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MULHER DO
LAVRADOR
Antnio Torrado
escreveu e
Cristina Malaquias ilustrou
8 de Maro
Dia Internacional da Mulher
1
APENA - APDD Cofinanciado pelo POSI e pela Presidncia do Conselho de Ministros
O campons, depois de recuperar a fala, que lhe fugira
com o susto, pediu misericrdia. Atabalhoadamente, tentou
explicar fera que passar a lavrar a terra s com metade de
um boi no ia ser fcil.
Quero l saber! Arranja-te como puderes disse o
tigre, num tom que no admitia mais discusses.
Ento eu vou buscar o machado a casa, para
dividirmos o boi ao meio disse o lavrador, a ganhar
tempo.
Quando, esbaforido, chegou a casa e contou mulher o
que se passara, ela, que era mais destemida do que o
marido (o que no era difcil...), barafustou com o negcio
e props-se tratar do caso sua maneira.
Pendurou uma cabaa ao pescoo, que lhe tapava a boca,
calou umas andas, vestiu uma longa tnica e escondeu a
cara dentro de uma mscara demonaca. Parecia um
gigante.
Assim vestida, ps-se ao caminho, de machado na mo.
Entretanto, ia gritando:
Apetece-me comer um tigre s fatias, cortadas uma a
uma pelas riscas dos lombos.
A voz dela ressoava no vazio da cabaa e ribombava,
cava e tremenda.
O tigre ouviu-a e espreitou por entre os canaviais. Seria
o diabo ou a me do diabo?
Mais valia no identificar de perto.
E o tigre, de rabo entre as pernas, fugiu daquelas
paragens, para nunca mais ser visto.
FIM
2
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