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UNIVERSIDADE FEDERAL DE MINAS GERAIS Rerror Ronaldo Tadéu Pena Vice-Rutrons Heloisa Maria Murgel Starling EDITORA UFMG Dinerox Wander Melo Miranda Vice-Dinerora Si rana Céser CONSELHO EDITORIAL Wander Melo Miranda (presid Carlos Anténio Leite Brandio Juarez Rocha Marcio Gomes Soares Maria das Gragas Santa Bérbara Maria Helena Damasceno e Silva Megale Paulo Sérgio Lacerda Beirio Silvana Céser GiorGio AGAMBEN ESTANCIAS A PALAVRA E 0 FANTASMA NA CULTURA OCIDENTAL Tradugao SeLYINO José ASSMANN ANNU Belo Horizonte Editora UFMG 2007 ee © 1977 1993 Giulio Binaudieditore spa, Torino (© 2007, da tradugio brasileira, Exitora UPMG Titulo orginal: Stange. La pared arma nella cultura occidentale eo Editor | A259..Pa “Agamben, Giorgi, 1942, Estincias a palavea eo fantasma na cultura ocideneal / Giorgio Agamben ;tadugio de Selv ino José Assmann, — Belo Horizonte: Fditora UEMG, 2007 263 p.i.— (Humanitas) Inelui referéncias, ISBN: 978-85-7041-573.8 1.Filosofia, —L.Titwla I Série pp: 100 cpu Elaborada pela Central de Controle de Qualidade da Catalog Universitcia - UEMG DIRETORA DA COLECAO Heloise Masia Murgel Starling EDITORAGAO DE TEXTOS Ana Maria de Moraes REVISAO DE PROVAS Miche! Gannam e Priscila comin Felipe REVISAO TECNICA DO GREGO Maria Oliva de Quadro PROJETO GRAFICO Cissio Ribeit, a partis de Glésia Campos FORMATAGAO E.CAPA Cis iia PRODUGAO GRAFICA Warten Marae EDITORA UEMG A Antinio Carlos 6627 Al divin da Biblioteea Cental Téereo Campus Pampuiha’ 31270-901. Belo Horizonte/ MC Tel (31) 00-4651) Fax 1) MOD-I768 woucdion.fnghr editora@utingbe ,”.. parte dele io pode ser prods por qualquer mo sem atorizagi cca gacio da Biblioteca DEDALUS - Acervo - FFLCH AION 20900048530 SUMARIO LISTA DAS ILUSTRAGOES PREFACIO Primeira Parte OS FANTASMAS DE EROS CAPITULO PRIMEIRO O deminio meridian Cariruto Secunpo Melencolia I Caviruno Tercrio Bros melancélico Cariruro Quaxro © objeto perdido Carrere Quixto Os fantasmas de Segunda Parte NO MUNDO DE ODRADEK A OBRA DE ARTE FRENTE A MERCADORIA CaviruLo Priveiro Freud ou 0 objeto ausente Cavirate SrGvNDo. Marx ou a Exposigio Universal Cariruro Tercetro Baudelaire ou a mescadoria absoluta Cavireto Quarto Beau Brummell ou a apropriacio da irrealidade 4 CaviruLo Quinto Mme, Panckoucke ou a Fada do brinquedo 4 ‘Terceira Parte A PALAVRA EO FANTASMA A TEORIA DO FANTASMA NA PORSIA DE AMOR DO s Captreo Priveiro Narciso ¢ Pigmaleio 119 Cavite SecuNDo Etos a0 espelho 131 Cariruco Tercrino “Spiritus phantasticus” 156 ‘aPiruLo Quarto Espititos de amor 174 Cavitere Quinto Entre Narciso ¢ Pigmaledo 185 Capiruro Sexto A “gioi che mai non fina” 204 Quarta Parte A IMAGEM PERVERSA A SEMIOLOGIA DO PONTO DE VISTA DA ESEINGE CavireLo Priseiro Edipo ea Esfinge 217 CaPiru1o SeéuNdo O proptio e 0 imprsprio 225 Cavirvto TrRcrino A barreira ea dobra 240 APOSTILA, 251 NOTA 254 INDICE ONOMASTICO. 255 LISTA DAS ILUSTRACOES 1 Diver, Melenolia I 2. Vespertiio (Morey) (em Ori Apollinis Niliaci, De saris Aegyptionsm roti op it) 3. Rubens, Henilto como melancilee. Madsid, Prado 45. Ornamentos ¢ Livratia (lo Catélgo ilusirado da Exposigio Universal de Londres, 1851) 6-7 Grandville lusteagies de Un autre monde 8 Grandville, Syuttme de Fourier Mustragoes de Un autre mond) 9 Grandville ilustragdes de Petites misires de la vie humaine [Pequenas misrias da vids bumana} 10 Bean Brummell 11-12 Figuras em miniagura em romba chinesa arcaica 13 O amante junto a fonte de Narciso (Ms. fe. 12595, folha 12 1) Pais, Biblioth@que Nationale 1A Narriso (Ms. fz. 12595, folha 12.1) Patis, Bibliotheque Nationale “le voisinage des produits industrels qu'ls ont si souveng entichis et oi ils peuvent puiser encore des nouveany Gléments @inspiration et de travail”? Em 1889, por ocasi2o da quinta Exposicio Universal a consttucio da Torre Fiffel, cujo perfil elegante parees hoje inseparivel de Paris, suscitou os protestos de um significativo niimero de artistas, entre 0s quais se achavam personalidades como Zola, Meissonier, Maupassant ¢ Bonnat. Provavelmente eles haviam intuido 0 que o fato consumado hoje nos impede de perceber, a saber, que a torre, além de desferir um tiro mortal no carter lbitintico da velha Paris, estabelecendo um ponto de referéncia visivel em todos os lugares, transformava, em um lance de olhos, a cidade inteira em mercadoria consumivel. A mercadoria mais preciosa em mostra na Exposigao de 1889 cera propria cidade, vizinbanga dos veres e onde ede trabalho Produtos industias que ele les podem ainda irbusea abv 's enriqueceram tant lementos de inspiragi? R CapiruLo TERCEIRO BAUDELAIRE OU A MERCADORIA ABSOLUTA ‘A respeito da Exposigiio Universal de Paris de 1855 temos um testemunho excepcional. Baudelaire, que a visitou, deixou-nos as suas impressdes em trés artigos que apareceram, a breve distincia de tempo um do outro, em dois jornais parisienses. H verdade que Baudelaire se limita a falar das belas artes ¢ que seus artigos nao sio aparentemente diferentes das muitas cr6nicas escritas por ele para os Salons de 1845 ¢ 1846; contudo, observando melhor, nio haviam passado desapercebidas & sua prodigiosa sensibilidade a novidade ¢ a importincia do desafio que a mercadoria estava propondo para a obra de arte. No primeiro artigo da série (que traz 0 titulo significativo De Vidée moderne du progres appligude aus beause art), descreve a sensagio que © espetéculo de uma mercadoria exdtica provoca em um visitante inteligente, além de mostrar-se consciente de que a mercadoria exige do espectador uma atengao de um novo tipo. “Que dirait un Winckelmann moderne” — pergunta-se ele — “en face d'un produt chinois, produit étrange, bizarre, contourné dans sa forme, intense par sa couleur, et quelque fois délicat jusqu’a Pévanouissement?” “Cependant” —responde ele —“c"est un échantillon de la beauté universelle; mais il faut, pour qu'il soit compris, que le critique, le spectateur opére en lui-méme une transformation qui tient du mystéte..”” Nao é por acagy 2 idéia na qual se fundamenta 0 soneto sobre a8 Corraparg (que em geral interpretado como a quintesséncia do exoreg baudelitiane) tena sido enunciada justamente no inicio do any sobre a Exposi¢io Universal de 1855. Assim como Bosch =” limiar do capitalism, hava tindo do espetécalo dos primi” grandes mereados internaionais de Flandtes os simbolos pa ilustrar a sua concepeio mistica adamitica do Reino milenicg também Baudelaire, no inicio da segunda revoluio industrial ee da ransfiguragio da mercadoria presente na Exposicio Univensaly atmosfera emocional e os elementos simbdlicos da sua Poética(|) A grande novidade, que a Exposicio ja havia tornado evidents Pata um olhar atento como o seu, era que o mercado tinha deixado deser um objeto inocente, cujo goz0 e cujo sentido se esgotavam 0 Seu uso pritico, para carregar-se da inquietante ambigtiidadea que Marx aludiria doze anos mais tarde, falando do seu “caritet fetichista”’ rimeitos chista”, das suas “sutilezas metafisicas” ¢ das suas “argicias teol6gicas”. Uma vez que a metcadoria tivesse libertado 0s objetos de uso da escravido de serem titeis, a fronteira que separava desses ttimos a obra de arte e que os artistas, a partir do Renascimento, tinham trabalhado incansavelmente para edificar, estabelecendo # supremacia da criaco artistica sobre o “fazer” do artesao e do Operitio, torar-se-ia extremamente precétia, Frente fire da Exposi¢io, que comega a fazer convergir part a mercadoria © tipo de interesse tradicionalmente reservado 4 obra de arte, Baudelaire accita 0 desafio e leva o combate direta- mente para 0 proprio terreno da mercadoria. Conforme admitit implicitamente 20 falar do produto exético como se fosse usm “amostra da beleza universal”, » ¢le aprova as novas caracteristicas [*0 que dira um Wineketmana mode Produto chinés, produto estrangeito, bizarro, contornado em suit fOr, Intenso por sua cor, cis vezes delicado a ponto de dewvanceer?” “Contuda”” = fesponde cle ~ *é uma amostrn da beleza universal; mas importa, Pat que ele ja compreendide, que o critico, o espectador eferne nele MeS™ uma teasformagio que tem algo de miterone no” ~ pergunta-se ele —“frente au ” que a mercadorizagio imprime no objeto e esta consciente do poder de atracio que os mesmos deveriam exercer fatalmente sobre a obra de arte; mas, a0 mesmo tempo, quer subtrai-los a tirania do econdmico ¢ 4 ideologia do progresso. A grandeza de Baudelaire diante da intromissio da mercadosia residiu no fato de ter respondido a essa intromissao, transformando em mercadoria e-em fetiche a propria obra de arte. Fle separou, também na obra de arte, 0 valor de uso do valor de troca, a sua autoridade tradi- cional da sua autenticidade. A partir dai, tem-se a sua implacivel polémica contra toda interpretacio utiltarista da obra de arte ¢ a insisténcia com que proclama que a poesia nio tem outro fim senio ela mesma. A partir daf também, a sua insisténcia no caratet inapreensivel da experiéncia estética e a sua teorizagio do belo como epifania instantinea e impenetrivel. A aura de uma intoca- bilidade gélida, que comega a partir desse momento a envolver a obra de arte, € o equivalente do cariter fetichista que 0 valor de troca imprime 4 mercadoria(2) Mas 0 que confere & sua descoberta um carter propriamente revolucionirio é que Baudelaire nio se limitou a reproduzir na obra de arte a cesura entre valor de uso e valor de troca, mas se propés a criar uma mercadoria na qual a forma de valor se iden- tificasse totalmente com o valor de uso, uma mercadoria, por assim dizer, absoluta, na qual 0 processo de fetichizacio fosse levado até o extremo de anulat a propria realidade da mercadoria enquanto tal. Uma mercadoria em que valor de uso ¢ valor de ‘roca se anulariam mutuamente, € cujo valor residiria, por esse ‘motivo, na inutilidade, e cujo uso, na sua intocabilidade, nao é ‘mais uma mercadoria: a mercadorizacio absoluta da obra de arte € também a aboligio mais radical da mercadoria. A partir dai, tem-se a desenvoltura com que Baudelaire pde a experiéncia do choc no centro do proprio trabalho artistico. O ebor é o potencial de estranhamento de que se carregam os objetos quando perdem @ autoridade que deriva do seu valor de uso € que gatante a sua inteligibilidade tradicional, a fim de assumirem a mascara enig- mitica da mercadoria. Baudelaire compreendeu que, se & arte 15 gquisesse sobreviver na eivilizagio industrial, o artista dye ia tuigio do valor de uso ¢ clinvelgbildade tradicional, que estava nara claexprericia indo procurar reproduvir na sua obra a d choc. esta maneita, ele teria conseguido ca obta o priprig, ria inapreensibillade > significava, porém, gue a arte deveria renunciar as garantias que Ihe provinham sy suai veiculo do inapreensivel e aurar na py um novo valor ¢ uma nova autoridade, Is ‘rio em uma tradigao, pela qual os artistas construiam os lugares ¢ os objetos nos quais se realizava a incessante soldagem entre passado € presente, entre velho € novo, a fim de fazer da propria autonegagio a sua tnica possibilidade de sobrevivencia, Como Hegel jé havia entendido, 20 definir como um “nada que se auro-anula” as experiéncias mais avangadas dos poctas romin- ticos, a autodissolusio é 0 preco que a obra de arte deve pagar a modernidade. Por isso, Baudelaire parece atribuir ao pocta uma tarefa paradoxal: “celui qui ne sait pas saisir Pintangible” — escreve cle no ensaio sobre Poe—“‘n’est pas poete”; ¢ define a experiéncia da criagio como um duelo de morte “out Partiste ctie de frayer avant d’étre vaincw” 4 Tol sorte que o fundador da poesia moderna tenha sido um fetichistal(3) Sem a sua paixao pelo vestuirio e pela cabseleita femi- nina, pelas j6ias © 0 maguillage (paixao expressa sem reticéncias no ensaio sobre Le peinire de la vie moderne e & qual esperava consagrat 3m Minucioso catélogo do vestuitio humano que nunca Jevou 4 execucio), dificilnente Baudelaire teria podido sair vitorioso a ae a 4 metcadoria. Sem a experiéncia pessoal sa capacidade do objeto-fetiche de tornar presente ee & “ propria negacao, talvez ele nao tivesse a 'refa mais ambiciosa que jamais um set humano confiou a uma eriagio sua: a apropriacio mesma dt irrealidade, nao é *, : vel” — escteve ele no ensaio sobre Poe nao € poeta”; e detine a experiéncia da: ‘criagio como um. d luclo de morte 16 Eiscélios As Correspondances ¢ a mercadoria 1. Todo o soneto sobre as Correspondances pode ser lido como uma transcrigio das produzidas pot uma visita a Exposi¢io Unive citado artigo, Baudelaire, a propésito das impress visitante frente & mercadoria exética, evoca “ces odeurs impresses de estranhamento, al. No Bes do qui ne sont plus celles du boudoir, ces fleurs myst dont a couleur profonde entre dans Poel despotiquement, pendant que leur forme taquine le régard, ces fruits dont le gout trompe et déplace les sens, et revéle au palais des idées qui appartiennent & Vodorat, tout ce monde harmonies nouvelles entrera lentement en lui, le pénétrera patiemment... tout cette vitalité inconnue sera ajoutée 4 sa vitalté propre; quelques millers d'idées et de sensations enrichiront son dictionnaire de mortel..”.* Além disso, fala com 0 desprezo do pedante que, frente a tal espeticulo, € incapaz de “couri avec agilité sur Pimmense clavier des correspandances[“corter agilmente sobre 0 imenso teclado das correspondéncias” | Em certo sentido, também 0 Jardin das deiias de Bosch pode ser visto como imagem do universo transfigurado pela mercadoria, Assim como Grandville faré quatro séeulos depois (e como, contemporaneamente, os autores dos numerosos livros de emblemas e blasons domestiques que, frente a primeira aparicio macica da mercadoria, representam os objetos alienando-os do seu contexto), Bosch transforma a narureza em “especilidade”, enguanto a mistura entre orginico e inorganico das suas criaturas * [estes cheitos que ji nto sio os do toucador, estas flores misteriosas uj ‘cor profunda entea no olho despoticamente, enquanto sua forma iia 0 olhar, estes Fratos cujo gosto engana edesloca os sentidos,crevela a0 palicio das ids que pertencem ao olfato, odo este mundo de harmonias novas ‘entrar lentamente nele, penetrélo-a pacientemente... toda esta vitalidade sdesconhecida seri acrescentada i sua propria vialidade; alguns milhares de idias e de sensagies enriquecerio seu dicionéio de mortal”) I EE" we Benjamin 8 ¢ arquiteruras fantisticas parece curiosamente ant, a fiere da mercadoria na Exposi¢lo Universal adamiticas que Bosch queria expressar simbolicame seus quadros, segundo a interpretacio de W. Frac, ecipar ‘eoriag te nos "Met (Day Petspectiva, come misc pais das maravilhasalguma analogia coma wrong erdtico-industrial de Fourier. Grandvlleem Un aun moog deixoa-nosalgumas das mais extraordinavias tansergnes «em chave irdnica (e nem se diga que uma inten foxseesranha Bosch respeito das doutrina adamivay das profecias de Fourier (a aurora boreal ¢ as sete lun, attificiais como meninas ¢: tansendjabrige Rei, 1947), guardam ng \GA0 irdnicg icantes no céu, a naturerg transformada em pais das maravilhas e os seres humane alados pertencentes a pairsio revoluteante), ea aura Benjamin, embora tenha percebido o fendmeno através do qual a autoridade ¢ o valor tradicional da obra de arte comecavam a vacilar, nfo se deu conta de a “decadéncia da aura” Processo, no tinha, que com a qual ele sintetizava este de modo algum, como conseqiiéncia a “Tiberacio do objeto de sua bainha cultual” e a sua funda- ‘mentaclo, a partir daquele momento, na praxis politica, mas sim a reconstituicio de uma nova “aura”, mediante a ual o objeto, ectiando ¢ até exaltando a0 maximo, noutro plano, a sua autenticidade, se carregava de um novo valor, perf 'amente anélogo ao valor de troca que a mercadoria 10 objeto, Convém observar tinhag que, por uma vez, Benjamin nio *cado o conceito de mais tipicos — “aura” — um de seus conceitos iPenas em textos mistico-esotéricos, mas também em um eseritor francé: hoje injustamente esquecido, cu a insolita inteligéncia ele admirava, mesmo desconfiando, politicas: Paturalmente, das suas bisonhas idéias pn Daudet. © seu livro Mélancbolie (1928) tat tima meditagio sobre a aura (que aparece também com © nome de ambiane) que jo nio Proviséria, mereceria uma exuma © caso, em especial, da defini¢io que Daudet oferece de Baudetire como “pottedeTaun, que quase certamente constituia fonte de um dos motives centeais de grande estudo benjaminiano sobre Baudelaire. Igualmente encontra-se numa intuicio de Daudet a antecipacio das “o olfato éo nosso sentido mais préximo da aura e 0 mais para dar-n¢ consideracdes de Benjamin sobre o cheito: adequado tuma idéia ou uma representagio sobre cla, As alucinacdes do olfato sio, entre todas, as mais raras © as mais profundas..” ” Além disso, a passagem da Obra de arte na cpoca de sua reprodutibildade tenia, na qual se fala das antigas fotografias como meios de captagio da aura, encontra precedente nas consideragies de Daudet sobre a fotografia © sobre 0 cinema como “transmissores de aura’. Convém recordar que as idéias sobre a aura do médico-escritor Léon Daudet tinham sido salientadas com interesse por um psicanalista como E. Minkowski, {que as cita amplamente no capitulo sobre o olfato do seu Vers une cosmologie (1936), Baudelaire fetichista 3. Uma catalogacio dos motivos fetichistas em Baudelaire deveria incluir, pelo menos, além da célebre Poesia sobre Les bijowe (“La trés-cl ére était nue, et, connaissant mon cocur | elle n'avait gardé que ses bijoux sonores..”—“a amada estava nua, porser eu seu amante | das jéias s6 guardara as que o bulicio inquieta"), Poema em prosa “Un hémisphére dans une chevelure” uja frase conclusiva contém mais ensinamentos sobre fetichismo que um inteiro tratado de psicologia (“Quand je moraille tes cheveus élastiques et rebelles, il me semble que je mange des souvenirs” — “Quando mordisco os teus cabelos elisticos ¢ rebeldes, tenho a impressio de estar comendo recordacies”). No referido ensaio sobre Constantin Guys, que éa summa da poética baudelariana, Baudelaite fala da maquilagem nos seguintes termos: “La femme est bien dans son droit, et méme elle accomplit tun espace de devoir en s’appliquant 4 paraitre magique et surnaturelle; il faut qu’elle étonne, qu’elle charme; p emprunter 4 tous les arts les moyens d de la nature... L¥énumération en serait innomt mais, pour nous restreindre & ce que notre tem vulgairement maguila, qui ne voit que usage de la de tz, si niaisement anathématisé pat les philosophies candles, a pour but et pour résultat de faite dispanine duiteint tovteslestaches que la nature ya outrageusemens semées, et de créer une unité abstmite dans le grain etl, couleur de la peau, laquelle unité, comme celle produte pat le mallot,rapproche immédiatement Pétre humain de la starue, C'est dite d'un étre divin et supérieur... brable, PS appelle Poudre © [A mulher tem todo o. ‘gando-se por parecer m: gue ela eneante; idole, pedir emprestado a to iit, até cumpre ua espcie de deve eso gia sobrenarural; importa que ela impressions, cla deve dourar-se para seradorada. Ela deve, Po das as artes os meios para se elevar para alem da Bio wa sects Row fempo denomina vulgarmente de mapuigem, ue Gpodeatt07, tio simploriamente anatematizadl pelos ter todas ar ts POF objetivo e por resultado fazer desapareeet dt tia unidad aber ate ulantemente nla semeous cet lade abstratano snd ena cord c assim €OmO

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