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MICROECONOMIA 1

Departamento de Economia, Universidade de Brası́lia


Notas de Aula 3 - Graduação
Prof. José Guilherme de Lara Resende

1 Preferências
Anteriormente, estudamos o problema da escassez que um consumidor enfrenta. Agora vamos
estudar o objetivo do consumidor. A maximização desse objetivo, sujeita à restrição orçamentária
do consumidor é conhecida como o problema (primal) do consumidor, que será visto nas próximas
aulas.
Denote por X (contido em Rn+ ) o conjunto que representa as cestas de bens disponı́veis para
o consumidor. Um elemento do conjunto X é denotado pelo vetor x = (x1 , x2 , ...., xn ), onde xi
é a quantidade do bem i na cesta x. O conjunto de escolha do consumidor pode ser bem geral,
e incluir quantidades de bens impossı́veis de serem fabricados. Esse conjunto enumera apenas
possibilidades que o consumidor gostaria de consumir, e não o que é realmente possı́vel de ser
consumido (esse é o papel da restrição orçamentária).
Vamos supor que cada consumidor é capaz de ordenar as várias cestas de consumo disponı́veis
em ordem de preferência: para quaisquer duas cestas x e y diferentes, o consumidor é capaz de
comparar essas cestas: ou x é melhor que y ou y é melhor que x. Chamamos essa relação de
preferência, e a representamos por . Escrever x  y significa “x é preferı́vel a y”. Podemos
definir duas outras relações a partir da relação de preferência : 1) Preferência estrita: x  y
significa x  y e que não vale y  x. e 2) Indiferença: x ∼ y significa x  y e y  x.
Portanto, x  y significa que x é tão bom quanto y. Já x  y significa que x é estritamente
melhor do que y. E x ∼ y significa que x e y são indiferentes.
Vamos supor que as preferências satisfaçam os seguintes axiomas:

“Completeza”: Para quaisquer cestas x e y em X, ou x  y ou y  x (ou ambos).

Reflexividade: Para qualquer cesta x em X, x  x.

Transitividade: Para quaisquer cestas x, y e z em X, se x  y e y  z então x  z.

O axioma da “completeza” diz que o consumidor conhece todas as cestas de bens disponı́veis e
é sempre capaz de compará-las. Portanto, se oferecermos duas cestas quaisquer de bens para um
consumidor, ele é sempre capaz de dizer qual cesta prefere. O axioma de reflexividade é trivial
e é condição matemática necessária para derivar uma função utilidade a partir das preferências
(embora existam violações dessa propriedade: alguns experimentos mostram que uma cesta de
bens pode não ser preferı́vel a essa mesma cesta “empacotada” ou descrita de modo diferente).

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O axioma de transitividade é o mais elaborado dos três. Apesar de intuitivo, ele é uma
imposição forte sobre o comportamento do consumidor. O axioma da transitividade é crucial
para a teoria do consumidor: sem ele, em geral, não é possivel dizer qual é a cesta preferida
pelo consumidor. O melhor argumento em defesa da transitivadade das preferências é de ordem
normativa. Preferências não-transitivas resultam na possibilidade de um “dutch book”: uma
seqüência de trocas que levam o consumidor a perder todo o seu dinheiro.
Por exemplo, suponhamos que um consumidor tenha uma cesta x de bens e que ordene as cestas
x, y, e z da seguinte maneira não-transitiva: x  y, y  z e z  x, ou seja, x  y  z  x. Se
oferecermos a ele a cesta z em troca da cesta x e mais uma pequena quantia de dinheiro (pequena
o suficiente para que ele aceite a troca), ele aceita a troca (já que z  x) e passa a possuir a cesta
z. Similarmente, se oferecermos a ele a cesta y em troca da cesta z e mais uma pequena quantia
de dinheiro (novamente, pequena o suficiente para que ele aceite a troca), ele aceita a troca (já
que y  z) e passa a possuir a cesta y. Finalmente, se oferecermos a ele a cesta x em troca da
cesta y e mais uma pequena quantia de dinheiro, ele aceita a troca (já que x  y) e passa a possuir
a cesta x. O resultado lı́quido é que ele termina com a cesta que possuı́a originalmente, tendo
perdido dinheiro nas transações acima. Continuando com essas trocas circulares, o consumidor
terminaria com a mesma ceta inicial e sem dinheiro algum. Esse resultado é conseqüência direta
das preferências não serem transitivas.
Outros dois axiomas muito usados são:

Monotonicidade: Se x ≥ y (isto é, cada coordenada do vetor x, que representa a quantidade de


um bem, é maior ou igual do que a respectiva coordenada do vetor y), então x  y.

Convexidade: Se x e y são duas cestas de bens tais que x ∼ y, então λx + (1 − λ)y  x, para
todo λ ∈ [0, 1].

O axioma da monotonicidade diz que mais é melhor. O axioma de convexidade diz que médias
são melhores do que extremos: uma combinação de duas cestas indiferentes entre si é sempre tão
boa quanto qualquer uma das cestas que forma a combinação. Uma versão mais forte desse axioma
é:

Convexidade estrita: Se x e y são duas cestas de bens tais que x ∼ y, então λx + (1 − λ)y  x,
para todo λ ∈ (0, 1).

Nesse caso, a cesta média é estritamente melhor do que as cestas que a formam.
Existem outros axiomas que podem ser impostos sobre preferências. Cada axioma tem um
significado e supõe algo sobre o comportamento do consumidor. Por exemplo, o axioma de mono-
tonicidade diz que o consumidor prefere mais do que menos. Axiomas sobre preferências são
portanto hipóteses sobre o comportamento dos consumidores. Essas hipóteses podem ser testadas
natural ou experimentalmente. Observe que os axiomas são hipóteses em relação ao consumidor

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sem lever em conta a realidade do que ele deseja. O consumidor pode preferir um carro importado
a um carro nacional, mas por não ter dinheiro suficiente, tem que optar pelo carro nacional.
Um axioma de caráter mais técnico, que vamos usar na próxima seção, é o axioma da con-
tinuidade:
Continuidade: Os conjuntos {x ∈ X; x  y} e {x ∈ X; y  x} são fechados para todo y ∈ X.

2 Utilidades
Preferências são o objeto primitivo que caracteriza um consumidor. Porém, do ponto de vista
prático, preferências nem sempre são fáceis de se manusear e de se obter inferências econômicas.
Funções utilidades são objetos mais maleáveis e permitem tirar conclusões que não seriam tão
facilmente obtidas usando-se preferências diretamente.
Definição: Uma função de utilidade assinala para cada cesta em X um valor u(x) ∈ R.
Uma função utilidade nada mais é do que uma representação numérica das cestas disponı́veis
para o consumidor. Se para as cestas x e y temos que u(x) > u(y), então dizemos que a cesta x
provê mais utilidade (ou satisfação, ou bem-estar) para o consumidor.
Exemplo: Função de Utilidade Cobb-Douglas. Essa função é uma das mais usadas em
economia. Para o caso de dois bens essa utilidade é representada por u(x1 , x2 ) = xα1 x1−α
2 , onde
α ∈ (0, 1).
Utilidade originalmente era um conceito cardinal: se u(x) = 2u(y), então se dizia que a cesta
x era duas vezes mais útil do que a cesta y. A grandeza do valor da utilidade tinha um significado
preciso, e supunha-se que se podia medir a utilidade de cada pessoa em unidades chamadas “utis”.
Essas utilidades eram então passı́veis de comparação entre bens e pessoas.
Porém, o conceito de utilidade cardinal sofre muitas crı́ticas. O que significa dizer que uma
cesta possui o dobro de utilidade da outra? Seria o caso de que o consumidor está disposto a
pagar o dobro do preço por ela? Ou que ele estaria disposto a trabalhar o dobro do tempo para
obtê-la, por meio de um segundo emprego que não paga o mesmo que o emprego original? E qual
o sentido em comparar utilidades de pessoas diferentes?
Felizmente, a hipótese de cardinalidade não é necessária na teoria do consumidor. A derivação
dessa teoria utiliza a hipótese mais fraca de ordinalidade, de que o consumidor consegue ordenar
as cestas de bens em termos de preferência (e portanto não precisa saber o quanto a mais ele gosta
de uma cesta em relação a outra). Se o consumidor possui preferências que satisfazem os axiomas
de completeza, de reflexividade, de transitividade, e da continuidade, podemos derivar uma função
de utilidade para representar essas preferências, no sentido da definição abaixo. Então o conteúdo
econômico de uma utilidade não está nela em si, mas sim nas preferências que ela representa.

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Definição: A função de utilidade u representa o sistema de preferências  se para todo x, y vale

x  y ⇐⇒ u(x) ≥ u(y).

Nem todo sistema de preferências pode ser representado por uma função de utilidade. Um
exemplo clássico é o seguinte:
Exemplo: Preferências lexicográficas. A preferência lexicográfica para o caso de dois bens é
definida como:

(x1 , x2 )  (y1 , y2 ) ⇐⇒ {x1 > y1 } ou {x1 = y1 e x2 ≥ y2 }

A lógica dessas preferências assemelha-se à lógica de procurar por uma palavra no dicionário. O
consumidor com preferências lexicográficas preocupa-se primeiro apenas com o bem 1: se a cesta
x tem uma quantidade maior do bem 1 do que a cesta y, então ele prefere a cesta x. Caso as duas
cestas tenham a mesma quantidade do primeiro bem, então ele compara o segundo bem: a cesta
que tiver mais do segundo bem é a preferida. Note que a preferência lexicográfica é completa,
reflexiva e transitiva. Porém, não pode ser representada por nenhuma função de utilidade (veremos
a razão mais adiante).
Teorema de representação: Se o sistema de preferências satisfaz os axiomas de completeza,
reflexividade, transitividade e continuidade, então existe uma função de utilidade u que representa
esse sistema. Mais ainda, qualquer transformação monotônica positiva dessa função de utilidade
também representa o mesmo sistema de preferências.
O teorema de representação deixa claro que não exigimos que o consumidor compute um
número para cada cesta de bens que oferecemos a ele, mas apenas que ele ordene as várias cestas
de bens de um modo que satisfaça os axiomas necessários para que o teorema seja válido. Se ele
é capaz de fazer essa ordenação que satisfaça os axiomas enunciados no teorema, podemos então
achar uma função utilidade que representa o seu sistema de preferências no sentido da definição
acima. Portanto, o importante em uma função utilidade é o modo em que ela ordena as cestas de
bens, e não o número especı́fico associado a cada cesta.
Como o que importa é a ordenação dos bens, se uma utilidade representa essas preferências,
qualquer transformação monotônica positiva dessa utilidade também representará essas preferências.
Suponha que u representa , ou seja,

x  y ⇐⇒ u(x) ≥ u(y)

Se f é uma função crescente em todo o seu domı́nio (ou seja, uma transformação monotônica
positiva), então para todo a > b, temos que f (a) > f (b). E portanto temos que

x  y ⇐⇒ u(x) ≥ u(y) ⇐⇒ f (u(x)) ≥ f (u(y))

Logo, v(.) = f (u(.)) também representa o mesmo sistema de preferências que u representa.

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3 Curvas de Indiferença
Uma curva de indiferença representa um conjunto de cestas indiferentes entre si. Então, uma
curva de indiferença contém todas as combinações de cestas que dão o mesmo nı́vel de satisfação
ao consumidor. Em termos de preferências, podemos representar a curva de indiferença de um
bem x qualquer como
I(x) = {y ∈ X : y ∼ x} .

Se usarmos uma função de utilidade, curvas de indiferença são definidas pelos conjuntos

I(k) = {x ∈ X : u(x) = k} ,

onde k é um número qualquer.

Exemplo: Preferências “bem-comportadas”. No caso de dois bens, uma curva de indiferença


muito usada (isto é, gerada por funções de utilidade muito usadas) é dada por:

x2
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Curvas de Indiferença
“Bem comportadas”

-
x1

Que propriedades ou axiomas as preferências que geram as curvas de indiferença acima satis-
fazem? Elas são completas, reflexivas e transitivas. Além disso, são monótonas (“mais é melhor”)
e estritamente convexas (qualquer combinação convexa entre duas cestas indiferentes é estrita-
mente melhor do que essas duas cestas). O axioma de monotonicidade faz com que a curva de
indiferença tenha inclinação negativa. O axioma de convexidade estrita faz com que as curvas de
indiferença sejam convexas em relação à origem.
No caso de preferências bem compotadas, a reta orçamentária é tangente a apenas uma curva
de indiferença, em um único ponto. Ambos os bens são adquiridos, a função de demanda é bem
definida, contı́nua nos preços e na renda, e possui derivadas diferentes de zero nos preços. O método
de Lagrange pode ser usado para resolver o problema do consumidor e achar suas demandas por
cada bem.

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Exemplo: Preferências lexicográficas. A curva de indiferença para a cesta x gerada por uma
preferência lexicográfica é formada apenas pela cesta x. Graficamente, cada curva de indiferença
é um ponto no espaço de bens. A satisfação do consumidor aumenta quando caminhamos para
direita no eixo horizontal (isto é, aumentando a quantidade do primeiro bem). Se estamos em
uma linha vertical (ou seja, mesma quantidade do bem 1), então a satisfação aumenta quando
caminhamos para cima dessa linha vertical (isto é, aumentando a quantidade do bem 2). Portanto,
uma cesta de bens só é indiferente a ela mesmo e a mais nenhuma outra cesta. Essa é a razão
porque não podemos representar preferências lexicográficas por uma função utilidade: existem
“muitas” cestas que não são indiferentes entre si (tecnicamente, as preferências lexicográficas não
satisfazem o axioma da continuidade).

Observe que duas curvas de indiferença distintas não podem se cruzar (essa afirmação é con-
seqüência do axioma de transitividade das preferências). Observe que curvas de indiferença distin-
tas representam nı́veis de satisfação diferentes. Logo, se elas se cruzarem, todas as cestas nessas
duas curvas seriam indiferentes entre si. Nesse caso, elas não seriam duas curvas de indiferença
distintas.

4 Taxa Marginal de Substituição


A taxa marginal de substituição (TMS) é a inclinação da curva de indiferença. Ela mede
a taxa pela qual o consumidor está disposto a trocar um bem por outro. Então, a TMS do bem
1 pelo bem 2 é o valor que o consumidor atribui ao bem 1 em termos do bem 2. O postulado
da substituição diz que o consumidor está sempre disposto a trocar um tanto de um bem por
um tanto de outro bem, de modo a manter o mesmo nı́vel de satisfação (portanto esse postulado
exclui preferências lexicográficas).
Se as preferências são monótonas, as curvas de indiferença são negativamente inclinadas. Nesse
caso, a TMS é um número negativo: se o consumidor abre mão de um pouco de um bem, ele precisa
receber um pouco do outro bem para manter-se na mesma curva de indiferença (lembre-se que o
axioma da monotonicidade diz que mais é melhor: o consumidor ao abrir mão de um tanto de um
bem, só continuará com a mesmo nı́vel de satisfação que ele tinha antes se receber um tanto do
outro bem que compense essa perda).
Vamos usar a utilidade marginal para achar a taxa de substituição marginal (TMS). A utilidade
marginal do bem xi mede o acréscimo na utilidade devido a um aumento no consumo do bem i e
é dada pela derivada da função utilidade com relação a xi :
∂u
U M gxi =
∂xi

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A utilidade marginal não possui nenhum conteúdo econômico, pois, como vimos, apenas a or-
denação das cestas importa. Se usarmos uma outra utilidade para representarmos as preferências,
a utilidade marginal mudará. Como essa outra utilidade continua representando o mesmo con-
sumidor, não podemos dizer nada sobre o comportamento dele usando a utilidade marginal.
Suponha que o consumidor possui a cesta x = (x1 , x2 ). Vamos modificar essa cesta por
dx = (dx1 , dx2 ), de modo a manter o mesmo nı́vel de satisfação (ou seja, de modo que o consumidor
permaneça na mesma curva de indiferença). Então

∂u(x1 , x2 ) ∂u(x1 , x2 )
dx1 + dx2 = du
∂x1 ∂x2
O primeiro termo mede a mudança na utilidade dada pela mudança em x1 e o segundo termo
mede a mudança na utilidade dada pela mudança em x2 . Como essas mudanças são feitas de
modo a manter o nı́vel de satisfação constante, então du = 0. Portanto,

∂u(x1 ,x2 )
dx2 ∂x1
= − ∂u(x 1 ,x2 )
dx1 du=0

∂x2

Note que a a TMS não depende da função de utilidade que usamos para representar as pre-
ferências. Se usarmos a função v = f (u(.)), onde f é uma função crescente, a utilidade marginal
dessa utilidade será dada por
∂v ∂f ∂u
U M gxvi = = ,
∂xi ∂u ∂xi
onde a última igualdade resulta da regra da cadeia. Portanto a TMS nesse caso será
∂f ∂u(x1 ,x2 ) ∂u(x1 ,x2 )
dx2 ∂u ∂x1 ∂x1
= − ∂f ∂u(x ,x )
= − ∂u(x1 ,x2 )
,
dx1 1 2
∂u ∂x2 ∂x2

ou seja, o mesmo que antes. A TMS então é sempre a mesma para qualquer função de utilidade
que represente as mesmas preferências.
A TMS pode ser medida na prática, se as preferências forem bem comportadas (completas,
reflexivas, transitivas, contı́nuas, monótonas e convexas). Se o consumidor possui a cesta x =
(x1 , x2 ), podemos oferecer a ele diversas razões de troca entre os dois bens: 1 unidade do primeiro
bem por duas unidades do segundo bem, etc. Se para alguma dessas razões de troca, ele preferir
continuar com a cesta original, então essa razão é a TMS.
Isso ocorre porque se a taxa de troca cruza a curva de indiferença que passa pela cesta x, então
o consumidor vai preferir trocar um pouco de um bem por um tanto do outro bem. A única razão
de troca pela qual ele não vai querer fazer nenhuma troca é a que passa pela cesta x tangenciando
a curva de indiferença dessa cesta, ou seja, para a razão de troca que é igual a TMS. Para qualquer
outra razão de troca que não seja igual a TMS, o consumidor vai querer trocar um bem pelo outro.

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∂u ∂u
Exemplo: Suponha que ∂xi
= 10 e ∂xj
= 5. Então na margem (pequenas mudanças ou trocas
entre os bens), uma unidade do bem i vale duas vezes mais para o consumidor do que uma
unidade do bem j. Ou seja, se aumentarmos o consumo do bem i por uma pequena quantidade
ε e diminuimos o consumo do bem j por 2ε, então o consumidor continua com o mesmo nı́vel de
satisfação (na mesma curva de indiferença).

Se as preferências são convexas, o valor absoluto da TMS do bem com relação ao bem 2 diminui
quanto maior a quantidade do bem 1 que o consumidor possui (supondo que ele continua na mesma
curva de indiferença) Intuitivamente, essa é uma hipótese razoável: quanto mais o consumidor
possui de um bem, menor o valor dele em termos do outro bem.
Portanto, temos que:

1. A TMS não depende da função de utilidade que usamos para representar as preferências.

2. A TMS pode ser medida na prática, se certas condições forem satisfeitas (preferências bem
comportadas).

3. Se as preferências são convexas, o valor absoluto da TMS do bem 1 com relação ao bem
2 diminui quanto maior a quantidade do bem 1 que o consumidor possui (supondo que ele
continua na mesma curva de indiferença).

Vamos encontrar a TMS de algumas funções de utilidade.

1. Utilidade Cobb-Douglas: u(x1 , x2 ) = xα1 x21−α , α ∈ (0, 1). Nesse caso,

U M gx1 (x1 , x2 ) α x2
T M S1,2 (x1 , x2 ) = − =−
U M gx2 (x1 , x2 ) 1 − α x1

2. Utilidade Linear: u(x1 , x2 ) = x1 + x2 . Nesse caso, a TMS entre os dois bens é -1.

3. Utilidade com um Bem Neutro: u(x1 , x2 ) = x1 . Nesse caso, a TMS entre os bens é infinita.

4. Utilidade de Leontieff: u(x1 , x2 ) = min{x1 , x2 }. Nesse caso, a TMS é zero ou infinita, sem
meio termos.

Ler Varian, caps. 3 - “Preferências” - e 4 - “Utilidade”.

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