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Centro Universitari io ce Sete Lagoas - UNIFEMIM Biblioteca Centrai “Dr. Jose Barbosa de Melo Santos” introdugao a Metrologia © Que E Metrologia? A palavra Metrologia ¢ formada pela junio de duas palavras gregas: + Metron ~ Medida © Logos — Ciéneia Metrologia é a ciéncia da medigdo e suas aplicagées. y —™ A Metrologia estuda todos os aspectos relacionados & tcoria e a pritica das medigées, == ocupando-se desde a pesquisa ¢ desenvolvimento de técnicas de medigées mais exatas até expresséo de resultados de medigio em atividades corriqueiras. Ou seja, qualquer medicio 3 realizada, em qualquer rea, € objeto de estudo da Metrologia. iz E E medicio, 0 que 6 g E 0 conjunto de operagdes que tém por objetivo determinar o valor de uma grandeza. Formalmente, € definida por: Processo de obtengao experimental dum ou mais-valores que podem ser, razoavelmente, atribuldos a uma grandeza. y Por ser experimental, a medigio exige uma pritica, ou seja, 0 uso de um dispositive que serd utilizado segundo uma técnica, para traduzir o valor de uma grandeza a partir de um nimero ¢ uma unidade, Por exemplo, podemos citar a medicio do tempo, que é feita com rel6gios e cronémetros, a medigéo de comprimento, que pode ser feita com réguas ¢ trenas, a medigio de temperatura com um termdmetro, etc: i i i Logo, a Metrologia tem a finalidade de proporcionar confiabilidade, credi- bilidade, universalidade e qualidade as medidas. Para isso, estuda todos os fatores que influenciam na determinagdo do valor de uma grandeza. Na inddstria existe uma frase muito conhecida, que diz: “O que nio é medido nao pode ser controlado”. A Metrologia € a principal responsavel pela representagio de uma varisvel do processo, 0 que possibilita que 0 controle deste seja tanto mais eficaz quanto melhor for o dominio sobre as medicdes efetuadas. Isso quer dizer que, para tomarmos uma acio, precisamos antes saber como esto as grandezas, envolvidas no processo. Vamos pensar em coisas simples, como o enchimento de uma garrafa de agua: 0 operador do processo (vocé) precisa tomar uma ago, que é fechar a torneira, Porém. para tomar essa ago voc€ precisa de uma informacio, que €a medigio do nivel de 4gua na gar- rafa. Vocé s6 poderd tomar a acio correta, que € fechar a torneira quando a garrafa estiver cheia, se a medicio de nivel for bem feita (souber exatamente o volume preenchido por égua). Talvez fechar a torneira com a garrafa nio estando totalmente cheia, ou derramar um pouco de 4gua antes de fechar a torneira, nfo tenha muito problema. Mas, e se for uma fébrica de refrigerantes que enche 10 000 garrafas por hora? Serd que € preciso medir bem a quantidade de liquido que entrou na garrafa? Vocé acha que a Metrologia é importante nesta atividade? Areas da Metrologia ‘A Metrologia € composta por um conjunto de conhecimentos, técnicas e regras que se aplicam em todas as éreas, 0 que comumente chamamos de Fundamentos da Metrologia Neste livro, trataremos dos fundamentos da Metrologia que se aplicam a qualquer 4rea ou grandeza medida, e sfo de suma importincia para entendermos a estrutura da Metrologia, seus conceitos, sua linguagem, sua base matemtica ¢ estatistica, além de sua funcio, da qual jé fala~ mos um pouco. ‘Tradicionalmente, a partir dessa base, a Metrologia € aplicada em dreas que requerem uma especializacio; ou seja, os conhecimentos bisicos serio aplicados em alguma 4rea parti- cular, ¢ junto com os conhecimentos especificos dessa 4rea serio aplicados para determinada finalidade. Desta forma, é possivel que os metrologistas se especializem em uma ou mais éreas, sendo capazes de aplicar os conhecimentos metrolégicos para prover confiabilidade As medi- ies espectficas. Assim, cada 4rea da Metrologia possui peculiaridades, e pode apresentar casos nos quais haja alguna pequena modificagio, adaptagio ou mesmo distorcio de algum dos fundamentos. Essas peculiaridades so muitas vezes devidas a fatores hist6ricos e culturais da rea de conhe- cimento, ou podem ser em funcio de limitages que impecam a aplicagio rigorosa de algum fandamento. As aplicagSes da Metrologia nas reas da indistria e dermais atividades produtivas podem ser diversas, entretanto todas dependem ¢ fizem uso intenso do conhecimento que voce iri adquirir neste livro. Atualmente, as éreas nas quais a Metrologia ests mais evolufda sio: + Metrologia de Massa * Metrologia Dimensional * Metrologia de Pressio * Metrologia Quimica * Metrologia de Temperatura (Térmica) * Metrologia Elétrica * Metrologia de Tempo e Frequéncia © Metrologia Actistica e de Vibragées © Metrologia Optica © Metrologia de Materiais/Nanometrologia Centro Universitario de Sete Lagoas - UNIFEMM * Metrologia de Volume (volumetria) e Massa Especifica Biblioteca Centra "Dr. Jone © Metrologia de Forca e Dureza ‘Barbosa de Melo Santos” * Metrologia em Vazio * Metrologia em Telecomunicagdes + Metrologia na Saiide No capitulo 10, falaremos de uma atividade metrolégica muito comum nas indéstrias: © Controle Metrolégico, que envolve a gestio dos instrumentos de medicio de uma empresa, proporcionando confiabilidade as medic6es € a0 atendimento dos requisitos necessérios & cer~ tificagio de sistemas de gestio, Acompanhando atentamente os assuntos que iremos tratar neste livro, voce teré condi- (Ges de atuar em sua drea aplicando a Metrologia corretamente, ¢, sem diividas, iri alcangar um 6timo desempenho ¢ reconhecimento. Nao perca a oportunidade de dissemninar seus conheci- mentos, ajudando a promover a cultura metrologica no ambiente de trabalho. Pequeno Historico da Metrologia A Metrologia é uma ciéncia bastante antiga, Desde que o homem comegou ase relacionar, sentin a necessidade de quantificar as coisas ao seu redor, Sem uma medigio, por mais rudimen- tar que fosse, nfo haveria como o homem comparar quantidades diferentes, o que inviabilizaria as trocas de mercadorias, como 0 escambo, ou qualquer tipo de rela¢io de troca. Nos primér- dios, quando 0 homem némade vivia da coleta e da caga, ele precisou contar, por exemplo, quantas frutas havia colhido. Com isso, as primeiras comparagoes jé podiam ser feitas. wissiaiawi e SeSApSA | Com 0 inicio da atividade comercial cra indispensavel que houvesse um acordo entre as partes sobre as quantidades envolvidas. Um criador de galinhas, por exemplo, precisava trocar :linhas por trigo para fazer 0 po. Quante de trigo vale uma galinha? Precisava contar os gros? Isso certamente nio seria prético, por isso outras formas de quantificar as coisas eram necessi~ rias. Porém, essas formas de quantificagio teriam de ser conhecidas e aceitas pelas duas partes, ¢ cles poderiam, entio, entrar em um acordo satisfat6rio. Se ambos concordassem que uma galinha valia 10 canecas de trigo, a troca seria realizada sem problemas. Entretanto, com a expansio do comércio para outras tribos, outras cidades e outras regi- es, ficava cada vez mais dificil um acordo sobre as quantidades envolvidas na troca. Nao bastava dizer que uma galinha valia 10 canecas de trigo, pois em uma aldeia as canecas poderiam ser muito pequenas e em outras muito grandes. Era preciso que as unidades de medida fossem as ‘mesmas em muitos lugares diferentes, nao diferindo entre si. Ou seja, a5 unidades de medida precisavam ser padronizadas. As civilizagdes mais evoluidas da Antiguidade sabiam disso, © possut- am sistemas de medida bastante desenvolvidos. Hé 5 000 anos, os egipcios possufam um padrio de comprimento baseado no brago do fara6, que era gravado nas paredes dos templos e nas grandes obras, nas quais os arquitetos conferiam periodicamente suas varas de trabalho. Com isso, obras gigantescas, como as pirimides, que chegavam a cento € cinquenta metros de altura, pos- suiam uma diferenca de comprimento entre suas arestas inferiores de trinta centimetros. Os fundamentos da medi¢io de massa também foram muito desenvolvidos pelos egipcios, j4 que nessa civilizagio os conhecimentos de medicina e cosmética jé eram avangados, ¢ as balancas tinham papel impor- tante na elaboragio de medicamentos, esséncias e bélsamos. Os pesos padrio, confeccionados geralmente em pedra, ¢ as balangas de grande exatidio foram criados ¢ eram utilizados em todo tertitério de maneira uniforme, consti- tuindo um sistema de unidades bastante eficiente. Estima-se que o nfvel de evolugio atingido pela Metrologia no Bgito sé foi alcangado pela sociedade moderna no século XVII. Os gregos, e posteriormente os romanos, também adotaram sistemas de unidades que foram difandidos em seus dominios e que possibilitaram a construgio de obras sofisticadas, como aquedutos e prédios, ¢ 2 fabticacio de navios, méveis e outros itens artesanais complexos, cuja eficiéncia dependia da realizagio de medicoes na sua fabricagIo ou operacio. Além disso, a ideia de um padrio de medida bascado no corpo humano, como o pé, 2 polegada e a braca, foi amplamente difundida, conceito que vigorou por muitos séculos. Padrdes de massa, geralmente de pedra ou metal, eram fabricados ¢ distri- buidos para servir como referencia nas medig6es de massa, ¢ de certa forma manter a uniformidade nas medicSes. Somente séculos depois, com o Iluminismo ¢ a retomada da pesquisa cientifica, inicialmente com os alquimistas e posteriormente com a criagéo de méquinas que aumentassem a producio ~ 0 que originou a Revolugio Industrial -, houve a necessidade de aperfeigoar e padronizar os diferentes sistemas de unidade vigentes, pois nesta época a expansio maritima ja havia integrado varios continentes e civilizagbes, e era necessario comparar os resul- tados de experiéncias e produtos em diferentes partes do mundo, 0 que s6 seria possivel se as medic6es c unidades de medida fossem compatibilizadas. Neste momento, surgiram algumas iniciativas para criagio de um sis- tema de unidades tinico. O berco da maioria delas foi a Franca, onde desde 0 inicio do século XVII se buscava uma unificagio dos padres em todo 0 reino. Em 1670, surgiu a primeira intengio de se adotar um sistema decimal, sendo sugerido como padrio de comprimento uma fragio da circunferéncia da Terra, o que, naquela época, era tecnicamente invisvel devido 3s dificulda- des de se fazer esta medicio. Ap6s varias tentativas isoladas e sugestdes para criacZo de um sistema uni- ficado de unidades, os esforcos foram retomados apés a Revolugao Francesa Uma comissio foi nomeada para estudar e propor um sistema coerente de tunidades. Como resultado desses estudos, o sistema métrico foi sancionado nna Franga em 1799. Porém a implantagio desse novo sistema nao agradou aos comerciantes © A comunidade, os quais viam com estranheza a imposicio de um sistema de unidades diferente do que usavam. O governo adotou, entio, medidas para difandir 0 ensino e a utiizagio do novo sistema métrico, ¢, gracas 2 estes esforcos, sua utilizacio se tornou obrigat6ria a partir de 1837, quando a rela. tincia ao uso jé era mais branda. No Brasil, o sistema métrico decimal foi adotado oficialmente por deci- sio de D. Pedro II, por meio da Lei Imperial 1 157, em 26 de junho de 1862, Como essa lei previa a substituigio gradual do sistema de unidades vigente, ela ficou por quase dez anos praticamente esquecida. Apenas em 1871, por iniciativa do Visconde do Rio Branco, foi realizada a troca dos padres anti- g0s, baseaclos ern libras, ongas, varas, cévados e alqueires, pelos novos padres do metro, kilograma e litro, e suas fragdes. A corte providenciou a importacéo de tais padrées ¢ enviou-os, com recomendagées expressas de uso, para as cimaras municipais de todo os cantos do pats. Nesta ocasiio, a exemplo do que ocorrera antes na Pranga, houve intensa mobilizacéo popular contra mudanca das medidas em uso. Nas fei- ras, quitandas ¢ comércio em geral, a revolta foi grande. Nao havia medida de esclarecimento articulada pelo governo, de forma que nem mesmo os gover antes ¢ autoridades locais, ou padres e juizes, que representavam a elite do conhecimento nas localidades, sabiam explicar 0 que era o sistema métrico decimal, muito menos a relagio deste com a sistema ora desativado, suas con- vversGes ou as vantagens do novo sistema. Quando muito, sabiam que erain “coisas de franceses” Esta insatisfagio advinha da certeza de que tais medidas do governo tinham o objetivo de lesar os compradores, j4 que os comerciantes também no sabiam operar 0 novo sistema, ¢ aproveitavam para adequi-lo aos seus inte~ resses. O antigo padrio de comprimento, a vara, equivalia a cerca de 110 cm, enquanto 0 novo, o metro, tem 100 cm. Com a troca dos medidores das lojas de tecidos, os espertalhdes trocavam apenas o padro de medida, mantendo o prego. A mesma coisa ocorria nas feiras, onde os comerciantes substitufam os antigos padres de oncas e libras pelos novos padrées de gramas ¢ kilogramas, tirando disso proveito, ¢ se valendo também da total ignordncia por parte de quem deveria fiscalizé-los. Diante deste cenério, no tardou para que a populacio iniciasse no Rio de Janeiro uma revolta contra a decisio do governo de implantar 0 novo sis- tema de unidades. Indignados com as medidas impostas 20s comerciantes pelo governo, ¢ pelo uso que estes faziam das novas medidas, invadiam as feiras ¢ estabelecimentos quebrando os metros ¢ destruindo os padrées de massa, 0 quais chamavam de quilos. Este movimento, que se espalhou por todo o pafs na medida em que os novos padroes eram distribuidos e utilizados, tomou grandes proporgées no interior, sobretudo no Nordeste, onde a revolta se intensificou e as agées foram mais violentas, assim como a reagio da policia Em fungio do impacto dessas agGes, dos transtornos e da importincia politica € econdmica, este levante ficou conhecido como Revolta dos Quebra-Quilos. a xsi cansad Datas e Fatos importantes para a Metrologia - 1670 — O abade francés Gabriel Mouton sugere um sistema de medidas no qual o padrao de comprimento seria um arco formado por um Angulo de 1 minuto da méxima cir cunferéncia da Terra, o qual chamou de milliare. Esse padro, além de ser uma constante natural, teria como submiiltiplos, por exemplo, a centiria (um centésimo do milliare) e a deciria (um centésimo do milliare). Foi o primeiro registro de proposta de um sistema decimal de unidades 1766 — O rei Luis KV determina a nova toesa a ser usada na _ Taesa Franca. Chamada de “Toesa do Pera”, este padrio foi deter~ “paige undade de media minado a partir de medigdes promovidas pela Academia de comprinent equivalent a sls Cigncias da Franca, que realizou a medicio do arco do meri- as ous, aroxinadomente diano terrestre préximo & linha do equador, no Peru. Essatoesa 198m ra, pois, uma constante natural + 1774 — Antoine Laurent Lavoisier formula sua mais célebre teoria, a de conservagio da ‘massa, a partir de experimentos para os quais possuia ¢ utilizava trés balangas com exatidéo ¢ repetibilidade impares. Com elas Lavoisier realizou medigdes da ordem de microgramas, findou uma discussdo que jé se arrastava hé um bom tempo sobre a geracio ou consumo de matéria nas reagdes quimicas. Ele compreendeu que a maior parte das incertezas na interpretagio das experiéncias resultava da inexatido nas medigies das massas envolvidas. + 1830 Surge no Brasil, pela primeira vez, uma proposta de se adotar o sistema métrico decimal. + 1837—O sistema métrico decimal, apés um periodo de adaptacio, € adotado compulso- riamente como sistema exclusivo de unidades em uso na Franga, sob forma de lei. * 1862 - D. Pedro Il, amante das ciéncias ¢ da tecnologia, sob influéncia das mudangas ocorridas na Franga, assina a Lei Imperial niimero 1 157, que estabelece o sistema métrico decimal como sistema oficial de unidades no Brasil. A lei foi assinada no dia 26 de junho. Em homenagem a essa importante data, o dia 26 de junho é 0 Dia do Metrologista. * 1869 — Napoledo III convoca a Primeira Comissio Internacional do Metro, com a fina~ lidade de corrigir pequenas imperfeicdes detectadas nos padroes do sistema métrico ¢ construiir novos padrées mais apropriados, visando A internacionalizagio do sistema. Essa comissio foi formada por representantes de 24 paises, reuniu-se pela primeira vez em 1870 ¢ trabalhou até 1872, quando concluiu os estudos ¢ propds os termos para a confec- io dos novos padres do metro e do kilograma : 5 5 g 3 z + 1873 - Com o resultado das pesquisas realizadas pela comissio, foram fabricados padres do metro e do kilograma, a partir de uma barra de 250 kg composta por 90% de platina ¢ 10% de iridio. * 1875 - Ocorre em Paris a Conferéncia Diplomitica do Metro, na qual esteve presente © Visconde de Itajubé, representando o Brasil. Nesta ocasiio foi aprovada a criacio do Bureau Internacional de Pesos e Medidas, que contou com o voto favorivel do repre~ sentante do Brasil. As atribuigdes do Bureau foram definidas como de cariter cientifico, i € este seria instalado permanentemente em Paris, porém sob a supervisio de um comité internacional constituido por 14 membros de paises distintos. Ainda na conferéncia, ficou estabelecido que haveriam Conferéncias Gerais de Pesos e Medidas (CGPM) a serem convocadas posteriormente. Em 20 de maio de 1875, firmada 2 Convengio do Metro. Em homenagem a essa importante data, 20 de maio é o Dia Mundial da Metrologia 1877 — E inaugurado 0 Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM), que havia sido aprovado em 1875. © BIPM inicia o trabalho de preparacio dos primeiros padres internacionais do metro e do kilograma, a partir dos padres de platina iridiada fabrica. dos em 1873. 1889 ~A Conferéncia Geral de Pesos e Medidas aprova os padrdes e define os protstipos internacionais do metro ¢ do kilograma, que passam a definir as unidades. Os paises que ratificaram a convengio do metro ¢ arcaram com sua parcela nos custos de fabricagio e na manutencio do BIPM recebem seus protstipos nacionais devidamente acompanhados de certificados que estabeleciam suas relagées com os prot6tipos internacionais, © Brasil no estava entre esses paises. O Brasil, por uma deciséo politica mal assessorada do Imperador D. Pedro II, ndo ratificou a convengio do metro, em setembro de 1875. O assessor do Imperador, ligado 20 conservatério de artes ¢ oficios de Paris, era contrétio & criagio do BIPM € 0 influenciow a nao permanecer na convengio, Com isso, o Brasil, que havia par- ticipado desde o intcio dos primeiros esforgos de internacionalizagao do sistema métrico decimal, até sua formalizacio em 1875, deixava o projeto justamente quando haveria o trabalho conjunto de cientistas de diversas nacionalidades que comporiam 0 BIPM e pro- moveriam o intercimbio de tecnologias e desenvolvimento conjunto de novas técnicas. Entretanto, por haver participado da comissio até 1875, reclamou o recebimento de seus protétipos fabricados em 1873, tendo-os recebido em 1880. Como nesta ocasiio o BIPM ainda nao havia conclufdo o trabalho de acabamento e determinagio das caracteristicas metrolégicas destes padrdes, eles ndo possuiam valor metrolégico considerdvel. Entre as turbuléncias do fim do Império, ¢ desordem dos primeiros anos de Republica, os pro- t6tipos recebidos foram perdidos, e a tiltima noticia que se tem deles foi a comunicagio oficial do furto do padrao do metro, em 1907. 1920 —Pandi Cal6geras, entio ministro de guerra, autoriza a inclusio do Brasil na convencio do metro mediante o pagamento das anuidades atrasadas e atuais. A adesfo foi oficializada em 1921, porém, por falta de pagamento, o Brasil seria novamente desligado em 1931 1921 - £ criada no Rio de Janeiro uma estagio experimental com a finalidade de reali- zar estudos € experimentos para pesquisar ¢ divulgar processos para aproveitamento de combustiveis ligados ao Ministério da Agricultura, Inckistria e Comércio. Em 1934 esta estado dé origem ao INT ~ Instituto Nacional de Tecnologia. 1934—E criado o Instituto de Pesquisas Tecnolégicas (IPT), em Sio Paulo, a partir de um lborat6rio de ensaios de materiais. O IPT contava com um setor de Metrologia, o qual era responsivel pela calibracio dos instrumentos e manutengio dos padrdes. Em conjunto com representantes da escola politécnica, da prefeitura de Sao Paulo e um representante dos fabricantes de instrumentos, o IPT clabora um projeto de legislagio metrolégica e © encaminha a Camara dos Deputados, buscando amparo para sua atuaco como agente metrolégico estadual. 1938 - Estabelecida a primeira legislacéo metrol6gica da Repablica por meio do Decreto- -Lei 592, de 4 de agosto. Entre outras coisas, o INT assume a gestio do Sistema Nacional de Metrologia Legal. 2 ga Introd 1940 — Criagio da Associacéo Brasileira de Normas Técnicas (ABNT). 1953 — O Brasil é reintegrado Comissao do Metro. 1955 — Criagdo da Organizagio Internacional de Metrologia Legal (OIML). 1960 -A 112 Conferéncia Geral de Pesos e Medidas (CGPM) estabelece o Sistema Internacional de Unidades (SI). SI pretende ser urn sistema pritico de unidades de medida e instituiu regras para os prefixos, para as unidades derivadas e para as unidades suplementares, além de outras indicagdes. Desta forma, é uma regulamentagio de con- Junto para as unidades de medidas. 1961 — E criado o Instituto Nacional de Pesos e Medidas (INPM), que herdou as ativida- des metrol6gicas do Instituto Nacional de Tecnologia (INT). © INPM era diretamente ligado a0 Ministério de Industria e Comércio e tinha a finalidade de executar a legislagio metrolégica, assumindo, entio, o papel de agente de Metrologia Legal em todo o pais, enquanto o INT continuaria com as atribuigSes de pesquis. 1962-0 INPM adota o SL 1973 — A estrutura metrolégica brasileira € reformulada, A Lei 5 966 instituiu Sistema Nacional de Metrologia, Normalizacio ¢ Qualidade Industrial (SINMETRO), ao qual foi atribufda a responsabilidade de criar e executar politicas nacionais para Metrologia, Qualidade, Normalizacio ¢ Certificagao, OSINMETRO seria gerido por um 6rgio normativo, o Consellio Nacional de Metrologia (CONMETRO), cujas atribuigGes eram amplas ¢ englobavam a formulagio, a coorde- nagio e a supervisio de politicas nacionais para a Metrologia, Qualidade Industrial ¢ Normalizacio. O objetivo principal do CONMETRO seria equalizar os interesses dos ‘consumidores ¢ das indiistrias, além de implantar acbes de incentivo 4 normalizagio © ‘uma estrutura nacional de avaliacio da conformidade. Para execugio dessas politicas nacionais foi criado também o Instituto Nacional de Metrologia, Normalizagio ¢ Qualidade Industrial (INMETRO), composto jurfdica ¢ jicamente, sediado no Rio de Janciro ¢ presidido por pessoa nomeada diretamente pelo presidente da Repiiblica. O INMETRO incorporou todos os bens, pessoal e atribuicées do INPM. 1980 ~ Criagio da Rede Nacional de Calibracio (RNC), a qual era formada por laborat6- ros de calibragdo credenciados pelo INMETRO, segundo normas internacionais. 1992 ~ Mudanga na denominagio das redes de laboratérios credenciados, que passa- ram a ser: Rede Brasileira de Calibracfo (RBC) ¢ Rede Brasileira de Laboratérios de Ensaio (RBLE) 2004 — Alterada a nomenclatura dos laboratérios de calibraco ¢ ensaios integrantes da RBC e RBLE. A denominacio credenciamento ¢ alterada para acreditacio, passando esses laborat6rios a serem denominados laboratérios acreditados. 2011 ~ Alteragio do nome do INMETRO, que passa a se chamar Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia. 2012 - O INMETRO publica a primeira edicéo brasileira da 8° edigio da brochura SI, publicada em 2006 pelo BIPM. Nessa edicio, so introduzidas alteracées significativas na escrita e prontincia de diversas unidades, destacando a substituicio do prefixo quilo (antes com as letras qu) pelo prefixo kilo, adotando oficialmente o prefixo original do SI (com. a letra k), além da retirada do acento de todas as unidades compostas por miiltiplos ow subméiltiplos. Importancia da Metrologia para a Qualidade ea Produtividade Se uma empresa quiser reduzir o custo de seus produtos, sem reduzir a qualidade, o que voc® sugere que ela faga? Seri que reduzir o nimero de produtos fabricados fora das especifica- ges é uma boa sugestio? E reduzir o desperdicio de matéria-prima? E reduzir retrabalho para consertar produtos que ndo ficaram bons da primeira vez? Estas, sem diivida, sio as primeiras atitudes para reduzir o custo de pro- ducio. Cortar 0 desperdicio e tornar o processo produtivo mais eficiente € indispensével para uma empresa sobreviver no mercado, Com a concorréncia mundial em diversos setores, os produtores tém necessidade de fabricar pro- dutos com mais tecnologia, melhor qualidade e menores pregos. Para isso, precisam controlar bem a matéria-prima adquirida, monitorar ¢ aperfeigoar seus processos produtivos e assegurar a qualidade do produto entregue 20 cliente, entre outras coisas. Para tornar possivel todas estas ages, a Metrologia é uma ferramenta indispensével. Qualquer decisio, seja sobre 0 produto ou 0 processo de pro- dugio, deve ser tomada com base na andlise de dados, fatos e medigdes. Como vvimos antes, a Metrologia € responsivel por garantir que as medigSes realiza~ das, que vao orientar as decis6es, sejam confidveis. ‘Vamos imaginar um exemplo simples: uma montadora de automéveis comprou 100 toneladas de chapas de aco para fabricacéo das carrocerias. No ato da compra, a montadora exigin que a espessura minima das chapas fosse 1,00 mm, pois esta € a espessura que garante a resisténcia ideal a0 vefculo, No momento do recebimento das chapas, virias amostras foram retiradas dos caminhées de entrega e enviadas para o laboratério, para que fossem avaliadas se atendiam as especificagées solicitadas, entre elas a espessuta, Porém, a0 realizar a medicio da espessura das amostras, 0 técnico utilizou um microme- tro qualquer, sem perceber que o mesmo nao trazia indicagdes de que estava apto para o uso. Para azar do técnico, 0 micrémetro apresentava uma ligeira deformacio de seu faso, o que acarretava medigoes cerca de 0,08 mm maio- res. O téenico mediu as chapas e todas elas apresentaram espessura iguais ou superiores a 1,00 mm. Logo, o lote foi aprovado e recebido. Passados alguns dias, os relatérios de medicio da espessura das chapas foram solicitados ao técnico. Grande parte das chapas daquele lote estavam se deformando durante o estampamento, originando considerével volume de sucata. Ao se avaliar todo 0 processo, foi identificado que o problema estava na ‘matéria-prima: medigGes realizadas no setor da qualidade indicaram que parte das chapas recebidas ~ as que estavam se deformando na estamparia ~ tinha espessura entre 0,92 mm e 1,00 mm, e nao suportava a forca das prensas. sialon 8 SBSApERIH, g 2 g Este exemplo, real e bastante dramitico, mostra como uma decisio baseada em medigoes no confidveis pode ter consequéncias catastr6ficas, € gerar enormes prejutzos. A Metrologia nas indiistrias como conhecemos atualmente, preocupada com a confiabilidade das medigées, que estima incertezas e prevé métodos padronizados para buscar medir com exatidio, € rela~ tivamente recente. Comecou a partir da 2° Guerra Mundial, quando o repentino aumento da demanda por bens industrializados revelon que as pecas produzidas por diferentes fornece- dores no eram intercambisveis, mesmo partindo das mesmas especificacSes, por nfo haver concordincia entre as medidas declaradas pelos fornecedores. A pattit daf, acompanhado da glo- balizacio c pelo aumento do consumo, sobretudo de bens industrializados (indéstrias mecénica ¢ eletrOnica), a importincia da Metrologia nas indstrias foi crescendo, ¢ 0s estudos avangando.. No Brasil, apenas nos diltimos 20 anos, a concorréncia com produtos importados deflagrou a modernizagio das indstrias, incluindo a priorizacio da Metrologia. Por isso, muitos pontos ainda necessitam de consenso, porém € indispensavel conhecer as medicSes ¢ suas fontes de diivida, para entio podermos avaliar, em cada caso, os fatores que realmente interferem na realizagio das medigdes com a cxatidao ¢ confiabilidade requeridas. ‘Além das aplicagées na indiistria, a Metrologia tem, atualmente, papel de destaque em outras reas, nas quais € indispensével para o desenvolvimento ¢ aperfeicoamento de equipa- ‘mentos, tecnologias e métodos. Comércio, satide, meio ambiente, materiais, energia, espacial ¢ telecomunicagdes sio algumas das areas em que a Metrologia est atuando para proporcionar maior qualidade ¢ eficiéncia. Aplicagées da Metrologia Atualmente, a Metrologia esté presente em todas as 4reas. No nosso dia a dia, ela estd pre- sente em diversas sitnagSes, mesmo sem nos darmos conta. Como sua principal preocupacio é conferir confiabilidade as medig6es, em que situagio podemos dizer que medicSes confiveis sio indispenséveis? Como exemplo, podemos citar * Garantir relagdes comerciais justas. * Eliminar riscos 8 savide € & seguranga. ‘Atingir objetivos de qualidade para o produto. * Prevenir resultados incorretos ¢ suas consequéncias. Reduzir retrabalho e desperdicio, ‘+ Manter boa reputacio pessoal ou da empresa, Para cada um desses exemplos, € possivel imaginar diversas situagSes em que uma medi- io incorreta trari consequéncias indesejiveis. Além do exemplo da montadora, que jé vimos, podemos listar a medigio incorreta da pressio arterial de umn paciente, que implica na no medicagio de um hipertenso ou na medicacéo de um paciente saudivel, reclamagies de um consumidor, na feira ou no supermercado, por julgar que esté sendo lesado na pesagem do produto que esté comprando, ete. Neste sentido, se a preocupacSo em aplicar a Metrologia ganha importincia na nossa vida pessoal, ao fazer compras ou em um exame de saiide, imagine entio em nossa vida profissional, nna qual a credibilidade do técnico depende, muitas vezes, dos resultados de medigées que ele realiza, ou das decisées que ele toma com base nesses resultados. £ claro que, independente da frea de atuacio, medir com correcio € confiabilidade ¢ muito importante para o sucesso pessoal € para o desenvolvimento da empresa (0) prodvtos que inficam a quertidade na embelagem (sbonete, cree dental ete, alimentos, produtos de impeza, et.) {e) compra de iments (esteurantes selésenee, supermer- cates fas) UW balngas, termimetes, esfigmomandmetresoexames midoos (a) elocimeto, tacbmatro« admeta dos autamveis Fgura 1.1 — Motooga no nosso di a dia apionew eS Metrologia | 1980 Introau ‘Algumas areas so completamente dependentes da Metrologia, enquanto em outras cla é ‘uma ferramenta importante, e, em rarissimos casos, a Metrologia € s6 um fator para melhoria do desempenho, sem que a qualidade do produto dependa dela, Ente as diversas Areas, pode~ ‘mos citar algumas nas quais a Metrologia € aplicada intensamente: Mecinica © Blétrica e eletrénica Acrondutica © Alimentos e bebidas, Automobilistica * Manutengio (mecinica e elétrica) Petrdleo e gis + Meio ambiente Quimica * Satide Farmactutica + Agropecudria Instrumentagio ¢ controle + Militar Metalurgia * Plisticos e polfmeros Naval © Papel e celulose Siderirgica ° Textil Atividades 4) O que é Metrologia e qual seu objetivo principal? 2) Qual 6 a importancia da Metrologia na industria? 3) A Metrologia é uma ciéncia antiga ou atual? Quando ela surgiu? 4) Qual foi a contribuigéo dos egipcios para a Metrologia? 5) A primeira intengaéo de se adotar um sistema decimal foi em 1670. O que foi sugerido para a definigao do padrao de comprimento? 6) Como 0 sistema métrico foi visto pelo povo na Franga, e qual foi a medida adotada pelo governo para difundir 0 novo sistema? 7) Como o sistema métrico foi visto pelo povo no Brasil e qual foi a medida adotada pelo governo para difundir 0 novo sistema? 8) Em 1973, qual 6rgéo metrolégico brasileiro foi criado @ qual sua importancia? 9) Em que situagdo podemos dizer que medigées confidveis S20 indispensaveis? 10) Cite cinco areas em que a Metrologia é aplicada intensamente. 11)Relacione a Revolta dos Quebra-Quilos com o processo de evolugo do sistema métrico decimal no Brasil f Estrutura Metrolégica Como vimos no capitulo anterior, a internacionalizagio do sistema métrico decimal foi um passo decisivo para a universalizagio da Metrologia, contribuiu para que ocorresse 6 desenvolvimento comercial e, principalmente, industrial, 0 qual se intensificou no dltimo século. : Desde a Convengio do Metro, que foi 0 marco maior da Metrologia, foi sendo criada ‘uma estrutura internacional para promover a realizacZo de pesquisas, assegurar 0s direitos dos consumidores, incentivar comércio internacional, aperfeicoar a produgio e colocar em prética 0s fundamentos ¢ preceitos metrolégicos. Esta organizacio que ocorreu na esfera global refletiu em estruturas nacionais de Metrologia em diversos paises, e embora essas estruturas variem em termos de rigor, recursos e tecnologia, sfo importantes para assegurar que os objetivos da ‘Metrologia sejam cumpridos. Neste capitulo, vamos conhecer os ramos da Metrologia, entender alguns conceitos bisi- ‘cos e mostrar como eles sio importantes na estrutura internacional que a Metrologia dispoe atualmente. Como exemplo da importincia de uma estrutura nacional de Metrologia, vamos conhecer como esta se organiza no Brasil Conceltos Basicos de Metrologia e Qualidade Em qualquer rea do conhecimento é necessério estabelecer um vocabulério bésico para {que 0s termos sejam conhecidos, entendidos e compartilhados, assim haveré um perfeito enten- dimento das informagées e uma comunicagio eficaz. Conhecer os termos técnicos de sua Srea € extremamente importante, e certamente voc® jé esti ciente disso. Alguns desses termos voc {jf aprendeu no capitulo anterior, como metrologia e medicao. Agora, vamos apresentar outros termos e conceitos importantes usados na Metrologia, com dicas de como e quando usé-los, informagées gerais, situagSes recorrentes de uso incorreto do termo, etc. para que, de agora em. diante, sua comunicacio ¢ expressio seja metrologicamente correta, ig S 2 2 & Estrutura Metrolégica Salba Mais: Caso vocé tenha alguma diivida, ou queira conhecer mais termos, recomendamos que consulte o Vocabulério internacional de Metrologia ~ Conceitos Fundamentais ¢ Gerais e Termos Asociados (VIM), que & um documento internacional, adotado oficialmente no Brasil pela Portaria do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) n? 232, de 8 de maio de 2012, © que traz informagbes importantes a esse respeito, além de correlacao entre os termos em Portugués com seus equivalentes nos idiomas inglés, francés e espa- nhol. Para termos especificos de Metrologia Legal, recomendamos a consulta a0 Vocabulério Internacional de Termos de Metrologia Legal, adotado oficialmente no Brasil pela Portaria INMETRO n° 163, de 6 de setembro de 2005. Esses dois documentos esto disponiveis gratuitamente no site do INMETRO (), na area de publicacées. Norma ‘Uma norma € uma maneira estabelecida, padronizada, de realizar uma atividade ou pro- duto. Na Qualidade e na Metrologia, uma norma é uma forma reconhecida por diversas partes interessadas como sendo a mancira tecnicamente vidvel de realizar algo, e tem por objetivo uniformizar e garantir o atendimento de requisitos pré-estabelecidos. Em outras palavras, a norma estabelece um jeito certo de fazer algo, de maneira que diferentes pessoas, em diferentes lugares, possam realizar essa atividade da mesma maneira. A origem das normas veio da necessidade de se fabricar pegas € produtos que fossem ntercambidveis, ou seja, que pudessem ser substituidos por outros iguais, sem problemas. 6 importante ressaltar que toda norma tem carter voluntiio, s6 € adotada por quem quiser. ‘Atualmente, hé milhares de normas, para os mais diversos fins. Por exemplo, normas que defi- nem os tamanhos ¢ os tipos de rosca de parafusos ¢ porcas, normas para fabricacdo de trincos, para fabricagio de colchdes, para sistemas de gestio da qualidade, etc Regulamento Regulamento é um conjunto de exigéncias ou requisitos expressos na forma de lei ou outro dispositivo legal que torne 0 seu cumprimento obrigatério. Ao contrério das normas, que sio voluntérias, os regulamentos sio compuls6rios. A regulamentacio € uma atividade governamen- tal, e geralmente tem por finalidade assegurar o bem-estar da sociedade, a justica, a satide ea seguranga da populacio. (Os regulamentos também podem ser emitidos por um grupo especifico de pessoas que se reGnem com um objetivo comum, com a finalidade de estabelecer regras e definir condutas para esse grupo, como o regulamento de uma escola, de uma promogio, de um clube, etc. As vezes, os regulamentos podem usar uma norma como fonte de informagio. Neste caso, o regulamento ir adotar a norma ou parte dela, tornando, assim, o seu cumprimento obrigat6rio. Em Metrologia Legal, € comum os requisitos minimos de desempenho, exati- dio e segutanca dos instrumentos de medigao serem estabelecidos na forma de Regulamentos Técnicos Metrol6gicos (RTM), Nestes casos, os fabricantes sio obrigados a atender estas exigencias, sob pena de nio receberem antorizacio para colocar o instrumento no mercado. Por exemplo, na fabricagéo de um paquimetro, de um multimetro ow de um manémetro, fabricante pode optar por seguir ou nao uma norma que determine as dimensées, erros méxi mos permitidos e caracteristicas destes instrumentos. J fabricante de uma balanca comercial ou de um taximetro nio tem opciio, ele € obrigado a atender ao regulamento que especifica as exigincias técnicas € metrolégicas dos referidos instrumentos, para receber a aprovacio do INMETRO e poder comercializé-los. Acreditagao Acreditagio € 0 reconhecimento formal de que um organismo ou laboratério apresenta competéncia comprovada para realizar um trabalho. No Brasil, o tinico érgio acreditador € 0 INMETRO, e as acreditacSes por ele concebidas possuem reconhecimento internacional Aacreditacio € uma forma de conferir confiabitidade, j4 que para recebé-la 0 laboratério ou organismo deve comprovar que atende 3s normas internacionais e segue o regulamento de acreditacio, o que 0 toma diferenciado dos demais que nao conseguem essa comprovacio. Em. outras palavras, a acreditacio & um atestado que, no caso do Brasil, o INMETRO confere ¢ que quer dizer: “Este organismo/laborat6rio realiza sua atividade em conformidade com nossas exiggncias e normas internacionais, e merece reconhecimento nacional e internacional” OINMETRO acredita organismos de certificacio, organismos de inspecio, organismos de treinamento, laborat6rios de calibragio ¢ laboratérios de ensaios. A acreditacio € voluntiria, portanto nem todos os laborat6rios de calibracdo ou ensaios sio acreditados, 0 que requer um rigor maior na hora de contratar este tipo de servico. Certificagao Certificagio € 0 atestado que um organismo acreditado confere a uma empresa, atestando publicamente, de maneira independente, que ela atende aos requisitos estabelecidos no escopo da certificacio. Esses requisitos sao, geralmente, expressos em normas ou regulamentos. No Brasil, existem certificagdes de produtos, sistemas de qualidade, pessoal ¢ meio ambiente. E bastante comum ouvirmos uma empresa dizer que € certificada, ou que 0 produto € certificado, Neste caso, para cada certificagio hi critérios especificos. Uma empresa pode ter seu sistema de gestio da qualidade certificado, mas no irf necessariamente fabricar produtos certificados. Por outro lado, uma empresa que nao tenha um sistema de gestio, seja de qualidade (baseado na norma ISO 9 001), ambiental (baseado na norma ISO 14 001), ou qualquer outro certificado, poder produzir produtos certificados, desde que o produto atenda aos requisitos de certificacio € umn organismo acteditado comprove isso. Mensurando Omensurando é, simplesmente, a grandeza que se pretende medir. Por exemplo, o com- primento de um lipis, a temperatura do ar em uma sala, a massa de uma pessoa, et. poo win Padrao de Medi¢aéo © padrio é uma referéncia para a medigio/ Como o VIM 2012 & uma versto conjunta calibragio, € tem seu valor e incerteza conheci- 2 para uso no Brasil o em Portugal, tomas peque- - rasan nas varagdes nos terms usual, em fungo das dos. Segundo o VIM, padrio de medigio € 5) petites da lingua portuguesa. Realizagéo da definigéo duma dada grandeza, com um valor determinado e uma incerteza de medi¢ao associada, utilizada como referencia. O padrao pode ser um objeto, o que chamamos de padrio de medigio materializado, um instrumento com caracteristicas metrolégicas superiores, um material, ou mesmo a definico de uma grandeza. £ comum estabelecermos uma hierarquia entre os padrdes, sendo que a incerteza associada 20 padrio define sua posicio na hierarquia. Por exemplo, um peso padrio de 1 kg que possui uma incerteza de 0,02 mg pode ser usado na calibragio de um outro peso padrio de 1 kg, que fatalmente ters uma incerteza maior por estar em um nivel abaixo na cadeia de calibrag ‘Um padrio de medigio pode receber denominagées diferentes, em fungio de suas qua- lidades metrolégicas ¢ incertezas, em comparagio com outros padres. As classificagSes de irées mais comuns sio: de medicio internacional, de medicio nacional, de medigio de refe- réncia e de medicio de trabalho. Padrao de Wledi¢aéo Internacional E.um padrio reconhecido internacionalmente como sendo o de incerteza mais baixa, ¢ que serve de referencia para todas as medigées do mundo. Por exemplo, o protétipo do kilograma, ‘mantido na sede do Bureau Intertiacional de Pesos e Medidas (BIPM), ¢ 0 padrio internacional de ‘massa, e dele derivam todas as medigGes de massa realizadas em qualquer lugar do planeta, Padvao de Medicaéo Nacional £ 0 padrao de medigdo reconhecido como sendo o de referéncia em um pais, por ser o de ais alto valor metrol6gico. Geralmente, sio mantidos nos Institutos Nacionais de Metrologia, ¢ dele derivam as medigGes da grandeza no territ6rio, a partir da calibracio de outros padres, de mesmo tipo realizadas em compara¢io com o padrio nacional. S4o exemplos de Institutos Nacionais de Metrologia o INMETRO, no Brasil, o National Institute of Standards and Technology ~ Instituto Nacional de Normas Tecnologia (NIST), nos Estados Unidos, 0 Centro Nacional dde Metrologia (CENAM), no México, ¢ o Physikaliseh-Technische Bundesanstalt ~ Instituto Federal Fisico-Téenico (PTB), na Alemanha. Padrao de Wiedigao de Referéncia Eo padrio de medicio designado para realizar a calibragio de outros padrdes em um dado local (laboratério, empresa, etc.). E o padrio que possui menor incerteza nesse local ¢ serve para calibrar outros padres que vio realizar o trabalho, por isso sio a referéncia, tendo que ser calibrados por um laborat6rio externo que disponha de padrdes superiores, Patirdo de Medigao de Trabalho Sio os padrdes usados na rotina de trabalho da empresa, nas tarefas do dia a dia. Podem ser usados em calibragoes de rotina ou na verificacSo de instrumentos de medicio. Resultado de Medigao Embora pareca simples, nem sempre o resultado de medi¢io é como pensamos. De acordo com o VIM, resultado de medicio € Conjunto de valores atribuidos a um mensurando, juntamente com toda outa informagao pertinente disponivel. (Ou seja, nem sempre é suficiente declarar um resultado de medigio, como: 0 compri- mento do lépis é 153 mm, Em diversas situacdes, sobretudo na indiistra, esta simplificagio no € valida. E claro que no caso do comprimento do Iépis esta informagio € suficiente, uma vez que a incerteza de medicio € desprezivel para a finalidade dessa medicao. Porém, em outros casos, 0 resultado de medicZo deve obrigatoriamente vir acompanhado de sua incerteza, e de informagées adicionais. Por exemplo, no relatério de medicéo de uma autopeca nao é admissivel que se declare apenas 0 comprimento da peca, mas, sim, um con- junto de informagées, como: Cota X = (16,525 + 0,003) mm, com uma confiabilidade de '95,45%, a uma temperatura de 20,3 °C, medidos no centro da pega, com uma forca de medigfo de 0,3. . Incerteza de Medicao Incerteza é a dévida contida em uma medicio. A rigor, toda e qualquer medicio pos- sui uma incerteza. Por que podemos afirmar isso? saisoioinain Bini £ impossivel determinarmos 0 valor verdadeiro de um mensurando. Em qualquer medi- cio estamos cercados de limitacées que nos impedem de conhecer 0 “valor real” da grandeza medida. Isso ocorre porque os fatores de interferéncia nao podem ser completamente controla- dos, ¢ mesmo que pudessem, nao dispomos da tecnologia capaz de realizar uma medicio isenta de erros. As condigées ambientais, interferéncia do operador, variag6es e irregularidades natu- rais do mensurando e limitacbes do instramento de medi¢io faze com que qualquer medigéo tenha uma diivida, a qual estimamos matematicamente ¢ chamamos de incerteza de medi Podemos obter valores de incerteza reduzidos se tomarmos todos os cuidados na rea- lizacio da medigio, e teremos incertezas maiores quanto maior for o ntimero de fatores que perturbem a medicio. Neste contexto, fica claro que uma medigfo de comprimento realizada no BIPM, por cientistas altamente capacitados, utilizando aparatos da mais alta tecnologia, ‘em um ambiente minuciosamente controlado, produz incertezas muito baixas, mas que no podem ser eliminadas. Diferentemente, a mesma medicio realizada por um mecinicoem uma oficina de manutengio ter incertezas muito maiores, jé que os fatores envolvidos na medicio provocam perturbacées significativas. Estrutura Metrol6gica Segundo o VIM, incerteza de medigio &: Parametro ndo negativo que caracteriza a dispersdo dos valores pom atribuidos a um mensurando, com base nas informagées utilizades. Y Em outras palavras, a incerteza de medicao 6 uma faixa de valores na qual se encontra o valor verdadeiro do mensurando, com uma dada probabilidade estatistica. A incerteza € estimada a partir das informagdes que temos sobre a medicio, e que podem vir de diversas fontes, que veremos com mais detalhes no capitulo 5. No exemplo anterior, no qual o resultado de medicio era Cota X = (16,525 + 0,003) mm, quer dizer que o valor da Cota X da peca € 16,525 mm, mas que sua incerteza € de + 0,003 mm, ou seja, com 95,45% de confiabilidade, o valor verdadeiro da cota X esté entre (16,525 — 0,003) mm = 16,522 mm © (16,525 + 0,003) mm = 16,528 mm. Entio, podemos dizer que, em 100 repetigbes da medicdo nas mesmas condigdes relatadas no resultado de medigio, 95 delas estardo entre 16,522 mm e 16,528 mm, jé que a confiabili- dade do resultado de medicao de aproximadamente 95%. Callbragao Calibrar 6 comparar um instrumento de medigio, cujo desempenho metrol6gica € desco- nhecido, com um padrao de medicio, seja ele fisico, materializado ou um instrumento que tem suas caracteristicas metroldgicas conhecidas. Ou seja, comparar um instrumento ou material ', desconhecido, 20 qual chamamos de objeto, com outro de caracterfsticas metrol6gicas supe riores, que jé esté calibrado, 0 padrao, de forma que possamos, por meio de uma sistemética definida e reconhecida, observando diversos fatores que interfiram nessa comparacio, deter- minar as caracteristicas metrol6gicas do objeto, entre elas a incerteza de medicao, nas condigies em que foi calibrado. Edigio Luso-Brasileira do VIM (VIM 2012), calibragio est4 definida como: Nat? Operacéo que estabelece, sob condicées especificadas, numa primeira etapa, uma relacao entre os valores e as incertezas de medi- 940 formecidos por padrées @ as indicagdes correspondentes com as incertezes associadas; numa segunda etapa, utiliza esta informagao para estabelecer uma relacao visando a obtengao dum resultado de ‘medigéo a partir duma indicacao. VY Como podemos ver, a calibracio engloba, além da comparacio entre padrio e objeto, a utilizagio do resultado da calibracio para obtencio de resultados de medicio confitveis. Este aspecto € muitas vezes esquecido, ¢, infelizmente, encontramos diversas ocasiées nas quais os instrumentos sio calibrados e as informagOes apresentadas em seu certificado de calibragio io Sio utilizadas, indo muitas vezes o certificado parar em uma gaveta ou pasta, sem trazer os beneficios possiveis ao processo de medicio. ‘Apés a calibracio, & esperado que o responsével pelo instrumento calibrado analise seu certificado de calibracio, compare com os requisitos metrolégicos da medigio que sera reali zada e determine uma agio, que pode ser: = fost Aplicar alguma corregio 3s indicac6es do instrumento, Realizar um ajuste para melhorar seu desempenho (neste caso, nova calibragio deve ser realizada ap6s o ajuste, pois qualquer ajuste invalida a calibracio anterior). Remanejar o instrumento para outra medicio, que exija menor desempenho. Autorizar 0 uso do instrumento sem correcio, por constatar que as caracteristicas metrolégicas do mesmo nio interferem na exatidao pretendida da medicio. Atencao! Uminstrumento calibradonao é sinénimo de instrumento que mede corretamente. Analise sempre o certificado de calibra- ¢40 para conhecer o desempenho do instrumento, @ sé entéo decida se ele est apto a realizar a medicao pretendida. Ajuste (de um Sistema de Medi¢ao) CO ajuste é uma operagio técnica realizada no instramento ou no padrio, que tem obje- tivo de aproximnar seu valor de um valor de referéncia, que geralmente € 0 valor de um padrao metrologicamente superior. Assim, o objetivo do ajuste € fazer com que © objeto ajustado apresente um erro menor. Um exemplo clissico de ajuste € 0 do relégio que esté atrasado: procuramos saber que horas sio por meio de uma fonte confidvel, ¢ entdo adiantamos o relogio até que ele marque a mesma hora dessa referéncia. Assim, ao final o rel6gio apresentarg um erro menor do que antes do ajuste, desde que a hora de referéncia seja préxima da hora oficial. Saiba Mais: Para néo ter problemas com seu relégio, ajuste-o sempre tendo como referéncia a hora legal brasileira, disponivel no site do Observatério Nacional , ou no fink: . No VIM 2012, ajuste est definido come: Conjunto de operacées efetuadas num sistema de medigao, de modo que ele fornega indicagées prescritas correspondentes a deter- minados valores duma grandeza a ser medida. S _Estrutura Metrol6g Verificagao Verificar 6, em Metrologia, atestar que um item atende a um requisito especificado. No VIM, est4 descrito como: Forecimento de evidéncia objetiva de que um dado item satisfaz requisitos especificadios. Logo, a verificacio, por si s6, nao é uma atividade nica, e pode assumir diversas aplicagées. Por isso, o termo “verificagio” sempre deve vir acompa~ nhado de uma explicacio, ou formar uma expresso que tenha significado metrolégico definido. Por exemplo, para os instramentos de medigio que afetam os interesses ow a satide e a seguranca dos consutnidores, como as balancas, as bombas de abastecimento dos postos de combustfveis, os taximetros, etc., os Institutos de Pesos e Medidas dos estados realizam a Verificacao de um Instrumento de Medico, que € um conjunto de atividades que tm por objetivo confir~ mat se 0 instrumento atende as exigéncias regulamentares existentes. Essa verificagio pode ser em um instrumento novo (Verificagéo Inicial), ou em instrumentos que j se encontram em uso nos estabelecimentos indus~ triais e comerciais em periodos definidos por regulamentos (Verificacao Periddica), ou qualquer verificacZo que se faca necesséria apés a verificagio inicial, como a verificacio que € obrigat6ria apés o instrumento ser reparado (Werificacdo Subsequente) Na indistria eno comércio, a verificagio também & uma atividade rotineira, ¢ pode ser definida em fungio das necessidades do proceso ou equisitos do produto. Por exemplo, a cada inicio de tumo de trabalho, 0 atendente da padatia verifica, com o uso de um peso padrao calibrado, se a balanga apresenta erros inferiores a0 erro maximo permitido por um regula- mento. Outro exemplo € 0 inspetor de uma indastria mec&nica, que utiliza ‘um paquimetro calibrado para verificar se as dimensdes da pega estio dentro dos limites estabelecidos pelo cliente. Atengao! Infelizmente, muitas pessoas utilizam os termos calibracao, ajuste e verificagao de maneira incor- reta. Quem nunca ouviu um desavisado dizer que vai “calibrar 0 pneu"? Essas incorregées, embora comuns, devem ser evitadas a todo custo, e sAo imperdoaveis em sua vida profissional. Pratique e use corretamente os termos aprendidos, pois assim vocé serd um profissional reconhecido e admirado. Com certeza vocé jd ouviu a palavra “afericéo", e provavelmente até ja a empregou em alguma frase, Este termo tem origem histérica, e 6 exclusivo da lingua portuguesa. JA no século XVIll, o reino de Portugal estipulava procedimentos e tarifas para a afericao dos pesos e medidas. Neste caso, podemos constetar que, originalmente, a pala- vra afericao tinha 0 mesmo significado da verificagao de instrumentos de medigao, e que sua origem é a Metrologia Legal. Apartir do século XIX, 0 uso do terma se tornou corrente no Brasil, A medida que iniciativas para estabelecer um controle metrolégico sur- giam. Da mesma forma, aplicacées diversas para a palavra “afericao” proliferaram, criadas por profissionais, comerciantes e pelo povo em geral. Criou-se 0 costume de expressar qualquer aco relacionada & Metrologia com o mesmo verbo: aferir. Vém desta cultura os usos que ainda hoje encontramos para esse termo. Vejamos abaixo alguns deles, citadas suas fontes: * “Recomenda-se a posicao sentada para a afericdo da pressio arterial” - quia Satide em casa - Secretaria de Estado de Satide de Minas Gerais. * “Consulte a validade da afericao dos bafémetros utilizados nas biz do Rio de Janeiro” - site do IPEM-RJ (). * “Técnicas de afericao e calibracéo de instrumentos meteo- rolégicos” — Campos de atuacao profissional da Agronomia — Manual de fiscalizagao e legislagao - CREA - SP. * “Curva de afericéo de um manémetro bourdon” — apostila Instrumentagéo @ Medidas: grandezas mecénicas, FEM - UNICAME, 2007. Como pode ser observado, o verbo aferir & bastante utilizado. Porém, 0 que vocé percebeu nos exemplos acima? Nas diferentes situacdes, a palavra aferico tinha diferentes significados. Em cada frase, “aferigao” estava substituindo inade- quadamente um termo metrologicamente adequado, que possuii um significado espectfico. Reescrevendo as frases acima, substituindo o termo aferigéo pelo termo correto, teremos: * “Recomenda-se a posicao sentada para a m arterial.” * “Consulte a validade da verificacao dos bafémetros utllizados nas blitz do Rio de Janeiro.” i ° "Técnicas de ajuste @ calibracéo de instrumentos : meteorolégicos.’ * “Curva de calibragao de um manémetro bourdon.” 2) / ( ‘waisojoitein winwniysy o da pressao Entéo, surge @ pergunta: Qual o significado de aferigao? A resposta 6: todos, e nenhum! Por no ter um significado bem definido, o termo “aferigéo” ndo deve ser empregado! Até a verséo do VIM adotada no Brasil por meio da portaria INMETRO n2 029, de 1995, esse termo aparecia como sendo sinénimo de calibracéo, j4 com uma explicagao que era mantido para aten- der as necessidades brasileiras, mas que no futuro deveria cair em desuso. Com efeito, na versao’ seguinte do VIM, 0 termo nao estava mais presente. Entéo, apesar de ainda o encontrarmos em muitas situacdes, nao use, em hipdtese nenhuma, o termo afericdo. Utilize o termo ou expressao adequada para que suas mensagens sejam compre- endidas, seja na forma escrita ou falada. A Metrologia Legal é o ramo da Metrologia que trata, basicamente, da defesa do consu- midor. Isso abrange a garantia de relacdes comerciais justas, protecio & sade e & seguranca das pessoas e do meio ambiente. © Para a Organizagio Internacional de Metrologia Legal (OIML) Metrologia Legal é a parte da Metrologia que trata das unidades de medida, métodos de medigéo ¢ instrumentos de medigao em rela- eo as exigéncias técnicas e legais obrigatérias, as quais tém o objetivo de assegurar uma garantia ptiblica do ponto de vista da seguranga e da exatidao das medicgées. Estrutura Metrol6gica Deste ponto de vista, retomamos a funcio bisica da Metrologia, que permitiu que um sistema de unidades de ambito mundial fosse adotado e reconhecido, e que o Estado desen- volvesse mecanistnos de regulamentacio e fiscalizacio capazes de garantir a0 consumidor a exatidio das medigées, uma vez que ele, por sis6, no dispde de meios para contestar as medi- hes realizadas pelo vendedor. Dentre as dreas de atuagao da Metrologia Legal, destacam-se, além dos instrumentos envolvidos em operacdes de compra e venda, os produtos pré-medidos (aqueles que jé vém com a indicacio de quantidade na embalagem, que foram medidos sem a presenca do comprador), 0 controle metrolégico dos instrumentos de medicio usados em medicina © diagnéstico, na area farmacéutica, em satide e seguranga ocupacional e ambiental e em atividades judiciais ¢ pericias. Em suma, a Metrologia Legal busca respaldar a exatido das medigbes que envolvam riscos indesejéveis aos individuos, a0 ambiente ov 3 sociedade ¢ onde exista conflito de interesses. rr ‘As ages da Metrologia Legal sio guiadas por regulamentos, que tém por objetivo garan- tir que as medigdes sejam honestas. configveis e apresentem as unidades de medida corretas Quando pertinente, esses regulamentos especificam as exigéncias relativas ao desempenho dos instrumentos de medicio, procedimentos de verificagio, meios para assegurar a correta wtiliza- cio das unidades de medida legalmente definidas e prescticées obrigatérias para uso. Metrologia Cientifica A Metrologia Cientifica € 0 ramo da Metrologia dedicado & pesquisa e ao desenvolvi- mento de equipamentos e métados de medicio, busca aperfeicoar 0 estado atual dos padrées internacionais, bem como a manutengio das grandezas metrolégicas bésicas nos mais elevados nifveis de exatidio. Além disso, também é responsével pela padronizacio das unidades do ST e a disseminagio metrolégica, ou seja, garante que a realizagio das grandezas ¢ a calibragao dos padres nacionais permitam a cada pafs manter uma cadeia de calibragdes que o ligue ao padrio internacional. Dada sua importincia e os altos custos envolvidos, a Metrologia Cientifica é uma atividade desenvolvida basicamente pelas organizagdes internacionais, como 0 BIPM e por Institutos Nacionais de Metrologia, como o NIST e o INMETRO, por exemplo. Porém, a tecnolo- gia desenvolvida pela Metrologia Cientifica €, com o tempo, reproduzida e repassada para a cadeia produtiva, inicialmente para as atividades que requeiram altissima exatidéo, como as reas aeroespacial, nuclear ¢ microeletrOnica, até chegar As demais inddstrias. Como atualmente as empresas esto cada vez mais preocupadas em realizar medigSes metrologicamente confid- veis, ¢ rastredveis aos padres internacionais, seja para garantir produtos mais eficientes ow para aumentar a eficiéncia e seguranca dos processos de producio, a Metrologia Cientifica tem sido 27" difandida e abrange um némero cada vez maior de atividades. Por meio da acreditagio de labo- rat6rios de calibragio ¢ ensaios, ¢ da atuagio desses laborat6rios prestando servigos acreditados as inddstrias e as demais freas, as calibracdes e outras atividades de Metrologia Cientifica estio presentes no dia a dia dos profissionais que lidam com medigées, principalmente nas empresas que possuem sistemas de gestio da qualidade. Por este ponto de vista, a Metrologia Cientifica é indispensavel para outro ramo da Metrologia, a Metrologia Industrial g a 3 g = Metrologia Industrial Na pritica, a Metrologia Industrial € um desdobramento da Metrologia Cientifica, quando suas ages alcancam os sistemas de medicao das indiistrias, seja no controle dos pro~ cessos produtivos on na garantia da qualidade dos produtos finais. Assim, a Metrologia Industrial busca desenvolver aparelhagem e técnicas de medicio capazes de melhorar a qualidade do produto, tornar o processo produtivo mais eficiente, redu- 2ir 08 custos de producio ¢ retrabalho, aumentar a confiabilidade das medigées e garantir que estas sejam realizadas de acordo com os preceitos metrol6gicos. Antigamente, a Metrologia Industrial era restrita aos laboratérios de controle da qualidade. Entretanto, atualmente, seu uso € intenso em todas as etapas da producio, seja no recebimento. da matéria-prima, projeto, e, principalmente, nas etapas da fabricagZo. Sua importincia € tio. grande que, muitas vezes, a exigencia da realizacio de controle metrolégico ¢ a calibracio dos instrumentos de medigio por laborat6rios acreditados € de parte do préprio cliente. Estrutura Metrolégica ‘Como vimos no capitulo anterior, 2 internacionalizagdo da Metrologia, com a adocio de ‘um sistema tinico de unidades e de padres, s6 foi possivel a partir da criagio de uma estrutura organizada, que articulasse as ages ¢ os interesses dos paises. Da mesma forma, para coordenar ¢ implantaras ages de Metrologia no territdrio de cada pais, estes disp6em de estruturas nacio- ais de Metrologia compativeis com suas necessidades, niveis de desenvolvimento ¢ poltticas. [Neste t6pico, vamos apresentar as principais organizacées de Metrologia no mundo, suas fun- Gées ¢ atribuigdes, e o fancionamento e as atividades dos componentes da estrutura metrolégica brasileira. Oesquema abaixo ilustra a relacio entre alguns componentes dessas estruturas, que sero cexplicados adiante. eeu pw © saetno | CONMETRO: 2 { . _ 3 | muweTRooimct | inmeTAo - omen a ‘Laboratirios — } Arona Grads Degdes i “ Laboratérios eate | arnt Con al, Rates Stal, Caan | (am Ste Pesquisa, Escolas, etc. " : £ Morotogie Cienttiea 8 edge tant | E Industrial (Merolegs Legal Lanta Figur 2.1 Diagrams istrative da estruture da Metrologia oo mundo ¥ aa Estrutura Internacional da Metrologia Cientifica de Convengae do Metro (CM) a A Convengio do Metro € um tratado diplomitico, que foi assinado originalmente em a 1875. A Convengio do Metro estabeleceu uma estrutura organizacional permanente para os ‘io governos membros atuarem em comum acordo sobre todos os assuntos relativos as unidades de medida, ¢ a forma como as atividades do BIPM seriam financiadas e geridas. ‘ca Essa estrutura organizacional é baseada na CGPM e no CIPM, além de contar com o BIPM. io A Convengio, modificada ligeiramente em 1921, continua a sera base do acordo interna- ional sobre unidades de medida Conferéncia Geral de Pesos e Medidas (CGPM) Estabelecida a partir da Convengio do Metro, originalmente contava com 17 paises, atual- mente conta com 55 pafses-membro e 34 associados. Retine-se de quatro em quatro anos, e tem como missio basica promover a uniformidade das medigGes nos pafses associados e assegurar a utilizagio ¢ o aperfeicoamento do Sistema Internacional de Unidades. A CGPM € a autoridade maxima para as decis6es relativas & Convencio do Metro. A 1° CGPM ocorreu em 1889, com o estabelecimento dos padres internacionais de ‘massa (kg) ¢ comprimento (m). Basicamente, os encontros da CGPM servem para: Discutir e analisar as disposigdes necessétias para garantir a propagacio e o aperfeigoa- . mento do Sistema Internacional de Unidades (SI). . Aprovar os resultados de novas determinagies metrolégicas findamentais, como a alteracio na definicfo de alguma unidade. + Apresentar relatGrios das atividades desenvolvidas pelo CIPM e pelo BIPM. * Votar as decisées da CGPM apresentadas na forma de resolucdes. Apreciar € decidir sobre as propostas de resolugdes apresentadas pelo CIPM e pelos seus signatérios. + Eleger os membros do CIPM, votando nove membros a cada reunio (metade dos membros do CIPM). g 2 | Decidir todas as questdes importantes relativas & organizagao e ao desenvolvimento do BIPM, incluindo a aprovacio de seu orgamento para 0 periodo entre duas CGPM's. Resumindo, a CGPM aprova as atividades no perfodo desde a CGPM anterior dé as diretrizes para as atividades e ag6es a serem empreendidas pelo CIPM e BIPM no periodo que se prolonga até a CGPM seguinte. Comité Internacional de Pesos e Medidas (CIPM) ‘O CIPM € composto por representantes de 18 paises-membros no ambito da Convencio do Metro, ¢ atua como autoridade cientifica internacional. O CIPM se reine anualmente no BIPM e, entre outros assuntos, discute os relatérios que Ihe sio apresentados pelos comités consultivos e os relat6rios das reunides da CGPM. R wr ‘Outras fungées do CIPM incluem a responsabilidade por: © Preparar resolugSes a serem submetidas a Conferéncia Geral, © Discutir 0 trabalho do BIPM sob a autoridade delegada da CGPM. + Emitir um relat6rio anual sobre a situagio administrativa ¢ financeira do BIPM para os governos dos Estados-Membros da Convengio do Metro. + Discutir ages conjuntas dos Estados-Membros no plano metrol6gico. © Criar e coordenar as atividades entre os especialistas em Metrologia. «Fazer as recomendacées apropriadas CGPM. Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM) © Bureau Internacional de Pesos e Medidas (BIPM) foi criado pela Convengio do Metro ¢ tem sua sede em Sevres, proximo a Paris. E compost por uma infraestrutura administrativa e um conjunto de modernos laboraté- rios. E mantido com recursos de todos os pafses-membros da Convengio do Metro e opera sob a supervisio exclusiva do CIPM. ‘Atmissio do BIPM é fornecer a base fisica e tecnol6gica para um sistema ‘nico ¢ coerente de medidas em todo o mundo, para garantir a uniformi- a dade mundial das medigGes e sua rastreabilidade ao Sistema Internacional de ‘Unidades (S1), Esta tarefa assume muitas formas, desde a disseminacio direta das uni- dades (como no caso de massa € tempo) até a coordenagio das comparagées internacionais de padres nacionais (key comparisons, ou comparagées-chave). © BIPM opera por meio de uma série de Comités Consultivos, que sio grupos de trabalho, permanentes ou temporstios, que tém por finalidade realizar estudos sobre assuntos técnicos especificos e propor solugées Atualmente, o BIPM conta com nove comités consultivos (CC) cujos membros sio componentes dos laborat6rios nacionais de Metrologia dos Estados signatérios, representantes do corpo técnico do BIPM e especialistas nomeados pelo CIPM. Basicamente, sio func6es do BIPM: © Realizar pesquisas de técnicas e aspectos das medicSes no mais cle- vado nivel de exatidio. + Definir os valores das constantes fimdamentais da Fisica. © Conservar os protétipos internacionais. © Efetuar intercomparacdes em Ambito internacional. © Calibrar padres nacionais dos institutos de Metrologia signatérios da CM. —_ Tr Estrutura Internacional da Metrologia Legal M. Organizagaéo Internacional de Metrologia Legal (OINIL) ira A Organizacio Internacional de Metrologia Legal (OIML) foi criada em 1955 por uma pdo convengao. E uma organizagio intergovernamental composta por Estados-Membros, que par- ticipam ativamente das atividades técnicas, ¢ paises que aderiram 3 OIML como observadores, ano Atualmente, a OIML conta com 57 Estados-Membros e 62 observadores. Além dos membros, a OIML mantém cooperacio com diversas instituig6es internacionais e regionais com atividades 5 ligadas 20s campos de Metrologia, normaliza¢io e afins, buscando promover priticas de medi- io configveis. Como exemplo dessas instituigdes, podemos citar a International Organization for Standardization (ISO), BIPM e International Bletrotechnical Commission (UEC). ‘A missio da OIML 6 promover a harmonizagio global de procedimentos de Metrologia l) Legal. Para isso, possui uma estrutura técnica mundial que desenvolve diretrizes metrolégicas para elaboragio dos requisitos nacionais ¢ regionais relativos a fabricacio e & utilizacio de ins- trumentos de medicao. Resumidamente, a OIML define, coordena c realiza estudos ¢ pesquisas na rea de Metrologia Legal, a partir de comités formados por diversos especialistas em cada a assunto. Como resultado desses trabalhos, publica recomendagées, relatérios ou outro tipo de documento que visam orientar cada pafs, principalmente os pafses membros, na elaboragio ou aperfeicoamento de sua regulamentacio na referida 4rea, ou para orientar a atuagio dos érgios nacionais de Metrologia Legal. ide A estrutura da OIML € semelhante 4 das instituigdes de Metrologia Cientifica, com a diferenca de que todas estio englobadas pela prépria OIML. Essa estrutura é descrita a seguir. Conferéncia internacional de Metrologia Legal ) Os membros da OIML, instituig6es internacionais ¢ regionais interessadas ¢ as delega- 7 ges dos Estados-Membros e observadores se retinem a cada quatro anos para definir a politica & " geral e 0 orcamento da organizagio. A Conferéncia Internacional tem por objetivos: 3 * Avaliar e determinar os objetivos da OIML. a * Assegurar a estrutura funcional capaz de alcancar esses objetivos. ‘+ Estudar e aprovar os relatérios encaminhados pela CIML e BIML. Comité Internacional de Metrologia Legal (CIML) Como 0 comité de directo para OIML, 0 CIML se retine anualmente para rever 0 pro- gresso técnico da Organizacéo ¢ as operagdes administrativas. O comité composto por um representante designado por cada pafs membro da OIML e por membros honorérios, nomea- dos em reconhecimento & sua contribusigio ao trabalho da Organizacio. Cabe a0 CIML delegar estudos especiais, pesquisas laboratoriais experimentais aos servigos competentes dos Estados-Membros, em comum acordo. O comité pode confiar determinadas tarefas, permanente ou temporariamente, para grupos de trabalho ou comités técnicos. ica Estruture Metro Bureau Internacional de Metrologia Legal (BIML) (© Bureau Internacional de Metrologia Legal (BIML) coordenao trabalho técnico realizado pelos Comités Técnicos e subcomissGes da OIML, organiza as Conferéncias Intemnacionais € reuniées, bem como gerencia as finangas da OTML. © BIML é responsivel por estabelecer € manter cooperacio com organismos internacio- nnais, regionais e nacionais, a fim de promover a Metrologia Legal no mundo. Também publica recomendagées da OIML, documentos, vocabulirios, guias, relatérios de peritos, boletim peri6~ dico de informacées e mantém o site da OIML na Internet (). Comités Técnicos Grande parte do trabalho de pesquisa e orientagio da OIML é desenvolvida pelos Comités Técnicos e Subcomités, que buscam o consenso na Comunidade Internacional de Metrologia Legal. A composicio dos comités técnicos € definida pelo BIML, ¢ pode incluir representantes dos paises-membros, de entidades de normalizacio internacional ¢ as organizagées ¢ associa~ (6es técnicas dos fabricantes, além de Grgfos reguladores regionais. Sob a coordenagio de um secretariado, os especialistas internacionais estabelecem diretri- zs técnicas para os processos metrol6gicos, requisitos de desempenho e testes de instrumentos de medicio sujeitos a controles legais. Os resultados desse trabalho sio submetidos 3 consulta ptiblica, etapa na qual qualquer 6rgio ou pessoa interessada pode propor modificagées ou sugerit melhorias, intensificando 0 debate sobre os temas. Depois de avaliadas as consideragGes, ocorre a aprovacio pelo BIML © CIML, ¢ entio o resultado final disponibilizado sob a forma de publicagdes que, como vimos, so realizadas pelo BIML. Atualmente, as principais publicagSes da OIML se enquadram nas seguintes categorias: + Recomendagées — Sao documentos de cardter técnico que servem de base para os regulamentos técnicos. Estabelecem as caracterfsticas metrol6gicas exigidas para os instrumentos de medicao e especificam os métodos e equipamentos para verificar a sua conformidade, além de orientar quanto aos aspectos relevantes ligados ao instramento ou equipamento, como os aspectos a serem observados na fabricacio, instalacio, veri- ficacio e requisitos de desempenho, como 0 erro maximo admissfvel. Como 2 OIMT. niio tem autoridade para legislar, cabe a cada pats aceitar ou nio tais recomendacbes, e adaptar seu regulamento metrolégico nacional de acordo com sua realidade ¢ suas necessidades, adotando as recomendagées por completo, parcialmente ou no ado- tando. Entretanto, a recomendacio expressa da OIML é que seus Estados-Membros procurem implementar essas recomendagSes com 2 maior extensio possivel Exemplos: R 16: Mechanical non-invasive sphygmomanometers R 76-1: Non-automatic weighing instruments, Part 1: Metological and technical requirements — Tess, Documentos ~ Sio publicagées de natureza informativa que tém por objetivo melho- tar o trabalho dos servigos metrolégicos. Exemplos: D 16: Principles of assurance of metrological contro. D 28: Conventional value ofthe result of weighing in air. zado cio- olica i ‘Vocabulirios ~ Sao publicagées que tém por objetivo esclarecer o significado ¢ 0 uso de termos e expresses usados em Metrologia. A principal fungio dos vocabulérios publicados pela OIML é harmonizar 0 uso internacional dos termos e possibilitar a comunicagio eficiente entre os diferentes paises. Guias — Os Guiias Internacionais também séo documentos de natureza informativa € que se destinam a orientar a aplicagao de determinados requisitos para a Metrologia Legal Exemplo: G 14: Density measurement Estrutura Metrolégica Brasileira Sistema Nacional de Metrologia, Normalizagao e Qualidade Industrial (SINMETRO) OSINMETRO coordena as atividades relacionadas 4 Metrologia, normalizacio, qua- lidade e avaliagdo da conformidade. Foi criado pela lei 5 966, de 11 de dezembro de 1973. sistema tem por fungio atender as necessidades da indiistria, do comércio, do governo edo consumidor. O SINMETRO ¢ composto por diversas organizagées, entre as quais podemos destacar: CONMETRO e seus Comités Técnicos INMETRO. Onganismos de Certificagio Acreditados. Organismos de Inspecio Acreditados. Laborat6rios Acreditados — para Calibragdes: Rede Brasileira de Calibragio (RBC) ¢ para Ensaios: Rede Brasileira de Laboratdrios de Ensaio (RBLE). Associagio Brasileira de Normas ‘Técnicas ~ ABNT. Institutos Estaduais de Pesos e Medidas ~ IPEM. Redes Metrol6gicas Estaduais. Como instincia maxima da Metrologia no Brasil, 0 SINMETRO é responsével por determinar as responsabilidades e orientar as aces em diversas reas. Essas ages nio sio implementadas diretamente pelo SINMETRO, mas pelos demais 6rgios metrolégicos do pats, principalmente pelo INMETRO. Entre as éreas que o SINMETRO abrange, destacamos sua importincia para: Metrologia Cientifica e Industrial Metrologia Legal. Normalizacio ¢ Regulamentagio Técnica. Acteditagio. Certificacio. Ensaios ¢ Calibragies. z 2 Consetho Nacional de Metrologia, Normalizagao e Qualidade Industrial (CONMETRO) OCONMETRO € um colegiado interministerial que exercea fungio de érgio normative do SINMETRO. Este conselho é formado por diversos ministros, o presidente do INMETRO € 0s presidentes da Associacio Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), da Confederagio Nacional da Indistria (CNT), da Confederacio Nacional do Comércio (CNC) ¢ do Instituto, de Defesa do Consumidor (IDEC). Entre as principais atribuicSes do CONMETRO, destacamos: © Formular, coordenar e supervisionar as politicas nacionais das éreas em que atua, con- ciliando os interesses piiblicos, das empresas, da indistria e dos consumidores. * Assegurar a uniformidade das unidades de medida utilizadas no pats. © Estimular as atividades de normalizacio voluntéria no pats. + Estabelecer regulamentos técnicos referentes aos materiais ¢ produtos industriais. ‘+ Fixar critérios e procedimentos para certificacio da qualidade de materiais € produtos, + Estabelecer regras para penalizagio de infrag6es relacionadas As suas Sreas d * Coordenar a participagio nacional nas atividades internacionais de Metrologia, norma- lizagio ¢ certificagdo da qualidade. OCONMETRO atua por meio de seus comités técnicos, que sio abertos & sociedade por meio da participacio de entidades representativas das Sreas académica, industrial, do comércio ede outras atividades com interesse na Metrologia, na normalizacio ¢ na qualidade no Brasil. A }) secretaria executiva do CONMETRO € exercida pelo INMETRO. ‘Os comités técnicos assessores do CONMETRO sio: + Comité Brasileiro de Normalizagio (CBN). + Comité Brasileiro de Avaliagdo da Conformidade (CBAC). * Comité Brasileiro de Metrologia (CBM). * Comité do Codex Alimentarius do Brasil (CCAB). * Comité de Coordenagio de Barreiras Técnicas ao Comércio (CBTC). Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (INMETRO) © INMETRO € 0 érgio executor das politicas nacionais de Metrologia, Qualidade ¢ Avaliagio da Conformidade. Sua missio prover confianga a sociedade brasileira nas medigées € nos produtos, por meio da Metrologia ¢ da Avaliagio da Conformidade, promovendo a har- monizacio das relagées de consumo, a inovacao ¢ a competitividade do pais. Em suas ages, 0 INMETRO busca fortalecer as empresas nacionais pelo aumento de sua produtividade € por meio da adogao de mecanismos destinados & melhoria da qualidade de produtos e servigos. Em suas reas de atuagio © INMETRO possui reconhecimento internacional, ¢ participa dos acordos firmados com foros internacionais de acreditacio ¢ certificagao, além de acordos de cooperacio com os principais institutos de Metrologia do mundo. vo \go to for fio ‘As principais atividades do INMETRO sio: + Metrologia Cientifica ¢ Industrial. + Metrologia Legal. + Avaliagio da Conformidade. + Organismo Acreditador. * Supervisor dos Organismos de Fiscalizacio e Verificagao da Certificagao, uma vez que o INMETRO delega as atividades de verificacio, fiscalizacio e certificagio as entida- des da Rede Brasileira de Metrologia Legal ¢ Qualidade (RBMLQ), composta pelos Institutos de Pesos e Medidas (IPEM) dos estados brasileiros. Até aqui, vimos a estrutura metrolégica brasileira de maneira geral. Porém o INMETRO coordena suas diversas atividades por meio de divisdes especificas para cada area. Adiante, vere- mos como as ages do INMETRO se desdobram em cada ramo da Metrologia. Estrutura Brasileira de Metrologia Cientifica e industrial INMETRO - Diretorla de Metrologia Clentifica e Industrial (DINCI) © INMETRO, por intermédio da Diretoria de Metrologia Cientifica ¢ Industrial (DIMCD, tem a responsabilidade de manter as unidades fundamentais de medida, garantir a rastreabilidade aos padrdes internacionais ¢ disseminé-las, com seus miltiplos ¢ submiltiplos, até as inddstrias, Em Metrologia Cientifica, o INMETRO/DIMCI tem como principais objetivos: + Intercomparar periodicamente os padres nacionais aos internacionais. + Estabelecer metodologias para a intercomparagio nacional de padrées, instrumentos de medir ¢ medidas materializadas. + Calibrar padrées de referéncia dos laborat6rios acreditados, rastreando-os aos padres nacionais. + Efetuar pesquisas visando 2 obten¢io de medigSes mais exatas ¢ melhor reprodugio das unidades do Sistema Internacional. + Incentivar 2 acreditagio de laboratérios, visando descentralizar servigos metrol6gicos ‘20 longo do pafs, zvaliando a conformidade com normas internacionais e comprovando condigies adequadas 4 realizacio de servigos metrol6gicos especificos, para faixas de valores ¢ incertezas de medicio estabelecidas. OINMETRO conta, ainda, com laboratérios metrolégicos no préprios — os laboratérios designados - que recebem a delegagao desse Instituto para manter os padrdes nacionais de areas especificas e s20 por ele supervisionados. Sao eles: * Divisdo Servico da Hora do Observatério Nacional (DSHO/ON). * Laboratério Nacional de Metrologia das Radiagdes lonizantes (LNMRI) do Instituto de Radioprotecao e Dosimetria ((RD/CNEN). g i \ Estrutura Metrolégica Rede Brasileira de Calibragao (REC) ARBC € uma rede de laboratérios de calibragio composta por laboratérios acredi- tados pelo INMETRO. Criada inicialmente em 1980, a RBC é integrada por laboratérios prestadores de servicos de calibracio, de indiistrias, de universidades e de institutos tecno- ogicos habilitados & realizacio de servicos de calibracio © INMETRO realiza a acreditacio dos laboratérios por meio da Coordenagio Geral de Acreditagio (CGCRE), que € 0 organismo de acreditagio de organismos de avaliagao da conformidade reconhecido pelo governo brasileiro. A acreditacio engloba a comprovacio da competéncia técnica, credibilidade e capacidade operacional do laboratério, com base em nor- ‘mas técnicas internacionais e requisitos especificos do INMETRO. Qualquer laboratério pode realizar calibragées, e a solicitagio de acreditagio é volunté- ria, ou seja, 0 laborat6rio s6 solicita a acreditacio se <——=ereaee—=) STERIC, estiver disposto a comprovar formalmente sua com- [ NBRISOMEC | Narisoiec | peténcia ¢ passar a integrar a RBC. 47025. | 47025 | A principal vantagem de ser um laboratério integrante da RBC € possuir 0 reconhecimento for- mal do INMETRO, o que Ihe confere credibilidade iternacional, pois hé a garantia de que 0 mesmo utiliza padres rastredveis as referéncias metrolégicas ING) mundiais, emprega métodos de calibragio reconhe- cidos ¢ validados ¢ dispée de = humanos e [7 @giesee: “CAL 0378 ‘materiais compativeis com as necessidades técnicas € eerecnees RBLE de qualidade das calibrag6es realizadas. ee Importante! No momento da calibracéo o INMETRO avalia uma lista de calibrag6es para a qual 0 laboratorio solicita a acreditagao, chamada de escopo. No escopo da acre- ditagao constam, além das calibragdes que 0 laboratério realiza (os servigos), as faixas de medicdo e as incertezas de medig&o que 0 mesmo é tecnicamente capaz de atin- gir, além do local onde as calibragdes sao realizadas e do responsavel pelo laboratério, A acreditagao é restrita aos itens do escopo e néo se aplica aos demais servicos pres- tados pelo laboratério. Saiba Mais: O'INMETRO disponibiliza em seu site uma relagéo completa de todos 08 laboratérios acreditados, com seu respectivo escopo de calibragGes. Uma ferramenta de busca auxilia a encontrar os laboratérios pelo seu nome, areas de atuacéo, estado ou ntimero de acreditacdo. Procure em por laboratérios de calibragao acreditados, ung fink: . redi- Srios cno- Beral (0 da nor . aan Estrutura Brasileira de Metrologia Legal INMETRO ~ Diretoria de Metrologia Legal (DIMEL) A Diretoria de Metrologia Legal do INMETRO é responsivel por determinar a efetiva implantacio do controle metrol6gico dos instrumentos de medicio, cobrindo as medigées em transages comerciais ¢ relacionadas & satide e & seguranca das pessoas e do meio ambiente. A DIMEL delega as atividades de fiscalizagio e atividades conjuntas por ele definidas & Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade, presente em cada estado, por meio de érgios delegados pelo INMETRO ~ Institutos de Pesos e Medidas (IPEM) de cada estado ~ que efetuam 0 controle metrolégico legal de equipamentos ¢ instrumentos, para assegurar que 0s consumidores recebam medidas corretas. {As principaisatividades da DIMEL sio: * Regulamentagio (regulamentos técnicos metrolégicos © normas de procedimentos) sobre instrumentos de medicéo e produtos pré-medidos, com base nas recomendacoes, da OIML, * Apreciagio técnica de modelos de medidas e instrumentos de medicio, que engloba © exame técniico de seu desempenho ¢ da protecio intrinseca que possuam para difi- cultar fraudes nas medigdes. Se aprovado, o instrumento/padrio recebe a aprovacio de modelo. * Ocstabelecimento das unidades legais de medida e seu correto emprego. Resumindo, o INMETRO/DIMEL atua na érea de Metrologia Legal em um aspecto mais amplo, estabelecendo os regulamentos e realizando a andlise e aprovacio de instrumentos de medigio regulamentados. Basicamente, as atividades de abrangéncia nacional visam estabelecer ctitérios ¢ procedimentos para que a credibilidade a seguranga das medicées sejam alcanga~ das. As ages do INMETRO nio incluem as ages diretas de fiscalizacio, inspecio, verificacdo de instrumentos, autuacio e aplicacdo de penalidades. Estas sio atividades delegadas aos érgios de Metrologia Legal dos estados Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade (RBMLQ) ‘Ao longo da histéria, as experiéncias de um controle metrolégico centralizado em todo © Brasil nao obtiveram sucesso, em funcio, principalmente, da imensa extensio territorial do pais. Por isso, a partir da segunda metade do século passado, optou-se por uma politica de descentralizacio das atividades administrativas e operacionais do Governo Federal. Assim, 0 INMETRO passou a utilizar um modelo descentralizado de atuacio que, 20 longo dos anos, consolidou-se na delegacio de atividades nas dreas de Metrologia Legal e avaliagio da confor- midade 2 Institutos de Metrologia e Qualidade, constituindo, dessa forma, a Rede Brasileira de Metrologia Legal e Qualidade A RBMLQ € 0 braco executivo da Metrologia Legal em todo 0 territério brasileiro, incumbindo-se das verificagées e inspegées relativas 20s instramentos de medicio, da fiscali- zacio da conformidade dos produtos ¢ do controle da exatidao das indicagdes quantitativas dos produtos pré-medidos, de acordo com a legislagio em vigor. A Rede € composta por 26 6rgios delegados, sendo 23 érgios da estrutura dos governos estaduais (IPEM’s ou outra denominagio similar) cias do INMETRO. 1m 6rgio municipal e duas superintendén- ‘Centro Universitario de { Sete Lagoas - UNIFENINN intaea Canteat oii wigs | BRS gi i As ptincipais atividades dos érgios delegados da RBMLQ sic: + Realizagio de verificagdes de instrumentos ¢ medigio ¢ medidas materializadas: verificacio inicial (antes de sua colocagéo em uso) ¢ periédica (a intervalos definidos, geralmente de um ano). Alguns dos instrumentos de medicio sujeitos & verificacio: — Balancas = Pesos padrio. — Densimetros (medidores de densidade, por exemplo, do etanol nos postos de combustivel). — Metros comerciais. — Taximetros. ~ Opacimetros (medidores do grau de opacidade de fumaga — 0% = transparente como o ar / 100% = totalmente escura). ~ Medidores de gases de escapamento. — Cronotacégrafos (instrumento que registra a velocidade, o tempo a distincia percorrida por um veiculo; conhecido também como tacdgrafo). ~ Medidores de velocidade de veiculos. ~ Euilometro (bafmerro). ~ Termémetros Clinicos. — Esfigmomanémetros (medidores de pressao arterial). — Medidores de volume (bombas de combustiveis). Verificagio de produtos pré-medidos para verificagio da correspon- déncia entre a quantidade nominal ea quantidade efetiva, Inspecio metrolégica para verificagio do correto funcionamento € adequado uso dos instrumentos e medidas. Pericia Metrol6gica, para examinar e certificar as condigdes de um instrumento de medigio de acordo com exigéncias espectficas, como emissio de laudos para fins judicias. Fiscalizagio de produtos certificados (compulsoriamente) disponiveis, no mercado. Por exemplo: brinquedos, capacete, preservativos, etc. Fiscalizagio de produtos regulamentados disponfveis no mercado. Por exemplo: produtos téxteis, materiais elétricos de baixa tensio, Autorizagio de oficinas de conserto de instrumentos regula- mentados. Aplicagio de penalidade de multa. Apreensio ¢ interdicdo de instrumentos ¢ pradutos que se encon~ trem em desacordo com a legislagio metrol6gica. be ni cal co est pa pa pa foi 16 didas so) € anol y Rastreabilidade Metrolégica ‘Ao longo deste capftulo, apresentamos diversos aspectos que norteiam a aplicagio da Metrologia, e que certamente ressaltaram sua importincia para a regulacio e igualdade nas relagées comerciais, e também como fator indispensavel para a eficiéncia e produtividade da inddstria, Entre esses aspectos, destacamos dois que sio fundamentais para a existéncia de um mercado global e dinimico como que temos atualmente: a rastreabilidade metrolégica e a comparabilidade. A astreabilidade metrolégica j4 foi citada em alguns trechos anteriores, ¢ podemos defi- ni-la como a capacidade que uma medigio tem de estar relacionada, por meio de uma cadeia de calibragdes, com um padrio internacional. Este prinefpio busca refazer 0 camninho das sucessivas comparagées até um padrao reconhecido nacional ou internacionalmente. Para entendermos melhor como isso funciona, varios analisar a definigio do VIM para trés importantes expres- sées relacionadas 2 rastreabilidade: Rastreabilidade Metrolégica Propriedade dum resultado de medigao pela qual tal resultado pode ser relacionado a uma referéncia através duma cadeia ininter- tupta e documentada de calibragées, cada uma contribuindo para a incerteza de medi¢éo. Esta definicio € mais genérica, e podemos entio concluir que qualquer medigio que cestejaligada a uma referéncia por meio de uma cadeia de calibracées (€ claro, com as incertezas definidas) é metrologicamente rastreével. Essa referéncia pode ser um padrao nacional, um padrao internacional, ou um padrio aceito por um grupo de laboratérios, também chamado de padrio de consenso. Geralmente, quando falamos de rastreabilidade metroligica a referencia que temos é 0 padrio internacional. Com isso, queremos dizer que urna medi¢éo que possui rastreabilidade foi realizada por um instrumento que foi calibrado em comparacio com um padrio, que foi calibrado em comparacio com outro padrio, que foi calibrado com um padrio ainda supe- rior, que foi calibrado com o padrio nacional, que foi calibrado pelo padrio internacional. Independente de quantas calibragées haja neste meio, se todas elas foram realizadas por labora~ trios acreditados podemos assegurar a rastreabilidade da medigao. Cadeia de Rastreabilidade Metrolégica Sequéncia de padrées e calibragées utilizada pera relacionar um resultado de medi¢éo a uma referéncia. P Acadeia de rastreabilidade é a linha que permite ligar um resultado de medicio referén- cia anteriormente definida, Rastreabilidade Metrolégica a uma Unidade de Medida Rastreabilidade metrolégica em que a referéncia é a definicéo uma unidade de medida através da sua realizacéo pratica. VY : f re | Complementa a definicio de rastreabilidade metrolégica, porém define que a cadeia de | calibragées deve estar ligada 4 definicio da unidade no Sistema Internacional de Unidades. Isso elimina qualquer margem de diivida, pois embora a definicio de rastreabilidade metrolégica geralmente esteja associada a um padrio nacional ou internacional, que por sua vez esté ligado 2 definicio da unidade, possibilita que outra referéncia seja estabelecida. J4 neste caso, necessa- riamente a referencia é a definicio do SI A figura abaixo, que € amplamente difundida, foi retirada do site do INMETRO, ¢ repre- senta a rastreabilidade metrol6gica por meio da hierarquia dos padroes. & Unidades do St Padi intrnacionais Padres ds Institutes Naconas de Metrologia Pads dereferécia ds laboratris do claro de onscos Laborato do cho do ttrica Laboratiis do co de Fabrica Conparabidate ico Figura 2.3 ~Hierarqui do sistema ‘Como podemos ver na figura, no sentido inverso da rastreabilidade metroligica est a disseminacio dos padroes, ou seja, a partir dos padroes hierarquicamente superiores podemos reproduzir padrées que irio transmitir as calibragGes aos padrdes de nfvel metrol6gico inferior Gracas a disseminagio podemos, por exemplo, a partir de um énico protétipo internacional do Kilograma dispor de indimeros padres de trabalho de 1 kg. 8 z 2 2 3 i Exemplos de Cadeias de Rastreabilidade Metrolégica a. Na medicio do comprimento de uma peca: ‘Unminspetor da qualidade realizoua medicio do comprimento de uma peca, edeclarou que 120°C. comprimento é de (50,04 + 0,02) mm, com urna confiabilidade de 95,45%, Para realizar essa medio o inspetor usou um paqnimetro digital calibrado por um labo- rat6rio acreditado A, com uma incerteza declarada, no ponto 50,00 mm, de -+0,01 mm, com uma confiabilidade de 95,45%. Para realizar a calibragio desse paquimetro, o laborat6rio acreditado A utilizou um con- junto de blocos padrao calibrados pelo laborat6rio acreditado B, scndo que para o bloco padrao de 50,0000 mm a incerteza declarada era de +0,03 um, com uma confiabilidade de 95,45%. + inde Isso Sica gado spre Para calibrar esse bloco padréo de 50,0000 mm, o laborat6rio acreditado B utilizou um loco padrio de 50,0000 mm que possufa uma incerteza de = 0,005 um, com uma confiabilidade de 95,45%. Esse bloco padrio foi calibrado pelo INMETRO, que utilizou como padrio um interferdmetro horizontal. O interferémetro horizontal do INMETRO foi calibrado pelo proprio INMETRO, e apresenta incerteza da ordem de ++0,2 nm, com uma confiabilidade de 95,45%. O interferémetro foi calibrado pelo INMETRO em comparacio com laser de hélio/neénio de frequéncia estabilizada, que € 0 padrio nacional de comprimento, Esse laser tem uma incerteza declarada, para 95,45% de confiabilidade, de aproximadamente 5 x 10" m, O laser de hélio/ne6nio do INMETRO tealiza a definigio do metro, que, conforme foi estabelecido em 1983 na 178 CGPM, é: O metro é 0 comprimento do trajeto percorrido pela luz no vacuo durante um intervalo de tempo de ——! do segundo. 299 792 458 Na medigio da massa de um produto: ‘Uma empresa fabrica racio para pissaros, que € vendida em embalagens de 1 kg. Segundo a legislacio vigente, cada saco de ragio pode ter entre 990 ge 1 010 g No final da linha de produgio, os sacos de racio tém seu peso verificado em uma balanga digital calibrada pelo laboratério de calibracio acreditado 1, que declarou que para uma ‘massa indicada de 1 000 ga balanga apresenta uma incerteza de medicao de 1 g, com uma confiabilidade de 95,45%. Nacalibracio da balanca, 0 laborat6rio de calibragdo acreditado 1 utilizou um peso padro de 1 kg, o qual foi calibrado pelo laborat6rio de calibragio acreditado 2, que declarou que esse padrio apresenta uma massa de (999,98 + 0,02) g, com uma confiabilidade de 95,45%. Para realizar a calibragio do peso padrio acima, o laborat6rio de calibracio acreditado 2 realizou comparagées desse padrio com um peso padrio de trabalho metrologicamente superior ao objeto, calibrado pelo proprio laborat6rio 2, que possui uma massa conven ional de (999,999 + 0,003) g, com uma confiabilidade de 95,45% Esse peso padrio de trabalho {oi calibrado em comparagio com um peso padro de refe~ réncia do laboratério 2, que possui uma massa convencional declarada pelo INMETRO, que 0 calibrou, de (1 000,0007 # 0,0002) g, com uma confiabilidade de 95,45%. Para calibrar 0 peso padrio de referéncia do laborat6rio acreditado 2, o INMETRO 0 comparou com um de seus pesos padrio de trabalho. O peso padrio do INMETRO tem uma massa declarada em seu certificado de calibragio igual a 999,999986 g, com uma incerteza de =8 x 10° g Esse peso padro foi calibrado pelo proprio INMETRO, em comparacio com o protstipo de platina-iridio n® 66, que € o padrio nacional de massa. © protétipo de platina-iridio do kilograma n® 66, que foi fabricado da mesma liga do protétipo internacional, foi calibrado pelo BIPM em comparacio com o protétipo inter- nacional do kilograma, que é desde a 1° CGPM, em 1889, a definicio da unidade: gf : 3 e Estrutura Metrol6gica O kilograma é a unidade de massa; ele 6 igual 4 massa do proté- tipo internacional do kilograma. | Pei internacional de ‘Pio do Trabalio do | Massa = “Le grand X°, que € =|’ -INNETRO (993,899986 = } ‘a definigdo da unidade: 4 0.000008) ¢ \emnsoniereennercsosiae! J Paro de Trabalho do | -Pairdo do Trabato do aor de eterna do | Labeatri eras 2 Lateran Aeredtee 1 Gg | Labret Acedade 2 (1000,0007 = 0,0002 y \ (999,98 + 0,02) ¢ {999,999 + 0,003) 9 cescescnemtnntnsne rennin! Balone Digital da Feviea t Soca ero. (000 =e BD Vines “Sn Figura 24 ~ Cadeia de rastreabldade na mage do massa Comparabilidade Metrolégica A comparabilidade metrologica € uma caracteristica que pode ser facilmente entendida. Como vimos anteriormente, a Metrologia Industrial pode ser aplicada para assegurar a rastrea- bilidade das medic6es realizadas na indiistria, Entio, se considerarmos diferentes medicées da mesma grandeza, todas metrologica~ mente rastredveis, realizadas em diferentes locais e em tempos diferentes, 20 estabelecermos a cadeia de rastreabilidade de cada uma delas veremos que, em algum momento, elas tera a mesma origem. Se essas medicées forem realizadas na mesma empresa, & provivel que as diferentes medigées estejam relacionadas a0 mesmo padrio de referéncia do laboratério que calibrou os instrumentos dessa empresa. Se considerarmos medicoes realizadas em diferentes pontos do pais, essas medicées provavelmente terio suas cadeias de rastreabilidade convergindo para 0 padrio nacional, Jé medicées diferentes, realizadas em diferentes pontos do mundo, certamente tero uma mesma origem: o padrio internacional ou a definigio da unidade No VIM, a comparabilidade metrolégica esté definida como: Comparabilidade de resultados de medigao que, para grande- zas duma dada natureza, sao rastredveis metrologicamente 4 mesma _— fF ‘Acomparabilidade metrolbgica é de suma importincia no cenério atual. Como os merca- dos estio progressivamente mais globalizados, a comparabilidade metrolégica assegura que 2s medigies realizadas no pafs produtor, desde que atendam 3s condig6es de comparabilidade, si0 equivalentes as medig6es realizadas no pafs comprador. Tsso elimina a necessidade de realizar medigdes ou ensaios duplicados a cada relacio comercial internacional: se as medigées reali- zadas no produto pelo fabricante so consideradas configveis, esse produto pode ser aceito em qualquer lugar do mundo, Por estes motives, é de suma importncia que um pafs mantenha uma estrutura metro- égica ampla, eficiente e internacionalmente reconhecida, pois a competitividade e a aceitacio dos produtos nacionais no mercado externo dependem, em grande parte, da capacidade que esse produto tem de comprovar que atende aos requisites técnicos. Essa comprovacio passa, obrigatoriamente, pela realizacio de medigBes confidveis, rastreaveis e compariveis, Atividades 1) Identifique quais frases s4o verdadeiras @ quais so falsas, @ Justifique as falsas. a. A Metrologia Legal é 0 ramo destinado a pesquisa e ao de- senvolvimento de equipamentos e métodos de medicao. b. As normas sao de caréter voluntario, enquanto os regula- mentos sao compulsérios. c. A verificacdo feita quando o equipamento ainda nao esté em uso 6 denominada verificagao subsequente. d. A Metrologia Legal atua nas 4reas que buscam respaldar a exatidéio das medicdes que envolvam riscos indesejaveis aos individuos, ao ambiente ou a sociedade, ¢ onde exista contlito de interesses. e. O OIML significa “Organizacéo Intermuni Legal”. f. OINMETRO 6 0 tinico érgéo acreditador do Brasil g. Medigao & um conjunto de operagdes que exige técnicas dispositivo para determinacao de uma grandeza. h. Acreditagéo & um atestado que um organismo acreditado confere a uma empresa, atestando publicamente, de maneira independente, que ela atende aos requisites estabelecidos no escopo da cettificacdo. 2) O que 60 VIM? yal de Metrologia 3) Defina verificagao inicial, periédica e subsequent. 4) 0 termo “afericéio” 6 exclusive da lingua portuguesa, e foi empregado historicamente, Por que ele néo é mais utilizado? 5) Diferencie Metrologia Cientifica de Metrologia Legal. g ‘eaisoiolisi wi g 2 Z i vi vil. vill. Correlacione os termos com as suas respectivas definigoes: Norma Regulamento Acreditagao Cettificagao Mensurando Padrao de Medicéo Padrao de Medicéo Internacional Padrao de Medicéo Nacional Padrao de Medicéo de Referéncia Padrao de Medico de Trabalho Resultado de Medigao Incerteza de Medicao Calibracao Ajuste Verificagao E a grandeza que se pretende medi. Realizagao da definigéo de uma dada grandeza, com um valor determinado e uma incerteza de medicao associada, utilizada como referéncia, E um padrao reconhecido internacionalmente como sendo o de incerteza mais baixa, e que serve de referéncia para todas as medigdes do mundo. Conjunto de valores atribuidos a um mensurando, completado por todas as outras informagées pertinentes disponiveis. E 0 reconhecimento formal de que um organismo ou labo- rat6rio apresenta competéncia comprovada para realizar um trabalho. Consistem em comparar um instrumento de medigéo, cujo desempenho metrolégico 6 desconhecido, com um padrao, ‘seja ele fisico, materializado ou um instrumento, que tem suas: caracteristicas metrolégicas conhecidas. E 0 padrao reconhecido como sendo o de referéncia em um pais, por ser o de mais alto valor metrolégico. Eum conjunto de exigncias ou requisitos expressos na forma de lei ou outro dispositivo legal que torne o seu cumprimento obrigatério (compulsérios). E uma operagéo técnica realizada no instrumento ou no padrdo, que tem o objetivo de aproximar seu valor de um valor de referencia, que geralmente 6 o valor de um padréo metro- logicamente superior. —— X. Eo atestado que um organismo acreditado confere a uma empresa, atestando publicamente, de maneira independente, que ela atende aos requisitos estabelecidos no escopo da cettificacao. XI, Atestar que um item atende a um requisito especificado. Xl. Ea duvida contida em uma medio. Parémetro néo negativo que caracteriza a dispersao dos valores atribuidos a um men- surando, com base nas informagées utilizadas. XIII, € uma maneira estabelecida, padronizada, de realizar uma atividade ou produto. "Voluntéria’. I XIV. E 0 padrdo designado para realizar a calibragéo de outros padrées em um dado local (laboratério, empresa, etc). XV. Sdo padrdes usados na rotina de trabalho da empresa, nas tarefas do dia a dia. 7) Explique 0 que é disseminagao metrolégica. 8) © que é Metrologia Industrial? Por que ela é empregada atual- mente em todo processo industrial desde a chegada da matéria-prima até o produto final? 9) Oque é RBC? 10) Substitua os simbolos nas frases pelas palavtas corretas. | Conforme estudamos nas definicdes de norma e regulamento, a Metrologia @)é o ramo da Metrologia que se preocupa com a protec, a satide e a integridade do melo ambiente, o nome “legal” 6 guiada por meio de @) que séo de carter compuls6- rio, estabelecido pelo governo au por um grupo de estudo. Com © objetivo de garantir que as medicdes sejam honestas, ®@)e apresentem as unidades de medida corretas. J4 a @) utiliza uma ®)como referéncia para a acreditacdo de laboratérios. a in Z 8 11) Identifique na tabela o que faz parte da Metrologia Cientiica e © que faz parte da Metrologia Legal. a. Metrologia Cientifica b. Metrologia Legal capm INMETRO - DIMCI OiML. Laboratérios Acreditados INMETRO ~ DIMEL, Laboratérios Rastreados IPM Orgdos Delegados BIPM Indiistria~ Controle Metrolégico e Indistria, Relagoes Comerciais, Controle de Qualidade, Centros de Sade e Meio Ambiente, etc. Pesquisa, Escolas, etc. 12) Pesquise e explique como se desenvolvem trés atividades do érgao delgado de Metrologia Legal do seu estado.

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