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i. tem um máximo local no ponto x0 existir uma bola de centro x0 , Bδ (x0 ), tal que
f (x0 ) ≥ f (x), ∀x ∈ Bδ (x0 ) ∩ U ;
ii. tem um máximo local estrito no ponto x0 existir uma bola de centro x0 , Bδ (x0 ), tal
que f (x0 ) > f (x), ∀x ∈ Bδ (x0 ) ∩ U ;
iii. tem um mı́nimo local no ponto x0 existir uma bola de centro x0 , Bδ (x0 ), tal que
f (x0 ) ≤ f (x), ∀x ∈ Bδ (x0 ) ∩ U ;
iv. tem um mı́nimo local estrito no ponto x0 existir uma bola de centro x0 , Bδ (x0 ), tal
que f (x0 ) < f (x), ∀x ∈ Bδ (x0 ) ∩ U .
Teorema 1 (Weierstrass). Se f : U ⊂ n → R R
for uma função contı́nua e X ⊂ U
um conjunto compacto (i.e., X é limitado e fechado), então f admite um máximo e um
mı́nimo em X.
Tal como no caso de funções reais de variável real, a derivada desempenha um papel
crucial na busca de extremos. Neste caso, como estamos a lidar com funções escalares1
escrevemos, como habitualmente, ∇f (a) para designar Dfa .
1
Note que não faria muito sentido definir extremo para uma função vectorial uma vez que (no sentido
usual) um ponto de extremo para uma das funções coordenadas em geral não seria ponto de extremo
para outra função coordenada
1
R
Definição 3. Sejam U ⊂ n um conjunto aberto e f : U ⊂ n −→ R
uma função R
diferenciável. Dizemos que o ponto x0 ∈ U é um ponto crı́tico da função f se ∇f (x0 ) = 0.
Teorema 2. Sejam U ⊂ n e f : n −→ R R R
uma função diferenciável. Se x0 for um
ponto extremo local de f , então x0 é um ponto crı́tico de f .
∂f
(x0 ) = ϕ0i (0) = 0,
∂xi
∂f ∂f
para todo o i = 1, . . . , n. Assim ∇f (x0 ) = ∂x1 (x0 ), . . . , ∂xn (x0 ) = (0, . . . , 0).
Observações 1. Note que podemos ter uma função diferenciável f com ∇f (x0 ) = 0 sem
que x0 seja extremo de f , i.e., nem todos os pontos crı́ticos são extremos. Tal situação
não é surpreendente. Na verdade, já em R
o facto da derivada anular-se não garantia
a existência de extremo. Como exemplo podemos tomar a função real de variável real
dada por f (x) = x3 . Como f 0 (x) = 3x2 ≥ 0 para todo o x ∈ R
verifica-se que a função
f é crescente em R R
e assim não têm extremos em . Temos no entanto f 0 (0) = 0.
A função g :R 2 R
−→ dada por g(x, y) = xy verifica ∇g(0, 0) = 0 e no entanto (0, 0)
não é extremo. De facto temos ao longo da recta y = x, g(x, x) = x2 e concluı́mos assim
que em toda a bola Bδ ((0, 0)) existem pontos (x0 , y0 ) tais que f (x0 , y0 ) > 0 = f (0, 0).
Por sua vez, ao longo da recta y = −x, g(x, −x) = −x2 e concluı́mos assim que em toda
a bola Bδ ((0, 0)) existem pontos (x1 , y1 ) tais que f (x1 , y1 ) < 0 = f (0, 0). Logo g não tem
extremos.
Exemplo 1.
Seja f : R2 −→ R definida por f (x, y) = 13 x3y − 4yx. Atendendo a que
1 3
∇f (x, y) = x2 y − 4y, 3x − 4x , concluı́mos que
1
∇f (x, y) = (0, 0) ⇔ x y − 4y, x3 − 4x = (0, 0).
2
3
Temos consequentemente que resolver o sistema
2
(
− 4) =
y(x 0 .
1 2
x 3x − 4 = 0
√ √
As soluções do sistema anterior são os pontos crı́ticos de f : (0, 0), −2 3, 0 e 2 3, 0 .
2
R
Exemplo 2. Seja C = {(x, y, z) ∈ 3 : x > 0 ∧ z > 0} e seja f : C −→ R
a função
dada
por f (x, y, z) = x + (y − 1)(log z − x) − log x. Atendendo a que ∇f (x, y, z) =
1 y−1
2 − y − x , log z − x, z , concluı́mos que
1 y−1
∇f (x, y, z) = (0, 0, 0) ⇔ 2 − y − , log z − x, = (0, 0, 0).
x z
Obtemos portanto o sistema
1
2−y− x =0
logz − x = 0 ,
y−1 = 0
z
que tem como solução o único ponto crı́tico da função: (1, 1, e).
Como observámos um ponto crı́tico não tem que ser um ponto de extremo. No
entanto, se a função é diferenciável, os pontos de extremo têm de ser pontos crı́ticos.
Fica portanto a pergunta:
A resposta a esta pergunta requer a análise de uma matriz contendo derivadas de segunda
ordem. Recordemos alguns conhecimentos de Álgebra Linear necessários para o estudo
dos pontos crı́ticos.
det(M − λI)
3
Teorema 3. A matriz M é uma matriz
i. definida positiva se det M1 > 0, det M2 > 0, . . . , det Mn > 0;
ii. definida negativa se se verificar um dos seguintes casos
• n é impar e det Mn < 0;
• n é par e det M1 < 0, det M2 > 0, . . . , det Mn > 0.
Seja a ∈ U . A matriz que analisaremos para responder à pergunta feita anteriormente
é a matriz
∂2f ∂2f ∂2f
∂x 2 (a) ∂x ∂x (a) . . . ∂x ∂x (a)
1 1 2 1 n
Hf (a) =
.. .. .. .. ,
. . . .
2
∂ f 2
∂ f 2
∂ f
∂xn ∂x1 (a) ∂xn ∂x2 (a) . . . 2
∂ xn
(a)
que se designa por matriz hessiana de f no ponto a. Note que, de acordo com o Teorema
de Schwarz, se f for de classe C 2 esta matriz é simétrica.
R R
Definição 7. Sejam f : U ⊂ n −→ de classe C 2 e x0 ∈ U . Dizemos que o ponto x0
é um ponto de sela da função f se existem direcções ao longo das quais x0 é um ponto
de mı́nimo de f e direcções ao longo das quais é um ponto de máximo de f .
O teorema seguinte constitui uma resposta parcial ao problema de classificação de
extremos de funções.
Teorema 4. Sejam f : U ⊂ Rn −→ R de classe C 2 e xo ∈ U .
i. Se Hf (x0 ) for definida positiva, então x0 é um ponto de mı́nimo;
ii. Se Hf (x0 ) for definida negativa, então x0 é um ponto de máximo;
iii. Se Hf (x0 ) for indefinida, então x0 é um ponto de sela.
Nos restantes casos nada se pode concluir directamente a partir da matriz hessiana.
R
Exemplo 3 (Continuação do exemplo 1). Seja f : 2 −→ R definida por f (x, y) =
1 3
x y − 4yx
3 √
a função do exemplo 1. Os pontos crı́ticos de f são, como vimos, (0, 0),
R
√
−2 3, 0 e 2 3, 0 e a respectiva matriz hessiana, num ponto genérico (x, y) ∈ 2 ,
é " #
2xy x2 − 4
Hf (x, y) = .
x2 − 4 0
Assim temos
√ √
" # " #
0 −4 0 8
Hf (0, 0) = e Hf 2 3, 0 = Hf −2 3, 0 =
−4 0 8 0
√ √
Os valores próprios de Hf (0, 0) são -4 e 4 e de Hf 2 3, 0 e Hf −2 3, 0 são -8 e
8. Assim todas as matrizes são indefinidas pelo que os pontos crı́ticos de f são todos
pontos de sela. Concluı́mos que f não tem extremos.
4
R
Exemplo 4 (Continuação do exemplo 2). Sejam C = {(x, y, z) ∈ 3 : x > 0 ∧ z > 0}
e f : C −→ R a função dada por f (x, y, z) = x + (y − 1)(log z − x) − log x. O único
ponto crı́tico de f é, conforme vimos, (1, 1, e). A matriz hessiana, num ponto genérico
(x, y, z) ∈ C, é
1
x2
−1 0
1
Hf (x, y, z) = −1 0 ,
z
1 y−1
0 z − z 2
Atendendo a que n = 3 é ı́mpar e det Hf (e, 1, 1) = − e12 > 0, temos pelo teorema 4 que
(e, 1, 1) é ponto de máximo de f , sendo o máximo f (e, 1, 1) = e − 1.
Extremos condicionados
R
Sejam f : U ⊂ n −→ R
e g : n −→ R R
funções de classe C 2 . Suponhamos que o
R
conjunto de nı́vel k ∈ de g está contido no domı́nio de f , i.e.,
g −1 (k) = {x ∈ Rn : g(x) = k} ⊂ U .
Consideremos o seguinte problema:
Determinação de
max f (x) e min f (x), (1)
x x
5
No caso em que n = 2, a condição ∇f (x0 ) = λ∇g(x0 ) significa que a superfı́cie de
nı́vel k de g é tangente à superfı́cie de nı́vel de f que passa no ponto x0 . Assim temos
uma forma geométrica de localizar as possı́veis soluções do problema 1. Analı́ticamente,
o teorema diz-nos que os pontos candidatos a solução do problema 1 têm que satisfazer
o seguinte sistema de n + 1 equações:
(
∂f ∂g
∂xi (x)
= λ ∂xi
(x), i = 1, 2, . . . , n
. (2)
g(x) = k
∇L(x0 , y0 , λ0 ) = 0,
Teorema 6. Sejam f : U ⊂ 2 −→ R R
e g : 2 −→ R R funções de classe C 2,
R
k, λ0 ∈ e (x0 , y0 ) ∈ g −1 (k) tais que ∇L(x0 , y0 , λ0 ) = 0.
6
Determinação de
7
determinar maxx f (x) e minx f (x), entre todos os x ∈ R2 tais que g(x, y) = x − y = 0.
O sistema de equações 2 no nosso caso é
∂f ∂g
∂x (x, y) = λ ∂x (x, y)
4x = λ
∂f ∂g
∂y (x, y) = λ ∂y (x, y)
⇔ 2y = −λ .
x=y
g(x, y) = 0
Atendendo a que det HL(0, 0, 0) = −6 < 0, conclui-se pelo teorema 6 que o ponto (x, y) =
(0, 0) é ponto de mı́nimo local, correspondente ao mı́nimo local f (0, 0) = 0.
Note que o teorema 6 também pode ser usado em casos onde temos compacidade.
Exemplo 7 (Continuação do exemplo 5). Vimos no exemplo 5 que a função f (x, y) =
3x2 + 2y 3 tinha quatro pontos de extremo absoluto no conjunto C = {(x, y) ∈ 2 : R
x2 + y 2 = 4}: os pontos de máximo (absoluto) (0, 2) e (0, −2) aos quais correspon-
dia o máximo (absoluto) 16 e os pontos de mı́nimo (absoluto) (2, 0), (−2, 0) aos quais
correspondia o mı́nimo (absoluto) 11. √ √
Obtivemos também os candidatos a ponto de extremo 3, 1 e − 3, 1 correspon-
dentes a λ = 3, os quais não foi possı́vel classificar com recurso apenas ao Teorema de
Weierstrass (ainda que fossem extremos não eram extremos absolutos).
Neste caso temos L(x, y, λ) = 3x2 + 2y 3 + λ(4 − x2 − y 2 ) e portanto
√
√ 18 0 2 3
HL 3, 1, 6 = √ 0 12 2
2 3 2 0
e √
√ 18 0 −2 3
HL − 3, 1, 6 = 0√ 12 2 .
−2 3 2 0
√ √
Obtemos det HL 3, 1, 6 = det HL − 3, 1, 6 = −216 < 0, pelo que, atendendo ao
√ √
teorema 6, se conclui que os pontos 3, 1 e − 3, 1 são pontos de mı́nimo local aos
√ √
quais corresponde o mı́nimo local f 3, 1 = f − 3, 1 = 11.
Juntando o tipo de análise feita para extremos livres e extremos condicionados, po-
demos em certas condições abordar o problema de determinar extremos absolutos em
regiões definidas por desigualdades.
8
Exemplo 8 (Continuação do exemplo 5). Vimos no exemplo 5 que a função f (x, y) =
3x2 + 2y 3 tinha quatro pontos de extremo absoluto no conjunto C = {(x, y) ∈ 2 : R
x2 + y 2 = 4}: os pontos de máximo (absoluto) (0, 2) e (0, −2) aos quais correspon-
dia o máximo (absoluto) 16 e os pontos de mı́nimo (absoluto) (2, 0), (−2, 0) aos quais
correspondia o mı́nimo (absoluto) 11.
Suponhamos agora que pretendemos determinar os extremos de f em D = {(x, y) ∈
R 2 : x2 + y 2 ≤ 4}. Resolvendo ∇f (x, y) = (0, 0) obtemos a solução (x, y) = (0, 0).
É fácil verificar que (0, 0) não é ponto de extremo. De facto ao longo da recta x = 0
temos que f (0, y) = 2y 3 . Assim se y > 0 temos f (0, y) > 0 = f (0, 0) e se y < 0 temos
f (0, y) < 0 = f (0, 0). Concluı́mos portanto que os extremos de f em D são apenas os
que já obtivemos no conjunto C = fr D.