Você está na página 1de 1

Na viso do STF, afigura-se constitucional a determinao, no crime de tortura, de

cumprimento da pena em regime inicial fechado? Faa uma anlise crtica da


jurisprudncia do STF quanto matria.
O delito de tortura, previsto na Lei 9.455/1997, equiparado a hediondo conforme
disposto no artigo 5, XLIII, da Constituio Federal. Em seu artigo 1, 7 da citada lei
consta que: O condenado por crime previsto nesta Lei, salvo a hiptese do 2, iniciar
o cumprimento da pena em regime fechado.
Nesse mesmo sentido, a Lei dos Crimes Hediondos n 8.072/90 dispunha em sua redao
original que o regime para os crimes assim adjetivados seria cumprido integralmente em
regime fechado.
Ao longo dos anos, verificou-se no STF uma postura de abrandamento do rigorismo da
Lei de Crimes Hediondos, ao decidir a inconstitucionalidade do regime integralmente
fechado nos crimes da Lei n 8.072/90 (HC 82.959) e, posteriormente, a
inconstitucionalidade do regime inicialmente fechado nos referidos crimes (HC 111.840)
, sob o fundamento de que tais disposies violariam o princpio da individualizao da
pena e que o regime de cumprimento da pena deveria ser avaliado pelo magistrado
levando-se em conta os dados do caso concreto.
Em que pese estas decises, no tocante ao crime de tortura que conforme j mencionado
modalidade equiparada hediondo o STF decidiu que o regime inicial fechado para este
crime no constitui inconstitucionalidade (HC 123.316).
No se pode olvidar que o contexto de tortura mostra-se imbudo de expressiva carga
negativa, sobretudo histrica e humanitria, o que ensejaria um tratamento legal mais
rigoroso a espcie, contudo entender que o regime inicialmente fechado aos crimes
hediondos seria uma violao do princpio da individualizao da pena, mas que tal
raciocnio no se aplica ao crime de tortura apenas com base em sua gravidade em abstrato
revela uma postura parcial e contraditria da Corte, em que excetuar as previses legais
seria valido apenas em alguns casos, bem como que demonstra que a hediondez no se
relaciona ao expresso em lei, mas sim ao posicionamento e entendimento dos julgadores.

Você também pode gostar