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CONTEÚDO

PROFº: JÚLIO CHARCHAR


02 GRÉCIA – ESPARTA
A Certeza de Vencer KL 130308
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Apresentação:
“Podemos afirmar que toda a estruturação socio-politica da Polis espartana esteve intimamente ligada com a
religiosidade, pois segundo os relatos tradicionais de escritores da época, a legislação espartana foi atribuída a um
legislador membro da aristocracia que chamava-se Licurgo.Reza a historia que este lendário legislador ao consultar o
oráculo de Delfos teria recebido atribuições do deus Apolo para organizar um conjunto de códigos e leis ( A Grande
Retra) que nortearia todos os setores da polis espartana.
Após organizar a “A Grande Retra”, Licurgo teria partido para um exílio voluntário e determinado que as leis
não deveriam ser alteradas até o seu retorno.assim concluímos que todos os aspectos da vida espartana, desde a
organização do trabalho, divisão das terras, educação e até mesmo a regulamentação do casamento giravam em torno dos
códigos de Licurgo após ter consultado o oráculo, o que acaba dando a estrutura de relações de poder em Esparta um
caráter sagrado, ficando mais difícil sua contestação e alteração”.
(Julio Charchar)

1- Esparta: O Prazer da Guerra


A polis espartana foi fundada no vale da Lacônia, na península do
peloponeso, pelos dórios que foram os últimos indo-europeus a chegarem na
região Balcânica. O processo de desenvolvimento da polis espartana em sua
formação social e econômica estam misturados a elementos que existiram por
toda a Grécia; com tudo, a forma como estes foram combinados em Esparta é
próprio e único. Pois para manter seus domínios a aristocracia de origem
Doria montou uma estrutura organizada e isolada das demais cidades-
estados. O principal objetivo do estado espartano era fazer com que os
membros da elite se transformassem em guerreiros permanentes para servir e
proteger a cidade, pois os espartanos viam na guerra uma atividade essencial
e até mesmo cultural (falaremos sobre isto nas próximas aulas).
Todavia, apesar de Esparta ter organizado um dos exércitos mais
disciplinados do mundo antigo alguns historiadores atribuem a Esparta no
período clássico da historia dos helenos um caráter “atrasado” em relação a
outras cidades como Atenas. Vejamos o que diz Maria Beatriz Florenzano
“em muitos sentidos Esparta conservou no período clássico características políticas, sociais e econômicas arcaicas. E ainda
que o conceito de “ menos desenvolvida” possa implicar afirmações tendenciosas próprias de evolucionismo tradicional,
no contexto geral de desenvolvimentos das polis gregas, durante o período clássico, Esparta era “atrasada”.

2- A Organização da Sociedade e as Relações de Trabalho em Esparta


2.1 - Espartanos Esparciatas ou Homóios: “A Elite Guerreira no Poder”
Este grupo era composto pelos descendentes diretos dos antigos Dórios, fundadores da cidade, gozavam de todos
os privilégios em Esparta e por serem a minoria dentro da cidade (10%) viviam sobre uma rígida disciplina militar. Os
homóioi (pares iguais) eram os proprietários da Lacônia e Messênea e segundo algumas fontes da época estavam
proibidos de toda e qualquer atividade econômica, sendo os seus afazeres exclusivamente políticos e militares. Vejamos o
que nos diz Xenofonte: “Nas outras cidades, sabe-se, todos se esforçam por ganhar tanto dinheiro quanto possível. Um
trabalha a terra, outro arma um navio, um outro pratica um grande comercio, outros ainda vivem dos ofícios, mais
Licurgo proíbe aos homens livres de exercer qualquer tarefa lucrativa e assegurar a liberdade do estado é, segundo ele, a
única atividade da qual devem se ocupar”.
Em Esparta para se obter o pleno direito cívico, os espartanos eram obrigados a contribuir para o preparo das
refeições que todos os espartanos do sexo masculino tomavam em comum ( a Sissítia). Os recursos para esta contribuição
provinham evidentemente das terras trabalhadas pelos hilotas.
VESTIBULAR – 2009

Não podemos esquecer!


“Apesar de uma aparente igualdade entre os homoiois percebemos que também haviam algumas diferenças,
como por exemplo: Sempre existiam dois espartanos designados para serem reis ( Diarcos) e apartir daí passavam a gozar
de certos privilégios como o direito de ter um lote de terras ( Kleros) em cada comunidade cultivada em seu beneficio.
Entre as famílias que compunham os “iguais” somente duas cediam esses lotes. Nota-se através desse ato de “ceder”
terras a presença do privilégio de algumas famílias em relação as outras. Havia também os Koroi ditos como a guarda de

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honra dos reis, os Hipomeiones também eram vistos como um grupo inferior entre os espartanos, pois muitas vezes não
tinham como contribuir para as refeições coletivas ( Sissítias). O ultimo grupo que não apresentava as mesmas condições
era os (Kripteis), jovens espartanos que se não tivessem um bom desempenho na realização das Kriptias ( Massacre de
Hilotas) acabavam integrando a uma categoria inferior entre os espartanos”
(Julio Charchar)
2.2 – Periecos, Periféricos ou Perioikoi.
Geralmente eram antigos habitantes da lacônia região habitada pelos dórios, embora fossem livres não tinham
direitos políticos. Dedicavam-se ao comercio e artesanato (Atividades desprezadas pelos espartanos) e poderiam possuir
terras localizadas nas planícies menos férteis da lacônia. Apesar dos periecos não poderem participar da vida cívica em
Esparta, quando necessário, poderiam integrar o exercito espartano como “Hoplitas”.
Os periecos tinham uma certa autonomia no governo de suas comunidades na lacônia e na Messênea, mas eram
obrigados a cultivar um lote especial de terra em suas comunidades para os reis espartanos. O nome “perieco”significa :
“O que habita a periferia de Esparta”, ou seja, moravam em pequenas comunidades ao redor de Esparta estando sempre
submetidos a uma autoridade espartana nomeada pelo governo para fiscalizar a comunidade.
As terras da região da lacônia pertenciam ao estado espartano, pelo menos a principio, não poderiam ser
vendidas, comercializadas ou alienadas e sua principal atividade estava na produção de alimentos para todos os
integrantes da sociedade. No entanto, isso só ocorria nas terras férteis, já as terras que não ofereciam uma produção
satisfatória poderiam ser cedidas aos periecos onde exerciam uma cultura de subsistência e o comercio do pequeno
excedente dentro da própria comunidade já que o comercio exterior não era permitido. Os periecos produziam as armas
que ram utilizadas pelos espartanos tanto em treinamento como em combate direto. Apesar de privados de seus direitos
políticos, os periecos gozavam de proteção militar dos espartanos isso lhes dava uma condição singular, como se fossem
“Cidadãos de segunda categoria”. Por isso foram raras as manifestações dos periecos contra os espartanos.
2.3 - Os Hilotas e sua “Memória Coletiva”
Esse segmento social que genericamente denominamos de hilotas tem sua origem quando da conquista das terras
da lacônia e Messênea pelos espartanos essa população foi submissa e transformou-se em hilotas. Não poderiam ser
considerados escravos como os de Atenas, mas como uma espécie de servos que ao perderem sua liberdade nas guerras
de conquistas acabavam transformando-se em propriedade do estado espartano a serviço dos esparciatas. Entretanto, não
eram como uma mercadoria que poderia ser comprada e comercializada no mercado. Vejamos o que nos diz o poeta
espartano, Tirteu, “Como burros carregados de enormes fardos, obrigados por uma necessidade terrível, entregavam aos
seus senhores metade dos frutos que a terra da. Eles e suas companheiras devem chorar aos seus senhores, cada vez que
os atinge o destino sinistro da morte”. Como percebemos, os hilotas apesar de poderem possuir bens e constituir família
eram tratados com grande dureza pelos espartanos, o que estimulou muitas revoltas hilotas cruelmente massacradas pelo
exercito espartano que viviam em constante estado de alerta para possíveis rebeliões. Assim como os periecos, os hilotas,
em tempos de guerras poderiam ser treinados como Hoplitas e dependendo do seu desempenho militar poderiam até
conquistar a liberdade, como afirma Maria Beatriz Florenzano: “Freqüentemente eram recrutados para o exercito
espartano e algumas vezes depois disso ganhavam a liberdade”.
É valido ressaltar, que os hilotas desenvolveram uma “memora coletiva”, devido a sua homogeneidade cultural,
uma vez que, houve um tempo que não estavam submetidos ao poder autoritário dos espartanos, o que nos revela que os
hilotas eram descendentes de povos conquistados em seu próprio território e que lutaram contra a dominação espartana.
Outro motivo que levava um grande descontentamento dos hilotas era um “Rito de passagem” do jovem espartano
chamado de “Kriptia” que consistia numa espécie de massacre coletivo ao quais os hilotas eram submetidos.
3- A Estrutura Política do Estado Oligárquico Espartano.
Antes de mais nada, é bom lembrar que a composição e funcionamento da política em Esparta, também era uma
atribuição dada a Licurgo. A estrutura do estado espartano era composta por quatro órgãos políticos principais:
3.1 - A Diarquia: Este órgão político apresentava um caráter hereditário e era composto por dois reis chamados de
Diarcos, onde um comandava o exercito e o outro a religião. Os Diarcos eram fiscalizados pelos Gerontes. Lembrando
que apesar do estado espartano possuir reis em sua composição, o que prevalecia não era uma monarquia e sim uma
oligarquia.
3.2 - A Gerúsia: Também era chamada de “Conselho dos Anciãos” e eram compostos por vinte oito espartanos com idade
superior sessenta anos que possuíam poderem vitalícios. Os gerontes eram responsáveis das leis em Esparta,
funcionavam como juizes para os crimes e também orientavam os mais jovens.
3.3 - A Apela: Também conhecido como “Conselho dos Guerreiros”. Este órgão político era composto por todos os
espartanos com idade superior a trinta anos. Eram responsáveis pela eleição de gerontes e eforos e conviviam
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constantemente com as guerras promovidas por Esparta.


3.4 - O Eforato: Esse órgão político era composto por cinco espartanos que eram chamados de Eforos e possuíam um
mandato de um ano sendo sua função promover a fiscalização em todos os setores de Esparta, inclusive tinha o poder de
vetar leis.
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