Você está na página 1de 4
20/2017 Decrato n° 7089 Presidéncia da Republica Casa Civil Subchefia para Assuntos Juridicos DECRETO Nr 7.053 DE 23 DE DEZEMBRO DE 2009. Institul a Politica Nacional para a Populagdo em Situagao de Rua © seu Comité Intersetorial de Acompanhamento © Monitoramento, ¢ dé outras providéncias, © PRESIDENTE DA REPUBLICA, no uso da atribuigéo que Ihe confere 0 art. 84, inciso VI, alinea “a’, da Constituigao, DECRETA: Art. 12 Fica institulda a Polltica Nacional para a Populagao em Situagao de Rua, a ser implementada de acordo ‘com os principios, diretrizes e objetivos pravistos neste Decreto. Pardgrafo Unico. Para fins deste Decreto, considera-se populagéo em situago de rua o grupo populacional heterogéneo que possui em comum a pobreza extrema, os vinculos familiares interrompidos ou fragilizados e a inexisténcia de moradia convencional regular, e que ulliza os logradouros piblicos e as areas degradadas como espaco de moradia e de sustento, de forma tempordria ou permanente, bem como as unidades de acolhimento para pemnoite temporario ou como moradia proviséria. Art, 22 A Politica Nacional para a Populagao em Situacao de Rua serd implementada de forma descentralizada e articulada entre a Unido e os demais entes federativos que a ela aderirem por meio de instrumento proprio. Pardgrafo Unico. O instrumento de adeso definird as atribuigSes e as responsabilidades a serem compartilhadas. Art. 32. Os entes da Federagao que aderirem a Politica Nacional para a Populagdo em Situagao de Rua deverao instituir comités gestores intersetoriais, integrados por representantes das Areas relacionadas ao atendimento da populagao em situacao de rua, com a participagao de féruns, movimentos e entidades representativas desse segmento da populacao. Art, 42 O Poder Executive Federal poderd fimar convénios com entidades piblicas e privadas, sem fins lucrativos, para o desenvolvimento ¢ a execugdo de projetos que beneficiem a populacdo em situacdo de rua e estejam de acordo com os principios, diretrizes e objetivos que orientam a Politica Nacional para a Populagao em Situacao de Rua. Art, 82 Sao principios da Politica Nacional para a Populagao em Situagao de Rua, além da igualdade & equidade: | respeito a dignidade da pessoa humana; I= direito a convivéncia familiar e comunitaria; IIL- valorizagao e respeito a vida e a cidadania; IV - atendimento humanizado e universalizado; e \V-- respeito as condigées socials e diferengas de origem, raga, idade, nacionalidade, género, orientagao sexual e religiosa, com atengao especial as pessoas com deficiéncia. Art. 62 Sao diretrizes da Politica Nacional para a Populagao em Situagao de Rua: | - promogio dos direitos civis, politicos, econémicos, sociais, culturais e ambientais; II responsabilidade do poder pilblico pela sua elaboracao e financiamento; IIl-articulago das politicas pablicas federais, estaduais, municipals e do Distrito Federal; IV - integragao das politicas piblicas em cada nivel de governo; \V-- integragao dos esforgos do poder ptiblico e da sociedade civil para sua execugao; VI - participagao da sociedade civil, por meio de entidades, féruns e organizagées da populagao em situagao de rua, na elaboragao, acompanhamento e monitoramento das politicas publicas; itp iw planatto,goubricciv_034_ato2007-201012008idecretold7053.him wa 20/2017 Decrato n° 7089 VII - incentive e apoio @ organizagéo da populagao em situagao de rua e a sua participagao nas diversas instancias de formulago, controle social, monitoramento e avaliagao das politicas piiblicas; VIll - respeito as singularidades de cada territério e ao aproveitamento das potencialidades e recursos locais ¢ regionais na elaboragio, desenvolvimento, acompanhamento e monitoramento das politicas piblicas; DX - implantagio e ampliagao das ages educativas destinadas & superaco do preconceito, e de capacitagao dos servidores puiblicos para melhoria da qualidade e respeito no atendimento deste grupo populacional; e X - democratizagao do acesso @ fruigdo dos espagos @ servigos piblicos. ‘Att. 72 Sao objetivos da Politica Nacional para a Populagao em Situagao de Rua |- assegurar 0 acesso amplo, simplificado e seguro aos servigos e programas que integram as pollticas pilblicas de saiide, educagao, previdéncia, assisténcia social, moradia, seguranga, cultura, esporte, lazer, trabalho e renda; II - garantir a formago e capacitagao permanente de profissionais ¢ gestores para aluagao no desenvolvimento de politicas publicas intersetoriais, transversais e intergovernamentais direcionadas as pessoas em situagao de rua, IIL instituir a contagem oficial da populagao em situagao de rua; IV- produzir, sistematizar e disseminar dados e indicadores sociais, econémicos e culturais sobre a rede existente de cobertura de servicos piblicos & populagao em situagao de rua; \V - desenvolver agdes educativas permanentes que contribuam para a formagao de cultura de respeito, ética & solidariedade entre a populagio em situagéo de rua e os demais grupos sociais, de modo a resguardar a observancia 08 direitos humanos; VI - incentivar a pesquisa, produgao ¢ divulgagao de conhecimentos sobre a populagao em situagao de rua, contemplando a diversidade humana em toda a sua amplitude étnico-racial, sexual, de género e geracional, nas diversas reas do conhecimento; VIL- implantar centros de defesa dos direitos humanos para a populagao em situago de rua; Vill - incentivar a criagdo, divulgag4o e disponibilizagao de canais de comunicagao para o recebimento de deniincias de violéncia contra a populagdo em situagao de rua, bem como de sugestdes para o aperisicoamento @ melhoria das politicas puiblicas voltadas para este segmento; IX - proporcionar 0 acesso das pessoas em situagao de rua aos beneficios previdenciarios e assistenciais e aos programas de transferéncia de renda, na forma da legislagao especttica; X - criar meios de articulagao entre o Sistema Unico de Assisténcia Social © Sistema Unico de Saide para qualficar a oferta de servigos: XI - adotar padrio basico de qualidade, seguranga conforto na estruturagdo e reestruturagdo dos servigos de acolhimento temporarios, de acordo com o disposto no art. 8 XII - implementar centros de referéncia especializados para atendimento da populagdio om situagao de rua, no Ambito da protegao social especial do Sistema Unico de Assisténcia Social; Xill - implementar agdes de seguranga alimentar ¢ nutricional suficientes para proporcionar acesso permanente a alimentagdo pela populagdo em situapdo de rua a alimentaco, com qualidade; e XIV - disporibilizar programas de qualificagao profissional para as pessoas em siluagao de rua, com o objetivo de propiciar o seu acesso ao mercado de trabalho. ‘Art. 82 O padrio basico de qualidade, seguranca e conforto da rede de acolhimento temporario devera observar limite de capacidade, regras de funcionamento convivéncia, acessibilidade, salubridade e distribuigdo geogréfica das unidades de acolhimento nas areas urbanas, respeltado 0 direito de permanéncia da populacdo em siluagao de rua, preferencialmente nas cidades ou nos centros urbanos. § 12 Os servicos de acolhimento temporério sero regulamentados nacionalmente pelas instancias de pactuagso «© deliberacao do Sistema Unico de Assisténcia Social § 22 A estruturagio @ reestruturagao de servigos de acolhimento devem ter como referéncia a necessidade de ‘cada Municipio, considerando-se os dados das pesquisas de contagem da populagao em situagao de rua. § 32 Cabe ao Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome, por intermédio da Secretaria Nacional de Assisténcia Social, fomentar e promover a reestruturago e a ampliago da rede de acolhimento a partir da transferéncia de recursos aos Municipios, Estados e Distrito Federal, itp iw planatto,goubricciv_034_ato2007-201012008idecretold7053.him 214 20/2017 Decrato n° 7089 § 42 A rede de acolhimento temporario existente deve ser reestruturada @ ampliada para incentivar sua utilizagao pelas pessoas em situagao de rua, inclusive pela sua articulagao com programas de moradia popular promovidos pelos Governos Federal, estaduais, municipais e do Distrito Federal Art. 92 Fica instituido o Comité Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Politica Nacional para a Populagao em Situagao de Rua, integrado por representantes da sociedade civil e por um representante ¢ respectivo suplente de cada érgao a seguir descrito: | Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidéncia da Repiiblica, que o coordenaré; II Ministério do Desenvolvimento Social e Combate a Fome; IIL = Ministério da Justiga; IV-- Ministério da Sadie; \V-Ministério da Educagao; VI-Ministério das Cidades; Vil - Ministério do Trabalho e Emprego; VIll - Ministério dos Esportes; e 1X Ministério da Cultura, § 12 A sociedade civil teré nove representantes, titulares © suplentes, sendo cinco de organizagdes de ambito nacional da populago em situacdo de rua e quatro de entidades que tenham como finalidade o trabalho com a populagao em situagao de rua. § 22 Os membros do Comité Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Politica Nacional para a Populagao em Situagao de Rua serdo indicados pelos titulares dos érgéos e entidades as quais representam @ designados pelo Secretério Especial dos Direitos Humanos da Presidéncia da Republica, Art. 10. © Comité intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Politica Nacional para a Populagéio em Situagdo de Rua tera as seguintes atribuigées: | - elaborar planos de ago periédicos com o detalhamento das estratégias de implementago da Politica Nacional para a Populagao em Situagao de Rua, especialmente quanto as metas, objetivos e responsabilidades, considerando as propostas elaboradas pelo Grupo de Trabalho Interministerial instituldo pelo Decreto de 25 de outubro de 2006; |- acompanhar e monitorar o desenvolvimento da Politica Nacional para a Populagao em Situagao de Rua; Ill - desenvolver, em conjunto com os érgaos federais competentes, indicadores para o monitoramento e avaliagao das agées da Politica Nacional para a Populagdo em Situagao de Rua: IV - propor medidas que assegurem a articulagéo intersetorial das politicas puiblicas federais para 0 atendimento da populagao em situagao de rua; \V- propor formas e mecanismas para a divulgaco da Politica Nacional para a Populagéo em Situagdo de Rua; VI- instituir grupos de trabalho tematicos, em especial para discutir as desvantagens socials a que a populagao ‘om situago de rua foi submetida historicamente no Brasil e analisar formas para sua inclusao @ compensacao social; VII - acompanhar os Estados, o Distrito Federal e os Municfpios na implementagéio da Politica Nacional da Populagao em Situagao de Rua, em ambito local; Vill - organizar, periodicamente, encontros nacionais para avaliar e formular agdes para a consolidagao da Politica Nacional para a Populago em Situagao de Rua; e 1X - deliberar sobre a forma de condugao dos seus trabalhos. Art. 11. O Comité intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Politica Nacional para a Populagaio em Situagdo de Rua poderé convidar gestores, especialistas e representantes da populacdo em situagdo de rua para participar de suas atividades. ‘Art. 12. A participagao no Comité Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Politica Nacional para a Populagao em Situagao de Rua serd considerada prestacao de servico publico relevante, nao remunerada. Art. 13. A Fundagao Instituto Brasileiro de Geografia e Estatistica - IBGE e a Fundagao Instituto de Pesquisa Econémica Aplicada - IPEA prestardo 0 apoio necessério ao Comité Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Politica Nacional para a Populagao em Situagao de Rua, no ambito de suas respectivas competéncias. itp iw planatto,goubricciv_034_ato2007-201012008idecretold7053.him 34 20/2017 Decrato n° 7089 Art, 14, A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidéncia da Reptiblica dara apoio técnico-administrativo & fornecerd os meios necessarios 4 execugdo dos trabalhos do Comité Intersetorial de Acompanhamento e Monitoramento da Politica Nacional para a Populagao em Situagao de Rua. Art. 15. A Secretaria Especial dos Direitos Humanos da Presidéncia da Repiblica instituira 0 Centro Nacional de Defesa dos Direitos Humanos para a Populagao em Situagao de Rua, destinado a promover e defender seus direitos, com as seguintes atribuicées: | - divulgar e incentivar a criago de servigos, programas e canais de comunicago para dentincias de maus tratos ¢ para o recebimento de sugestées para politicas voltadas 8 populacao em situagao de rua, garantido 0 anonimato dos denunciantes; I~ apoiar a criagdo de centros de defesa dos direitos humanos para populacao em situagao de rua, em ambito local; Ill ~ produzir e divulgar conhecimentos sobre o tema da populagao em situagao de rua, contemplando a diversidade humana em toda a sua amplitude étnico-racial, sexual, de género e geracional nas diversas areas; IV - divulgar indicadores sociais, econémicos e culturais sobre a populago em situago de rua para subsidiar as politicas publicas; © \V - pesquisar © acompanhar os processos instaurados, as decis6es e as punigdes aplicadas aos acusados de ‘crimes contra a populagéo em situagao de rua Art. 16, Este Decreto entra em vigor na data de sua publicagao, Brasilia, 23 de dezembro de 2009; 1882 da Independencia e 1212 da Republica LUIZ INACIO LULA DA SILVA Tarso Genro Femando Haddad André Peixoto Figueiredo Lima José Gomes Temporéio Patrus Ananias Joao Luiz Silva Ferreira Orlando Silva de Jesus Jiinior Marcio Fortes de Almeida Dilma Rousseff Este texto néo substitu o publicado no DOU de 24.12.2009 itp iw planatto,goubricciv_034_ato2007-201012008idecretold7053.him a

Você também pode gostar