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a RIS Hi Ny 2 n OncANrzapoRES Bruna Franchetto e Michael Heckenberger UFR Reiter (Coonienador do Forum de Citi ¢ Cader EDITORA UFRJ Jose Henrique Vilhena e Paiva ‘Afonso Catlos Margucs dos Santos Yoonne Maggie Maria Teresa Kopschic de Barros ‘Ana Carrio Ceca Morera ‘Yonne Maggie (presidente), Afonso Carlos Marques dos Santos, ‘Ana Cristina Zaha, Carls Lee, Fernando Labo Carico, Peter Fry, Siviano Santiago 05 POWOS DO ALTO KinGd MESTORIA C CULTURA e ean Organizadores Bruna Franchetto Michael Heckenberger Editora UFRJ 2001 ESTRUTURA, HISTORIA € TRANSCORAACAD: A CULTURA XINGUANA WA LOGUE DUREE. 1000-2000 D.C? Michael Heckenberger oe Smt 1 ALLO Xin/6U € rico em histria. Este artigo visa apresentar um esbogo dessa longa heranga, que abrange mais de mil anos de deserivolvimento cultural inst? A despeito dessa riqueza, tem sido dificil para os antropélogos conceber a histéria xinguana, uma vez que tém focalizado nio o passado, mas o presente — os ritmos ¢ movimentos da vida na aldeia tais como experienciados em um contexto etnogréfico. Ainda de mais dificil apreensio é a histéria “estrutural”, no sentido que Braudel dé as correntes profundas, recalcitrantes, da longue durée, s6 reveladas através de geragdes ‘ou séculos, e por uma perspectiva regional. Apenas em parte pode-se considerar a reificagao do presente como conseqiiéncia de uma lacuna analitica, evidenciada na auséncia de uma arqueologia ou histéria documental adequadas ~ embora haja, de fato, uma falta pronunciada destas. Ela é ambém resultado de uma percepsao geral: para observadores ocidentais, © modo de vida xinguano exala sentimentos quase ssubliminares de atemporalidade e adequagio ecol6gica, imobilidade e imutabilidade, {que hé um tempo atrés eram considerados representativos das sociedades “frias” (Appadurai, 1988; Fabian, 1983). Quando se esta dentro de uma casa xinguana, por ‘exemple, deitado na rede olhando para os caibros, uma armadura de postes e vigas, ‘ou para as névoas de fumaga saindo da pancla e da chapa de cerimica, pegas centrais das grandes casas ovais, é de fato dificil imaginar que as coisas possam ter sido em algum tempo diferentes: no hé nenhum monumento ébvio do passado nas aldeias contemporineas. Nio apenas, entio, é dificil conceber a histéria, mas, antes, tem. sido facil ignoré-la, uma ver.que até recentemente os interesses antropoldgicos ~ na Amazénia ¢ alhures -, de maneira geral, nfo coincidiram com os histéricos. Em ‘outras palavras, tem sido bastante ficil transformar um certo estado de mente € corpo — ou seja, aquele do antropdlogo num presente etnogrifico — naquilo que seriaa condigao da prépria histéria xinguana —condigio que, no tocante a Amar6nia em geral, tem sido comumente chamada de “cultura da floresta tropical”. Lera histéria xi is ria xinguana através dos trabalhos seminais de Karl von den (1886, 1894), por exemplo, nao necessariamente transform: = a aor referente & suposta va aL ge ie A suposta variante xinguana da cultura da floresta tropical: os geificos e bundantes parecem desenhos dos tempos atuais, nfo fossem as agora onipresentes icicletas e traves de futebol. Devernos, no entanto, ler nas entrelinhas. O multi- lingiismo xinguano é uma evidéncia de que, desde hé muito tempo, vem se desenrolando um processo histérico de “aculturagao intertribal” — processo que, na verdade, tem sido lagamente notado desde o tempo de Steinen. Da mesma forma, compan cn padtées emogrficos do fim do séeulo XIX com os twas (por exemplo, aproximadamente 3 mil pessoas em 1884, 650 em 1954 e hoje) alerca para o fato de que as coi eee A mai ‘io sio como parecem ser: imutiveis. A ia dos autores reconheceu esses fitores hist6ricos e alguns chegaram a faze comentirios mais detalhados sobre os efeitos Ease taene Bae povoent (£ Dole, 1969, 1984a; Galvao € Simdes, 1966; Ribeiro, 19705 Silva, 72) ou sobre a formas do pluralism xinguano (ef. Bastos, 1981; Dole, 1993). No entanto, de maneira geral, os estudos citados sio micro-histéricos — abordam uma — de pequeno aleance; apenas rara ¢ hipoteticamente foi investigada a natureza do que aconteceu antes de 1884 (ver, particularmente, Becquelin, 1993; Carneiro, 1957; Dole, 1961/1962; Silva, ae iene interesante _Essas observagées ~ que nfo consituem uma ertica ~ pretendem enfatzar gue ian antropolégica da “sociedade xinguana’ foi amplamente construida ane baixa demogeafica das comunidades locais (c. 1940-1980), na verdade, 0 indies baixo atingido pelas sociedades amerindias em geral em muitos milénios. jem diferente éa perspectiva que se tem dessas sociedad : stir iedades em seu apogeu demogrifico, 2 “pee do contato com 0s europeus (c. 1500). A imagem da sociedade a bre hrc que emerge de um entendimento detalhado do passado arqueolégico lfere dramaticamente daquela do presente etnogrifico. O grande choque nio se deve tanto descoberta de construgées de terra em grande escala, quase onipresentes em sitios pré-histéricos te ‘embora isso seja de fatosurpreendente, A verdadeira surpresa se dé quando o antigo e sofisticado plano arquitetural é revelado em sua ined [As grandes aldeias fortificadas do passado remoto ~ algumas das quais eee eee reas desmatadas a elas associadas documentam uma transformagio inesperadamente dramitica ¢ intencional da paisagem pré-histérica. Também a distribuigio de aldeamentos, caminhos, ports ¢ outros aspectos topogréficos demonstra que no passado, assim como ies built environment integrava uma rea muito mais ampla, se estendend. te tegrava , se estendendo para além das reas das préprias aldeias. E bastante provivel que essa regiéo sibs auaporaldS ‘uma substancial populago na Pré-Histéra tardia, somando talvez dezenas de milhares steerer stan CTEAWSEARAAGA 2 dle pessoas, Fxadas em povoados grandes e permanentes~ alguns dos quai contando am milhares de pessoas cada -,densament distibuides por boa part da bacia do ‘Alto Xingu (ver Heckenberger, 1996, 1998a para uma discussio mais) detalhada), Independentemente da escala exata aingida pels antigas formagSes soc inguanas, mudangasvisiveisparecem sugerir uma descontinuidade radical ents © pasado 0 presente: “O passado é um pats estrangeiro, onde s fazer at coisas de vino diferente”. A frase memorivelefreqientemente citada de Hartley (1953) nos Jembra que tanto a antropologia quanto a historia eentam estabelecer significados corretos & distancia (Lévi-Strauss, 1963, p- 16-17; Thomas, 1991). Ao pensarmos ao ego sabre a hst6ria xinguana, devemos nos perguntar: como exatamente podemos tstabelecersignficados corretos a uma distincia que tanto é cultural quanto tempor

— das Antilhas a Periferia Meridional -, uma protocultura, ou melhor, um “substrato aruak” da ‘Amazénia antiga. A elaboragio dessa “Visio ampla” de histéria cultural est para além dos propésitos desse artigo; entretanto, tais modelos “culturalistas” no representam de forma alguma uma idéia nova no que concerne & Amazénia (ver Basso, 1977: Dole, 1961-1962; Heckenberger, 1998b, 2000a; Lathrap, 1970, 1985; Lévi-Strauss, 1969, 1973; Schmidt, 1914, 1917; Steinen, 1886; Viveiros de Castro, 1992) : Embora também no me proponha aqui desenvolver uma discussio geral sobre a origem ou antigiidade das linguas maipure no sul da Amazénia (bauré, ‘mojo, piro, chané, terena [guana], pareci, eas do Alto Xingu), gostaria de destacar que é provivel que todas ou a maioria— possam ser remetidas a uma antiga migra- ‘80, ou série de migragdes, para a regio do Alto Madeira, de onde posteriormente se expandiram para oeste (Acte ¢ Peru), para sul (terras baixas da Bolivia) e para leste sieve, sti Creawstenmnaiah @ PY (Periferia Meridional).* Os terena (guana) ¢ os chané limitam as extensbes desse processo ao sul, enquanto os pareci e os alto-xinguanos limitam-nas a leste. O que é mais importante aqui € que os pareci (incluindo kaxiniti, uaimaré, kozarini,iranxe, salumi/enawené-nawé) ¢ os aruak xinguanos (pelo menos, yawalapiti mehinako/ \wauri/kustenau) ~os chamados aruak centrais (Urban, 1992) ~ estio estreitamente relacionados e representam um movimento de aruak na Periferia Meridional, che- jando ao Alto Xingu por volta de c. 800-1000. Essa conclusio, baseada em prine!- pio na proximidade lingiistica, apdia-se também em correlagées prelimina- res acerca de evidéncias antropomeétricas (Santos ¢ Coimbra, neste volume) e, par- ticularmente, nas amplas semelhangas culturais. ESOUEMA CULTURAL E ESTRUTURA PROTOTIPICA ‘As vociedades maipure que se espalharam ao longo da Periferia Meridional — ‘cspecificamente os aruak centrais ou aqueles povos que adotaram seus modos de vida (por excmplo, bakairi, karib alto-xinguanos) — se destacam na regio por uma ‘eonstelagio de tragos culturais que as distinguem da maioria de seus vizinhos, como, por exemplo: 1) grandes aldeias anulares, mais ou menos permanentes, densamen- {e dlistribuidas em regides restritas ¢ interligadas por caminhos;? 2) economias de yriculvuraincensiva (togasfixas) baseadas no cultivo da mandioca, ¢ énfase nos re- utsos aquticos;* 3) integragio sociopolitica regional baseada em cultura ¢ ideolo- sla comuns e padres desenvolvides de troca (como comércio, casamento, vistagio ‘¢cetimonialismo intertribal);” 4) ideologias basicamente nao-ofensivas (isto é nio- ppredatdrias) c estratégias militares defensivas, algumas vezes corroboradas pela construgio de fortificagbes sofisticadas; 5) hierarquia social interna e ascengio he- reditiria & chefia."" Cada um desses tragos varia consideravelmente entre os gru- pos; considerados individaalmente eles também podem ser encontrados em grupos ‘lo-aruak-— por exemplo, as aldeias circulares do Brasil Central -, mas, considerados an conjunco, esses tragos ligam claramente os grupos da Perferia Meridional e os separam de outros grupos do sul da Amazénia ¢ do Brasil Central (ver Fig. 2). Hi freqiiente dificuldade em se elucidarem, de mancira compreensiva ¢ scurada, tragos culeurais comuns, devido falta de dados histéricos ¢ arqueol6gicos «¢ pelo fato de a maioria dos povos da Periferia Meridional ter sido radicalmente transformada pelo “contato”. Ainda assim, existem informagies suficientes para su- erie que estas culturas dstintas sio permuragdes de uma estrutura simbélica sub- jacente, Em outras palavras, esses tragos refletem motivos ou esquemas culturais tamplos: categorias, prinefpios e metaforas fundamentais, profundas, jd presentes nas calturas maipure que colonizaram 0 Alto Xingu, e que se manifestam, embora de ‘maneira transformada, nos atuais povos xinguanos. Considerados na longue dure, 32 Ws reves nate iat tués esquemas primordiais podem ser destacados, genericamente definidos aqui co- imo sedentarismo, hierarquia social e regionalidade: ou sea, hé um habitus (no sen- tido de Bourdieu) xinguano que predispoe ou tende a reproduzir: a) sedentarismo, economias de subsisténcia fixas e alteracio de topologia (mais do que mobilidade ¢ baixo impacto); b) hierarquia social interna (mais do que igualdadc); c ) integra Go € acomodagio regi lade ofensiva). Em linhas gerais, esses esquemas culeurais (estruturas) podem ser resumidos como se segue: is (mais do que autonomia hosti Sedentarisme: Os xinguanos sio povos sedentirios: um etos caracteristico da vida em aldcias mais ou menos permanente permeia a maior parte dos aspectos da cultura xinguana (ver Heckenberger, 1998a; Heckenberger etal, 1999). Durance a naior parte do periodo histérico, pelo menos apds meados do século XVIII, aldeias de até mais de 300 individuos realocavam-se ocasionalmente no ambito de uma sivea fixa (num raio de 1km, aproximadamente) ou dividiam-se, formando grupos satdlies separados da aldeia “mie”. Fsses movimentos io geralmente condicionados por fatores sociopoliticos e/ou sobrenaturais (principalmente, rivalidade, feitigaria e relagdes externas mutéveis), ou ocasionalmente por preocupagbes priticas (como 0 actimulo de imulos nos cemitérios das pragas), mas nao so reflexo de uma degradasio ecolégica. Na Pré-Histéria, as aldeias eram permanentes ¢ elaboradas estruturalmente por substanciais construgdes terrestres. O sedentarismo xinguano nao é simplesmente conseqiiéncia do assentamento «em um meio ambiente rico: a mudanga de um padeio in situ menos sedentério para um mais sedentério nfo resultou apenas de um ajustamento a condigdes ecolégi- «as particulatmente propicias (ver Carnei do através do qual os xinguanos, a0 longo da seqiiéncia cultural, véem o “padrao” de assentamento apropriado: um modelo concéntrico muito claro e preexistente, se- sgundo o qual se organizam as relagées espaciais dentro das aldeias, cujo Amago é a praca central, A beleza de uma aldeia se deve a uma praga bem delineada ¢ limpa, ‘com uma zona de casas em forma anular 8 sua volta. , 1978), a0 contritio, faz parte do mo- ‘As aldeias se articulam com a paisagem local e com outras aldeias similares de ‘um modo bastante padronizado: estdo sempre posicionadas na frontci restas de terra firme (ndo-inundaveis) ¢ cérregos, pequenos rios ou dreas inundaveis ‘maiores ligadas aos rios principais. Distanciam-se umas das outras segundo um pa- drio mais ou menos regular de espagamento ~ o qual se torna particularmente apa- centre flo- rente quando 0 confrontamos com 0 periodo pré-histérico tardio, quando a drea cra mais densamente ocupada — estdo interconectadas por um complexo sistema de caminhos, pontes, portos e acampamentos, que também formam uma rede in- tegrada nos territérios das outras aldeias. Cada aldeia, gradualmente, dé lugar a ‘spagos menos construfdos, que incluem uma larga zona de floresta secundéria Istrerane iste Crseotanncte @ D2 1s, que se estendem para além de suas margens. Alguns farores, como sua locali- ‘ago, 0 uso da terra ao seu redor e a continuidade na produgao de cerimica domés- ‘ica, documentam que as populagdes locais mantiveram uma orientagiio econdmica © ecoldgica basica, Fundada no cultivo relativamente intensivo da mandioca ¢ na a0 longo da seqiigneia cultural inteira. Hierarguia: A hierarquia xinguana baseia-se numa estrutura sociopolttica cia de parentelas hierarquizadas e de sucessio hereditdria para o oficio da Essa estrutura hierérquica funda-se em relagSes de superioridade ou domi- jenealdgica (homem : mulher :: pais: filhos:: iemio mais velho : irmio mais novo 1: chefe : homem comum) reproduzidas em vi dade doméstica ealdeia, e medidas pelo grau de “respeito” de uma pessoa snte superior. No Alto Xingu a hierar- niveis, como, por exemplo, ‘49 telagio aos que estio em posigio socialn ‘quia social ni se cristalizou de modo explicito em classes sociais rigidamente estra- lilleadas ~ a0 conteitio do que ocorreu com certos povos aruak do sul, em parte, duvido ) incorporagio em grande eseala de cativos, definindo uma “classe escrava” (Oliveira, 1960, 1968; ver também Oberg, 1950); em ver disso, configurou-se no Alw Xi 4 hictarquia bipartite (chefes/homens comuns). As linhas cognéticas tle chefla, por possuirem um alto estatuto, mantém acesso especial ao poder ideo- \jgieo (simbélico) , por extensio, ao poder politico-econémico. Os individuos ‘ais altas posigdes (particularmente do sexo masculino) deriva da relagio que estas tém com a hierarquia da chefia. © casamento igimico é um privilégio comum entre chefes tende a se realizar intra inter- Hinhas de chefia (ou seja, ha uma endogamia de classe), entre primos cruzados, de ‘i p fii sem diivida enfraquecido, devido aos efeitos do despovoamento (Dole, 1969; Carneiro, 1993; Ireland, neste volume). mover aliangas estratégicas entre aldeias ~ esse padrio, no entanto, Reivindicagées quanto ao estaruto de chefe (legitimidade) so altamente ‘ontestadas ¢ fornecem a base primordial para a oposicio ou 0 faccionalismo entre linhas de chefia sivas, Assim, se, num momento especifico,o épice da hierarquia da ‘em um ou dois chefes prineipais, as posigSes imediatamente inferio- npre difusamente distribuidas dentro e entre as linhas de chefia. Aqui & linportante distinguir entre estrurura subjacente e constitutiva das hierarquias locais © sins manifestagoes na pritica, a realizagio concreta dessa estrutura: quer dizer, ‘entie 0 oficio permanente de chefe(s) € os ocupantes reais dessa posigo em um " ‘hefes e as relugSes espeeificas entre elas na hierarquia como um todo, que sio ‘ontinuamente negociadas e redefinidas (cf. Comaroff, 1985, p. 44). lento especifico, ¢ entre a hierarquia fixa consticutiva das linhagens ou casas de 34 @ ws reves mat riven Tal estrutura de parentelas hierarquizadas, que cria simultaneamente uma Jo estrutural entre chefes e nio-chefes, ¢ que, 20 menos figurativamente, incorpora a ambos numa estrutura genealégica unificada, é reconhecida por tipos diversos de sociedades hierdrquicas. De uma perspectiva comparativa, estruturas hierérquicas similares tem sido associadas a conceitos diversos, como, por exemplo: “ramos (Firth, 1936), linhagens de status (Goldman, 1970), “cis cbnicos” (Kirchhoff, 1955; Sahlins, 1968) e “sociedades de Casas” (Carsten ¢ Hugh-Jones, 1995; Lévi- Strauss, 1982, 1987). Tém sido reconhecidas em diversas sociedades, de minima a mo- deradamente estratficadas, encontradas por exemplo entre grupos bantu, na Africa (Comaroff, 1985; Evans-Pritchard e Fortes, 1940; Rowlands, 1990; Turner, 1957), ‘grupos austronésios, na Oceania (Earle, 1997; Kirch, 1984, p. 34; Sahlins, 1963, 1985), no sudeste da Asia (Friedman, 1975; Leach, 1954) ena costa noroeste norte- americana (Lévi-Strauss, 1982; Rosman ¢ Rubel , 1971; Rubel ¢ Rosman , 1983), centre outros lugares. No entanto, a continuidade de uma tal estrutura subjacent também pode ser reconhecida em sociedades mais rigidamente estratficadas, como, por exemplo, entre os antigos maia (Haviland, 19775 Schele e Freidel, 1990; Schele © Miller, 1986), na Europa feudal e no Japio (Lévi-Strauss, 1982), no Havat (Sains, 1985; Valeri, 1985, 1990) ¢ até mesmo na China hiperestratificada (Chang, 1983, 1989), entre outros. A hierarquia da chefia se manifesta através da mobilizagio em contextos ri- ‘uais ¢ em projetos da comunidade, do controle das atividades rituais e publicas em geral, edo controle e administragio dos contatos externos; é objetivada na cent: zasio das atividades politicas piiblicase rituais, ralizadas na praga da aldeia, e na “organizagao espacial da casa; é subjetivada na figura daqueles que detém a “posse” da aldeia, de suas terras, da casa do chefe, da praga, da casa dos homens (is vezes acu muladas na figura de um mesmo individuo); e por fim, é encarmada em aspectos do corpo, do saber esotérico, da palavra e dos ornamentos do chefe, ¢ em outros indica- ores do estatuto elevado do chefe. Nesse sentido, sugiro que: a) um idioma da hilerarquia subjaz& maioria das relagSes socias;b) os atoressocias sio diferencialmente transformados (construidos) através da objetivagio simbélica e ritual dessa hierar quia; € 6) atores “de peso”, aqueles que podem acumular um excedente de recursos simbélicos (um “fundo de poder"), transformam-nos em capital econdmico ~ na forma de riqueza ¢ trabalho -, fornecendo assim a base para uma economia po- Iitica plena (Heckenberger, 1998b).. Por tiltimo, podemos notar que a hierarquia tem uma dimensio “lateral” ou horizontal, baseada em campos ou categorias coneéntricas ou assimeétricas referentes A utilizaso do espago es identidades sociais, um ponto com implicagées importantes para intetpretagbes de padres antigos (Heckenberger, 2000b). E.como se os modelos Esieevenn, wstRi CennseetennGAh PD ‘conceituais de sociedade e de espago articulassem 0 ponto central de um circulo com ‘0 vértice de uma piramide. Regionalidade: Os padrées xinguanos de socialidade possuem dimensio supralocal bem desenvolvida ¢ necesséria, que se estende virtualmente a todos os aspectos da vida sociocultural. Embora algumas sociedades amazOnicas sejam justificadamente earacterizadas como atomistas, auténomas, definindo-se ¢ re- produzindo-se através de uma singularizagio ou oposigio simbélica em relaglo & exterioridade (humana ou nao), as comunidades que habitam o Alto Xingu formam, uma sociedade regional que se reproduz através da rede de trocas rituais entre eli- ts, da interdependéncia cerimonial e de padroes difusos de sociabilidade e de inte- raglo intra ¢ intercomunidades. A socialidade xinguana esti fundada num etos, numa visio de mundo e numa ideologia social que demandam uma co-participagio (interdependéncia entre aldeias) em rituais centrais de reprodugio social ~ mais Jmente relacionados aos ritos de passagem dos personagens de “elite”, afirmando Iideres do passado, do presente ou do futuro. Em outras palavras, a cultura xinguana nente regional e representa um “corpo” ou “comunidade” moral (Menget, 1993); esse etos tanto promove quanto se finda na interaglo intra e interaldeias, na hospitalidade e na adapragao. é necessar Assim, a identidade xinguana é autodefinida através da referéncia a um sistema n de sentidos valores (o interior) A fronteira entre as categorias que designam © exterior € 0 interior, apesar de mais ou menos claramente demarcada a qualquer momento, é altamente permedvel e graduada (concéntrica), mas, enquanto o exte- rior écontinuamente redefinido, em termos deidentidades socais,o Amago simbélico do sistema (os valores ¢ sentidos partilhados) mostra uma durabilidade marcante. Fis flosofia social tudo, menos xenéfoba (atomistica ou predatéria); a0 contritio, € “acolhedora” e, como foi historicamente demonstrado, bastante aculturativa, mente absorvendo tanto tragos culturais quanto pessoas de fora. Esse padrio, «que talvez ji estivesse presente no “substrato aruak da antiga Amazénia’ (cf. Schmidt, 1917), explica em parte a heterogeneidade etnolingifstica da Periferia Meridional. Embora no momento nao seja possivel reconstruir os padres pré-histéricos de \ereasamentos, troca material ou cerimonialismo intercomunitario, que forneciam a base das relagées regionais, é possivel sugerir que a “regionalidade” estd presente na ‘strutura prototipica aruak. A idéia de regionalidade nos ¢ sugerida nao apenas pela proximidade verificada entre as aldeias pré-histdricas, mas também pelo caréter de Feduto supralocal que assumiam as prasas pré-historicase, ainda, pelos sistemas de ‘estradas encontrados entre as aldeias pré-historicas que, como hoje, as interligavam Indubitavelmente através da regio. pron 36 wravas neato nt TRANSTORMACOES Ao longo do segundo milénio d.C., pode-se dizer, houve continuidade dessas ‘struturas ou esquemas culturais, observvel especificamente em aspectos bisicos da ‘cultura xinguana: padroes de assentamento, onganizagao espacial da aldeia, uso da terra, tecnologia ¢ economia de subsisténcia. Tal perspectiva nos é sugerida através da integragio de evidéncias arqueoldgicas, lingiisticas, etno-histéricas ¢ da his- ‘6ria oral indigena, Sitios arqueoldgicos pré-historicos (Fig. 3) mantém uma forma bdsica: a praca central circular, a partic da qual se estendem vias radiais. Essas vias representam as principais artérias de uma rede de caminhos que ligam as aldeias centre si ea pontos proeminentes na regio, Associada a ess sitios, encontra-se uma distintiva’manufatura da cerdmica, que mostra claramente nio apenas a continuidade ccltural (aruak), das primeiras ocupagées a0 presente, mas também a continuidade na economia de subsisténcia (Heckenberger, 1998a).'2 Com relagéo aos aspectos mais obviamente durdveis dessa cultura, observa-se também a continuidade de longo Ore © conse Aone foun 3 Disb de sin aguas wo Alo Kings, Obs sin (rind ees ello to er coer pe Aspen onadas sor com nero econ pnts) sina crt detec procs mpc pein Sos tend in cr coed no Quo 3 Ido mapa, ba Isinevuen wisn CTRewscormagae Go) / termo no uso geral do tertitério ~ como, por exemplo, na localizagio das aldeias, locais de atividades especiais,trlhas, pontes e portos para canoas. Assim, através desses tragos duriveis e visiveis, que implicam continuidade ‘em outros aspectos menos visiveis, a seqiiéncia cultural também representa uma tradigio cultural singular: a tradigao regional xinguana. As fronteiras desta tradicio, cembora mais ou menos flexiveis ao longo do tempo e nao precisamente delimitadas até 0 momento, cortespondem aproximadamente aos limites da bacia xinguana. aseando-nos principalmente em mudangas senstveis nos padres de aldeamento © tecnologia da cerimica, em evidéncias etno-histéricas ¢ em uma seqiiéncia de dados Uc radiocarbono (Quadro 1) podemos reconhecer, nessa Tradigéo Xinguana, virios, pperfodos significatives de transformacao. Esses elementos fornecem a base para uma divisdo da seqiéncia cultural em duas fases consecutivas: a fase Ipavu (c, 900-1600) QuanRo 1 = DATAGOES DE RADIOCARBONO PARA © ALTO XINGU, SEGUINDO 0s sfti0s Sitio Lab. Ne dade ajustada por C13 (AP*) Ano Nokugu. Beta-72260 180 + 60 170 dC. Ipatse Bera-72264 190 260 1760 4.C, Kuguhi Beta-72266 | 340250 110 dC. Nokugy Bew-81301 360270 15904.C. Tehukuge Beta-72265 440 £50 15104.C, Kihikugu Beta-72262, 440 +70 15104. Miaraeeé Gif-3307" 600 = 80 1350 d.C. Tuatuast Gif-5365" 680 + 60 1270 4c. Hialugibier Bera-88362 690 + 60 1260 d.C. Nokugu Beta-78979 700 +70 1250 d.C. Kubikeugu Bera-72263 900 + 60 1050 d.C, Hialugihitt Bera 88363 910 = 80 1040 dC. Morena £3308" 920 +90 1030 d.C. Nokugu Beea-72261 1000 +70 950 dC. Nokugu Beca-78978 Moderno = (Obs 1) Nao estio includas as séres de datas confasas de MCAx-O1 € 02; 2) datas Beta-Analiticas (Weta) so reporeadas aqui pela primeira ver; datas seguidas de asteiso so reportadas em Beequclin 1993, p. 228-230; 3) a amostra Beta-78978 no € considerada segura pois foi coletada numa Jrofandidade de 50cm abaixo da amostea Bta-81391 (1590 d.C.) na unidade de esevagio 9; origem ‘ke contaminagio desconhecda * AD (Antes do Presente)&s expressio waa para a dataio de perfodos arqucoldgicos. © infcio do Present, conforme convencionou-se equivale a0 ano 1950 ALC. As indiagies usuais uC. ¢ AC. inuam também a serem utilizadas. (N. dE.) sirens USEC THstatanGte 28 ew was pe ae Kiet 39 {manitsawé, arawine) (1820-1 Flour 4. Datagées tadiocarbdnicas do Alto Xingu. Obs: o mero do labora etd enti as idades calibradas (em negrito) e as io caibradas da mesma dato. q ue i : pcs Ld i g g i q 3 : 5 | aig § Eo ae fe ile] S:00H Gf ahh] ,| aede ¢ | ' sdses Ge Efz/8| paddy | H qgigae 2: ade giia 3 | eigsie af ia gisk 7 ’ Seyace 23 Shs) shee 4 5 Sagese oz 5 # 2 { qaiidy gi BPs Saari ESeg2 5 2 ge 2 8 geo eee 5 28 = 3 ffa9 PE 3 ‘Meridional, contato mais ditero e continuo depopulacio compressio geo ripida deses EVENTOS PROEMINENTES/CARACTERISTICAS a 1740-1770 — CONTATOS COM OS FRIMEIROS BANDEIRANTES ‘ea fase Xinguana (c, 1750-presente),separadas por uma fase transicional (fase Proto- deere Hessen Xinguana) (Fig. 4). Cada uma dessas dias fases foi ainda subdivida em um estégio mais remoto ¢ outro mais recente, para melhor explictar mudangas sensiveis.® miul « # 3 3 ele] = = @ . (RONOLOGIA XINGUANA i a 3 s g £ © Quadro 2 ilustra 0 raciocinio bésico para a periodizagio cronolégica. Na o fase Ipava mais antiga (c. 800-1400), havia um padeio cultural pré-histérico mais 4 ‘ou menos estivel, marcado pelo estabelecimento de pragas circulares e pela manufacura 2 8 da cerimica distintiva na rea, ambas caracterstcas de ocupagées da tradigo xinguana R| 2 $3 (Fig, 5; Quadro 3). Esses grupos, ancestrais dos aruak do Alto Xingu, representam. 8 3 Ra 4 3 gt aparentemente 0 ponto terminal a leste de uma expansio que se originow a oeste no alae 4 88 g2 fim do primeiro milénio d.C. (c. 800-900). Esse padrio sofreu dramatica mudanga B| Ee ¢ a | ag por volta de 1400, documentada pelas fortificagGes encontradas em virias aldeias do g i a & 3 & 3 g petiodo pré-histérico tardio. Na fase Ipavu tardia (c. 1400-1600) grandes aldeias & aod ze d fortificadas, descritas abaixo, dominavam a regido. A medida que os padres locais 10 © brevis sn atts sivee (Wow DEN SteINeN) ras expedigées alemas (Secinen; Meyer; Sch gg i 23 gis2e Seags gists S202 | Periodo histrico Fase Xinguana tardio dos intereses etnol sio. = (1945-1955) renova st Nacional Parque indigena administrado cientifieas do Muse = (1961) cragio de ot brasileras;relocaga Panare (Baruzai, 1977) Po P*sitOs elocasso dos a Indios ikpeng, ka & ¢ d 3 iy S FF Bee Pay gir € gée gee ahh HG aie GEE 5 £98 25s 2 gay Ges Hara eat : | & g seen stn Creseatennght @ 4) dle asentamento se tornavam mais orientados para a ocupago permanente de sitios fortficados, a populagio regional ia se concentrando nesses sitios. Durante a fase Ipavu, destacaram-se dois complexos singulares de sitios: 0 Complexo Oriental, que ocupou a parte sudeste do nticleo da bacia do Alto Xingu, © 0 Complexo Ocidental, correspondente as grandes aldeias fortificadas iden- lificadas a oeste e norte do lago Tahununu. Esses Complexos esto mais préximos ido que chamariamos de “culturas arqueol6gicas", pois possuem aspectos da cultura ‘material essencialmente idénticos. Os aruak contemporaneos do Alto Xingu sio 05 sdescendentes desses grupos do Complexo Ocidental, embora as duas linguas aruak slto-xinguanas (yawalapiti e wauri/mehinako) talver remontem a uma divisio pré- hist6rica do Complexo Ocidental em termos do cixo norte/sul. O Complexo Orien- lal corresponde a aldeias menores, nio-fortificadas, identificadas em torno do lago ulares (algumas Jahununu, compostas aparentemente de uma ou varias estruturas las quais podem ser identificadas como casas). Os aldeamentos remontam a grupos «das comunidades de lingua karib do Alto Xingu, conforme aiestado pela historia oral karib Esse padrio foi rapidamente alterado pelos impactos inicais do contato com ‘os europeus (c. 1500-1600), cujos efeitos mais noraveis foram o despovoamento ea dlisrupgio dos sistemas sociopoliticos macrorregionais. Durante a fase transicional, Flour 5. Planta do so pré-histdrico de Nokugu (MT-FX-06). Obs: aldeiashiscorcamente ocupadas por grupos xinguanos durante © perodo entre final do século XVIII © 1973 so marcadas com ‘teu abertos, inclusive: 1) Ahangitahagh; 2) Wau: 3) e Ad. Pontinhos prewos asinalam unidades 1 cj, que produiram material arqueolbgico de superficie. Notem-se a positivas, de coeta (2 raga centrale a estrada radii 42 wre rem tie Quapko 3 ~ Str10s ARQUEOLSGICOS PRE-HISTORICOS E PROTO-HISTORICOS DO ALTO XINGU E PRESENGA DE OBRAS MONUMENTAIS. Referéncia do sitio Nome ‘Obras monumentais a Mc Fx-02* Ipavu Et Ni! = McFx.03* Ipava It Nao S Me-Fx04* Ipava [Tf Nio. S Mees Noviait Sim 16 cugu im oer |e |S Mc-Fx-08, Miarareé + Nio t Mt-Fx09 ‘Yakaré * Sim 1 MeFr10 Navid ‘Sim fa MeBerr Kaha * Sim 2 terse | SOO | eae | Mt-Fx-19*%* Seed. ‘Nao? é Me-Fx-20°* Séhu ‘Niio? Me-Fr-21** Maijeinei Néio? ‘ tera | eee | : Me-Fx27** Ehumba ‘Sim? Z McFx-28 Gahangugu Sim - MeFx-29° Angaanga Sim . Me-Fx-30°* Meinacu ‘Sim 1 Observagdes: 1) Outta fontes relevant 19935 * Silva, 1993; ** Dole, (fase tpavu) nese sis, Ele incluem: Basso, 1973); Ahingikugu (klapal?), 1961/1962 (Mc-Fx-12 4 Me ‘com a XIV Coordenagio do Instituto do Patimbaio Hist ficada unicemente com base na tradigio orl indigena sitios pré-histricos nas proximidades das ldeas con (io Culuene); 4) Muitos sitios kaib ocupados hist ‘ora. AParecem em fotografiasadreat, mas no hd cerera da ei (oa segunda coluna) # Simes, 1967, 1972; 2 Be 31 foram registrados pelo a ico © Antico Nacional 3) Afima: ntnca de powoarentor mas unt /Kvap gala) aap Kang confrse ‘Mia (kuikuso); Asai Salaun eagen cm i (hukuro). tsreve,ustRI CTenesttAGAL Go 42 1) Proto-Xinguana (¢, 1600-1750), a manutengio de fortficagées substanciais nas vldeias cessou € muitas delas foram abandonadas pelas comunidades do Com- ental, Por volta de meados do século XVIII, comunidades do Complexo aaram para algumas dreas previamente ocupadas por aldeias do Com- plexo Ocidental. Apds ¢. 1600-1750, os Complexos Oriental e Ocidental se fun- iliram, formando a base de uma cultura regional multigenica (fase Xinguana) que inua até 0 nosso século. O periodo entre c. 1720-1770 foi pronunciadamente Jo devido as exploragées dos bandeirantes, que adentravam 0 Brasil Cen- ~ como conseqiiéncia da descoberta do ouro ¢ da escravi- conturh tral € 0 sul da Amazér jaylo das populagées amerindias. A fase Xinguana mais remota (c. 1750-1884) comegou com os encontros face si fice entee xinguanos eluso-brasileiros, relembrados vividamente nas histrias orais Alnguanas (Basso, 1995; Franchetto, 1992). Essas entradas tiveram breve duragao, ¢ J péculo XIX (até 1884), 05 europeus aparentemente iio mais estiveram na bacia tly Alto Xingu. Essa primeira fase Xinguana representa um perfodo de consolidagio I, quer dizer, de fusio de diversas culturas, que deu lugar a uma cultura re- ultictnica/lingiistica. O processo de integragio social eaculturagao no sistema | xinguano tem rafees pré-historicas, conforme indicado tanto pela aproxi- grifica quanto pela interagio entre os Complexos Oriental e Ocidental tnagio (1500-1750), e continuou ao longo das fases subseqiientes — Proto-Xinguana ¢ Nlnguona. A fase Xinguana recente (1884-presente) se define pela chegada da ‘exporligo etnolégica alems liderada por Karl von den Steinen, o qual documentou Ju slotema culvural regional relativamente estivel, essencialmente idéntico (grasse existe hoje (Steinen, 1886, 1894). PRIMEIRAS OCUPAGOES ciras ocupagées da bacia do Alto Xingu de que se tem noticia se Anlelaram por volta de 800-900 d.C, As datas radiocarbénicas provenientes de camadas Anlelis da esteatigrafia culeural intacta (terra presa)* feitas em tres sitios do alto Ning ~ Nokugu (1000 + 70 AP), Kuhikugu (900 = 60 AP) e Hialugihitt (910 + 80 AV) documentam uma ocupagio quase simultinea no fim do primeiro milénio AC. Hin veqiéncia cronoldgica correta referente As escavagies desses sitios, datas jullocarbOnicas demonstram que a tert prea consiste em depdsitos acumulativos Huywos durante séculos de ocupagdes continuas (ou quase continuas). Em cada ‘480, « ocupaso inicial representa aparcntemente o estabelecimento de uma aldeia ‘ijoular, com uma praga mais ou menos “limpa” de artefatos © de serne prena eum. ‘wel dle dveas domeésticas ao seu redor — indicada pelos depdsitos estratficados de As prin

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