Você está na página 1de 3
A letra da lei nao omite um olhar aos que procuram harmonia AS DESAVENCAS CON) E 0 RIGOR DA LEI Carlos Biasotti E advogado criminalista e ex-presidente da ACRIMESP. de Algada Criminal de Séo Paulo algar-the o estilete da caftica ~ 0 douto assim aonselhe a prudéncia (que man- desafia reflexes 2 conta da magistrado ferrostocorrentialigo de da olhar o juiza que nfo se converta em smatéra mesma nel versada:a briga de autores de alta linhagem, asim de nor _veneno a triaga de que fiou a esperanca I Revente acérddo (1) do Tribunal - ras. Ai—sofra-se-nosatrevimento de aos pices dalei edo dreito, ou porque casal 2 censuta do dircto, sos tempos como da mais remota dacurado mal) no cai em divida que ‘Ao aviso de seu relator, o eminente ancianidade. algumas ages humanas, suposto geral- juiz REGIS FERNANDES DE OLE Com efeio, mente notadas de ilctos penais, mere- VEIRA nfo apleara cae de 2 a de ue Dg minimis cm remeron de oben ‘sdescoponis entre cnjuge o prin- purus gy impunidade (3). $0 deste niimero as cipio doutndtio da insgniicincia ou Gea podem lesbes corporais leves, sobretudo bagatela, pois que “o dircito 4 subtrair-se 20 praetor” — quando praticadas entre cOnjuges. incolumidadefsica € indisponivel”. __direto sancio- TL- Nunca faltam entre 05 casados Nadase podeargiircontraazfirma- nador ja pro- ocasides de desavencas, jd 0 dizia lodequeodireitoaocorporemcarster pugnavam 0s romanos,perpetuando-a_ JUVENAL afiando um epigrama (4). indisponivel, opinio muito ordindria na formula clisica “de minimis non Deveras, das altercagdes ¢ vitupérios entre os mais graves escritores(2);onde cura praetor”. ‘io raro passam cles vias de ato, e dal nos parece caiba algum reparo no Qu porque & majestade da Justiga mais aquele cavalheiro que antes era onto em que 0 venerando aresto — (perante a qual sé devem ter entrada os “to terno para com 2 esposa, que 20 ogmatizou serimpossivel ratar como _fatosrelevantes) nfo convena enten- _pr6prio vento obstava de bate-Ihe no ddesomenoscertoscasosdelesbescorpo- der em questbes middas nem recorrer resto comviolénca” (5); aqucle mesmo DIGESTO ECONOMICO 56 Mazo -jUNHO- 1994 "snr greener ane sonemnnc aque bebera com o leite a doutrina de ‘equintada galanaria de que “em mu- ler nao se bate, nem mesmo com uma flor, agora, tendo cedido aos impetos da célera, nao se limita a ofender de palavras sua consore, ow tavar-se de ‘anes om cla: nasua prépriaintegrida- de corpérea € que busca jé ofende-la, GAIS posto levemente, E daquela sublime tmizodo homeme da mulher, mediante 4 comunicario de direitos divinos ¢ humanos ~ palavras com que MO- DESTINO definiu o casamento (6) — nfo resta mais quem baixo-relevo, que a stia andnima burlou em peda tos «a, ajuntando-the a impiedosa inscrigio “A Divina Comédia de 0 contrétio: antes 0 Paraiso, depois o de Diogo de il Purgatérioepor tft Paiva de 0) ‘mo 0 Inferno” (7). — Comodesdeo fato bem viveriutsts de grande suposigio (10), Sobre lesivoatéapersecusio dos casais. © edificaram também nossostribunais penal nio vio mais due dois credos, nem pode 0 juiarecu- sar-seadeclararodicito, breve se achard ‘ascenans deste dilema:inlgitao cul- pado 2 sancio legal ou relevar-the a fala? Com uma diferenga que, punit do-o,estard também rompendo os hi- mos ej friges vinculos da aftigao conjugal; no caso todavia que absolva 0 agresor,tavezcontribua para restauré- tos. O que no seré obra de pouco momento nem gloria desprenvel IL» Nao se tara de decidir segundo 2 craveira do bom juiz MAGNAUD {8) sendo deo julgadorapicarakicom aadvenénciade quedeverdatender aos finssociaisa queclasedirigecsexigen- cias do bem comum” (9). Estadoutrna fois quenosherdaram picesro economico $7 mato -sunti0 - a ortodoxia de seu magistério (11), ins- piradoem diretrz deboa politic crimi- nal. E que a condenagio do cbajuge infratr poderd importa aseparagio do casal, com sériosgravamesparaosfilhos. Se de pouca ou nenhuma gravidade 2 ofensa que o cdnjuge provocou no ‘outro, to seri despropésito abso¥é-o, rmaxime sede vida pregresainculpada. Bastaram ja espertarthe a adormecida ‘consciéncia dos valores juidicos e mo- ‘ais sua submissio a nfamante proceso penal ealguma admoestagio que o ma~ sistrado acerte de fazer-he na propria. Sentenga, como a peveni-lo de castigo fururo. ‘letra da lei - ponderava0saudoso « notiveljuiz EDGARD DE MOURA BITTENCOURT—“aletradaleitorce 6 natiz a semelhantes facilidades, mas seu espitito ni omite um olhar de aplauso aos que, bem intencionados, procuram a harmonia comum, que Principia pela paz nas familie” (12). NOTAS (0 Ap. 025.618, 1a. Cim, 98.93: (2) Eprisomesmaquecrtgondem antes imei 0 des do Fado, es ens (3 ‘ida itegride corpo bo indi, ‘nips nsnansienoo pare doin. sn Representa one diss tvs ue aki pest omits inangii sinda quando roel, pat su aq, 9 con szacimento do sibiecum itis” (NELSON HUNGRIA, Comensios 10 Cio Peal 198), vob 9 16 (6) Dacopinsa eta abe o aun gn de meng anigp que exreeu LUIZ FLAVIO. GOMES “Tetris plicocrininisquano 1994 A cimindade bau” (Revita Brin ua tog ded opera cr —_aheidoseacnahveashnhiga doco de Gincies Ciminss, ime epecaldelan- thera Bceoglvinfmadodajunia(EVEDB ——_qurpaviapequenatagenbeconraocéeage anc, deumbeo de 1992, pags. B83 108). SOIBELMAN, Endo do Advgao, 3%. ane ave de qu oct ecncione Oureo tanto: FRANCISCO DE ASSIS da pl 52 de que a puedo aa fac dv xe : TOLEDO, Pinpios Bint de Die Penal, (5) An 5¢da Lid aad ao Ci Cv, peaneo bom convofania” Udon. 538, i 1986, lg 121. Cauca do princi dain: (10) JOSE FREDERICO MARQUES: "O quexe pe 360; i ‘guficaca: 2) fago QTACSP: 607298, 611 —_sfoconprrode aie aus imi mes-_o) "Arbre cjg ead oor on dso i 175,7a1365;Rex Tu:528357 Deena ‘ mente odo se eprom mecanimo pas © caigocorprlimposeporpia Shonda GTACHSP: 67/263); ¢) leas corporis procae)ulgamenodeestesminimascing- __noteren penal edo oxepionaoene (Ct (TTACiSP, 757307781336, $7208; 78208); aie prnadsroranalmeneparpmicae Pel, at 136), Asin, estndose de ate «jag da ice TACISP: 781413, 927239, deindddequlgverndindepeclide, corpora eins, 0 cas & penlmente 5125); ‘equesmpre foam orca debos cons” iro” Uda vol. 34 pi. 2385 (44 “Semper babes His aernaqu aria eas” (Teta de Dit Penal 1961 vl 1V, pig, d)"Havend tia dia sobre qu se ini (Sia 6 268) 200) fi du aes todo vedo m2 t (9) SHAKESPEARE, Hani, oc sued. (UI) Mainquemuicnsiom decide cbinds, —_eodoa, em een oc amciae (Caos Albeo Nunes: feindootmabig deca oparm pole: sloiogabheropreeoacusds' dam vl (CL ALEXANDRE CORREIA Mana deDi- lo decide Perfo emma pronoy dear 54, pi. 381 ' rio Reman, 1958, v0 pg 12; aeons ot ci "Leo corporal - Agra de sie alin ()CL.FOLCO MASUCGI Dono Humes») “Traandose de icdeme domésica, do qual conta mer. Poin sbndona dabbide ic, 198, pig 57 resularem leisimos fimenos a viima, conc do cal - Abii" TACSP, (5) PAUL MAGNAUD (1848-1926), magiado acon oer sil abubiodosca- a. TL pig. 218) fanctspaido aleinerpreciiododie- do, pie msiaconvém mondo cl do "Aineernca de jug penl ncoeieee (Phase amide em ea aber com alci—qaeumadrio que pode scarearsut sq tarermeao noi esac en pendsiticonfomesispeéposiensimens edo Rey. Tbs, vol 524, pl 4055, desea.” emo 1, pg 138 covapeueecidocao.Abigeadebisode )"EminémescantemoPoderudisiocee>- (12) Vina, 1. pl. 74. . A revista Digesto Econémico E dirigida a empresdrios, executivos, profissionais, autoridades e estudantes. O Leitor do Digesto Econémico Por ser uma publicagio da Associagao Comercial de Sao Paulo traz consigo leitores que a acompanham ao longo de toda sua existéncia, mais de 40 anos, além da nova geragiio do empresariado, Leitores que representam grande poder de consumo e que decidem em suas empresas sobre bens ¢ servigos. E Distribuida Via mala-direta aos assinantes, Associagées Comerciais do Brasil além da venda avulsa, universidades, entidades de classe, érgitos do Governo e centros de decisiio, Publicidade: Rua Boa Vista, 51 - térreo - Sao Paulo - CEP 1014-911 234-3382 /232-5744 - Ramais 2215/2217 /2273 - Telex 1123355 DIGESTO ECONOMICO BB ato -JUNHHO- 1994

Você também pode gostar