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Introdução

A forma como você pensa e interpreta o mundo ao seu redor não é,


absolutamente, individual. Ela é a resultante de inúmeras influências que
pesam sobre você, e que foram se acumulando com o passar dos anos. Assim
cada indivíduo é capaz de fazer interpretações distintas do mesmo objeto,
porque as ferramentas que ele utiliza para interpretar são partes do que ele é.
Talvez fosse mais apropriado dizer que ele interpreta com tudo o que é.
Porém, é possível “uniformizar”, ou adotar como padrão um
determinado método de interpretação. É possível aprender procedimentos que
devem ser observados ao por em análise um texto. Todo esse trabalho se
desenvolve sob a tese de que essa uniformização do procedimento
interpretativo é possível e efetivamente se dá, razão pela qual tentaremos
buscar identificar qual seja tal procedimento na figura marcante de João
Calvino.
Como João Calvino (1509-1564), o reformador francês, é um dos
mais influentes pensadores de nossa herança teológica; e toda teologia é
simultaneamente mãe e filha da Hermenêutica (mãe, porque o que cremos
exerce influência em como interpretamos; filha, porque aquilo que
interpretamos fortalece e fundamenta o que cremos), creio ser de todo
apropriado, empreendermos uma pesquisa sobre a Hermenêutica de Calvino.
Este será o objetivo da presente monografia, conhecer melhor como
o Reformador de Genebra interpretava, e o porquê deste agir hermenêutico.
Estou consciente que este objetivo não será desenvolvido com a abrangência
necessária na presente obra, mas fica a proposta e o desafio de conhecermos
melhor o homem e sua hermenêutica, posto que, sem dúvida, o estudo da
interpretação realizada no passado, abre uma porta para o conhecimento do
indivíduo já distante no presente.

I. O Legado Hermenêutico Recebido por Calvino


Como afirmamos desde o início, a maneira como interpretamos o
mundo ao nosso redor e, por conseguinte, os textos que nos chegam às mãos,
e a Bíblia não está fora deste conjunto, é determinada por aquilo que somos, e
o que somos é esta interminável síntese de distintas influências, que
coabitando no nosso interior geram nossa individualidade. Destacaremos em
seguida três momentos da história da Hermenêutica que chegaram a Calvino e
o influenciaram quer positiva, quer negativamente, apresentando a ele ora um
caminho por onde seguir, ora assinalando veredas a serem evitadas.

OS Pais Alexandrinos
A história da hermenêutica bíblica cristã começa com o trabalho dos
Pais Alexandrinos. Queremos nos deter um pouco sobre o trabalho deles já
que este foi por demais influente na hermenêutica do período medieval, contra
o qual Calvino trabalhou sistematicamente.
Os principais representantes da Escola de Alexandria são Clemente
de Alexandria (150 – 215) e Orígenes (185 – 253)1, sob influencia clara e direta
da filosofia platônica que os conduzia a ver nos textos, como de resto em tudo
o mais, uma mera representação de algo muito mais elevado a ser buscado e
descoberto. O que em interpretação bíblica conduzia à busca de um significado
oculto e mais elevado do texto, afastando-os do sentido literal e imediato da

1
Lopes, Augustus Nicodemus. Hermenêutica. Apostila, p. 6.
5
passagem, o qual acabava sendo considerado o sentido mais pobre da
passagem.

1.1 Os Pais Antioquinos


A Escola de Antioquia da Síria, fundada por Luciano de Samosata
em oposição ao método alegórico alexandrino, é o que poderíamos chamar da
pré-história do método histórico-gramatical. Seus principais representantes
foram Deodoro de Tarso (m.390), Teodoro de Mopsuestia (m.429) e João
Crisóstomo (m.407).
As principais características da Escola de Antioquia eram a
valorização do sentido literal do texto, a busca da intenção do autor ao escrever
o texto e tentativa de reconstituir a compreensão dos destinatários originais da
carta ou escrito.
Aparentemente a razão da pequena influência da Escola de
Alexandria sobre a teologia medieval, deu-se ao envolvimento de expressivas
figuras da escola com o pelagianismo e o nestorianismo. Mas as repercussões
na teologia medieval não foram nulas, pelo contrário, o que de melhor se
produziu na Idade Média tinha as marcas de Antioquia, como por exemplo a
obra de Jerônimo e de Agostinho, os quais estão historicamente muito
próximos dos Pais Antioquinos.

1.2 A Alegorese Medieval


Embora haja dignos exemplos de teólogos que valorizavam o
sentido literal do texto, o sentido mais “simples”, aquele pretendido pelo autor
humano, a hermenêutica medieval é predominantemente alegórica. Exemplos
de homens que fugiram do modelo alegórico medieval são o teólogo judeu
Rashi; Hugo, Ricardo e André da Abadia de São Vitor; Nicolau de Lira (que
exerceu grande influência sobre Lutero) e, é claro, João Wycliffe, são exemplos
de pensadores, que mesmo em face da predominância da visão do quádruplo
sentido da Escritura (histórico, alegórico, tropológico e anagógico)2,
defenderam e usaram aquilo que poderia ser descrito como uma hermenêutica
histórico-gramatical incipiente. Parece-me importante destacar que a dialética
entre a interpretação e a dogmática, já referida acima, esteve presente de
forma decisiva na hermenêutica medieval. Se alegorizavam os teólogos da
chamada Era das Trevas, não o faziam sem uma agenda de compromissos de
dois níveis principais. Por um lado, a teologia herdada dos Pais da Igreja, que
recebe pouco desenvolvimento neste período, com exceção da Eclesiologia
que ganha novos e amplos contornos; por outro lado a política. Não devemos
nos esquecer que a Igreja Medieval é um “império”, ou melhor, o Império de
impressionantes proporções, que pervagava todos os demais, não raramente
de forma tirânica e dominante.
Não existe poder político sem ideologia, a ideologia do império
Católico Romano é a sua própria teologia, e é na construção testa teologia de
sustentação que se engaja a alegorese medieval. O compromisso da teologia
medieval era mostrar a centralidade história de Cristo e de sua representante
legítima sobre a terra, a Igreja, sendo esta superior aos impérios nacionais, os
quais só seriam realmente legítimos se estabelecidos por Deus, o que
significada naquele período ter a chancela de Roma.
2
Sob influência de João Cassiano (360-435) que ensinou em uma célebre quadra: “Littera gesta docet,
Quid credas allegoria, Moralis quid agas, Quo tendas anagogia.” Que poderia ser traduzido como: A letra
nos mostra o que aconteceu; a alegoria, no que devemos crer; a moral (sentido tropológico), como
devemos viver; a anagogia, para onde estamos indo.
6
Este assunto ganha uma importância quase dramática, porque a
obra teológica de Calvino não se vê livre desta relação dialética entre
interpretação e teologia de sustentação do poder, muito embora seus
compromissos sejam bem outros, ele também produz uma teologia que
legitima um estado (e que se contrapõe a um outro) e que é alimentada pela
ideologia deste estado, que é, poderíamos dizer, o estado burguês.

1.4 A Hermenêutica de Lutero


Entre a hermenêutica medieval e a obra de Calvino, devemos situar
o trabalho e Martinho Lutero (1438-1546). Lutero é um interprete da
renascença3 européia. Com o afã de viver de acordo com o modelo de
Agostinho (354-430), Lutero, assim como muitos dos seus contemporâneos,
empreendeu uma investigação da obra filosófica grega e dedicou-se ao estudo
do Novo Testamento em sua língua original. Este empreendimento, aliado à
influência já referida dos vitorinos e da escola de Antioquia, que se digladiou
durante o segundo e quarto séculos com a escola de Alexandria (esta
defensora da alegorese, aquela de uma interpretação mais literal do texto
bíblico), fez com que Lutero assumisse uma postura revolucionária em seus
dias.
Bernard Ramm, em seu Protestant Biblical Interpretation, afirma que
a Reforma do Séc. XVI, foi essencialmente uma reforma hermenêutica, “uma
reforma na maneira de ver a Bíblia”.4 Não é uma tarefa das mais fáceis analisar
as razões motivadoras da hermenêutica de Lutero, já que ele e a própria
Reforma ganharam um nível sagrado para a comunidade protestante dos
nossos dias e, não raro, são tratados com reverência quase mística (o mesmo
poderia ser dito acerca de Calvino e sua obra). Mas é preciso que tenhamos
em mente que a Reforma fez parte de um processo mais amplo de mudanças
que se deram na ordem mundial naquele século. A Reforma seria o braço
religioso, e portanto teológico, da estruturação do Estado Moderno.
Com a Reforma a Bíblia toma o lugar que antes pertencera à
hierarquia Católico-Romana. Não é mais o Magistério quem determina o que
deve ou não ser observado, o que deve ou não ser recebido como
mandamento divino, agora quem faz isso é a própria Bíblia (claro que sob as
lentes dos teólogos reformados). Aqui há nitidamente uma mudança do eixo do
poder religioso, o qual deixa de estar centrado num determinado grupo de
indivíduos e passa a estar sobre documentos (a Bíblia), que devem ser
examinados e interpretados “livremente” por qualquer um. Daí a importância da
doutrina da perspicuidade da Escritura, a qual afirma que qualquer pessoa pelo
uso dos meios ordinários de interpretação, pode chegar ao conhecimento do
conteúdo do que ensina a Palavra de Deus.
Lutero não se viu livre da alegoria, antes, por vezes, fez uso da
mesma para explicar suas conclusões exegéticas (leia-se o segundo
comentário de Lutero à Carta aos Gálatas, onde isto fica patente). Ele é um
homem de transição, como em certo sentido também o é Calvino, haja vista a
teologia da ortodoxia protestante do século de XVII, que desenvolveu o
pensamento de Calvino, cristalizando-o de forma dogmática através do instituto
das confissões de fé.

3
A Renascença foi um movimento cultural, nascido na Itália do século XIV, que objetivava resgatar a
literatura, a cultura e a filosofia clássicas (greco-romana).
4
P.52
7
Seu trabalho, contudo, trouxe inestimáveis contribuições à igreja
cristã, destacando-se muito mais sua coragem e piedade, que em seu
brilhantismo intelectual. Ele é sem dúvida um marco do resgate moderno 5 do
método histórico-gramatical6, embora não seja um de seus melhores exemplos.

II. O Labor Hermenêutico de Calvino


Chegamos a Calvino, e deste momento em diante tentaremos
apontar os tópicos que parecem ser suas principais preocupações no trato dos
textos bíblicos e na formulação de sua teologia. Calvino faz um uso mais
desenvolvido do método histórico-gramatical. Ele tenta levá-lo às últimas
conseqüências e manter uma coerência metodológica ao analisar textos do
Novo e do Antigo Testamento. Por estas razões não é exagero dizer que ele foi
o maior pensador de seus dias e o grande exegeta da Reforma.
Com um excelente preparo acadêmico, versado nos escritos dos
pais latinos e na filosofia grega, afeiçoado às línguas originais e em constante
“diálogo” com os pensadores de sua época, Calvino pode legar à Igreja um
conjunto de obras que norteiam ainda hoje a fé Reformada, e que excede em
equilíbrio, seriedade e profundidade à dos seus predecessores diretos e de
seus seguidores nos séculos posteriores ao seu. Daí, entendermos ser muito
mais salutar, se queremos resgatar as origens de nossa fé, retornarmos ao
próprio Calvino, que à escolástica protestante ou à obra puritana7.
Aqui vamos resumir em máximas de interpretação, as preocupações
que Calvino demonstrou ao redigir seus comentários bíblicos (ele comentou
quase todos os livros do NT, com exceção de 2 e 3 João e Apocalipse, além de
muitos livros do AT):

2.1. A Luta Contra a Alegorese


Ao desenvolver sua teologia Calvino fazia menção a interpretações
alegóricas desenvolvidas pela igreja papista durante os séculos difíceis da
Idade Média, e mesmo por pais da igreja que desenvolveram teses
insustentáveis exegético e teologicamente. Nestas referências ele denunciava
de forma quase virulenta a alegorese, forma ilegítima de buscar o real sentido
da Palavra revelada. Não raro, Calvino chamava tais interpretações de
“ficções”, e com isto ele pretendia expressar que a origem de tais
interpretações era a imaginação do intérprete e não a revelação do Divino.
Vejamos alguns exemplos:
0
Desta prática apologética de Calvino, podemos apreender que para
a adequada utilização do método histórico-gramatical, o intérprete deve deixar
o texto falar por si só. Deve, na medida do possível, impedir que sua própria
inventiva projete sobre o texto significados e afirmações que nele não
subjazem.

5
Utilizamos aqui a expressão “moderno” em seu sentido histórico-filsófico, período que tem início com
eventos como a Reforma do séc. XVI entre outros.
6
Quando nos referimos neste artigo ao Método Histórico-Gramatical, falamos sobre o método consagrado
na Reforma Protestante do Séc. XVI (embora existente, pelo menos, desde a hermenêutica judaica do
séc. II A.C.), no qual prioriza-se o sentido simples do texto, aquele revelado pela leitura direta da
passagem em seu sentido prioritariamente literal e é elucidado pela realidade histórica em que o mesmo
foi escrito.
7
Com isso não deixamos de reconhecer a importância de ambos os momentos de nossa caminhada
teológica.
8
1. Ênfase no sentido literal do texto
Calvino defende que cada texto tem um, e somente um, sentido, que
é aquele pretendido pelo autor humano. Este sentido pode ser percebido pela
leitura simples da Escritura. A forma mais comum de entendermos o que
pretendia dizer o autor sacro, é buscar no sentido literal da passagem.
Vale, porém, lembrar que Calvino não era como ele mesmo
designava, um “literalista”, aqueles que desprovido de bom senso, criam que
todo texto deva ser interpretado de forma literal. Ele esclarecia aos seus
leitores que há passagens que são nitidamente figurativas e outras simbólicas,
estas devem ser interpretadas como demonstra ser a intenção do autor. Ele é
categórico ao afirmar que a tipologia do texto pode ser percebida mesmo por
indoutos em uma rápida leitura da passagem, e que aqueles ignoram isso o
fazem devido à distorções de seus próprios espíritos perversos.

3. Dependência da operação do Espírito Santo para a correta


interpretação da Bíblia
Na ótica calvinista, é tríplice a ação do Espírito em relação à
Escritura. Em primeiro lugar, Ele inspirou os autores sacros, colocando em
seus corações aquilo que pretendia fosse registrado para a posteridade e,
principalmente, impedindo que ao registrar tais verdades, fossem inseridas
máculas ou desvios provenientes da falibilidade do instrumento (o homem); em
segundo lugar, ele preservou e preserva através dos séculos pura a sua
Palavra para benefício e instrução da igreja, impedindo de forma miraculosa,
que a verdade fosse distorcida ou omitida; e em terceiro lugar, Ele age hoje
sobre os seus ministros, iluminando suas mentes para que compreendam
corretamente o significado e as várias aplicabilidades8 dos textos, para a
benção e edificação do povo de Deus.
Desta forma, é impossível, pensava Calvino, e nós cremos ainda
hoje, fazer adequada interpretação e pregação da Palavra, sem a dependência
absoluta do Espírito Santo de Deus.

4. Valorização do estudo das línguas originais para melhor compreensão


do ensino sagrado
Conquanto Calvino cresse na intervenção e auxílio do Espírito para
a correta interpretação da Sacra Letra, ele jamais desprezou ou minimizou a
importância do contínuo e cuidadoso estudo das línguas originais. Como já
afirmei acima, o reformador de Genebra era versado em grego, hebraico e
aramaico, além de possuir total domínio do latim e do francês, pelo menos.
Lendo as Institutas e seus comentários de livros de ambos os
Testamentos, encontramos Calvino não apenas se referindo às palavras na
língua original em que o texto foi escrito, mas também descendo a detalhes
como o significado da conjugação de um verbo ou do modo de um dado
substantivo. Tais conhecimentos são úteis e importantes para uma benfadada

8
Muito embora creiamos que cada texto possui um e somente um sentido, que é aquele pretendido pelo
autor, estamos igualmente convencidos que este sentido possui inúmeras aplicações em incontáveis
contextos diferentes.
9
prática hermenêutica9, chegando mesmo a Confissão de Fé de Westminster
consagrá-los como “supremo tribunal” para que sejam dirimidas dúvidas.

5. Tipologia equilibrada, evitando impor a textos veterotestamentários


simbolismos que eles não suportam
Na teologia há que se fazer uso de tipologias, que consiste em
perceber que determinadas realidades do Antigo ou do Novo Testamento
podem, corretamente, ser apropriadas como representações de verdades
sublimes. Lutero no afã de demonstrar que Cristo está presente em toda a
Bíblia, de Gêneses à Apocalipse, por vezes fez temerárias apropriações.
Quase que impondo significados cristológicos a textos onde, provavelmente,
não era esta a intenção Espírito e do autor (que são sempre a mesma). Tal
prática não pode ser encontrada na obra de Calvino, destarte o delicado
momento histórico em que ele viveu.
É digno de nota o fato de que para Calvino toda a Escritura aponta
para Cristo, mas ele não está tipologicamente figurado em toda passagem da
Escritura, como pretenderam alguns medievais e, em menor medida, Lutero.

6. A melhor arma para interpretar a Bíblia é a própria Bíblia


Este tem sido considerado o princípio áureo da hermenêutica
reformada. Ele reza que os textos menos claros da Escritura sejam
interpretados à luz dos textos mais claros. Esta é a prática generalizada de
Calvino em todos os seus escritos. Sua primeira opção é sempre conferir textos
paralelos que tratam do mesmo assunto.
Um exemplo disso, aparece quando comentando no quarto livro a
dimensão herética que tomara a prática de ungir os enfermos, degenerando na
unção in extremis (extrema unção), ele chama à memória o texto de Mc. 6:13,
onde está registrado que os apóstolos na ministração
de cura aos enfermos de diferentes aldeias e povoados por onde
passaram em cumprimento de uma comissão dada pelo próprio Senhor Jesus,
fizeram uso da unção com óleo, lembrando ainda que ao curar um cego Jesus
fez lodo com saliva e areia, ungiu os olhos enfermos, curando-o. Findando por
relembrar que no Antigo assim como no Novo Testamento o óleo simboliza o
Espírito Santo.
Desta forma, o grande mestre de Genebra, mesmo entendendo que
a prática da extrema unção era prejudicial e promovida, freqüentemente, pelo
misticismo pernicioso, ele não desvirtua o sentido simples dos textos em
questão, antes os analisa com transparência, porém alertando para o mau uso
que vinha sendo dado a esta prática no meio da igreja romanista.

Conclusão
Findamos, conclamando aos irmãos que professam serem
reformados e calvinistas á prática de um exercício hermenêutico pautado nos
padrões da interpretação histórico-gramatical. O acatamento de tal ação
garantirá a nossa igreja um pensamento teológico coerente, firme e fiel. Em
meio a tantos ventos de doutrina, precisamos definir não apenas o que

9
CFW I:VIII “O Velho Testamento em Hebraico (língua vulgar do antigo povo de Deus) e o Novo
Testamento em Grego (a língua mais geralmente conhecida entre as nações no tempo em que ele foi
escrito), sendo inspirados imediatamente por Deus e pelo seu singular cuidado e providência conservados
puros em todos os séculos, são por isso autênticos e assim em todas as controvérsias religiosas a Igreja
deve apelar para eles como para um supremo tribunal....”
10
pensamos de forma ortodoxa e clara, mas também como chegaremos a tais
conclusões.
Nossa igreja é fundada numa tradição teológico-exegética que
transcende os limites do tempo e do lugar. Para termos certeza que os nossos
filhos receberão de nossas mãos uma igreja fiel, não poderemos abrir mão do
método histórico-gramatical, recomendo para tal a observação dos princípios
expostos, os quais fizeram parte da interpretação de Calvino e se
transformaram na hermenêutica calvinista.

Bibliografia

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89 p.
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Editora Presbiteriana, 1990, 385 p.
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Sadeolelo. Buenos Aires: La Aurora, 1959, 133 p.
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________. Exposição de Romanos. São Paulo: Paracletos, 1997, 524 p.
________. Exposição de 2 Coríntios. São Paulo: Paracletos, 1995, 271 p.
________. Exposição das Pastorais: 1 Tomóteo, 2 Tomóteo, Tito e Filemon.
São Paulo: Paracletos, 1998, 379 p.
HALSEMA, Thea B. Van. João Calvino Era Assim. São Paulo: Vida Evangélica,
1968, 206 p.
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LOPES, Augustus Nicodemus. Hermenêutica. Apostila, 1998, 69 p.
MARIN, Gutierrez. Calvino Antologia. Barcelona: Editoriales Del Nordeste,
1971, 133 p.
NIELSON, Wilhelm. The Theology of Calvin. Philadelphia: The Westiminster
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REID, W. Stanford (Ed.). Calvino e Sua Influência no Mundo Ocidental. São
Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1990, 496 p.
WARFIELD, Benjamin Breckinridge. Calvin and Calvinism. New York: Oxford
University Press, 1931, 427 p.

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