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Canteiro racional Experiéncia aliada a método sao importantes para a concepgao de um canteiro que otimize a produtividade da obra. Veja como projeta-lo Mii casestores i perceberam jque um canteiro de obras bem planejado e organizado contribui para otimizar os processos construtivos e, consequentemente, reduzir 0 custo de construsdo do empreendimento. A elaboragio do layout do local de execu- «#0 da obra normalmente fica a cargo de um engenheito experiente, conhe- cedor dos atalhos desse tipo de projeto. Hi casos, porém,em que o profissional no consegue sistematizar seu conhe- ‘cimento e transmiti-lo para outros en- sgenheitos, quando sai da empresa Teva consigo esse expertise, deixando-a ‘de maos vazias. Por iss, jd existem tra- bathos que procuram consolidar esse conhecimento e mostram ao constru- tor métodos de concepgao de canteiros. racionais, que minimizem desperdi- cios de materiais e de tempo de execu- G40 de mao de obra. ( transporte, principalmente hori- zontal, de materiais nao agrega valor TECHNE 181 | OUTUBRO DE 2009 a i Em canteiro na adensada regiéo da avenida Paulista, em So Paulo, construtora ‘Adolpho Lindenberg recorreu ainstalar escritério de engenharia em contéineres em balango no estgioinicial da obra Canteiro de obras da risul: empresa implantou em 15 de seus 22 canteiros conjunto {de medidas que procura diminuir o impacto das obras no meio ambiente algum ao produto final. Quanto maio- res as distancias percorridas, maior 0 ‘tempo perdido na movimentagio, que poderia estar sendo empregado em ati- vidades mais produtivas. Além disso, também maior o risco de quebras e perda de material com as oscilagSes na- turais no deslocamento sobre superfi- cies irregulares. Portanto, um bom pro- jeto de canteiro procura dispor proxi- ‘mas entre si as diversas instalagdes cor relatas, de modo a minimizar ao mi ‘mo anecessidade de movimentagoes, Responsével Para Carlos Torres Formoso, pro- fessor do Norie-UFRS (Néicleo Orien- tado para a Inovagao da Edificagio, da Universidade Federal do Rio Grande do Sul), 0 ideal & que a concepgéo do canteiro seja feita em grupo."Esse pla- nnejamento deve ser feito pelas pessoas diretamente envolvidas com a produ- 0. O engenheiro residente deve co- ordenar, mas também devem partici- aro mestre de obras e os subemprei- teiros’, acredita Formoso. Um erro comum, em sua opiniao, é chamar ‘uma pessoa externa para fazer o servi- 60.“Ela pode ter o tempo de queo en- genheiro de obra nao dispoe muito, ‘mas ela no costuma ter informacbes suficientes a respeito do processo de produgio da obra” Ubiraci Espinelli Lemes de Souza, professor da Escola Politécnica da USP (Universidade de Sao Paulo) e diretor técnico da Produtime, diz haver vanta- gens e desvantagens ao se optar por ‘um projetista interno e um externo. Ele concorda que o conhecimento do engenheiro a respeito dos métodos construtivos tradicionalmente empre- gados pela empresa é uma vantagem do planejamento interno do canteiro. Entretanto, pondera, o planejamento externo pode trazer algo novo para a obra, jf que ele trabalha com projetos de diversas construtoras. “Teorica- mente, se 0 construtor tem varias, obras, talver-valha a pena ter um de- partamento interno dedicado ao as- sunto. Um menor volume de obras, por outro lado, pode justificara tercei- rizagao’, explica Ubiraci acredita que a concepcio do canteiro as vésperas do inicio da obra € uma postura pouco produtiva. “O projeto do canteiro é um instru- ‘mento poderoso para discutir as fases anteriores do empreendimento. Ele ajuda a aprimorar os projetos de pro- ducio e do produto’ firma. Formoso concorda e complementa: “E muito importante vincular o planejamento de layout ao planejamento e controle da produgdo. Por isso, 0 projeto do inicio do empreendimento também nao é de- finitivo,isso vai sendo revisado e altera~ do conformeo andamento da obra” Sustentabilidade Os sistemas de certificagao de sus- tentabilidade na Construgao Civil sao PLANEJAMENTO Definigdes preliminares Antes de elaborar os projetos para as diversas fases do cantero, so necessérias informagdes preliminares ‘eativas ao planejamento da obra. Elas vo determinar, junto com o espaco disponivel no terreno, as éreas necessérias para escritios, alojamentos e estoques. Dependendo da situago, pad valer @ pena alugar terrenos vizinhos para acomodar algumas dessas instalagdes. Projetos e tempo de execucéo ‘A duragéo da obra é um aspecto que influencia diretamente 0 ‘rocesso de concepgéo do canteiro.Dierentes periodos de execuco dos servigos da obra correspondem a diferentes demandas por ‘materiais, mo de obra eequipamentos. € desefive, pare dar inicio 208 estudos do layout do canteiro, ter mio plantas de topografia e de subsolos,téreoe tipo das torres (anquiteturaeestrutura), sempre ‘com delimitaco do terreno, Também so tts informagdes sabre 0 lentorno da obra, como as caracteristicas das construgées wiinhas, congigbese disponibilidade de vias de acesso, localizaglo das rades e gua eenergiaelétrica Plano de ataque ‘Trata-se da sequéncia de servigos planejada para a execucéo da obra. Sao informacées fundamentals para a elaboracio do cronograma fisico de construcéo do empreendimento. Aqui, por cexemplo, é definido se a torre seré executada num primeiro ‘momentoa periferia numa etapa posterior seserdo executadas ‘ao mesmo tempo etc. Elas ajudam o projetista do canteiroa ter alguma nogéo a respeito das éreas que estardo disponivels para as instalagBes em cada fase da construcéo, Cronograma fisico De posse das informagées an- teriores, elabora-se o cronograma fisico da obra. Para algumas ati- vidades, sugere-se fazer um de- talhamento semanal da pro- gramacéo; para outras, basta indicar os momentos de inicio concluséo. No primeira grupo ~ {ue inclu servigos como armacéo, concretagem, alvenaria e reves- timentos de argamassa ~ estdo os materiais que exigem maior Cuidado quanto ao planejamento de transporte e de espacos para estocagem. 0 segundo grupo — ‘onde esto as instalagoes hidréu- licas e elétricas, execugao de azulejos e pisos cerdmicos, por ‘exemplo~contém insumas para os uais se pode prever éreas de estocagem sem passar neces- sariamente por quantificacdo de consumes semanais. Fonte: adaptado do livo Projeto e ‘Implantagéo do Canteiro, de Ubiraci EspinelliLemes de Souza TECHNE 181 | OUTUBRO DE 2009 Periods de utilizacao dos equipamentos Face & tecnologia construtivaadotada, 20 ritmo que se quer imprimir 3 execucéo do éempreendimento e& demanda da obra por insumos, faz-se 0 dimensionamento dos equipamentos de transporte. €0 momento de decidir se @ obra vai empregar apenas cremalheira ou se necessita também de rua, seoacesso8 fachada se daé por meio de andaimes fachadeiros ou balancins ete © cronograma fisico deve fornecer, com preciso, os momentos em que os equipa- mentos entram e depois dram o canteiro Demanda por materiais Com os dados registrados no cronograma {isco ede indicadores de consumo usual do mercado, fz-se 0 cculo das quantida- des de insumas necessétias para cada atv dade executada no canteiro. Como 0 anda- mento fisco da obra, também a quantifica- <0 dos insumos 6 teita semana a semana. Essas quantidades semanas, muttipicades or ftores que considerem incertezas (1,5, or exemplo), so comparedas com oslotes usuais de compra pela empresa. Assim, determina'sea cada etapa o estoque mixi= imo em obra eas dreas necesséras. Demanda por mao de obra Outro aspecto que se pode calcula a partir dos dados do cronograma fico & a quant- dade de operrios que creularé no canteiro nas diversas etapas da obra. Essa informa Bo é fundamental para determinar as dimensées das instalagées temporérias, ‘quantidade de chuveiros, arméris, reas dos vestiérios, necessidade de alojamentos etc. 0 pico de pessoal na obra costuma acorrer nas fases intermeirias, quando de execucio da estrutura e das alvenaris, 1no caso de empreendimentos vetcas. PLANEJAMENTO contemplado nem no Leed (Leader- ship in Energy and Environmental Design), que fala apenas em dar um destino adequado aos residuos gera- os’, lembra.“E possivel pensar a pro dugdo de modo a preservar drvores, ‘manter as regides com determinada permeabilidade’, acrescenta. A Trisul est procurando imple- mentar em seus canteiros medidas para minimizar os impactos de suas ‘obras no ambiente. Entre as solugdes viabilizadas,estdo a instalagao de siste- ma de retiso da agua usada na lavagem das rodas dos caminhées na fase de movimentacio de terra; 0 sistema de captagdo provisbrio de aguas pluviais para reaproveitamento na limpeza do canteito; reserva de baias para mate- riais reciclaveis, como papel e vidro. ‘Atémeados de 2008, conta William Vitor, gerente geral de obras da Trisul, avenda dos reciclaveis gerava até algu- ‘ma receita para a obra, Mas a situagao ‘mudou com a crise econdmica mun- dial, quando a empresa chegou aregis- ‘rar atéalgum prejuizo como descarte. Hoje, porém, ele garante que houve uma melhora no cenério e as receitas advindas da venda dos reciclados sao suficientes para pagar seu transporte. Outra solucdo que ainda nao foi possivel de ser aplicada, informa Vitor, € a instalagao de sistema de aquecimento solar da agua dos chu- veiros das instalagdes provisdrias “Nao sabemos se 0 equipamento vai durar trés obras’, admite, justificando ‘que a obra é um ambiente hostil para as placas solares. “Qualquer pedrinha jue caia vai danificé-las.” Arvore, que ficava no centro do terreno que seria escavado, foi transplantada para regido “segura” do canteiro de obras da Adolpho Lindenberg, em Sao Paulo es on SS SRS ETS nga Layout do canteiro ‘Quando se tem ideia sobre as reas necessérias para estocagem de materials ‘em cada etapa da obra, sobre os cequipamentos que ser utilzados na obra ce sobre as dimensdes das instalagbes proviséras, pode-se partir para a ‘concepgéo do desenho do canteiro. Os ‘toquis so fetos com base nas piantas de topografa ¢arquitetura dos pavimentos do edifcio, Fxogramas dos processos de cexecugéo do empreendimento também so importantes nessa etapa critiva.A cisposigio dos olementos é pensada considerando 2s diversas fases da obra; portanto, deve-se buscar a ccompatibilizacio do posicionamento de ada instalagéo com a evolucéo dos estdgios de execugdo. Aqui, pode-se pensar em executar primeira o layout da fase da obra considerada critica, oom maior fluxo de pessoas e materias, €@ partir dele conceber os demais desentos. (ainda etaborar os projtos de forma sequencial, partindo da configuragéo inicial da obra. Umea alternative mista também & possivel. Podem ser feitas algumas propostas de layout diferentes para serem avaliadas por um grupo de tengenheiros da construtora. 0 importante 6 que, conforme a obra evolu, 0 planejamento e o projeto do Canter sejam constantemente revistos e adaptados as realidades que vio surgindo. Veja ilustragdo na pagina ao lado, Como comecar: Elaboracao do macro layout: definicéo aproximada do arranjofsico sgeral, com 0 estabelecimento do local no Canteiro em que ficaré cada instalagéo ou grupo de instalages (reas de vivéncia, reas de apoio, éreas de produéo, por exemplo). Deve-se estudar 0 Posicionamentorelativo entre estabelecimento da localzacio de cada equipamento ou instalagio dentro de cada érea do cantero.Também aqui & necessrio estudar posicbes relativas entre os elementos. Detalhamento das instalacdes: etapa planejamento da infaestrtura necesséria ao funcionamento das instalagSes. Estabelecert-s, por exemplo, ‘uantidade etipos de caderas nos refeitérios, de armérios nos vestirios, técnicas de armazenamento de cada tipo cde material tipo de pavimentacéo das vias de circulagio ete Cronograma de implantagéo: representacio gréfica do sequenciamento das fases de layout. Devem estar explicitadas as fases ou eventos da execuclo da obra (concretagem de uma Iaje, por exemplo) que determiner alteragGes no layout. Sequéncia de elaboragio sugerida: 1 Posigo do estande de vendas 1m Escolha do local de acesso 1 Posicéo da guarita 1 Posigao de cremaleiras,guinchos, gruas I Pesigo de alojamentoe sanitrios 1 Posigdo dos almoxartados 1 Posicdo das centrais de processamentos (argamassa, corte e dabra de aco etc) associados a seus respectvos estoques 15 Posigo do escrito técnico Fontes: Projeto e Implantacéo do Canteiro, de Ubiraci Espinell Lemes de Souza; Boletim técnico do departamento de Engenharia de Construcéo Civil da Pol-USP BT/PCC/338; Pianejamento de Canteios de Obra e Gestio de Pracessos, deTarcisioAbreu Saurin e Carlos ‘Torres Formoso TECHNE 181 | OUTUBRO DE 2008 Evolugao do canteiro HE Cacamba rela HB Soritério WEE Vestidrio HE Refetério HE Entuiho BB Instaagées temporérias IIIB Escritirio do engenheiro IRE Estoque de cimento Estande de vendas SS Almoxarifado i cremalheira B Gra nee) IEBRE Separacio do entulho MB Elevador BE Refeitério Placas cerdmicas INR Tubos de hidréulica © Hidréutica WME Elétrica BB Esquacirias MT sacos de argamassa para revestimento da fachada Gesso HE Contrapiso BRIBE Sacos de argamassa para revestimento de paredes internas © Porcelanato e pedras Fonte: Produtime e REM Construtora 1 30 PLANEJAMENTO Mapa estratégico ‘Acarta de interligagdes preferenciais auniliao projetista do canteiro a visualizar as relacdes de proximidade entre os diversos elementos do canteiro. Cada obra tem sua prépria carta, mas 0 exemplo abaixo da uma ideia de como devem ser as conexdes entre as instalagdes. Legenda Veja como ler a carta: ~: © Procure dois elementos do canteiro na coluna 8 . esquerda e memorize os respectivos nimeros. © Nios lados perpendiculares do triangulo isésceles, procure os niimeros correspondentes 20s, elementos escothidos esiga as lias até a célula em que elas se cruzam. © Dentro da céula vooé encontra uma letra, que aponta 0 ® ‘ru de importncia da proximidede ene os elementos. cassfiago, cisponiel na tabela, varia entre “ndesejgvel”e absolutamente necessria”. @ Na mesma célula,voc8 também encontra némeros separados por virguas. Cada um desses niimeros indica uma justficativa para a classiicaco fla, .g_Hles podem ser consultados na tabela 2 2. Guarita de entrada 2. Méquine polcorte 3, Depésito de ago 4. Bancada dobra ago 5. Almoxartedo 9. Betoneras| 10, Sala dos recursos humanos 11. Salad engenharia Proximidad A Absolutamente necessdria Se Muitoimportante importante 0 Pouca importante u Desprezivel xX Indesejavel 3 Utilizagao de equipa | . 6 Frequentes contatos Font: Pianejamento do Layout de Canteros de Obras: plicago do SLP 7 Gusto de distribuicdo de suprimentos (Systematic Layout Planing). Sérgio J.B Eas, Madalena . Leite, RegisR.T.da Sika, 8 ___Utilzaclo dos mesmas suprimentos

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