O documento discute o amilenismo, a visão de que não haverá um período de mil anos de paz na terra antes do fim. Apresenta duas vertentes do amilenismo: (1) a clássica, que vê o Reino de Deus como celestial, e (2) a agostiniana, que vê o reinado de Cristo sobre a Igreja na terra. Também aborda a origem histórica, as interpretações das ressurreições em Apocalipse e o apoio bíblico dado a esta visão.
O documento discute o amilenismo, a visão de que não haverá um período de mil anos de paz na terra antes do fim. Apresenta duas vertentes do amilenismo: (1) a clássica, que vê o Reino de Deus como celestial, e (2) a agostiniana, que vê o reinado de Cristo sobre a Igreja na terra. Também aborda a origem histórica, as interpretações das ressurreições em Apocalipse e o apoio bíblico dado a esta visão.
O documento discute o amilenismo, a visão de que não haverá um período de mil anos de paz na terra antes do fim. Apresenta duas vertentes do amilenismo: (1) a clássica, que vê o Reino de Deus como celestial, e (2) a agostiniana, que vê o reinado de Cristo sobre a Igreja na terra. Também aborda a origem histórica, as interpretações das ressurreições em Apocalipse e o apoio bíblico dado a esta visão.
E lanou-o no abismo, e ali o encerrou, e ps selo sobre
ele, para que no mais engane as naes, at que os mil anos se acabem. E depois importa que seja solto por um pouco de tempo Apocalipse 20:3.
Por Pr. Plnio Sousa.
www.santoevangelho.com.br
H dois tipos de amilenismo: (1) O Amilenismo Clssico
que considera o Reino de Deus como sendo o domnio de Deus sobre os santos que esto nos cus, fazendo do Rei- no de Deus um reino celestial o Reino dos Cus (B.B Warfield). (2) O Amilenismo Agostiniano, que tambm o ponto de vista defendido pela Igreja Catlica Romana, con- sidera o cumprimento de todas as promessas do Antigo Testamento com respeito ao Reino, como sendo o reinado de Cristo do trono do Pai sobre a Igreja, que est na terra (Santo Agostinho).
Esses dois pontos de vista so considerados ortodoxos,
pois ainda defendem uma interpretao literal das doutrinas da ressurreio, do juzo, do castigo eterno, e outros temas relativos. O Amilenismo Modernista, no entanto, nega as doutrinas da ressurreio, do juzo, da segunda vinda, do castigo eterno, e outros assuntos relativos. O amilenismo romano produziu o sistema de purgatrio, o limbo, e outras doutrinas no bblicas. A nfase ser apenas no amilenis- mo ortodoxo.
DESCRIO E ORIGEM
O Amilenismo Agostiniano ensina que no haver um mil-
nio de paz e justia na terra antes do fim do mundo. Os amilenistas crem que haver um crescimento contnuo de bem e mal no mundo que culminar na Segunda Vinda de Cristo quando os mortos sero ressuscitados e se proces- sar o ltimo julgamento. Os amilenistas crem que o Rei- no de Deus est presente agora no mundo, enquanto o Cristo vitorioso governa Seu povo atravs de sua Palavra e Esprito. Este conceito de amilenismo recebe o nome agos- tiniano porque foi defendido por Agostinho de Hipona (354 430 d.C.). Inicialmente Agostinho era pr-milenista, mas abandonou esta posio em vista do extremismo e carna- lidade imoderada daqueles que sustentaram o pr- milenismo em sua poca.
Agostinho foi tambm influenciado por Ticnio Ticonius
(370 390) e pelo mtodo de interpretao alegrica de Orgenes (185 253). Durante os primeiros trs sculos a interpretao pr-milenista dominou sobre a Igreja Primiti- va, mas a partir do sculo IV o amilenismo ganhou fora, principalmente porque a Igreja Crist recebeu uma posio favorvel do Imperador Constantino, que deu fim perse- guio da Igreja. A converso de Constantino e o reco- nhecimento poltico do cristianismo foram interpretados como o princpio do reino milenial sobre a terra. No Conclio de feso, em 431, o pr-milenismo foi condenado como superstio. Embora o amilenismo tenha dominado na his- tria da Igreja por treze sculos (do sculo IV a XVII), es- pecialmente porque tinha o respaldo dos Reformadores, o pr-milenismo continuou a existir e a ser defendido por cer- tos grupos de crentes.
Durante o sculo XIX o pr-milenismo atraiu novamente a
ateno. Este interesse foi nutrido pelo violento transtorno das instituies polticas e sociais europeias na poca da Revoluo Francesa. O Amilenismo Agostiniano angariou expresso no seio da Igreja, dominando por treze sculos. Ainda hoje o Amilenismo Agostiniano encontra adeptos em todas as denominaes religiosas.
O Dr. Pentecost (1915 2004) alista sete razes porque o
Amilenismo Agostiniano to popularmente aceito: (1) um sistema inclusivo, que pode abraar todas as esferas de pensamento teolgico: protestante modernista, protes- tante ortodoxo e catlico romano. (2) Com exceo do pr- milenismo, a teoria relativa ao milnio mais antiga; e, por- tanto, tem a proteo ou a cobertura da antiguidade sobre ela. (3) Tem o selo da ortodoxia, porquanto foi o sistema adotado pelos reformadores e chegou a ser o fundamento de muitas declaraes de f. (4) Se conforma com o ecle- siasticismo moderno, que tem acampado na igreja visvel que , para o amilenismo, o centro de todo o programa de Deus. (5) Apresenta um simples sistema escatolgico, com uma s ressurreio, um juzo, e muito pouco programa proftico futuro. (6) Se conforma facilmente com as pressu- posies da chamada teologia do pacto. (7) Atrai a muitos por ser uma interpretao espiritual da Escritura, em vez de ser uma interpretao literal, a qual seria um conceito carnal do milnio.
APOIO DO NOVO TESTAMENTO
Notamos nesta definio que o termo amilenismo infeliz,
pois sugere que os amilenistas no crem em qualquer tipo de milnio. verdade que os amilenistas agostinianos re- jeitam a idia de um reino terreno literal de mil anos que se seguir ao retorno de Cristo, mas tambm verdade que eles crem que o milnio de Apocalipse 20 no exclusi- vamente futuro, mas est em processo de realizao hoje, no literalmente, mas de forma espiritual. Cristo reina hoje na terra, atravs da Igreja, pois os amilenistas crem que o reino de Deus est no seio da Igreja.
Certa vez, tendo sido interrogado pelos fariseus sobre
quando viria o Reino de Deus, Jesus respondeu: "O Reino de Deus no vem de modo visvel, nem se dir: Aqui est ele, ou L est; porque o Reino de Deus est entre vocs Lucas 17:20,21.
Os amilenistas crem que os crentes j reinam com Cristo
no presente, pois Ele nos constituiu reino, sacerdotes para o seu Deus e Pai (Apocalipse 1:6). A Igreja de Cristo sacerdcio real (1 Pedro 2:9), e nessa qualidade reina, expandindo o Reino de Deus no mundo, atravs da pro- clamao das virtudes daquele que vos chamou das tre- vas para a sua maravilhosa luz. Para os Amilenistas Agos- tinianos o Reino de Deus prometido ao povo de Israel, foi transferido para a igreja (Mateus 25:42,43), porque Israel rejeitou o seu Messias. Por causa disso a Igreja agora o novo Israel de Deus (Glatas 6:16).
Os amilenistas crem na expanso do evangelho, porque
acreditam que Apocalipse 20:3 j se cumpriu. Para eles Sa- tans est preso agora. Figueredo citando Agostinho diz que em sua exegese concluiu que Cristo o prendeu na sua 1 vinda, Ele manietou o valente (Mateus 12:26 29), desfez as obras dele (1 Joo 3:8), aniquilou-o na cruz (He- breus 2:14) e triunfou dele na cruz (Colossenses 2:15). Ex- pulsou e julgou o prncipe deste mundo (Joo 12:31; 16:11). Em Lucas 10:17,18 ele lanado terra quando os discpulos pregavam.
Para explicar a ao de Satans na presente era Figueredo
explica que a palavra preso ( ekleisen) usado em Apocalipse 20:3 no significa inativo, mas apenas limi- tado. Sua priso, cremos, relacionada com o impedimen- to de sua ao contra a Igreja (Mateus 18:16 18), ele no pode impedir o avano da Igreja e do Evangelho. Figuere- do prossegue dizendo que esta limitao de Satans ter fim, quando ele for solto novamente, fato que ser conco- mitante com a grande tribulao (Mateus 24:29,30) e com a apostasia (2 Tessalonicenses 2:8). Depois o Senhor desce- r do cu e destruir o Anticristo. Ento se seguiro o no- vo cu e a nova terra, onde os salvos reinaro, no apenas por mil anos, mas para sempre. (cf. NOTA)
O Dr. Russel Shedd informa que Agostinho interpre-
tou a priso de Satans maneira da Escatologia Re- alizada de Dodd. Shedd diz que para Agostinho, Mar- cos 3:27 continha a chave da compreenso certa do milnio, explicou este verso assim: ningum poder entrar na casa do poderoso e tomar os seus bens sem primeiramente amarr-lo. O homem forte era Satans. Seus bens so os cristos (antes da converso) que estavam sob o seu domnio. Cristo o dominou, amar- rando-o e segurando-o durante todo o perodo entre a primeira e a segunda vinda. No fim desta poca Sata- ns ser posto em liberdade para testar a Igreja. Em seguida ser absolutamente dominado, iniciando a era eterna NOTA.
O Amilenismo Agostiniano, portanto, prev o completo do-
mnio do bem sobre o mal, atravs da pregao do evange- lho. medida que o Reino de Deus est sendo expandido na terra, atravs da Igreja, a situao do mundo vai melho- rando.
AS DUAS RESSURREIES
A interpretao que se d as duas ressurreies mencio-
nadas em Apocalipse 20:4 6 direcionam para uma das posies escatolgicas existentes. Aqueles que interpretam as duas ressurreies como sendo ambas corporais, ocor- ridas interpoladamente entre um perodo de mil anos, incli- nam-se para o pr-milenismo. Os que defendem ser a pri- meira ressurreio, uma ressurreio espiritual, e a segun- da uma ressurreio corporal, adotam o amilenismo ou o ps-milenismo.
Os amilenistas, tanto quanto os ps-milenistas, alegam que
as pessoas mencionadas em Apocalipse 20:4 que viveram e reinaram com Cristo durante mil anos passaram por uma ressurreio espiritual, ocorrida no novo nascimento, e ago- ra reinam espiritualmente com Cristo.
Para fundamentar esta interpretao apelam para a exege-
se do texto. Afirmam que o verbo grego (ezsan que significa viver, ter vida verdadeira, ser ativo, abenoado, eterno no reino de Deus) aplica-se tanto a uma ressurreio espiritual, da alma, como a uma ressurreio literal, do corpo. Aqui em Apocalipse 20 o viveram do ver- sculo 4 faz referncia uma ressurreio espiritual, en- quanto que o reviveram () do versculo 5 se refere a uma nica ressurreio corporal, tanto dos salvos quanto dos perdidos.
Para dar amparo interpretao espiritual, citam outras
passagens do Novo Testamento onde o mesmo verbo gre- go utilizado com esse sentido. Em Joo 5:21 usado o verbo grego (zopoiei) significa fazer viver, dar vida) com sentido espiritual. Este mesmo verbo usado em 1 Corntios 15:22,36,45; 2 Corntios 3:6; 1 Pedro 3:18; Ro- manos 4:17. Efsios 2:1 6 tambm d apoio a uma res- surreio espiritual. Mas a passagem de maior expresso, mencionada pelos alegoristas, para comprovar a ocorrncia de uma ressurreio espiritual e outra fsica no mesmo con- texto, encontra-se em Joo 5:25 29 Em verdade, em verdade vos digo, que vem a hora, e j chegou, em que os mortos ouviro a voz do Filho de Deus; e os que ouvirem vivero ( zsousin) ...No vos maravilheis dis- to, porque vem a hora em que todos os que se acham nos tmulos ouviro a sua voz e sairo: os que tiverem feito o bem, para a ressurreio da vida: e os que tiverem pratica- do o mal, para a ressurreio do juzo.
O Dr. Ladd diz que aqui h primeiramente uma res-
surreio espiritual, seguida por uma ressurreio fsi- ca escatolgica. Intrpretes amilenistas argumentam que Apocalipse 20 deveria ser interpretado de forma anloga a Joo 5.
Para o grupo dos que vivem a hora j chegou. Isto deixa
claro que a referncia aos que esto espiritualmente mor- tos e entram na vida ouvindo a voz do Filho de Deus. O ou- tro grupo (todos), so os que se acham nos tmulos, so tanto aqueles que esto espiritualmente mortos, como aqueles que vivem e j tiveram parte na primeira ressurrei- o. Ambos sero trazidos vida, simultaneamente, uns para a ressurreio da vida e outros para a ressurreio do juzo. Desse modo fica claro que o texto est falando de dois tipos de viver: uma ressurreio espiritual no presen- te e uma ressurreio fsica no futuro.
PROFECIAS DO ANTIGO TESTAMENTO
Um dos principais argumentos dos amilenistas para a inter-
pretao das profecias do Antigo Testamento acerca dos ltimos tempos que as profecias do Antigo Testamento acerca da primeira vinda de Jesus cumpriram-se espiritu- almente.
A hermenutica adotada pelos amilenistas, para as profeci-
as, o mtodo alegrico de interpretao. Para os amile- nistas o contedo histrico da Bblia deve ser entendido li- teralmente; o material doutrinrio tambm deve ser inter- pretado desta maneira; a informao moral e espiritual, do mesmo modo, segue este padro, entretanto, o material proftico deve ser interpretado alegoricamente.
Os defensores do amilenismo argumentam que h diversas
profecias, no Antigo Testamento, acerca da primeira vinda de Jesus, que se cumpriram espiritualmente. Como exem- plo, podemos citar uma profecia de Osias onde lemos: Quando Israel era menino, eu o amei; e do Egito chamei o meu filho (Osias 11:1). Esta afirmao histrica que Deus chamou Israel do Egito no xodo foi aplicada espiritual- mente, no Novo Testamento, a Jesus Cristo, em Mateus 2:15.
... para que se cumprisse o que foi dito da parte do Senhor
pelo profeta, que diz: Do Egito chamei o meu Filho. Outro exemplo citado pelos exegetas amilenistas a profe- cia de Isaas 53:5,6. Em seu contexto, no Antigo Testamen- to, esta passagem no uma profecia do Messias, mas sim um servo annimo, pois o servo sofredor nunca cha- mado de Messias. Muitas passagens identificam o servo sofredor com o prprio povo de Israel (Isaas 45:3; 49:3 5; 52:13). Entretanto os escritores do Novo Testamento apli- caram o texto de Isaas 53: 5 - 6 a Jesus Cristo (Mateus 8:17; Atos 8:30 35). Portanto luz do Novo Testamento o servo sofredor ao mesmo tempo Israel e o seu Messias. Nota-se o princpio da interpretao espiritual aplicvel ao texto.
Vemos este mesmo princpio aplicado Igreja (Osias
1:9,10; 2:23 em Romanos 9:25,26; Jeremias 31:33,34 em Hebreus 8:8 12) como tambm em relao a Joo Batista (Malaquias 3:1; 4:5 em Mateus 11:13,14; 17:11,12). Assim, dentro da perspectiva amilenista o que une o Antigo e o Novo Testamento a unidade do pacto da graa. Os ami- lenistas no crem que a histria deve ser dividida em uma srie de dispensaes distintas e discrepantes, mas veem um nico pacto da graa que percorre toda a histria. Este pacto da graa ainda est em efeito hoje, e culminar na convivncia eterna de Deus e seu povo redimido na nova terra.
O Dr. J. Dwight Pentecost, em sua obra Eventos do
Porvir explica as implicaes da teologia do pacto Considera todo o programa de Deus como um pro- grama redentor de maneira que todas as eras so va- riaes na revelao progressiva do pacto da reden- o. No que se refere escatologia, considera que to- dos os santos de todas as eras so membros da Igre- ja. Isto perde de vista todas as distines que h entre o programa que Deus tem para Israel e que tem para a Igreja, e requer a negao do ensino da Escritura de que a Igreja um mistrio, no revelado at a era pre- sente. Vejamos ainda mais dois exemplos de passagens profti- cas do Antigo Testamento, que so interpretadas como sendo a descrio do reino milenial. O amilenista Anthony A. Hoekema d a sua interpretao. A primeira est em Isaas 11:6 9 onde lemos que o lobo habitar com o cor- deiro, e o leopardo se deitar junto ao cabrito Hoekema argumenta que no fim dos tempos haver uma nova terra (por exemplo, Isaas 65:17; 66:22; Apocalipse 21:1). Por que no podemos entender os detalhes que encontramos nestes versos como descries da vida na nova terra? Por que temos de pensar nestas palavras como se tivessem aplicao apenas a um perodo de mil anos precedendo a nova terra?.
A outra passagem que Hoekema faz referncia Isaas
65:17 25. Ele argumenta que o verso 18 chama o leitor a exultar perpetuamente no apenas por mil anos nos no- vos cus e nova terra que acabaram de ser descritos. Isa- as no est falando aqui de uma novidade para durar ape- nas mil anos, mas uma novidade eterna.
AMILENISMO CLSSICO DESCRIO
Contrariando o amilenismo agostiniano, o amilenismo cls-
sico no defende um futuro to otimista para a humanida- de. Para eles a presente era vai piorando cada vez mais at a Segunda Vinda de Cristo, o qual vir para dar fim a apostasia. Isto acontece porque este tipo de amilenismo ensina que o milnio mencionado em Apocalipse 20 dis- tinto da era da Igreja, mesmo que preceda ao Segundo Ad- vento. Esta posio parece ter surgido, como uma tendn- cia alternativa, em substituio ao Amilenismo Agostiniano, para explicar a realidade de que o mundo no vai melhorar, mesmo diante da pregao do evangelho. Pelo contrrio, perpetua-se a incredulidade, o pecado e a rejeio de Cris- to. Desse modo os amilenistas clssicos asseveram que o mi- lnio no tanto um perodo de tempo, mas sim de um es- tado de bem-aventurana dos santos nos cus. Pentecost citando mais uma vez o pr-milenista John F. Walvoord (1910 2002), que por sua vez cita o amilenista B.B. War- field (1851 1921) escreve, com a reconhecida ajuda de Theodor Kliefoth (1810 1895), define o milnio com estas palavras:
A viso, em poucas palavras, uma viso da paz da-
queles que esto mortos no Senhor, e Sua mensagem para ns est incorporada nas palavras de Apocalipse 14:13: Bem-aventurados de agora em diante os que morrem no Senhor, passagem da qual a era presente em verdade somente uma aplicao. O quadro que se nos apresenta aqui , enfim, o quadro do estado in- termedirio dos santos de Deus reunidos no cu, lon- ge do rudo confuso e das vestes banhadas em san- gue que simbolizam a guerra sobre a terra, para que eles possam aguardar com segurana o fim.
Para os amilenistas clssicos o Reino de Deus o Reino
dos Cus, e este foi inaugurado na 1 vinda de Jesus Se, porm, eu expulso os demnios pelo dedo de Deus, certa- mente chegado o reino de Deus sobre vs. (Lucas 11:20). Outro versculo usado para defender o amilenismo encontra-se naquela passagem quando Jesus enviou seus discpulos para pregarem o Reino de Deus aos seus com- patriotas judeus, anunciai-lhes: a vs outros est prximo o reino de Deus. (Lucas 10:9). Desse modo, o reino pro- metido a Israel foi transferido para a Igreja (Mateus 21:43).
Cristo reina nos cus agora. Enquanto Ele reina, o evange-
lho ser pregado na terra, at que seja divulgado a todas as naes (Mateus 24:14). O evangelho, porm, ser rejei- tado, pois os homens no suportaro a s doutrina (2 Ti- mteos 4:3), a iniquidade se multiplicar e os crentes se esfriaro E, por multiplicar a iniquidade, o amor se esfriar de quase todos. (Mateus 24:12). Nos ltimos tempos so- breviro tempos difceis (2 Timteo 3:1), e por isso, surgi- ro doutrinas de demnios, para as quais alguns apostata- ro da f (1 Timteo 4:1). Nesse estado catico Jesus vol- tar quando vier o Filho do Homem, achar porventura f na terra? (Lucas 18:8). Em sua segunda vinda julgar os povos, separar o trigo do joio, e criar os novos cus e a nova terra. nesta nova terra que o reino dos cus ser implantado.
INTERPRETAO DE APOCALIPSE.
O sistema de interpretao do livro de Apocalipse o
mesmo adotado pelo ps-milenismo, conhecido como para- lelismo progressivo, que foi defendido por William Hen- driksen (1900 1982), em seu livro: More Than Conque- rors (Mais do que vencedores: uma interpretao do livro do Apocalipse). Este mtodo de interpretao divide o livro de apocalipse em sees, geralmente sete, cada uma das quais recapitula os eventos do mesmo perodo ao invs de descrever os eventos de perodos sucessivos. Cada uma delas trata da mesma era o perodo entre a primeira e a segunda vinda de Cristo retomando temas anteriores, elaborando-os e desenvolvendo-os ainda mais. Apocalipse 20, portanto, no fala de eventos muitos removidos para o futuro, e o significado dos mil anos deve ser achado nal- gum fato passado e/ou presente.
Anthony Andrew Hoekema (1913 1988) utilizando-se do
paralelismo progressivo interpreta Apocalipse como segue: A primeira destas sees est nos captulos 1 a 3. (...) Con- forme lemos estas cartas (dirigidas s sete igrejas) somos impressionados por duas coisas. Primeiramente, h refe- rncia a eventos, pessoas e lugares da poca em que o li- vro de Apocalipse foi escrito. Em segundo lugar, os princ- pios, recomendaes e avisos contidos nestas cartas va- lem para a igreja de todos os tempos. A segunda destas sees a viso dos sete selos que se encontra nos captulos 4 a 7. (...) Nesta viso vemos a igre- ja sofrendo provas e perseguies sobre o pano de fundo da vitria de Cristo.
A terceira seo, nos captulos 8 a 11, descreve as sete
trombetas de julgamento. Nessa viso vemos a igreja vin- gada, protegida e vitoriosa.
A quarta seo, captulos 12 a 14, comea com a viso da
mulher dando luz um filho enquanto o drago espera para devor-lo logo que ele nasa uma referncia bvia ao nascimento de Cristo.
A quinta seo encontra-se nos captulos 15 e 16. Descre-
vem as sete taas da ira, representando desta forma de maneira bem vvida a visitao final da ira de Deus sobre os que permanecem impenitentes.
A sexta seo, captulos 17 a 19, descreve a queda da Ba-
bilnia e das bestas. Babilnia representa a cidade do mundo as foras do secularismo e impiedade que se opem ao reino de Deus.
A stima seo, narra o fim do drago, descreve o juzo, o
triunfo final de Cristo e Sua igreja e o universo restaurado, chamado aqui de os novos cus e nova terra. Observe que apesar destas sees serem paralelas entre si, revelam tambm um certo grau de progresso escatolgica. A lti- ma seo, por exemplo, leva-nos mais alm para o futuro que as outras. Apesar do juzo final j ter sido anunciado em (1:7), e brevemente descrito em (6:12 17), no apresentado detalhadamente seno quando chegamos a (20:11 15). Apesar do gozo final dos redimidos j ter sido insinuado em (7:15 17), no encontramos uma descrio detalhada e elaborada da bno da vida na nova terra se- no quando chegamos ao captulo 21 (21:1; 22:5). Por esta razo, este mtodo de interpretao chamado paralelis- mo progressivo.
CONCLUSO
Acredito ser essa a posio escatolgica menos complica-
da, Esse texto fez a exposio resumida da posio amile- nista, para a maioria dos cristos que sequer tem uma po- sio escatolgica bem definida acerca do futuro da igreja, segue a explicao da escatologia, infelizmente no h ex- posio acerca desse assunto atualmente, espero ter aju- dado a esclarecer a esse assunto de difcil compreenso por muitos cristos. O presente estudo no tem a preten- so de esgotar o assunto, pois quando se trata de profecias no h ningum neste mundo com autoridade vinda de Deus, para explicar, sem margens de erros, os aconteci- mentos futuros. A profecia est selada. verdade que O Senhor Deus no far coisa alguma, sem primeiro revelar o seu segredo aos seus servos, os profetas (Ams 3:7; cf. Gnesis 18:17). Tambm verdade que as coisas revela- das pertencem a ns e a nossos filhos para sempre... (Deuteronmio 29:29b). Porm ... as coisas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus... (Deuteronmio 29:29a), e No nos compete conhecer os tempos ou po- cas que o Pai reservou para a sua exclusiva autoridade (Atos 1:7). Devemos nos lembrar das palavras de Jesus: ... a respeito daquele dia e hora ningum sabe, nem os an- jos dos cus, nem o Filho, seno somente o Pai (Mateus 24:36).
Com estas coisas em mente, devemos percorrer o caminho
das profecias com muito cuidado e humildade. Porm, no devemos nos desanimar, acreditando, como afirmam al- guns, que impossvel conhecermos os tempos e pocas profetizadas. claro que no ousaramos descrever os de- talhes das profecias, pois estes a Deus pertencem, mas a ns foi dado o privilgio e tambm o dever de estud-las ... para que cumpramos todas as palavras desta lei (Deute- ronmio 29:29).
Portanto ao nos dirigirmos s profecias, como crentes,
nosso dever decidir qual sistema hermenutico que vamos adotar, se amilenismo, ps-milenismo ou pr-milenismo. Entretanto no devemos faz-lo com arrogncia, achando que somos infalveis. Deus s revela seus segredos que- les que se humilham perante Ele (1 Pedro 5:5).
Quando fizermos nossas escolhas no devemos desprezar
nossos irmos em Cristo que adotam sistemas diferentes. Portanto cabe aqui o velho, mas bem apropriado axioma (provrbio) cristo:
Unidade no essencial, tolerncia no secundrio, e
amor em tudo!.
No devemos contender com nossos irmos de opinies
diferentes, sobre questes que s a Deus compete decidir. Podemos presumir, mas no somos infalveis. E esperemos pela volta de nosso Senhor Jesus Cristo pa- ra reinarmos com Ele eternamente Amm.