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ANTHROPOS « colfacto, etc, Por fim, sums longa seccio conclusive intirulada Variéeés danr Terpéce bamaine, Bofton di uma volta geogeifica ao mundo, fazendo breves ularidudes fisica descrigdes das populagies etm que 2 cor da pele, sio apresentadas ‘ais como o penteado, 0 vestuiio, ‘A wansformagio da «histbria naturals, assim enteadida, em «antropo- logis gerals, ¢ que ainda hoje faz parte do curricula de muites universidades americanas, Parece que o primeiro uso do termo ‘antropo- lgia’, no 8 rale de [Homme (1768) de Chavannes, professor de tcologia. esti dividide em ove sexgdes que cobrem 4 antsopologia fisica, muito 2 Buffon orgunizacio que ds anatomia— misculos, amtérias, netvos—, mas tembérm uma forga interior, uma «simpatias ‘que fazia funcionar o sistema e que Buffon compacsva explicitamente & gra” vitagio, as reacgSes quimicas ¢ 3 elecricidade ‘0 elo de ligagdo encze a etnologia e 2 anatomia humans nio consisia 0 facto de a tmesma economia aniznal; 0 individuo e @ sociedade sio organisms ani- mais do mesmo tipo. Exca concepyllo segundo a qual as selagies sceiais sfo essencielmente biokigicas na sua naturezs, iia desempeahar um papel de extrema impor tncia aa sociologia pés-durkheimiana e na antropologta social de primeiea merade do século XX, e parece ter encontrado um novo alento na voga con- habicualmente 4 interdependBncia interna dos érpios do ine, Analogamente, Buffon cite como exemplo de economis ani tal 0 grande correspondéncia entre a mattiz, as mamas © a cabegar. fon nto levou muito lange 2 analogia entce a organizagio iaverna do 8 superi consiste na suz capacidade de organizacio lém de que, 90 contritio de Rousseau, Buffon admirava as formas sais compleaas e elaboradas das sociedades humanas. Uma das caractecisticas que assinalevam 2 relativa degradagao das variedades nao brancas do homem era a reduzida escala des suas actividades jamto maior, melhor. «Um império, um ‘monarca; uma fai ‘cis os dois extremos da sociedade..» «= dazide quer uma critica das cui 8 ANTHROPOS Paradoxalmente, como se pode ver mais facilmente nas obras de Hob- bes ou de Durkheim, esta tendéncis para conceber a sociedade onmo um organismo bumano de grandes dimensbes est aa base de um pensamento socioligico desumanizado, que pOe a ténica nas formas das instiruicoes sociais e das normas que regulam o seu funcionamento, sem dar celewo 3s acgGes individuais de cada um dos individuos, dos quais dependem exsas ins- ruigbes. 3. Notas para wma cibncis da socedate humana 34. Ds teoria politica & ciéncia social Antes do século XV sobre 2 nacareza da soc Desde a Repiblica de Plato e a Politica de Arist6celes, 20s mais recentes exercicios de imaginaglo sobre ceoria politica como a Utopia de Moco, 0 Principe de Maquiavel e 0 Leviathan de Hobbes, que a técnica basilac do quase todas as discussbes académicas ¢ filosificas lade humana tinham tido ume orientagio politica, formada do sistema conhecido, apresen- tando-0 como a ordem soc Em todos estes autores, isto de cinismo ¢ de idealismo tinha pro- ‘come so, quer uma imagem ideslizada do que as coisas poderiam ser. Partiam do pressuposto de que 2 forma do estado é uma construcio racional planeada por legistedores, aléin de conside- rarem cambém que, pelo exercicio da raxio 4 luz da experiéncia, o homem 8 exequvel e, Em primeiro lugar, os diverses filbsofus do iluminismo francés e escaxés 130 ‘6 manifestaram acentuacamente menos confianga no poder da razio em wot © bem do mal. como se interessaram cada ve2 mais por principios como eliberdader ¢ «igualdades. Em lugar da ques- olde vigorosamente teagado por Hobbes para conter uma nogio juridica Mas os escritores do Sécule XVIII foram também menos cinicus em tela- ‘io fs possibilidades privicas. Em lugar de desenvolverem a sua ordem ideal ‘exnogrifico. O prowema, entiv, nio ers jd 0 de encontrar a classificagio propriada paca os selvagens da Américs © dos mares do Sul; 0 exético pas- sous sec considerado como uma expresso do_politicamente possivel Poder-se-is esperar aprender alguma coisa de vilide para avs, a pactie do estudo dos costumes dos outsas. Também cum sentido completamente s€eclo XVIII assistiu a9 abandono da consideraca como uma globalidade de inst pelo menos, # iategear a peeacupscdo exclusiva do problemas da bor governasZo. Montesquieu © Vieo exer tws deste desenvo! LEsprit des dois de Montesquiew teve enorme difusio no seu tempa €, mais recentemence, exercen uma iofluéncia inditecca no pensa- mento antropoldgico através da dissertagio de doutoramento de Emile pretagio de Duckheimn {1892], Montesquieu surge como tom fancionalista muito mais interessedo ns interdependéncia das instituicies sociais do que nas formas ideais da ordem . Embora isto parege nm exagero, o certo 6 que, comparado com 2 maior pacte dos seus antecessores, reconhecia que as soci ‘fo, simplesmente, enquanto ripos de bie de nenhuma ser perteisa, nenhurna . no coatexta em que existe, Contuda, na cexpliciwo de «cultura, a5 i organiaagBes fenguanto sistemas rot politica ¢ também gue, ap. meate desprovida de méri proprios homens, 3 semelhanca do modo de nidificacio das diversas espévies de aves. Segundo Montesquieu, por exemplo, ¢ caricter efeminade das gen tes que viver em clima sempre, escravas; a bras varz dos habitantes dos es conservar a liberdade Mais uma vez, 2 sscendéncia politica dos Eucopeus era considerada conse quéncia trevicivel da sua natuzeza superior Considecada retospectivamente, e no context do peasamenta do do séeulo XX, La Scienze nuova (versio definitive 1744) de Vico, quase mais do que exta uma obra de genial o I muite diferente. Enquanto Mon- is de sociedade possivel baseada em se por desenhar um Gnice tipo ideal, uni ‘arencanio muito pouce In abordagem cansiste 50 tesquiew expunha uma série exemplos empiricos, Vico esto versalmeme predominante, do process facto de, pela primeira vex, a hist socioldgico mais do que come consequéncia da ou das decisSes politicas de individuos poderogos; pela priprio homem, mas mais pelo homem como colecti homem camo herdi individeal, O mundo em que acorre este proceso hists~ rico € um mando um mundo de aecessidades e desejos humanos, de conilites entce © homem, a narareza e 2 histéria. Croce considerava Vico coma o peccursor de Hegel; outros, como se pode verificar no seguinwe comenciriv de Franz Newmana {1949, p. XXXVI], encrevirarp nele uma antecipagio de Marx: «Vico procurca estabelecer ten dencias gerais que consideravs come estidias de um processo histérico glo- bal, Segundo Vico, nenhum elemento isolado pode ser considerado respon- sivel pele ocorzéacia de uma medanga social; € 2 totalidade das inter-relagdes contre as relacdes sociais ¢ as super-estromsras que determina a mudangs. Esta consiste na passagem de uma forma inferior de sociedade a uma superior, mas é, precisamente, na transigao. para um estédio superior que se manifes- tam as contradigdes inerentes 2 sociedade, pelo que esta mergulha nova- mente na bachiriew E um anacronismo supor que as controversas ceorias de Vico acerca de tico deste tipo, mas nio hé divide que foi » revalorizacio contemporiaea de Marx que veio renovar 0 intezesse por Vico Por ouero lado, « apazente conttadido pele qual Vico nifo sb afirma que este mundo foi, cectamente, feito pelo homems, mes cambém que «este ‘mundo brozou de uma mente que, diferente, por vezes com- pleamente oposte e, sempre, superior aos fins particulazes que os homens se propuserom 2 si prSpriose, encontra eco no s6 em Mazx, camo também iblema do deterai- , particularmenre 6 que estio para além do controlo des individuos, ainda que elas possum ser compreendidas pelos homens ¢ se demonstcem actusntes em circunscdncias empiricas parti= culares? E ainda: se 0 desenvolvimento de uma soziedade & éeteemsinado por leis da hiseSria humana que podem see descobertas mas nfo modificadas, até ‘gue pono o individu, no contexto dessa sociedade, é verdadeiramente livre are poder escolher? 5.2. Determinismo social Isto reconduz-nos de nove ae problema de saber até que ponto 08 pro- aps processus «natu seria de esperar, as respastas dadas pelos sociélogos e anteapdloges # estas questdes dependiam da pusicio em que cada autor se colocavs: come filisofo a come cientista experimental, empenhado no mesmo tip ddades do fisicy ou do quimico no laboratbrio. De um lado, aqueles para quem o problema ancropoldgics fondamencal 6 0 seguinte «Para os seres hurmanos participantes, quaj & ¢ sigaificado do comporra- mento que eu obseevo’» Do ourto, agueles que consideram axiomécien que a todo 0 comportemento humane pode ser dada uma explicagio racional em ja 08 protagonistes humanos dle anteopslogo tonde. inceressarse pela super-estri- tura ideologies da sociedade— mitos ¢ rituais, estética, principios juridicos, cestruturas sociais concebidus como modelp de tipos ideas; » sua preocupagio é compreender 4 socedade humana tal emo se veflecte no espirito humane, ‘Aqueles, porém, que acreditam que o cdmportamento humano & detemi- nado por causas’positivistas exteriores ao individuo que, de certo modo, si0 cradas pelas «leis» do processo Atte dalnoiolde,especalmente quests de economy tcc iafia, © vas suss. publicagées abundam colunas de escatistica Enquanto metodologias, os dois pruxedimentos sio vincada:neate distin- tos embora, de certo 1s seus resultedes, De facto, alguns ramos da expec estutos subre 0 paremtesco, jectivamente racional, por um lado, ¢ © oucra— se estabeleya, gerulmente, maccada 3 evolugio do pensemento antropol hoave um continuo aperfeigoamento das categorias, como mentacio € jada na sua expressia softeram uma continua imo da modificagio destes paradigmas, em cer mos das convengdes modernas, € 0 de que 05 tituios dos livros de Buffon © de Vieo, de que acrés falimos, deveriam hoie ser trocados. Aus nossos clos, ‘um manual de ciéncia ico € quase tudo menos aturzi do: homers. o corpo humano experimental, a0 passo que @ «i citneia, padenda talver ser dest fem yoga. Ao contri 0 de arguments: Go de Bitton esi, por agora fors de stioda hii poveos anos, x hipétese deste iltimo sobre a existéacia de uma analugia funcional entte a intecdependéncis dos degios do tuigbes da sociedade (que rica de Duck ce aceite qe a sociedade humags possa, com razio, ser enca- rada como uma méquica autéaoma desumanizada. O ‘problema persis ‘As dificuldades relativas ao peublema do determinismo social e da esen. lta individual podem ser epresentados das maneiras mais diversas. O que se segue ser social, sem educagi ‘© homem nao pode exis siste simplesmente em natural imutivel. Tanto o contexto fisico como o social, nos quais o duo humano nasce, sio obra do homem, ¢ esse toda € regid por regras € convengies feitas pelo homem. Hm larga medida, o individuo tem de aceitar ‘9 contexto © as regras til como as encontre; mesmo acontecendo para os outros membros éa sociedade, com os quais se encontra em relaco, Ate has, poder muiar de ideias, podem egras, podem a5 ¢, nessa medide, a8 teansaciBes pessoais no so ordenadas em previsicis. Segue-se, pos consequéncia, que alguém que pretenda analisar 4 coni- ‘0 do homer em sociedade, chame-se ele fldsoto, historiador ou eientista, deverd ter em conta a imperte lade das relagies interpessosis. Este problema & especifico do comporcamento surge quando se trata de operagies tdenicas em que u relagio» com uma pacte do mundo nao-humano, Um tha, pode avangar tranguilamente ¢ impor a sua vontade nesse dominio; no tem que ter em conta a possibilidade de que as suas ferramentas ou as mate- ossam reagir ou mudar as cegras do jogo. Face a isto, hd aqui uma ingao fundamental muito precisa entre todas as variedades da ciéncia pacutal € todas as variedades da saciolugia O estudioso das ciéncias naturals € como um car adquirido que a sua propria narurers & co matgriais gue procura investigar. Parte do principio gue é um ser inteli que pode fazer escolhas © manipu da situagéo expe as parce cambém do principio que. nese mesmo contexte, os acantecime Ve ru por qualquer processo eperador de cia humana, E precisamence por isto que os is insisiem sempre no facto de que «do a = face + sua sicuagio experimental, deveri usar da mixima cau- a ter 3 certeza de que as conclusdes sto

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