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VIOLENCIA F PROCESSOS DE INDIVIDUALIZACKO DOS SUIEITOS NA CONTEMPORANEIDADE Eni P, Orlandi Universidade Estadual de Campinas crime realzon muito sonho mew {Faleo, meninos do wea) troducto ‘Tenho insistido em analisar materais que possam me indicagdes sobre os processos de individualizagao do sujet mpotineo. Para isto, tenho. analisado. manifestagbes. do 80 urbano tals como o gafte,apichago, 0 piercing, 0 rap, a tuagem (ORLANDI, 2004), "Meu ponto de partida tem sido sempre o mesmo, ou see, dois movimentos que estabeleci em minha torizayao sobre 4 itu—do do sujeito (ORLANDI, 2001), e que, embora dstntos, insepariveis. Um primeito movimento em ue. fens & lag do individu em sucito, pel ideologia, no simibolico, ituindo a_forma-sujeitohisirca, Em sepuida, com. es ujitohistrica jconsttuda di-se entio 0 que eonsidero 0 proeesso de individualizagi0 do sujeito. Como sabemor & ta-sueito-histrica do sujeto modeeno ¢ » forma capitalista terizada como sucito juriico, eam seus direitos e deveres € live ciculago social. As formas de individualizagto do suelo Estado, estabelecidas plas instituigs, resultam cm um ido 20 mesmo tempo responsdvele dono de sua vontad. Faz parte desas minhas reflexes (ORLANDI, 2006), reconhecer hem todo sujito uma necessidade de ago social que sempre presente, ainda que ele viva em situagdo absoluamente orivel De minhas anilises, estou que se pode reconhecer — 4 telagio desse sujeto assim individalizado, com 0 polltco, de que recebe por este mesmo alo sa uniad, seu, jum, sus vida e sua vontade a forma da pessoa publica esta a correspondendo a uma forma de jndividualizagao, 0 sentimento de er Um, no todo da sociedad. a forma de individuaizagao em ‘elagao 8 socedade em geral, de que resulta 0 “eu comum™. Mas, ‘como diz Bataille (1946): o’pertencimento de flo no esgota 0 ‘esejo que tém os homens de estabelecerem com seus semelhantes fag social. Daa neczsidad de, ln da comune de no (familia, Igreja, empresa, nado et), estahelecermos comunidades Segundas (as ue temos vontade de elegr, em que nossos desejos podem ser stfsfeitos) F para elas que se drige nosso ima. Fssas comunidades segundas s8o grupos em que cada wm pode desempenhar seu dessjo de reconhcimento como o ecanhecinento de sew desejo e de seu ser. AS pessoas tém assim a impressio te fazer parte de um grupo, de um corpo compacto que possui a i esc removes mW re no ena. © frupo apaga o arbiine da existéncia: 0 indviduo encontra seu Horeseimento no grupo gue, acolhendo-o, legitima, por sua vez, sua texistgncia (ENRIQUEZ, 2005), E mais do que simbolos comuns & ‘ imaginiio que solda grupo. llusto grupal com suas formas de ‘firmapio ede auto-Jestrlgao. A metifora do grpo-corpo acalma ‘angstia da ciso do suelo. O que & uma denegagao também da ‘iferenga enre 0 sueto singular e o grupo. ois bem, o que acontece com este sujeito quando pensamos, no Brasil, a viléncia, mais precisamente quando pensamos ut Sujeito como estéretratado em Faledo, meninos do mifco? E {stlarecemos que os fomamos apenas como exemplars dos miles que esto pols uas Festa € a palavtina chave. Rua 1. As formas da sociedade no Estado Segundo Schaller (2001), a8 relapbes sociais jf nto se csraturam como ants, Nao temios mais a represenagao de classes ‘erica, formando uina pirimide em que esaram, na base, 0s Inais pobres e, no pice, a classe alla, podendo haver mobilidade em ‘elagdod ascenst Os sucitosestavam endo incluldos ou excludes ‘socialmente, Segundo ee, contemporancamente, a relago no € de ‘lasses, mas de lugares ese represen horizontalment use ests ‘dentro, no centro, ou se etd Tor, As felagbes no so de incluso! ‘eels, mas de sepregagio. Uma vez segregado € impossvel a0 Sujit entrar nas relagdes soci De forma mis claborda, Inicio Lewkowice, Marlena Canarelle'6 Grupo dos Dove (2003), em seu Do fragmento Sinuacao anotagdes sobre @ subjetividae contemporanea, drio ‘er aonde os bandos v0 se escondet 0 (crime parca FAZER MAISSENTIDO que aque mig de do que quer const apg fin, {Como unto tinh visio minguém dr iro de esti po aloe novi ningoémde fra, ocaras6podiaserbandido,jaquecte ra pretoe moreu doo. Eu raioinavaenalamente com fi trina, exavareprduzindo a gin ance afi, ‘condenandoojovem mrto Ie negando a possbildade de Ser um mir.) Nao, esponda leno era band nd, fe era PM, moreu tocando tir, Quem so os amigo? Minha fago ~ me bond, meu panto. Os amigo € o ere. Woot tem iimigo? Tenho, ‘Quem sio? © comand ¢ os trio, Els sos inmigo or que? Porgue, ip asim, + gente lata pra comunidade far na moral Se iver oubo a gente cowie, setiver cra, 8 genic comige A gent na pla comunidad, setiverouho, ‘sup, a pente comrig. Se els vierem ag vier ss tudo, ‘oubo, assalto, odo na favel, eles no vo facet nade, val ‘seulichar a comuniade, enna? Vd ache que 0 que ‘oo fi & certo? No, ¢ endo. erado, mas € 2 vide que fe quero, ¢ assim meso, PO ESCOLHI ESTA VIDA PRA, MIM, assim mesino que eu quero Criou uma migoa dele mesmo, que até eno eu comecei feta ness vida que eu (6 agora, VIDA DO CRIME, DO. ADO CERTO NA VIDA ERRADA, io vou chegar at um aga ue eu io aleango, $6 vou até © lugar que aleang pra poet dar de melhor © de bom pa ‘mina fais eels no passa oreflero que parsou,osulsco ‘qe pasa, © faturo 0 que ns tamos, ne? Eu ducmo assim, em cima das jes mesmo, fora de eas, [Nto tem como me esconderdeato de eas, porgu se co dormir eu no se nem o que pode acostece. Dorin rem dorme mestne, pogue en feo a esaldado de deni ‘Hinem duro trangiilo, contorne doris stigament, tet Arua nunca ira os pordoar, mas so nem asso. Tra favela algo que mana passara por nossa eabess.OTimite av, La todo mundo & igual As tings no lo chamaas de wafeanes ms de meninos. (O bagulho dda x expresso mas fot dos mores. E um epic serio mesa, ej lings do wii de doe © ‘do noss enendmenio que o baguho & série, no pode ter era que pera morte Roubs pra to com ome. PO to aqui pore sociade ti fra nod nen meio do vida ra gete agi a ora. Se ‘gene quer procurar um rabaho,€ il Ate pra procarat tn escola gent tem escola pra na, Fido ‘to af mano como voc’ ta vendo neste ambiente agul {gue chepa até scr destradivel. Eu nto sO bandido no, ‘Sto ag porque eu pecs, cet, sjudar dentro de casa, pongue cu ado quero ver isha core sofendo. Eno, po ‘oer comprare, o gis ta € vata e pooos el eno 0 overno nod meios de vida pra ns a ora. (0 que & ser bandido pr voce? PS ser bani pea mim & proeurarconviver com too mundo, agi da mefhor forma, fs mo prlemos vaca. Ser bandio pra ns € que 58 {amos fazendo atmos errendo als Jo nosso sans io ai; ajadando fralecendo nossa fain, porque nis nlo povemns dena nosso fino more de ome Ser Pando pr nim ¢ serum home sagaz, do eto que mis “Mas 0s homes entra agua sabe que val ser dado como Tandido pra socedade.” Masa» gente nes fla ag Sos home chega agi as vai ser watado como Bandi. Sep mete bla em nos, ala gral nem leva de dr. Se ‘8 ca chegatagu, ado tem essa de tabular, m8, & ‘Sou bandido, Na realidad, eu no sou bard, mass eles ‘hegat agi eu sou rales, eu 50, Aimpressto que dé qu a espe pte ett extn, Ein comprar uma moto um ca, uma eas pra min mie ‘reso eu comprava tad de melee waconh (Qual éa metbor pate? Popo assim, quando vem o dina a gas, uf tangul, curr un bgulho. Amand depois more, vtis amigos meer assim, ua éa por ae Piso mesmo aA gente no dome dito, pra A boca fsa sles seme i tem tbdorme eo, ss. © que € crime? Hf comotarasats ¢ praticro fico mas sem dear de respitaroeidgdo commu, Nunes sonido Sapo ume ea oe um conjunto residencial A questo € que a expresso faves pss a Set ‘uma denominagto para leas one existe fico e no un ‘comunidade do comsrages precarias, ‘capaho mn oem quinn maian as inl can con Ant tm deal stars, rarem des vlad gem eer fais, explondo a aia less (1) Vendo por oe Indo po do que conver cam time cir ew ote ‘Tum capo cums mudanga de lc, Pribindo que os poles vendam inimigos vis de uma fio pr uta guano 0 capa.) O erie dea fiver usa seu nome, Aran stra € ver que cime, spats ea ps ‘secede age ds mest ncn, er ie Como os paises eo pedendo sed sos poucs, slog € un endmeno i tes va lm: ars Seno sn, ers um po depart o do exist um tip decrime 0 dos eos Sexi sociedade, a dos ricos. a (0s Fale esto to pobres que et sem ‘io cu no sou viciado, sou usu, (© que voeé quer ser quando crescer? Quer ser bao. ', porque ipo assim os pa od una expliaso mani Go que bagulho A fea coms? Oa estes meno a Bea to prado ars dens, omer fazer isso prams, Yer sand a comee, pede prada rn oi, fim aE {si vi Vivi de que ants de entrarpra vid? cheguel ‘raul una farms A gente rfc, agi pasar a comunidad mes. eo esses i a ois pa es een vol oar, ponsam que» gn al aa 9 {idle mio € se, Se gute eat a no pont denis ‘Teen tater € exude € alguna case queens Basen ume vida mio fora vel Sabiamos quem cram ot pois que estavam no aepo © ‘quem erm 08 sanguin. © slogan sexo, drgase rock’ oll ea em nome de ‘ums apa revolt ant-autoritii, hoje a mistur de droga, fnas msc ruim & splesmente um caso de justia: William Wack Mas nem precisva, eu nunca aceite em tndo que cles lai, nem nas vedas, ano cas dain ors ei. Oa i Sina nso ma de ani. Cate fot. (0 crime realizou muito sono meu nti tu se qu te fut &ijusto.0 crime ved v8 ie ‘Cum LUGAR em qi voce no tem fundo de garana, 1 ada, Voeé no tem pti, voe® ao tem nad Voc® 8 v0) tot mo no qe alee ‘fo estes os enunciads que consituem o recorte da anilie que vamos fazer. ea 3. Anise cing MeMeMES 0 Ue colocmos em nossa intro: como se individualia osujeitocontemporineo? Pela leitura de nossos matcriais de andlise uma coisa se confirma: este sujeito se debate em uma falta de sentids que vera do fio de que o Estado falha come lugar de aticulagao sitnbolca Isto pode sr visto em vias ocoréncias: Quando Marla diz aus Ilo vai dizer 0 nome do corrupto porque alo tem sentido distr ‘© nome dele, pois o Estado, o sistema penitenclario nfo Teabiita ninguém Ou quando o menino diz ue erime parecia fazer mals Sent do que qualquer palavra amiga da mie resin porgus pot ‘ees, sho as mies que mantém os hos no crime eusufiuem die), Portanto, a insergio em uma insiuigdo (sistema penitencltto oe familia) que faga o sujito individuaizar-se em Seu semtide rae «sti Tuncionando nas atuais condigdes, Ha muito, cles destin dese modo de inserigdo. E usam'0 discuso institucional apenas ‘omo esteretipo, pant responder ao modo como outta pei cos situago. Paraeles, mesmo ese é um diseursosemy-sentio, Vamos Roubei porque o.com fom, Po, to agui porque asocledade nt fore ‘ido di nenfuum meio de vida pra gente agit ai fora (Observege 6 ogo entre o dentro eo fora). Se agente quer procirur abate, © ‘fll. Até pra procurar escola & del a gente ndo tem excorha ‘pra nade, Entdo eu 10 af mano como voce ta vendo mest ambone ‘aguique chega até a ser desagradivel. Eu nao bandldo ne 4o aqui porque eu preciso, certo, audar dentro de ava, pore eu so quero ver minha cored sofrendo, Ent, po quer comprarads 6 sf € tint e poueos rea, entéoo governo nao dé meio de vide 86 para “engatar” ng a". 88 existe “fora” do diseurso dele. F re" eles que eles repetem mecanicamente 10 les matam, ov, como & 0 caso dos X9, eles mata & do discurso “sob cold ‘uta coisa muito clara nets fas 0 fio de que faa sentido fale de logae One vive? Ein lugar ncbbun Se me as encima ds laes mevo, ora dese Ns enon scone der de casa porque seen dorms et whee ue pe acomtecer Davie mos nem dorme meses Osan certs higares fat do ibs paar Pon wes sey abr pram go gol mat rea Fe chor Fo em a, tar mn om spot Dann ce otis ieee toa ide cet ne ee ee Pc 2 tee am ae Ce ee ota kin See ee eS in pci Sane ay ei re te ee ceri Ce nya als ons ce asa eee vet Mase ha ran a sr da Ce le os cae ema Sen eet tl et rh ee be et rte Pal es cree noe ee fe ee emo eae re ett eae oe Se eee oti em eo den veo cetera at nda cose he es oo lini Fm a caer te pc ed eke} cere eereearsanee meses cn ee le Cee cm Se SEES SSS SAS oe tan Nh he eee sen Snag even pe om Segre fos hn isa one Seem a my ome a ¢ Jaz é certo? Nao, é errado. E errado mas é a vida que eu quero, & feral cde ea ma Sey Ga ae ne csi co {joo Cocmey mi a ne Ll mcen tern dea ae? O mee sete are it en acm ar Ee ri rr crea ie rege url co sta, ee eas paneer eon eens gentile femmndnes er nae orn abattoir ee a ne ee Oe ore a esa gee uci eo ane eu SES sarn ot mmemess ae rar Pe sbO CER MA HTEREADE se iris cos Srnec rn ee Ber se i oe) Ni pe, Na ae oo alc aneurin cama Seaaoyees ae nee mat aca ie ti cnc en me imma Pop ke anes as om he oo seb pis Baan See ee corey oma eae oe ne nae nas emen Pse sores i md pane oem nen ee sept) et in stn nce gia se ie tei Eadie Our gu ee ane roa ner fe en ta ol Reflexses conclusivas Se refletnmos sobre questo pot pelos menos dotrifico deo ponto de vista do que dz Canine Harwce (2005) a propésito do fe seria encoraao por criss formas de comunidad,» fore, Sipddncla lealdate @submissd, a auséncia do senso ero, Eatentaramos ulver todas a Max servando 9 enue “Bo fa certo ma vida ead como preencher de sentido esas "certs fogs de emia"? Ou 2h exams ua tno urns Mas amb vos encores belt ea evo. FPostipos de ssprato que exam unconando aves padesem Ser deajo er necessdade de prop, de ustentagi, de ajuda Spode contr asoetago, No eta, diferenement do que Eero, stomps uma devo snl ere De que mconalldae foderimos estar flan? Do sistema? Por bate lao, do pono de vista da comunidade fsional, 0 qe a Sstura froma? O apagamento de st deliberado, deseo ov Smo? © sarifco dest acoevidad? im mas em uma gic tahpetamente dierent da do sistema a gue esanes habiuas, Seno os sentidos dso que estamos enunciando amb sri tralmeni erent Nada desis sonidos ve aplicam, pois, ests foxmas de “comunidad” dos meinos do tfc. ‘ind Ege 03), cee, cnin. indisponstvel pt vag Sura vie Soci. Areaga permite 2 ‘solic, «vida soi vida agua E ai chegamos ento cm Tiron rico Nao essa possibiade de creme, sim com ‘Mo'hi possiidade de prteeo pela sociedad. Eg, pois negate estes ds principio ue estes suet const 9 qu gents pra chama de arpamento cm sua espe, Tran eae imprest ds aver parte dem up? Conse tlss constr ua llsfo grpel capa. de “acl angst Gr iso do tet, Esher posse Inaginarse em Un comp Sonpacteque pou a tug © ses iis comovents ee ‘morte nfo entra? Ora, a morte € a experincia de seu di-a-i, ‘Como dizem Lewhowies et all (2003), coma a domtinagio {do Estado moderno epousavaem sous fundamenos, a subjetivagio ‘modema consistia em subverter, romper, alterar esses fundamentos, ‘Questionadas as bases do sistema, adominagio enavacm xeque A sobre a expertise os aconeinerios ue ceca os meh ‘ss nes pie lars mis part duna spec Emm nso hati: mone poeta eae (DE CERTEAU, 1982) qe reli um tata de cnt oe ‘contecimenos tom si igus tempore no eset © ra ‘eo ene usd sent © 2nolo deacon dc (FOUCAULT, 1972), que contempla a rela entre uma atualidade uma memea, pois considera 0 eaunciado como uma singulrdade “nica um deteminado memento histrico, O-enunciado surge com ‘lor de aconfocimeno em mio um campo asceiado, mateialza um ‘enti, exlundo a possiidade de surgento de utes. Ness nade ele, as comeraragtes dos 500 ans do esi consiuiram um soo fet par @retomo de aconteciments hisiicos Sg, a0 interomper 0 curso continuo do presen revelam na esi Tistrco- mites emporalidades mitplas eidetidades pura. Nesse ‘Said, o objeto dea exrila€ a comproensdo do presen, constuids tanto na sua perp imedita quanto a sia relago como pasado 2. Inserigbes da meméria na escrita histérico-midiatiea Courtine (1998) « Mati € Guibas (194) pean a Uingugem consis no tei debi, ur er oe qPiibenes de memoria ds paiva (stare dics) So es Steam Assim. nungem € daca de exienei hitin ‘Senchl demo ge cla cole, hea guia A iia finionacono um does refi damemina pisos css {he complon asm orden dncusis eo ponds uma memo fhm em que materia Senin cos fm ooo azar ‘Trams, pos pocurrno“lsurvo tena” sins de um tral amc matralilade dss ncunen Com verter Cermoos de usec material damenca na orem dds? Tum spon cx nda dlnborne hrevemcte to exatio dscraive do enmcigo 0 desebriment do Br {ensiendooconfonto ents fragt disuse do Brat $00 Sos" ea fomagao dscns do "Bri oars SO” qe se one ti context da ommend “Ananda ge nz 0s dscaros qc asm a posto dora 0 aot remo dim psa qearconacom tna soda rerencia deus art tin ios personages ‘Eorepescnfos combos esbvedaes A poi dcarive Gb sd que oe incre inne dene frmaplo dicate pose sc dea como edagisequ vo Bras par daca So fino europe. En posgg consivise nama resp os Sans coo un grade eo, ha isa Serco em ua ee intrdncunva due cera inguin © redo os pares 158 consteradscvlizros xa culm porages. “rs oto eecs execs polaris so otos 50, eando codes de ponbiidade de exec de enunados ue manifesta seid de nega em ago ap qu sr endo Atma pel discs“ Bre 0 aos. Amen gu nai ‘Scr conta-dcuso. dines portant, como uma, avid oe ‘sista bo eaquesimero prodrid pels fssjos eliza plo {oveme rasiso Flsconee ms ee deenucado gue ep apo de ma mena colt manana Enna cosine ie docu i ¢ caraersticametsheteropenc on divers peop envalis nos acontcmetosraconads ocvecaes ps 500 as io Sue fads pelo cnunclador min ue Scape or oar repr, ra de comentario de ealunss, chart ene ato Ei vista dso, 8 memras snd pon ni soment se oper ‘mas tumbém fe terambar Do confomo ou da conivenca esas Gifts pigs dacurivasproduzanse vis sends sobre os acontecimentos decrees da come celeraa “blemos ao ened“ desorment do Bri cnn Sect pial Sof CTAUL 20 {hl no possi o tabi de iferenya temper,conservand'se ome perenemene psec O efio de senda rod por es tateraidde dscusiva manifesa um Gace desta expat © “uo curs crop ce pines ablanes do Bist pelo enetimena dem ist Reta nos dacs da, Ss euncad possi compress de que o Bs colt ‘seo tengo de um mando mint dns aa © seo que amie eed fr um epce de Insigo em dao ser io em xr, gual € tei sca € istrict. Ao enna le eve ela ua let de elemeros dcusven~ palsies, concn comms nse, sobre a al nid 0 peso ds pif dis (0 conju de eas Animas stride om ens dese ders. As _ tespeito, Foucault (1972) fina que as condigbes de srgimento de um ‘enunciado Sto istrica eregradas peas norma ds insti arn ihsraro exposto até 6 memento, anaiso um eninciedo ‘compost por texto e imager, que fi publicado no ead especial 500 anos de ten no Bras do jomal Folha de SPaudo, de 17 de bi de 2000. A descrgao desse enunciado pause na proposta de a Foucault (1972), que cansiste em defini as condigdes do execiio da fngo eounciatva que conferiu uma determinada sri de siznos lua existe espeeticae no cura. Os elementos que ideatifcam 8 fuangao enuncitiva to: 8) posiga0 do syiito sujeito-que-nara, sueito-quedesereve, sujeito que eval seit que asume um dscurso histoeo, ou que fgctenciaalgumas meméris, ememora deteminads fos e esquece buts); 'b) campo assciado em que os enunciades se nserevem, ot seja, a meméria discursiva que eles retomam, organizam ou que 0s raves; ©) & materilidade dscursiva, que coloca os enunciados rum tempo © nim espago, permitinda que sjam repetidos ou ‘ransormados. TEsst andlise toma ainda como parimeto as eategrias de fato, de sujet ¢ de tempo hisérieos (BOSI, 1992; NADAL & [BIFTENCOURT, 1988) para delimitar os contornos eos entomes Fingio enuneaiva que i possbilidage de emergéncia aos sntidos sale os brseiros de ante ede hoje ‘Dependendodaconcep od histiriaadotada,osfitshistéricos ‘podem ser associadas aos eventos poliins, s eomemoragescivicas as agdes dos hers nacionas ou entendidos como ages humana Sgnifiativas, que podem envoiveros homens, as coletvidades © 0s “iferetesnivets de vida em sociedad, como, por exemplo,eriagdes faints, comportamento de cerios grupos soca (movimentos ‘studs, feminists singeas et) ‘0 esto das ages dos sijeitoshistiriens pode reer sobre “determinaas personagens cujosfeitosinividais a tomsaram icones para uma soeiedade, sobre o poder de decis politia de autoridades, fo consideraraatuagio de sujets andes mas situaobes coins, Emrelae o tempo histrico, hum dstingdo entre tempo do scontecimento, tempo da conjunturae tempo da estrutura.O primeio ‘epesena a dra de um fato de dimensio breve, correspondendo {um momenta preciso e mareado por uina data a ssintura de um fcordo, uma peve,aindependéncta de tm pas, inicio eo fim de ‘uma guerra):o segundo prolonga-se, podendo ser apreendido duranie ‘uma vida (o periodo de uma crise economic, a permanéacia de un regime politico, o desenrlar de um movimento cultural; o tempo ‘de estrutira & 0 que parece imutivel, como se nele as mudangas ‘ocortessem em uma extensfo quase imperceptivel (a durapio' Je 158 tum regime de trabalho eseravecrata,hibitos religiosos, 0 uso de ‘moedas em determinado sistema do toca, os compertamentos coletivos mais enraizados, os valores eas erengas que permanecem or gerages, as relapiesirabalhistas que atavessam seul), ‘Noemuncindoemtc, arepresznayo para Oconto deidertidade Ao jovem brasileiro movimenta-se ene Bossier ¢ tempos isinios Por xerplo, na mesa pina so colocaes em stuacio de cononto Pada 2¢ Zum dos Palmares, das personaidads quo se distinc ‘ema a eto eao context histrio em que esa inser. Escravidéo trouxe 3,5 Na extremidade esquerda a pigina, o discurso narra, resumidamente, a biografia do jovem que se tomou imperador aos 15 anos de ida, dez anos apds a abdieagao de seu pai, D. Pedro I. Dois retratos do imperadar slo colocados lao a lado, um 20s $ nos de idade e outro, aos 19. Abaixo, 0 titulo O teem gue senton hn tro e ndo mando. Chama aatenga0 0 uso da palayeafeen em sven ake er ee monavea Abevitura da alae ingle teenager ue signiica ‘Mbolesceni, een nlo perience ao campo dicursivo que earslerza 2 pres hitrca, mas no campo dscusivo da patcamiitica orrets, Como ocalemo gi ao pblico joven, o oma. historador fz uso desse vocabulo pare buscar uma apoximagso om esc itor deal, configs presenga vor dja no tiscuno histo, O mes ccoeno segment naive qu eB 19 © rapaz ensou numa temenda fi: 208 15 ‘anos de ade, em 1841, torou'se imperador SoBnsi Emmeioao tom formal do texto, esse segmento marca pesenga doletora quema dscuso sedge. Consiurofatohistaioenvolvendo 'personalidade do imperado D. Peo 2° como um acotecimento gue ‘oloceu numa iromenda fia expe as esratégias de que se vale esse ‘ia de comanicag para asta sua inguagem com base na imagem (ue faz dese interlocute.Além disso, esses dois exemplos mostra tum jogo discursivo uilizado para aproximar o joven tor stuido no presente da personalidad: hisricastuada no pasado distant buscando, ‘om isso, ei um eft de idenifieago dese lito com imperadoe ‘Ott resume o feito dessa personlidade, ou melhor, 0 seu noe, ‘ois salienta um dos aspects que marcaram a biogafia do imperador, ‘andthe o stato de aconzcimenta hisricejrmalistico: ato de. Pedro 2d ter exereidoo poder qe he fra deegado. ‘alendo-se dessa linguager, 0 sujeto do enunciado procura, «enti, aproximarse dolor, apreximar let do assunto aba & ‘iaruma especie de identifica deste coma personagem em foco- Mas, para logiimaro seu ponto de vst, ele inoorpora a voz do histiadar ‘uj auoridae conte so que enuncis um eater de veracidade. Como ‘um dscurso volta oo pico len, ang ma, também, de elementos ‘idatizanes, como pode se observado no sepuiteexce Dom Pedro 2° assumiu 0 tomo inde dolscene, mis poaco manda, na verdad’, Saaposseojumgolpedaalamasconservador do govero para mane aida de estabiidade «do Impéro ede etre mais aca, A expresso destcada manifesta trabalho do sujeito em relagdo a0 seu discurso a pita dditiea que consiste em retomar ‘que foi enunciado, expandindo-o como acréscimo de informastes ‘ue visam explicar as razbes politicas que levaram um adoescente ‘de apenas 15 anos a ser coroao imperador do Brasil Como sabemos, a meméria movimenta-se enire a diac lembrangaeesquecimenio, Osaspectos questo cvocados ouencoberios stendem aos inleresses dos grupos que, num determinado moment Torta 160 da hist, so legitimades para produzir ¢ fier cirelardiscusos ‘erdaderes. Tendo em vist a comunidade de Teores a quem se

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