Você está na página 1de 12
Luanna Tomaz de Souza Lorena Santiago Fabeni DINAMICAS DE ATUACAO DO SISTEMA DE JUSTICGA CRIMINAL Da Ficcgado a Realidade COTM RS eR ase Cee een eae Libia Ma EOC ET) Cristina Rego de Oliveira Tea LeU ME rae RSI) UCT hese Tory pt ree Oe Rents Maria Patricia Corréa Ferraira Cotes oR 4 Geese Aiea) CERO ceTtenna aig taint er le Qu Gear eke RSTT EY SRC Rae ene ue uiz Fonseca Moreira une ct TCU ok- riley RR emit) REE) Brito Neto Neto nge do Vale Ricarte da SLC m ry J o Lumen Juris PARTE 3 A Prisdo ENQUANTO SOLUCAO 275 C4rcere e Direitos Humanos (Ou o Creptisculo dos Idolos)! “Um grau certamente elevado de educagdo é atingido, quando 0 homem vai além de conceitos ¢ temores supersticiosos e religiosos, deixando de acreditar em améveis anjinhos e no pecado original [...” (F. Nietzsche) Adrian Barbosa e Silva’ 1. O Monopélio da Gestao Punitiva e 0 Projeto de Mundo Moderno A moderna ciéncia juridica, enquanto técnica de conhecimento radica- da no transnacionalizado paradigma dogmatico (WELZEL, 1974; JHERING, 1946), ¢ forjada a partir do liberalismo clissico e da filosofia politica ilustrada, bases fundacionais do Estado moderno caracterizado pelos processos de racio- nalizagao do poder soberano e pelo gerencialismo burocritico do lupus artificia- lis. Pela propria esséncia programitica e cientifica, as pretensGes deste projeto civilizat6rio evidenciam reacao & descentralizagao politica e legitimacao religio- sa do medievo europeu, bem como a necessidade de controle das arbitrarieda- des do poder real que contemplavam o Estado absolutist Com a publicagao de Discurso do Método (1637), de René Descartes, tem- -se grande marco de consolidagao do racionalismo moderno. © paradigma 1 A pesquisa incorpora resultados parciais da pesquisa de Mestrado (bolsa CAPES) em realizagio no PPGD/UEFPA e diz respeito a intervencao realizada no minicurso Em Busca das Penas Perdidas: Leituras Marginais da Obra de Eugenio Raiil Zaffaroni, nos dias 11 a 13 te marco de 2015, organizado pelo Grupo de Estudos ¢ Pesquisa Direito Penal e Democracia (UFPA). © titulo € inspirado na ‘obra Creptisculo dos Idolos (ow como se filasofa com a martelo), de Friedrich Nietzsche, originalmente publicada em 1888, ¢ incorpora algumas de suas ideias. Mestrando em Diteitos Humanos pelo Programa de Pés-Graduagao em Direito da Universidade Federal do Pars (UFPA). Especialista em Direito Penal e Criminologia pelo Instituto de Criminologia ¢ Politica Criminal (ICPC). Coordenador do Grupo Cabano de Criminologia. Colaborador do Grupo Criminologia y Justicia (CyJ/Espana). Advogado. 277 Adrian Barbosa e Silva cartesiano instrumentaliza o “bom senso” (razéo) e cré no método, elabor: ‘ado, para conhecer todas as coisas e conquistar o saber, c ‘omo instrumento capaz de conduzir o espirito A busca da verdade (DESCARTES, 2011, p. 40). Nao toa, o"cogito — “penso, logo existo” — representaria a primeira lei da filosofia. Porém, € na centralizacao do poder politico que reside a justificagao da soberania do Estado moderno que a partir de entao passa a dispor do “mono- Pélio legitimo da forga”, configurando “| relagdo de dominagdo do homem pelo homem, com base no instrumento da violéncia legitima” na qual o Estado existe “somente sob condigao de que os homens dominados se submetam a autoridade con- tinuamente reivindicada pelos dominadores” (WEBER, 2006, p. 61). E na idealizagao hipotética do contrato que se incorpora a fundamenta- Gio te6rica para a justificagio do direito de punir (ius puniendi). Neste marco, clissica teorizagao explica que a necessidade de defender o depésito do bem comum das usurpagées de particulares, no hipotético contexto bélico do estado de natureza (bellum omnium contra omnes), levou os homens a cederem parcela de suas liberdades a0 soberano para que pudesse defendé-los, implicando que a agregagio de cada liberdade cedida conformaria o direito de punir, sendo tudo © mais abuso e nao direito (BECCARIA, 1973, p. 9) Assim, a criagio dos direitos humanos pelo liberalismo politico advém como forma de imposigio de barreiras intransponiveis (liberdades ptiblicas) as quais o Estado liberal deveria respeitar, mormente falando-se dos interesses de cada cidadao pelos valores sociais (vg. vida, patriménio, liberdade etc.) objetos de tutela do pacto social e que, em tiltima andlise, implicariam obrigagao nega- tiva por parte do terceiro necessario, normatizador e estabilizador de condutas no cotidiano da sociedade civil. Posteriormente, as novas perspectivas de direitos humanos iriam surgir em contextos geopoliticos completamente diversos daquele do medievo e do Estado liberal, como € 0 caso do Estado Providéncia (welfare state), nao mais absenteis- ta, mas intervencionista (com obrigagdes positivas relativas aos direitos sociais), desembocando, atualmente, na conjuntura do capitalismo situado na hegemo- nia da globalizagio neoliberal: o atual espago de reflexo da ciéneia juridica € dos limites, desafios e possibilidades dos direitos humanos. Fato € que, no desenrolar do projeto de Modernidade forjou-se a figura do “novo homem” (homem moderno), pretensamente superior ao medieval, que dominaria racionalmente a técnica, a ciéncia e, consequentemente, a natureza, 278 Ciércere ¢ Direitos Humanos (Ou 0 Creptisculo dos Idolos) e alcancaria, assim, enquanto “tiltimo homem””, o ponto mais avangado de de- senvolvimento da humanidade (orgulhoso de sua cultura e formagao, pensa-se onipotente desde seu saber e agit) (GIACOIA JUNIOR, 2000, p. 32). As figuras do “carcere” e dos “direitos humanos” adquirem capenial levancia neste contexto sobretudo por estarem intrinaicamente Lari a nogio de ius puniendi na dogmética da pena. Isto porguc 0 cércere, a eel de ser valorado em ultima ratio pelo discurso oficial, operacionaliza o poke punitivo estatal com a pretensio de controle da “criminalidade e ee redugao das violéncias. Os direitos humanos esto imbricados iene onto le vista porque, desde a nogao de defesa social’, a gestio do poder punitivo : res- guardada pelo discurso hegeménico dos direitos humanos ainda pautado no modelo contratual e consensual de sociedade. Como hipétese, este ensaio sustenta a desnaturalizagao (em sentido niet- zschiano’) do estatuto hegeménico do carcere (prisdo) Sox direitos ane objetivando desnudar suas vestes de “fdolos da modernidade’ any face do “tilti- mo homem”, legitimantes das violéncias intrinsecas & praxis punitiva. Assim, a prisio (tipo penolégico por exceléncia) adquire protagonismo por instrumentalizar a coago punitiva, tornando-se indubitavel tensionar a reali- dade (empirica) do sistema penal com a construgao (dogmatica) da pena frente Shegow o tempo de cultivar o germe dat mais elewadas 3 “Para o homem, chegow ahora de fixar sew objetivo. Chegow o tempo os espenanga, Seu anda €sfeentemene vn, mus fap ne neon rand ey ee ae ‘tempo em que 0 homem nao conseguir mais arremessar a flecha do sew ardente desejo param : : Saad poker ois as lise se i nao podlerto vibrar” (NIETZSCHE, 2007, p. 15). “O conceito de defesa social tem subjacente wma ideologia cuja fungao & justifiar & eee sgn rte. Comer et etd raionlzaro stoma de control soil en sale eres em patcdar Sel arp ria da ciéncia penal, através da quall se justifica como conhecims d cecal ated omer deter tera politica criminal (em particular a penal) das hipoecas A fa interpretagdes transcendentais e miticas e de té-la recondugido a ema pritica ae eal « socidade se defen do crn (PAVARINI, 2002, p 4950). Para Mare Aneel “O aueo concin de defesa social cobra aqui, é uma politica atv de prevencdo social que entende reg «sca protgendoa i mesmo aodeliguente equ tende ale assur nas condi or ts eyo atmo aapropriado a seu caso individual. Assim entendida, a Defesa Social repousa pois em grande substiuigao da pena retributiva pelo tratamento” (ANCEL, 1961, p- 23). ct etensio € de “auscultar idolos” e qual 5 im Creptisculo dos [doles (1888), Nietzsche esclarece que sua pretensi : : [ a i elaine ee peueno ltr é wna grande declaragio de guerra; e, quanto ao escrutin de dees, desta ver eles no soils da pce, mas os errno, au toeaos com oman cmos es fosse um diapasao” (NIETZSCHE, 2006, p. 8). 0 fil6sofo alemio din onan a “en : est Aqueles que seriam idolos antigos (a moral crista, os quatro grandes erros da filosot a) juanto a ma nee as tendénci oe da modernidade) (SOUZA, 2006, p. 140) 279 Adrian Barbosa e Silva a seus com ssos (fins) toe ee (fins), mormente diante dos indices histéricos di ny cia estrutural, objetiv: em titi A pas oe ee em tltima anilise, indagar o papel do jut | J diante da potencializagao da let le : me izagao da letalidade humana oriunda da tecnologia p i unitiva, 2. Tracos Deslegiti istema gitimantes do Sist eri ee is Penal na Periferia No campo da questéo criminal e afetou as ci- ‘ampo di F ‘sto criminal, o processo de racionalizagao afetou a éncias criminais direcionando as agéncia controle social i ntrole a agéncias de contre s Ss social & gestao e control 0 de do evo «punto delitos de acordo com a programagio burocratica do . Seguindo o estatuto cientifico da civilizaga onal a civilizaga ose penal o projeto de elaborag as or 4o teenolégica direcionad ea jada ao progresso e social, cujos objet sdo ac oe ca jetivos sio a conquista da felicidade individual e o ber 4 comunidade (CARVALHO, 2012, p. 166) ae Ocorre que 2 é istérica oe 3 a experiéncia historica do capital comprova a patente desi: : pe aa pa - gna Tuigdio dos valores integrados ao pacto. Se o contrato determ cercicio e Ali a ee Jo jus busind, a anise deve caminhar na esfera ca real operac : lade das agéncias de controle ° i), final, 2 vole S punitivo® (postestas punic i iendi), afinal, as violé a ae 3 , afinal, a: - cias so constantes estruturais da histéria dos sistema a = ae a ahi repressivos joli denuncia que a histéria das penas (violéncia publica) con capitulo da histéria que produziu maiores danos eos rios ' . i : produziu maiores danos do que os prdprios delitos (violéncia privada), porque mais cruéis, numerosas, prograi tr conscientes € H ais is, ‘osas, : sas, programadas, cor s rganizadas pelas agéncias de controle penal, n io sendo arriscado concluir que 6 Para Zaffaroni, por sister por sistema penal entende-se o conjunto de agéneias que politicas (parlamentos, legislacuras, eat cuinge at 5, lesislacutas, ministérios, partidos poltic et ces pales panei elms, mise tidos poltios, tc), judiciais (jutzes, ministérios a etc), policiais (policia ea a (policia de seguranga, judiciétia, alfandegiria Pe ias (pessoal das prisées, etc.), de comunicagio social isles eh ao de reprodugio ideol6gica (universidades, in le A,el ideoligica (universidades, institutos ke eas a (une os de pesquisa) e internacionais (ONU, OEA, ete.) Sobre o mito da superagio dos conflitos pelo contrato, a ironia: "Sem esta bel a ironia: “Sem estado, no natwral bellum omnium contra omnes, a sociedade ndo pode de modo ale cn mms aed i de odo aw na ese ala rat alm on fa ner Ar se 2 formagdo do estado:por toda parte) 0 impulse do’ ane 7 ves a 5, concenrase em teres miwens de gue ee a aap exis rerun on de guerra das pows, descarrgando-se como que em eg is ht a fe Na ale ls i siemens ct dap blind dl bo es afocdase ninosa do genio broar ass que stra alg $ (NIETZSCHE, 2007, 4. que arjam alguns dias mais quentes" (NIETZSCHE, 2007, p. 49). 280 “9 conjunto das penas cominadas na historia tem produzido ao género humano um. custo de sangue, de vidas e de padecimentos incomparavelmente superior 40 produ- zido pela soma de todos os delitos” (FERRAJOLI, 2011, p- 382). Desde a funcionalidade operacional das agéncias de punitividade, a “sele- vvidade, a reprodudo da violencia, 9 condicionamento de maiones condutas lesivas, jo de poder, a verticalizagao social e a des- a corrupgdo institucional, a concentraca truigdo das relacoes horizontais ou comunitdrias” (ZAFFARONI, 1998, p. 19) nao corresponderiam @ caracteristicas conjunturals, s do poder de todos os sistemas penal. Se por um lado todos os sistemas penais apresentam problemas ineren- tes A sua arquitetura funcional, por outro lado, a problematica nos sistemas penais latino-americanos € potencializada. Em nossa margem as agéncias de punitividade “operam com nivel tdo alto de violéncia que causam mais mortes que a totalidade de homicidios dolosos entre desconhecidos cometidos por particulares” (ZAFFARONI, 1998, p- 17), atuando sob o signo da morte, 0 “genocidio em ato” se mostra natural 4 mecnica dos sistemas penais marginais. No marco da Relatoria sobre Direitos das Pessoas Privadas de Liberdade, a Comissao Interamericana de Direitos Humanos elaborou 0 Informe sobre los Derechos Humanos de las Personas Privadas de Libertad en las Américas (CIDH, 2011) e, reconhecendo a violago sistemética de direitos humanos na regio, «: a superpopulagio carceratia; as deficien- de servigos bisicos; 0s altos indices de das autoridades; 0 emprego de tortura de forga pelos agentes de seguranga a auséncia de medidas de endo estruturals do exercicio destacou como problemas estruturais tes condigdes de reclusdo ¢ proviso violencia carcerdtia e a falta de controle para fins de investigage; 0 uso excessivo dos centros penais; 0 excesso de prisdes preventivass protecdo de grupos vulnerdveis; a falta de programas laborais ¢ educativos; @ cortupgao e a falta de transparéncia na gestdo penitenciéria’. penal brasileiro, retrato da realidade marginal latino-america- O sistema iados do Conselho Nacional de Justiga (2014, p. 4), abarca o ter- na, segundo os di Em sentido semethante, o Instituto Latino-Americano das NasSes ‘Unidas para Prevengio do Delito « Traramento do Delinguente (ILANUD), destaca aqueles que ss © cinco problemas principals dos sistemas penitencidrios da An de politicas integrais (criminokigicas, de 40 0 geren- atuarial esto presentes na penologia atual”” a : minimizagao de garanti: © encarceramento massivo (ANDRADE, 2013, on cialismo e 0 controle : ee icagio da pena, todos ", isto é, implicaram ia habil e efetiva Para a resolugao Protecdo de bens juridicos e prover Pecifico de seus fins. conceber o sistema de Justiga criminal como v de conflitos sociais, reduzir a criminalidade, Segurana a propdsito do direcionamento a Ocorre que ao legitimar a gest’io do 7 poder punitive z ai sociedade centrada em tatica ‘ximinow fice red a ; ha Contengao do criminoso (violencia individual), PressupOs-se a regularidade fenoménica e nao questionou a sua capacidade de pro- Ua sua capacidar a 11 A incorporagéo foucaultiana & penologia lucida como “| insttigdes de controle social (prisdo, manictmnin can, Ah destacada, uma complexa rede politica de (CARVALHO, 2013, p. 138-139), 4s disciplnas que fundaram as grandes Chuo escola, fabrica)integram, na atalidade, de forma wstagao de corpos de getao calulista da vida” Sobre os c ‘A rm ve os impactos da nova penologia, “ Ha, “A nova penologia nao é nem sobr sobre a punigdo e nem sobi veabilitagaio dos individ Trate “viduos. Trata-se da identificagdo ¢ gestaa de g com a racionalidade, ndo de ‘compor ae indi a = ig ed en de gerenciamento, Seu objetivo nao é eliminar o erime mn st sistemica” (FEELEY; SIMON, 1992, p. 45: rganizagdo comunixéria, mas de processos vé-lo tolendvel através de wma coordenagao 13 A ideologia da defesa social (ou “do fim) assumiu predomi Fc sh estuturas: ) prin de ead: o ade a partir das agéncias de controle social sociedade e 0 delinquente é um ele eee © principio de culpabildade: revengdo: a pena possui fun entende a violagio di 10 ideokigico no setor penal a partir dos seguintes princ Estado detém legitimida i icipio do bem ¢ do mal: 0 delito € um dano 4 deltoexpeio deme attude mens criminal Mento negativo, ativo, ial) x sociedade constituida (bem)"; 68es retributvas preventivas ;provével; d) principio da finalidade eal eons crmspnn as i inal interesse social/ delito natural: contetidos pu eet sere! expresso da vontade geral, constituinclo o delito a das (BARATTA, 2002, p42), 7 dla lei penal Wiolago de interesses fundamentais das nagies cvi 286 PEROT © ALOREAEIED. 2 SEN tenHmrRHD We eK ee eY enna enews RRO LEOe duzir violéncias, problematizagao que sera possivel a partir da insergao de elementos da critica dos direitos humanos e do carcere, cujos estatutos foram naturalizados na forma de “combate a criminalidade’, resisténcia bélica na qual a pena é tida como instrumento de salvaguarda da sociedade, 0 que, na verdade, nunca ocorteu. 4. Carcere, Direitos Humanos e 0 “Martelo da Critica” Ao desenvolver 0 conceito de “critica”, na classica entrevista Queste-ce que la Critique? [Critique et Aufkldrung], publicada no Boletim da Société Fran- gaise de Philosophie, Foucault (1990, p. 39) propés que a pratica da erftica deve- ria ser direcionada em forma de reagao & governamentalizagdo — pratica social que sujeita individuos a mecanismos de poder que reclamam verdade -, isto é, deveria funcionar como verdadeiro mecanismo pelo qual o sujeito interroga a verdade sobre seus efeitos de poder e o poder sobre seus discursos de verdade, conformando, em dltima andlise, verdadeira “arte de inservidao voluntaria” (lart de l'inservitude volontaire); uma indocilidade refletida. A convocatéria foucaultiana sobre a rebeliao as formas de poder instituf- das precisa ser revitalizada, sobretudo quando se pensa nas redes de expansio do poder punitivo no século XX1 e no contexto dos sistemas penais latino- -americanos, cuja forga motriz se concentra no genocidio e encarceramento em massa da populacdo marginalizada e socialmente exclufda na légica biopolitica da governamentalidade do capital em paises periféricos. Conformando a “critica” foucaultiana a filosofia nietzschiana, 0 “marte- lo da critica” devera ser entendido de forma diplice: “[...] como marreta, para destrogar os idolos, e como diapasdo, para diagnosticar 0 seu vazio (ou seja, 0 es- tetoscdpio de um ‘médico da cultura’)” (SOUZA, 2006, p. 141). E 0 mérito desta pesquisa se concentra precisamente no esforgo de desconstrucio de idolos, 0 que possibilitaria desnudar o “vazio” presente nas construgdes naturalizadas do “carcere” (ou “da pena”) e dos “direitos humanas” quando compreendidas sob a otica hegeménica, vale dizer, alijada do espaco de saber instituinte da critica. Neste sentido, Pena e Estrutura Social (RUSCHE; KIRCHHEIMER, 2004), Vigiar e Punir (FOUCAULT, 2012) e Carcere e Fabrica (MELOSSI; PAVARINI, 2014) sao obras fundacionais sobre o problema da pena e que possibilitam com- preender a questo carceréria desde 0 ponto de vista critico e da analitica das relagdes sociais de produgdo, dominagao e poder. 287 a ee Para além da defesa social, é a partir delas que se pod s le tire 4 fundamental: a pena como t oe al nao existe; existem sor ae 5 exis mente sistemas ca © praticas penais espectficas e, por sua vez, ey tende a descobrir formas punit : t vas que correspondem ds suas relacé a A s relacaes de producdo” (RUSCHE; KIRCHHEIMER, 2004, p. 17-20). Trata-se da intim: a pena e capital; o ponto de partida da critica deve ser, da legitimidade atribuida as fungGes da pena. ; Punigao + “todo sistema de produgao a telacao entre em suma: a desconstrugio Importance atentar para o fato de que as fungdes prev historicamente o constante esforgo de reinventar um projet fracassado (“isomorfismo reformista”"), porém, 4 tizar a propria legitimagao da a defesa social. Sanchez Rubio (2012, p. 139) aponta que o dispositivo “crime-c: ”, haturalizado e normalizado, gera consequéncias negativas e perversas, a : to de a cultura juridica nao percebé-las. Atenta que nao se trata ad sempre um mal fre ane ea inpostoem favor do condenado (jor ae un) msde problema a necessidade de existéncia da pena (€ necessirio punir?) e refletir sobr = bilidades de mecanismos limitadores da Punigao e alternativas de resol 2 contflitos. Isso se deve porque “[...] os discursos de justificagao (teorias a i invariavelmente, naturalizam as consequéncias perversas e negativas da ope realidade concreta” (CARVALHO, 2013, p. 4), Na penol : entivas estreitam ‘0 historicamente imprescindivel se faz problema- aplicagao do poder punitivo aos individuos face compreender que a pena representa logia classica, a pena se justifi ‘ a § fica a partir de seus fins, no enta: a despeito das “boas intengdes" vnc spenn 40 melhora o individuo, inexistem evidéncias e1 » a experiéncia hist6rica demonstra que a pena quando muito o direciona reincidéncia, bem como, owen mpiricas que apontem que o egresso do sistema penal que que novamente o deixa de fazer pelos efeitos do tarcere (neste sentido, 14 “E se, em pouco mais de um século, o clima de todos os inconvenientes da prisio, ¢ bor em seu lugar. Ela é a detestavel cobviedade se transformon, ndo desapareceu. Conhecem-se crea {ue eriosa, quan no init entretant no ‘vem’ gue solucdo, de que nao se pode abrir mao" (FOUCAULT, 2012, p. 218). 15. Dificil nao recordar i a dar de instigante passagem nietzschiana: “Sempre se quis ‘melhorar’ os homens: sobretudo a isso chamava-se moral. Mas sob a mesma palaora se ad dic nas escondem as tendéncias mais diversas. 9 tipico ‘melhorador’ o sacerdote, nada sabe fee as Peed das ee ‘ n nada quet saber... Chamar a domestic eet aes, : iamar-a domesticagao de um animal sua y 805 ouvidos, quase wma piada” (NIETZSCHE, 2006, p. 49-50). ; 288 Caércere e Direitos Humanos (Ou o Creptisculo dos Idolos) so altamente vilidas as investigagdes internacionalistas, sobre as cifras ocultas, rotulacionismo e labelling approach). A prisdo € interpretada numa perspectiva “essencialista e arcaica sem ques- tionar essa artificialidade convencional e perdendo-se toda possibilidade de critica de seus efeitos diretos e indiretos negativos sobre a dignidade de quem é apenado e sancionado mecanicamente seguindo essa sequéncia” (SANCHEZ RUBIO, 2010, p. 140-141). Em nome dos direitos humanos, a pena funciona como instrumento do social (protecdo de bens juridicos), operando restauragio do di- de estabil reito no momento da reprimenda, mas, sendo dréstica da forma que é, acaba por violar varios outros direitos diversos da liberdade. Eis um nivel de reversibilidade ideol6gica, isto é, mecanizar a partir dos direitos humanos a violagao dos direitos humanos (HINKELAMMERT, 1999). Fundamental notar o retrocesso de uma visdo romdntica que cré no atuar das agéncias do sistema penal na gestéio do poder punitivo para fins de realizagao dos interesses sociais. O enfoque critico dos direitos humanos propde anilise diversa e parte de uma visio trigica, concebendo a trajetéria hist6rica nao de um “bom poder”, mas que, se nao constrangido ao maximo, possui tendéncia & violagao sis- temitica de direitos. No caminho da resisténcia contra-hegemOnica, fundamental que se perceba a tendéncia & condigao de reversibilidade ou inversio ideoldgica do discurso juridico-penal, forjando-se, cada vez mais, politicas criminais alternativas. No fluxo da critica, compreender a tutela do ser humano como cerne de atuagdo parece ser uma radical mudanga nos rumos do sistema penal visto que geralmente os poderes instituidos se voltam contra o sujeito que reclama direi- tos e em razao da maniqueista relagao “amigo-inimigo” o sataniza como inimigo das instituigdes (¢ 0 caso do “descumpridor do contrato” que viola a “ordem publica”). Em nome dos direitos humanos (por sua inversao ideoldgica), os po- deres instituidos do capital e da razdo de estado como cuidador dos interesses mercadolégicos, podem contrariar qualquer instancia critica inclusive se veem a desconhecer a condigao humana e de sujeito, imprescindivel para o reconhe- cimento de todos os direitos (SANCHEZ RUBIO, 2012, p. 150). ‘Assim, a dogmatica deve incorporar as nogoes de sociedade conflitual e pluralismo juridico, no contexto do capitalismo neoliberal, buscando melhor en- tender a realidade operacional do poder punitivo para que possa ampliar a0 individuais e limitar a0 maximo as possibilidades de maximo o rol de garantia manifestacao das agéncias de punitividade. E necessario trabalhar com a “lei do mais fraco” (FERRAJOLI, 2011) ¢ orientar as agéncias de punitividade do sis 289 Adrian Barbosa e Silva tema penal para o respeito do cidadio que vitima (tempo do delito), acusado (tempo do proceso) ou apenado (tempo da execugao). E se as garantias previstas nas normas nio regem-se por si prdprias, os mo- vimentos ¢ organizagées de luta contra as formas de exclusio e discriminagdes sociais, e, portanto, a favor do reconhecimento e tutela efetiva de direitos, ad- quirem res significagao e importancia fundamentais na luta pela reinvengao do direito na busca por alternativas emancipatérias. Ligéo fundamental para uma mudanga radical em tempos de expansao punitiva: que se rompa de uma vez por todas com 0 imaginario que considera o direito penal recurso habil de pro- tegao de direitos humanos ¢ reduzi-lo ao maximo, nao justifica-lo ou legitima-lo e, quic4, aboli-lo, ainda que gradativamente. E assim que a dogmatica penal, na metéfora do dique (ZAFFARONI et al., 2011), recuperaria a sua racionalidade, a partir da contengo das sujas e tur- bulentas aguas do poder punitivo, isto é, sua funcionalidade estaria centrada na intencionalidade redutora do poder punitivo (teleologia redutora) ¢ isto s6 seria possivel com, ademais do rechago & qualquer intencionalidade legitimante no centro nervoso da pena, com a reconstrucao das garantias do mais débil A hipstese seria a da reconstrugao dogmatica do direito penal a partir do direito humanitério restaurando o direito penal liberal desde a libertagao de seus germens autoritdrios (antiliberais) legitimadores do potentia puniendi (vg. defesa social e justificacionismo), isto porque tal como ocorre com a guerra que é limitada pelo direito humanitério ~ v.g Convengao de Genebra (1949) -, 0 poder punitivo deveria ser limitado como ato politico de manifestagao de poder equiparado a guerra através das garantias cidadas (ZAFFARONI, 1993). Segundo Carvalho, necessirio se faz abdicar das tradicionais teorias da pena e compreender o propésito da “violéncia institucional (atuagdo das agén- cias do sistema penal) da violéncia estrutural (simbiose entre estrutura politica ¢ controle social)”, bem como “promover agaes concretas de reducdo de danos cau- sados pelo punitivismo e superagdo da logica carcerdria” (CARVALHO, 2013b, p. 156). Afilia-se, portanto, a hipstese de uma teoria negadora de qualquer justificagao juridica & pena: teoria agndstica da pena. Ora, uma vez verificada a falibilidade das fungées declaradas da pena (pre- vengGes gerais e especiais) desde a tensio com as funcées reais, nao declaradas (difuso da violencia, controle sociopunitivo, etc.), no se pode superar o pro- blema a partir de uma nova teoria positiva, porém “adotando-se uma teoria ne- gativa, é possivel delimitar o horizonte do direito penal sem que seu recorte provoque 290 i 6 e e lhe legitimagao dos elementos do estado de policia proprios do poder punitivo que lhe a legitim . i init” (AFEARON te do etapa" a violéncias do siste 2 Desde a reverberagao das violenci 8 ee destruidor de civilizagao” (NIETZSCHE, 2005, p. 243) — 7 fee mvs destrufdas, o saber dos juristas requer urgente atitude deslegitima se struidas, 0 52 ee ae seeba 0 fracasso do justificacionismo e, adotando perspec agnés ar tize o discurso juridico-penal. maximize a contengo das violéncias e re-e econ Fim sintese, a necessidade de tomada de uma posigao deslesitinat't ©? : ; ‘i ervenga ‘a géncias de a as consequéncias intrinsecas da intervengio das age vista atencio: ; : = ae controle penal seria a funcao do jurista critica que, a parti da dog cK fo S tervencao punitiva eT ja conter as formas de int ee : problematizadora dos direitos humanos & do carcere, nu evitalizar um garantismo numa perspectiva critica Z Jogica de tutela dos selecionados pelo sistema pen: 5. A Titulo de Conclusao ai ‘os do O ensaio pretendeu questionar a naturalizagao corrente dos oo : a te {tica, evidenciar ” : S ” buscando, desde a teoria critica, “ec e” e dos “direitos humanos' piven naan penologia instituida, bem como auferir possibilidades de mudanga dos rumos da bem pave ao itica por parte dos juristas com @ finalidade dltima de atuar co oct a s : penar. uma politica de redugio de danos emergentes do poder de penar. vee iss atualiesd a desconsi- De fato, a dogmatica penal conforme visio contratual e acritica des a i ‘ A el s nas sociedades dera as desigualdades e relagdes de dominagio e poder presentes P nae : lismo neoliberal, constatando-se, logo, a fal seridas no contexto do capita nseridas no contexto do cap : os dade da defesa social, e, consequentement® como a percep¢ao hegemonica d es ” vi ei dos decorren- direitos humanos opera “teversibilidade” violadora de direitos, to es i e problematizaga' ys smo o melhor da pris: i. Por sinal, mesmo o me! ivi oblematizagao da prisao em s tes inclusive da nao pro 6 A é cl ganismo Mos ednceres produz uma série de problemas no omganismo humaine ificagdo dos ossos, diminuigao do apeténeia sexual, lentidao das palpite cardfacas etc.) (GALLO; RUGGIERO, 1989). ke Nio resta sendo entender que o poder punitivo nao resolve co} a : : 6 40 resolve, onfiseae exclu’ qualquer potencial via resolutéria. Ee no resolve) TT a 1 : ftica nao se e da problema- Févcia e dor. Assim, fundamental que a critica nao se furte dat ene : e partir de um a priori: conflitos pois apenas gera aria A esitimadores. Desde antes, dev tizagfio dos institutos legitima : ese pate de ute "Hd snes idolos do que realidades no mundo” (NIETZSCHE, 2006, p. 291 Adrian Barbosa e Silva Referéncias Bibliograficas ABRAMOVAY, Pedro Vieira; BATISTA, Vera Malaguti (Org). Depois do Grande Encarceramento. Rio de Janeiro: ICC/Revan, 2010. ANCEL, Mare. La Nueva Defensa Social (Um movimiento de politica criminal huma- nista). Trad. Francisco Moreda y Delia Daireaux. Buenos Aires: La Ley, 1961. ANDRADE, Vera Regina Pereira de. Horizonte de Projegao do Controle Penal no Capitalismo Globalizado Neoliberal. In: AVILA, Gustavo Noronha de (Org). Fraturas do Sistema Penal. Porto Alegre: Sulina, 2013. ANISTIA INTERNACIONAL. Relatorio Anual 2011. Disponfvel em: htep:// www.amnesty.org/en/region/brazil/report-2011. Acesso em 04, agosto de 2014. ee TA, Alessandro. Criminologia Critica e Critica do Direito Penal: Introdu- ¢d0 & Sociologia do Direito Penal. 38 ed. Rio de Janeiro: ICC/Revan, 2002, BECCARIA, Cesare. Dei Delitti ¢ Delle Pene. Milano: Letteratura Italiana Einaudi, 1973. CARRANZA, Elias (coord.). Carcel y Justicia Penal en América Latina y el Caribe: Cémo implementar el modelo de derechos 3 oblgaciones de las Naiones Unidas. México: Siglo XXIILANUD/Raoul Wallenberg Institute, 2009. CARVALHO, Salo de. Penas e Medidas de Seguranea no Direito Penal Brasileiro (Fundamentos e Aplicagéo Judicial). Sao Paulo: Saraiva, 2013. ———--— Sobre as Possibilidades de uma Penologia Critica: Provocagées criminol6gicas as teorias da pena na era do grande entarceramento. Polis Paique, v. 3, 2013b. CERQUEIRA, Daniel R. C.; MOURA, Rodrigo Leandro. Vidas Perdidas ¢ Racismo no Brasil. Nota Técnica, n. 10. Brasilia: IPEA, 2013. CIRINO DOS SANTOS, Juarez. Direito Penal: Parte geral. 5% ed. Curitiba: Conceito, 2012. CONSELHO NACIONAL DE JUSTICA. Novos Dados sobre Pessoas Presas no Brasil. Brasflia/Distrito Federal: Conselho Nacional de Justiga. Disponivel 292 Céircere ¢ Direitos Humanos (Ou 0 Creptisculo dos Idolos) em: http:/svww.cnj,jus.br/imagesfimprensa/pessoas_presas_no_brasil_final.pdf. Acesso em 03, agosto de 2014. COMISION INTERAMERICANA DE DERECHOS HUMANOS. Informe sobre los Derechos Humanos de las Personas Privadas de Libertad en las Américas. Washington: CIDH, 2011. DESCARTES, René. Discurso do Método. Trad. Joao Cruz Costa. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2011. FEELEY, Malcolm; SIMON, Jonathan. The New Penology: Notes on the emer- ging strategy of corrections and its implications. Criminology, California, v. 30, n. 4, p. 449-474, 1992. FERRAJOLI, Luigi. Diritto e Ragione: Teoria del garantismo penale. 10* ed. Bari: Latterza, 2011. FORUM BRASILEIRO DE SEGURANCA PUBLICA. Anudrio Brasileiro de Seeuranca Priblica. Sao Paulo: Forum Brasileiro de Seguranga Péblica, ano 9, 2015, FOUCAULT, Michel. Em Defesa da Sociedade. Curso no Collége de France (1975-1976). Trad. Maria Ermantina Galvao. Sao Paulo: Martins Fontes, 2005. _____. Nascimento da Biopolitica, Curso dado no Collage de France (1978- 1979). Trad. Eduardo Brandao. $0 Paulo: Martins Fontes, 2008 ___ Qu'est-ce que la Critique? [Critique et Aufklérung]. Bulletin de la Soci- &té Francaise de Philosophie, Paris, v. 82, n. 2, avr-juin, 1990. Vigiar e Punir: Hist6ria da violencia nas prisdes. Trad. Raquel Rama- Thete. 40% ed. Petrépolis: Vozes, 2012. GALLO, Ermanno; RUGGIERO, Vincenzo. Il Carcere Inmateriale (La deten- zione come fabbrica di handicap). Turim: Edizioni Sonda, 1989. GIACOIA JUNIOR, Osvaldo. Nietzsche. Sao Paulo: PUBLIFOLHA, 2000. HUMAN RIGHTS WATCH. Forga Letal: Violéncia Policial e Seguranga Piiblica no Rio de Janeiro e em Sao Paulo. New York: HRW, 2009. 293, Adrian Barbosa e Silva HINKELAMMERT, Franz. La Inversién de los Derechos Humanos: El caso de John Locke. Revista Pasos, San José de Costa Rica, n. 85, set-oct., p. 20-35, 1999, JAKOBS, Giinther. Sobre la Teoria de la Pena. Trad. Manuel Cancio Melia, Bogota: Universidad Externado de Colombia, 1998 JHERING, Rudolf Von. La Dogmatica Juridica. 22 ed. Buenos Aires: Losada, 1946, LIZST, Franz Von. A Idéia do Fim no Direito Penal. Trad. Hiltomar Martins Oliveira. Sao Paulo: Rideel, 2005. MELOSSI, Dario; PAVARINI, Massimo. Carcere e Fabrica: As origens do sistema penitencidrio (séculos XVI-XIX). Trad. Sérgio Lamarao. 2° ed. Rio de Janeiro: ICC/Revan, 2014. NIETZSCHE, Friedrich. Assim Falava Zaratustva. Trad. Silvio Ferreira Leite, Sao Paulo: Centauro, 2007. ______. O Estado Grego. In: __ Excritos. Trad. Pedro Siissekind, __. Cinco Prefécios para Cinco Livros Nao ed. Rio de Janeiro: 7 Letras, 2007. __- Creprisculo dos Idolos ou Como se Filosofa com 0 Martelo. Trad. Paulo ar de Souza. $a0 Paulo: Companhia das Letras, 2006 - Humano, Demasiado Humano: Um livro para espiritos livres. Trad. Paulo César de Souza. Sao Paulo: Companhia das Letras, 2005. PAVARINI, Massimo. Control y Dominacién: Teorias criminoldgicas burguesas proyecto hegeménico. Buenos Aires: Siglo XXI, 2002. RUSCHE, Georg; KIRCHHEIMER, Otto. Punigdo e Estrutura Social. Trad. Gizlene Neder. 2# ed. Rio de Janeiro: ICC/Revan, 2004. SANCHEZ RUBIO, David. Inversién Ideolégica y Derecho Penal Minimo, Decolonial, Intercultural y Antihegeménico. In: BORGES, Paulo César Corréa (Org). Leituras de um Realismo Juridico-Penal Marginal. Homenagem a Alessan- dro Baratta, $0 Paulo: NETPDH; Cultura Académica, 2012. SOUZA, Paulo César de. Posfacio. In: NIETZSCHE, Friedrich Wilhelm. Cre- pusculo dos Idolos ou Como se Filosofa com o Martelo. Trad. Paulo César de Souza. Sao Paulo: Companhia das Letras, 2006. 294 Cércere ¢ Direitos Humanos (Ou 0 Creptisculo dos Idolos) WAISELFISZ, Julio Jacobo. Mapa da Violéncia 2014: Os jovens do Brasil. Rio de Janeiro: FLACSO, 2014. WEBER, Max. Ciéncia e Politica: Duas vocacoes. Trad. Jean Melville. Sao Paulo: Martin Claret, 2006. WELZEL, Hans. A Dogmatica no Direito Penal. Revista de Direito Penal, Sao Paulo, n. 13/14, jan.jun., p. 7-12, 1974, ZAFFARONI, Eugenio Rail. En Busca de las Penas Perdidas: Deslegitimacin y dogmética juridico-penal. 2* Reimpresién. Buenos Aires: Ediar, 1998. La Rinascita del Diritto Penale Liberale o la ‘Croce Rossa’ Giudiziaria. In. GIANFORMAGGIO, Letizia (Org). Le Ragioni del Garantismo: Discutendo com Luigi Ferrajoli. Torino: Giappichelli, 1993. et al. Direito Penal Brasileiro: Teoria Geral do Direito Penal. v. 1. 4% ed. Rio de Janeiro: Revan, 2011. 295

Você também pode gostar