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EXEMPLAR Nº
GNR
LISBOA
08MAR03
NEP/GNR – 3,04

Assunto: SEGURANÇA DE PATRULHAS EMPENHADAS EM SERVIÇO DE


FISCALIZAÇÃO DO TRANSITO (PATRULHAMENTO NORMAL E
OPERAÇÕES STOP)

Refera: a) Directiva nº 05/80, de 14 de Abril, do CG/GNR/3ª Rep


b) Despacho de 12JAN81 do Exmo. General Comandante Geral
c) Nota nº 2870/OP, de 12MAR81, do OG/GNR/3ª Rep
d) Nota nº 993/OP, de 06ABR82, do CG/GNR/3ª Rep

A – INTRODUÇÃO

1. Sobre o actual quadro da segurança pública no país foram, nos


últimos anos, distribuídos ao dispositivo diversos documentos
doutrinários e directivas orientadoras para a actuação dos
diversos escalões de comando e dos militares da Guarda, em
geral, tendo em vista, como objectivo conclusivo, levar os
efectivos à prática sistemática de elementares medidas de
segurança, tanto no interior dos quartéis como no exterior e,
neste último caso, quer no cumprimento de qualquer missão de
serviço, quer no âmbito da vida particular de cada um.

2, De entre aqueles documentos e directivas, destacam-se os


indicados na referência, esperando-se que os diferentes
escalões de comando e o pessoal, na generalidade, esteja hoje
mais consciente do que ontem dos riscos profissionais que cada
militar da Guarda corre só pelo facto de pertencer a uma Força
de Segurança e que, por isso, todos estejam agora em melhores
condições de, por acção de prudência calculada, evitar as
situações de risco que podem, efectivamente, ser evitadas.

3. Porque tais situações de risco ocorrem mais frequentemente no


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serviço de fiscalização do trânsito rodoviário -tanto no
patrulhamento normal, como na realização de operações stop-
entendeu-se conveniente preparar um conjunto de normas, cuja
observância se considera indispensável durante a execução
daquele serviço.

São essas normas que, para rigoroso cumprimento, a seguir se


enunciam.

B – NORMAS DE PROCEDIMENTO

1. SEGURANÇA FíSICA DAS PATRULHAS

(a) PATRULHA DE 2 ELEMENTOS

Ambos devem ficar do mesmo lado da via, permanecendo um


junto da viatura da Guarda, a uma distância que lhe permita
controlar as comunicações rádio e ao mesmo tempo lhe possa
garantir a segurança física da Patrulha. Este elemento
deverá estar muito atento a tudo o que se passe na viatura
a fiscalizar, em especial às atitudes dos utentes do
veículo, pois o mais ligeiro pormenor pode ser extremamente
importante para salvaguardar a segurança física dos dois
elementos. Por isso, só excepcionalmente participará no
serviço de fiscalização.
«
O outro elemento procederá à fiscalização, devendo, antes
de tudo, observar bem os ocupantes da viatura, pois muitas
vezes o seu aspecto suspeito e comportamento irregular
poderão desde logo contribuir para o controle de uma
situação que, sem esse cuidado, se tornaria
perigosa
fig. 1)

(b) PATRULHA DE 3 ELEMENTOS

Este tipo de patrulha será utilizado em condições


especiais, tais como em locais ermos, de noite ou em
ocasiões que impliquem precauções invulgares, devendo um
dos elementos da
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patrulha ser armado com espingarda automática. Este elemento ficará


junto da viatura da Guarda e constituíra a segurança dos outros
elementos fiscalizadores, sem tomar parte na fiscalização, pois a
sua missão principal, além das comunicações rádio, é de observar
os comportamentos dos fiscalizadores, de modo a que possa alertar
imediatamente os outros dois camaradas logo que suspeite de
qualquer atitude ou comportamento irregular dos ocupantes do
veículo fiscalizado.

A espingarda automática deverá estar sempre preparada para ser


utilizada eficazmente, embora naturalmente só deva ser empunhada
quando a situação o exigir. Os outros dois elementos da patrulha,
que são os fiscalizadores, colocar-se-ão de um e outro lado da
estrada para fiscalizar o seu sentido de trânsito, devendo ficar
separados por uma distância que permita a segurança imediata de
toda a patrulha (fig. 2).

(c) PATRULHA DE 5 ELEMENTOS

Este tipo de patrulha será utilizado quando houver necessidade de


fiscalizar vários veículos ao mesmo tempo, sem que haja qualquer
suspeita de crime grave (assalto à mão armada, contrabando, tráfico
de armas, atentados, etc.).

Numa operação desta natureza, o comandante da força deverá tomar


as medidas de segurança convenientes, destinando dois ou três
elementos para efectuar a fiscalização e de preferência um elemento
de vigilância para cada grupo de três veículos fiscalizados (fig.
3).

O Comandante da patrulha ficará junto da viatura da Guarda, onde,


além de prestar atenção às comunicações rádio, observará -
atentamente o trabalho dos seus subordinados, sempre tendo em
atenção qualquer manobra inopinada dos fiscalizados.

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(d) PATRULHAS EM OPERAÇÕES STOP (COM BARRAGEM DE ESTRADA) - Figs. 4 e 5

Este tipo de operação (barragem de estrada) adoptar-se-á quando


forem recebidas informações concludentes de cometimento de crime
grave (assaltos à mão armada, fuga de reclusos, contrabando,
tráfico de armas, atentados terroristas, etc.).

A finalidade das patrulhas será a de controlar e fiscalizar os


veículos, pessoas e coisas que neles se transportem, nas vias de
comunicação suspeitas. Como as barragens de estrada causam
perturbações no trânsito e podem mesmo criar situações de perigo de
acidente, devem escolher-se cuidadosamente os locais de aplicação
do dispositivo, evitando-se:

- troços em rampa acentuada;

- troços cujo traçado reduza a menos de 8O metros a distância


a que o condutor possa ver os sinais reguladores de trânsito
que lhe sejam feitos por elementos das patrulhas de
advertência;

- estrangulamentos, bifurcações, curvas apertadas ou


encobertas, lombas ou cruzamentos de estradas.

O dispositivo típico deverá incluir:

- Uma patrulha de 2 elementos com a missão de avisar os


condutores da proximidade de obstáculos à sua frente (fará
sinal de afrouxar) e que deverá estar preparada para se opor
a uma eventual tentativa de fuga, por inversão do sentido de
marcha ou por abandono do veículo. Esta patrulha deverá
dispor de uma raquete de sinais que, para o serviço
nocturno, terá de ser fluorescente e deverá ser munida de
rádio portátil para comunicar com as patrulhas
fiscalizadoras.
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No local onde estaciona esta patrulha, deverá ser colocada


uma tabuleta com a indicação de "OPERAÇÃO STOP", devidamente
assinalada com uma lanterna de luz intermitente.

- Várias patrulhas a cerca de 10O metros daquela, que procedem


à fiscalização dos veículos suspeitos.

O número de patrulhas será o indicado pelo volume de tráfego


e pelo interesse de fiscalizar todos ou apenas alguns
veículos.

Dispõem-se ao longo da estrada, (por forma a que vários


carros sejam fiscalizados em simultaneidade.

- Uma chicana de 3 obstáculos (grades, cavalos de friza,


pedras, troncos, lagartas, tábuas com pregos, etc.), a cerca
de 2O metros da última patrulha fiscalizadora.

Estes obstáculos terão de ser bem assinalados, devendo


utilizar-se, para o efeito, lanternas de luz intermitente.

A chicana deverá permitir a passagem dos veículos, mas com


certa dificuldade.

A circulação dos veículos de um e de outro lado da chicana


será controlada por dois agentes, que deverão estar munidos
de uma raquete de sinais e que, constituindo a segurança
próxima dos elementos fiscalizadores, serão armados de
espingarda automática.

2 PROCEDIMENTO A ADOPTAR PELOS ELEMENTOS DA PATRULHA AQUANDO DA


ABORDAGEM AS VIATURAS A FISCALIZAR

Deve-se ter em consideração que há duas espécies de viaturas: as "não


suspeitas" e as "suspeitas".
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(a) VIATURAS NÃO SUSPEITAS

Dentro desta espécie de viaturas podem-se considerar as mandadas


parar pelo agente e as encontradas já paradas ou estacionadas.

No primeiro caso, o agente deve mantê-la sempre sob observação,


atento à menor atitude irregular dos seus ocupantes.

Após a paragem, examina rapidamente o aspecto do condutor e dos


passageiros. Ao pedir qualquer documento, fá-lo-á de modo a ficar
fora da área de abertura da porta, devendo colocar-se um pouco à
sua retaguarda. Também em caso algum o agente deverá "meter a
cabeça" dentro do veículo, aproveitando a abertura do vidro,
porquanto o condutor pode fazê-lo subir subitamente e assim
provocar o estrangulamento do agente.

Outra atitude de segurança do agente consiste em ordenar ao


condutor do veículo a fiscalizar que pare o motor.

No segundo caso, o agente deve parar o carro da patrulha à


retaguarda do veículo a fiscalizar, a distância conveniente, para
evitar que a viatura a abordar atinja de surpresa, em marcha atrás,
o carro da Guarda.

Em seguida, o elemento não condutor da patrulha irá observar,


rápida e cuidadosamente, o referido veículo, enquanto o condutor da
viatura da Guarda se mantém dentro dela, com o motor a trabalhar,
igualmente observando o comportamento do condutor e passageiros do
veículo abordado, para garantir a segurança do elemento
fiscalizador.

No caso da patrulha ser constituída por 3 elementos, o condutor


manter-se-á ao volante da viatura e um dos restantes elementos
garantirá a segurança da patrulha.

Só depois de se verificar que a viatura abordada não é suspeita, é


que o condutor da patrulha poderá parar o motor, enquanto o outro
elemento procederá à fiscalização nos moldes já descritos.
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(b) VIATURAS SUSPEITAS

Por principio, toda a viatura imobilizada em locais ermos ou não usuais, de noite
(a "horas mortas") ou aquelas para as quais existe pedido de apreensão, devem ser
consideradas como suspeitas.

Vamos então considerá-las como tal.

Se a patrulha suspeitar dos indivíduos encontrados dentro de um veiculo


estacionado, além de observar as regras já descritas para as viaturas não
suspeitas, deve ainda proceder da seguinte forma:

(1) Ordenar ao condutor que saia do veículo, não permitindo em nenhuma situação
que este fique ao volante.

(2) Enquanto um dos elementos da patrulha controla todos os indivíduos, o outro


elemento deve garantir a segurança do elemento fiscalizador, procurando uma
posição de onde melhor a possa efectuar, sem contudo ficar demasiadamente
afastado para poder intervir.

(3) Confirmada a suspeita de se tratarem de marginais, um dos elementos da


patrulha deve revistar os indivíduos, utilizando a técnica habitual para
estes casos e só depois transportá-los, solicitando ajuda quando for julgado
necessário.

Se a viatura suspeita for encontrada em andamento, a patrulha, para a mandar


parar, deverá fazê-lo só quando atinja um local onde o possa fazer com um mínimo
de segurança. Se se tornar necessário, a patrulha perseguirá a viatura suspeita a
distância conveniente, de modo a não a perder de vista, mas não tão próxima que
uma manobra repentina do veículo perseguido possa fazer perigar a segurança
física da patrulha.
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Quando for considerado o momento ideal para mandar parar a


viatura em causa, a patrulha chamará a atenção do condutor
por toques de sirene, buzina ou luzes e ordenará a sua
paragem. Se este não obedecer - o que acontece
frequentemente.- a viatura da Guarda deverá colocar-se, em
manobra rápida, ao lado do veículo perseguido, mas sempre
ligeiramente à sua retaguarda e a distância lateral
suficiente. Nesta posição o agente não condutor chamará a
atenção do condutor suspeito e ordenará a paragem do veículo.
Se, mesmo assim, a viatura não parar, a patrulha continuará a
perseguição até que lhe seja possível, ao mesmo tempo que
diligenciará, designadamente através da comunicação rádio, no
sentido de obter a intervenção de outras patrulhas que
eventualmente se encontrem na área. Entretanto, garantirá
sempre a sua própria segurança, não fazendo uso de armas de
fogo para forçar a paragem da viatura suspeita, salvo se do
interior desta houver uma reacção com uso de tais armas.

Caso se consuma, finalmente, a fuga, a patrulha iniciará


imediatamente diligências policiais adequadas com vista à
localização da viatura fugitiva e à identificação dos seus
ocupantes, sob orientação do imediato escalão de comando que,
se for caso disso, movimentará outras patrulhas para o
efeito.

Distribuição:
Listas: A, B, C, D, E e F O COMANDANTE GERAL

Alípio Tomé Pinto


General

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