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137 I a Fania: Dinamica sonido contin ¢ renavada: narcisimo ¢ soclalismo Em sev estudo da psicologia do geupo, Freud (1 creveu que “s6 raramente e sob certas condigdes excepcio: que a psicologia individual est numa posi¢io de negligenciar 4 ‘clagio entre 0 individuo e os outros. Na vida mental de um indie viduo invasiavelmente hi mais alguém envolvido..". Bion, quand escreveu que a satisfario de qualquer impulso emocional impli também a expressio de seu componente social, termina suge que o problema a ser resolvido & o “conflito entre o narcisismo ¢ social-ismo””. Na familia, esse problema se manifesta na luta p onganizar um padrio interativo que possa satisfazer as neces des dependentes do objeto ¢, por meio dessa mesma sais cziat as condigdes para promover € a le do gas co P aceitar a capacidade do obj __Essa formulagio abcange a aceitaglo e o reconhecimento existéncia da parte da familidade, 0 reconhecimento de suas festacGes (sentimentos, necessidades, desejos) e a aceitagio de confitos, © 0 comentitio que se segue néo devem ser tomados como mnstragio de tudo que o terapeuta foi eapaz de aprender no da sessio, Entretanto, espera-se que com a continuidade da a esse hiato possa ser diminuido. (© encaminhamento inicial dessa familia foi 0 de Jaseain, uma scente de 15 anos, apresentada como softendo de fobia es- que a impedia de assistie As aulas (quando a atendemas, esta- ausente da escola havia oito meses). Na carta enderecada & wistock, 0 médico desereveu-a como uma pessoa infeliz, sem centindo dificuldades para comunicar se com seus colegas ese e com 0 professor; ela achava que a escola era um local ‘barulhento ¢ s6 se sentia & vontade em atividades solitirias, 10 cozinhar € er. Os pais, no inicio da ixa dos 40 anos, haviam feito um wamento inter-aci jo para a Inglaterra tando contava 19 anos, e cls, uma “tipica” mulher inglesa da média, Casaram-se depois de Jasmin ter sido concebida. lavia um filho mais novo, Andrew, com 12 anos de idade. Entre ses dois filhos, a Sra. H havia tido uma gestacio que terminou ‘0 nascimento de um prematuro de 6 meses, falecido trés 1s apés 0 parto, O casal era descrito como unido, apesar de a ita apresentar uma referencia & insatisfaco da Sra. H com a ia de envolvimento de seu marido na vida familiar, A Sra. H lescrita como pessoa inciinada a depresses ¢ “ataques de indo recebido ausilio psiquistrico antes de seu casa- A catta terminava dizendo que a familia estava em perigo c se desintegrat, e apontava a necessidade de assumnir o encami- wamento na forma de uma abordagem familiar, Na sealidade, 0 \édico ji havia mencionado para a familia esse tipo de terapia e, sando Thes escrevemos, ees aceitaram set antendidos juntos. LM autor ¢ SZ a co-tetapeuta. A Famitia H No telato clinico que ser apresentadi si apresentado a seguir, podetio ser iddentificados alguns aspectos que ilustram o referencial teérico em discuss, Deve ficar bem entendido que o material se apresenta de forma abreviada¢ que se sefere a diversas sesses, Representa asicamente um resumo das conteibuiges da familia, Portan maioria das intecvengées dos terapeutas no é relatada detalh ‘mente (exceto na titima parte, aa qual sio transeritas al as interpretacdes), hs meee Apesar de o terapeuta, na pritica, tentar estabelecer o ritmo da terapia, quando o trabalho se ocupa de familias, a tendéncia ~ como ji descrevemos antes ~ € 0 ritmo tomar-se turbulento e impreciso*, Infelizmente, portanto, a sva compreensio do pro so em andamento num dado instante no corzesponde de modo necessitio A sua habilidade para elaborar posteriormente de forma mais profunda o mesmo tema, Neste sentido, a presente “mont Material Conforme as expectativas, de inicio 0 foco recaiu sobre as ficuldades de Jasmin. Depois das férias escolates, principalmente lepois das féras de verso, a menina parecia sempre relutante em voltar escola. No ditimo verio, a situacio tinha ficado pios. Ela se * CE Capitulo, p. 43 eseguintes. 138 Fanilia: Dinamo ‘mostrava tio amedrontada na sala de aula que tinha de ser conduzilp ara um local isolada onde ficasse a s6s, Por fim, a diretora achow melhor que cla fieasse em casa e fosse procurar algum tipo dé ajuda, Jasmin considerava a atmosfera em classe muito barulhentiy fazendo com que ficasse confusa e ineapaz de se concentrar (al criancas desajustadas). Uma dessas pessoas eta de opiniio que dificuldades de Jasmin talvez pudessem estas ligadas ao relacio ‘mento do casal, Foi-lhes pedido que comencassem mais a resp de seu relacionamento ¢ a Sra. H, que falou a maior parte do tel o, enquanto 0 marido ficava em siléncio, disse que a queixa pris Cipal tina a ver com o gradual afastamento e crescente indife do marido em relacio a vida familiar. Essa atitude havia-se tor do to pronunciada que agora eles eonsidecavam como fato sumado sua falta de vontade para pasticipar de qualquer iniciai que empreendessem enguanto grupo. Tinham entio atingido onto em que ela no esperava mais que ele se unisse 40 geapo ele simplesmente no se importava em fazé-lo, Jogaram um pouco de culpa pelo estado atual da situagi ‘nos ptimeiros anos de seu casamento, Nessa época, pressionad| pela mie da Sra. H, tinham ido morar numa casa da municipalida (oa Inglaterra as municipalidades constrocm habitagdes que § alugadas por pregos exttemamente médicos as familias de bai senda), localizada num bai sas ficar com os pais da Sra, foram parando de falar um com 0 outeo, No momento presente, ambos saem para trabalhat. A mie teabalha durante o dia e o pais noite. De mani, antes de se deitar, ele leva as crianeas de carry, pparaa escola, Como agora Jasmin ficava cm casa, ela tomava cont. ta da casa e se encarregava um pouco da comida. O Sr. H queixou se de que sua esposa sempre trazia para casa 0s conflitos ¢ as difi- culdades de seu trabalho, A Sta. H comentou que, ao perceb como estava critica a situagio de seu casamento, fez pressio sobee_ 18 aque fiearia com ela, semana que se se- Sra, H) que o casamento de seus pais estava acabando. Ao escutar (durante a sessio), Andrew rompeu em lagrimas e os pais am embaracados Durante a sesso, as colocagdes de Jasmin a tespeito da situa- marital evitavam cuidadosamente tomar partido de um ou de seus pais. A mfe ficou queixando-se, mas sem muita con- ‘ia. Teve porém, o cuidado de mencionar que nfo encontratia uguém melhor para conviver do que seu matido, ‘No fim da primeira sesstio, emergindo um pouco de seu nncio, 0 St. H fez um discarso no qual mostrou suas ves pends, A ee novation ae pai ¢ umn matido perfeito, sactificando-se constantemente pela Concordou vagamente que felutava em atender a algu- las exigéncias de sua esposa, mas considerava isso um por- ‘A familia concordou em nos encontrarmos todos mais algu- le vé-los nesse periodo inicial, sugerimos que 0 seguisse de modo conti A mie é uma mulher alta e loura, lo que exerce. Suas roupas indicam seu di economicamente, mas num estilo © pai com cetteza foi um homem atraente no passado — uma vic de bees evantina ‘agora aparentava um total descuido sua aparéncia fisiea, Na pal impressio que ‘eansmitin em todas as sessSe ‘mensamente cansado, -Aos poncos, conforme o trabalho foi se deseavolvendo, 0 Yiema escolar de Jasmin tornou-se simplesmente © panto de cia num pano de fundo, As sesses voltaram-se cada vez pasa focalizar 0 problema marital, Andrew foi aquele que ja mais fortemente ao problema, apresentando grande tristeza, fincipio mostrada nas ligrimas e, depois, falando abestamente a ito do rompimento iminente e da infeicidade que isto iria 140 Familia: Dindmtee ¢ Terapia | comfeoniaeto continua e venovada: narcisismo socialiomo 1 provocat, Nas sess6es, a criangas tornaram-se visivelmente as pots tadoras da depressio dos pais em relagio a seu contflito conjugal, @ 0 pais comportavam-se mais como observadores. Ocorreu uma 1a vez. que se sentia humilhada ao ter de abordé-lo para dinheiro, Pasa o St. Ho casamento era um fato completa- banal, Disse que um dia todo mundo tem de se casar, € que umento deveria ser considerado mais como uma amizade € ‘menos aspectos “espirituais” (amos, por exemplo). Per- amos a respeito da reagio dos pais da Sra, H em relacdo a um mento misto, Sua jemi havia-se oposto frontalmente, mas seus i, conquanto nfo entusiasmados, haviam dado seu consentimento. juanto a familia do Se. H? Soubemos que eram gente importante sua cidade de origem. O St. H contou-nos que poderia ter ‘que quisesse; ia 2 uma loja, comprava o que queria e a conta cenviada para seu pai. Quanto a seu easamento, uma de suas 4 havia sido escolhida para set sua esposa. Nas ‘muis proveitoso trabalhar apenas com o casal, pelo menos durant algum tempo, Parecia que, agindo assim, poderfamos aliviar ctiangas do peso de certas projesdes que aconteciam no decars das sessies, © que pareciam excessivamente perturbadoras © lentas. Ao mesmo tempo, esse procedimento nos petmititia co entrar no ponto que havia surgido como fonte principal da culdade do casal, quet dizet, a natureza infantil do vinculo con) Esspesivamos também que essa mudanga de abordagem tomas ‘08 aspectos transferenciais mais claros e mais definitivamente tados pari nés. Conforme antecipavamos, a sugestio de transfo} ‘mar temporariamen spa familiar em terapia de casa, ap de repetida diversas vezes, no evocou qualquer entusiasmo pi parte dos pais, Finalmente, porém, eles aceitaram, ‘Avmie tinha a tendéncia de aproveitar toda oportunidad q surgisse para eritcar o pai. Ela poderia utilizar uma referéncia fe a necessidade de romper com a situagio ¢ deixar seu pais. xz casadlos, o Sr. H pediu 8 sua esposa que escrevesse para a i pediindo a essa que contasse 20 pai do casamento. Respondew do St. H que a decisio de repudiar a escolha da familia (a € casar-se com tuma européia era inaceitivel. De agora em cle nfo seria mais considerado como seu filho. A situagio pelo fato de a ima, a quem a carta to de vista, O resultado geral visava criara impressio de que 08 try eram vitimas do compottamento relaxado ¢ descuidado de seu. marido. Recordando a decisio de se casarem, a Sea. H perguntowse ‘quais setiam seus verdadeiros sentimentos naquela época: seri que cla tetia se casado sse grivida? (Sua mie Ihe havia dito piaticamente havia sido proibida pelo St. H de expressar quais- sntimentos de tristeza pelo acontecido, insistindo que se tm ne encontrava ocasionaimente (tais como primos e sobrinhos), seu 1a Fanitia: Dindnica pai ainda 0 considerava a menina-dos-olhos. Alguns anos antes, ele hhavia sugerido que a Sra. He Jasmin fossem visitar a familia na Asi (Andrew ainda no havia nascido). Alguns meses depois ele itt reunir-se as duas. Mas quando chegou 108 como sua esposa desequilibrada e “de a até mesmo a sua mie a ficava 0 temp todo ctiticando, apoiando o ponto de vista dele nos confitos tinham, Darante uma das sessdes subsegiientes, a Sta, H relatou spisédio acontecido no fim de semana, e gue pata ela era “tipico a falta de preocupacio do marido. Ela havia se comprometido jopar ctiquete no domingo a tarde em uma espécie de jogo be ficente de senhoras. Ela prepatara uma cesta de piquenique e, compromisso ¢, por seu turno, cla argumentou que ele jamais pres tava atengio ao que ela Ihe dizia, Quando foi sugerido que talvez amos estivessem conteibus indo para manter imprecisa a mensagem, a Sta, H continuou 4 falar e surpreendeu-se ao indicarmos que cla niio havia escutado ‘nosso comentirio, A escolha do Sz, H de trabalhar & noite fora feita em comm, acordo com sua esposa. No fundo, slém de razdes econémicas, essa escolha fora motivada pelo desejo dela de niio ficat sozinha em casa durante 0 dia. Com 0 tempo, esse atranjo mostrou-se inconveniente (@ Sta, H chegou mesmo a assutnir um trabalho de perfodo integral), mas nada fizeram para modificé-lo. O mesmo acontecia com as horas de sono do Sr. H, que também eram outeo foco de confusio. Aparentemente, eram escolhidas 40 acaso, 20 longo do dia. Em virtude dessa falta de planejamento adequado, a familia esta sempre “fiscalizando” para ver se 0 St. H esta na cama, se jf esteve dormindo etc, mantendo um padrio de interaczo de modo a evitar sempre @ reuniio conjunta de todos os membros, finua € renovada: narcisiomo ¢ socielismo ir) os quatro foram capazes de comparecer regularmente ‘embora 0 Sr. H deixasse clara, por sua aparéncia fisica e jentatios, que estava chegando naquele instante de uma com claro e de trabalho pesado. ss tém a mesma atitude com yento inter-racial (0 St. H & as criangas tém tanto nomes ingleses quanto mucul- parecia remota, embora ‘Quanto ao Sr. H, ele simplesmente achava que sua csposa fraca para lidar com as csiangas ¢, portant, tina de ficat ‘vila sexual muna est mensonids expontanearent, 20 penguntacmos a esse Fespeit, obtivemos a informa- fe tam Sonia ner tlglonncsern sea junela tempo. A Sra, Hl explicon que desistta disso por causa de entimentos de ser apenas usada, uma ver que atualmente seu cera incapaz de demonstear teenura. O St. H replicou que lonado svas iniciativas nesse sentido por ser constante- ido — sempre cra apresentada alguma desculpa pot 2 das ciscunstin- © ceasal sempre relutava em informar acete le seu casamento, as quais eram apresentadas dé modo castal socritiea”: a) conheceram-se numa Ioja de departament quando tomaram a deci Alguns seman pedimos-Ihes que comparecessem enquanto c py agora, este relato conters também algumas das intervencies rerapeutas. ce renovada: norcsismo ¢ soctaismo as 144 Familias Dinimiea ¢ | sentimentos contratransferen- Jocentre ass terapeuias conseguiram iden- parecia, durante as fitimas sessoes, estar seado wm nrbador de comunicacZo entre as quatro pessoas na He LM falavam a maior parte do tempo, #0 passo ficavam em silencio. Entio, $7 fazia um esforco 5. H pela conversa. Enquanto falavamos sobre ‘para os terapeutas que SZ se sentia pouco & von lo LM olhava para ela durante as sessdes. Os olhares cxiticos (quando, na tealidade, seu objetivo era obter ‘qualquer de feedback a sespeito do que estava ocor 1 sensagio faria SZ. comportar-se de mancita extre- Depois das suite : mrp 4 chegat atrasados pata jp de petite descapas, cou cho tamlsn gue alo cay 10m 0 atraso, — ditetora que considers gato & ivamos positiva a attude da Seguintecomesou peo eat eto pelos pis de sua ene i 2 stort dessa escola (infrmamos eles tusbim 0 lef Zeeebemos), Acrescentamos que podeiamos con Pia até 0 final do ano. Ai entio reveramnos a soma oe cote cms goss ores = Sais asanjos poderiam ser fits, uma vez min eae aria a Tavistock. ee “divetido, ¢ disse que nunca se havia compro- falguma. Explicow "Sempre preciso estar certo falar qualquer coisa a respeito ~ sou um bom 1 no me entregit aé estar seguro”. Acrescen «que essa attude tornava-o consistente © contiév ppdiam contar com sua palave .paz de flesibilidade, principalmente na Sugerime 105 que, na verdade, Andrew estat sv estatia expressando os angas em erescimento, que estio constante- sentimento nents de sus pas com raga 4 vind ean A Se H ‘oni incédule dante d iia de que Andrey padese laa pl cave © SH fe um coment nian quando ce (pn) es cst And genete ess brand no jim, Porta, sto tem muito contato com set roel te Andtew sempre pase fis nin, Anda ee ae dls Se H irl on optics tan eet 5 sa sua opin, ela ext contiaust comparec i iibiat eer cou npn apa crpesentmaum oper nie de fe com eu mando (prea, dade de “forgé-lo a escui-la devido a nossa presenga) tribuigdes para o modo pelo qual lacionamento. Toda vez que susgia a possibilidade de lo, eles se sentiam tio pesseguidos (pela tarefa e pelos ‘eventualmente revelados) que ttansformavam isso em acusages de culpa reciprocas 46 Esa sessio terminou com a Sra. H explicando que 0 auxilio psiquidtrica por ela recebido antes de seu casamento fora devido ao fato de ela ser considerada amsvel demais com as pessoas. Isso cra particularmente verdadeito com relagio a sua mie. O relacio namento entre a Sra, H¢ a mie era intimo; esta era uma pessoa com quem ela, Sea. H, podia falar, mas exercia também uma ma influéacia A medida que a Sra. H estava sempre permitindo que sua ie ficasse em primeiro plano. O St. H tratou desse assunto com continuamente para a mie dela (se bem que cle usasse weemente os Sogros como seus alindos quando tentava mos- trar que sua esposa estava errada), 'Na semana seguinte, soubemos que Jasmin havia comecado a freqiientar a escola nova, Mas jé no segundo dia as coisas no cor slam muito bem. Ela concordou chorando e parecia confuss; 0 café da mana dera trabalho; ela levou uma eternidade para comet seus ovos. Os pais levaram-na para a escola. Enguanto o Se. H iedava no carro, a Sra. H acompanhou Jasmin a0 interior da escola, onde se encontrou com a ditetora. Esta, de modo brusco, disse a Jasmin para tirar 0 casaco e que nao havia tempo disponivel para choros, que ela devia deixar de ser boba e que a esperavam na classe X para comecarem a trabalhat, Aparentemente funcionou, porque Jasmin obedeceu, A mie ficou um tanto estupefata, mas o Ss. H disse que esse tipo de atitude coincidia exatamente com 0 modo que ele julgava certo para lidar com as coisas. Souberios fora tratada, expetienciando a atmosfera como nio-cordlal ‘A pattie de enti, os terapentas usaram essas duas descricdes como modelos, empregando-os ao longo da constantes de referéncia para esclarecer aspectos signi material, Em resumo, esses modelos eram os seguintes: 1) Jasmin havie-se ausentado por um ano inteito da escol ‘comeca uma nova expetiéncia; ela munca Fora Aquela antes; ela nfo conhece nenluum dos seus colegas; portant, a situago toda para ela era desconhecida, Apesar disso, ela tacdo continua e renovada: naresismo ¢ soelalsma ur uma antiga colega etc. Além di tudo deveria acontecer — digamos — automaticamente, qualquer esforgo de sua parte. 2) O melhor meio de enfrentar-se, relacionar-se com um objeto ¢ 0 da ditetora: torititio, rude, chegando até a ser cruel — reduzindo-o a sua real natureza infantil ssemos que as expectativas de Jasmin acesca da escola Ihavam a5 de seus pais, elativas a Seu casamento: cada um Ucles assumia que 0 outro reagiria, segundo 0 que eles mesmos hhaviam idealmente desejado, independentemente de qualquer exa- ime da tealidade da siraacio em que estavam eavolvidos de qual- quer trabalho sobre ela. Toda vex que no apontava no horizonte a resposta aguardada, em ver. de examinarem o caminho que havia onduzido a tal situacio, eles transformavam suas frusteacSes € sdades em acusagbes reciprocas, segredindo ¢ recuando. Por lado, aqui, na situago de terapia, esperavam de nés que os femos ou que o$ tratéssemos como se estivessem numa icao obediente, infantil, dizendo-Ihes (como havia feito a dite- savolvido por falta de satisfagio das suas fantasias de idealiza- reciproca, Foi feita uma tentativa para se indicar como essa dade apontava para a necessidade de retrabalhar suas expecta- acerca do casamento, e como a dor € 0 medo implicitos em srefa faziam com que cada um deles se deixasse levar por uma ia de acusagdes que exprimiam o ressentimento de um para © outro, Na realidade, isso era exatamente o que faziam. A Sra. H acu- Wva.o marido de no participar dos eventos sociais de sua familia rigem, enquanto o St. H replicava com amaggura, enfatizando u papel de proveder do sustento da casa € mostr so tempo que sua esposa havia escolhido um alto padtio de vida, ‘0 que lhe tornava o trabalho extremamente pesado. Todavia, tina a8 Familia: Diedmica ¢ Terapia 1 confrantago continua ¢ renovada: narelsleme # socialism las phinejado arrumar um servigo diferente, mais lucrativo, que Ihe ppecmitisia trabalhar apenas dois ou trés dias por semana e ficar em casa o resto do tempo, a disposicio ‘Mostramos como eles pareciam usar modelos em que s6 ha- vvia lugar para solugdes extremas: trabalhar demais/niio trabalhar; ‘aio sexo no inicio da sua vida marital/auséncia de sexo 0 mo- iio 0 Fizesse, © quase ficou histérica, Em suma, um fim de semana cl, Ficamos surpresos com a filta de participagio do St, H no neato i esposa e, 20 comentarmos nossos sentimentos, responden que to habituado a esse tipo de acontecimento, jé havin escutado tantas vezes, que para ele no significava mais nada, Indicamos que 0 tom de voz usado pelo St. H para falar nos lembtava a attude de Andrew perante seus deveres escolates: ele pou- importava. Acrescentamos que durante o fim de semana a cons- ncia de estarem nfo casados era tio presente que, a fim de enco- wila ~no fando, a fim de mentirem para si mesmos - haviarn orga- nizado uma debandada. Continwamos dizendo que os sentimentos igora presentes em sex easamento, bem como na sesso, relaciona- « com a percepgio de nfo terem cumprido seus deveres en- to familia ~ seus deveres de casa ~, apesar de estarem tentando encet-nos do conttitio, Efetivamente, apesat de ficarem fora de durante o fim de semana (¢ esta em a “mentra” dolorosa que era iso reconhecer: comportavam-se como se estivessem dentro de = dentro do casamento, dentro da familia — 20 passo que teal- estavam fora), esperavam voltar para casa e enconttar, como do céu, uma gostosa refei¢io no fogio, Comentamos ainda de seus continaos atrasos, que parce outra indicacio de seu ito conscientizacio /rehutincia, ‘A Sra, H parecen pensativa, mas pauiatinamente foi ficando 2an- © chorou, terminando por acusar o marido de ser o que iio ava. Depois, acrescentou cue até mesmo sua mie a culpava ‘mole com Andrew — ela jé devia tet-Ihe dado umas palma- ‘vez ou outta. Depois, disse ainda que, durante as féias, quando stavam vindo & sesso, as coisas pareciam ir bem, e agora, que “om lo, a8 coisas iam mal de novo, se nfo pior geinos que agora estava patecendo que nos transformavamos 108 importunos, Se nés pudéssemos simplesmente parar com barulho que tanto incomodava, entio tudo ficaria certo com a s Andrew ficaia comportando-se dreito e assim por diante. Até es pacessem ignorar ox mesmo petmanecer na inconscién- rnecessdade de fazer seus devetes, poderiam continuar achando iach havia de preocupante em rela a seu casamento, ‘mento atual. Aparentemente, nfo havia espaco para um ajustamen- 10 que inclusse © compartilhar. Mencionamos outra vez a atitude de Jasmin perante a nova imagem de si por ela desejada (querida, admirada teirio a escola tornava-se hostile persecutria. Na te de suas acusagdes funcionava como uma barreica a impedir um tcabalho sobre a natureza do proprio casamento como criagio comum de ambos. Pareciam deprimidos ao chegarem para a préxima A Sa, H nos contou que Jasmin estava progredindo © a do-se gradualmente 4 escala, A seguir, fez um relato das modifi- dar crédito a tirade cinica com respeito as repreensdes que escutava, A Sra, HL prosseguin dizendo o que tinha ocorsido 20 tkimo fim de sema- ‘na quando decidira fazer um curso “para uma firtna”. ‘zou as coisas em casa a fim de ficar tudo bem para as criangas Andrew devia ainda fazer suas ligdes de casa. Em vez disso, ele no s6 deixou de lado os deveres, como ainda mentiu para 6 pi dizendo que ji os havia feito quando este Ihe perguntou 2 ss rrespeito, pouco antes para trabalhar. Durante a tarde, Foi ‘casa do vizinho e muito estupidamente disse-lhe que fazer todo aquele barulho com seu toca-disco. cerca de meia hora esmurrando a parede da casa como teclann cio. Quando a Sra. H voltou pasa casa e percebeu que Andcew ‘nio havia feito os exercicios, ficou furioss, Ameagou-o, dizendi Ihe que, como ele evidentemente nfo a estava levando asi iria contar para o pai o que havia acontecido, querendo com dizer que este Ihe datia uma surra, Andrew implorou para que 130 Fania: Dindmica e Terapia | conftontada continua © renovade nareistsmo e socialisme 151 Novamente, comegatam a se queixar um do outro: a Sra. H disse que nio sabia por que s1zI0 0 marido havia vindo, ji que ele ppatecia tio indiferente; este respondea que ela jamais sabia 0 que ela dquetia de verdade, uma ver que estava sempre mudando de opiniio, ‘Mostramos que essas questées poderiam ser feitas a eles mesmos: por. que € que ela tnha vindo? O que é que a ques? O'Sr. H disse que ou ele deixaria 4 familia ou entlo ficaria € ganhatia o suficiente, tentando fazé-los felizes, diante do que a Sea. H sorriu, divertida, Ble disse que, na realidade, tinha de cuidar de txés ctiangas na familia, querendo assim dizer que sua esposa no emt sequer capa de assumir a parte da esponsabilidade que se deveria esperar de uma crianca mais velha. Essa colocacio ele a justificou exemplificando com uma situagio que nos apresenton como se vvesse defendendo uma causa (o acontecimento citado por ele verdad, a base de uma discussio que haviam tido no dia an “Set que uma pessoa casada que assume um compromisso 4) Confoeme iam progredindo as sessdes, foi possivel observar s de transferéncia e contratransfertncia, 0 uso ativo da tificagao projetiva, a emergéncia gradual do cari wes da familidade dos pais ¢ 0 modo segundo il a patologia se espraiava do telacionamento conjugal dos para a interacio familias. Também ficou evidente a dificuldade alia para claborat a situagio de dependénci, a influéncia da sada lnnen aasaocers eeune diecon pees a Eunisde membros de uma fama, Prtant, a observagio das suas ‘quer fora de casa ni deveria também se responsabilizar pelo modo, de ir € de voltur desse compromis parentemente, 0 St. H ha ‘usara-o” de motorista pant levé-la daqui para la em seus compromissos. A Sra. H disse que ‘nunca tinha matido disponivel para ela, que ele nunca achava tem= po para cla e, mudando 0 tom de voz, concordou também que ela ‘mesma usava a falta de tempo como uma desculpa para nio fazer coisas pelo seu marida, Concorcou que tina ara que NOS concentrssemos precisamente naquilo que os wa, Se 0s terapeutas tivessem sucumbido sua infiuéncia, pesdido de vista a snide com que lutavam em conjunto para 0 satus quo. Na realidad a Sra, H era muito habilidosa em ada, vi- tes, mas discordou de que isso significasse “ mos perdido @ oportunidade de comentar naquele momento, esse fato era ainda outro exemplo de seu niio-casamento (ou do casa ‘mento como “mentira”): a Sra, H matca seus encontros exatamente : Se. H escolhe ficar sposa iri ter de sait) por extensiio, as sres € a terapia) com grande desprezo. Essa polarizacio evi- se desde 0 comeso, evocando nos terapeutas sentimentos fem casa no mesmo dia em que sabe que s Discussio ‘A decisio de transforma temporasiamente a terapia de fa- Conforme colocamos no comeco, o material elinico acima em terapia de casal esti evidentemente aberta a criticas. Pode-se foi descrito por ser ps tificar nele a maioria dos temas pertinentes presente discussio de um referencial tedrico para & tetapia familiar orientada psicanaliticamente. dar nfo s6 0 papel como também 0 papel st Familia: Dindica e Terapia tengo © desenvolvimento do conflito conjugal. © problema que 6s terapeutas tiveram de enfrentar, na medida em que a tera evolu ¢ zevelou sera situacZo conjugal a fonte principal de distr bios, foi o de decidir, em relagio as criangas, até que ponto deveriam partcipar da revelagio e da exposigio (no sentido psica- nalitico) do conflito conjugal e até que ponto deveriam conhecet 0 papel que desempenhavam nesse contlt. JA foi dito que 0 foco deve dirigir-se as pulsdes © aos movi- ‘mentos comuns aos participantes, Mas a questio neste momento é saber até que ponto esse procedimento seria cealmente itil pata produzir a tomada de consciéncia do proceso e para iniciar a sua modificagio, A dor ¢ inerente a qualquer proceso de mudanga ¢ de crescimento, ¢ a terapia é um processo desse géncro. No entan: to, uma das tatefas do terapeuta € evitar a dor desnecessétia. Nes caso, as criancas foram as primeimas a indicar a gravidade da clo ¢ a expressar abertamente uma tristeza real a esse respeita J no inicio, Andrew rompera em légrimas, falando entrecortadamente de infelcidade, Soubemos que Jasmin havia comentado com sua v6 materna a respeito do rompimento iminente do easamento de seus pais, Conquanto ela mesma tivesse tentado manter-se eqidistante nas sessdes, ea nfo conseguia manter-se neutra, Havia uma enorme pressio a manipulécla para que tomasse pastida de um dos pis, para fazE-a desempenhar o papel de juiz de um dos dois, que se constituia numa fonte continua de ansiedade, Assim, de um lado, com esse (falso) superego adulto ~ gratis. ate a fazé-lo ~ e, por ou gue se po- deria ter romado a decisio de continuar a atender os quatro, e de abordado o significado edipico contido no fato de Jasmin ¢ s pai petmanecerem a s6s em casa durante o dia dois, a menina fazendo de conta que era dona de casa, ambos aguardando 0 retomno da “bruxa” que ao voltar traria para casa suas dificuldades no emptego ¢ que tomnaria suas vidas insuporti~ vveis, Pensamos, entretanto, que essa escolha de ver os quatro fatia tarda continua ¢ renovada: nareisiomo e socalismo 133 que as criangas tivessem de suportar um duplo aporte de social de aspectos que 0s pais haviam projetado nessas criangas. Ja set evitado, uma vez que se relacionava le € 0 tessentimento que eventualmente se 1s que esclatecessem 0 modo pelo qual jam ¢ eram usadas como continentes para dos qquais os pais se descattavam. Diante de tal sitasio, decidimos concentrar-nos primeio no durante algum tempo. Esperivamos que, tmbalhando na trans- abordando a aatareza de seu rlacionamento, © comsegui \gum jnsghr a respeito dagueles aspecios nam por meio das identificagbes projetivas. Esper pudesse conduzir a alguma contensio des lentzo e fora do citing analitico, com menos lecivada da propria sessio, permitindo as eriancas retornat @ uma satmosfera terapéutica mais segura Tremos agora examinar 0 relacionamento do casal, visto como um produto da interagio de “biogrifico”, por mais veros- parecer a cadcia imaginada de acontecimentos. A intengio & desivarmos um modelo de relacionamento a partir da Jbservagio do material, do curso tomado pela terapia, da forma mo e sua ejaculagio de modo tal que a relagio sexual possa ser 134 Panitia: Dindmica e Ter prolongada “para sempre”, A tarefa do homem € provocar or- ‘gasmo na mulher, enquanto se mantém na posigio de observador, tanto quanto possivel, live para decidir, segundo sua propria vi tade, 0 momento apropriado para gozar. A conotagio de nastica € a de que a mulher permanece — para dizer 0 minimo ‘mercé do homem: na verdade, ela é “alguém sobre quem se Nese modelo, 0 homem aio se coloca na “posigio de recel tampouco hi espaco para um trabalho que possa set compattilh do, Aqui, o macho € 6 provedor absoluto e o ato sexual tem como Fangio o reforgo de sua estrutura narcisica. A interacio familiar deve ser organizada a fim de garantis que esta atitude olfinpica e desdenhosa mantenha seu curso e encontre sua satisfacio. © objeto da Sta. Ht pode ser bem caracterizado pela descri- 40 que faz do modo como havia visualizado a vida de casada, Queria um marido de quem pudesse cuidar, um homem de quem fomasse conta, que sentisse “gostoso” e que estimulatia nela esse comportamento: tudo evocando a imagem de uma meniainha brin- cando de mamie, numa casa de bone: modo semelhante durante a tesapia: ela Iho, “trazia material”, falava conosco & tratissemos do mesmo modo), apres. agradavel; falava, é verdade, mas nfo parecia escutar, Estava posta a continuar vindo e @ comportar-se convenientemente, d de que nada Ihe fosse pedido. Estava disposta a colaborar desde que nés fizéssemos todo o trabalho, Acreditava na existéncia pere- ne (em algum lugas/ete todos os lugares) de um objeto que assu- miria a responsabilidad por ela (por tudo/por todos). Portanto, aio sentia necessidade de se incomodar, nem de se tornat respos siiyel, Nem é preciso mencionar que, a culpa s6 poderia ser atibuida ao fracasso desse objeto: pois no estava ela sempre ali promta para colaborar? A Sra. H funicionava como o bebé que estd sempre pronto a sugar o seio ¢ a sotrie para 4 mi, mas que se torna ansioso, perdido, se sente ameacado & chega até.a ficar zangado quando percebe que o leite que acabou. de receber precisa ainda ser digerido por cle proprio. 5 possivel entender agora de modo mais claro como € por que esse casamento representava a satisfacZo de caractetisticas ins A Sea, H escolheu um marido que, pela néncia e da assergio de sua auto-importincia e auto-apreciagio, recia ser capaz de organizar uma familia, que proveria tudo 0 we ele necessitasse. Ambas as estruturas, em sua imaturidade, ti- am, na verdade, atuado (acing om) no casamento suas Fantasias Por escisées e identificagio projetiva, a Sta, H St. Ho objeto parcial totalmente provedor-tesponsé- tomou-se a corporificagio de todas as partes fracas, depen- intes e necessitadas do matido, partes das quais aparentemente cle estava dissociando-se, e para as quais podia olhar com certo prez, No caso deles, os problemas comecaram a surgir quan- a realidade se mostrou resistente 4 onipoténcia. A a colocou em marcha a escisio; mas nem por isso aquilo sendo negado desapareceu. A auto-suficiénela do Se. H Zo projetiva: quanto mais ela projetava nele o objeto idealiza- x, mais cla se tora receptiva ¢ identificada com as es dos aspectos necessitados e infantis da parte da fanilidade matido, E. quanto mais se tornava dependente dele, mais exi- ,,€ mais natcisista ele se tevelava, ‘me ia evoluindo sua vida conjugal, ia ficando cada yne tinham de se ajustar maduros. O fracasso € reciproca esti tentam, cada ‘no papel de continen- mecanismo falha) tratam um a0 outro como um objeto ex- 136 Failte: Dindrtea e Terapia tremamente denegsido, responsivel por todas as dificulda- des do relacionamento. Aquilo que até entio viaha sendo con- siderado idealizado vai vagarosamente se tornando a perso- nificagio da frustragio. Na sessio, 0 St. H era acusado con- tinuamente pela esposa de ser indiferente, alheio, distante, sem capacidade © sem vontade de se interessar por ela ¢ pelas eriangas. Ele respondia com a mesma intensidade, descre- vyendo-a como anormal, temperamental, nfo confidvel ¢ in- fantil. Esse tipo de reiacionamento objetal também tinha, se- gundo se podia esperar, se espraindo pela familia a0 ponto de agora Jasmin e Andrew serem parte da mesma dinimica, espelhando em seus relacionamentos com seus objetos os as pectos do relacionamento de seus pais. Toda a interacio fa- miliar tornou-se extremamente polarizada ¢ rigida, governa- da pelo principio do tudo ou nada, caractetistico do moda esquizoparandide de relacionar-se com 0 objeto. Trata-se de uma forma de interagao na qual a identificagao projetiva é usada “excessivamente” como mecanismo controlador intrusive (ao invés de ser usado como uma forma de comus nicagio, visando a ajuda do parceiro). q ‘No material clinico escolhido aqui, é possivel encom: trar muitos exemplos de uma dinémica particular que m cessita mais elaboragao e discussio. A Sra. H apresenta sintomas fobicos que formavam a base de seus tratame tos anteriores: ela no usava o elevador quando vinha p: as sessdes e, como jé foi dito, sofrea um ataque de panicy quando estava proxima de tomar 0 aviao para ir encontr se com os sogros, no pais de origem do seu marido. Esta sempre com medo de ficar 6 em casa durante o dia quele bairro ameagador e, portanto, pediu a0 marido qu trabalhasse de noite. Quando ela comegou a trabalhar, Jasmin quem gradualmente ficou fobica, a ponto de no fi permanecer em casa durante o dia com o pai como u mie substituta, Era como se a mae tivesse deixado dent de Jasmin um seu aspecto fébico infantil, Uma vez desse aspecto, podia entio se identificar com uma p pseudo-adulta, tsabalhadora. Quando Jasmin voltou a) (confrontagde continua e renovada:narcisiomo ¢ socaltome sr cola, ela deixou de trabalhar*, Como jé sugerimos, a atitude dle Jasmin com respeito 4 nova escola também representa- va 0 telacionamento do tipo tudo ou nada, idealizado/despte- vel, que presidia os padrdes da interagio conjugal e da interacdo imiliar e que agora ela estava atuando. A escola tinha que ser fita © provedora de todas as suas necessidades, incluindo ai narcisistas; se no fosse assim, tornava-se o objeto persecutdrio ‘mau. A ansiedade relativa a comparecer as sessdes tomou a ma, entre outras, de atrasos que a farnilia tratava com dis incia, Esse processo se expressava mais abertamente nos te- ‘mores matinais de Jasmin quando ela comecou a voltar a esco- |, ¢ também pela maneira iritantemente lenta com que ingeria seu desjejum, ‘Andrew foi o primeito a admitir claramente quio infeliz se ia em telagZo a toda a situacio, e quanta infelicidade ela criava 1 familia, Foi também o primeiro a mencionar em vor alta a ne- idade da familia de projetar nos terapentas 0 objeto persecutério ‘Vamos conseguir que Jasmin volte para a escola, Assim no pre- istemos mais A Tavi, que nos faz infelizes”) e a se opor a fazer a io de casa”, ou seja, ttabalhar a vida interna da familia, Nesse gio, ele parecia o membro da familia mais exposto a identifica projetivas identificava-se projetivamente com a relutincia dos ‘em examinarem seu telacionamento ¢ com a abordagem “i -mentitosa” que usavam em relacio a este relacionamento. Ele s6 estava reproduzindo a indiferenga do pai (ou sua impotén- como ainda espelhava parte do comportamento materno. De quando se perguntou i Sra, H que tipo de curso ela fizera, ela ondeu de mancira evasiva (“um curso para uma firma”), como esse algo que precisasse ocultar. De modo similar 20 de sua Andrew também nao era franco e “nfo dava a menor im- ‘incia” quando perguntado a respeito de sua ligio de casa. A petmeabilidade a identificagées projetivas feitas por ambos os a com que ele vivesse a pergunta como um ataque € uma 138 Familia: Dinca € eialisno 139 \ confroniagdo continua ¢ renova: narcisisno intrusio, Em desespero, ele tevidava, desafiando o vizinho cesmurrando a parcde : i com tendéncia a ataques” (aqui nio € a me que tem os atagy ppinico), que encobre © ao mesmo tempo expres continente dos aspectos infantis dos pais. para desempenhar o papel de (© Se H indo trabalhar ¢ a Sra. H regi B interessante notar como a nogio de ruido ~ tuma violéncia intrusiva de origem externa, ¢ possuiado um aspect interno perturbacor — é usada alternadamente pela familia. Inicial- ‘mente, era a Sra, H que sentia medo do “barulho” produzido aq izinhanga de sua casa; depois, foi Jasmin que nfo conseguia portar o barutho na classe; por ikimo, foi Andrew que no po suportar a mésica do vizinho. B, por fim, os terapentas tornaram-s¢ aqueles cujas intexptetacdes “barulhentas” perturbavam a organi zagio interna da familia ~ a pacifica organizasio de sua doenga. (© material ilustra como a familia est presa num interjogo de. ‘entificagdes projetivas que se perpetua, que fixa papéis © posi: $6es, € que impede madancas. Quanto mais rigida a atitude, daras as conseqiiéncias O episddio do jogo de ceiquete, a dificul ‘ente que eondus a0 gue &, no fundo, um padio de confusio jzado em conjunta, Isso fiea muito claro no episddio em que H se queixa de ser usado como motorsta, E diftll disinguie se a Sea. H escolheu sair quando 0 marido estava disponivel para em casa ou vice-versa, se 0 St, H escolheu fiear em casa quan- 1 esposa tinha combinado s ‘A identificagio projetiva par independente, colorido co invasivas/controladoras, sentindo-se impelidos a retaliar| iatamente, apesar de apresentarem suas réplicas como tesul- de uma colaboracio sobre a qual pensaram. Nessa stmosfe- inaboreavel”. Quando ela se queixa ociais de sua familia, ele reage decla- gue cla “escolheu viver segundo um padio muito alto de ce que, na verdade, é uma gastadeira frivola ¢ fitil, O sistema por difundir-se para além da familia nuclear: A mie da Sra. pata abandonar de vez o trabalho notueno) aparecem superfici ‘mente como exemplos de “‘escomunicagio”, Mas, na realidad tepresentam mais uma ilustragzo das manobsas efecuadas p. ‘manter o parceiro na qualidade de continente dominado de asp. 10s indescjaveis e escindicios. Men i voce marque na sua agenda que tum jogo de criguete e a um pique tamente eu irei, talvez porém eu esteja dormindo ou quem sab esteja acordaclo) t8m aqui a intengio de esiae e de ilustrar confus de modo que 0s parceiros, como neste exemplo, tornem-se a bos bodes expiatétios Desse modo, poupam-se de qualquer avaliagao critica de © objeto ideal-capaz no qual a Sra. H projeta as respons rmaternas (desde o injcio de seu casamento, quando a vi ja como ameacadora, eles costumavam longos periodes com a avé). Fm outras tal modo em primeiro plano, “racionalizada” ¢ tida como un consumado, que fica difcl perceber a natureza da organizagio i como ela critica a filha toda vez que 0 casal discute. Como da Sra, H est absolutamente ausente do material, pode-se 60 Farnitia: Dindmica ¢ Terapia sontinua ¢ renovada: narcistema e sociatlsma 16 entender com base nas comunicagdes do Sr, H que ele também espera que sua sogra 0 considere como o verdadeiro objeto a ser adorado e obedecido. Sua interagio demonstra como se encontram presos 4 manu- tengio em conluio desse padtio. O problema aqui é que, se, por um lado, esse tipo de imobilzagio cria 0 desespero, por outro, qualqy modanga & equacionada a um ataque doloroso sobre sua ident de. Se for correto 0 modelo escolhido para descrever 0 obj St H (@ fornicador auto-suficiente narcisico), pode-se perce faciimente como seria intolecével para uma pessoa com essa estru~ ‘tra — por exemplo — ir para a cama com uma mulher e realmente “aprender” algo com ela. A experiéncia nio seria vivida eomo um entiquecimento, mas como uma evidéncia de que algo estava fal- tando nele ¢ que a outta possuia. O resultado ado é uma internalizacio, mas uma sensag%o dolorosa oma ferida sarcisica. Portanto, o Sr. H, tal como colocou na sesso, nunca se compromete, a menos que esteja seguro de estar com a razio. Ele no corre o tisco de aprender com a experiéncia, Quanto a Sra. Hy © que ela no consegue suportar & tornar-se um objeto do qual alguém possa depender com seguranca. Uma situagio em que ela pudesse funcionar como um provedor humano/limitado para um objeto temporariamente dependente nfo seria por ela equacionadn 8 aquisigfo, nem ao crescimento, ou sequer 3 maturidade, mas, 10 contrivio, equacionada a privagio, & perda dolorosa do provedor= onipresente-ideal-petfeito, Desse modo, qualquer identificacai tum aspecto adulto e protetor da sua parte da furnilidade é viv como se ela estivesse claustrofobicamente presa dentro da xpi riéncia da responsabilidade’. © ccasal lida com a maioria das interpretagdes segundo este padrio (negacio, reprojesio, controle etc). Quando abordaram a descrigio do “fim de semana terrivel”, os terapeutas tentaram mostrar como Andrew foi encarregado de tepresentat seus aspec> tos mentirosos-cabuladores-infantis, ¢ como 0 menino reagiu, vin~ ¢ do vizinho, Foi dito que a ligio de easa que havia sido igenciada era a do casal, © que isso tinha ocorrido em virtude inerente a ea. Foi também sugerido que a sesso seria um i apropriado para iniciarem a tarefi, Com a interpretacio, foi retirada de Andrew parte da projegio e ofereceu-se uma oportu- para trabalhar sobre o significado dela ¢ sol de energia elétrica do mesmo potencial; comegaram a rejcitar ‘40 outto, a0 passo que antes, enquanto usavam Andrew como tinente, haviam fancionado como eletro-afins. A atitude da mae Jo 2 intespretagio ilustra 0 modo pelo qual ees se alter- ‘Apés um momento de io, que quase nfo péde examinar, a Sra, H prossegaiu cul- wlo 0 matide (descarreganclo nel}: ele no colabora na eduea- ‘Andrew. Em seguida, volta-se para outro objeto, projetado, © qual busca identificar-se — a ditetora “poderosa” autoconfianga representa a chave para a Andrew vinha sendo tratado com gentileza, 0 que precisava agora era de um tratamento tude, diretivo, surras, 10 qualquer outra crianga. Como nenhuma dessas manobras so empregados ne respon Klein ds earacter las descrigoes de Me juando diminvi o medo fébico de Jasmin, aparece em pri- 192 Fanilia: inimica e Terapia onfrontaco continua © renovada: narcisiomo e socialism 163 meito plano o acing au de Andrew, ¢ assim por diante. Em todas esas circunstincias, 0 padio intrinseco de circulagio é basicamen- te 0 mesma, ¢ a natureza do objeto permanece inalterada. AS inter ppretagdes algumas vezes conseguiram inight acerca da natoreza da interagio — conseguindo-se eventualmente pelo projetor a recupe- agio do aspecto indesejavel escindido e projetada, Contudo, esse mecanismo era provocador de ansiedade, o que determinava, por sua vez, um movimento novo pata livrar-se dela, Quando foi es- clarecido 0 papel de Andrew como o continente da “parte que no fazia ligio de casa”, a principio a mae ficou pensativa e triste aver do pai, que se queixou de que em casa havia teéscriangas para © tempo todo. Agora, é a Sta, H que explica como é que de preparar o desjejum e da molequinhos bagonceiros, Finalmente, escutamos Andrew, que, Os padtoes nos quais eles esto ematanhados, depois de ha- verem sido utilizados por muitos anos, finalmente conduziram a teragio impregnada pelo empobrecimento, pela frustracio, cinismo € pela tirania, Aparentemente, 56 quando mantém suas partes infantis sob no interior de outro familiar € que conseguem aleangar a turidade. E sé fazendo outro “fraco” que eles ”, Essa € uma manobra que ao fim mostra ser responsiveis por causar 05 conflitos presentes. ‘nfo mencionada no resumo acima, a Sra. H, como que explicando o atraso da familia, queixou-se de aque, além de preparar 0 desjejum, ela ainda devia pressionar todo ‘com a parte da familidade. Por exemplo, a mie “vai traba- ", Hla € capaz. de por em pritica 0 lado mecanico da iniciativa ta, mas incapaz: de conter seus conflitos com os colegas. Por- la, prevalecetiam a confusio e a ineficiéncia, ‘Mais tarde, repetiu algumas vezes como Andrew se preocs ppava e se interessava pelo trabalho escolar de Jasmin. Repetiu que ito que a menina precisava ir bem na escola nova, $¢ leve agir tiranicamente para conservar seu poder. Assim, essa pes- se sente constantemente ameacada por uma Essa parte da sessio cxemplifica uma das conseqiéncias, a longo prazo, desse padeio de intecagio familias, Indica o mecanis- ficagio com 0 que € ido da parte da familidade. Isso & conseguido pela infantilizagio do resto da familia, Conforme permitiam as circunstancias, cada membro tentou 0 mesmo mecanismo: em primeito lugar, soube- ‘mos no inicio do teatamento que Jasmin convetsou com av6 @ relatou-the sua preocupagio pelo casamento dos pais (podemoy. imaginar o tom de vor sétio da “conversa de adulto para adulto”, Jasmin dizendo para a av6: voce ¢ eu, que devemos faver alguma coisa por essas criat sesso é em geral a de um tibunal, no gual um dos os Familias Dindmica © Terapia ‘membros age como 0 promotor), aem infantilizar os familiares Cspiruto V

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