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Curso a distancia Supletivo Oficial ENSINO MEDIO 2? SERIE GEOGRAFIA ENSINO MEDIO GEOGRAFIA ~*~" AULA 4 POVOAMENTO E POPULACAO DO BRASIL Como a histéria do Brasil sempre foi estudada com vistas a propria integragéo do pais na Historia da Civilizagao Ocidental, pois dela faz parte, nao nos preocuparemos em esmiucar os caracteres dos povos que aqui viveram antes de Colombo (era pré-colombiana). Ao falarmos em povoamento do Brasil, estaremos sempre nos referindo ao periodo posterior 4 sua descoberta (1500). Entretanto, apenas com o objetivo de completar nossas explicagSes, é importante voltarmos por instantes ao ano de 1 494, quando a América foi dividida entre Portugal e Espanha, pelo Tratado de Tordesilhas. Como ja deve ser do conhecimento do aluno, esse tratado determinava que as terras americanas pertencentes a Portugal deveriam ser aquelas que se situassem abaixo do meridiano que passasse a 370 léguas a oeste das ilhas do Cabo Verde. Portanto, a Portugal caberiam 2600000 km? Quase toda essa extensao achava-se dentro da América do Sul. Todavia, Portugal nao respeitou na integra esse tratado e sua colonizagao alastrou-se pelos dominios espanhéis, ultrapassando o meridiano de Tordesilhas. Isto ocorreu porque, entre outros motivos, as Bandeiras e Entradas que se organizavam dirigiam-se para 0 interior e ignoravam a existéncia do meridiano citado no tratado. Por outro lado, é importante ressaltar que o reino portugués chegou a pertencer a coroa espanhola, nos fins do século XIV e inicio do século XV, e isso acarretou a perda de valor do tratado, porque, evidentemente, a América loda passou para o do! espanhol, enquanto durou a fusao dos dois reinos. BRASIL: EXTENSAO TERRITORIAL SEGUNDO 0 TRATADO DE TORDESILHAS E A ATUAL =— Co ‘Segundo o professor Aroido de Azevedo, o povoamento do Brasil passou por cinco fases distintas: | —A tomada da terra e a conquista do litoral (séculos XVI e XVII). Il —A conquista do vale do Sao Francisco e do Sertéio do Nordeste (século XVI). Ill — A conquista do planalto centro-meridional (séculos XVII e XVIII). IV—A conquista da Amazénia (séculos XVII e XVII). V —A colonizagéo moderna e 0 “pioneirismo" (XIX @ XX). I-A CONQUISTA DO LITORAL Os primeiros movimentos no sentido de se povoar o Brasil ocorreram no século XVI, particularmente na orta mari- tima, quando Portugal enviou para o Brasil as primeiras expedigbes exploratérias. Essas expedigoes foram importantes, porque se constituiram no primeiro passo para a tomada da terra descoberta. Entretanto, ndo trouxeram grandes con- tribuigdes para 0 povoamento, uma vez que resultaram apenas no estabelecimento de algumas feitorias. O nome geogritico do Brasil 6 produto desse periodo; nesse século, deu-se em nosso pais 0 ciclo do pau-brasil, em que se sobressalram intmeras feitorias, notadamente e as que se localizavam no literal pernambucano. Esse estabelecimento dos primeiros colonizadores na faiva costeira é parfeitamente explicvel pelos seguintes falores: a) Inicio das atividades econémicas da cana-de-agicar no litoral e propagagao dos engenhos de acicar. bb) Temor em relago aos indigenas que habitavam o interior (J8s ou Tapuias). ©) Apresenga de uma enorme escarpa no Planallo Brasileiro, que se constituia em verdadeira barreira & penetragao do homem no interior, e também a Mata Atlantica, que cobria essas escarpas e gerava mais cficuldadss ainda. d) Escassez de meios de comunicacao entre coldnia @ metrépole, uma vez no interior cerrado. ) Faciidade de comunicagao com a metrépole, pelo Iitoral. De Portugal, chegavam os produtos de que os colonizadores ‘mais necessitavam @ que, no Brasil, ainda inexistiam, como mantimentos @ roupas. ‘A patti de 1 532, oom a eriagdo das capitanias hereditérias e do govemo geral, a ocupacao do itoral ganhou novo imp 0, poi intensiicou-se a vinda de colonos para nosso pais; fo niciada a catequese dos indios que habitavam o litoal e cerca: rias. Dou-se entao 0 aparecimento dos primeiros centros urbanos, bem como a introdugao do negro como escravo @ a prolifera- 0 dos engenhos de aciicar, que deram grande destaque & Bahia ¢ a Pernambuco, onde se desenvolveram. A primeira expedigao colonizadora foi a de Martim Afonso (1532) e os colonos que dela fizeram parte instalaram- se em Séo Vicente (ltoral do Estado de Sao Paulo). No século XVI, deu-se o estabelecimento das primeiras grandes cidades litoraneas, como Sao Vicente, Rio de Janeiro, Olinda, Salvador, ltanhaém, etc. A cidade de Sao Paulo também se desenvolveu paralelamente as demais citadas, mas no planalto. Na zona da Mata Nordestina, todo 0 poveamento girou em torno da economia da cana-de-agiicar, que. oncontrou condicdes plenamente favoraveis ao seu cultivo, como a natureza do solo, a abundancia de rios, 0 clima, etc. A principio, a ocupacao deu-se as margens dos rios Beberibe e Capiberibe, onde se intensificava 0 cultivo da cana-de-aguear. Esses locais, entretanto, foram apenas o ponto de partida para a expansao do povoa- mento, pois, a medida que ganhavam maior extensdo as plantacdes de cana-de-agucar, levavam consigo @ popu- lagdo que nelas trabalhava, tendo se estendido ao longo de todo 0 literal. Os colonizadores dessa 4rea foram os portugueses, africanos (na qualidade de escravos) @ os indigenas (em pequena proporcao). No Recéncavo Baiano, povoamento assemelhou-se a uma continuacao do que se processava na Zona da Mata Nordestina e, quando da instalagao do governo geral em Salvador, ganhou novo impeto. Também a cana-de-agicar fol produto cultivado, ao norte do Recéneavo. Ao sul, era a plantac&o de fumo a mais importante. Como em todas as outras Areas, 0 povoamento {oi feito através do portugués, do negro @ do indio,(este sempre em menor escala). I-A CONQUISTA DO VALE DO SAO FRANCISCO E DO SERTAO DO NORDESTE Simultaneamente & ocupacéo do litoral oriental do Nordeste e do Recéncavo Baiano, dava-se a ocupagao do vale | médio do Sao Francisco e do Sertao Nordestino, com a implantag4o nessas zonas da pecuaria extensiva. Portanto, fo um povoamento tipicamente pastor. Os maiores centros de criagao de gado foram Pernambuco, Recéncavo Baiano eo litoral sergipano. No século XVII, houve duas fontes propulsoras de povoamento: uma delas, partindo de Pernambuco, atingiu 0 sertao cearense; a outra, oriunda do Recéncavo Baiano e do interior sergipano, subiu 0 Rio Séo Francisco € atingiu seu vale rédio, af fundando os *currais" (fazenda de gado). Entretanto, no pararam ai: alcangaram a bacia de Paraiba e estabeleceram-se no Piaui e no Maranhdo. Varios fatores contriburam para a formagao desse povoamento pastoril, tals como 0 préprio relevo, que era por natureza, prédigo em chapadas e planaltos erodidos, onde 0 gado podia movimentar-se livremente; rios de facil trans- posicao pelo proprio gado, bem como a facilidade de ligacao entre as bacias; a vegetagao aberta das caatingas, propi- cia & criagao bovina; a ampla liberdade de movimentos oferecida aos rebanhos, faciltada sobremaneira pela falta de separacdo de terras, uma vez que nao era possivel, naquele tempo, adquirir-se arame para tal fim; 0 emprego do ele- mento indigena na mao-de-obra pecuaria, tendo o mesmo se adaptado perfeitamente a esse tipo de trabalho, devido & sua natureza, que era essencialmente livre e movimentada. ~ Por outro lado, as conseqiéncias da expansdo pastoril também foram numerosas: 0 aparecimento de uma pai- sagem notadamente pastoril; 2 emancipacdo econdmica da area em que se desenvolveu a pecudtia; 0 aparecimento de lum tipo étnico, o sertanejo, resultante do cruzamento do indio com 0 portugués. Quanto ao desenvolvimento das cidades, nada de importante hé a ressalvar; praticamente inexistiu. ECONOMIA COLONIAL DO NORDESTE NO SECULO XVII No planatto centro-meridional, a ocupagao efetivou-se gragas & penetracao dos bandeirantes e entradistas, que objetivaram aprisionar Indios e escravizé-los, pois esses individuos (bandeirantes e entradistas) procediam do sul do Brasil, regiao bastante pobre onde a vida era muito dificil. Como nao dispunham de meios para comprar escravos pren- diam indios e obrigavam-nos a trabalhar para eles. A escravizagao do indio foi a primeira medida tomada pelos bandeirantes, que, apés isso, se langaram a explo- ragao de nova fonte de riquezas: a mineragao do ouro e das pedras preciosas, no planalto de Minas Gerais. Essa regiao foi por eles alcangada através da planicie do Paraiba, apés terem sido ultrapassadas as escarpas da Mantiqueira. Onde passavam, deixavam 0 germe do povoamento. Varias cidades atuais sao originarias desse periodo, como Ouro Preto e ‘Sao Jodo Del Rei. sertao mineiro foi ponto de partida para os planaltos goianos e, apés atingi-los, atravessando o Rio Paranaiba, chegaram a Guiaba, atingindo depois a propria regiao amazénica. Entretanto, no teriam surtido grandes resultados os planos dos bandeirantes, de penetrarem no interior brasileiro, se nao tivessem contado com a ajuda do meio fisico. De fato, 0 relevo nao Ihes trouxe problemas, pois era formado de planaltos e chapades em diregao ao interior, o que facilitava a sua incurséo. Por outro lado, havia os rios de facil navegagao, como o Tieté e o Grande. Ressalta-se, ainda, a presenga de formagées vegetais bastante acessiveis, como os pinhais e 0s cerrados. Como vemos, nao apenas 0 espirito de aventura e o fator econémico impulsionaram os bandeirantes; 0 meio geogratico teve papel influente nesses movimentos. Vale salientar, ainda, que os bandeirantes nao foram os verdadeiros colonizadores, posto que deixavam a regiéo conquistada algum tempo depois de nela terem permanecido, sempre em busca de novas fontes de riquezas. Da colonizagao propriamente dita participaram os portugueses, os paulistas @ os nordestinos, que, em virtude da decadéncia do cultivo da cana-de-agtcar, dirigiram-se para o planalto centro-meridional, ara trabalharem na mineracao, que naquele momento Ihes oferecia maiores vantagens. Ademais, os nordestinos mais pobres viam na mineragao uma atividade bastante acessivel, visto que no Ihes exigia grande quantidade de equipa- mentos, para a sua exploragao. Nos fins do século XVIII, o Brasil j4 deixava transparecer as marcas das conquistas bandeirantes, como a trans- feréncia do nucleo econémico do litoral nordestino (cana-de-agicar) para a regio onde se processava a mineracao, a formagao de um grande centro urbano aastado do litoral, ou seja, o Estado de Minas Gerais, que foi de uma importan- sem par dentro da época, tornando-se centro artistico (literatura e arquitetura) do pais, tendo sido também o berco dos primeiros movimentos a favor da independéncia; houve a verdadeira posse da regio a oeste do meridiano de Tordesilhas, a partir do Planalto Meridional até o Planalto Central. Acrescenta-se a todas essas consequiéncias 0 deslo- camento da capital do Brasil, de Salvador para o Rio de Janeiro, no ano de 1763. IV-ACONQUISTA DA AMAZONIA ‘A regido amaz6nica, na época do descobrimento do Brasil, pertencia juridicamente & coroa espanhola, de acordo com 0 Tratado de Tordesilhas, visto que se concentrava quase toda a ceste do meridiano. Por essa raz4o, no século XVIll, ela ainda era desconhecida dos portugueses, que somente a atingiram por ocasiao da expulsto dos franceses do Maranhdo (1612). A fundacao da cidade de Belém, em 1612, foi o grande passo para a conquista portuguesa. Ai apare- ‘ceram os primeiros nticleos religiosos, qué se ooupavam em catequizar os indigenas e explorar as florestas, coletando ‘as chamadas.’drogas do sertao". “DROGAS DO SERTAO" ‘So os varios produtos vegetals extraidos na Amazénia (cas- tanha-do-para,cacau, canela, guarané, etc.) Outros elementos que se enquadram entre os primeiros colonizadores da Amazénia foram os militares, que for- mavam tropas e fundavam fortes. Alias, quando da expulsdo dos jesuitas do Brasil, a classe militar elevou-se bastante e dessa época datam algumas cidades que foram fundadas em pontos fortiicados. Manaus foi fundada por um militar @ é um exemplo tipico do que acabamos de expor. Entretanto, a verdadeira conquista da Amaz6nia deu-se com a ascensao da borracha no mercado mundial. Na exploracao da borracha foram empregados os nordestinos, que se deslocavam principalmente do Ceard, para a extragao do latex nas seringueiras encontradas somente na floresta Amazénica. A migragao dos nordestinos para essa regido foi bastante intensa, mas, a partir de 1870, entrou em processo de decad&ncia, devido principalmente as infimas condicoes de trabalho oferecidas aos seringueiros e também pela decadéncia econémica da borracha. O periodo de ocupacao da Amazénia foi rico em consequiéncias benéticas para o pais, como as que se seguem: a) Povoamento da Amaz6nia e sua conquista definitiva, b) Conquista do Estado do Acre, que anteriormente fora possessao boliviana. ) Desenvolvimento das cidades de Manaus e Belém. 4d) Expansao da navegacao através do Rio Amazonas até o porto de Manaus. © povoamento do Brasil nos séculos XIX e XX caracteriza-se pela imigragao, tendo ocorrido o estabelecimento de estrangeiros nas zonas rurais do pais. Simultaneamente, verificavam-se movimentos migratérios internos. Os primeiros colonizadores estrangeiros que para ca vieram foram os agorianos, tendo isso ocorrido em 1720, aproxi- madamente. Seguiram-se os suigos-alemaes, em 1818, vindos do Cantao de Friburgo; estabeleceram-se no Filo de Janeiro, fundando a cidade de Nova Friburgo. Os alemaes comecaram a emigrar para o Brasil em 1 824, fixando-se no Rio Grande do Sul, em Sao Paulo, no planalto fluminense, no nordeste de Santa Catarina e no Espirito Santo. No Rio Grande do Sul e em Santa Catarina (vales do Itajai e do Cachoeira), onde se concentrava essa colonizacao, surgiu nova paisagem. A agricultura era pratica- da nos moldes europeus de pequena propriedade e, durante muito tempo, foi a atividade primordial dos alemaes. Mais tarde, apareceram também as pequenas induistrias de laticinios, tecidos, etc. Os italianos passaram a integrar nossa populago a partir de 1871, fixando-se em Sao Paulo, norte do Parana, Santa Catarina e Rio Grande do Sul (nesses dois estados, em menor escala). No referido ano, consti- tuiram a mais importante e ativa corrente imigratoria do pais e foram trabalhar nas fazendas de café, substituindo a mao-de-obra escrava, ‘Apés 0s italianos, vieram os eslavos (poloneses e ucranianos, principalmente), que se dirigiram para o sul do Pais. Ja no século XX, os japoneses passaram a constituir os mais importantes imigrantes, tendo-se estabelecido em diversos pontos do Estado de Sao Paulo, onde foram os responsaveis pela abertura de novas zonas agricolas (Nordeste, Alta Sorocabana, Norte do Parana, etc.) Portugueses 31,7 Mtallanos 30:3 25 gun 8t85 60 95495905 10 16 2% Maygaytd & S5mD TOT Te Enquanto se desenvolvia a colonizagao estrangeira, ocorriam movimentos de migragao interna, que estudaremos com detalhes mais adiante. Conforme veremos, as correntes nacionais de maior intensidade foram as procedentes do Nordeste semi-arido em diregao a AmazOnia, quando esta desfrutava dos excelentes resultados da produgao da bor- racha, que ento se achava em seu apogeu. Muitos elementos nordestinos também se dirigiram para Sao Paulo, Goids e Mato Grosso, onde a garimpagem de diamantes e a lavoura também ofereciam melhores condigdes de sobrevivéncia Quanto ao “pioneirismo’, consistiu na ocupacao das zonas mais abandonadas do oeste paulista e do norte do Parana, principalmente. Nessas reas, onde imperava a mata virgem, abriram-se estradas, derrubaram-se as matas e construiram-se verdadeiras cidades de rapido crescimento demografico, comercial e cultural. As cidades pioneiras s40 notaveis por seu ainadurecimento em tempo recorde. Muitas delas em menos de cinqlenta anos, jé sao auténticas metropoles amadurecidas, Londrina é um exemplo marcante desse tipo de cidade. ‘A partir da década de 40 0 “pioneirismo" consistiu no movimento de ocupagao da Regiao Centro-este. Esta mar- cha para 0 oeste deveu-se a fatores como: disponibilidade de terras, a construcao da estrada de ferro Noroeste do Brasil (Bauru-Corumba), 0s projetos de colonizacao, a construgao de Brasilia e a abertura de varias rodovias (Belém-Brasilia, Brastlia~Acre, etc.) MIGRACAO, de modo geral, é 0 deslocamento de grupos humanos, que deixam suas terras natais em demanda de outras, com 0 intuito de empreender nova vida. Engloba a emigracao e a imigragao. Emigragao é a mudanca vo- luntaria de um pais para outro; é o ato de deixar um pais, para ir estabelecer-se em outro. Imigracao, por outro lado, & 0 ato de entrar num pais estranho, para nele viver. ‘Aquele que deixa um pais, para ir estabelecer-se em outro, 6 emigrante, para o pais de origem; ¢ imigrante, para o pais ao qual se dirige, no qual entra, a fim de nele permanecer definitivamente. No Brasil, 0 primeiro movimento imigratério foi o dos escravos africanos; portanto, foi uma imigragao forgada. ‘Até os fins do século XVI, somente os portugueses entravam no Brasil, mas, logo apés, verificaram-se incursdes de holandeses e franceses, embora ilegalmente. Portanto, os primeiros reais imigrantes do Brasil foram os acorianos, em 1744, num empreendimento do entao rei de Portugal D. Joao V. Esses imigrantes foram, os responsaveis pela fundagao de varias cidades do sul, como, por exemplo, Porto Alegre, bem como no norte, mais precisamente no Maranho. Em 1819, mais de dois mil suigos esta- beleceram-se no Rio de Janeiro e fundaram Nova Friburgo, mas ai n&o permaneceram por muito tempo; a falta de uma orientagéo superior levou-os a se dispersarem por todo 0 Rio de Janeiro, no exercicio das mais variadas atividades. Em 1845, 0 Rio de Janeiro recebeu um grupo de alemaes, que se constituiu entao nos primeiros representantes de uma grande leva de imigrantes de varias procedéncias, que mais tarde para c viriam. Esses primeiros alemaes foram os fundadores de Petropolis e sua estadia no territério brasileiro surtiu excelentes resultados. A imigragao, que até essa época nao tivera grandes impulsos, comegou a processar-se mais intensamente. Esses movimentos podem ser divididos em quatro periodos distintos: Primeiro periodo (1850-71) Teve destaque a imigracao de alemaes, que penetraram no Brasil em numero de 214 327. ‘Segundo periodo (1872-86) Predominaram os imigrantes italianos e eslavos (poloneses e ucranianos), que chegaram ao nosso pais em gru- pos de 36 000, aproximadamente, por ano. Terceiro periodo (1887-1914) Nesse periodo, foram os italianos que entraram em maior numero em nosso pals, ao lado de imigrantes de varias ‘outras nacionalidades (eslavos, japoneses, iberos e sirio-libaneses). Esse periodo marcou 0 apogeu do movimento imi: ‘gratério no Brasil, que chegoy a abrigar 100 000 imigrantes por ano. Quarto periodo (1920 - 34) Nesse periodo, houve grande afluéncia de japoneses ao Brasil, que chegaram a somar 1196349, juntamente com imigrantes de outros paises, em menor escala. Nas titimas décadas, a imigragao para o Brasil foi insignificante. Isso se explica pelas condig6es s6cio-econmi- cas do nosso pais, com grande indice de desemprego e baixos salérios, deixando de ser atraente para os imigrantes, que preferem tentar a sorte nos paises desenvolvidos. Essas mesmas condicbes tém provocado uma situagao inversa, emigracéo de brasileiros, que no passado ‘nunca foi significativa mas, de 1985 até hoje, verificou-se um numero que corresponde a 2% da populagao brasileira. Isso tem acarretado a chamada “fuga de cérebros”, pois estéo saindo de nosso pais pessoas que geral- mente apresentam boa formagao intelectual, consideradas mao-de-obra qualificada, em busca de melhores pers- pectivas econdmicas. ‘As Migragées Internas no Brasil Nao s6 movimentos de imigragao estrangeira ocorreram em nosso pais. Enquanto eles se desenvolviam, aconte- ciam também as migragées internas. Primeiro foram os nordestinos, que sairam de sua regiao, em virtude da decadén- cia da economia canavieira. Eles se dirigiram para 0 centro-sudeste do pais, onde se desenvolvia a mineracao aurifera, Nao apenas os nordestinos se deslocaram para essa regido; 0s paulistas também o fizeram. Todavia, o desenvolvimen-| to da cultura cafeeira, no século XX, atraiu novas migragbes, desta vez para o sudeste, onde a mao-de-obra abundante se fazia necessatia, nas fazendas de café. Para Sao Paulo vieram nordestinos, baianos e mineiros, cujos estados nao desfrutavam, na ocasiao, de boas condigdes econémicas. Seguiu-se a época durea da borracha, na Amazénia. A exploracdo do latex provocou intensa migracéo dos nordestinos para a regio, que era escassamente povoada. Contudo, esse movimento nao se estendeu além de 1910, pois nessa época a cultura da borracha j4 entrava em decadéncia. Era a época do cacau, que se insinuava. De fato. isso ocorreu no inicio do século XX, na Bahia, para onde se dirigiram novas levas de nordestinos. A cultura do algodao, no Estado de Sao Paulo, também atraiu os sertanejos mineiros e baianos. ~ Existe ainda outra forma de migrago que deve ser abordada: o 6xodo rural, que consiste na migracao da popu- ago do campo em diregao as cidades. Na maioria das vezes, esse tipo de migragdo ocorre em face do grande desen- volvimento industrial de algumas cidades, contrastando com as péssimas condicOes de trabalho no campo e epidemias de fome que ai se verificam. As areas subdesenvolvidas, como o Nordeste, por exemplo, sdo sempre afetadas pela fuga de grande parte de seus habitantes, em busca de meios de sobrevivéncia. Sao Paulo 6 uma zona de grande atracao para esses elementos, mas nao é correto pensar-se que Seja 0 Unico ponto para onde se dirigem os nordestinos, pois estes, em sua maioria, néo dispéem de meios para custear a viagem, 0 estabelecimento na nova cidade, etc. Portanto, grande parte dos nordestinos aglomera-se nas regies mais préximas as suas prOprias cidades. (© éxodo rural traz conseqiiéncias funestas para qualquer pais. No Brasil, acarreta 0s seguintes problemas: a) Queda na produgo agréria, em virtude do abandono do campo e falta de maquinaria especializada para a agricultura, b) Surge o problema do desemprego, pois nem todos aqueles que deixam o campo so qualificados para o trabalho nas grandes indistrias. c) Crescimento da populagao urbana superior ao crescimento industrial. 4d) A mao-de-obra abundante nos grandes centros industriais, acarretando baixa no nivel salarial, uma vez que a oferta de mao-de-obra é muito maior que a procura. Portanto, surge o desemprego e com ele pro- blemas de habitagao, alimentagao, etc, e a mendicancia comega a propagar-se. EXODO RURAL A transumancla, embora raramente, também ocorre em certas regides do Brasil, em particular no Sertao Nordestino. No periodo da seca, 0s pequenos proprietarios deixam suas terras (que cultivaram na época das chuvas) e vao para outras regiées, a fim de trabalhar como assalariados. Ao retornarem as chuvas, eles voltam a cultivar suas préprias terras, procedendo desse modo continuadamente. A DIVERSIDADE ETNICA DO BRASIL A populagao brasileira é constituida por variados tipos humanos, representantes de trés etnias distintas: a branca, a indigena e a negra. Tudo nos leva a crer, entretanto, que a raga branca predominard no Brasil, uma vez que no temos recebido imi- grantes negros, desde o século XIX. Ademais, os imigrantes que temos acolhido procedem geralmente da Europa e da Asia. Portanto, a tendéncia natural, mesmo havendo intensa mesti¢agem, a predominancia do elemento branco, 1-Os Brancos: (© elemento branco constitui 55% de nossa populagdo e, em sua maior parte, descende de portugueses, italianos @ espanhéis, em suma, dos atlanto-mediterrdneos, e também dos germanos (alemaes, suigos-alemaes e holandeses). Portanto, o elemento da raga branca que em maior numero se transportou para o Brasil foi o europeu; e, deste, destaca- se 0 portugués. Acostumados a um clima semelhante ao nosso, os portugueses se adaptaram facilmente ao nosso meio e fun- daram o primeiro nucleo de povoagao branca do pais, da qual descendem muitos dos brasileiros atuais. Os portugueses que vieram para ca, apés 0 descobrimento, fixaram-se na orla maritima e, aos poucos, foram se entranhando para o interior, & procura de riquezas e de indios para os trabalhos da terra, A eles devemos a lingua, a religiéo, as tradigdes morais da maioria da populagdo, os principais elementos de nossa arte colonial e as bases de nossas instituigoes. Outro elemento importante da populagdo brasileira & representado pelos italianos, que imigraram para o Brasil, ‘em maior némero, nos fins do século XIX e principio do século XX. A maior concentraga0 de italianos se deu nos Estados do Sul, onde se adaptaram facilmente ao meio, dadas as condigoes geograficas da regiéo e semelhanca de clima com o da peninsula, de onde vieram. ‘Ao lado deste, aparece outro elemento, o espanhol, que para ca veio em familias constituidas nos tempos do Brasil-colénia, através de paises platinos. O maior numero de espanhdis aqui chegou a partir do século passa- do, com a imigracao, havendo, da parte deles, facil adaptagao a nova terra, em virtude da semelhanga de lingua, religido e mentalidade. Nos fins do século XIX e principios do século XX, grande ndmero de alemaes imigrou para o Brasil, fixando-se de preferéncia, nos Estados de Santa Catarina e Rio Grande do Sul e arredores do Rio de Janeiro. Para o Brasil também vieram suigos-alemaes e holandeses, mas em menor nimero. A influéncia dos costumes desses povos 6 notéria no sul do pais, refletindo-se principalmente nos tipos de habitagGes existentes, na alimentagdo, etc. Devem ser mencionados também os imigrantes sirios-libaneses, turcos, etc., procedentes do Oriente Préximo que também exercem sua influéncia em varios pontos do Brasil, no comércio e na alimentacao. Entre outros grupos étni- cos figuram os japoneses, que comegaram a vir para 0 Brasil em 1908. Sua influéncia € maior no Sudeste do pais. ‘M-0s Indigenas Atualmente a populagdo indigena é bastante reduzida, calculando-se 250 000 habitantes (menos de 0,2% da populagao total do pais). No entanto, a Funai (Fundagao Nacional do Indio) mantém-se em contato com ape- nas 200000 desses indios, que se concentram particularmente na Amaz6nia e no norte da regiao centro-oeste. Durante a colonizagao portuguesa, foram reconhecidas duas categorias indigends: os tupis, que habitavam o litoral e as margens dos rios, e os tapuias, que viviam no interior e em algumas praias do Nordeste. Mais tarde, apés inimeros estudos, chegou-se a seguinte classificagao lingiistico-cultural, que alias é a mais ado- tada (na figura apresentamos também os cariris e outros grupos menores). a) tupi-guarani, que habitava, antes, o litoral e hoje aparece ao sul da Amaz6nia e a oeste do Parana; 'b) j@ ou tapuia, que se concentra no Planalto Central; c) nuaruaque, que aparece no centro de Mato Grosso e em larga porgao da Amaz6nia centro-ocidental. d) caraiba, confinado ao norte da Amazénia. LOCALIZACAO DOS GRANDES GRUPOS INDIGENAS Equador ‘Tupis-quaranis Nuaruaques wes (5) | [Ea cons = Caraibas Tropico de Capricérnio [Carats] Grupos menores A contribuigao indigena se reflete na formacao de novos tipos étnicos, os mamelucos e cafuzos, através de cruza- mentos com portugueses e indios e negros, respectivamente. E importante ressaltar também sua influéncia cultural em nosso vocabulario, em alguns costumes e na alimentagao. Os negros foram introduzidos no Brasil na época colonial, por forga de fatores econémicos, tais como o incremen- to das culturas agucareira e cafeeira, bem como da mineracao, que exigiam intensa mao-de-obra. No inicio do governo-geral, levas e levas de escravos negros chegaram & Bahia, Pernambuco e depois ao Rio de Janeiro. Na capitania de Sao Vicente ¢ no extremo norte, que eram as regides mais pobres, rareavam os escravos, devi- do ao elevado preco. A partir do século XVII, 0 trafico de escravos intensificou-se, principalmente apés o descobrimento das j ouro em Minas e, mais tarde, com o surto do café, em Sao Paulo. Os negros procediam de diversas regides da Africa, e os trazidos para o Brasil pertenciam a dois grupos: sudaneses ¢ bantos. Os primeiros, originérios do Sudao, eram geralmente de estatura elevada, possuiam grande forca muscular, sendo aproveitados nos trabalhos bragais, na lavoura, etc. Deste grupo destacam-se os nagés, fortes e valentes. Os congos, também pertencentes a esse grupo, eram empregados nos servicos caseiros. Os sudaneses foram sncaminhados, em regra geral, para a Bahia. idas de PROCEDENCIA DOS NEGROS BRASILEIROS Os bantos, originarios de Angola, eram encaminhados de preferéncia para o Nordeste e para os mercados do Rio te Janeiro, Em 1850, 0 comércio internacional de escravos foi proibido, mas continuava a ser feito clandestinamente. Com a ibolicdo da escravatura, em 1888, o trafico de africanos foi, afinal, paralisado definitivamente. Calcula-se que entraram no Brasil cerca de 12000000 de negros, dos quais muitos permaneceram puros, através fe seus descendentes; outros se cruzaram com os brancos e 0s indios, resultando os mestigos. O niimero de negros no 3rasil tende a reduzir-se cada vez mais, devido ao cruzamento com o branco. Q elemento negro no Brasil acha-se concentrado mais fortemente no Recéncavo Baiano, no sul de Minas, em odo 0 Estado do Rio de Janeiro, zona da Mata Nordestina e zona da Mata Mineira Calcula-se que formam 5,89% da populagao brasileira, tendendo a diminuir essa porcentagem devido a nestigagem, que ver se processando intensamente. IV-AMesticagem O grupo dos mesticos ocupa lugar de destaque entre a populagdo brasileira, pois chega a constituir 38,45% da nesma. Os principais tipos so os mulatos, caboclos (ou mamelucos) ¢ cafuzos. a) Os mulatos sao resultantes do cruzamento de brancos @ negros. Em torno de sua caracteristica prépria gira erta dificuldade, pois a cor da pele pode variar bastante, havendo casos em que a presenga do sangue negro sé é emonstrada pela forma do nariz, qualidade do cabelo ou espessura dos lébios. Os mulatos sao encontrados principal- vente nas regides leste @ nordeste, onde o negro também se concentra em grande quantidade. Os mulatos compreen- em, aproximadamente, 18% da populacao brasileira b) Os caboclos, denominados mamelucos pelos primeiros colonizadores, resultam do cruzamento de brancos com indios. Eram muito comuns nos primeiros tempos, sendo mais raros atualmente. Constituem 14% da populacdo. ‘Apresentam caracteristicas fisicas indigenas. Sao sébrios, fatalistas e vivem mal alimentados. Constituem a popu- lagdo que habita o interior do pais. Aparecem na Amaz6nia, no Sertéo do Nordeste, na regio do Sao Francisco e nos chapadses centrais. (O caboclo da Amazénia pende mais para 0 tipo indio; dedica-se pesca no baixo Amazonas ou é vaqueiro nos ‘campos do Rio Branco. (0 vaqueiro do Nordeste 6 um tipo todo especial com suas roupas de couro, ar melancélico e resisténcia a caatin- ga. Pode transformar-se no *jagungo” ou "cangaceiro” da regiao. ( caboclo da regido do Sao Francisco ou se dedica ao pastoreio ou exerce suas atividades no rio, como condutor de vapores, remeiro ou barranqueiro. ‘O caboclo que habita os sertdes do centro torna-se boiadeiro ou garimpeiro, explorando os cascalhos dos rios. Ha, ainda, o calpira ou capiau mineiro paulista, que trabalha nas fazendas e é remanescente dos bandeirantes. O gaticho do sul deve ser considerado & parte, pois nao é mais um tipo étnico bem definido. Inicialmente, como seus vizinhos dos pampas da Argentina, era mestigo de branco ¢ indio. Dedica-se 0 gaticho @ criagao de gado, sobretudo no Rio Grande do Sul. Usa vestimentas caracteristicas: bom- bachas, lengo vermelho e o "poncho", e tem como bebida principal o chimarro. Passa a vida montado a cavalo, errando pelas campinas; é alegre, forte pela resisténcia; mas esbelto de corpo. ¢) Os cafuzos resultam da fusao de negros com indios. S80 os mais raros dos mesticos. Sua cor é especial (em geral azeitonada); os cabelos variam, podendo ser lisos, mas 0 comum é serem encarapinhados e abundantes. Nao possuem area definida de localizacdo. Estes mesticos recebem outros nomes, como "caborés” no centro- este, “taiocas", ao norte, “curibocas”. Correspondem eles aos zambos dos paises hispano-americano. PERFIL DEMOGRAFICO BRASILEIRO © Brasil se encontra entre os paises mais populosos do mundo. Com uma populagao absoluta de 155 822 500 habitantes (1995). Isso faz da populacao brasileira a quinta maior do mundo e a segunda do continente americano. ‘ie Populacdo absoluta 3 Densidade Demografica (em milhoes de habitantes) (hab./Km?) China 1200 126 india 910 284 Estados Unidos 258 27,7 Indonésia 190 100 Brasil 155 18,2 Russia 149 87 No que diz respeito & densidade demografica, se levarmos em conta a extensa area ocupada pelo territ6rio brasileiro, veremos que ele 6 escassamente povoado, obedecendo a um indice de crescimento de aproximadamente 1,9% ao ano, taxa que caracteriza os paises de transigao demografica. Desta forma, podemos afirmar que o Brasil ¢ um pais populoso e pouco povoado. Observe 0 quadro a seguit (© termo populoso refere-se ao total de habitantes de um lugar, isto 6, a sua populagao absoluta. Evidentemente que o Brasil é um pais populoso, pois apresenta a 5* posicao mundial em populagao absoluta ‘como demonstra o quadro acima. O termo povoado retere-se a populagao relativa de um lugar, isto é, a densidade demografica, que pode ser assim calculada: densidade = —Populagio absoluta iano sti Extensao territorial tab/km? Brasil 6 pouco povoado porque embora apresente grande populagao absoluta, possui uma vasta exten- sao territorial, resultando em baixa densidade demografica. densidade demografica = 155000000 hab = 18,2 hab/km? (Brasil) 8511996 km? © CRESCIMENTO DA POPULAGAO BRASILEIRA Até 0 ano de 1872, data do primeiro recenseamento populacional realizado no Brasil, existem apenas estimativas precdrias sobre o total de populagao no pals. Porém, desta data até 1991, quando foi realizado 0 décimo censo demogratico oficial, a populagao brasileira passou de quase 10 milhdes para pouco menos de 150 milhdes de habi- tantes, um aumento de quinze vezes em menos de 120 anos, Minos do habitants 170 1 1 He WI 1 ze ta a BRASIL: CRESCIMENTO 100 POPULACIONAL * (1872-1995) m 10 f ® ‘1872 wr abs iT Forts: IBGE, Anudos Estatsics do Brae tt cy Mond, 195. Esse crescimento populacional brasileiro apresenta trés fases distintas: a) Primeira fase — de 1872 a1 94 O ritmo relativamente lento do crescimento populacional brasileiro 6 explicado pela combinagao das ele- vadas taxas de natalidade e taxas de mortalidade, principalmente a infantil, devido as precarias condic6es de higiene, alimentagao e assisténcia médico-hospitalar existentes. b) Segunda fase - de 1941 a 1970. No periodo pés-Segunda Guerra Mundial, 0 crescimento populacional brasileiro sofreu grande aceleracao, conhecida por "exploséo demogréfica’, resultante da combinacao entre a redugdo muito lenta da natalidade e queda acentuada da mortalidade. A partir da década de 40, ha uma modificagao na estrutura econémica do Brasil, que deixa de ser um pais unicamente agrario-exportador iniciando a fase urbano-industrial. Essa nova fase provocou a rdpida e acentuada queda das taxas de mortalidade, em fungao do éxodo rural, que resultou no processo de urbanizagéo acompanhado do progresso mundial da medicina, da melhoria das condiges médico-hospitalares e higiénico-sanitarias, do combate as doengas de massa, etc. Entretanto, as taxas de natalidade n&o caem no mesmo ritmo das taxas de mortalidade e, como conse- quéncia, 0 crescimento natural ou vegetativo da populacao brasileira elevou-se significativamente, atingindo o indice de 2,9% (1950-1960). © crescimento da populagao brasileira neste perfodo foi largamente estimulado pelo Estado, devido ao avanco da industrializagéo que requeria mao-de-obra numerosa e barata, garantida pelas elevadas taxas de natalidade do pai 30 20% 2% 20} 15% 2 a BRASIL: EVOLUCAO DA TAXA MEDIA DE CRESCIMENTO ANUAL 1s DA POPULAGAO os| “e209 1500501990 19D TO ETO) 108080 100095" c) Terceira fase — de 1971 até os dias atuais. ‘A partir da década de 70, com a crise do petréleo (1973) e o fim do "Milagre econdmico” brasileiro, provo- cando 0 aumento do desemprego, o Brasil passa a adotar uma politica anti-natalista. O governo incentiva e apoia programas de controle de natalidade executados por entidades ndo-governamentais, como, por exemplo, a Bemfam (Sociedade Brasileira de Bem-Estar da Familia) que atua através da distribuigdo de pilulas anticoncep- cionais e da esterilizagao feminina. O reflexo desta politica antinatalista é a desaceleracao do crescimento natural ou vegetativo em fungéo de uma. diminuigéo acentuada nas taxas de natalidade no Brasil a partir da década de 70. Soma-se a esta politica, 0 processo de urbanizacao da populagdo, a expanso dos meios de comunicagao, 0 alto custo de criag4o dos filhos nos centros Uurbanos e a maior participagao da mulher no mercado de trabalho. Periodo Natalidade Taxa de (% 0) (%0) —_srescimento __ (%0)— (%o) 1872-1890 46,5 30,2 16,3 16 1891-1900 46,0 278 18,2 18 1901-1920 45,0 26,4 18,6 19 1921-1940 44,0 25,3 18,7 1,9 1941-1950 43,5 19,7 23,8 24 1951-1960 44,0 150 230 29 1961-1970 37,7 a4 28,3 28 1971-1980 33,0 81 24,9 25 1981-1990 28.6 79 20,7 2,0 1991-1995 226 66 160 16 Fara 6GE, Anais Enaion oo rast Como resultado do processo de diminuigao do crescimento vegetativo no Brasil, a forma de sua piramide etaria vem sofrendo alterag6es: sua base vem tornando-se mais estreita e a parte superior comeca a se alargar, demonstran- do um aumento na proporgao da populagao adulta e uma diminuigao na proporgao de populacdo jovem. Observe as pirdmides etarias a seguir. ‘OES [PRAM er coe] Soa sae HOMENS fore FL MuLHERes HOMENS once MULHERES fase Sas Sas Sis ba oa Bas sae Sam soaat Bis Bz sant Sant = ‘ead ae toa toate tas Sas ane oat SSeS SS ooo eee tt i GTLET OS estes Gilead mihges de hatantes minoes de habartes RETO a TE A populagao brasileira ndo obedece a uma distribuigao regular. A grande concentragao demogratica (75% da Populacao brasileira) encontra-se numa falxa de até 150 Km de distancia do litoral. Nessa faixa situam-se as Areas me- tropolitanas do Brasil que concentram cerca de 30% do total da populagao do pais. Excegao feita & area metropolitana de Belo Horizonte (MG) que esté mais para o interior do pais. A concentragao populacional no litoral se deve & condigao do Brasil como ex-colénia, levando a criagdo de Cidades nessa faixa, faciitando a comunicacao com a metrépole jé que sua producao estava voltada para a exportagao. ‘Até hoje as principais atividades econémicas do pais se concentram na porao oriental (ltoral), Se observarmos a distribuicao da populagao absoluta e das densidades demograficas, veremos os seguintes contrastes: ~ As regides Nordeste, Sudeste e Sul ocupam pouco mais de um tergo (36%) do terrtério brasileiro e concentram quase 90% da populagao do pais. : + AS regides Centro-oeste Norte que configuram o interior do pais, constituem um imenso vazio demografico, com areas de densidade demogréfica inferior a 1 hab/Km?. Verifique o quadro a seguir: Unidades politicas Populagao absoluta Area (Km?) Densidade demografica (habikm?)| | Sao Paulo 31588000 249000 127.0 2% | Minas Gerais 15743000 588000 26,8 BS | Riode Janeiro 12807000 44000 291.0 | Bahia 11867000 567000 21,0 Rio Grande do Sul 9138000 282000 32,4 2 | Roraima 217000 225000 0.9 ge} Amapa 289000 143000 20 53 Acre 417000 153000 27 28 Tocantins 919000 278000 33 © | Rondénia 1132000 238000 47 | Rio de Janeiro 12807000 44000 21,0 88 | Distrito Federal 1600000 5800 276,0 88 | Sao Paulo 31588000 243000 1270 £2 | - Alagoas 2514000 27000 93.0 7 8 | Pernambuco 7127000 98000 73,0 i i Roraima 217000 225000 09 : g 8 | Amazonas 2103000 1577000 13 i $8 | amapa 289000 289000 2,0 23 | Mato Grosso 2027000 906000 22 j 28 | Acre 417000 417000 a7 } Brasil 147000000 8547000 17,2 i

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