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Gonçalves
Capítulo 6
Supomos uma onda plana incidindo em uma fenda, localizada em um plano paralelo
ao plano da onda. Consideremos uma fenda retangular, estreita, de largura b e comprimento
l, e suficientemente comprida (l >> b) para que possamos ignorar os efeitos de suas
extremidades. Consideramos também, que o anteparo está a uma grande distância d da
fenda, ou seja, d >> b (figura-01a,b).
Pelo princípio de Huygens, quando a onda incidente chega a fenda, todos os pontos
de seu plano tornam-se fontes de ondas secundárias, emitindo novas ondas. A figura-01b
mostra uma onda plana incidindo em uma fenda de largura b e ao seu lado a curva da
distribuição de intensidade no anteparo. A distribuição de intensidade nos mostra um
máximo central, onde está localizada praticamente toda a intensidade, que passa pela fenda.
Esse máximo está limitado pela presença de dois mínimos aos dois lados.
Figura-01a): fenda retangular, estreita e comprida, Figura-01b): onda plana incidindo em uma fenda de largura b e as
onde possamos ignorar os efeitos de suas ondas refratadas. Ao seu lado, a distribuição da amplitude da luz no
extremidades. anteparo. Note o máximo no ponto P0.
Análise Semiquantitativa
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Física Geral IV Iouri E. Borissevitch, Pablo J. Gonçalves
maneira que a distância entre a lente e o anteparo será igual a distancia focal da lente, esses
raios se cruzaram no foco da lente, que é um ponto P0 de anteparo localizado no eixo da
simetria do sistema. Uma propriedade importante de qualquer lente é que ela não afeta do
comprimento de caminho ótico. Por isso os raios vão atingir o ponto P0 em fase,
interferindo construtivamente e produzindo um máximo de intensidade nesse ponto.
observação: na realidade, se a distância d >> b o uso da lente não é necessário, pois
os raios, que saem de qualquer ponto da fenda e se cruzam no ponto P0 são praticamente
paralelos e diferença de seus caminhos óticos é desprezível.
Se associar com cada elemento da fenda um vetor, a diagrama de fasores será como
está mostrado na Figura 02b. Nesse caso a amplitude total A do pico no ponto P0 é igual a
soma de amplitudes de ondas emitidas pelo cada elemento e igual a amplitude da onda
original A = m A0 /m = A0.
Temos um outro caso interessante, quando os raios que emergem da fenda estão
inclinados de um ângulo ϕ em relação ao eixo OP0. Estes raios são paralelos entre si,
apresentam seus diferentes caminhos óticos da fenda até o anteparo e essa diferença
depende do ângulo de inclinação ϕ (Figura 03a). Com auxílio de uma lente convergente,
os raios serão focalizados num ponto P1 do anteparo, mas apresentarão fases diferentes e
desta forma, o caráter de interferência entre eles é dependente do ângulo ϕ .
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Física Geral IV Iouri E. Borissevitch, Pablo J. Gonçalves
Consideramos ainda, que a espessura dos elementos da onda seja tão pequena, que a
diferença de caminhos óticos dos raios que chegam ao ponto P1, desde o começo ao fim do
elemento, seja desprezível. Assim, podemos considerar, que todos os raios emitidos por um
elemento da fenda chegam ao ponto P1 com uma fase média, característica do próprio
elemento. Por isso podemos associar a um dado elemento um vetor com amplitude A0/m.
Entretanto, existe uma pequena diferença de caminhos óticos δ entre os elementos
vizinhos, que depende do ângulo ϕ . Nesse caso a diferença de caminhos óticos entre o
primeiro e o último elementos é
∆ = mδ = b sen ϕ (6.01)
e diferença entre as fases é Θ = (2π /λ )∆ = (2π /λ )mδ . Caso, quando Θ =π ,a
amplitude resultante no ponto P1 será A = A0/π (veja Figura 03b). Quando Θ = 2π , A =
0 (veja Figura 03c), que significa que o resultado da interferência de todos os elementos da
fenda no ponto P1 é completamente destrutivo. Assim, as condições
Θ = (2π /λ )∆ = (2π /λ )b senϕ = 2π
e então
senϕ = λ /b (6.02)
determinam o ângulo de inclinação ϕ quando no anteparo está observado o primeiro
mínimo da intensidade (“condições de primeiro mínimo”). Tem que anotar, que esse
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A amplitude da onda resultante, seja parte da equação (6.5) que não depende do
tempo, é
1
sen( bk sen ϕ)
Aϕ = A0 2
(6.6)
1
bk sen ϕ
2
A equação (6.06) mostra, como amplitude da onda resultante, observada no
anteparo depende do ângulo da observação ϕ .
Iϕ = I 0 (6.08)
π.bsen ϕ / λ
A distribuição da intensidade no anteparo definida pela equação (6.8) está
apresentada na Figura 04b. Pode observar a presença de mínimos e máximos nessa
distribuição.
Verificamos então que os zeros da intensidade ocorrem quando π.b sen ϕ / λ = nπ ,
ou b senϕ = nλ , de acordo com a equação (6.03), exceto para n = 0, porque então
(senu/u)u=0=1.
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sen (π.bsen ϕ / λ)
π.bsen ϕ / λ
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Quando ondas vindas de duas fontes distantes S1 e S2 passam pela mesma fenda em
duas direções, formando um ângulo θ entre elas (figura 05), as figuras de difração
correspondentes aos dois conjuntos de ondas são superpostas. Essas figuras começam a ser
distinguidas somente quando o máximo central de uma cai sobre o primeiro mínimo da
outra, de um ou de outro lado de seu máximo central, como na figura 05. Em termos do
ângulo ϕ deve ser então:
λ
Θ = (6.10)
b
que nos fornece o limite de resolução de acordo com a definição de Rayleigh.
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Pode ver que para cada elemento da primeira fenda existe um elemento da segunda
para qual par dos elementos a diferença de caminhos também é
∆ = a sen ϕ
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1 1
y R = y1 + y 2 = 2 E 0 cos Θ cos ωt + Θ
2 2
α + β α − β
uma vez que: cos α + cos β = 2 cos . cos .
c 2
1
Como o produto 2 E 0 cos Θ não depende do tempo, ele pode ser considerado
2
como amplitude e assim obtemos:
1
A = 2 E 0 cos Θ
2
Como a intensidade é proporcional ao quadrado da amplitude, teremos:
1 1 2π .asen ϕ 2 π .asen ϕ
I 2 = 4 I ϕ1 cos 2 Θ = 4 I ϕ1 cos 2 . = 4 I ϕ1 cos (6.11)
2 2 λ λ
Lembrando, que I ϕ1 = I0
π.b sen ϕ / λ
sen (π.bsen ϕ / λ)
2
π.asen ϕ
I 2 = 4I 0 cos 2 (6.12)
π.bsen ϕ / λ λ
Pode ver dessa equação, que além de mínimos “antigos” da fenda única, definidos
pela equação (6.03):
senϕ = nλ /b
apareceram os “novos” mínimos
λ
sen ϕ = ( n + 1 / 2 ) (6.13)
a
e os máximos “principais”
nλ
sen ϕ = (6.14)
a
os ambos causados pela interferência das ondas de duas fendas.
Redes de Difração
Um dispositivo muito útil em diversas aplicações na área de óptica são as redes de
difração, que são capazes de separar um feixe de luz em seus comprimentos de onda. Sua
ação pode ser descrita em termos de um arranjo regular de fendas paralelas, que podem ser
ranhuras paralelas e igualmente espaçadas em uma superfície plana de um material refletor
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(metal) ou transmissor (vidro). Para primeiro caso a rede é denominada de reflexão e para
segundo o vidro de transmissão.
Consideremos um feixe de luz monocromático incidindo normalmente em uma rede
de difração, conforme mostra a figura 07a. Para atingir um ponto P1 situado no anteparo, as
ondas que atravessam fendas adjacentes percorrem distâncias que diferem por d sen θ .
Para o caso particular em que d sen θ =λ , essas ondas chegam ao anteparo em fase e se
interferem construtivamente em P1 formando um máximo de interferência.
Para obtermos uma expressão analítica para as redes de difração, a equação (6.12)
obtida para duas fendas pode ser reescrita na seguinte forma:
1
sen 2 2 π .a sen ϕ / λ
sen ( π .b sen ϕ / λ ) ( )
2 2
2 π .a sen ϕ sen π .b sen ϕ / λ 2
I 2 = 4I 0 cos = I0
π .b sen ϕ / λ λ π .b sen ϕ / λ sen 2 π .a sen ϕ / λ
1
2
Continuando essa análise e generalizando para três fendas iguais, podemos mostrar que a
intensidade seque a equação
1
sen 2 3 π .a sen ϕ / λ
sen ( π .b sen ϕ / λ )
2
2
I3 = I0
π .b sen ϕ / λ 1
sen 2 π .a sen ϕ / λ
2
etc, e finalmente para N fendas iguais, a expressão resultante será:
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1
sen 2 N π .a sen ϕ / λ
sen (π .b sen ϕ / λ )
2
2
IN = I0 (6.15)
π .b sen ϕ / λ sen 2 1 π .a sen ϕ / λ
2
Então, além de mínimos “antigos” aparecem os “novos” mínimos:
a senϕ = λ /N; 2λ /N; 3λ /N; ...; (N-1)λ /N; ........; (N+1)λ /N (6.16)
nλ
Assim, entre os máximos “principais” sen ϕ = (6.14) se localizam N – 1
a
mínimos “novos”. Por exemplo, para duas fendas (N = 2) temos um mínimo “novo” entre
dois máximos “principais”, para três fendas (N = 3) temos os dois mínimos e para quatro
fendas (N = 4) temos três mínimos “novos”.
Pode-se mostrar que a espessura do máximo é
∆ϕ 1/2 = λ /(N a cosϕ ) (6.17)
Assim, com o aumento de número de fendas, os máximos se tornam mais estreitos.
Pois esses máximos acumulam toda intensidade da luz que passa pelas essas fendas, os
máximos se tornam mais intensas quando N aumenta.
Uma característica importante da rede de difração é “dispersão da rede”
D = ∆ ϕ /∆ λ
Ela caracteriza o valor da separação angular ∆ ϕ = ϕ 1 –ϕ 2 de dois máximos da
mesma ordem n de difração para duas ondas de comprimentos λ 1 e λ 2 (∆ λ = λ 1 – λ 2)
D = ∆ ϕ /∆ λ ou para ∆ λ → ∞ D = dϕ /dλ
d(senϕ ) /dλ = cosϕ dϕ /dλ
Por otro lado
d (nλ / a )
d(senϕ ) /dλ = = n/a
dλ
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Redes inclinadas
Na análise anterior considerávamos que a onda incidente cai no plano da rede
perpendicularmente. Como mudam as características da rede se o plano da onda está
inclinada em relação do plano da rede?
Figura 08. diagrama esquemático de uma rede inclinada em
relação as ondas eletromagnéticas incidentes.
Consideramos então, que uma onda plana cai numa rede de difração sob ângulo Θ
(Figura 08) e a figura de difração esta observada em ângulo ϕ . Nesse caso a diferença de
caminhos óticos de raios, que passam pelas fendas vizinhas, é
∆ = ∆ 1 – ∆ 2 = a(senΘ - senϕ ) = 2a cos{1/2(Θ + ϕ )}sen{1/2(Θ - ϕ )}
Consideramos também, que Θ ≅ ϕ . Nesse caso 1/2(Θ + ϕ ) ≅ Θ .
Assim, para interferência construtiva temos
a1 senϕ 1 = nλ (6.19)
em que
a1 = 2a cosΘ (6.20)
e
ϕ 1 = 1/2(Θ - ϕ )
Comparando a equação (6.14) com (6.19) e (6.20) pode ver, que uma rede com a
distância a entre as fendas, cujo plano é inclinado em ângulo Θ em relação da direção da
propagação da onda incidente, possui características iguais da uma rede perpendicular com
essa direção, cuja distância entre fendas é a1 = 2a cosΘ . Podemos concluir, assim, que a
distancia efetiva entre as fendas da rede depende do ângulo da sua inclinação Θ : quando
Θ aumenta cosΘ diminui e a distância efetiva entre as fendas a1 também diminui,
aumentando a resolução da rede. Esse efeito está usado nos estudos de difração de raios X,
cujos comprimentos de onda são muito curtos e para aumentar a resolução é necessário usar
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as redes com distância entre as fendas muito pequena, que é difícil realizar tecnicamente.
Inclinando a rede diminuímos a distancia efetiva entre as fendas e aumentamos a resolução
da rede. Isso é uma base do método da difração de raios X de baixo ângulo (SAXS, Small
Angle X-ray Scattering).
Escalão deMichelson
Consideremos o esquema da figura 9a,b onde temos uma montagem de várias
placas, de um certo material de indíce de refração n, colocadas lado a lado. Um feixe de
ondas planas atinge esta montagem. Os raios que passam pela esta montagem e saem pelas
diferentes degraus recebem diferença dos caminhos ópticos, que depende do ângulo de
observação ϕ .
Figura 9a Figura 9b
∆ = Ssen ϕ + h( n − cos ϕ)
Para que a interferência destes raios seja construtiva, a diferença de caminhos deve
ser múltiplo do comprimento de onda:
Sϕ + h( n −1) = mλ
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h( n −1) = mλ
mλ
n =1 +
h
Se, por exemplo, escolhemos λ = 500 nm, ordem da interferência m = 4 e
espessura de placas h = 5 mm, podemos determinar o valor do índice da refração do
material das placas com precisão 4x10-4.
Por outro lado, lembrando que espessura angular do máximo é ∆ ϕ = 2λ /a, em
que a é espessura da fenda que em nosso caso é a = s = 5 mm, vamos ter o máximo
extremamente estreito
∆ ϕ = (2 x 5 x 10-9 m)/(5 x 10-3 m) = 2 x 10-6
c x
b
Figura ..
Vamos escolher um referencial com eixos paralelos com lados deste retângulo.
Podemos considerar o retângulo como uma fenda retangular com a espessura c em direção
x e com b em direção y. Eixo z, que é perpendicular com plano da fenda, coincidi com a
direção da propagação da onda plana
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y
x
φ ϕ
z
c b k - direção de observação
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Esses planos podem refletir uma onda eletromagnética, que atinge o cristal. Entre as
ondas refletidas de planos diferentes aparece uma diferença de caminhos, que dependerá
dos ângulos de incidência e de observação, levando a uma interferência construtiva ou
destrutiva. As condições da interferência construtiva são definidas pela lei de Bragg, cujo
sentido pode ser melhor analisado em uma visão bidimensional dos planos cristalinos que
está representado na Figura 10.
Figura 10. Visão bidimensional de um cristal, onde duas
ondas eletromagnéticas incidem com um ângulo Θ com a
horizontal.
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