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ans2017 Acérdios STA ~ Texto Integral ‘Acordiio do Supremo Tribunal Administrative o7n217 05/31/2017 2 SECCAO. ANTONIO PIMPAO TAXA INSPECCAO PAGAMENTO ESPECIAL POR CONTA Nao é aplicavel o DL n.° 6/99, de 8 de janeiro e a Portaria 923/99, de 20 de outubro, a realizagdo da ago inspetiva tendente ao reembolso do pagamento especial por conta, realizado no ano de 2003. JSTAOOOP21915 4220170531072 01/23/2017 SA Acordam na Seccao do Contencioso Tributario do Supremo Tribunal Administrativo: 1.1. A............ impugnou, no Tribunal Administrativo e Fiscal de Penafiel, a fixagao da taxa, decorrente da aco inspetiva para obter o reembolso do pagamento especial por conta, no montante de 42.694,00€, tendo peticionado a anulagao da «liquidagdo da taxa em causa nos autos». 1.2. Aquele Tribunal, por sentenga de 21/09/2016 (fis.333/341), julgou a impugnacdo improcedente. 4.3. Interpés a impugnante recurso para este Supremo Tribunal terminando as suas alegagdes com o seguinte quadro. conclusivo: «|. Ao invés do decidido pelo Tribunal a quo 0 artigo 87.° do CIRC (actual artigo 93.°) ndo remete, implicita ou explicitamente, para o regime previsto no D.L. n.° 6/99 - bastando atender ao que dispée este regime especial para concluir que o seu Ambito e pressupostos, formais e materiais, so completamente diversos porquanto tem uma delimitagdo especifica quanto ao respectivo ‘objecto, Ambito, condigées de acesso, competéncia e efeitos. Il. Como resulta da “doutrina administrativa” junta aos autos, 0 pedido de inspeccao (e a liquidagdo de taxa nos termos da Portaria n.° 923/99) assenta num entendimento administrativo que apenas visa dissuadir o contribuinte de solicitar o reembolso do PEC. Il. Ao contrario do que decide o Tribunal a quo, a inspecgao a pedido do Contribuinte constitui um regime especial que surgiu como excepgao a regra da inspeccdo discricionaria da AT (ctr. ar. tnt. gdm) pista nta6foobt2e hb e6802S0r86003ea90 es 2aStS2S2As9e025e 12600492865?OpenDocumentExpendSecton=1 wt ans2017 ‘Acordia do Siptemo Tribunal Administrative ‘2° n° 4h) RcPIT.) de modo a contribuir para a certeza e seguranga nas relagées juridico-tributarias de determinados negécios juridicos — considerando que a AT fica vinculada as conclusées dessa inspecgao. IV. Nesse especifico contexto, como esta em causa um servigo pUblico prestado ao Contribuinte a inspecgao é sujeita ao pagamento de uma taxa (Art. 4° n? 2LGT e 4° n° 1 DL 6/99) No caso do reembolso do IRC adiantado através do PEC 0 procedimento inspectivo apenas serve para a AT aferir da legitimidade do solicitado reembolso, tal como sucede com o reembolso de IRC em geral — o que apenas serve os interesses da propria Fazenda Publica. V. Neste aspecto em particular o Tribunal a quo expée-se a critica por manifesta contradigao entre os fundamentos e a decisao — na medida em que por um lado, o Tribunal refere que “a accdo inspectiva visa controlar a legalidade do pedido de reembolso” e, por outro lado, conclui que “administragao tributaria tem de prestar um servico ao sujeito passivo como condigao essencial do pedido de reembolso e a prestagao desse servigo tem de ser yremunerada’. VI. Ou seja, malgrado referir de forma expressa (e correcta) que a inspecco visa salvaguardar interesses da propria Fazenda Publica conclui, afinal, que ao levar a cabo essa inspec¢ao a AT presta um servigo ao Contribuinte — 0 constitui contradigao entre ‘os fundamentos e a decisao, a implicar a nulidade da sentenca (art 125. da LT.) VII. Caso assim nao se entenda, tal constitui, pelo menos, um erro de julgamento da matéria de Direito - mormente por errada interpretacdo e aplicagdo do D.L. n.° 6/99 e 4.2 n.° 2 daLGT —a impor a anulago da sentenca VIII, Na interpretagdo das normas juridicas, hé-de sempre presumir-se que o legislador pretendeu consagrar as solugdes mais acertadas — pelo que nao é razoavel entender, sem qualquer fundamentagao bastante, que pretendeu consagrar-se um regime de reembolso de imposto em que a tramitagao do respectivo procedimento inviabiliza 4 partida esse mesmo reembolso! IX. E isto, desde logo, porque o regime actual de reembolso de PEC perdeu, desde ha mais de uma década, a natureza de “colecta minima” e também porque nao esta em causa qualquer servico ptiblico ao qual esteja subjacente, como contrapartida, o pagamento de uma taxa (Sic, Joao de Avillez Ogando, Revista da Ordem dos ‘Advogados, 2002, "A constitucionalidade do Regime do Pagamento Especial por Conta’, ‘Ano 62 - vo. Ill - Dez. 2002.) (Ctr. Sic, Teresa Gil, in Revista Fisco, “Pagamento Especial por conta’, n, 107-108, Margo de 2003, Ano XIV, p. 16.). X. Como resulta do despacho administrativo mencionado pelo Senhor Provedor de Justiga na recomendagao dada a este respeito (ctr. "0 Provedor de Justiga e o8 Dieitos dos Contibuintes", Cromotema, 2012, p. 117 a 197, disponivel em hitouAww.provedequs pUarcheldoc/Provedor e os Diteitos dos Contribuintes. 199 tnt. gdm) pista nta6foobt2e hb e6802S0r86003ea90 es 2aStS2S2As9e025e 12600492865?OpenDocumentExpendSecton=1 ant ans2017 ‘Acordia do Siptemo Tribunal Administrative 001 ost.) 0 proprio gabinete do Secretario de Estado dos Assuntos Fiscais (SEAF) admitia a possibilidade de ser cobrada uma taxa sem existéncia do correspectivo servigo ptiblico (?) — sem qualquer justificagao material para a incidéncia desta taxa — seja luz do critério da equivaléncia seja a luz do critério da cobertura do custo seja a luz do critério do beneficio e em clara violagao do principio da proporcionalidade entre taxa e prestaco publica. XI. Ainda que estivesse em causa a prestagdo de um servico ptiblico (0 que ndo se concede minimamente) as taxas, tal como os impostos, estao subordinados ao principio da legalidade - 0 que, ao invés do pretendido pelo Tribunal o quo, impée a existéncia de uma norma de incidéncia expressa que estabelega qual a taxa a pagar pela inspeccdo a que se refere o artigo 87.° n° 3b) CIRC. XI. Ao invés do defendido pelo Tribunal a quo, ndo esta em causa um procedimento tendente a obtengao de uma vantagem pelo Contribuinte, mas apenas um procedimento necessario ao EXERCICIO DE UM DIREITO XIll. Do que se trata 6, portanto, da ilisdo de uma presungao legal prevista no artigo 106.° n.° 2 do CIRC (na redaccao aplicavel), pelo que a acgao inspectiva nao constitui qualquer pressuposto legal para o reembolso na medida em que o direito ao reembolso resulta directamente da lei, nas situagées em que o “rendimento legal” seja superior ao “rendimento real”. XIV. Neste contexto, seria no minimo chocante admitir que 0 Contribuinte se visse na contingéncia de pagar uma taxa para poder ser tributado de acordo com o seu rendimento real (ctr. at. 103 n° 2 @ 104.° da CRP.) (48 Saldanha Sanches e André Salgado de Matos, “O pagamento especial por conta de IRS: questées de conformidade constitucional’, em colaboragao com André Salgado de Matos, Fiscalidade, 15 (2003), pp 10-11.). XV. Salvo o devido respeito, ao defender a proporcionalidade entre o valor da pretensa “taxa” e o valor do reembolso, 0 ‘Tribunal a quo mistura realidades distintas plano juridico-tributario —na medida em que a proporcionalidade das taxas é aferivel em relagdo ao servico ptiblico concretamente prestado (ctr. entre ‘outros, Teixeira Ribeiro «Li¢Ges de Finangas Publicas», 267 @ segs, e na «Revista de Legislagao e Jurisprudéncian, 117», 3727, 289 e segs., Soares Martinez, «Manual de Direito Fiscal», 24 6 segs., Cardoso da Costa, «Curso de Direito Fiscaln, 4 © segs., Braz Teixeira, Principios de Direito Fiscal, 43 e 44, Alberto Xavier, «Manual de Direito Fiscal», 4.° vol., 42 ¢ segs., Maria Margarida Mesquita Palha, Sobre o conceito juridico de taxa, publicado em Centro de Estudos Fiscais — Comemoracao do xx Aniversario — Estudos, 2° Vol., 682 e segs., SA Gomes «Curso de Direito Fiscal», 92 e segs. e Pitta e Cunha, Xavier de Basto e Lobo Xavier, no artigo intitulado Os Conceitos de Taxa e Imposto a propésito de Licengas Municipais, publicado na revista FISCO, n §1/52, 3 © segs.) @ nao em fungao dos “rendimentos do sujeito passivo” XVI. Logo, se o valor da taxa der causa a uma situagao de onerosidade susceptivel de descaracterizar essa relagdo de equivaléncia configurar-se-a, entdo, uma ofensa ao principio da proporcionalidade (Nesse sentido, entre outros, os Acérdéos do Tribunal Constitucional de 28.03.2007, proceso n.° 946/205; de 25.09.2007, processo n.° '317/2007; de 20.02.2008 processo n.* 1441/2006; de 15.05.2007, processo n." 986/06; de 23.06.1998, proceso n.° 860/97; de 16.06.1998, proceso n.° 582/97; de 16.03.2000, processo n.° 608/1999; de 15.07.2002, processo n.° 632/2001; de 28.09.1999, processo tnt. gdm) pista nta6foobt2e hb e6802S0r86003ea90 es 2aStS2S2As9e025e 12600492865?OpenDocumentExpendSecton=1 ant

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