Durante um perodo de 21 anos (1964 a 1985), o Brasil esteve sob o regimento de

governos autoritrios. Governos esses administrados por militares e apoiados por setores
conservadores da classe mdia, bem como empresas multinacionais norte americanas.
Iniciado com a deposio do presidente Joo Goulart, o regime ditatorial caracterizou-se por
um perodo de grande represso contra aqueles que se opunham ao governo. As aes
repressivas iam desde perdas dos direitos polticos, controle dos meios de comunicao e da
imprensa, prises arbitrrias, torturas e at mesmo morte. Diante dessa conjuntura, no foram
poucos os movimentos sociais de resistncia e contestao que lutaram por melhorias e pelo
fim do estado de exceo, dentre outros, citamos: movimento dos operrios, movimento das
mulheres, movimento dos estudantes.

A partir da segunda metade da dcada de setenta, esses movimentos, aps um perodo

de desmobilizao ocasionado pelas aes repressivas do governo, multiplicam-se e se
fortalecem na luta pelo fim da ditadura. Chama-nos a ateno o Movimento Feminino Pela
Anistia (MFPA), criado em 1975 por Therezinha Zerbini, em So Paulo. O movimento de
iniciativa de mulheres e que reivindicava a anistia para os presos polticos, ganhou
repercusso nacional e at internacional. Atravs de comcios, palestras, passeadas, buscava-
se a mobilizao de outras parcelas da populao para pressionar o governo. O movimento foi
de tal modo significativo que em 1979 foi promulgada a lei da anistia.

Diante disso, nossa pesquisa objetiva-se investigar e analisar a atuao das mulheres
na luta pela anistia durante o regime da ditadura civil-militar, no Cear. Compreendendo o
perodo entre 1975, ano da criao do Movimento Feminino pela Anistia, e 1979, ano em que
foi promulgada a Lei da Anistia. No estado do Cear foi criado o terceiro ncleo do
Movimento Feminino Pela Anistia, possuindo como presidente a senhora Nildes Alencar,
irm do frei dominicano Tito de Alencar. Procuramos perceber como se deu a implantao
desse ncleo cearense, quais as aes empreendidas pelas mulheres cearenses e quais suas
motivaes, como se deu a repercusso do movimento.

Perscrutando as fontes do ncleo cearense do movimento feminino pela anistia,

disponveis na Associao 64/68 Anistia, buscamos compreender as formas de atuaes
dessas mulheres, bem como investigar como eram recebidas essas aes por parte da
populao, analisando os peridicos em circulao da poca.