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NOSSO FUTURO COMUM Vivemos numa época em que se acelera o ritmo.de crescimento ' Gemografico, as fontes de energia e matérias-primas se esgotam e pairam graves ameacas, nfo apenas sobre nossa cultura mas sobre a propria sobrevivéncia do ser humano no planeta, devido a sua acSo' e sua proliferacao. Assim, no que diz respeito 4s geracées presentes e futuras, & dever de todos é, prioritariamente, do Estado, a proteg&o ao patri m6nio natural compreendido dentro do espaco nacional, entendido o territ6ério emerso do pais e de suas ilhas oceanicas, a plataforma' continental, o mar territorial, além dos territérios de que parti lha a responsabilidade, como séo a regido antartica e sub-antarti ca, bem como ao patriménio constituido pela obra do homem em suas relacdes com a natureza, j& que a vida e as condigées para sobrevi véncia dependem destes patriménios. Todo cidad&o deveria ter direito ao acesso 4 informacio veraz, completa e atualizada sobre o meio ambiente, capacitando-se a par- ticipar na formulagdo das politicas, normas, diretrizes, programas e projetos que possam afetar a integridade e equilibrio de seu pa~ triménio natural e, conseqtientemente, as condigdes de sua existén- cia. Logo, seria obrigacdo e direito de todos, e especialmente do Estado: 12 assegurar a protecdo das bacias hidrograficas e mananciais que so consideradas areas intocéveis e inaliendveis, de modo a ga- rantir o suprimento e a qualidade de gua 4s comunidades huma~ nas, animais e vegetais; assegurar a proteao dos recursos naturais do pais - renovaveis ou n&o - tais como ar, agua, solo, flora e fauna; proteger integradamente o meio-ambiente, os monumentos naturais, os sitios paleontolégicos, espeleolégicos e arqueolégicos, os ' monumentos e sitios histéricos e seus elementos; garantir que os modelos de desenvolvimento econdmico adotados ' pelo poder piblico resguardem a dimens&o ambiental em todos os seus aspectos (natural, étnico e cultural); garantir e promover, antes de qualquer intervencdo econémica e com base em conhecimentos cientificos da natureza, o zoneamento e parcelamento do solo para o manejo auto-sustentado dos recur- sos naturais, resguardando os beneficios préprios da comunidade interessada; incluir a elaboracdo de estudos de impacto ambiental antes de ' interveng&o econdmica, a fim de permitir a definicao de priori- dades e alternativas na execucio dos projetos potencialmente da nosos ao meio ambiente; assegurar, através de legislac&o ordinaria especifica, medidas' capazes de evitar ou minimizar as conseq&éncias danosas da po- 13 luic&o, da erosio e de qualquer outra forma de agressSo ambien- tal, nas diversas atividades humanas; + assegurar o desenvolvimento de estudos e o estabelecimento de ' normas especificas, capazes de prevenir ou reduzir os riscos de catastrofes naturais ou agenciados pelo homem. Todavia, a atual forma de utilizac&o, excessiva e desordena- da dos recursos da natureza, atendendo prioritariamente a interes— ses econémicos, muitas vezes alheios 4 nossa cultura, depauperou ' de forma irreversivel, aspectos ambientais insubstituiveis,de ines tim&vel valor para a coletividade. Muitos sdo os instrumentos legais existentes para a protecao' da natureza: Cédigo de Aguas, Cédigo Florestal, Lei de Protecéo a Fauna, a legislac&o que cria parques nacionais, estaduais, munici- pais, reservas biolégicas, estagSes ecolégicas, areas de protecio’ ambiental, de areas naturais tombadas, tutela de interesse difusos e outros. Por outro lado, existem lacunas na legislac&o conserva- cionista, que raramente tém presente a visdo biodinamica dos con- juntos vivos em permanente interacZo com o homem, nao protegendo * integradamente aspectos naturais e ecolégicos e impedindo o desen- volvimento ordenado da vida humana dentro das condicdes mais ade- quadas. Variados sio, por outro lado, os érgios administrativos que atuam ou se envolvem como meio ambiente, com compet@ncia simila- res, andlogas ou concorrentes, acontecendo, muitas vezes, superpo- sigdes ou interpenetracées destas competéncias legais, enquanto as atuagées administrativas se apresentam compartimentadas, omissas ' quanto & ac&o conjunta, coordenada ou integrada dos érgios. As ve 14 zes, existem atividades de setores governamentais que se sucedem em claro antagonismo com outros de idéntica responsabilidade, ine xistindo, portanto, uma acio conjunta da Unido Federal no trata- mento legal, politico e financeiro da quest&o de importancia tao vital, como o ambiente e a cultura, no sentido de dirimir esse ' conflito de competéncias. A inexist@ncia ao longo do tempo de definicdes precisas so- bre critérios e metodologias préprias, quanto A protecfo a sitios naturais, nio significou propriamente uma despreocupacio do drgao retratava antes, uma tendéncia, inclusive mundial, em considerar' a questGo nfo tSo agudamente manifesta como agora. A quest4o ambiental assume proporcdes muito mais amplase ' complexas do que até recentemente se poderia imaginar. Nao se ' trata apenas de proteger arvores, rios ou atmosfera. A quest4o & evidentemente, politica e se coloca no mesmo plano em que se faz a opcao entre regimes politicos, formas de governo ou organizacao econémica. A questdo ambiental est&, pois, intimamente vinculada ao mo- delo econémico adotado e, de um modo geral, & perspectiva com que se pretende abordar os problemas sécio-econdmicos , juridicos, po liticos e culturais. Imaginar que a relagdo do homem com a natu- yeza possa ser resolvida apenas a partir da escolha de uma boa al ternativa tecnolégica & tio equivocado quanto supor que a socieda de possa se desenvolver sem uma relago harmoniosa com o meio am- biente. Alias, sé ha verdadeiro desenvolvimento, enquanto propi- ciar felicidade e bem estar 4s pessoas. Impde-se a necessidade da adogdo de processos preventivos ' na salvaguarda dos bens naturais. A humanidade e a natureza tém de conviver harmoniosamente antes que as agées predatérias desor- 15 denadas do homem, conjugadas com o gigantesco crescimento popula- cional, levem inexoravelmente ao aparecimentode ambos: a natureza e a humanidade.

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