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Rosângela (Espírito).
Flores de Maria I romance do Espírito Rosângela ; psicografado pela
médium Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho. - São Paulo: Petit, 2003.
ISBN 85-7253-100-9
Romance do Espírito Rosângela
Psicografado pela médium
Vera Lúcia Marinzeck de Carvalho
1. Espiritismo 2. Psicografia 3. Romance espírita I. Carvalho, Vera
Lúcia Marinzeck de lI. Título.
CDD: 133.9
editora
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Impresso no Brasil, no verão de 2004.
www.petit.com.br petit@petit.com.br
Chegamos ao refeitório.
- Estou com fome! Fiquei ansiosa com tantas novidades e
quando me sinto assim, fico faminta! – exclamou Lourdes.
- Eu também estou com fome! - expressei-me. Alimentamo-nos
com um delicioso caldo, comemos pães, frutas e tomamos suco.
- Tudo está tão gostoso! - exclamei. - Não sei se vou deixar de
me alimentar. Quando doente no corpo físico, alimentava-me pouco,
não sentia o gosto dos alimentos e...
- Esqueça esses momentos tristes. Aqui tudo é tão agradável! -
aconselhou Lourdes.
Concordei com a cabeça, pois estava com a boca cheia de pão.
Quando terminamos, retomamos ao nosso quarto. Depois de um
descanso, fomos, Lourdes e eu, para a aula de canto, que seria na
própria escola, no setor cinco, da ala três.
Lá havia várias salas. Curiosas, entramos em muitas. Vimos
muitas crianças e jovens tendo aulas e tocando instrumentos musicais.
Vi, surpresa, Samuel aprendendo a tocar guitarra. Ele me acenou
alegremente.
A Maestrina Georgina nos esperava, cumprimentou-nos dando
boas-vindas e explicou:
- A música nos enaltece! É uma grande terapia! Temos bons
mestres de música e são vários os instrumentos que se pode
aprender.
Reunidos numa sala, havia doze pessoas, jovens e crianças. A
Maestrina Georgina iniciou sua aula. Achei fácil, comecei a entender
os gestos do dirigente de um coral. Quando terminou a aula, Lourdes
e eu voltamos ao nosso quarto, que a turma chamava de vários
modos: alojamento, cantinho, sala ou salinha, e até de casa. Sentei-
me na frente da escrivaninha e fui rever a matéria da aula. Hortência
aproximou-se, prestativa.
- Quer ajuda, Rosângela?
- Quero! - respondi contente. - Vou dizer a você como se faz
esse exercício, e, por favor, verifique se acerto. Quero acabar logo,
pois Isabel matriculou-me na natação e terei a primeira aula às
dezenove horas.
Hortência ajudou-me e foi comigo até as piscinas.
- Rosângela, agora voltarei, pois tenho tarefas a fazer. Boa aula!
- despediu-se Hortência.
Fui recebida por um professor que se apresentou sorrindo:
- Sou Rafael, estou no Fores de Maria há três anos. Quando
encarnado, sabia nadar bem, sofri um acidente e desencarnei numa
piscina. Aconselhado pelos orientadores, continuei aqui a nadar e
passei a ser instrutor de natação. Estou contente por fazer algo pelo
lugar que me abrigou com tanto amor.
- Como desencarnou numa piscina, se sabia nadar? perguntei
curiosa.
- Fiz um passeio com amigos, fomos pela primeira vez a um
clube muito bonito. Encontrei uma amiga e ficamos conversando. Qual
do fui para as piscinas, vi dois amigos numa delas com água até o
pescoço, não tive dúvida, dei um mergulho de cabeça. Escutei-os
gritar para que não pulasse, achei que aa brincadeira. Saltei e não vi
mais nada. Acordei no hospital e, tetraplégico, havia fraturado a
coluna. Não percebi que os dois amigos estavam agachados e que a
piscina era rasa. Fiquei dias hospitalizado, tive uma parada cardíaca e
desencarnei.
Depois de ouvir sua história, entramos numa das piscinas. A
água estava muito limpa, e sua temperatura, agradável. Rafael,
pacientemente, foi me explicando tudo e a aula passou rápido.
- Rosângela, sua próxima aula será com outros companheiros.
Você tem jeito, logo estará nadando igual a um peixinho - Rafael
incentivou-me.
Lourdes me esperava no refeitório para jantar. Depois de nos
alimentarmos, voltamos ao nosso cantinho e encontrei tia Ana Elisa
me esperando. Sentamo-nos nas poltronas e contei animada ela tudo
o que me acontecera. Titia sorria, incentivando-me a falar.
- Rosângela, estou muito contente com você. É isso aí, menina,
ânimo e otimismo! Agora devo ir; meu turno de trabalho começa em
trinta minutos.
Despedimo-nos com beijos e abraços.
Estava cansada, quis deitar-me. Antes de dormir, fiz uma prece
de agradecimento.
"Ah!", pensei. "Se soubesse que viver desencarnada era assim,
não teria tido medo da morte. Se mamãe, papai soubessem que eu
estou tão bem, iriam se consolar rapidinho."
No outro dia, todas acordaram alegres, e só um comentário se
ouvia no quarto.
- Hoje é o dia da apresentação na colônia!
- Temos de nos esforçar, porque receberemos assistentes
ilustres e quase todos os moradores estarão lá para nos ouvir.
- Estamos eufóricas com essa apresentação tão importante. A
governadora irá dar uma palestra aos adultos _ explicou Hortência
para Lourdes e para mim.
- Será que poderemos ir, Rosângela? – perguntou Lourdes.
- Eu quero ir! Gosto de festas! - respondi.
Quando Isabel entrou em nosso quarto, Lourdes e eu corremos
para indagá-Ia e ela nos tranqüilizou:
- Vocês irão sim! Vou acompanhar os novatos. Preparem-se,
garotas, pois assim que as meninas do coral saírem, virei buscá-Ias.
- Isabel, que roupa devemos vestir? – perguntou Lourdes.
- Qualquer uma, menos a do uniforme do coral,
porque nessa comemoração irão como convidadas. Nas
próximas, irão como cantoras.
As meninas do coral trocaram de roupa e vestiram a veste de
gala; conversavam, estavam alegres.
Lourdes e eu também nos arrumamos, entramos no clima da
festa. Obedecendo a um sinal, as meninas foram para o setor oito,
onde todos se reuniriam para, depois seguir para o pátio das
convenções da colônia.
Estávamos ansiosas esperando por Isabel. Quando ela veio nos
buscar, descemos as escadas eufóricas. Ela reuniu um grupo de oito
novatos, entre eles o Samuel. Saímos do prédio pela frente e
atravessamos a Praça da Fonte.
- Vamos, garotos - chamou Isabel-, iremos andando até o local
da apresentação.
Estávamos todos curiosos e observando tudo. Passamos pelo
portão, entre os setores um e oito, e caminhamos por uma avenida
arborizada; logo chegamos ao pátio, que era enorme e ao ar livre. A
manhã estava lindíssima. Sentamo-nos nas cadeiras da frente. Vimos
Valda com alguns garotos e Fátima. Fomos cumprimentá-Ias e as
abraçamos.
Minutos depois, a meninada do coral foi chegando e subindo ao
palco.
- Aqui se respeita o horário, não há atrasos – Isabel explicou-
nos.
A garotada estava linda com o uniforme de gala; encantei-me
novamente com os pequeninos. Todos estavam alegres. A
comemoração iniciou-se com uma linda prece e, em seguida,
anunciaram o coral. Os cantores-mirins, cantaram muito bem.
Emocionei-me.
Quando terminaram, foram muito aplaudidos. Uma senhora
morena, de cabelos grisalhos, muito simpática, subiu ao palco.
- É a nossa governadora! - esclareceu-nos Isabel com
admiração.
- Agradeço aos meus jovens cantores. Foi mais uma belíssima
apresentação - disse com voz agradável.
Eles foram descendo do palco e Isabel falou:
- Vamos sair também, meninas! Voltaremos para o educandário
com a garotada do coral. Só os adultos convidados permanecerão
aqui para ouvir a palestra.
Saímos em silêncio. Na avenida, a caminho do Flores de
Maria, começamos a conversar, a cantar e a rir.
- Que melodia linda! - ouvi Isabel exclamar.
Não tivemos aula, fomos todos para os parques, para as quadras
e o dia foi só de brincadeiras. Gostei demais da comemoração.
Tive de dividir bem o meu horário; estava recebendo aulas de
reforço com a professora Alice e como queria acompanhar a turma,
estudava bastante. As aulas de canto eram prazerosas. Logo Lourdes
e eu passamos a fazer parte do coral. Havia no educandário três
corais e em muitas apresentações reuníamo-nos, tendo antes ensaios
gerais. O primeiro coral era das crianças menores, chamadas de
pequeninos, e o terceiro, dos jovens. Fiquei no intermediário. Aprendi
a cantar e, assim como todos, gostei muito.
Aprendi também a nadar facilmente. Queria aprender outros
esportes, mas como não dispunha de horário, teria de praticá-Ios em
períodos preestabelecidos.
Todos da minha classe tinham aula de informática. Já
dispúnhamos de aparelhos que só anos mais tarde foram conhecidos
na Terra. A turma auxiliou-me e aprendi rápido. Tínhamos, nessas
aulas, tarefas a fazer. Após, pode ríamos brincar com jogos
interessantes.
Nas aulas de moral evangélica a professora Ester falava do
Evangelho de um modo especial, com amor. Nunca havia imaginado a
importância de Jesus ter estado conosco, encarnado na Terra.
Nessa época ainda me alimentava e gostava de fazê-Io.
Lourdes, que comia bem menos, comentou:
- Acho, Rosângela, que por causa de sua doença você foi privada
de comer o que gostava e escutou tanto que deveria alimentar-se que
isso ficou na sua mente. Por isso, agora está encontrando dificuldade.
Achei que Lourdes tinha razão. No dia seguinte, na aula de
Evangelização, pedi para falar. A professora Ester permitiu e eu me
queixei:
- Estou comendo muito! Tenho vergonha de repetir, mas sinto
fome. Acho que é porque...
Contei minha vida quando encarnada, da minha doença. Falei de
mamãe insistindo para que me alimentasse, dos meus enjôos e
vômitos. Terminei falando que achava os alimentos da cantina, do
refeitório, deliciosos e que comia com prazer. Quando terminei, a
professora Ester explicou:
- Rosângela, você está em fase de adaptação está aprendendo a
viver com o perispírito. Quando completar um ano aqui, terá aulas de
como se nutrir. Não deve se preocupar por gostar de se alimentar, só
deve prestar atenção para não ser gulosa. Não é bom ter gula. Você,
minha querida, e sua amiga Lourdes estão certas. Queria, quando
encarnada, atender sua mãe, que preocupada pedia que se
alimentasse; não conseguia atendê-Ia porque sua doença a impedia.
Isto ficou na sua mente. Cada um de nós traz da Terra algo mais difícil
de ser superado. E, superar é fácil, basta querer. Minha aluna, se aqui
há ainda alimentação é porque não é errado. Nada nos é tirado de
uma vez. Alimente-se quando estiver com vontade. O mais importante
é se sentir bem.
Opiniões foram dadas. Todos ali se alimentaram e no início
comeram bastante e alguns ainda o faziam.
- Rosângela - falou Oscar -, estou aqui há quatro anos. Quando
encarnado, gostava de comer. Nos primeiros meses aqui me
alimentava bem. Um dia, acordei com muita vontade de comer um
bolo que mamãe fazia. Não conseguia esquecer o bolo. Pedi no
refeitório e a senhora que me atendeu não sabia como fazê-Io. Ela
pediu para que eu pensasse nele e o plasmou. Comi muito bolo!
- Isso acontece. Quem tem conhecimentos pode plasmar o que
deseja. No seu caso, Oscar, uma trabalhadora plasmou o que você
imaginou para agradá-Io - esclareceu Ester.
- Deixei de me alimentar sem o perceber - continuou Oscar. -
Uma vez, só lembrei à noite que não havia comido nada durante o dia
e que não estava com fome. Será assim com você, Rosângela.
Compreendendo, passei a me alimentar com naturalidade, sem me
preocupar com o fato.
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pessoas venham a conhecê-Io também? Poderia comentá-Io com
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esteja precisando ou até mesmo emprestar àquele que não tem
condições de comprá-lo. O importante é a divulgação da boa leitura,
principalmente a literatura espírita. Entre nessa corrente!