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MaUERE © Giga Este capitulo é dedicade a quatro abordagens genéricas co- muns a virias disciplinas, mas altamente polémicas em algumas delas, Suas quatro secdes tratam sucessivamente de comparacac, uso de modelos, métodes quantitatives ¢, por fim, emprego do “microscépia" social. Comparagéo A comparagio sempre ecupou um lugar central em teoria social. Na verdade, Durkheim declarow que “a soclologia com- parativa no ¢ um ramo especifico da sociologia; é.a propria so- ciologia". O autor destacow o valor de estude da “variagao con- comitante”, em particular, como uma especie de “experimento indireto” que permitia ao sociélogo passar da descrigio de uma sociedade para a andlise dos favores que a levam a assumir uma determinada forma. Durkheim (1895, cap.6; cf. Béteille, 1991) distinguiu edefendeu dois tipos de comparagiio, Primeira, com- 7 paragdes entre sociedades que fundamentalmente tém a mesma estrutura ou, como dizia ele em metifora biolégica elucidativa, que sio “da mesma espécie"; segundo, umparagSes entre socie- europeu ocidental foi eriagiio da Igreja medieval, que desencora- jow casamentos entre parentes para.a aumentar as possibilidades: ‘O caso do “feudalism” no reine indiano do Rajastio, | por exemplo, é uma histéria acauteladora de que futuros historia- culturais especificas, nos fixamos em algo preciso, podendo no- tarsua presenga ou auséncia, mas corremos 0 risco de superficia~ lidade. J4 a busca por anilogos leva a comparagdes entre socie- dades inteiras. Como alguém poderd, entretanto, fazer uma comparacdo proveitosa entre sociedades que apresentam tantas diferengas entre si? Os problemas da comparagao com maior abrangéncia tot- nam-se apatentes se examinarmas um exemplo famoso: 0. com- pacto estudo de Arnold Toynbee, Um estudo da historia (1935~ 1961). A unidade de comparacSo utilizada por Toynbee foi uma “civilizago”, e o aucor distinguiu cerca de vinte dessas eiviliza- Ges na histéria geral. Logicamente, ele foi obrigado a reduzir cada civilizagio a um pequeno conjunto de caracteristicas para possibilitar a comparagio. Além disso, come seus ¢riticas logo apontaram, Toynbee também teve de criar barreiras artificiais entre as civilizagdes. Para dificultar ainda mais as coisas, 0 au- tor néo dispunha de um aparate conceitual adequado a um tra- balho to ambicioso. Como Pascal, que descabriu a geametria sozinhoainda crianga, ele criow as préprios conceitas, camo “dex safioe resposta”, “retirada ¢ retormo" ou “proletariado eaterna”: uma edaptagdio engenhosa de Marx para explicar as incurs6es dos “birbaros" nos impérios -, mas tudo isso nio foi suficien- te para sua enorme tarefa. E dificil resistira. conclusiiode que uma maior familiaridade com a veoria social da época teria auailia- do Toynbee em sua anilise. Durkheim certhe-ia apresentado 03 problemas da comparagao, por exempto; Norbert Elias (ef, p.206-9), a idéia de civilizagao-como processo: e Weber, a utili- zaglo de modelos ¢ tipes. Modelos e tipos Uma definicSo preliminar de “modelo” poderia see uma cons- trugdo intelectual que simplifica a realidade com o objetivo de 46

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