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INTRODUÇÃO MACROECONOMIA

Introdução

A macroeconomia estuda o comportamento agregado da economia e, por isso, seu foco


recai sobre a análise das conseqüências globais de ações individuais dos agentes
econômicos em sua interação com o mercado. Embora se fundamente na
microeconomia e que, por isso, deva mostrar consistência entre o desempenho macro e
o comportamento micro, nem sempre a macroeconomia é uma mera soma dos
resultados individuais. A forma como é feita esta agregação é um dos pontos mais
controvertidos dentro da macroeconomia.
Nas análises macroeconômicas, os economistas procuram compreender e projetar as
tendências gerais da economia. Para isso é fundamental dispor de dados agregados
precisos e estabelecer corretamente as relações entre as variáveis macro. Assim, a
compreensão adequada das contas nacionais representa o ponto de partida da moderna
análise macroeconômica. Boa parte dos modelos macroeconômicos são construídos a
partir destes dados e através de uma correta definição das relações funcionais e do
comportamento dos agentes[1].
Atualmente, compreender as interações existentes entre as variáveis e as políticas
econômicas supõe que se integrem três aspectos fundamentais do mundo
contemporâneo. Primeiro, a determinação das variáveis econômicas é cada vez mais
feita pelo mercado, tendo, o Estado, um papel cada vez mais reduzido. Neste quadro,
duas grandes correntes de pensamento constituem uma referência para a análise
econômica: a liberal e a keynesiana (vem surgindo outra, chamada de “a terceira via”).
As principais controvérsias destas correntes referem-se à natureza do equilíbrio
econômico, o papel da moeda na economia e do tipo de intervenção do Estado.
Segundo, a economia é cada vez mais financeira e as mudanças ocorridas nestes
mercados se transmitem sobre os demais mercados. Terceiro, com a desregulamentação
do mercado de capitais e com o avanço das novas tecnologias da informação, o mercado
financeiro tornou-se um fenômeno mundial e está criando fortes interdependências entre
os países. Isto coloca em evidência os sistemas econômicos vulneráveis, forçando-os à
uma adaptação.
Neste contexto, algumas questões essenciais devem ser analisadas: a) quais são as
fontes de crescimento das economias modernas? b) qual é a influência da esfera
financeira nas economias contemporâneas? c) qual a explicação para o crescimento e a
persistência de altas taxas de desemprego na maioria dos países?
Este curso não pretende dar respostas definitivas a estas questões mas suscitar o
interesse, provocar o debate e proporcionar aos alunos uma capacidade de análise das
questões macroeconômica atuais. Para isso, estudaremos os mecanismos econômicos
para saber: observar de forma crítica a realidade; fazer hipóteses quanto aos
comportamentos dos agentes; seguir e explicar os encadeamentos de efeitos devido a
uma mudança na economia; e interpretar o significado destes efeitos para as principais
variáveis econômicas.
Capítulo I - Conceitos, medidas e relações econômicas: contabilidade nacional
1 - Introdução

Para bem observar e analisar os fenômenos econômicos deve-se: a) saber o significado


dos termos e das variáveis utilizadas; b) definir com precisão seus valores; e c)
estabelecer relações funcionais e causais coerentes entre elas. A contabilidade social
preenche os dois primeiros requisitos. O terceiro decorre da teoria, da experiência, dos
modelos e da capacidade de quem analisa.
A contabilidade nacional retrata todas as operações efetuadas pelos agentes econômicos
em um determinado período de tempo (um ano). Diante da complexidade do mundo
real, ela se propõe a fazer agrupamentos de agentes e de operações permitindo o
estabelecimento de uma visão sintética e coerente. As contas nacionais, elaboradas pelo
IBGE, são publicadas anualmente e estão disponíveis na Internet.
Para estudar apenas o essencial, definiremos, primeiramente, os diferentes tipos de
relações econômicas, o que nos permitirá, a seguir, precisar o modo como são
registradas as operações e, por fim, apreciar alguns elementos da situação atual da
economia brasileira.
2 - Relações econômicas
2.1 - Os agentes econômicos
Em uma economia aberta, normalmente são distinguidos quatro categorias de agentes:
a) as empresas, as quais produzem, investem e contratam fatores de produção; b) as
famílias, que são proprietárias dos fatores de produção e consomem bens e serviços; e c)
o governo, que adquire bens e serviços, faz transferências, arrecada impostos e gerencia
a política econômica; e d) o resto do mundo ou exterior, que compra e vende bens e
serviços para o Brasil, efetua e recebe transferências, etc.
2.2 - O fluxo circular da renda na economia
A representação da realidade econômica dada pela contabilidade nacional é a de um
círculo. A igualdade contábil entre recursos e usos na economia é vista como um fluxo
circular. Este fluxo circular pode ser esquematizado da seguinte forma:
Estágio 1: as empresas fabricam a produção (Q) e distribuem a renda aos fatores de
produção (Y).
Estágio 2: o setor público cobra impostos sobre a renda (td) e efetua transferências às
famílias (tr). A diferença entre a renda total, subtraída pelos impostos e acrescida pelas
transferências, é renda disponível (Yd=Y-td+tr) das famílias.
Estágio 3: as famílias vão destinar parte de sua Yd para consumo (C) e a restante é
poupada (S), ou seja, depositada em instituições financeiras, as quais vão financiar parte
do investimento (I). Neste estágio o dispêndio global é C+I.
Estágio 4: o setor público utiliza as receitas fiscais para efetuar os seus gastos (G).
Neste estágio o dispêndio global é C+I+G.
Estágio 5: uma parte da despesa concerne a produtos importados e, com isso, uma parte
da renda sai do país para pagar as importações (-M). Por outro lado, uma certa quantia
de renda entra no país devido à venda de produtos domésticos para compradores
externos (+E).
[1] A existência de relações funcionais entre variáveis econômicas possibilita que os
economistas recorram à construção de modelos econômicos. Trata-se de representações
formais de fenômenos através de um sistema coerente de relações matemáticas,
descrevendo de forma esquemática as ligações que existem entre as variáveis
econômicas. Muitos economistas criticam o uso de modelos para fazer projeções futuras
porque isto pressupõe a existência de relações constantes entre os fenômenos
econômicos. O problema, dizem eles, é que os seres humanos fazem experiências,
possuem memória e aprendem com a história e, em função disso, eles podem alterar
seus comportamentos.

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