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OW oensey (es INSTITUCIONAL DA ENING a Le ae Aaa Ney Byres liagdo de Imoacto Ambiental: conceitas e métodos O Brasil tem hoje wim complexo sistema institucional de gestio do meio ambiente, regido por vasto aparelho legal. A legislacao vigente foi criada em diferentes momen- tos, sob distintos contextos socials, politicos ¢ econémicns, Por essa razio, € porque toda norma legal representa um compromisso entre Interesses diversas e mutitas ve- zes divergentes, € Util conhecer um pouco dessa historia legislative. Embora se trate de um instrumento bastante movador, 8 AIA foi inserida em um contexto legal © institucional que a precedea, de forma que convém conhecer stias principais earacte- risticas para apreciar todo sew aleance. Na primeira parte deste capitulo sera apresentada uma periodizagao da legislacao € da politica ambiental brasileira, no plano federal, apontando os principais textos, logais e as instituigdes criadas para aplicar essa politica. A pettodizagso aqui apre- sentada ¢ baseada principalmente em Monosowski (1989). A organizagao institucional para gestao ambiental vigente no Brasil decorre de um certo mimero de politicas pibticas, expressas formalmente pela fegistagdo, Politicas ¢ leis estabelecem alguns fnstrumenzas de inervengdo do Estado, que sto ‘os mecanismos, procedimentos € métodos empregados com a finalidade de aplicar ‘uma politica pibiiea, ou seja, para atingit os objetivos nela expressos. Exemplos desses instrumenios sia o licenciamento ambiental, a autorizacio administrativa para supressio de vegetacio nativa e a pripria avaliacao de impacto ambiental. 3.4 BREVE HISTORICO Pode-se identificar, segundo Monosowski (1989), quatro fases principais na politica ambiental brasileira, que correspondem a diferentes concepgdes do meio ambiente e do seu papel nas estratégias de desenvolvimento econdinico, Embora elas pratica- mente se succdam cronologicamente, néo ka substituicdo de uma politica pot outra, mas, sim, superposigao, o que transforma a atwal politica ambiental brasileira em wm. mosaico onde coexistem os concettos dos anos de 1930 com aqueles do final do sécu- lo XX, 0 Quadro 3.1 Indica os prineipais marcos dessa evolugo, apontando algumas leis aqui citadas e as Instituigbes do governo federal encarregadas de aplici-las. ADMINISTRACAO DE RECURSOS NATURAIS Datada dos anos de 1930, com a reorganizacao do Estado brasileiro promovida por Getitio Vargas e o inicio de um proceso mais intenso de industrializagao, a princi- pal preocupagao inerente a essa fase da politica ambiental brasileira € racionalizar 6 uso € a explotacao dos recursos naturais mediante politicas puiblicas seroriais que regulamentam 0 acesso ¢ a aprupriagao desses recursos. Isso nao significa que inexistissem iniciativas a fim de disciplinar o uso dos recursos naturais em territorie nacional. No final do séeulo XVII, a Coroa portuguesa editou ‘medidas para preservar madciras de lei utilizedas na construyéo naval, pois “as ins- pecdes € relatirlos indicam que nao existia mais madeira adequada por muitas leguas ‘nas proximidades das vilas maiores” (Dean, 1997, p. 152). E bem conhecido 0 Alvara do Rei Dom José, de 9 de juiho de 1760, que tenta conter a devastagao dos mangues, emapregados em curtumes: Recursos Hidricos - 1987) 1934" Codigo Plorestal (modificads em 1869) 1934 Codigo de Minas iposteriormente Codigo de Mineracao ~ 1967, modifi- cado em 1998) 1937 Decreto-tel de Protectio a0 Patriménio Histéiico, Artistica ‘Arqueotégica 1938 Cadigo de Fesea {modificado em 1987) 1 Lei sobre monumentus arqueoldgices. fe pre-histdricos 1967 Lei de Protegao @ Fauna 2000 Lei do Sistema Nacional de Unidades, de Conseriao 1934 Cédigo de Aguas (e Politica Nacional de DNAEE fatual Aneel) Nao ia nova instituigdo ANA Servigo » Florestai (desde 1921), “depois DANA (1959), IBDF. (1967), atual Ibarca {desde 1989} DNPH phan (também, 30 longo dos anos, Sphan e1BPe) fs ‘Sudepe (1962) (atual tbama) 1BDF {tual Inara) Nido cid nova institvigao Decreto 73.020 (eracio da Sem 1973 3975., OL 1.413~ controle da poluicao “industiiat ‘Sema (1974), ateal Ibama Sema, atual Bama. 1979 ‘1980:__Lei8.803 — zonteamento ambiental cas, Feas criticas de poluicac 1986 Lei 7.661 ~ plano nacional de gerenciamento costeiro Lei:10.257-~ Estatuto da Cidade Decreto 4297 - zoneamento 280% 2002 ae 1981 \ei 6.938 ~ Poiftica Nacional do Meio Ambiente (alteragSes: leis 7804/89 © 9.028/80) Lei 6.766 — parcelamente do solo urbano Nao eva nva instituigéo ‘Naoccria ova ingtituigo’ © Parte integrante ca Politica Nacional do Meio Ambiente Nao ria nova instituigao s+ Parte integrante da Politica Nacional dio Meio Ambiente Sisnama Conama Note: Esto referiaos somente as dota de crag dos instituisbes «os iis que thes Gevor arger. A maria defas ol aera averse vezes Sigias: WA ~ Agencia Novionol de Aguas; Aneel ~ Agéncto Nacional de Energia Ekrice; Caname ~ Corseiho Nacionat do Meio Aurbiente; DNAEE ~ Deportumento Nacional de Aquos ¢ Energia Eiétrica; ONPM ~ Departo- ‘mento Hacional da Produgo Minera ORNR - Departamento de Recw sos Noturos Renowbves; dara ~ Instituto Brosiero do Meio Ambiente e ds Recursos Natura Renwivels; OF ~ Instituto Btaslewo de Deseavotvimenta Floresta BPC - Instituto Bros do Patrimdnio Cattural Johan — nstevto do Pateiminia Historica « Arisico Nacional: Sema - Secretaria specie do Meic Ambiente Sisnama ~ Sistema Macionct do Meio Ambiente; Susepe— Supevintendéncia de Deservotvinento da Pesca. "0 conecito de recurso nararal € dindraico, Depends, deste urs fores, da disponibitidade de eonbsceimento ou tecnotogia capaz die promover & aproveitamento econéinica de um recurso, Assim, tenta-se atualmente regulamentar 0 gensiteos, que vem sendo reconkecidos come de grande ‘importincia nesie initio de séeulo¢, ta mesito Lenipo, sem seado objeto de disprias potiticas geopotitcas (Shiva, 2001), como também ecorreu com outros liagao de Impacto Ambiental: conceitos © métodos [J sou servido omtenar que, da publicagdo desta em diante, se no cortem as ‘arvores dos mangues que nv estiverem ja descaidas, debelxo ds pena de cingiienta mail réis, quee seré pags da cadeia, onde estarie os culpades por tempo de trés mescs, dobrando-se as condenagées ¢ 0 tempo de prisfo pelas reinetdénelas [..] Tamrbém a explotagae racional das ininas de ouro ¢ diamante, decadentes nessa mesma gpoca, levou a Coroa a reagir, buscando a orientacdo de especialistas luso-brasileiros inicialmente e estrangelros depois da transferéncia da Corte para o Rio de Janeiro (Sanchez, 2003). Nessa tarefa destacou-se José Bonifacio, que, no cargo de Intendente Geral das Minas, teceu consistentes criticas nao somente aos métodos rudimentares empregados a mineragdo como fambén agricultura itinerante (Padua, 1987). A derrubada das matas para dar lugar a uma agricultura incipiente era percebida por intelectuais do finel do periodo colonial e do Império como um dos graves entraves a0 desenvolvimento nacional (Padua, 2002}. Hoje o proceso seria descrito como a dilapidacao do capital natural, sem que disso resultasse 0 crescimento do capital eco- xnémico ou humane. A regulacao do acesso e do uso dos recursos naturals, dos quais Brasil era rico, serla essencial para colocar 0 Pais no rumo do desenvolvimento. A regulamentagao posta em pritica no periodo getulista se deu pela promulgacao de diversos cédigos, cada um estabelecendo critérios para o aproveitamento econé: miso de um nico recurso natural. Os principais recursos naturais recoahecidos & époce foram incluidos nesse conjunto de leis’. Assim, os recursos hidricos, florestais, mincrais e pesqueiros foram objeto de regulamentacao specifica, definindo-se as modalidades condigées de uso e apropriagao por parte dos agentes cconémicos. Ag mesmo tempo, foram criadas ou reorganizadas as instituigdes governameniais encarregadas de aplicat os dispositivos legais c, portamio, da gesitio governamental desses recursos, Como o objetivo principal dessa primeira fase de politicas ambientais era regulamentar © acesso aos recursos naturais, no se trara @ rigor de uma politica ambiental, tal qual a entendemos hoje, mas de um conjunto de politicas de recursos naturais. No enranto, traziam em set bojo diversos mecanismos destinados a compatibilizar 0 uso desses recursos com sua conservagio a tongo prazn, O melhor exempio ¢ 0 Cédigo Fiorestal, que estabeleceu as florestas protetoras ¢ abriu a possibididade do poder piblico declarar determinadas porches do territério como parques nacionais, estaduais aa municipais, hoje conhecidos como unidades de con- servacdo, lacais onde 0 uso direto dos recursos naturais ¢ proibido ou estritamente regulamentado, Ademats, as florestas também tém recontecidas suas funcdes ds 2) conservar o regime das Aguas; \) evitar a erosio das terms pela agio dos agentes naturnis; <} fae dn ausiliar a detesa das fronteiras LJ} «] assegurar condigtes de selubidede pibliea; protege sitios que por sua beleza vranural meregam ser couservados 1) asilarespécimes raros da fauna indigens (Ant. 4, Deereto n° 23.793, de 23/01/1934, Cédligo Tlorestal) QUADAO LEGAL E ISTITUCIONAL DA AVALIACAO DE IMPACTO AMBIENTAL NO. Br Tais salvaguardas atendiam cm parte a demandas de maior controle do Estado sobre a desenfreada derrubada de florestas para a continua expansio das areas destinadas a atividades agropecudtias. Nesse sentido, j4 se faziam ouvir vozes entre intelectuais ¢ altos funcionarios ainda no periodo colonial (Pédua, 2002). Em 1924, a realizagtio da Primeira Conferéncia Brasileira de Proteg3o da Natureza, no Rio de Janeiro, em Gefesa da “flora, fauna, sitios ¢ monumentos naturais” (Urban, 1998, p. 88}, € uma expressio ainda timida de am movimento associative com oljetives de protecio am- biental, como a Suciedade dos Amigos das Arvores. Nio ¢ por coincidéncia que nesse periodo se promulga a primeira lei referemte & preservacio do pairimdnio historico, arqueoldgico e artistico que, alias, também pro move a conscrvagao ambiental: Equiparam-se aos bens a que se cefere 6 presente artigo e sia também sujettos a lombamento os monumentes naturals, bem como os sitios e paisagens que im- porte conservar e proteger pela feicho notsvel com que tenliamn side dotados pela natureza ou agenciados pela industria humans. (Art 18, par. 25 Decreto-let n? 25, de 30/11/1937.) 0 ano de 1937 € também 0 da eriacao do primeiro parque nacional brasileiro, & de Itatiaia, 0 conceito de “parque nacionai", oriundo dos Estados Unidos, foi bem acolhido por alguns intelectuais e cientistas brasileiros, com destaque para o en= genheiro Andzé Reboucas, que jé em 1876 publicou uma obra em que propunha a criagdo de um parque na itha do Bananal ¢ outro nas Sete Quedas ot: Guaira, no rlo Parana (Urban, 1998) Todos os cédigos promulgados durante o governo Vargas foram revistos ¢ reformus lados por ocasiao do regime militar implantado em 1964, que acrescentou a Let de Protecéo Fauna ao rol da legislaco de recursos naturais, dando ao entio Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Florestai (IBDF) a atribuigtio de aplicé-la, Foram significativas as modificagées introduzidas no Cédigo Florestal (Lei n° 4.775, de 15 de setembro de 1965), que passou a ter um carter um pouco mais conservacionista, corn a declaracaa de que sia de preservacdo permanenie as Forestas © demais formas de vegetacao natural sittadas av longo de rivs, ao redor de lagoes ¢ nascentes, no topo de morros, tras encostas de alta decividate, nas restingas, nas bordas de tabulelzos € chapadas, e em altitudes supertores a 7.800 m. No entanto, uma caracieristica desse perioda, com reflexos que perduram ainda hoje, € o tratamento prafundamente desarticulado dado a essas politicas, aplicadas por 613803 independentes, vinculados a minisiértos diferentes ¢, nao raras vezes, com objelivos contraditérios, Assim, aos contlitos legais, ou seja, incompatibilidades e incoeréncias cnire as teis, sobrepuseram-se conflitos politicos reféeridas 45 oriemtagdes quanto & aplicagdo das lets. Iss0 ¢ Slustrado pelo conflite entre o Codigo de Mineracio ¢ 0 Codigo Florestal. Enquanto o primeiro estabelecia critérios para concessav de aulorizagoes de pesquisa ¢ lavra mineral, o segundo estabelecia unidades de conservacde, onde toda exploracio de recursos naturais cra proibids. Todavia, desconhecendo ou desconsi- derando 0 Codigo Flurestal, o Departamento Nacional da Producdo Mineral (DNPM} dava essas autorizacdes inclusive em dreas de parques nacionais ou estaduais. ms ee de Impacto Ambiental; conceitos ¢ métodos Confiitos © profundas dificuldades de articulagao cxistiam no interior de um imesino Orgéo governamental. O TRDF ers, aa mesmo tempo, responsavel por esti- malar a producao florestal ¢ implantar gerir parques nacionais e outras unidedes de conservacio, enguanto corria a anedota de que as tartarugas, quando deniro gua, estavam sob jurisdigéo do IRDF, e, fora d'’gua, sob jurisdigéio da Sudepe — Superintendéncia de Desenvolvimento da Pesca. A Fragilidade fastituctonai é uma caracteristica dos érgios piblicos encarregados da gestiio dos recursos naturais no Brasil. Isso significa mais que caréncia de recursos financeiros ou falta de vontade politica dos disigentes c envolve preparacgo ¢ ca- pacitacde de recursos humanos € definicao clara da missao institucional do érgto. E sintomética @ declaracdo de Alceo Magnanini, ei depoimento a Teresa Urban: “Quando foi eriado, 0 IBDF recebeu um orcamento especial que nenhuma repartigio publica jamais recebeu no ato de eriagdo, mas ndo teve preparo para empregar esses. recursos, que simplesimente foram devolvides. Quase 60% devolvidos, enquanto nos precisivamos, desesperadamente, de guardas Gorestais, de guarda-parques, de pes- soal de pesquisa, tudo” {Utban, 1998, p. 253). As instituicdes encarregedas dos recursos forestais passaram por diversas trans- formasdes, sem nunca ter condicées institucionais plenas de reatizar sua missao, “O Servigo Florestal, criado em 1921 e reguiamentada em 1925, nfo chegou a desen- volver atividades expressivas até 1930, quando foi praticamente substituido por uma "Secdo de Reflorestamento’ dentro da Servigo de Fomento da Producio Florestal” (Urban, 1998, p. 103). Nessa epoca, havia ainda dias cutras Instituicées encarre- gadas do fomento da produce de recursos florestais, 0 Instituio Nacional do Mate, criado em 1938, ¢ 0 Tnstitalo Nacional do Pinho, de 1941. 0 Scrvico Florestal voltou. em 1944, contando inclusive, e pela primeira vez, com uma Seco de Parques Nacionais, até que fosse substituido, em 1959, pelo Departamento de Recursos Naturals Renavaveis, Manteve-se com esse nome até 1967, quando foi criado o [BDF — Instituto Brasileiro de Desenvolvimento Floxestal — jé na vigéncia do nove Codigo Florestai de 1965. CONTROLE DA POLUICAO INDUSTRIAL No inicio dos anos de 1970, alguns recursos naturais, anies aburidantes, tornaram-se escassos em varias regides do mundo, inclusive no Brasil. Um exemplo €a hacia do alto Tamanduatei, na regide do ABC paulista, onde se concentram ainda hoje imimeras in- duistrias. Nessa regido, a agus estava tao poluida que era imprapria para abastecimento industrial, J se notavam também problemas de poluiggo do ar em grandes cidades. Por outro lado, havia nessa época tude am contexte intemacional que trouxe pela primeira vez a questao ambiental para o rol das principais preocupacdes da socieda- de, Alguns paises jé haviam criado instituigdes governamentais especializadas em problemas de poluigio, como foi o caso dos Estados Unidos, cuja Environmental Pro- tection Agency (EPA] fora criada em 1970. Dentre os eventos marcanies do periodo, deve-se mencionar a Conferéncia das Nagdes Unidas sobre 0 Ambiente Humano, realizada em Estocolmo no ano de 1972. Foi bastante difundida a verséo de que a posicio da delegacao brasileira nessa conferéncia se caracterizou por defender que, se a pohuigio cra o preco a pagar para o desenvolvimento, entao 0 Pais receheria de QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL DA AVALIACAO DE IMPACTO AMBIENTAL NO Br bracos abertos as Indastelas polaidoras. Porém, segundo Guimardes (1991), 08 repre~ sentantes oficiais ergumentaram que o desenvolvimento melo deveria ser sacrificado em prol de um ambiente mais limpe € que os paises mais ricos deveriam pagar pelos esforgos de despoluicao, Nessa conferéncia, comegou a ser esbogado o concelto de ecadesenvalvimento, que precedeu a nogo hoje vigente de desenvolvimento sustentdvel. Apesar da posigdo governamental, algumas medidas acabaram sento tomadas. Unra delas foi a criagao, em 1973, da Secretaria Especial do Meio Ambiente (Sema), ‘vinewiada ao Ministério do Interior, que cra entao 0 grande promotor do modelo de desenvolvimento no Pais, liderando a implantagdo de grandes projetos, como a rodo- via Pransamazénica ¢ as usinas hidrelétricas de Txeurui ¢ Iaipu. Pelo Deereto-lei nf 1.413, de 14 de agosto de 1975, 0 governo federal introduziu eriemagbes de pol voltadas para 0 controle da poluigdo industrial, que incluiam: +8 atribuigo de competéncia a Sema para estabelecer padtdes ambientais; # co estabelecimento de penalidades em caso de néo cumprimento da legislagio; 4 a criacdo de “Areas criticas de poluicao”, correspondentes a porgées do territério nacional onde 0 governo reconhecia a existéncia de problemas graves de pol ‘cdo; essas dteas incluert regides metropolitans, Cubario e a hacia carhonifers de Santa Catarina; atribuigao de competéncia exctusiva ao governo federal para aplicar a san- a0 de suspensao de atividade para agueles emprecndimentos considerados “de alto Interesse do deserivolyimento e da seguranca nacional” (Guimarses, 1991, p. 59), competéncia que foi efetivamente exercida quando municipio o de Con- Tagemn, em Minas Gerais, depois de uma série de protestos populares, pretendeu dcterminar a paralisacéo das atividades de uma fébrica de cimento, Cabe nowar que, aléen das inieiativas do governo federal, alguns Estados também comecaram a legislar sobre polui¢do, Esse foi a caso do Rio de Janeiro, por melo do Decreto-lei n 134/75, € de So Paulo, por meio da Lei n® 997/76. As politicas estaduais Também criaram instituigdes, como a Feema - Fundagao Estadual de Engenharia do Meio Ambiente -, criada no Rio de Janeiro cm margo de 1975, ¢ a Cetesb, hoje chamada de Companhia de Tecnologia de Saneamento Ambiental, criada com essa mesma sigla, mas outro nome, ein julho de 1973, sucedendo um centro de pesquisa zambem chamado Cetesb ¢ fundado em 1968, Em abril de 1975, a Cetesb incorporou as atribuigdes da Superintendéncia de Saneamento Ambiental da Secretaria da Satide. A politica federal, assim como suas contrapartidas estaduais, era de cunho essen- cialmente corvetive ¢ foi formulada para ter uma aplicacio exelusivamenre lecno- buroeritica, ou sefa, estava exechufda toda forma de participagtio pitblica. Ao piiblico, cabia, no méwimo, o papel de denunciar condutas lesivas a qualidade ambiental. 0 controle governaimental exercia-se por meio de uma negociagao restrita entre Estado e poluidor, Divorsas atividades causadoras de degradacto ambiental escapavam completamente 4 essa politica, Por exemplo, a producao de agrotéxicos estava enquadrada, mas nao sua utilizagiio; o mesmo se dava com a producéo rie automéveis, pois nfo havia 1¢40 de Impacto Ambiental: conceitos € métodos normas le emissio pata os veiculos automotores. Além disso, uma série de atividades nao industrials, como a consteugdo de barragens, rodovias ¢ portos, estava comple- tamente fora do alcance dessa politica, Era também uma politica de aleauce territorial restrito as 2onas urbanizadas e indus- triais, ficando, portanto, excluida de sua aplicagdo a maior parte do Pais, que era Justamente objeto dus politicas desenvolvimentistas governamentais, O interesse econdmico e a visio de curto prazo predominavain mesmo nos raros casos em que era evocada a protecao da satide publica, como na fibrica de cimento de Contagem, Paraielamente, 0 governo federal continuava a apliear a politica de criagdo de espa- 08 protegides, agora também atribuicdo da Sema, em concorréncia ao IBDF. A Sema competia criar estagbes ecolégicas, nova categoria de unidade de conservacio (2 primeira foi decretada em 1977). Por meio da Lei n° 6.513177, foi também dada atrl- buigao & Empresa Brasilefra de Turismo (Embratur] para declarar Areas de interesse turistico, onde deveriam ser restringidas as atividades capazes de degradar 0 poten- cial turistico. PLANEJAMENTO TERRITORIAL Datam de meados da década de 1970 os primeirus planos de uso do sols no Brasil, que procuravam ordenar as formas de ocupagao do espaga urbana. Por insufici- éucia das politicas anteriores, jé se notavam sérios problemas de fornecimento de gua em certas regides metropolitanas. Assim, cm dezembro de 1975, 0 Estado de Sao Paulo, pela Lei m* 898, estabeiecen uma drea de protecao dos mananciais na Regido Metropolitana. Essa lei passou a disciplinar 0 uso do solo para a protecio de mananciais, cursos € reservatérios de agua e demais recursos hidricos. A Let Estadual n° 1.192, de 17 de novembro de 1976, delimitou as dreas de protegtio relativas aos mananciais, cursos ¢ reservatérios de dgua a que se refere 0 artigo 2° da Lei n° 898, impondo normas de restrigao de uso do solo em tais areas e oferecendo providéncias correlatas. 0 Decreto no 9.714, de 19 de abril de 1977, aprovou o Regulamento das Leis n° 898 © 1.172, que dispéem sobre o disciplinamemto do uso do sola para a protecéo aos mananciais da Regiao Metropolitana da Grande Sao Paulo. Jsso foi um esbogo de atuagdo preventiva, que, nesse caso, foi malsucedida, pois nao conseguiu evitar a degradasao des mananciais. Da mesma época, datam iniciativas de zoncamento industrial, em uma perspectiva de separagio entre uso de solo industrial ¢ Areas residenciais. Em 27 de outubro de 1978, a Let Estadual de Sao Paulo ‘n° 1,817 defimin diretrizes para 0 zoneamento € a localizagdo de indiistrias na Regiao Metropolitana, visando, entre outros objetivos, “compatibilizar 0 desenvolvimento indusirial com a melhoria de condicdes de vida da populagio com a preservaczo do mefo ambiente” (Art 4, 11}. A Let Estadual n? 1.817 estabeleceu os objetivos e as diretrizes para o desenvolvimento industrial metropolitano ¢ disciplinou o zoncamento industrial, # localizacao, a classi- ficagio e 0 licenciamento de estabelecimentos industriais na Regiao Metropolitana de Sao Paulo, Nao se trata de licenciamento ambiental no sentido atual do termo (Res. Conama 237/97}, mas do que é denominado “licenciamento metropolitano”, wna aprovagio da localizagdo de estabelecimentos industriats, desde que respeitadas as ditetrizes de zoncamento ¢ de uso do solo. 0 Decreto a? 13.095, de 5 de janeiro de 1979, apravou 0 regulamento da Lei n°1.817 nas matérias relatives a localizaco, ao Hcenciamento de estabelecimentos industriais na Regiéo Metropolitana de Séo Paulo e sua fiscalizacao. As iniciativas federais a fim de usar o planejamento tervitorial como instrumento de prevengio da degradagao ambiental incluem a Lei n® 6.766, de 19 de dezembro de 1979, conhecida como Lei Leman, que disp5e sobre o parcelamento do solo urbano, a Lei n® 6.803, de 2 de julho de 1980, que estabelece diretrizes para © zoneamento industrial nas areas criticas de poluigdo, Um ponte iraportante dessa lei ¢ que nela consta a primeira mengo A avaliacdo de impacto ambiental wa legislagéo federal {conforme seco 2.5). Como estratégia de politica ambiental, o planejamento territorial dessa época padece dos mesmos problemas que a politica de controle da poluigao industrial. Aplicava-se 1 a porcdes restritas do terrirério (essencialmente a5 Zonas urbanas), enquanto 3 maior parcela do Pais estava sujeita a pressdes crescentes sobre os recursos naturais € a formas dilusas de poluicio, como aquela proveniente do uso descontrolado de agro- ‘ téxicos. Nio havia mecanismos de participagao publica na formuagto dos planos i ide uso do solo ¢ as alividades reguladas eram essencialmente as de cariter privado. A\lei nao era aplicada as acbes do priprio governo, seja porque no havia dispositives juridicos para isso (por exemplo, para prevenir € mitigar impactos ambientais decor- rentes de grandes obras de infra-estrutura), seja por falta de vortade politica quando i a lei permitia a ago do Estado {par exemplo, a compiacéncia face & poluicao causaca pelas grandes inchistrias estatais como a Companhia Sidenirgica Paulista - Cosipa -, localizada em Cubatao) 0 planejamento territorial com Jins de protecdo ambiental ganhou um espectro mais amplo a partir do fmal da década de 1980, com a Lei Federal 2° 7.661, de 16 de maio de 1988, que estabelece um plano nacional de gerenciamento costeizo, ji subordinado 4 Politica Nacional do Meio Ambiente. 0 ordenamento territorial com fins de protecao ambiental passou a ser conhecido como Zoneamento Ecolégico-Econdmico (ZEE), ganliou forga a partir dos anos de 1990 ¢ foi regulamentado pelo Decreto 1° 4.207, de 10 de julho de 2002. Por outro lado, a Lei n° 10.257, de 10 de julbo de 2001 — Estatuto da Cidade —, esta beleceu um guadro atualizado para a gestio urbana, reforgando dispositivos como 0 ordenamento ¢ cantrole do uso do solo urbano, Dentre os instrumemtos de politica urbana, a lei inclui “o estudo prévio de impacto ambiental (ETA) ¢ 0 estudo prévio de impacto de vizinhanga (EIVY" {Art 4°, VB, ressaltando que “os instrumentos mencio- nados neste artigo resem-se pela legistacao que thes € propria, observado o disposto nesta lei" (Art. 4%, 11 0 gerenciamento costeiro, 0 Zoneamento Econémico-Fcoligico ¢ o Estatuto da Cida- de, ainda que inseridos nessa mesma dptica de planejamento territorial inaugurada rnos anos de 1970, decorrem de uma redefinigao de direitos ¢ responsabitidacies decor- entes da Constituigéo Federal de 1988. Antes dela, porém, o Congreso Nacional ja tinha aprovado a inovadora e abrangente Politica Nacional do Meio Ambiente, aliagao de Impacto Ambiental: conceites ¢ métodos Pouitica NacicNat 00 Meio AMBIENTE ‘Um modelo radicalmente novo de politica arabiental foi inaugusado com a aprova- cho pelo Congresso Nacional da Lei n° 6.938, de 31 de agosto de 1981, que instituiu 2 Politica Nacional do Meio Ambiente [PNMA). Fssa lel trouxe diversas inovagdes. No plano dos instrumentos de acéo, institu, entre cutros, a avaliagao de impacto _ ambiental € 0 licenclamento ambiental, até entao existente apenas na legislagio de alguns Estados (Quadro 3.2) Quadro 3.2 tnstrumentos da Poitica Nacional do Meio Ambiente (segundo 0 Art 9° da Lei 6.938/81, modificado pelos eis 2004/89 ¢ 8.026/30) V0 estabetecimenite de padndiés'da qualidade ambiental...» I= 0 zoneamento ambiental INA avetiagdo de impacts ambientais, She es Sess IV-0 licenciamento € a reviséo de atividades efctiva cu gotencialmente poluidoras. VE 0s incentivés a ‘preducio instalagae de’ daiiparhdntes €'a Griagd’ ou absarg86 de Pecado melhoria da qualidade ainbiental.” ee ee VI~ A criagdo de espagos teritorias especialmente protegiios peto Poder Pubtico Federal, Estadual e Municipal, tais como Areas de Protecéo Ambiental, de Relevante Interesse Ecolégico e Reservas Extrativistas. Si) 0 Siotena Nacichal te Infoemiacdes seie.o Melb Ambientes 9 : VIll ~ 0 Cadastro Técnico Federal de Atividades e Instrumentos de Defesa Ambiental. 1K. 'As perialidaties diseiplinares ou toripeisatotiag 2d rao culmpiinidnto das medidas mecessdvias 3 preseewieda ou \chirecio:dy degradacae ambiental. i ae ae f X- A Institvigéo do Relatério de Qualidade do Meio Ambiente, a ser divulgavo anuaimente pelo ioama. No plano institucional, a lei inovou a0 criar uma cstrutura articulada de drgtios governamentais dos trés niveis de governo, o Sisnama - Sistema Nacional do Meio Ambiente. Tnovou também ao criar o Conama [Conselho Nacional do Meio Ambiente), compasta por representantes de diferentes dreos federais, estaduais ¢ pot repre- sentantes da sociedade civil, incluindo o sector empresarial, sindical e organizacoes nao-governamentals. 0 Conama foi incumbido de diversas tarefas, entre as quais a de regulamentar a Lei n° 6.938 ¢ a de formular diretrizes de politica ambiental {Qua- dro 3.3) ‘Na esiera politica, a nova Iei € seu decreto regulamentador (n° 86.351, de 1° de ju- 2 Essedecrety no de 1983} estabelecem avancos importantissimos: criam um mecanismo formal foi rvogedoe de participacao, ainda que restrito, que é 0 préprie Conama; oferecem a0 puiblico o nectninish Se ditelto de ser informado facessibilidade do Rima - Relatrio de Impacto Ambiental): ae 6 de jurha de Instituera o principio da responsabilidade objetiva do poluider, que, “indeperdente 1990, No entenio, da existéncia de culpa, € obrigado a indentzar ou reparar os danos eausados 20 meio pam 0 ae 244i ambiente € a terceiros”; ¢ permitem a legitimidade ao Ministério Piiblico para propos owe modifesgies A620 Ge Fesponsabilidade civil e eriminal por danos causados ao meio ambiente. diguas de neta, arto pela qual € A |et foi regulamentada inicialmente por um decreto do Poder Executivo que tardou predeied TOSI yaais de dois anos em ser publicado, posstvelmente devido is novidades que trazia «as querestlomenton a Tmudangas de postura que exigia, inclusive do proprio governa, Uma inowacao quase Poliica Nacional do inédita foi que as atividades de iniciativa governamental também passavam @ ser ‘Meio Ambiente. sesidas pelos principios da legislacao ambiental. ‘QUADRO LEGAL F INSTTUCIONAL DA AVALIACAD DE IMPACTO AMBIENTAL NO Bi 72 Quadro 3.3._Airibuigdes do Consetho Naciona! do Meio Ambiente (segundo o Art. 8 da Lei 6.938/81, madificada pelos Lels 7004/89 ¢ 6.028/90} {i sbi iets fia Tsekinet de ada ett oi prcehmemte foukinaca sera: {edi pelos Estedos ¢ supirvisionado pelo Ibama, =" Ls Il Determinar a reslizacéo de estudos de alternatives e das possives conseqligneias ambientas de projetos pllicos, ov privados especialmente nas dreas consieradas gatrimén’a nacional 1W-atidc, om lea instars administrate aru oe Fcc: elas Sepsis ro, obi as mila Coutras fenalidedes inmost elo ham.» : \V- Determinar, mediante representacao ao Ibama, a gerda au restricdo de benefciosfscaiscancedides pelo Poder Pablico, em carater geral ou conditional, ¢ a perda ou suspensdo de participagdo em linhas de financiamento em estabelecimentos oficiais de eréuito, Wie Estabelecer privativamente; normas, ertérigs e padréed aacionaiside controle de polaican p Fert ulosgutorog ores, Beroriayes ¢ embarcagdes, meslante-auciéneia dos Ministérios competentess. 8 Ts VIl~Estabelecer normas, eritéros e paddies clatives ao controle e & manutengde da qualidade do meio ambiente, com vistas 20 uso racional dos recursos ambientais, principalmente os hidricos Alguns principios que hoje podem parecer evidentes e mesmo auto-explicatives nao 9 eram quando da discussao da lei, ainda sob o regime militar que governou o Pais entre 1964 ¢ 1984, Os grandes projetos de alto impacto ambiental construidas nesse period foram decididas exclusivamente no Ambito de citculos sestritos do poder ¢, mesmo depois de conchaidos, o acesso a seus documentos era dificil, Feamside (1989}, que analisa os tmpactos da barragem de Balbina, construfda no rio Uatunra, Amazonas, coments que “muitos relatérios so mais raros que manuseritos medievais copiados & mao” (p. 448). 0 diteito de acesso a informagao avangou muito desde entao, © a lei da Politica Nacional do Meio Ambiente foi fundamental para sua consolidacéo, Finalmente, é fundamental citar outra lei que representou importantes avangos na protecdo ambiental, embora no estabeleea politica. Trata-se da Let n> 7.347, de 24 de Julho de 1985, conhecida como Lei dos Interesses Difusos. Por meio dela, arnpliou-se 0 conceito de dano ambiental com a definigao dos chamados interesses difusos, que sie aqueles comuns 2 um grupo indeterminado ou indeterminavel de pessoas, como ocorre com os maradores de una regia, os (reqtientadares de um espaca pliblico, os consurmi- dores de certos produtos ¢ as minorias raciais, Essa lei permitiy uma asio contundente co Ministério Pablico em matéria ambiental. Coraando as iniciativas legislarivas de protecto ambiental, a Constitutes Federal de 1986 estabeleceu o direito de todas a um ambiente sadio, Seu artigo 225 estabelecen civersos principios de defesa da qualidade ambiental, inclusive a necessidade de que © porter pablico exija “para instalagdo de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa degradacao do meio ambiente, estudo prévio de impacto ambiental, a ‘que se dard publicidade” (inciso TV). Fstava assim consolidado o papel da avaliagao de impacto ambientel no ordenamento juridico brasileiro. A evolucdo posterior deu-se somente no sentido de devalhar sua aplicagdo, cstabeleccr competéncias entre os niveis de governo © aprimorar a relagao entre a AIA € os demais instrumentos de politica ambiental. Waliacdo de Impacto Ambiental: conceitos ¢ métodos 3.2 LICENCIAMENTO AMBIENTAL No Brasil, estudos ambientais sie exigiveis para obter-se uma auiorizactio governa- ‘mental para realizar atividades que utilizem recursos ambientais ou tenham o potencial de causar degradacto ambiental, Tal autorizagdo, conhecida como licenga ambiental, € um dos instrumentos mais importames da politica ambiental piiblica. Tem cardter preventivo, pois seu emprego visa evitsr a ocorréncis de danos ambientais. FuNDAMENTOS JuRIDICOS 0 licenciamento ambiental € uma das manifestacdes do.poder de policia do Estado (Mukai, 1992}, que é 0 poder de fimitar © dircito individuai em beneficio da co- Jetividade,/Os especialistas cm Direito Administrative distinguem entre licenca & autorizacdo. Esta designa o ato unilateral ¢ discriciondrio pelo qual a Administracao, possibitita ao particular o desempenho de atividade material on a pratica de ato que, sem esse conseatimento, serlam lege!mente proibidos. A aurorizagio pressupde um julgamento de valor por parte do agente ptiblico ira anailise do projeto e aplica-se aos ‘casos em que ndo existe am direito preexistente por parte do administrado para 0 exercicio daquela atividade. Esse direito nasce da vontade do Estado ¢ no momento ‘em que ¢ expedida a autorizagao. ‘bi alivenga, para o Direito Administrativo, é 0 ato administrativo unilateral ¢ vincu= lado (8 legistago ¢ aos regulamentos) pein qual a Administracdo faculta aquele que precncha os cequisitos legais o exercicio de uma atividade, A licenca € chamada de “ato vinculado” porgtie 0 agente piblico nao pode agir com discricionariedade no caso, mas apenas con erir se o empreendimento atendc ou nao as normas, exigencias ¢ padrées da legislacdo. Parte-se do pressuposto de que o direito preexiste A licenca, que nada mais faz. do que reconhecé-lo, essa linha, se um cidado pretende construit um edificto em um local pervaitido pela legisiagio minicipal de uso do solo e se o projeto do edificio atendcr aos requisitos do Codigo de Obras, a Prefeitura ndo pode negar-Ihe a licenga para construfr. A ticenga significa estabilidade temporal ¢ nao pode ser suspensa por simples discricionarie- dade. J4 a aulorizagio & sempre precéria e pode ser restrada pela Administraczo que a concedeu, Naturalmente, tanto a concessdo como a revagacao de uma autorizecio deve ser “motivadas” (Machado, 1993, p. 52), ou soja, fundamentadas nao somente em uma apreciagto Juridica como em uma andlise técnica. Com fundamento nesses conceitus, alguns juristas argumentam que a licenca ambien- tal é, na verdade, uma autorizacao (Machado, 1993; Mukai, 1992}. Como taf, nao ha direito “liquide ¢ certo” de um empreendedor obter uma Ticenca ambievtal, mas cabe a0 agente pablico (0 érg80 licenciador} analisar o projeto pretendido e seus impactos ambientais para decidir da convenigncia ou nio de conceder a licenga {autoFizacaa), e quais condiedes podem ser impostas para que esta seja concedida. Oliveira (1999) discorda dessa classificagao, Para ele, licenga ambiental € mesmo uma licenga no sentido juridico do termo, porém, *é informada pelos principios do Direito Ambiental, que fazem a diterenca” (p, 37}, a0 tomd-ta nao definitiva, com prazo de valldade ¢ com condicionantes. ‘QuADRO LEGAL /NSTTUCIONAL DR AVALIACAO DE IMPACTO AMEIENTAL NO Independentemente de sua natureza juridica, € claro que a protegéo ambiental eo : zelo pela satide piblica sao os fundamentos da necessidade de obter uma autorizasao prévia do Poder Pablico para se emprcender atividades potenciaimente danosas ou P incdmodas. Nesse sentido, pode-se postular que as funcics do licenciamento ambiental ii} prevenir danos ambientais. LICENCIAMENTO AMBIENTAL NO BRASIL 0 licenciamento ambiental no Brasil comegou em alguns Estados, em meados da : década de 1970, ¢ foi incarporado 2 legislagdo federal como um dos insirumentos da Politica Nacional do Meio Ambiente. Mas a necessidade de autorizacdo governamental pare exercer atividades que inter- firam com o meio ambiente tem um Jongo histérico, antes que o licenciamenta ambiental surgisse com as feigdes atuais. Jé o Cédigo lorestel de 1934 introduzira a necessidade de obtengic de uma autorizagdo para a “derrubada de florestas em propriedades privadas”, o ‘aproveitamento de lenka para abastecimento de vapores maquinas”, ¢ a “caga e pesca tas florestas protetoras e remanescentes” A legislacdo moderna sobre licenciamento ambiental comeyou no Rio de Janeiro, quande © Decreto-Let n° 134/75 tormou “obrigatoria a prévia autorizagio para operacao ou funcionamento de instalagao ou atividades reat ou potencialmente poluidoras’, enquanto 0 Decreto n° 1633/77 Iastituiu o Sistema de Licenciamenta de Atividades Poluidoras, estipulanda que o Estado deve emitir Licenca Prévia, Licenca de Instalagio ¢ Licenca de Operecao, modelo que seria pasteriormente retomado pela Iegislagio federal. Em Sao Paulo, a Lei nt 997/76 cziou o Sistema de Prevencao c Controle da Poluigao do Meio Ambiente e foi regulamentada pelo Decrcio n* 8468/76, posteriormente modificado. Em sua redacdo original, esse decreto estabelecia, em scu Titulo V — Das Iicengas e da registro, duas modalidaties de licenca, denominadas Licenga de Instaiacao e Licenga de Funcionamenta O licenciamento estadgal paulista € o fluminense aplicavam-se a fontes de poluigao, : basicamente atividades industriais ¢ certos projetos urbanos como aterros de residaos € lotcamentos. Com a incorporacaa da ATA 2 legislagzo brasileira, esses sistemas preexistentes de licenciamento tiveram que ser arlaptadas, no somente no que Tange av seu campo de aplicagao (atividades que utilizem recursos ambientais ow que possam causar degradagéo ambiental, 20 inves de atividades poluidoras}, mas também quanto ao tipo de anélise que passou a ser feita, néo mais abrangendo somente emissies de poluentes € sua dispersio no meio, agora incluindo os efeizos sobre a biota, os impactos sociais ere. Na legisingao federal, o iigenciamento aparece como um dos instrumentos da Politica Nacional do Meio Ambiente, descrito como “Iicenciamento ¢ revisio de atividades efe- tiva ou potencialmente poluidoras” (Art. 96, Inciso IV]. S40 as seguintes as condigdes para exigencia de licenga: ) disciplinare regulamentar 0 acesso 20s ea utilizacdo dos recursos ambientais, e - alia¢do de Impacto Ambiental: conceitos e métodos A consirucdo, instalagdo, ampiagtio e funclonamenta de estabelecimentas ¢ ativie dades utilizadacas de recursos arubientais, considerades efetiva ou potencialmente poluldores, bem como os capazes. sob qualquer (orm, de causar dewradagso am- Diental. dependerao de prévio licenciamenty de énféo esiadual competenic, inse- grante do Sistema Nacional do Meio Ambieme ~ Sisnama, e do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente ¢ dos Recursos Naturais Renovavels = Ihanva, em earster suple- tivo, sem prejuizo de outras licencas exisiivels. (Am 1% Let er 6938/81) ‘Trata-se, portanto, nao somente de atividedes que possam causar politicao ambiental, mas qualquer forma de degradacdo, denovanda ama evolucao no eniendimento das causas da deterioragdo da qualidade ambiental, que nao mais so somente atribuiclas & poluigao, mas a outras causas oriundas das atividades humanas. também interes- sante observar, na redacio do Artigo 10, que se exige licenga ambiental tanto para a construgho ¢ instalagio como para a ampliacio de estabelecimentos c atividades {jd existentes, assim como para seit funclonamento, Desta forma, 2 lel federal foi redigida de forma a comportar os estigios de HNcenciamento ji existentes no Rio de Janeiro ¢ em Sao Paulo, Finalmente, deve-se também notar que a fechamento ou a desativagao de empreendimentos ¢ atividades utilizadoras de recursos ambientais ow capazes de causar degradactio ambiental nao é objeto de Liccaciamento ou autoriza- gio governmental, Esse tiltima lase do cielo de vida dos empreendimentos nao era percebida, no inicio dos anus de 1980, como capaz de causar danos ambientals. Seria preciso esperar até 2002 para encontrar na legislacdo ambiental brasileira referéncias 2 obrigagées relativas ao encerramento de atividarles. O iicenciamento na legislacto federal seria detalhado no decreto que regulamentou a Lei da Politica Nacional da Meia Ambiente, a 88.35t/83, revogado em 1990 ¢ substi- fuido pelo Decreto n° 99.274/90. Segundo esse decteta: © Poder Publica, no exercicio Ge sua competéncia de controle, expedira as seguiates Hcengass [ ~ Licenga Prévia (LP), no fese preliminar do planejamento da atividade, con- tendo requisiios bésicos a serem atentides nas fases de Tocaltzagho, instalagéo e ‘operacio, abscrvados os planes estadhais ou federis de uso do solo, Uh = Licenca de lasalagio (LN, autorizardo o inicio da implamacdo, de acordo com as especificagies constantes do Projeto executiva apravado: ¢ UW — Licenga de Operagdo (L0}, aucorizando, apes as verificagdes necessirias, 0 ineio da atividade licenciada € o funcfonamenta de seus equipamentos de con- trols de poluigio, de acordo com o provisto nas Lieengas Previa € le nsalasio, (Are 19, Decreto ne 99.274490.) Ha uma légica na seqiiéncia de licengas. A licenca prévia é solicitada quando o projeto tecnico esté em preparacdo, a localizagdo ainda pode ser alterada e alter nativas teenologicas podem ser estudadas. 0 empreendedor ainda nao investiu no detalbamenty do projeto € diferentes conceitos podem ser estudados © comparados A Licenga de Instalagao somente pode ser solicitada depois de concedida a Licenga Prévias o projeto téenico é detalhiado, atendendo as condicdes estipuladas na licenga prévia, Finalmente, a Licenga de Operagdo é concedida depois que » empreendimento QUADRO LEGAL E INSTITUCIONAL DA AVALIACAO CE SMIPACTO AMBIENTAL NO Bi foi construido e esté em condigdes de operar, mas sua concession é condicionada & constatagio de que 0 projeto foi instalado de pleno acordo com as condigdes estabe- - Jecidas ma Licenga de Instalagao, 0 vinculo entre o licenciamento © os estudos de impacto ambiental é também estabo- lecide pelo decrewo regulamentacior da Politica Nacional do Meio Ambiente. @ caput do Artigo 17 do Decreto 99.274/90 retoma os termos do Artigo 10 da Lel n 6.938/81 (transcrito acima) e acrescenta quatro pardgrafos: 1° Caberd a0 Conama fixar os criérios basions, segundo as quals seedo exigidos estudos de Inipacto ambiental para firs de dicenciastento, contenda, entre onttos, 6s seguiintes items = diagnéstico ambiental da area: = destrigio da ago proposta e suas altemativas; © ~ identificacéo, andlise ¢ previsso dos irupactos sigaificatives, positives e nega~ vos. 5 2" ~ 0 estudo de impacto amniental sera realizado por iccnicos habilitados € constituird « relatorio de impacto ambiental ~ Rima, corvenda es despesas & custa do proponeate do projeta. ‘ 53° — Respeitate a miatéria de sigilo industrial, assim expressemente earacterl- zeda a pedido do interessado, o Rima, devidamente fundamentada, sera acessivel a0 publica. 8 © — Resguardado o sigilo industrial, os pedidos de Ticenciamenta, em qualquer de suas modalitades, sua renavagio e a respectiva concessio da liceage serie Dobjeve de publicagéo resumida, pelo interessado, no jornal oficial do Estado c cm periddicos de grande cirewlagao, regional ott local, conforme madela aprovado pelo Conama, #Are 17, Deere n° 99.274/90) Néo se pode deixar de observar que esse vinculo entre 0 EIA ea licenca foi reforcado pela Constituigtio Federal de 1988: [uu] incumbe a0 Poder Palco: [) IV - exigin, na forma da lei, para insialagio de obra ou atividade potencialmente causadora de significativa éegradacao do meio ambiente, estude previo de impac- 1 to ambicmal, a que se daré publicidade: (Ar 225, Consttuigdo Federal) Ainds no plano federai, um importante instrumento regulador do licenciamento ambiental 6 a Resolugdo n° 237, de 19 de dezembro de 997, do Conama. Nessa reso- lucio, encontra-se a seguinte defmicao de licenciamento ambiental: Procedimento administrative pelo qual o érgio ambiental competente licencia a Jacalizacto, tastalacdo, ampliago e operaggo de empreendimentos e alividades utilizadoras de recursos ambientais consideradas efetiva ou potencialmen- te poluidoras © daquelas que, sob qualquer forma, possam causar degradacao ambiental, considerando as disposigdes fegais regulamentares € as norms i nigas aplicavets ao caso, liagdo de Impacto Ambiental: conceitos ¢ métodos (An. 1, Inciso T, Resolugio Conama mv 237/974 Recursos ambientais e degradagéo ambiental sio termos definidos pela Lei da Politica Nacional do Meio Ambiente. [Recursos amhicatais: a atmosfera, as aguas Interiores, supesficiais e subterréneas, 0s estudrios, o.mar territorial, 0 solo, o subsolo € os elementos da biosfera, a fauna, caf. Degradado da qualidade ambiental: alteracdo adversa das caracteristicas do meio ambiente. (act. 3 Let n° 6938/81.) ‘A Resolugio Conama n° 237/97 também estabelece regras para definir a comperéncta do Poder Publico para fins de licenciamento. Licenctamento integra 0 mbito da com peténcia de comum (Art, 23, Vi da Constituigao Federal}, podendo ser disciplinado pelos trés niveis de governe. ‘A Lei da PNMA, ja em soa redacio original de 1981, havia definido a primazia dos Estados para proceder ao licenciatnento ambiental, cabendo ao governo federal, re= presentado pelo Ibama, licenciar em cardter supletivo. A alteracde da Lei da PNMA feita pela Lei n° 7.084, de 18 de julho de 1989, definiu um campo especifico pera fo Ibama, que ¢ © licenciamenio “de atividades ¢ obras com significativo impacto ambiental, ¢ Ambito nacional ou regional” (Art. 30, § 4°, Lei n* 6.936/81). Mas a Reso- lugdo Conama n° 237/97 tentou delimitar as competéncias, inclusive dos snunicipios. Dessa forma, cabe ao Ibama o licenclamento de “empreendimentos ¢ atividades com significative impacto ambiental de Ambito nacional ou regional”: 1 -Tocalizadas ou desenvolvides conjuntamemte no Brasil e em pois Iimiteofe; 20 mar territorial; na plataforma continental; na zona econérnica exclusiva: em ter~ a5 indigenas ou cm unidades de conservagdo de dominio da Unido; IT localizadas ou desenvolvidas em dats ou mals Estados: TIL - cujos impzctos ambientais diretos wltrapassean os limites terrtorials do Pais fou de um ou mais Estados: 1V - destinados 2 pesquisay, lavrar, produzir, heneficfr, transportar, armazenar € ispor mvaterial radioativo, em qualquer esidgio, ou que utzem energia nuclear fem qualquer de suas formas e aplicagies, mediate parecer da Comissio Nacional de Energia Nuclear ~ CNEN; “V = bases ou empreendimertos militares, quando couber, cbservada a legislagio especifica, Art. 4, Resolucde Conama n® 237/97.) Em suas decisdes de licenciamento, o hama deve ouvir os érgaos ambientais dos Fstados e municipios, assim como, quando pertinente, obter 0 parecer de outros Ge hos da administracao publica, Por outro lado, o Tbama padera delegar aos Estados 0° licenciamento de atividade com significative impacto ambiental de Ambito regional. Na prética, desde a publicacao dessa resolusdo, 0 Lbama tem ampliado sua atuagio no licenctamento ambienrai em detrimento dos érgios estaduais. A competéncia para licenciar pode ser questionada na Justica, como tem acorrido em alguns casos. QUaDRO LEGAL € INSTITUCIONAL DA AVALIACKO DE IMPACTO AMBIENTAL NO BR Alguns municipios também passaram a conceder licencas ambientais. Compete aos municipios ¢ licenciamento ambiental de empreendimento e atividades de impacto ambiental local e daquelas que Ihe forem delegadas pelo Estado por instrumento legal ou convénio (Art, 6%, Resolugao Conama w° 237/97), EsTupos AMBIENTAIS A efinigdo dos estudos técnicos nevessérios ac licenciamento cabe ao érgéo licen clador. Todavia, nos casos de cmpreendimenios que tenham o potencial de causar degradacio significativa, sempre devera ser exigido o esruda de impacto ambiental, ‘tos termos do dispositive constitucional. Diversos tipos de estudos ambientais foram criados, por diferentes instrumentos legais federais, estaduais ou muntespais, com © intuito de fornecer as informagdes e andlises técnicas para subsidiar 0 processo de licenciamento, Além do EIA c seu respectivo Rima, encontram-se denomina~ “ées coma o plano e relatéziv de controle ambiental, relatério ambiental preliminar, diagndstico ambiental, plano de mancjo, plano de recuperacio de area degradada ¢ aadlise preliminar de risco (Quadro 3.4). 0 terme “estados ambientais" foi definida pela Resoluedo Conama n° 237/97 para englobar diferentes denominagdes: Lal slo todos @ quaisquer estudos relativos aos aspecios ambientats relacionados A localizagtio, instalacaa, operagdo e ampliacao de uma atividade ou empreendi- ‘mento, apzesentados como subsidio para « anise da licenga requerida, tals camo: relat6rio ambiental, plane e projeto de conirale ambiental, relatério ambiental preliminar, diagsnéstico ambiental, plano de manejo, plano de recuperagia de érea dogradada e analise preliminar ée riseo. (are inciso ill, Resniucao Couama n° 237/97) Muitas normas adicionais foram estabelecidas para orientar o licenciamento de ati vidades especificas, estIpulando a necessidade de apresentago de estudos ambientais ou procedimentos simplificades. 0 Quadro 3.5 mostra as principais resolugdes do Conama que traam da questéo. E inicressante observas, por meio de cronologia das Tesolucdes citadas, o tipo de projeto que mais atraia a atencio: no inicio, foram os empreendimentos do setor clétrico, principalmente usinas hidrelétrices, seguidos de projetos de mineracio. Com efeito, quando a Resolucho Conama n° 02/86 foi publi- cada, exiginde a apresentacio de estudos de impacto ambiental, varias barragens estavar em construgio ou em fase avangada de projeto, quase todas pertencentes a empresas estatais, ¢ foi preciso clarificar a fungio do EIA no plancjamento. Assim, a Resolugo 2° 6/87: ‘Na hip6tese dos empreendimentos de aproveitamento hid:oetetrico, respeitadas as peculiaritades de cada caso, a Licenga Prévia (LP) deverd ser requerida no inicio do estudo de viabilidade da Usina: a Licenga de Insealagao (Li) deverd ser obtida antes da realizacio da Lieftaedo para construcdo do empreencimenta e a Lieenga de Operactio (LO) devera ser obtida antes do fechamento de berragem. (Art 5» Res. Conama n° 6/87) 3 Segundo essa resolugao, o estudo de impacto ambiental deve ser apresentado para obtencao da LP, enquanto, para solicitayia da Li, um novo estudo ambiental deve ser preparado, denominado Projeto Basico Ambiental. . Estudos ambientais Res. Conama 237, de 19/12/1997 iEstude previo de Constitui¢se impacto ambiental... Federal, Ar 225, tha desradacan aibiental F Wv.(i988) HA~Estudade Res. Conama §, Impacto Ambiental ¢ de 23/01/1986 Rirva ~ Rel. de Impacto Ambiental PBA ~ Projeto Basico Res. Conama 6, ‘Ambierital de 16/09/1987." ’ PRAD Pano de Decreto Federal Recuperacéa de Areas 1° $7.632, Degradadas ée 10/04)1080 "sdo todos © qualsquerestudes reatvos aos espectes smbientasre- lacionatlos @ localizacéo inlagZ0, operagao ¢ ampliagao de uma ativi- dade ou empreendimento, apresentado como subsidio para a andlise da licenga requerida” (Art, 1} Instalagdg de obra ot atidave potencalmente causadora de significa Licenciamento de atividades modificadoras do meio ambiente exert- plificatias no Art. 2° da Resofugo » bined de sTeeiey de. instalagdo, de eripreendimentos do setor eitied, Obrigatoriedicte de apresentagdo para todo empreendimenta de erine- ragdojdeve ser incorporado ao EIA pata noves projetas PCA Planode Res. Conama 9. de es de'licenta de instalagdo de ‘empreeiidimentas' de minera- Contote Ambiental 96/12/1990, oo es. Conama' 286, de 20/08/2001 “Res, Coviama 23, Seg de OU 2TOO RCA-Relatério de Res, Conama 10, Controle Ambiental de 06/12/1990 Res. Conama 23, de 07/12/1994 BVA EStuido de. Res. Cohiaira 23, ° Viabiidade Anibientat. de, 07/12 994 RAA- Relatorio de Res. Conama 23, ‘Avaliacée Ammoiental de 07/12/1994 EVO ~ Estutio de’. Res: Condma' 2647: Visbilidade de Quicima de 20/03/2000, Plano de Res. Conama 273, Encerramento ee 2o[tf2e00 ‘Res. Conama 293, tadividval dde 12/12/2001 ‘Plano te Contingencia ‘Res. Conia, Plang de'Emergencia, de 29/10/2003 Fla ee Desstvag80 Rs, Conarma 316, .de-29j10/2002 RAP ~ Rescorio Res. SMA-SP 42, Amblenial Preliminar de 29/12/1994 S08 Ge conkers ox proetos exerting de niizacan dos impacts “ambientais-(:.)" bane ce Teenga de instal de Enpeenierts we ierigagao Obtenete oe eng de operagdo par, oroducs6.depetdleoe os i Obiencéo de licenca de instalagso de empreendimentos Ge extracko de bens minerais de uso imediato na construcéo civil Obienso de licenca prévia para perfuracio de pogos de petréteo Obtercao-de ifieentea: prévia’ para pest ida viabilidade’ econémiga © “ede um compo petroliferd Gtencdo de licenca de instalagdo para perfuragéo de pocos de ‘octeo Licehcliriento de Co: procestarhenio de residuos em foros de cinenta Desetivacdo de postos de combustveis eee oteicial dé impacto ambjental Licenciamento de portes organizados, inscalacoes ortudiss ou termi ras, duos, plateformas ¢istalagbes de apoio Para instr requerimentos de ieengamento ambiental de cmpreendi= ‘mentos que possem causar impactos significativos “EAS Eatudg | >) Res SMALSP 54, ~ Patti eqiiércias ambientais dé-atividades: ¢ ‘Ambiewial Sunplificads de 50/11/2004 ~ ipeeendienientos (Grsctros cingaces mbes io pegeenos seanificativos"y*. FAR-Estudode Norma Técnica Analise de Riseos! Cetes P 4.261, PGR — Programa de de 20/08/2003 Gereneiamento de Riscos / PAE - Plano de Agdo de Emerséncia Pland de Desativacao Dec: Esiadual SP” Para o encerramento de-empreendimentos sujeites ao licenclaniento- 47400, ambiental = 2 de-04/¥2/2002 . Para o licenciamento de atividades industrials perigosas Quadro 3.5 Resolucdes do Conoma referenteso icenciemento ambientot 6, de 16/09/1987 _Dispde sobre o licenciamento de emgreendimentas do setor elétrico 9, de C/ 12/980. Disp sobre arocedimenios para ienclamente de aidades de pest miner rave ee e beneficiamento de minérios : i > 10, de 6/12/1930 _Dispbe sobre o ficenciamento ambiental de atividades de exploracde de bens minerais de uso na construgzo civil 18; de 6/12/1990 -Obrigatoriedade de Jicenciamenio, de qualquer atividade qué posss aieiar a bioka, aso i silug em um taio de 10 kin-ce umd unidade de conservagio, ae 23, de07/12/1994 —_Dispde sabre licenciamento ambiental de atividades de exploracéo, perfuracso & propio de petrdleo e gés natural 264, de 20/3/2000." Dispae sobre jiceneicimente’ para i co-processamente’ de cesiduos' em forrios rotativos:te cee clinquer para fabricagao de eimento 1 273, tle 29/11/2000 Torna obrigtério oleenclamento ambieotel de postosrevendedores,postos de abastec- mento, instalagées de sistemas retalhistas © pastos flutuantes de derivados de petrdleo ¢ ‘outros combustiveis 279.d¢ 27/1/2001, -Estabelece procedimenta simplificado para o licenciamant de empreendimentos de era? <$49.€ transmissag de’ energia elétrica com pequeno potencial de enpacto ambrental®, 284, de 30/8/2001 _Dispbe sobre o licenciamento de empreendimentas de irrigacao e os classifica em trés categorias 286; e SOf8I2001 -" Obiga a reailzagio ie estudos epidertiolégicas pava.o licenélamento.de enipréciidifhentos teted s ‘us atividades place oy Stns deco pita ocoéncla de ate em. iris cendemicas: / * 289, de 25/10/2001 Estabclece diretrizes para o licenciamenta ambiental de projetos de assentamentos de reform agréria _. BM de aysen08 Estabeléce procedimentas de ligenciamento ambiental de ‘atabeiccimentas destinados 39 “= recebimento dé emialagens varias de agrotéxicos 336, de ye/2003 “___Dispée sobre o licenciamento ambiental de cemitérlos atte 28/3/2006 ». Estabelece:as diretrizes gerais-¢:05. procedimentos minimos, pataa ayaliacdo do material a coserdragado. > 340, de 16(8/2004 Dispe sobre o licenciamemto ambiental de empreendimentos ferroviarios de pequeno potenciat de impacto ambiental ¢ a reqularizacao dos empreendimentos cm operagaio 350; 42 6/7/2004. Dispoe sobre 0 fieenciamente ambjental-especifito,des atividades de ls iide ‘dados - __ Sismicos maritimgs e @m zonas de transiggo, Che iacdo de Impacto Ambiental: conceitos e métodos J4 08 empreendimentos de mineragdo rapidamente formaram a mator parcela dos estudos de impacto ambiental protocolizados nos érgéos ambientais de varios Estados. Tal fato nao sc devia a uma inusitada proliferaco de novos projevos, mas a busca de regularizagao de centenas de empreendimentos que jd funcionavam sem as devidas, autorizagdes do DNPM ¢ mesma sem licenga ambiental nos Estados que jé a cxigiam, As duas resolucdes do Conama, n° 4/90 e n? 10/90, estipularam a obrigatoriedade da liceaga ¢ os documentos necessdrios para requeré-la, Para solivitagio de LP, deveria ser apresentado um ELA, enguamto pata a solichagao da LI, deveria ser preparade um Plano de Controle Ambiental. A Resohucio n® 10/90 abriu & possibilidade de dispensa de apresentacao do FIA, 2 critério do érgio licenciador, caso em que outro documento deveria ser apreseniada, denominado Relatsrio de Controle Ambiental. Observe-se que, por meio das trés resolucdes citadas, foram criades nada menos que rrés novos tipos de estudos tecnicos - Projeto Basico Ambiental, Plano de Comole Ambicntal ¢ Relatorio de Controle Ambiental -, que @ Resolagio Conema n° 237/97 virla a denominar de estudos ambientais Novas resolugées para guiar 0 licenciamento de outros tipos de empreendimentos surgiram somente dez anos depois, Nesse interim, os érgaos ambientais estaduais aperfeicoaram scus procedimentos, ou mesmo os criaram. Nesse proceso, foram publicadas por esses draaos outras normas apliciveis @ determinados tipos de empreen- dimentos {por exernplo, licenciamento de aterros de residuos, de marinas et 3.3 IMPACTO DE VIZINHANCA 0 iermo “impacto de vizinhanga” € usado para descrever impactos locais em Areas urbanas, como sobrecarga do sistema Vidrio, saturacdo da infra-estrumura - como, redes de esgotos ¢ de drenagem de Aguas pluviais -, alteracdes microclimaticas deri- ‘vadas de sombreamento, aumento da freqiéncia e intensidade de inundagdes devido & impermeabilizagfo do solo, entre outros. Planos diretores € leis de zoncamento — que sio instrumentos bem difundides de politica urbana - nao se mostram suficientes para “fazer a mediacao entre os interesses privados dos empreendedores ¢ o direito 4 qualidade urbana daqueles que moram ou transitam em seu entorno” (Rolnik et al, 2002, p, 198). 0 enlendimento dos limites desses ¢ de outros instrumentos de plancjamento © gestdo ambiental urbana, como padrdes de tuido, por exemplo, levou urbanisias © outros profissionais a proporem uma modalidade especifica de avaliagdo de impacto ambiental adaptada a empreendimentos e impactos urbanos, 0 Estudo de Impacto de Vizinhanga ~ FIV. O conceito foi adotado pelo Estaturo da Cidade, que Ihe dedice trés artigos: Art, 26, Let mmnicipal definist os emprecndimentes atividades privados oa priblicos em drca urbana que dependerdo de elaboragao de estado privie de im pocta de vizinbanca (ETV} para obter as licensas ou autoricagies de construcho, zimpliagao ov furclonamento a cargo do Poder Publico municipal, ArL 37. OFIV seri executad de forma a contemylar os efeitos positives e nega~ tivos do empreendimento ou atividade quanto a qualidade de viila da poputao rsidente na Area e suas proximldades, ineluindo anise, no minima, das QuADRO LEGAL € INSTITUCIONAL DA AVALIACAO DE IMPACTO AMBIENTAL No Bi seguintes questdes: 1 adensamento populacional; UL ~ equipamentos urbanos € comunitstios: TI — use e oeupacio de solo; IV ~ valorizacaa imobiliaria: V - deracio de irdfego e denianda por transporte publica: Vi- ventilagto e tuminacdo; VIT- paisaggem urbana ¢ patrimanio navuzal ¢culcural. Parigrafo Unico. Dar-se- publicidarie aos documentos integrantes do BIV, que catio disponivels para consulta, no dra competente de Poder Piblico menicipal, por qualquer interessado, Az 38. A claboragdo do EIV no substitul a elaboragla & a aprovagao de ‘studo previo de impacto amblental (EIA), requeridas nos terms da iepiskacao ambient {Lei n° 10.257, Sesio XII ~ Do estudo de impacto de vizinhange,) O Estaruro da Cidade conferia ao estudo de impacto de vizinhanga um contedde mul- to proximo ao de um ELA. Anteriormente, alguns municipios ja haviam incorporado exigéncias similares as suas lets, como Sao Paulo, de cuja lei orginica, de 4 de abril de 1990, jd constava um artigo instituindo um “relatério de impacto de vizinkanga ~ Rivi", Decreios de novembro de 1994 (n° 34.713} e de dezembro de 1996 (nr 36.623] definem as modalidades de cxigencia dos relatirios (que dependem da drea a ser constewida, que, por sua vee, varia de acordo com uso ~ industrial, institucional, comercial ou residencial), casos de dispensa, 0 conteitdo do Rivi e os procedimentos de analise. 3.4 Visio DE CONJUNTO A legislacdo ambiental ¢ hoje extraordinariamente complexa, a ponto de constituir um ramo especializado do Direito, o Direito Ambiental. As leis e decretos citados no Quadro 3.2 formam apenas ume pequena parte do corpo legal e normative em vigor no Pais, que inclui também leis estaduais ¢ mmunicipais. A avaliacao de impacto ambiental, que em todo o mundo fui formalizada e se consolidou pela via legal, € apenas unt dos instrumentos empregados para tentar compatibilizar desenvolvimen- to cconémico ¢ social com protecao e melhoria da qualidade ambiental, tendo como ideal o desenvolvimento sastentavel. Quando a AIA fot Introduzida no Pais, j@ havia, no plano federal, diversos instru- menos legais no campo do meio ambiente - entio, a AIA soma-se a um quadro preexistente, mas o modifica, ao estabelecer, de maneira incontestavel, a importancia dos enfoques preventive, a prevencdo do dano ambiental ¢ a prevencio da degra- dagio ambiental, O fato de que a qualidade ambietal continue a se deteriorar nos centros urbanos e nas areas nurais, de que a perda de biodiversidade prossiga a pass acelerado, de que a palsagem Lirorinea se degrade de modo provavelmente irrever- sivel, entre inimeros outros problemas ambientals (ibama 2002; ISA, 2004}, apenas indica que resta muito por fazer, inclusive Fortalecer e ampliar o papel da avaliag&o de impacto ambiental, A avaliagio de impactos ndo apenas se soma a0 que jé havia em termos de legislacio. Associada ao ficenctamento ambiental, a ATA vai cxigir a estruturagio de Grgaos, liacgao de Impacto Ambiental: conceltos ¢ métodos ambientais em todos os Estados da Unido, ¢ vai, paulatinamente, impor aos empreen- dedores privados e mitblicos novos requisitas para a planificagao de projetos, alguns, os quais terao suas licencas negadas, ao passo que outras somenite serao aceitas mediante modificasdes substanciais ou na dependéncia da aceitagdo de medidas mi- tigadoras ¢ compensatérias.

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