Você está na página 1de 21
Néstor Garcia Canelini O Patrimonio CULTURAL E 4 CONSTRUCAO IMAGINARIA DO NACIONAL TRADUGAD DE MAURICID SANTANA Dias Nos dchaves sobre patriméniv duistoriete cnstma se ver como inimigos des atuals processos de modanga v deseavolcimentn urbana, a mereantilizayien, as Indistrias culturais #0 turismo, Neste trabaibo consideraremus: ‘essas “ameagas” como contextos, qe niu 3 devemos aecitar por serem ax condiges et que hoje os lbetas histéricos existom, mas Inmbéra porque contribuem para repensar« que: dovernos entender por parriménio histirlen & por identiade nackonel Oh pracessos de urhanizagio, industrializagSo e mawsilicagio da cultura, as inigragdes o9 tansmacionalizacio dos bens snateriais © simbdlicos, a globalzagie e as formas ide integcagiin econdmnica exigem a redefinigiw do que hoje povlemos entender por nage. ‘O que concebemos come tal jana é unicarente u cunjumte de hens e tradivées angidos ¢ mantidos no tenitérie histocicamente, Tubitado por uma comunidade. A papulagie urigindvia se alimenta, se inforrna ¢ sc enteetérm ‘om muitos bens ¢ mensagens procedentes dis ‘atrangeira, as quais, purée, vimos incorparanda & nasa wha cotidiana, Virios miles cle mexicans vivem fisra dis pais, principabiente nos Estados Unishos, mas ali reproduuent grande parte do que entendemes coma cultura nacional ¢ mantétn relagiies Mluentes cam a gente qui: permancceu nt México. Fstes intercd mbios sio facTliadus poles ineios de comunieayd cle massa, fantas vezes acusados de substituir¢ mnaltratar » folclure. Na verde, ¢ rida, a televisie, « cinema, os vies # 0s disuos tornatam-su reeurses- chine para a documnentagso © diflsiy la prépriy cultura, para além dos comunidades locals que a peraram, Se, por iss, parte do mass pabsindnio, de tn mente diverse do que «sie as pirdmnides, os cemtras histiricns ¢ 6 arlesanate, mass veces He significatives quanta sees bons trucicionais: sobrenuda se levaries com chea importante paytel le rccurgos come 4 mdica, ¢ cinema ¢ a TY ns consagraggo, socinlieagin ¢ renovagéo de cerlos compurtanaentos: Comp, entin, devemos redefinir 6 patriménio cultural, de acarda com as cundigbee histaricas, socials ¢ vomunicacionais deste firm ce séealo? Atualmensle. existe nas cigncias sous ‘um ipln movimento de reconceitualieacio, que site tiva wos seguintes peut 4) Alirina-se que a patrindniy nao inelui apenas a heranga de cada pov, a express “mertac” de suacolema — sitios arquenlagicos, arquitetura colonial, antigos objctos em dlesuso —, mas uanbim os bens cultueas, visiveis ¢ invisiveis: nows artesinates, linguas, anes Hasieaal rmhecimentos, dorumontagio © eomunieacio alo que s¢ considers apropride através das Inehietriae cubtuaais, by Amplion-se, tarnbéan, a politica patrimonial de comer aye ¢ aulministragia de. que For presducide nv pasado sos us0s snciais aq relaciemam esses bey ein as necessmlades contemporiness das maior For altima, em opesigic a uma sebetvi jqor privilegiava os bens cultura protkuzidos pebas clases hegerninicas ~~ pirkmicles, pabicios, bjctor Tigadas & nabreva ou 8 ariscracia reuomhear-se que a patsiméninde wma nagio Aarobsinn se compe ts fotodutes dla cults popitla: eaisics indigena, textos de carmpeneses © ‘perdrius, sistemas de autoconsrrigla « presoreagio ds hens materisie imubtics slahorados por todas rn pom sctiain Fata aunpliasdo do conceito ale patruasitio, parcialmonts advinda de alguns slocuarenitas de govern mexicana! v de organisers intwrnacionais de que 0 Mexico participa ainda ni possui urna legislayde suticiente para proteyer manilesagbics culnurais ro diversas 6 iouersir ena seus sce atmats, Hregtentemente, as leis existentes ou nie: prevdoen as pritivas de orgios ofteiis ¢ ontivtales pricaelis, on entrar em choque cons elas Queremes analisar, aqui, seis a nas questics teéricas ¢ polilicas que precisa ser trahallialas: 1) 6 patriménio cultural ¢ a desigualladle socials 2) a constructs imagindris du patriasdaie nastonats 3108 wes dex patritnduios 4) vs proptisites dh preservackos Sho patrinudnic nea ora da inhistris enltural; 6) os critérios estétivas r Blosifivos [que w avaliam, prosemvam ¢ defurdeni| ParRIMONIG CULTURAL E DesiGuaLDape © patiméato cultural express a wlidariedade que unc ox que coenpartiham ura conjuite Ue bons ¢ pritivas que on identifica, reas tasehéee costima ser rn tugar Us: sumplicstaly sonal. As stivielaclesdestinadas a detini-lo, preserva-to € lund Io, amaparadas pelo prestigio histarico ¢ simbilico des bons patrimoniais, incoreem quase sempre muma ccrta stmulagte a0 sustontarem que a sociedade nig cx8 divide em classes ctmias © grupos, ou quanila afrauan ques grandiasidade ¢ 0 prestigio avumuladus por wsses Jong transcondem esas fray Bes 90: iis Oestuly de outeos aspects da vida sosial tem resultado numa visio menos harminica, Se se revisa 2 nocée de patrimdnio sob a dtica da tennis la reproduce cultural as buns ecunidlos por 1a sociedacks na histfvia née pectoncmn realmente a todos, sinds que formalmente parogarn ser de toulos estar lisp cls a uso dle Wodls, An inwestigayes soeioligoas © anteopeldgicas sole as maneitas como se Aransruite 9 cabur ale cada sucieslnle atravis das escolas ¢ rauseus, demonstram que liverses grupos se spropriam de forma desigual © Uilerente dx heranga colmial. Nie basta qu’ a seals co rinses ostefarn ahora tealon, que scjor gratuites e promovam cin jtodins 08 sctnees| sit age difusora; 4 reelela jue Aeseonox us eatala vewudinica @ echucacional, dliminui a capacidade se spru priagée elo capitat cultural transmit por esas inst Tata variada capacidade de relacionamente com 9 pabimnénio 3 origina, peimeien, ia participagie desigual des grapus scar formagio. Mesmo nos paises cn que a legislagio os discuros oficois adotam a nog antropologica de cultura, que euslere legitimidade a todas as formas de organizar © simbolizar a vida social, existe utus hierarquria dos capitais culturais: vale mais a arte que os artesanatas, a medivina clentifica que a popular, a cultura cserita que 4 oral. Nox paises demaerdticos, ou onde os moximenton revolucianarins conse guirarn ineluir ehores ¢ priticas Ue indigenas © campanests na tefinicao de cultura pactonal, coma no Méxiva, os capitais simb6licos dos goupos subalternus 18a um lugar subordinado, secon dirty, dentro das institu dos dispositivas heyeménivos. Por isso, a reforrmel 4 do patrisadniy ora termos de capital cultural tem a vanntagem de niin representi-lo como ura conjunte de bons festdveis ¢ neutros, com valores sentido lias, ‘has stn cximo um pracesso social que, eeime © outro capilal, ne acumla, se renova, produz eudienentos de que os diversos velores st aproprian de forma designal. Se é verdacle que patcménio serve para nif joar uma mayo, as dosigualdades na sua Rormagio ¢ apropriacdo exigem que se o estude, também, come eapace de hata marcrial ¢ simnhéliea entre as classes, as ctrias & 08 grupos. Foie principio metodoligies carresponde ao carduer conplexo das sociedades conleznpordneas. Nas comunidades arcatoas, quase locas oF membros wompartilhavam os mesmos coohecimentes, possuiama erengus © gostos semethantes » tinham um aocssn apresimadatiente igual ae capital culearal commun, Atualnente, as lifirengas regionais, ‘ripinadas pela haterogoncidade de experigiias © pela divisie tecnica © social de trabalho, 0 vtilizadas prclios setores hegeménicos para que obtenau wna apropriagia privilegiad Uo pattimiuia comum. Consagram se coms superiores cerias bairros, abjetos © suberes, porque estes foram gerraclos pulus grupos dominamtes, ou poryue tis grupos contam com a mfisrmaco ¢ formagio mevessivias pars compreenelélos ¢aprecii los, wu seja, para controli-las melhor © patrininig cultural serve, assim, com recurso pars produzir’ as dilerengas entre os Rupos suciais «3 hegemania dos que gocun de Jun acanso pretecencial a produgiy ¢ distribuigdo dos bens, Os setores doeninantes nio x6 definem quais bens sio.superiares e merecem ser conservados, mes também dispisem dos nacios ecundmicns intelectuals, tempo de Lrabalho c de dcio, para imprimir a eaves ben maior qualidade e refinamento, Nas classes populares encontrames 3s vexus uma extraordiniria ‘maginayau para eonstrulr easas com dejetos um [eonjunte periféeien), para usar as Trabilidades manusis ¢ dar salugdes técnicus apropriadas a0 seu estilo de vida, Mas slificilmente ease resultade pode competir com slo quem dispoe de was suber acurnulada Jristaricamente, emprega arquticnns & feugenheiros e conta com vastos rcuurwe iateriais ¢ a possibilidade de confrontar seus esenhos com os avangos internacionais, © mesmo podew-se ia dizer ag xe vomparar tum conjunto de misicer aficciomades de wen povo indigena a uma orquestra sinfénica raciomal, Os produtos gerados polas classes Popularcs cost usta ser mats represcntativos da bistiris Tooal e anais aduquacins is menessidades be Cancl Naser be © patrimons euliuso! presentes do. grupo que os fabrica. Constituem, neste sentido, seu praprio pavimdnis, Vambéon Poster alcangac altos graus de crativiade valor estéticn, como se comprova corn artesanato, a literalura ea miisica ule muita regides do México. Fém, no entanto, menor possibilidade de realizar varias operasées Indispensiveis para comverterem esses produtos em patriménio gencralizado ¢ amplamente reconhecilo: aeumukiclos historieamente (wobereturlo quande salon de petreca ou repeessdu), couverté-los numa base do saber objotivado (relativamente independente dos indi viduas e da sumples Wansmissio oval), expandi-los mediante uma cducagio institucional « perfeccioni-los através do ume invostigagio cxperimentagio sisematica, Alguns destes Dpontns se cfetivam em certos grupos: par 0 histéxica exvmplo, na acumplagio e transn dlewtro das etnias mais Fortes. Mas a desigualdade estrutural impede que se reiwiarn todos ns equibitos indispennalveis para que intervenha plenamente aw deses vulvimente desse patriménio dentro das sociedales comple, Esta desvantagera costuma acentuar-s¢ 08 setorcs populares mais integrados a0 desenvolvimento modemo. A produgée cultural dos operirios, observa a antrapélogs brasileits Eunice Ribera Durhasa, cjuast mncaé arquivada, Am wadria popular, 3 medida que depende das pessoas, “€ uma meméria carta”, sem os recursos para dleangaa @ profandidade histériea ebtida pelo patrimdnia reunidle por intelectuais na univcrsidadc’. Nv México, » registro cla produgia cultural de stores populares nda indigenas tem sido werasw & recente, Sao programas isolados, como 0 do Museu Naviusal de Culturas Populares: suas exposigiies « livros ampliam a documentagio das clturas subalternas para alérn ca indigena, seconhecendo 0 lugar da cultura operiria ¢ urbana dentro da patrimémic nacional? IMAGINANDO A NACAO Aguile que se entende por cultura nacional muda de acordo com as épocas, Isto demonstra uc, mcame cxistinde supurws sonerews ¢ continnas de que <¢ coneche: come nage fo territério, a popolaggo ¢ acus costumes ct), em boa parts o que se considera como cal ¢ uma construyin imagindria. imaginicie discursive serapre conchae para.s concepiao do México, na confignragio de seu sentido, Desde as descricdce de Hernin Cortes até as crénicas dle Hummbollt, deste ox discursos dos presidents « politicos at as rémicas Hterérias ¢ jormalisticas (das de justo Sierta ic de Carlos Momsiviin), dese a ienmopgafis cinematogestion até as canciies uarbanas e as grattes, todos descreveram a realidade material e simbélica de Méxien; disseram comu ele & & sobmetudo como queviam que fosse. Estes discrrsos contribuiram para formar o sentido do nacional, selecionands & ‘combinando suas refuréncias eamblemiticas, dando-the avi hoje uma unidale ¢ uma coerta imagniriaa, Chamo-os assim pelo cariter de construgio dessus textos ¢ imagens, € porque inferrman tanto sabre feitos altamentc siguilicatives quanto sobre o madela ideal de snayio dos que 0s elaborann, A medida yue esses discursos aleangam wma eficicia social, om seja, que sto partiThaci ¢ sonlribuem para formar a concepyiu voletisa de México, se conatituens er um patriménio. © patriménin cultural ouseja, v que um conjunte social considera come cultera propria, que sostemta aia fdentidade ¢ w dilecencia de ures gruywni — ni abarca apenas. mionumentes hist éricos, 0 descnhe arbanlsties © outros bens fsicusy a experiéncia vivida tt se-condensa em linguagens, conhcimentos, tradigaes imaterinis, modos de usar os bens © 0, espayos fisions. Contudo, a quase totalidade dos estudos ¢ das agics destinadus « conhever, preservar ¢ difonetr o pattitndnio cultural continua se omapanide apenas thas manumentas ¢pirimides, locaishistbricos, museus}. Deade ox ‘trabalhos precursares le Manuel Gamio ¢ Alfonso Caso até o» programas reecates do Conaclhe Nacional para a Cultora oan Artes, tem-sn privilegiade © valor testermanhal dos clocumentus materiais de eariter monurnental & de Gpocas distames, Para isso também con tribui fo fate de que a investigasaio e preservayin estiveram predeminantemente cin mior de: arquedloges, arquitctose restauradores, ou seja, dos especiatisias no passado. Os estudos foleléricas, que produzicam desde fins do stculu XIX um vasto conhetimento empiriep sobre os ropes étnicos, sua religio, medicina, festas © artesanato, utibizam quase wean re: wena coucepeie arcaicizante desias manifestagscs culturais, encontrando dificuldades para entender emo clay ge renovann nus peuCTRSNS modemizadores suscitados pela urbasizacio ¢ industriaizacaa da cultora $36 na Gleima dévada as eiéncias soctats que ne ocupam da vida cuntemporinea ¢ dos processus erhanos (antropel ugia social, saciclogia, urbanisiag, seznidtica) sv intercsearam pela proddugai cultural imacerial, Sous onfoguues, ‘Wwiriens e metedolégices, cote mis eapavidade pare examinar sociedades compleaas, permitem wana melhor avaliagae dos contextos modecnos: fin que se (ransformam ns bens simbolieos rradicionais, ¢ assina wergero novos referentes de identificagio coletiva. As ovénicas de autores como Carlos: Moai Hlena Poniatowska, José Joaquin Blanes ¢ Herman Bellinghausen?, entre outros, slo as anilives que mais contribuiram para pr as claras vs referentes nin materiais na construyio- cdo serttido nacional As mmeiras de ver € ouvir, pensar © uomear, contar c filmara cidade ceconhecidas em suas aries vome fatares decisivos na formagio do sipnificade dos espacos, no estile dos usos © na cunliguragio dev imaginarfo social. Mas come siluar essas deserighes das cxéinicas lterSrit-jurmalinticas ema andlises conceituais que organizem esses ‘materiais para a fundamentagio de politicas culeuraiy consistentes? AA Titeratura sobre connunidades imsginarias pode nos ajuday a claborar este probtema. A ‘obra de Benedict Ande son costuma ser citada ome n panto de partida Ue urea recemerpgio dhe identidades, Hate autor pis om evidéncia que e nacionatisns & um artel te eultorall ¢ née wa objet natural, uma fics30 constituida historicamente, Este eariter magindvio nia torn filbo, eorno se prroche pelas pessoa que estio dispostas a realizar Ssacrificius culossais™ or suas “estreitas visiiey do que é 0 nacional” Do mesmo mode, historiadorcs como Serge Grozinsly, anteopélogos como Renate Rosalda!¢ semaidlogos como Armando Silva! tém demanstrade 9 importants papel que as Fiegiies deseaupenham na formacio das iudeutidailes, & conatrugdo da cidadamia cultural se efetua sno 561 sobre princi pios politicos © participagda “veal nas eserunurax iaridicas ow socials, may anihFen a yartir ae uaa cultura formada peas agen r interagiies conilianas, na proyeeio imaginiria dessas agbee em mapas nuentais da vida sucial, A cultura Coapeetlica? cle uma rage vesmopolita como Mexice se formou ndo s0 mediante a seprodugao de suas tradigdes pré-colombianas, culuniais © moelerinas, mas também através ds aprapriayio ¢ clp use dy bens © mensagens maulticulturals travdos polos migrantes campesinos para ax cidatles, pelo turismo, pele olhar dos estrangeiros ¢ pelas indiistrias culturais at surge « uncsssidade de se empreenderens estudos ¢ politicas sobre identidade e patriménio com wma nova urieatayio, Devemos transcander a simples anilise dav telagBes com 0 terrinivia origina ccupado por cadh grupo, com as sedimentagiies monumentais ¢ institucionais, Ox mavimentos cemtompordnces le Lranssaeivnalizayio & dosrenitarializagio da vultura (migragGes, indSeras culeurais ote.) 2m soudade os prox estas ce: fir mago, produgo ¢ Lean slirrmago dos patrimdnios simbdlicos em. selagiv aus ylais se definem peril da wid votidiana © up Lragr de. ientificagio dos grupos. Toraa-se, portanto, prioritira a adogia de politicas para a preservacio ¢ difusio des acer os litevarios, musicais, Blmicos ¢ de video evino reprosenragtios da vida social eda anesniria hinériea, Os Usos po Patrimonio Apontar a desigualdade estruturel entre is “ onus chases na Sornucio ¢ apropriacio do patriménin ¢ lundamental, porém insuficiente, 8 sociadade niio se devenvalve apenas por mee da reprodugiio inecssante do capital cultural hegeménieo, nem 0 hugar da classes populares se oxplica unicamunte pela saa psig mibordinada. Coma espaco de disputa venndinica, palftica € shmbélica, o patriménio esld atravesado pela agio de trés Apes de agentes: u selur peivado, o Estado ¢ os mivvinienlos soLiais, As conteadicéee no use do patriménio tm a forma que assume aimeraio entre cstes sctores cen cata perio, A ago privada em relagiu au pauriménio eat vogida, assim como erm vutros din plas necoasidades de acumubag3e econémica ¢ reproducio da torga de trabalho Freylentemente, esta toneléncia leva & indisceiminada do ambiente natural ¢ exploras cochanu, 4 expansio vera da especulagia Imobiliiria ¢ de transporte: prival, can dewimenta des bens histérivos «lo interes tlas majoras. Mas como no hi un sis pu de capital, tampouce exbLe uma sd estratégia priveda cm relagie an patriendao. Por isi, as generalities que etiquetan 6 comportamento dos diversos agentes com e simples rérule de burguesis” ou “interesses meveantie” no servers, Em parte, a degradagia do meio natural ¢-urbano deriva de que os diversos tiparsile empresa — industrials, imobiliian, lurstica tina [a son bel-praver] 0 patriandais wb tama dtica sctorial e competi, As contradigtes entre gc419 interesses sia mais destrulivas quande, niu existe programas piblieos que definam @ sentido do patriménio para toda a socicdade. sugulem energivamente © desenvolvimento eeundmica « ustabe logam um maven geval bascado em inturesses coletives — para 0 Uexempenho ile cada setor do capital A ayo privacla nern serapre pode ser reduaida a uma simples apres an patrinin, paseo que alguns grupos ypreviain © valor sirshalico que incrementa value econdmiu Hvigvem imobdluinias que detendem a preservagdo de um baisro muito antigo para aumentir o custe dos imaeeis que 18mm al ‘Algumas empresas turisticns conserva 0 sentido conageitica das edificios hisesrions, ainda que moodusam snudangas arquiutinieas 6 Fancionais com tins hucrativos, come mn convenn convertide em Hotel Presidente de ‘Onxaca, onde as celas foram translorcoadas exo suites ¢ se colocow ima piscmaa nun dos pation, ‘alaptando-sc a capcla para contra de conrcngies se festas'! Talve ns eftitos da merrantilin gic jam snais ambivalentes mas rnltorae populares wadicionals. Quea sale par isso muitos estudos documentos palticos se furtem 4 anil hess ambigiirlade, ... preferivel deounciar, cimplesmente, que us arlesanato submetidos 30 vogime de valor de troca sulteen urns Ueterioracio vm sua qualidade ¢ em seus cerponunies simbélicas tradicionais, Mas é inegivel que em certns pasoados pobres, para Lujos habitants a Gnica ope é emigrar.a incorporacaa eles artesian ae: mereudy urbane 6 turisticg possibilita que nnsiteas inligen componeses peninsteysin ea suas comunidades ceventivern suns tradiies produtivas ¢ cultura. © problema no écamto a mudanya de een © dhe use das corfimncasom facile, nesta caduptag Ges que experimentam, mas as condigées de eaplorayie em ques produzem, Paris, ua politica de apoio ao patrlménie arvosanal que apenas se dedique a0 rosgate ¢ 4 conservacia das teenicas ¢ de estos tracioion ais er inclicaz. Assim como a defesa de pattie urbane requer n enferntarmenca ra crise csrrurnral das grandes cictades ¢ da injustica softida pelos stores pohyes, uma verdadleira intereengiei ne clesenvalvamento atual dos artesanatus nevessita de uma politica cultural Lombinada a ansformagies wicin-econdmiens cas condiges de eda do» camponcscs Estado tanabéen teen was rola gho anbivalente com o patiménin, Por um lad, valorusa-o comin clementa integrador ela nacionalidade. Na México pis revolucionsnio, sobrerudo no cardeniema. a politica eultursl hustou cainbinar a cultura de elite e a popular sa wo sistema, & tratou de usi-lo — junto ccastelbunsicavio dos mcigumac, a refsrms agraia wu desenvolvimento ds micreade interns — ‘para superar as divisées eho pais. © iecligenisnso, que gniou durante décadas a politica dee anvestigarin arqneologica e de “resgate" das eculnras populares, exteait do pussaue das principais emis algunas ists do uacivaaliseno polition, Sema agin dry Vstado, a wasta reabilitayio de vinios arqueulagivos ¢ coatros histéticos, w cciagdu de tantos mosens ¢ publicaydes dedivalas a prowurvar a memoria. ¢ ‘use desses racuesns pata Configurar yma idontidade compartilhada, seviam inexplichvas, ssa intervenga estatal, sein cungparatiio can a de qualquer outre pais lating: american, pica Nee anal Revita ve Papuinane Wierans3 tbe comsegui ~~ mes das comunicagiies de massa ¢ He turisener — fier vom que ox aetesanatos de divensms grupos élmicts, ox similis hisrions aguas saberes repiowais transtendessesn sua coneadiv exclusiva con a cultura local. A difusso cunjuailat por tudo o pats das Lecidlos tzotiles das imagens artisticas da Cidacle do México, da cerimica tarasca c das pirdmides maias, formou um repertiria iconogréfice unificada que é visto coma representativn da mexicanidade aré cm pupulagdiee que minea tiveraneexperignciay diretas clessas manifestagies regionais, Favera parte du seu imagindrio nacional iu obstante, come tode Eetade moderna, 20 promuver © patriménio © Estado mexicano tenden a converter essas realidades Iocats em abstragdes poltico-cutturais, em simbolos de uri identidladle nacional em que se due as particularidaes © os conllitos. As vers, 0 Cstado se interessa pelo patrimanio a Him de fresr o sigue. speculative; nowtras ¢3858, porquie © alto prestigio dos monumentos ¢ we recurso para se legicimar e obter consensos ‘roue'os ainda, assinala Carlos Monsivais, por simples comphacéneia cenogrifica!!. Mas se cntendemus que 9 Lstado no & unicamente o governor devemos ver lambém u pew maior menor de cada uma dewsas trés peiticas como vesultade do grav de parricipacic dos diferentes setores no apropriay3o destes bens Far poco tempa que a defesa e o use do Jetriménicy x converten em invoresse dos mavimentos soviais. Como afirnta 0 préprio Monsivais, esses termas nav fireram parte nem dos programas partidarins, nem da cultura polliea (nem mesmno nos agruparmentwos pregeessistas) Durante déxadas, « exjucrda coractea ¢ grave exo de jolgor, por exemple, a Tnta pela preservacio de monumentas colonizis come tarcfa do quarda-ronpa evocative da direta, calves axé ayo plausivel, mas de nenhum made varefa prior edria. Em sa preocupario de adequar-ie ao sentida do devi, « esqueeda “presenteaut o passido clineta, reservando-s apenas a [clauswee da imecpresagio correta e cuemtifica™* im anos recemtce, a expansie lemugrifien, a urbanizayie descontrolala ¢ a depredagao cooligica suscilam muvimenton sociais preocupados ec recuperar bairres « edhificios, ou cin qunter » expayo urbane babitivel. Na Cidade do México, Ingar doe sisras de setembro dc 1985, produsirarn-se avangos cxtraurdinirlos na organizagio © participagte popular: agrupamicntns de viinhos inventaram formas inéditas de solidaricdace « elahorarans soluges caletivas, peatdes em prémeire lugar 4 recousteuyiu de wuss casas de auonde corn se eatla de vide, mas propouilo-se também » aseumir criticamenteo valor historico do centro” da cidade em relagio “a todos.os servigos necessirios para uma vida digna”™ Na entarta, esta prencupagio min ¢ macigaments compartilhada, A organizagio ¢ as nohilinagdes dimimucm quando paetam as crises, Tambémn percebemns o use cesigual ia eidade na distribuigio dos interesses pelo pacriménio, hos tems prioritirios dos diversos setores. E compreensivel que as classes populares, enredarlas na escassez das moradias e na neceasidade da sobrevivéncia, se sintam pouco ceavoldlas na conservacSo de valares simbaions, sobrotuda st no so esseus, Mesmo em relagio ay seu proprio capital cultural, os setures sobalternos manilesiam as vezes uma posigiie tibia on vacilante, coma se tivessem intcrioctzado a atitude desvalorizadora dos ropes dominantes divigida & cultura papular. 56 alguns seroves méaliog « populares, especialmente afetadon pelo agravarnentn da situagian, win aprofinutander sua eunsciéniia coletiva, Novos moximentos, desde os populares urbanos até os eeoldgicos, vomeyaia a ide cmudar lenamente 2 ugeuda piblics, anip o debate sobre © patriménio. Trés fatores caracterizara um ansformagie perceptivel estes eetares: a) a ween do patrimsinio ambiental — natural ¢ urbana —nio-é vista toma apenas de responsabilidad do governo: by compreende-se que, s¢ nfo houver mabilizagao sacial pelo patviménio, seri dificil que 0 governa o vincule is necessirades atuais e cotidianas da populayio ; c)o efetiva resgate do potriménio inch sua apropriagto colativa e democritica, om scja: eriar condicies matcriais ¢ siohdlicar para que tedas a classce prossam encontrar acle um significada, ¢ compartilhi-lo No fund, ax aovas interagiin entre capital, Estado e aociedade estio mudando a problemtica parrimonial, Ja ndo sc trata apenas dos qulestées que monopalizam quase toda a Dibliografia: come conserva lo ou restaur’ lo devidamente (se urn certo material & mals adequarlo, x fica methor uma patina} ¢ como proteii-le com maior seguranca (aperfeignar as luis, mistalar alarmes eficazes contra roubo). A questin do patrimdnio extrapoliu a algaea dos responsivels por esas tartfas os profissianats da conservagao # # Estade, Considerando sea enorme finportinela que a preservagio e a defess ainda tém, vs problema mais desafiante, agora, sv os usos soviais lo patrimaio, «ai que se devern concentuar os maiores eslarsos de investigagio, reconccituatizagio ¢ de politica IMAGINARIOS DA PRESERVAGAO Hii pelo menos quatro paradigmas poliuico- cultura a partir dos quais se defisem os objetivos da preservagie de patciminio, O primeiro, que chamaremos (radiciunalismo substancialista, ¢ 0 dos que julgam os bens histérions unicamente ples valnr queetéra erm si mosmman, € por iso conerem sua conscrvagio independentemente da ors atual. Consicderana que 0 patriménio esta constituide por ua mnundo de formas e abjetos excepcionais, onde ‘iGo contam ag con digBes de wida e trabalho de quem of produzin., Esta posigia é sustentada por diversos atores socisis, ainda que prevalega nas ‘tendneias arisnocvitico-tradicionais do campo académion © dos aparaten politions. Seu trago comum é uma vidio metafisica, ahitirtes, da humanidade ou de “ser nacional, cujas ‘manifestacdes auperiores teriam se dada mura pasado desvanecido, sobrevivende hoje apenas nos bens que © remernoram, Freservar ron cena cerimonial ou méveis antigas sio tarefas 3; seu tinioo inuiferentes as preosupades pré sentido ¢ selvaguardar esséocias, modelos estéticas c simbélicas euja conscrvagin inalterada serviri precisamente para testemunhar que a substincia dese: passaclo lorinsa wanscende as raudangas socials, Ficamn fora desta politica os bens precénins ou ceamnbiantes, as que sé decumentarn priticas © patrimbnia cultural popularcs ou acontecimentos culturais, sem que ‘consi gam, assien, alcancar um lugar de vyelevincia na histéria cult das tormas ¢ dos estilog, Os outros prradignnas covreepandem ae privilégio ourorgedo a rads nen dos wes agentes sociais descrirns, Osque soem ne palrindinin urea pewiie: para valorizar econmnicammen en espage ial ‘ou urn simples ubstivuly ae pregresne econdimive sustentamn uma concepyao mnercantilista, Os bens scumulades por uma sociedacke importam na medida em que favarecem ou retardam "a avange material Este destino mercantil guard os cvitérios ceanpregads em todas as ages, (Os gastos requirids para priswereagiat les patrismdits si ira inverse justificdvel vane sesulte en dividendos para o mercado inebilideio au ao turismo. Por isso, atribui-se bs ermpresas privaedas um papel ventral aa seleyau dos hens cultunais, A cate modelo comesponde uma ‘estétisa exibicion f0 no restautrago; OF critéring arcisciens, hiscivicos ¢ téeniens se wajeitam 4 espetacularidade ¢ 4 wtilizagdn reercativa do pateiménie cum o firs de incromentar sot renidimentererondrnit, Qs hens simibolicas sv valuraos oa medida emt que sus apropriagies privada permite lorniclos signos de distinyiu vu artig de consume e1o un show de luz¢ som. © papel de protagonista do Estado na 1.¢ promogin de patriménio se mda com um imaginirio conservacioninta © toonumentalista, Han worst, a turefas do poder pili conistenm erm respatar, presercar + custodliar especialmente as bene histirieoy capaees de exaltar a nacionalidade, de sere simbulos de coesio e yrandewa. Ante a magnificéncia de wma pirimide maia ou de um palicio colonial, nie Ihe corre minimamente ppemsar mas onntradigies socials que expressam A atencao privilegiada 4 grandiosidade dev cdificin oostuma tamhém desviar dos problemas regionais, ela extrutura dos ancerrtar eto rurais adquirsni veptidy: tense aotude varias wrens que a salvaguarda Uo patrindnio &eficue quay leva em conta as grandes obras em relacio aos sistemas construtivos ¢ aos wsos contentuais do espage’s, Mas ¢ grand tentacio de astociar 0 Fstado as iierangas monumentais para legitimar a sisterma politinn vigente: afiema-ce assim cle usin, buscando-se flv ntiditue 6 sraieamest histiricas le queen conserva ere inaugura” os monumentos, depois de restauri los, usando 0, ‘a fori mais plena da apropriacto, cumo sede Usiea de uni orgonismo oficial. No Maco, esta conccpgio momumentalista ni sc mostra Lunigarientena politica de conservagia © ne de éditicios antigat: esti presente tambdan na arqpitnenra que evoea a monumentalidace pro olambiana 00: alonial, ar yianudo axely Museu Nacional reslabvaragies Cian Ue Antropulogia 0 Colegio do México reinvengies brilhantes que Suserem enudele ppiraridal nas buscas yeornélrieas contemporincas — o Espago Escultérica na Cicade Universitgria da UNAM —, mas também a grandilogiiéncia faclimatada] da Praga Vapatia de Guadalajara c a Macroplaza de: Meuterrey, oonle a uspiragio autvallaclara do paler po organizayan histiricae o equilibeio escético do eapuyo pabtico. © quarto paradigma, que denominaraus participacionista, concehe 0 patrivaénio © sua presereagio relacionanda.ins ent a necessidades globais da sucielaue, Ay fungocs antentores — o valor intrinsic dus bens, so interesse moreantil ¢ sia capacidade simbsilien de legitinaagin — io subordinadas as dernandas presentes dos tnuirins, A sclogia do que se prosewva ¢ a rouneira de Faro dlevcm sor docistdas através dle um pencosia elemocratice om que os interessados intervonham, wazendo pario debate seus habitns ¢ opiniies, Ete enfoque se caracteriza, deste mule, por ineluir no patriménio tanta as edificies cnanumentaia quanto a arquitctura habitacional, os grandes -tepagas ectimmoniais ou piiblices do pasado « os ‘purques & prayas de hayc, os bens visivcis e ns ssosrumes € creuyas. Or acento na participagio social #0 vecutrsu-chave para se evitarem o« dois efeitos mais freqiientes que Oriol Hohiges rnbserva nas cidades ou bairros antiga a sua sonversio cm “cidadke’s nameu” — ouscja, ilustragses histévicas de extruturas ¢ formas que fiearam sem fungi ¢ ehh “cidades pare sos” — areas apropriadas para wine elite le artistas, intelecinats, burgueses ¢ sobretudo expeculadores, que vécm nesses conjutos Urbanos um mode de sublinhar su distingdo" Sch a pecspevtiva participaciomista, & pose] ‘colocar ds potiticas culeurais peergunitas reveladoras sobre os usus que sir dados avs bens slo restaurados? A hhistinacas: a) com que dei anstocritica, que tanias vezes os engendlnag, oa ade cénhecimento e wtilicaio dos que agora siesejan enter asi; bi de que modo sv apresentant © se explicam os odificios antigen ace seremt abertos ae piblico? ¢ os nbjetes, a0 seretn cexibidlos ara muscu): c} apenas a catalgacio c a rostauragio fazer parte ds patitica culeural, os também se procura canhecer as necessidades ¢ 08 ‘inligns do pitico? Q que acantece na révepyio © apropriayio que cata grupo fhe da historia? No Mézicw, estas pergontas tém recebide inais #espostas provenientos de aces do que de estudos sistemiticos sobre os nes do patriménio as nccessidades populates. Existem no pais organismos dedicacls a promwver @ patzimdnien stun, que thm feito investigagius sabre a partisipacio social, como o lastiLuti, Nacional Incligenista, a Diregio Geral de Cuttaras Populares 2a Musen Nacional de Culturas Populares. Contude, ¢ dificil avaliar os efzitos ds diversas concepyBes que ax orlontam, etntre outras raxdes porque ha pacer estudos sobre a recepgdo de seus trabalhos. Predemina a vontade de difimdir epromover © palriménio popular, ono acesso 4 cnftura yeral par parte das classes suhalternas, Esta polities promecionl vem gerando valiosas experiéncios : -ectucacionais © participadives — mauseus, tes communities © esculares, programas de Aivulgagdio Lullural —, mas raras vores baseia sua acio difwsora em investigagfice sobre 0 que pensam ¢ fazem o8 que a receber For sua impartineia pura a participayin da sociedade civil ne patriméaie cultural, queremos destacar uma dessas caréncias: 9 estuda do piiblice ¢ das usuarios. significative que disponhamos de urna vasla hibliografis de eatalugacio o doscrigie de sitios arqueolégices, edifices aolantats ¢ monumentos, obrar ¢ tendéncias artisticas, enquanto que as pesquisa publicadas sobre a recep de hens nie passura de uma dezena © pen Sabemos que os mnuseus ¢ as uonas arqueoldgicas recehem anualmente wn vasto pubblico: nos inltimes anos, algo em torno de sexe milhics de pessoas ingressaram nos muscus de antropologia ¢ histdria (som incluir as de arte) « os sitios arqueoligicos recehem de trés a quatro milhiies de visitantes por anal, Algurnas expusigiies le artes plisticas, por exemple as cle Diego Rivera no Museu Tamayo # no Palicio de Belas Artes, aleangaram um publico de meio milhio. Mas os estindos do gostus do piiblios que vai a esses ‘spagos culturais — come os utiliza, © que prefere ou rechaga, de que mode ac apropria de patriménio nacional ¢ que diftculdades encontra para relaciona-lo cum sua vida — esto apenas comeganda’” Nao se lograra uma politica cfetiva de preservagin ¢ desemvolvimente da parriménio caso este nin scja avaliad ad equacamemte flo piibliog das muscu « sitios arquoalogions, pelos habitantes dos centens hisiriense recxplores de programas educativos ¢ de difueio. Para cumprir estes objetivus, no basta mubliplicar as pésquisas patrimoniais, as museus © a civulgagao: € necessdria conhecer e entender os parimetros de percepyae ¢ compreensio cm que sechascia a recepgin don destinatarion, A participacio da péblicn «doa vswirios nin suubstitui a problemitica cape cifea da valaragic. histériea & estética dos bens culturais, nem 0 papel do Estado ow des historiadores, arquedlogos ¢ antropelogos especializados aa investigucdo ¢ conservacic do patriménio, mas oferece outrossim uma referéncia uma fonte de sentido — com a qual deveriam redefinir-se todas as tarcfas para que se avance na democratizagio da cultura. ‘O Patrimomio Na Epoca ba INDUSTRIA CULTURAL A macsiticasio das socigdadcs egintomporincat [reformulon) as probicmas ca patviménie ¢ da participacie. Milhdes de pessoas que munca Linharn idla gem museus, au que apenas haviam, se inteirade na exci las alaras ali expenlas, ‘éem hoje essas obras em suas casas, pela televisio. Pareceria supériluy deslocar-se: ae imagens das pirimides e os cemtros histricas cchegam até @ mesa onde a familis come, se coowertom om remas de comers 6 80 ‘misturam ans assuntos de tados ns dias, & televisio transmite também mensagens publicitérias em que so usa o prestigio de editicias antigos para anibuir vireudes a um carca ou atum licor, Q udea stip diftandida diariamente durante. o carnpeonato mundial de futchol de 986, em que imagens das antigas pirkmides se dissolviam em outras modernas, cou clos jogos de bola pré-ealonabiano uransfarmados em dangas que arremedavam 0 futebol atual, propunha uma conLinuidade fluida, sem contlitos, entre a tradigio e a micderidade, E notivel que esta visio coneiliadara das contrasigiics histiricas, transmitida por uma empresa privads Televisa —, ae encontre também em mensayens da Estado; por exemplo, 0 primeira, file texicano ein sistema Urmnivisivn, O pore Zo so), projetado ne Planevitio de Vijusna dentro do programa de afirmogio da identidade nacional na fronteira norte, descreve a etapa colonial como um simples enriquccimento das culruras pré-colombianas. [stn sagere que a climinaga dos canflitns soja um dada mais utonsiva ans mcias de massa qua a autros modos de documemagao « difusia da historia. Coneuda, 0 problema sau se redusa melhorar a interprelagio ideoligua do passado. As possibilidades de dilustio de nasa e ‘espe lacularieayio do patriménia oferecicas pelas teenologias de comunicagio modermas colocarn novos desafios: cama usar ox meios de um mode. mais imaginative ¢ eritien para 0 desenvolvimenta tla consciéneia tocial sobre o pattimGnio? Qua seriam os Fimitex da re-scmantizagio que a indistria da eomunicagao veatiza sobre as culturas tradicienais? Come ns basics legisla evtes temas sem aletar os ds ile livre informagdo ¢ comunicagio social? Como interayert extex direstos com os dos grupos Indigenas populares, ay quais pertencem Historicamente esses bees culturais? Estas perguntas mostram a urgincia de se ampliar © campo de problemas eo imbsto disciplinar cm que 0 patriménio costurma simuar.se, Precise de ravos inserumentos conceituis © metodalégioos para analisar as interagiies atusis entre 9 popular ¢ 0 de massa, v tradicional ¢ 0 mnoilerno, « plblicn © 0 privado, ¢ isto requer uum maior vinelagiu entre as citneian ancropolégicas, « vociulogia © os estudas sabre As mudangas na produgia, virculagia ¢ consume da cultura exigem que se modifique também a concepeia de patviménio utlizada pelas paliticas pablicas, Som chivida, « ampliagie do ennesita elitists de cultura ¢ a inclusio das formas artesunats de jstodugéc popular foram tum avango: hoje quase nie existem discursos oficiais que neguem um hugar nor patrinntinica cultural 4 cndsiva, danas « literatura indigona, Mas falta estender a competéncia do Estado is ‘manifestardes mio tradivionais. A ayer povernanvental se concentra ma cvmservayin & dlefesa dos bons histérices sition arqueelégices, arguiteruva colonial, na Promogie de atividaces artistcas que representam as valores mais altos da avignalidade -- desde o foldore att as artes pisticas anodernas ~— © na protegio de algumas pritivas culturais eujo custo de produgia ¢ escassez de pablico tortuaramn problemiticss «en fararo — cinema, teatro, vevistas de arte, Maso rmercada simhélico de massa alral pou intercssc estatal, x a8 privatleayGes das iltenoss ano acentuatam sua utilizagio empresarial As novas tecnalogias de comunicagio sio vistas freqiientemente come uma questio apartada do campo culmal; so mais assaciadas com a soguranca nacional ¢ a manipulagiie iva ideologica. As pesquisas sobre 0 consumo de cultura, is quais me referi antertormente, indicam que ox gpston domésticas so concentram cada vee tals 1a aquixiclo cle *m équinae culturais" - televisores, toca-discan, videus, riclios para cada rmembyo da fauna e para o carry —-em, Acrrimente do gusto em publicayies © espericulos teatrais, cinematugrdficos ¢ musicals (que se cealizam fora de casa, Esta “cultura a domicilio”, manobrada pela iniciativa privada, ceresce erm recursos, em eficicia comercial e simbdlica, enquanto os Fatadas continuam se dedicando prioritariameate as priticas cultuais que esti perdetnto intutneia. A que se deve essa resinincia em estentler a responsabilidade patrimonial do poder publica ang novns cireuitos € tecnologias culturais? Provém, um parte, do temor de se enfrentar ox grandes convircias peivados. As poucas tentativas de empreendimento de aces mais dcfinidas co Fatasio em rctagin as institaicies qultorats reoeberam reagiies violentaa: 08 empresiring, além de dofenderem seus negieios, arguncmtarn que » controle estalal dus espagos simbélicos & una forma de auteriturisme, que leva 3 burocratizagie € & unilateralidade dos meios dle massa Dor que esta restaiySo do Estado as formas ‘radicionais ou cultas do patriménio é aceita por tantos responsivecis pola politica governamental, que defeneiem com firmeza sa participagéo no Smbito educativo, « inclusive por partides: proghentntas da oposigia, qc taspauess ingle ean suas propustas estes navos espagos culeurais? Unoa das explicagées poderia ser encantrada nessa ampla evenga de que a cultura ¢aerudile" e tradicional, ¢ que sma convivéncia com ade masea acabasia por prejudicé.ta, Ainda escitames com ireqiéneia que, ante a dogradasia “fatal” que o crescimento urban © a8 indistrias cultursis trazom, 58 resta preserva o8 bens histévieas « as costumer tradicionais, testemmunhos puros de tempos naelbores Esta posigdo no se mamtém de pé quando 9 confrontacnos com o que se quer salvar. Porque os centros histbritus sie resultade de etapas diversas do desenvoluimento em que s¢ foram scdiracntande cstilos construtivas © coacepybus dlispares do espacn urhano. a mesmo moo, oF artesanatos tradicionais sucgiram de progecssivas adaptag des da mele natural s de distintes tipas dle arganizayao sacl, primeien pri- volumbianos, depois coloniais¢ porriltimo do apitalisows moderne. ia vemos por qe ns antigos desenihos dus edificios devam pera ecer indiferentes bs nowas fungdes que les séo conferidas, nem por que a olaria ¢ 08 sessitas nile prossam s&, adlapatar és cxindigt sdicio-ceammnicas ¢ culeurais dos indigenas que ‘emigrare para as grances eidactes 00 b: vikarejns carnpenoses transforsmades ncontramuos una légica inquestiondvel na face de que os purépectias, por exemple, que durante séeulos campuseram a iconogratia de sui cerca cots diabas, serpentes e pissares hoje quando vio vender snas pecas nas grandes cidades ou passam virios mests da ano trabathanda como pees nos Tstaddos Uniddos = fagam com o barn diahos que ‘uo dntbus da rote “Misico-Laeado”, que falun no telefane ou com vendedores arnbulantes. © problema nie reside na mndangs ddox imagens tradicionaig, mae sim cm sons critérias e em quem as decide: 08 artesios, of intermediirios ou os consamidarest © proceso social de desonvolvimente de patriménio requer que diferenciemos, nele segundo as termos de Raymond Williaras, 1 que 6 arcaico, residual e emergente. © arcaico é 0 que pertence ao passado c é reconbecide coma tal por quem hoje o revise, quase sempre “de tum mode deliberadamente especializado", Por outre lado, o residual se formou no passada, rags engrteg eon alive den re des processes culturals. (2 emengente designs os novus significados & valores, novas priticas € relagies socrais” A politica cultural dlirigida 20 pateimdnio, screscentamas, mio pode apepar-se an primeira sentide, come costuma acomtecers precisa articular a reeuporagi ra clensidede heseérica com os significades aecenecs que geram as priticas inovadoras na prinluii ¢ eensume, Diante dag contlitor qhe as tatliorenayies socials propécm an pariménio, ¢ possivel Formular teés exitérios yorais para orientar 33 decisGes: a) a preservagia des bons culturaic mica pode ser isis importante que a das pessons que necessitam deles para viver: a0 recuperar um centro histérien, a revalorisacie des monumentos no deve pesar mats de que as rnewussidades hahitacionais ¢ simbélicas de seus habicantes, nema pulitica artesanal pode antepor a dcfesa los abjetos & dos artesion, b) ay solngGes devern buscar um equilibrio orginice entre as tradiyies que aliu identidade — a um Iairro, 20s produtores de artesanato eas smudangas scqucridas pela modemnizagio; c} as politicas ¢ ax decisdes nobre estes problemas deem sey tomadas ein itnciay © etm Pronedimentos yur torman posivel [arvicipagie democritica dus prudutores ¢ nsudring: por que yoise sempre que 86 reablitam os centras histdricas $6 08 Funeionfetos © oF arquitetos intervém, amas no tos que habitam 0 bairra? par que 08 arcesios runes faren parte de jurados nes conetLrsos conde se premiam artesanavos, nem lhes pedimos que opinem sobre us folhetus turisticon que dizer come interpreli-los? As experiéncias de co participagtio de espectalistas ¢ uaudtios desenvolvitlas nos trahalhos de Teconstrugie pontectores an sismo, assim come as associaySes de conumidores ¢ de defesa do patriménio natural, rausiram que estas ulopias comegam a ser realicaday au México, A BATALHA DAS Derinigoes Esriicas Unna area decisiva de debate sobre o imaginario patrimonial &a sua valoragdo cstética © filoséBica, Vamnus analisar, para conclair, 9 ; aiitério que comuments se considers come fundamental: c da autenticdade. Fate #0 valer prodamadlo com mais insisténcia pelos folhetos gue falam dos costumes foleldticos, pelos pulse (uristicos quando exaltam s artesanatos ¢ festas “autictones”, pelos cartaees de FONART que garancem «-vends da “genuina arts popular -menicania”, Mas o mats alarmante é que este ceritério continue sendo empregads em grande parte da bibliogratia sobre o patrimdntio para demarcar 0 universe de hens e priticas que merece ser considerado pelos cientstas socials ¢ politicas culturais. Qualificamos de alarmante cata pretenso de autenticidade porque as aruais condigdes de circulayio e consumo dos hens simbolioos impediram as condigixa de prodlugao que, noutra época, tornaram pmwivel o mito da 09 originalidade na arte, na.arte popular « a0 patriménio esleural tradicfonal Na Arte Tiesde o célebre texts de Benjamin de 1836", sum dos vomas cruciais da extética & a mancira como a roprodutibilidade técnica da pintura, cle fotografia ¢ do cine atrofiam “a suru” das ‘obras artinticas, essa “manifestacio inrepetivel de vwina distineia?” que a cxisténcia de uma obra ‘inca, num 36 Lugar, tem para aqucle que peregrina a lim eoatomplicta. Quando se multiplicam em livros, revistes « felevisares os quadras de Orozco © a8 fntos de: Alvarez. lrg, a imagem original é wansformada pela repetigla exaustiva. O problema da autentividade ¢ unicidade da obva muda o seu sentido, Percebemas entio, com Benjamin, que “o uration” ¢ una invengay moderea © Uansitéria, De ue lado, porque “a imagem de una viryem medieval oda era auténtica no Lempoem que foi feta; ¢ fot sendo no curse dos séoulos sucessivos, e, mais exuberantemente que munca, no aéculo passado™. De outro lado, fica evidente que a mudanga atual nin 6 apenas efeitn das novas tecnologiag, mas uma tendéncia hiscirica global —“apeoximar espacial ¢ umanamente as coisas & uma aspiraydo das marian de hoje” uma enighncia histdiea. Ainda que continue havendo uma distingSe centre se perguntar pela obra original na arqueclogia e nas artes plistisay ou no cinema & aio video, onde a questio jé nie fxz sentido, 0 rmicleu de problema &que mudon a inicecio da arte nas relages sociais: agora as obras quase munca se vinculam 4 tradiqio através de uma relagio ritual, de devogio a obras dnicas, com seu seni 8x0, mas se difimdem erm nailtiplos censrios e propiciam leituras diversas. Muitos técuicas de reproducie e exibigfo dissimulan essa mudanga histdricas por exemplo ox museus que soleaizam objetos quc foram cotidianos, o: livres que divalgam o patriménio nacional cam ‘uma retérica empolada ¢ assim neutralizam a pretersa aproximagio com a leitor; [mas também a mobiplicagio desses muscus ‘atidianes montaclos ner quarto de cada umn, unde se prega na porede umn caetaz coun ana foto de Usawal, junto 4 reprodagia de wma Toledo, revordapies de viagens, um recorte de jomeal do mnés passado, © desenho de um amigo, slim, umn patrindnio proprio que vamos renovando 8 medida que a vida Mui Este exemplo extreme aio quer sugeric ‘que os museus e 06 centres histéricos Lenham ot tornado snsignificantes ¢ no merecam ser visitados, nem que 0 esforge de compreensio. requeride por um centro cecirnanial pré- ispinico ou unt quadro dle Toledo se reduzam hoje a recortar suas reprodugSes e pregi-las no quarto. Prescrvar a meméria individual no é 0 Theame, é clara, que colocar @ problema de ‘coma assimrir a reprosentacdo coletiva do pasado, Mas o cxomplo do rausen particular sugere: que & possivel introdurir mats Hberdade re eriatividacle ax relayien com @ petriméain, ‘Também permite pensar come se transforma a apropriagio da arte quando se passa de urn mundo rigidamente hierarquizado, onde os que letinham o poder dispunham de refuigios Teservades, para este tempo cm que. “se imagens arciseican sa cffrmoras, vhiquas, acestiveis.... Nos radeiam do mesma modo que aa linguagetn nos rodela, Entraram na corres principal da vida, sobre a qual aie tan nnenhum poder em si mnesmas"™ Perinitem-nos ainda definir de outro anode como se forma a experidenis hist rica au a rrlacionar @ passado com o presente, como cocontramos 0 transformamon 9 significada de rronsas vidas participanda de pronessos de reelahoragin, dos quais podemos nos converter fom agentes Nas Artes POPULARES. (Oy artesanatus de snaiar venda sc wmitadas cm oulcus puvoadus e em oBeinas das grandes clades. A cevimica de Tonal tem sido mcthorada ¢ redescnbada em oficinas de ‘Tlaqecpaque com alta temperatura; a olaria crua se Patamban agora é feita também em Teintzuntean; os tacidos ¢ eorimicas ariginarios de pequenos povoados di Hetadu dy Méxiees, Oaxaca e Michoacin, jé so producidys na Cidade do México, em porte por migrates sindos de vilarejos onde esses artesanalos naxceram, en parte por fibricas urbanas que contratam esses migrantes como assalariados ou copiam dirstamente os desenhor para apf de seus éxitos noo mereade, Essas cnudlanyas na produgio tém sco carrclato no consumo. Ao estudarmas 08 artosanates purépechas, observamas que cada ver que se lé “Reawerdo de Michoacdn" se sabe: que esse objeto foi eite para nio ser usido exe Michoacan, Esa formula, supostamente dlestinata a parantir a autenticidade da poga, & © sinal de sua inautenticidade. Um tarason jamais previsard marcar a pri gem nos pates an jarros que ele produs para usar cm seu povoada, A inecrigSo ¢ nacessinia para o turista ques confundirg essa ceranaiva com a aulgyirid gem ontros hugates: significa menos w senile de ovigem dos objetas do que a distingio social, o Prestigio de quem estere em tas lugares para compri-los. Em suma, ainscrigie ¢ desmentida pelo fata de estar excrita. Se fos precien gravar sua origem, supfie-se que se pode exqucccr, ot desconhecer, sua procedéncia, A maiaria dos objetos que waver cava férmula de identificagsio no é comprada das pradutores, nem eseuthida pola rclagio afetiva de eresoe ¢ compresnsiar que a forasteire estabelece com quem os fiz Quando obtemas a conflanga de artes, ele nos ‘mostra aquila comn que mais se identifica, ¢ talvex att nas ofereyas urna poga, mas nic seguramente das que cotula womo “lembrangas” lingidas para vender cus mercados urbanox" No PaTRIMONIO CULTURAL TRADIGONAL Tlouve: uma época cm que os tmsens produziam, opias cas obras antigas para expo tas 3s Intenapeties # a0 canitate com os viitantes, A reprodugio de pintura, exculturas © vbjetos Jogo buscou difundios na educagio & 00 mercado turistico, Em muitos vasos, as novas peyasrealizadas por arqueélogos ou técaicos em reslauragdo aleanyaram tamanha fidelidade que se lornou quase impossivel difcrencté-las do original. Por exempln, as réphioas de estatuetas pré-colombisnas que se fabricam nas oficinas do INAH, ma Cidade do Méxien, A diferenciagio entre o original © a copia & bsica na pesquisa cientifica e urtistica da cultura, Deve-se também distingui-los na difusdu do patriménio. , porém, secestiria scparar o reconhecimento do valor de certos tens da otilizagin conservadora que algumas tendéncias politicasfarem deles, De um lado, « reconbecimente que certos objetos ¢ pritioat merevem por representarent descobertas na irea do saber, achusos Lormais © semsiveis, ow acontecinieatus (uruladores da histiria de umn povo: de outto, 4 pretensio idesligies de quem busca construire auténticn” no centro de uma © pecriménin coltarc! Revit ne ® D pat concepyiin arcaicizante: da saticdade. « pretease que os eave . assim como os templos om [parques maciunais do espivito, scjam os custidtios da “verdadeira cultura”, retage diante da adulteragio gute nos oprimiria na sacicdade de vmassa, Sua maniaca uposigiu cutre um passaclo sscro, cm que os deuses Lerians inspiracla 95 arti eas poves, cum presente profane, que civializaria casa heranga, eacontra ao menos trés dlificuldades: Ty ldealiza algurn momento do passatla ¢ 0 prope como paradigma socio-cultural do presente, deeide que todas on teetersonhas atribuidus sio auténtions ¢ derém, par ise, um poder estética, religiwe cu magleo insubstituivel. As refulagéiew da auceticidade sofridas por tantes [cliches “historicos" obrigam ser menos iagenue. 2) Blirmina demasiado rapidamnente, com a ‘elocidade do preconceito, todas as snpusrtunidades de ampliar 0 acesso & uxperidneia €4 compreensio do proprio passailo © de eutras ceulturas, que as thenicas de reprodugio contemporineas oferecem, Pot que impedir que «as poucas pecas sobrevivenntes ela escultara € a scordimiea de alguns dus ps neipals povas pré- hispénions sejam conbecidas de forma direta, _gragasa réplicas extbidas em vdrios museus, afaytondo-as dos descend entes dessas culturas? 3) Esyuteve que toda cultura € resultado de uur velegae € una camihinagin, sempre renuvada, de suns Fontes, Ditn de outro mondo: & produto de uma encenagiio, onde se lege & adapta o que se val apresentar, tke winrdo com. o que os kooxptores padem eseutar, ver € comproender. As representayies vuleurais, desde 0 relatos popelares as muses, unica apresentam os fatos, nem cotidiamos nem Aranscemesitais: sia sempre re-presentagors, beatro, simulauin. $6 a fé-cega fetichiza os objets ax imagens acreditande que neles se deposta a verdide. © olhar modeme sabe que 0s objeto» adguirem ¢ muslam sev sentida ern processes histérioos, dentru de diversas ssteinas de. ‘elagiies sucias € submetidus a consougties ¢ ooomstrugies icoayindrias. Um testernunho 08 som cbjaco podem ser mnais ou menos verensinnis, : portanto signiticativos, para os qu s¢ telactonam com cle « se interrngam sobre o seu septiko atuol, Esee sentidn pode circular ¢ ser eapludo através de una reprodugio cuidads, cor cexplicagdes que siluenn a pega em seu ambiente sécio-cultural, com urna museografia mais fnercsada een reconstruir seu significaro do que em promavé-la a epeticulo ou fetiche, For outro lado, um objeto original pode ceullar a sentide que tere — pode gua rely¢in com a origem — porque fui ce original emt entant perder descontextualizado, porque seu vineuler cue dauca ow commis can moia as quais le era usados foi cortada, alriluincke-s¢-Ihe ome autooomia incxistonte para seun prinwiens usuasios. Isto signi a que a distingao entre arma catrela original ¢ unio cSpia, entre we quadro cle Diego Rivera © uma imitayiu, tomou se indiferente? De mado algum. Tio obscurecedora quanta a posigae que absolutiza umm pureza shusoria é a de quem, resignade ou sedusido pela mercancilizagio «suas alsificacies, por curt liberagSo posemoderna ott um cinisma bust rien, prope: aderir alegremente Baboligie do sentido, 20 giro vertiginosoe histériew dos significantes que dlangam nas vitrines”. Ji disemos que bi ojetes singulares por sua rspessara cultural ot valarestdtico, pelo seu carder Unies ma sociedate que os engendrnut ou pelo signiicade sque adquirem na historia, Merecem, por iasi jue cath poso continue presorvande os come sestermunbos, col tivaneln sua sneméria € sua admiragio om museus, rxpunivées itinetantes, bor come nas muiltiplas reprastuctiek — Filmica, rolovisica, em Lépias do préprie abjera — ave possam contribuir para a soe conbocimento ¢ apreciacao. Para se elaborar 0 sentidy histirico « cultural de uma suniedande, & importante que se estahelega o sentido original pe tivoram, que s¢ diferenciein us riginais das imvitagGes.‘Lambitnn parvce elementar que, quando as preys sav deliberadamente construiclas como riplicas, au quando nio s¢ tena comers subre sus oryem au perinde, esas informacbes vejuc inlicaslas numa Ieganda, ainila qu amiiide os musous as uriilam par tumor de, assina, porslerem e-iuereye do visitante, Torpe cupasigior dividir cum « piblico as difculdades da arquevlogia ou da histérta, a hit dos pesyusadores para descobrie uum setticle sina seguro, pode sex uma téunica Jegitioua para suscilar curiasidede < atragio pelo conbecinsento. A inewrtsa & também a acai para que esplandesca n que uma iniscara ou urna vasilba acolhuan dh:mistério # poesia. CONCLUSAG A politica culuaral refurunte at patrinénior no tem como tarcta resgatar apenas nbjetos autenticos” de uma secierlade, mas as qu sd cultural mente representativos. Us procesios nes interessant mais clo que om ubjetos, © aos intenessam nfo pur sua capacidadle de permanccer ‘pures”, iguais a i mesmos, mas sim porque “represesitam curtos modos de concehor e viver o mula ea vida préprios de scortos grupos sotiais™ Por iss mesmo a invesligayéo, a restauragio +a dlifusda clo patriménia no tm poor fer Alltin perseguir a autenticidacle, ou reinstaurd- , nas reconstruir a verossimilhanga bistdrica. Em quare toda a bibliograia sobre patidnio, sind necessinio efetuar essa ‘opcragio de ruptura comm o realismo ingénue quca epistemulogia realizar ha tempos, Assim coma a conbecimenta cientiticn néo pode refletiva vida, lampouto a restauragio, oa munseografia, ou a divulgayau aia conlextualizada ¢ diditica conseguirie abolir a Uistind 9. Toda entre realidacle e representa ‘operavdo cicntitica on pedagégiva sobre 0 Patrimdinio éuma meta Iinguagen, nia fax falar as coisas, mus fila de © sobre clas. Alberto Cinese diz a respeite dey muse: “para ineluis « vido, o museu deve trancondé la, ootn sua propria linguagem ¢ om sna prifpria dimeusio, criando outra vida vaur suas préprias leis, ainda que sejam homblogas « também diferentes slaq uclas da via vead™. © smuscu qualquer politica patrimonial devern tratar as objetos, of oficing @.08 2osturnes de Lal mado que, isis que exibi-los, tornem inteligivels as celaciies entre cles, proponham hipateses sobre que significara para a gente que hoje os vé e evoca, Urn patriménio reformulade que considers seus uso: soaiais, nity partinde uma mers atieude defenniva, de simples recolhimeaiin, mas ‘com uma visio mais complena de came a sociedade se apropria de: sus historfa, pode cette © pace 0 patrimanco suleazal Gareve abranger novos sctores, Nao hé por que redir S02 umm atsuntn de-sppevialista nes passa interessa acs linnciunerios & predissiomaix scupados em construir o presente, aos indlgenas, camponeses, aaigrantes © a todas us setones cuja idetidade costumna ser depreciada pelos usos hegeménicas da cubtuva. A medida -que nosso estudo ¢ promogiia do patriménio _assuma.os conflitns qur'o anompanham, poder e-4 contsthnir para a afirmagio da nagio, nko -wraa algo abstrato, mas sim vam aguile que une concentra num projete histirion solikicio +o grupos suciais preocupadas enn a forma -cucno habicara seu espagn © conquistarn sua qualidade de vida, NoTas 1. Yejam-se 0s matetiais reunidos no livro de TERN ANDEZ, Salvador Disz-Derro. Consarvacién de nenumentos s zonas. México; INAM, 1985, 2. Quero destacat a dovuntentagie produzila pela UNESCO orn sorne do que denorsina patriminio material”, Vejacse a"Recomendagio sobre a salvaguarth da cultura tradicional c popular’, apeonaxla ma 25* Coferéncar Gora, wis 15 ce rawetibterde 1989, em Paris, 0 sto drea de GRUZINSK(, Serpe, “Sauvegarte du patrimoine non-physique: bilan ct nouvelles porprctives”. Paris, outubro de 1992. 5. Trataaede am principio pera, talons poor quom investiga os Deis sou da dfn cultural vejam-se ospocialments BOURDIEU, Pierre ¢ PASSERON, Jeon Claude, La reproduxcidn. Elemento: pte una ezoria del aicema de enseize, Srecelona Tig, 1977; ¢ BOLURGIEU, P, e1IARKEL, Alan, aman ce ara, fx muses dion. raps: te public. Paris: Minuit, 1989}. No se trata de uma dererminagio mesinica do nivel econanaico ou

Você também pode gostar