Você está na página 1de 7
bruno zevi saber ver a arquitectura ‘ Ww SABBR VER 4 ARgumeeroa impede tantas histrias da arqultectura de ie masa Valadier, como se, de hd um séeulo' esa pane agent es espa ene Por isso preferivel par 9 nosso objectivo tracar um arco, ainda que seja unllteal¢ apenas ao de leve, das idades espaciais de Ictino,Caletere hhavido contribuigdes artisticas, cria férteis e auténticas obrasprimas. B Fidias, até A nossa geragio de arquitectosfilhos de Le Corbuke € de Wright, em ver de juntar mais uma monografia cic pr ticular que deixaria por solucionar a questio sobre avalide geral da interpretago espacial aqui defendida. A ESCALA HUMANA DOS GREGOS © templo grego ¢ caracterizado por uma enorme lcu¢ Juma supremacia incontestada através de toda a hiss ‘Allacuna consiste na ignorncia do espaco interior, a glia m escala humana. Se, em todos os tempos da critica aqui nica, encontramos frente a frente os exaltadorese os detractors do templo grego, se ainda hoje vemos opostos nos seus ju 0s dois mais conhecidos arquitectos modernos ¢ assists 4 admiragio que Le Corbusier Ihe manifesta e a0 despre de Wright, isto depende de uns terem considerado a neasio do espaco € outros a escala humana. ‘Quem investigar arquitectonicamente o templo grego, bat cando, sobretudo, uma concepedo espacial, fugiré horrriaé assinalando-o ameagadoramente como exemplar tipio de #2 arquitectura, Mas quem se aproximar do Pirtenon oadmiat como uma grande escultura, fica encantado como s acini defronte a pouquissimas obras do. génio humano. J4 due todos os arquitectos devem ser um pouco esulors Pa ppoderem transmit, através do tratamento plistico ds st ‘ural e dos elementos decorativos, o prolongsmenio tif espacial; mas o mito que faz de Fidias, mais do ave @ Calierates, 0 ideador do Pértenon parece simbolar 0 Sr ‘meramente escult6rico das construgdes religiosas Ei vés de sete séculos de desenvolvimento. i 2 2 Te Te lps do Paneo, ‘to de Ba undo a. © eiago extdice de Roma ena Pine ener: 9 Pato, em Rams 7 a c ‘Teazy de Mateo, en: Roms enn SIRS dC. Vita nea ee eiieren ode an acy econ en me ‘ina ates de Vie Adin, es Tal 0s elementos constitutives do templo mo & ssbido, uma plataforma elevada, uma série de colunas apoiadas nel e um entablamento continuo que sustenta o tecto. E ver fade que existe também uma cela que no pe co cons ttuiu 6 nico nicleo construtivo do templo (fig. 15), e por isso um espago interior, mas nunca foi pensada, do ponto de vista triador, porque no correspondia a fungdes interesses socials: foi um espago nio contido, mas literalmente fechado, e 0 espago jor fechado & precisamente caracteristico da escultura, Fe 15—Bvoluglo planimérca do templo areeo. Vet aura 5 ¢ Se © templo grego no era concebido como a casa dos fii, mas como a morada impenctrével dos deuses. Os ritos realzavamse 1 exterior, em tormo do templo, e toda a atengio e © amor dos escultoresarquitectos foram’ dedicados transformar as colunas em sublimes obras-primas plist ‘agificos baixos-elevos lineares e traves € Paredes (quadro 5). Como estava longe do pensamento grego essa problematica psicoldgica do intimo que constiturd a forga ‘otriz da pregagio criti que teve a sua primeira manifesta- so arquitecténica nos obscuros silencio das catacumbas, assim 8 civlzagdo grega se exprimiu ao ar livre, fora dos espacos interiors e das habitagdes humanas, fora mesmo dos templos| tlivinos, nos recintos sacros, nas acrépoles, nos teatros desco- ‘ertos.Ahistria da arquitectura das acrépoles éessencialmente ‘uma histéria urbanistica, triunfa pela humanidade das suas proporgées ¢ da sua escala, pelas insuperadas dias de esculté. vier gram rpousada crepuusante, austada na sua abstraczi, eee bd prblemes socials, eutéocens no ava facing eutemplative¢ ampreguada de uma dignidade espirtual nunca thas alcancada® Se ete crrespoadern a ura programma coat trative, nas epocas ecléticas, quando falta uma inspiregto triginal, 0s arquitectos vio buscar as formas do. passado ox eed ca crabcticerecte, pore as nas Bea st ci tas correspondcram os ncogrecies Ho el XIX? A nenhum tema exsencalmente arqutecénie dd a colin de Nelson, que se ergue na Trafalgar Square ap Lincoln Memorial, de Washington, desde a fachada do British Museum a todos os pequenos e raqulticos pérticos composts de pequenss colina pequenos frontdes gregos, produzidos fn missa par as casas burgucses da. Arica c Europ, Fecorreuse apenas & arquitectura helénica nos grandes temas Ionumentals e nos clementos decorativos, em problemas de superficie plisticae volumetric, nunca de arquitectura., gal mente, felis algumas excepgdes ncoclssicas, as repetisoes € 5 cépiaseapalhadas por todo o Mundo constituen méscast finebes de'caizas murals que contém espacos interiors © conservam, por iso, todas as caractristicas negatvas da argue tectura groga caecendo,porém, ao mesmo tempo, da qualidade de scala humana que os monumentos originals possufam. Podemos ainda notar este facto: no templo grego,o homes amin spenas no perstil, isto é, no corredor que vai da colunata A parede exterior da cela. Ora quando os tempos gt 8 alcacam as margens da Sica e da Italia Meridiotal, os Petistilos tornam-e mais espagosos e profundos. Isto tier Seja um indice de que os Tallanostinkamm jé tendéncia pata sentir, para acentuar os espagos, e tentaram ampliar e human ‘ar as férmulas fechadas da heranga helénica, (quadro 58)" (0 ESPAGO ESTATICO DA ANTIGA ROMA A apreciagio arquitecténica que damos aos efeitos limitados deste perfil histérico das idades espaciais—nio serd intitil repetilo mais uma vez para dissipar todas as possibilidades de ‘equivoco—ndo se identifica com a apreciagao estética. O Par. tenon é obra no arquitecténica, mas nem por isso deixa de ser uma obra-prima artistica, e tratando-se da historia da escultura podemos afirmar que quem nio gostar do Partenon no possui sensibilidade estética. Se, passando & arquitectura romana, observarmos muitas reconstrugées de monumentos do Império ¢ imaginarmos 0 espaco ¢ 0 gosto dos foros como deviam ser, podemos talvez concluir que muitos edificios romanos nao eram obras de arte, mas nunca poderemos afirmar que nio eram arquitectura. O espago interior est presente de maneira gran- diosa, e se os Romanos nio tinham o sensivel requinte dos escul- ‘ores.arquitectos gregos, tinham o génio dos construtores-arqui- fectos, que é, no fundo, o génio da arquitectura, Se muitas vezes rio sabiam prolongar na escultura os temas espaciais e volu meétricos, possuiam a elevada ¢ corajosa inspiracio para estes temas, que é, no fundo, a inspiragio da arquitectura, Efectiva mente, mesmo os menos filorromanos de nds, mesmo os que ‘mais resistiram & tendéncia invasora de uma historiografia filorromana que, por razdes nacionalistas, queria dar a Roma ‘uma primazia incontestada através de toda a histéria da arqui- {ectura, mesmo os criticos mais objectivos e menos preocups os com 0 estabelecimento de proteccionismos culturais em formo da producio do solo itélico so uninimes em concordar ue deve repudiar'se por insensata a posiglo critica de alguns tatados estrangeiros em que a arquitectura romana é definida como filha ou escrava da grega. A pluriformidade do programa romano respeitante & cons: trusdo, que se opde nitidamente ao tema tnivoco da arquitec- {ura grega, a sua escala monumental, a nova técnica construtiva dos arcos e das abdbadas que reduz colunas e arquitraves a ‘motivos decorativos, o sentido dos grandes volumes nos reser- Yitérios, nos timulos, nos aquedutos, nos arcos, as potentes ‘oncepsGes espaciais das basilicas e das termas, uma consciéncia

Você também pode gostar