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LEI N° 17.097, DE 17 DE JANEIRO DE 2017 Dispée sobre a implantagdo de medidas de informagao @ protecdo A gestante ¢ parturieme contra a violénela obstétrica no Estado de Santa Catarina. © GOVERNADOR DO ESTADO DE SANTA CATARINA, Fago saber a todos os habitantes deste Estado que a Assemblela Legislativa decreta e eu sanciono a seguinte Lei: Art, 1° A presente Lei tem por objeto a implamagao de medidas de intormacdo e protegdo 4 gestante partunente contra a vieléncia obstétrica no Estado de Santa Catarina © divuigacao da Politica Nacional de Atencao Obstétrica e Neonatal. Art. 2° Gonsidera-se violencia obstétrica todo ato praticado pelo médice, pela aquipe do hospital, por um familiar OU acompanhante que ofenda, de forma verbal ou fisica, as mulheres gestantes, em trabalho de parte ou, ainda, na periods puerpério. An. 3! Para efeitos da presente Lei considerar-se-a ofensa verbal ou fisica, dente outras, as seguintes condutas: | — Wwatar a gestante ou parturiente de forma agressiva, nao empatica, grosseira, zombeteira, ou de qualquer autra forma que a faga se sentir mal pelo tratamante racebido; | = fazer graga ou recriminar a parturiente por qualquer comportamento coma gritar, chorar, ter medo, vergonha eu duvidas; \ll — fazer graga ou recriminar a mulher por qualquer caracteristica ou ato fisica como, por exemplo, obesidade, pelos, estrias, evacuagao © outros; IV — no ouvir as queixas @ dividas da mulher intemada @ em trabatho de parto; V = watar a muthar de forma inferior, dando-Iha comandos ¢ names infantilizados e diminutives, tratando-a coma incapaz; Vi-fazera gestante ou parturiene acreditar que procisa de uma cesariana quando esta nao se faz necessaria, Utlizando de riscos imaginarios ou hipotéticos nao comprovados e sem a devida explicagdo dos riscos que aleangam ela a a bebé: Vil = recusar atendimento de parto, naja vista este ser uma ernergéncia médica; VIII = promover a transferéncia da intemacao da gestante ou parturiente sem a andlise © a confirmagao provia de haver vaga e garantla de alendimento, bem como tempo Suliciente para que esta chegue ao local; 1X = impedir que a mulher soja acompanhada por alguem de sua preferéncia durante todo 0 trabalho de parto; X — impedir a mulher de se comunicar com 0 "mundo exterior’, tirando-the @ liberdade de teletonar, fazer uso de aparelho celular, caminhar até a sala de espera, conversar ‘com familiares @ com seu acompanhante; XI — submeter a mulher a procedimentos doloroses, desnecessarios ou humilhantes, como lavagem intestinal, raspagem de pelos publanos, posi¢ae ginecologica com portas aberlas, exame de toque por mais de um profissional: Xll — deixar de aplicar anestesia na partunente quando esta assim o réquerer; XIII — proceder a episiotomia quando esta nao é realmente imprescindivel; XIV — manter algemadas as detentas em trabalho de parto; XV — fazer qualquer procedimento sem, previamente, pedir permisséo ou explicar, com palavras simples, a necessidade do que esta sendo oferecido ou recomendado; XVI — apés © trabalho de parto, demorar injustificadamente para acomodar a mulher no quarto: XVIl_- submeter a mulher e/ou bebe a procedimentos feitos exclusivamente para treinar estudantes; XVIll - submeter 0 bebé saudével a aspirage de rotina, injegdes ou procedimentos na primeira hora de vida, sem que antes tenha sido colocado em contato pele a pele com amie e de ter tido a chance de mamar: XIX —retirar da mulher, depois do paria, 0 direito de ter o bebé ao seu lado no Alpjamento Conjunto e de amamentar em live demanda, salvo se um deles, cu ambos necessitarem de cuidados especiais: XX — nde informar a mulher, com mais de 25 (vinte @ cinco) anos ou com mais de 2 (dois) fihos sobre seu direito & realizacio de ligadura nas trampas gratuitamente Nos Nospitais puiblicos ¢ conveniadas ao Sistema Unico de Salide (SUS); XI — tratar 0 pai do bebé como visita ¢ obstar seu livre acesso para acompanhar a parturiente € 0 bebd a qualquer hora do dia, Ar. 4° O Poder Executive, por meio de sua ‘Secretaria de Estado da Sadde, olaborara a Cartitha dos Direltos: a Gestante © da Panuriente, propicianda a todas as mulheras § 1? O custo daCartiha dos Direitos da Gestante @ da Parturlonte podera ser patrocinado por pessoas juridicas do direito privado, de acordo com critérios a serem estabeleckios. pelo Poder Executivo. § 2 A Cantina sera elaborada com uma linguager simples e acessivel a todos os niveis de escolaridade. § 3° A Carina teterida no caput doste artigo trard a integralidade do texto da Ponaria n* 1.067/GM, de 4 de julho de 2005, que “insttui a Politica Nacional de Atencio Obstétrica e Neonatal, 6 da outras providéncias”. Art. 5° Os estabelecimentos hospitalares: deverio expor cartazes informativos contend as condutas ‘elencadas nos incisos | a XX! do arl, 3° desta Lei, § 1° Equiparam-se 20s eslabelecimentos, hospitalares, para os efeitos. desta Lei, os postos de sade. a5. unidades bisicas de saide e os consuliérios médicos ‘@epecializados no atendimento da saide da mulher, § 2 Os cartazes devem Informar, ainda, os: 6rgtos @ wamites para a denincia nos casos de violtncia de que trata esta Lei, § 3 © custo dos canazos podera ser patrocinade por pessoas juridicas de dinaito privado, de acordo: com critérios a serem estabslecidos polo Poder Executive. Art. 6" A fiscalizagao Go disposto nesta Lei sera. realzada pelos érgios publicos nos respectivos ambitos de atrbuigSes, 08 quais sero responsdiveis pela aplicagto das: sangées docorrentes de infragdes as normas nola contidas, mediante procodimento administrative, assegurada ampla detesa. [Art 7° As despesas com a exocupdo desta Loi correro por conta de dotagSes orgamentarias préprias, Consignadas no ofgamento ‘vigente, suplementadas $0 necessario. Art. 8* © Poder Executive regulamentara esta Lei, nos termos do inciso Il de art, 7H da Gonatiuigio do Estado, Ro prazo de 60 (sessenta) dias apés sua publicarao. Art, 9 Esta Lol entra em vigor na data de sua Publicagaio. Florianopolis, 17 de janeiro de 2017. JOAO RAIMUNDO COLOMBO \Vaimir Francisco Comin

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