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Fernand Deligny O ARACNIANO e outros textos Tradugao Lara de Malimpensa PREFACIO PARA A EDICAO FRANCESA por Sandra Avarezde Toledo Emouuro de 2007, edo Uacnen publeou una cena iad Famand bay Cres Ni obstarteo tara do volme es88 Obras (mum complete” Ess nogio ar 80 pouco sti pa Delgry auto anos crotoes ep eau nes reve vi Os aes pgs desu ‘rreaondinea ede eos tro de nado dans Eple3n0s no “Hrowseagso as nosss escola eos parts qe tomas Se orton ‘nos so wentno to gual emprestamoso rome de nose eto 019° ‘poner alrengnc Goria xg te foeTD a fees Dus Going oule aide gore Single ete. Teces bree BHtse one -o raicad oa nesmos anos Hoje asziames ao Acro uncon de Tarts detads da mesma época (1976-1882) 20 que dems o tuo de Un ‘Gon nao “Qvanoohomensinno no esta” Ad dss xt, 0 €0r- Jmonhrea read go una srl densi pubeados em Les Enon ete ‘Stores 980) ¢ quo texte pbleado rasreta oval Sples Pod-se Tenromer dnresensdos carlos urarespstaio ext pcre a7 1902 dostepias edo atertas Oreo ranges Sa a cao dn rede das Covees' 9 ecu: Ox nros do Deli so puto ver ‘ot be erenos tlotaae esta rnsislda ste oat dor Boar. ‘ecuna esos proflerago dupare vi que tar prs ‘ures pecan Porte numa lagu ue dese comaniasd0 8 mpeetvos scnnistatosetenaerdtcos do er tice mera Sus et a Go2u"ap erate daerde-ae"poet eeoge ‘aracriao inka Su redo data de 1981 0 1982.Petanc 0 8 nerd esa: rio manera de Deigny forse pene pessoa. com ‘requertes desvio utabogrscon Ametstora se propose no corp doo co ants antares nosmapase nos cecaues "Daranare” dears moto deer susten elias ge eno eas nhae do mio, 0 omado doe esos. eros aree as Cavona umarqupogo magia ana ‘os dapoativs 6 restnco 8 opessia Delany defnde persistance drat ‘no querer eaausénca de roto parse em contrat 20 ita 28 vortade de querer fermibgd ae oe ompresta ce Vis atten. ‘etoma de han ich, © que desire qualmerte sua prepa esr, 6 ura ater rata tings ape, assim como os estos dee abrge Karel Kup, (nares bat accom apermonénc 0 "deentoress” 20 ‘Svaronfosta eee 8 pecans es sberaopen ates ae pense via suctadoomerosse de ners alectuas epekanatsts, Armando ‘erigtoefoium ds reps Delpy ave presse do Congres sore a Loveva presto pra dezavo de 176 em ia Del nfo se seiocave fervoutm tet. uot pleas no terra namera de Cahier de rte, eras de ua as tas de coq Un cata de mao de 1976 Dery = Issac oseph mca que Ce Gam fre de Rena Vit, exbio cm io At esa data opens es Vagabond eflesceshav ido Wado pore talana pela ers Joe Book. ane prea eereitio fo nco de una surpeendert cabo \adstrcl ee pica aan aalzan de Lazar ane manaane prostate! erorenaedr devia de econo clSqu0s buses Ere 197 @ 1962 Vercigene publeou tu textos de Delmas ‘aso conoreseo sob ace Foe rs psychi, 137-1577, oes et psytanys 1877-187 isto de eoraent et poner {ore torre Spl gio en pres rate pect Umstombro 107 ctor 10 umn rvs VEL gs so gu same Ate etpyeutes tno po el 17. 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O ARACNIANO 1 ‘Os scaosdenstncia me fieram viver mais em rede do que de modo stint, 10 de outro med. rede um modo de se. ‘Basta um nada, ura simples passage do masculin gofeminina,paraque ‘modo se aenea moda palarapermaneceamesma,eacosi eoeada Hino €a mesma cas ‘Ao sbor da existénla, portant, vs mas em rede do que de mod ds tint, eacorre que a0 sabor do qu eo de bom grado, exist sempre al summa ede por peta como istria do rcanto de pared eda aranta que seabam por se ‘encontrar edefito a aranhs 0 procuou,pode-se dag também que o eantode puree aguardara (Chego «me dizer, é verdade, que rede meaguara em tds cures. Esta aul, que esti nos seus quinze ano de dade —o que para uma de, uma dade bem avangada —, tem por prjetoa presenca proxi decriangasautsas, "Neste dias tenho me perguntada se esse projeto no é pretext, sendo 0 rot veridicoa redeem queémodo dese. _Abem dizer chove eds 0s borboteseparece que ess prolifera de ‘des ain seu pice nos nomentosem que osacntecimentoshistricos cea segundo Fredric Engels resutam de uma formaineonsiente ‘ccnpr aio intolerves ,verdade sj dita, ness sua propensio para seer intoerveis os aontecimentoshistrico a aentosos i, portato ees contecimentos que crestem que cresceram — Pare provar aestupides eel dessa maldade esse, simplicadamenteo projet pens do disdente dese dis denteem particular a rede aparece sob aspecto das reeaugse para vita ser pep rip demas. Ne realidad, oproclamado recurso liberdade espera provocar reso inclasem pasts prinimos ou ditantesa redecombateo oder? Oto que ela se debate contra o amor, endo osmorl, ierlmente, io ‘ue é destituidode frm eistallnda propia Pare além do araeniano,chestamos em meio aos exists deforma que setrata portant, endo é por nenum aaso ques lara clu aparece no voeabulrio dos evoluconérios. Mas no ¢sso gue se tat Seoserisaiseactlulaconvém, porque no arseiano? 20 ‘io conciencosamente responsivel por uma rede quanto pose, em squésou arseniana? (Come responsive. eo esr, gual darania Mas asim também da parte de cada um dos dex ou doze oueos cu presen tramaarede Dez ou doze aranhas, esprit, na mesma tel — Iso nos dferenla da anh ead um de ns estando peoida come dvid, de seu projet pen sd; era naa correo der de sea pret pensadoe. Tals poets se pola na rde, ou enti ese pres suportam ard, como aquels tana bog sn rede for de pest. sa palo — apoio — usta mito bem uma das coisas em rags ‘squas precisamos iar espretaFalar de boa éfzer uma anaogia muito aproximative pois rede no lg inerte camo uma rede de pesca seria, ends somos ois ‘Oquese pode ramar entre uns outros rigorosamentefalando,inima sindve. Se digo que a rede deve er prioviade, um projtopensado parece situa: se: dal areniano desepurece Foipreciso, portant, imaginarmos uma pritie que permits ao ara: ‘eo araeniano eventualmente flor, ai saber oq ele preisar spo {arssen. no minim, incorpo ao pee pensade ‘que se pensria dum arouiteto quem suas plantas serve certs Snulos, dagullo que ved sera armagio, para que as aranhas padeter ali fazer ua tia? Fle seria no minimo um poco ssp, com oda ‘certeraém seu prio so, em sus casa craniana que diz.que-diz iia que eletem um parafusoa menos. ‘Que pense noealor. naluz no fclamento Sonor, no custo, mas no nas arunhas ‘Em ado caso, bem sew onde esta estragoo pret pensado absorve tudo, eo que elendo pode absorer ele dst camo inoportuna. Se graasa esa prtiea de raarasrajetos apareceroatueniano das linhas deerrincia— que to rastros dos rajtos ds garotes exo proto nasescapa- seremos apes de respeltarcomoconvemessavzinhanga? Sueedeu que o aca nos judas: ada veleade de uiizagso do ara iano —fosse ql fosse a finalidade dese uso —faiao desaparecer, tanto que se aliberdade &conseineia da necesidade ainda asim & preciso compreender nessa necesidade. de repel oarueniano—e portanta. deperebéla, oque noe povea cos, Mas por qu se preocupr tanto com aaracnian see se fa por sis? ‘Ni, justamente.Crie uma aranha numa placa de viro:talvez he vehamt ‘eshogos do tecer, mas no vazio, pos placa de vidro 0 vazio, simples mente porque nio hi suport pssivel, os gests da rana, obstinade ‘mente reiteraos, exatumente os mestos estos que prmitiriam tee, {ornam-seostantos espasmos a peludiar«agonia do aracniano. _Damesma mansia, se human émodo deserem rede, bem sev porque le persst como veedad, como aqullo qu falta sohomer-que-somos, mais doque como squlo que carter 21 Par volta s premises de nossa pri e dese os primeiros mapas tr ‘ads, fieaclaroquea ede raenianadslinhasdeerinca no ultrapasa lm anel, isto se tragarmos um tro totalmente imaginiro de iasio entre todasas pont maslargadas do que seria ocentroda read estar, ese trap ted, rosso mode, a forma de um oo. lho. dir-se-iaqueo araciano dasinhas deerrinela est penduradocem "uma espéciede pared inexsente Jgnoro se Karl on Frisch ou seus colegaspesqlsarama frm global em ques inser tela de aranha do uma, matodasas ia dasaranhas ‘essa spice Bem se éainlldade detal-pesgusa"snoextremo limite, ‘ese aaso luasse, pderia ranspareeer quea Naturezaencers uma “undede profund entre ses miserioy equ ela uneiona de modo ma ‘uinl quer state de una tia de aranha, qt das nas de ereincia decriangas “ass oreo da projet pensadao home que-semosecapa esse maquina, ‘acto plo fato de quelnventa as maquina, ‘Ohomem se reserva, como deidoo priv do projeto pensad, 8 suns contempam com ols enternecidos extn maravihas de engenho- sidadeeuldade que trabalham paracte. ‘Kar on Frise fla como um velo amigo quando dz: "Enquano oho- ‘mem tanta se ong de suas descobertaseinvences, odes indagar ‘ele realmente tem mals méritos que esses eradoresinconscientes, instintvos qv soos animats De fate, quando se nals em prfund ddadeocomportamento mano, nos pode disac-tordiealmente do ‘omportamento do aims. humanidade ado mergulha suas ales ‘oreo anima?” ‘Em contrspartida, quando ceil do ser humano, cu hest em sep: “Seri pelo lembr, por ote ado, que homer pimitv também hubitou por mit tempo em caverns, antes de constru sua prime moraine forma de uma cabana?” Menor ainda. somenteo que itil mostra seu valor pode manter-se ‘ desenvaver-se por inervlos de tempo muito longos se, além dss, tals objeto soletam nots sensblidade esttca por sa extrema per. Fein, seltamos com reconhecimento esse presente da naturers, sem os envolvermos em outrasdacusseslosifcas sobre as reaps entre ‘ullidade ea belera” ‘ie para mim se ndoimposivel, seguro ‘critério da tildade tem por refernciao projet pensado, que dz res eto a6 homen-quesomos. “| os protozairos, animals primis microseépoas ofrecem nos imagem de estruturas,formadasem seu prooplasma, que na qualidade de esqueetos de protein spore, preen ‘hom domelhor mod possivefungdes vitae. alm disso so deimensa belezae dversdadede formas: ‘Se. crtério para a persistncia fosse a ullidade, pura qué essa dive: ‘sidade?Esses bons protozirios que fabricam seu esquleto po eta ropriachepariam forma uniorme mals fica, mailto quest ‘scontecendo a home perturbado eobcccao pela lida, qu eons tui cooamento do projetopensada, Diese que o2o6logo eserves a egénca de um potentadotriiea ‘eminucioso um pou como aqueeseseritores lve-pensadores liber tinas dos él passados, que nunca devavam de designar Deus como Insgia de sua obra. Mas como fel pensar e otra manera Surge ‘uma analgi: uma rede ¢como um protcznrio que seempenha em fazer ‘proprio eaquelets sere nelgensiaa belezadas forma, anecensiade

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