carta Constitucional de 1826 e pelas
Constituições Alemãs de 1871 e de 1919. Tendo sido esta criada por
Salazar, este viu concretizado todos os seus ideais e teorias em corpo
oficial, tendo sido inspirado pela doutrina corporativista, pela igreja e
pelas concessões nacionalistas. Salazar era tido como o chefe
supremo do país, transmitindo uma confiança total sobre a
população, porém a constituição não era seguida á letra por Salazar,
visto que era o Presidente da Republica que prestava contas perante
Salazar, que era Lider do conselho de Ministros.

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Para além das caracteristicas da constituição referidas anteriormente,
haviam mais alguns pontos-chave que compunham a Cosntituição de
1933, como por exemplo, o estabelecimento de um governo
ideológico nacionalista, capaz de estabelecer o poder nacional nas
forças armadas, a criação de uma assembleia nacional de um único
partido de inspirações nacionalistas para que houvesse igualdade de
poderes e para a promoção de uma representação popular maior nas
leis, a junção da presidência da republica com o conselho de
ministros, a criação de uma câmara corporativa para fixar as
ideologias nacionais, a militarização dos orgãos publicos, fixando as
forças armadas no poder do controlo nacional e dar à Presidência da
República o poder de legislar por força de Decretos-lei.

Em suma, o tipo de regime era considerado como uma República


Corporativa de forma unitária regional, incluíndo ainda as colónias
portuguesas, consagrando o ideal de Salazar de preservar o império
português "do Minho a Timor".

Em 1951, foi feita uma revisão, onde foi decidido e inserido na


constituição portuguesa, o acto colonial.

Queda do Império Salazarista

O Estado Novo, após 41 anos de vida, é


finalmente derrubado no dia 25 de Abril
de 1974.Já com Salazar fora do governo
por motivos de saúde, e com a tomade
do poder por Marcello Caetano, a
revolução aconteceu, o golpe que
acabou com o regime foi efectuado

Ilustração 3 – Revolução dos


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Cravos
pelos militares do Movimento das Forças Armadas.Para além do MFA,
a população também aderiu em massa a esta revolta, pois estava
cansada da repressão, da censura, da guerra colonial e da má
situação económico-financeira. O regime caiu sem ter quase
nenhuma oposição por parte do governo, e com estes
acontecimentos, foi feita a rendição por parte de Marcello Caetano,
sitiado pelo capitão Salgueiro Maia, no Quartel do Carmo. A este
golpe deu-se o nome de Revolução dos Cravos.

Conclusão

Em suma, com este trabalho, pude concluir que este tempo da nossa
história, o Estado Salazarista, é sem dúvida um dos tempos mais
importantes da nossa história, tempo esse em que o chefe do povo,
Salazar, impôs as suas vontades e crenças, moldando assim o país à
sua imagem ideal, calando todos os que se oponham contra ele e
contra as suas medidas, mas também ajudando o país a sair de uma
grande crise financeira depois da Primeira Republica

Optei pela escolha deste tema, por ser para mim, um dos mais
importantes tempos da nossa história, e a que mais me cativou.
Desde a escolha do tema, optei por fazer um profundo estudo sobre o
assunto, recolhendo informação, de todo o tipo de fontes, desde
livros, videos e sites da internet.

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Bibliografia

Livros:

A.H de Oliveira Marques, Breve História de Portugal, Editorial


Presença, 2003

Damião Peres, Como Nasceu Portugal, Editora Vertente

Sites:

www.google.pt

www.youtube.com

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