Você está na página 1de 81
[uJ Estrategia CONCURSOS Aula 11 DR el Be CPC) eRe Professor: Renan Araujo eoria Aula 11 - Prof. AuLa 11: DOS CRIMES CONTRA A FE PUBLICA SUMARIO Li. Moeda falsa... 1.1.2 Crimes assemelhados ao de moeda falsa. 113 Petrechos para falsificago de moeda.. 1.1.4 Emisséo de titulo a0 portador sem permissdo legal ...ssssusssesesssees 1.2 Da Falsidade de Titulos e outros papéis puiblicos 1.3 Da Falsidade documental 134 Falsificagdo de selo ou sinal publico s...sssssesssssesussseessssnnsseeens 1.3.2 Falsificagdo de documento piiblico 13.3 Falsificagéio de documento particular. 1.3.4 Falsidade ideolégica 13.4.4 Diferenga entre falsidade ideolégica e falsidade material . 13.5 Falso reconhecimento de firma Ou letra....ssersserssessseesseseneseesnsee 1.3.6 Certidao ou atestado ideologicamente falso 1.3.7 Falsidade de atestado médico 1.3.8 Reproducdo ou adulteracdo de selo ou peca filatélica sss 1.3.9 Uso de documento falso... 1.3.10 Supressdo de documento. 1.4 Outras falsidades 1.5 Das fraudes em certames de interesse puiblico 2 DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES 3 SUMULAS PERTINENTES 3.1 Simulas do STI 4 JURISPRUDENCIA CORRELATA 5 RESUMO. 6 EXERCICIOS PARA PRATICAR. 7 EXERCICIOS COMENTADOS.. 8 GABARITO Ola, meu povo! Hoje vamos analisar os crimes contra a fé ptiblica. A aula de hoje possui alguns pontos muito importantes, entéo, muita atencao! Temos, inclusive, stmulas importantissimas do STJ, publicadas recentemente (sdmulas 522 e 546). Bons estudos! Prof. Renan Araujo Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br tde 80 2EITO PENAL ~ POL{CTIA Fi < 1 DOS CRIMES CONTRA A FE PUBLICA 1.1 Moeda falsa 1.1.1 Moeda falsa O art. 289 do CP prevé o crime de moeda falsa propriamente dito, que é assim caracterizado: Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metélica ou papel-moeda de curso legal no pais ou no estrangeiro: Pena - reclusio, de trés 2 doze anos, e multa. § 1° - Nas mesmas penas incorre quem, por conta prépria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulacéo moeda falsa. § 2° - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui 4 circulacao, depois de conhecer a falsidade, é punido com detencao, de seis meses a dois anos, e multa. § 30 - E punido com reclusdo, de trés a quinze anos, e multa, o funciondrio puiblico ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emisséo que fabrica, emite ou autoriza a fabricacéo ou emisséo: 1 - de moeda com titulo ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior 4 autorizada. § 4° - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulago no estava ainda autorizada. BEM JUR{DICO TUTELADO | Fé publica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum) SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO Aconduta é a de falsificar papel moeda ou moeda metalica de curso legal no Brasil ou no exterior. Pode ser praticado mediante: = Fabricagao - Cria-se a moeda falsa = Adulterag&o - Utiliza-se moeda verdadeira para transformar em outra, falsa. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Nao se admite na forma culposa. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 2 de 60 Aula 11 - Prof. OBJETO MATERIAL A moeda alterada ou falsificada. CONSUMACAO E|Consuma-se no momento em que a TENTATIVA moeda é fabricada ou alterada, nao no momento em que ela entra em circulaio. Admite-se tentativa, pois nao se trata de crime que se perfaz num unico ato (pode- se desdobrar seu iter criminis — caminho percorrido na execucao). CONSIDERAGOES * A Doutrina entende que se a IMPORTANTES falsificagéo for grosseira, nao ha crime, por n&o possuir potencialidade lesiva! (nao tem o poder de enganar ninguém). . A forma qualificada prevista no § 3° s6 admite como sujeitos ativos aquelas pessoas ali enumeradas (crime préprio); . O § 4° estabelece crime de circulagéo de moeda ainda nao autorizada a circular. Pode ser praticado por qualquer pessoa (crime comum), mas a pena prevista 6 a do § 3°; + Os §§ 1° e 2° do artigo trazem outras hipdteses nas quais também ocorre o crime (outras condutas assemelhadas), sendo que no caso do § 2°, a pena é diferenciada, em razéo do menor desvalor da conduta. No § 2°, 0 agente deve ter recebido a moeda falsa de boa-fé (sem saber que era falsa). Se recebeu de ma-fé, responde pelo crime do g§ 1°. Importante ressaltar, ainda, que os Tribunais Superiores entendem ser inaplicdvel ao delito de moeda falsa o principio da insignificancia. * CUNHA, Rogério Sanches. Manual de Direito Penal. Parte Especial, 7° edicéo. Ed. Juspodivm. Salvador, 2045, p. 635. No mesmo sentido, BITENCOURT, Cezar Roberto. Tratado de Direito Penal - Parte especial. Volume 4. Ed. Saraiva, 9° edicéo. Séo Paulo, 2015, p. 487, 2 is 25: zy Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 22/04/2014, ) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 3 de 60 Aula 11 - Prof. 1.1.2 Crimes assemelhados ao de moeda falsa O art. 290 do CP prevé condutas que se assemelham & falsificagdo de moeda prevista no art. 289: Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restitui-los 4 circulacéo, sinal indicative de sua inutilizac4o; restituir 4 circulag3o cédula, nota ou bilhete em tais condicées, ou 44 recolhidos para o fim de inutilizacao: Pena - recluso, de dois a oito anos, e multa. Paragrafo Unico - 0 maximo da recluséo é elevado a doze anos e multa, se o crime € cometido por funciondrio que trabalha na reparticéo onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem facil ingresso, em razao do cargo. (Vide BEM JUR{DICO TUTELADO | Fé publica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Entretanto, se quem cometer o crime for funcionario ptibico que trabalha no local, ou tem facil acesso a ele em raz&o do cargo, a pena é aumentada para até 12 aos, conforme previsto no § tinico. Nessa hipétese, o crime é préprio. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de formar cédula com fragmentos de outras cédulas, suprimir sinal de inutilizagéo de cédula ou recolocar. em circulagéo—_cédula inutilizada. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL ‘A moeda que foi formada, teve seu sinal de inutilizacéo suprimido ou foi recolocada em circulagao. CONSUMACAO E|Consuma-se no momento em que a TENTATIVA moeda é formada, tem seu sinal inutilizado ou entra em circulagao, a depender de qual das condutas se trata. Admite-se tentativa, pois ndo se trata de crime que se perfaz num unico ato (pode- se desdobrar seu iter criminis — caminho percorrido na execugao). Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 4de60 Aula 11 - Prof. CONSIDERACOES + Doutrina e —_ jurisprudéncia IMPORTANTES entendem que se a falsificagaéo for grosseira’, nado ha crime, por nao possuir potencialidade lesiva (nado tem o poder de enganar ninguém). O poder de iludir (imitatio veri) é indispensavel. Caso nao haja esse poder, poderemos estar diante de estelionato, no maximo, caso haja obtencdo de vantagem indevida em detrimento de alguém mediante esta fraude. 1.1.3 Petrechos para falsificagdo de moeda O art. 291 prevé o crime de “petrechos para falsificagdo de moeda”, assim descrito: Art, 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a titulo oneroso ou gratuito, possuir ou guardar ‘maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado & falsificacao de moeda: Pena - reclusdo, de dois a seis anos, e multa. BEM JURIDICO TUTELADO | Fé publica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser qualquer dos “verbos” previstos no art. 291 (fabricar, adquirir, etc.). TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Nao se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL © maquindrio ou equipamento destinado a falsificagdo de moeda. CONSUMACAO E|Consuma-se no momento em que o TENTATIVA agente pratica a conduta descrita no nucleo do tipo (verbo), seja adquirindo, fornecendo ou fabricando 0 equipamento destinado & falsificagéo de moeda. 3 HC 83526, Relator(a): Min. JOAQUIM BARBOSA, Primeira Turma, julgado em 16/03/2004, D3 07-05-2004 PP-00025 EMENT VOL-02150-02 PP-00271 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 5 de 60 Aula 11 - Prof. Temos, aqui,. Com regra, os atos preparatérios no séo puniveis, eis que ainda nao ha execucdo do delito (art. 31 do CP). Contudo, em determinados casos especiais, como este, a Lei jé criminaliza (desde logo) uma conduta que é considerada meramente _ preparatéria para outro delito (no caso, seria uma conduta preparatéria para o delito de moeda falsa). CONSIDERAGOES O equipamento deve ter como finalidade IMPORTANTES precipua a falsificac&o de moeda. Assim, se alguém fornece, por exemplo, equipamento que se destina a inimeras fungdes, e dentre elas, pode ser usado para esse fim, nao ha a pratica do crime, que exige que 0 equipamento se destine precipuamente a essa __finalidade criminosa. 1.1.4 Emissdo de titulo ao portador sem permissdo legal O artigo 292 encerra o capitulo relativo aos crimes de moeda falsa, estabelecendo como crime a conduta de “emiss&o de titulo ao portador sem permissao legal”: Art. 292 - Emitir, sem permisséo legal, nota, bilhete, ficha, vale ou titulo que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicacao do nome da pessoa a quem deva ser pago: Pena - detencéo, de um a seis meses, ou multa. Parégrafo Unico - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de detencao, de quinze dias a trés meses, ou multa. BEM JUR{DICO TUTELADO | Fé publica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO Caracteriza-se na “emisséo” de documento ao portador _ (aqueles documentos descritos no artigo). Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 6 de 60 TIPO SUBJETIVO Aula 11 - Prof. Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Néo se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL A nota, bilhete, ficha, vale ou titulo que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicagao do nome da pessoa a quem deva ser pago, ou seja, 0 documento (tem que ser um destes) que foi emitido sem permisséo legal. CONSUMACAO TENTATIVA E|Consuma-se no momento em que o agente emite 0 documento ao portador, no sendo necessdrio que seja apresentado a terceiros; 1.2 Da Falsidade de Titulos e outros papéis ptblicos Aqui o CP incrimina condutas diversas, relativas a falsificacdo, em todas as suas formas, de papéis pibblicos. O art. 293 prevé: Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo destinado a controle tributario, papel selado ou qualquer papel de emissao legal destinado 3 arrecadacdo de tributo; (Redacao dada pela Lei n° 11.035, de 2004) IT papel de crédito publico que no seja moeda de curso legal; IIT - vale postal; IV - cautela de penhor, caderneta de depésito de caixa econémica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito publico; V- taldo, recibo, guia, alvaré ou qualquer outro documento relativo a arrecadacao de rendas publicas ou a depésito ou caucgo por que 0 poder puiblico seja responsavel; VI - bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela Unio, por Estado ou por Municipio: Pena - recluso, de dois a oito anos, e multa. § 1° Incorre na mesma pena quem: (Redagao dada pela Lei n° 11.035, de 2004) 1 - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo; (Incluido pela Lei n° 11.035, de 2004) II - importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui 4 circulacéo selo falsificade destinado a controle tributério; (Incluido pela Lei n° 11.035, de 2004) III - importa, exporta, adquire, vende, expée 4 venda, mantém em depésito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito préprio ou alheio, no exercicio de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: (Incluido pela Lei n° 11.035, de 2004) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 7 de 80 a) em que tenha sido aplicado selo que se (Incluido pela Lei n® 11.035, de 2004) b) sem selo oficial, nos casos em que a legislacéo tributéria determina a obrigatoriedade de sua aplicacao. (Incluido pela Lei n® 11.035, de 2004) § 2° - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legitimos, com o fim de tornd-los_novamente utilizdveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilizagao: Pena - reclusao, de um a quatro anos, e multa. § 3° - Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos Papéis a que se refere o paragrafo anterior. § 4° - Quem usa ou restitui a circulacao, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo eo seu § 2°, depois de conhecer a falsidade ou alteracao, incorre na pena de detencao, de 6 (seis) meses a 2 (dois) anos, ou multa. BEM JURIDICO TUTELADO Fé publica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO As condutas (tipos objetivos) previstos para este crime s&o inumeras, podendo ser praticado 0 crime quando o agente realizar quaisquer das _ atividades previstas no nticleo do tipo. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Nao se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL Qualquer dos documentos previstos no artigo, que tenha sido _alterado, inutilizado recolocado a circulagao, etc. CONSUMACAO TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente pratica a conduta, seja recolocando em circulag&o 0 documento retirado de circulacéo, alterando o documento, etc., variando conforme o tipo previsto. © §5° do art. 293, por sua vez, traz um dispositivo importante: § 5° Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 1°, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive 0 exercido em vias, pracas ou outros logradouros piblicos e em residéncias. (Incluido pela Lei n° 11.035, de 2004) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 8 de 60 Aula 11 - Prof. Vejam que a intengfo do legislador foi abarcar qualquer tipo de atividade comercial, inclusive aquela nao regulamentada, como a atividade dos camelés, por exemplo. Ja 0 art. 294 prevé o crime de “petrechos de falsificagéo”, que séo, basicamente, as condutas relacionadas aos objetos destinados a falsificacdo, podendo consistir na guarda, fornecimento, fabricac&o, etc., destes equipamentos: Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado 4 falsificacdo de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior: Pena - reclusdo, de um a trés anos, e multa. Art. 295 - Se 0 agente funciondrio publico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. BEM JURIDICO TUTELADO | Fé publica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser qualquer das previstas no tipo, seja fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar estes objetos destinados a falsificacao. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. No se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O equipamento destinado falsificag&o. CONSUMACAO E|Consuma-se no momento em que o TENTATIVA agente pratica a conduta prevista no nucleo (verbo) do tipo. Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num unico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis - caminho percorrido na execugao). No entanto, se o agente é funcionario ptblico e comete o crime valendo-se do cargo, a pena é aumentada em 1/6. Vejamos: Art. 295 - Se o agente é funcionario puiblico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. * BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 531 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 9 de 60 Percebam, assim, que nés temos um crime COMUM, ou seja, um crime Aula 11 - Prof. que pode ser praticado por qualquer pessoa. Entretanto, caso venha a ser praticado por funcionario ptiblico VALENDO-SE DO CARGO, a pena sera aumentada. CUIDADO COM ISSO, GALERA! 1.3 Da Falsidade documental 1.3.1 Falsificagao de selo ou sinal publico O art. 296 prevé o crime de falsificagdo de selo ou sinal publico: Falsificacao do selo ou sinal publico Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo publico destinado a autenticar atos oficiais da Unido, de Estado ou de Municipio; IL - selo ou sinal atribuide por lei a entidade de direito publico, ou a autoridade, ou sinal pUblico de tabeliéo: Pena - reclusio, de dois a seis anos, e multa. § 19 - Incorre nas mesmas penas: I- quem faz uso do selo ou sinal falsificado; IL - quem utiliza indevidamente 0 selo ou sinal verdadeiro em prejuizo de outrem ou em proveito préprio ou alheio. III - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer ‘outros simbolos utilizados ou identificadores de érgaos ou entidades da Administracao Pablica. (Inclufdo pela Lei n® 9.983, de 2000; § 20 - Se o agente é funcionério publico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. BEM JuRiDICO TUTELADO Fé publica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Isso significa que qualquer pessoa pode praticar o delito, nao sendo exigida nenhuma caracteristica especial. Porém, o § 2° estabelece que se o agente for funciondrio publico prevalecendo-se do cargo, a pena é aumentada em 1/6. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre. Entretanto, é possivel que além da coletividade, seja vitima deste delito, também, um eventual terceiro que seja lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser a de fabricag&o ou adulteragao dos documentos previstos, ou, ainda, a utilizacdo destes, conforme o § 1° do art. 296. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 10 de 80 Aula 11 - Prof. TIPO SUBJETIVO | Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. N3o se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL | O documento, utilizado, alterado ou fabricado. CONSUMACGAO ~ E| Consuma-se no momento em que o agente fabrica, TENTATIVA adultera ou utiliza 0 documento. No Ultimo caso o documento deve ser levado ao conhecimento de terceiros. Admite-se tentativa, pois ndo se trata de crime que se perfaz num Unico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis - caminho percorrido na execugaio). 1.3.2 Falsificagéo de documento puiblico O art. 297, por sua vez, trata da falsificagaéo de documento publico: Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento piiblico, ou alterar documento piblico verdadeiro: Pena - reclusio, de dois a seis anos, e multa. § 1° - Se o agente é funciondrio ptiblico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. § 20 - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento ptiblico o emanado de entidade paraestatal, 0 titulo ao portador ou transmissivel por endosso, as aces de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. § 3° Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluido pela Lei n° 9.983, de 2000 I - na folha de pagamento ou em documento de informagées que seja destinado a fazer prova perante a previdéncia social, pessoa que n3o possua a qualidade de segurado obrigatério;(Incluido pela Lei n® 9.983, de 2000 I na Carteira de Trabalho e Previdéncia Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdéncia social, deciaracao falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluido pela Lei n° 9.983, de 2000) III - em documento contabil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigacées da empresa perante a previdéncia social, declaracao falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluido pela Lei n® 9.983, de 2000, § 4° Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 3°, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneracao, a vigéncia do contrato de trabalho ou de prestagao de servicos.(Incluido pela Lei n° 9.983, de 2000) BEM JURIDICO TUTELADO | Fé publica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Entretanto, se o crime for cometido por funcionério publico prevalecendo-se do cargo, a pena é aumentada em 1/6, nos termos do § 1° do art. 297. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Ii de 80 SUJEITO PASSIVO Aula 11 - Prof. A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar documento publico falso ou alterar documento ptblico verdadeiro ou até mesmo inserir informacdo errénea, no caso do § 3°. Vejam que se trata de hipétese (§ 3°) que mais se assemelha & falsidade ideolégica, mas que a lei considera como falsidade de documento publico; TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Néo se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL (© documento fabricado, alterado ou no qual foi inserida a informasao falsa. CONSUMAGAO TENTATIVA Consuma-se no momento em que o agente fabrica o documento falso ou altera o documento verdadeiro, ou, ainda, quando insere a informagao inveridica nos documentos previstos no § 3° do art. 297, ngo sendo necesséria_ sua efetiva apresentacéo perante a Previdéncia Social. Admite-se tentativa, pois nao se trata de crime que se perfaz num nico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis ~ caminho percorrido na execugao). CONSIDERAGOES IMPORTANTES + 0 § 2° traz um rol de documentos que s&o equiparados a documentos publicos, embora elaborados por particulares. Cuidado! Trata-se de um rol taxativo, ou seja, néo se pode amplid-lo por analogia, pois a falsificagéo de documento pUblico é mais grave que a falsificagao de documento particular, gerando sangao também mais grave. Desta forma, aplicar a analogia aqui seria fazer analogia in malam partem, 0 que, como nés ja vimos, é vedado no Direito Penal. Mas, qual o conceito de documento pub! www.estrategiaconcursos.com.br Prof. Renan Araujo ? A Doutrina divide em: 12 de 80 Aula 11 - Prof. * Documento publico em sentido formal e material (substancial) - A forma é€ ptiblica (emanado de érgao ptiblico, ou seja, por funciondrio publico no exercicio das fungdes, com o cumprimento das formalidades legais) e 0 contetido também € publico (atos proferidos pelo poder pUblico, como decisdes administrativas, sentencas judiciais, etc.). * Documento piblico em sentido formal apenas - Aqui a forma é publica (emanado de érgiio ptiblico), mas o contetido é de interesse privado (Ex.: Escritura ptblica de compra e venda de um imovel pertencente a um particular. O contetido é de interesse particular, embora emanado de um érgaio ptiblico). Contudo, existem ainda os documentos Equiparados a documento pilin So eles: Emanado de entidade paraestatal - Elaborados por entidades que nao pertencem ao Poder Publico, mas que atuam em dreas de interesse ptiblico que n&o sao privativas do Estado (Ex.: SESC, SENAI, etc.). * Titulo ao portador ou transmissivel por endosso - Titulo ao portador é aquele que se transfere pela mera tradicao (repasse para outra pessoa), nao havendo no titulo meng3o expressa ao seu titular (Ex.: Cheque de até R$ 100,00 e alguns outros). O titulo transmissivel por endosso é aquele que identifica nominalmente o titular e, para ser transferido para outra pessoa, precisa ser endossado pelo titular (Ex.: Cheque em geral, nota promisséria, etc.). * Agées de sociedade comercial - Sao partes do capital social de uma empresa por ages (sociedade anénima e sociedade em comandita por goes). * Livros mercantis - So os livros estabelecidos pela Lei para o registro de atividades empresariais (Ex.: Livro-caixa, etc.). Engloba, aqui, tanto os livros obrigatérios quanto os facultativos. * Testamento particular - E o documento por meio do qual uma pessoa capaz destina seus bens para quando ocorrer sua morte. O testamento ptiblico (aquele celebrado pelo Tabelido) é documento ptblico naturalmente, eis que tem forma publica. O testamento particular, a principio, néo se enquadraria no conceito de documento publico (ja que possui forma e contetido de interesse particular). Entretanto, a Lei entendeu por bem equiparé-lo a documento publico (pela relevancia de seu contetido). ATENGAO! Telegrama, expedido pelos Correios, € documento publico? NAO! Os Correios, aqui, atuam como uma empresa qualquer, limitando-se a transcrever e a entregar a outra pessoa aquilo que o cliente mandar. O funcionario publico (empregado dos Correios), aqui, ndo entra no mérito do ato (© contetido do telegrama nao emana do Poder Publico). Entretanto, se estivermos diante de um telegrama expedido por um funciondrio ptiblico no exercicio das fungdes, ai estaremos diante de um documento ptiblico (Ex. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 13 de 80 Aula 11 - Prof. Telegrama expedido pelo funciondrio de um érgdo pUblico convocando determinado candidato para tomar posse no cargo). Por fim, o STJ € o STF entendem que se o documento falso é fabricado para a pratica de estelionato, e a sua potencialidade lesiva se esgota nele, o crime de falso fica absorvido pelo crime de estelionato. Caso a potencialidade lesiva do documento n&o se esgote no estelionato praticado, o agente responde por ambos os delitos, em concurso material. Gp eerisprudéncta Simula 17 do STI “Quando o falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, é por este absorvido”. Um exemplo disso ocorre quando o agente, por exemplo, falsifica recibos médicos para cometer crimes tributérios. Os referidos documentos (meros recibos) tém sua potencialidade lesiva esgotada na pratica do crime tributdrio.> Por outro lado, quando, por qualquer motivo, a potencialidade do falso ndo se exaurir na pratica do estelionato, ou seja, quando permanecer o documento possuindo potencialidade lesiva, n&o havera aplicacao do principio da consungéo (absorg0).° 1.3.3 Falsificagéo de documento particular A falsificagao de documento particular também € crime, possuindo, porém, pena mais branda. Nos termos do art. 298 do CP: Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: Pena - reclus3o, de um a cinco anos, e multa. BEM JURIDICO TUTELADO | Fé publica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). 5 (AgRg no AREsp 356.859/PE, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2014, DJe 23/05/2014) © 03. Conforme pracedentes desta Corte (HC 263.884/RI, Rel. Ministra Laurita Vaz, Quinta Turma, Die 16/05/2014; HC 221.660/DF, Rel.Ministro Marco Aurélio Bellizze, Quinta Turma, DJe 01.03.2012; HC 152.128/SC, Rel, Ministro Sebastiéo Reis Junior, Sexta Turma, DJe 21/02/2013) e do Supremo Tribunal Federal, "ndo hé falar em principio da consuncao entre os crimes de falso e de estelionato quando no exaurida a potencialidade lesiva do primeiro apés a pratica do segundo" (HC 116.979 AgR, Rel. Ministra Rosa Weber, Primeira Turma, Dle 21.11.2013). (.) (HC 270.416/SP, Rel. Ministro NEWTON TRISOTTO (DESEMBARGADOR CONVOCADO DO 73/SC), QUINTA TURMA, julgado em 04/11/2014, DJe 12/11/2014) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 14 de 80 SUJEITO PASSIVO ia Aula 11 - Prof. A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar documento particular falso ou adulterar documento particular verdadeiro. Considera-se documento particular aquele que nao pode ser considerado, sob qualquer aspecto, como documento publico. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Néo se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O documento fabricado ou alterado. DETALHE: O § unico do art. 298 (incluido pela Lei 12.737/12), equiparou o cartéo de crédito a documento particular, para os fins deste delito. CONSUMACAO TENTATIVA Consuma-se no momento em que ocorre a fabricacio ou adulteracdo. Admite-se tentativa, pois nao se trata de crime que se perfaz num tnico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis - caminho percorrido na execugao). CONSIDERAGOES IMPORTANTES . Doutrina e = jurisprudéncia entendem que se a falsificacio for grosseira, nado ha crime, por nao possuir potencialidade lesiva (néo tem o poder de enganar ninguém). O poder de iludir (imitatio veri) é indispensavel. Caso nao haja esse poder, poderemos estar diante de estelionato, no maximo; 1.3.4 Falsidade ideolégica O art. 299 estabelece o crime de falsidade ideolégica, que, diferentemente do que a maioria das pessoas imagina, nao esta relacionado 4 falsidade de identidade (prevista em outro crime). A falsidade ideolégica esta relacionada a alteracao do contetido de documento piiblico ou particular (embora no mesmo artigo, as penas s&o diferentes!): Art. 299 - Omitir, em documento public ou particular, declarac3o que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaracao falsa ou diversa da que devia ser escrita, com 0 fim de prejudicar direito, criar obrigacao ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: www.estrategiaconcursos.com.br 15 de 80 Prof. Renan Araujo Aula 11 - Prof. Pena - reclusao, de um a cinco anos, e multa, se o documento € publ de um a trés anos, e multa, se 0 documento é particular. ico, @ reclusao Pardgrafo Unico - Se 0 agente é funciondrio ptiblico, e comete o crime prevalecendo- se do cargo, ou se a falsificacdo ou alteracdo é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. BEM JURIDICO | Fé ptiblica TUTELADO SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Porém, o § Unico prevé que se o agente é funciondrio puiblico valendo-se da funcao ou a falsidade recai sobre assentamento de registro civil, a pena é aumentada de 1/6. SUJEITO PASSIVO | A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO Caracteriza¢gao - Aqui 0 agente nao falsifica a estrutura do documento. O documento é estruturalmente verdadeiro, mas —contém informagées inveridicas. A falsificag&o ideolégica ocorre quando o agente: = Omite declarac&o que devia constar no documento (conduta omissiva) « Nele insere ou faz inserir declaragaéo falsa ou diversa da que devia ser escrita (conduta comissiva) Contudo, nado basta que o agente pratica a conduta. Ele deve agir desta forma com uma finalidade especifica (dolo especifico). Qual é este especial fim de agir? E a finalidade de prejudicar direito, criar obrigagao ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. EXEMPLO: José preenche um termo de declaragdo de bens (para tomar posse em concurso), declarando que n&o possui qualquer bem. Na verdade, José possui diversos iméveis e carros. Percebam que, neste caso, o documento é verdadeiro, mas o que ali consta é falso. TIPO SUBJETIVO _| Dolo. Entretanto, aqui a lei exige uma especial finalidade de agir’. Isto se revela quando 0 tipo ? BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 557 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 16 de 80 Aula 11 - Prof. diz “como fim de”. Assim, no basta que o agente insira informacio falsa, ele deve fazer isto com o fim de prejudicar direito, criar obrigagao ou alterar a verdade sobre fato jut samente relevante. Nao se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL | O documento no qual foi omitida a informacéo ou inserida a informagao falsa. CONSUMAGAO —E| Consuma-se no momento em que o agente omite TENTATIVA a informag&o que deveria constar ou insere a informagao falsa, nde sendo necessario que o documento seja levado ao conhecimento de terceiros. Admite-se tentativa, pois nao se trata de crime que se perfaz num Unico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis - caminho percorrido na execug&o); ATENGAO! Os Tribunais entendem que o crime nao se caracteriza se o documento falsificado esté sujeito a reviséo por autoridade, pois a reviséo impediria que o crime chegasse a ter qualquer potencialidade lesiva®; OReve ais fundo E a insercao de contetido falso em documento em branco assinado? A Doutrina entende que se o agente recebeu o documento em branco mediante confianca, a fim de que nele inserisse determinado contetido, e o fez de maneira diversa, ha o crime de falsidade ideolégica. No entanto, se o agente se apodera do documento (por qualquer outro meio) e ali insere contetido falso, 0 crime nao é€ o de falsidade ideolégica, mas o de falsidade material, pois este documento (que prevé obrigagées perante o signatario e o agente) nunca existiu validamente’. Assim, o crime é de falsidade na forma, na existéncia do documento. Por fim, a pena seré aumentada de 1/6 (causa de aumento de pena) nos seguintes casos: * Seo agente é funciondrio ptiblico, e desde que cometa 0 delito valendo- se do cargo; ou "= Sea falsificacdo ou alteracdo é de assentamento de registro civil. ® CUNHA, Rogério Sanches. Op. Ci ° CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 558 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 17 de 80 ia c Aula 11 - Prof. 1.3.4.1 Diferenga entre falsidade ideolégica e falsidade material A diferenga basica entre a falsidade material e a falsidade ideolégica reside no fato de que, na primeira, o documento é estruturalmente falso, e na segunda a estrutura é verdadeira, mas o contetido (a ideia que o documento transmite) é falsa. Ex. Paulo, ao preencher um formulario para alugar seu apartamento, insere informagao de que recebe R$ 20.000,00 mensais em atividade informal. Na verdade, Paulo nunca chegou nem perto de ver esse dinheiro. Temos, aqui, falsidade ideolégica. Ex.2: José é funciondrio de uma imobilidria. Mariana, ao preencher o formulario para alugar sua casa, declara verdadeiramente que recebe R$ 8.000,00 mensais em atividade informal. José, contudo, irritado porque deu uma cantada em Mariana e nao foi correspondido, adultera 0 documento, para fazer constar como renda declarada “R$800,00” ao invés de “R$ 8.000,00". Neste caso, temos falsidade MATERIAL. A informacdo contida no documento ¢ falsa, mas na verdade © préprio documento passou a ser falso, pois nao transmite com fidelidade aquilo que Mariana colocou. Perceba que no primeiro caso o documento representa fielmente o que Paulo colocou. Contudo, o que Paulo colocou é uma mentira. No segundo caso, 0 documento passa a ser falso (estruturalmente), porque né&o mais representa fielmente aquilo que Mariana colocou (foi adulterado), 1.3.5 Falso reconhecimento de firma ou letra O art. 300 do CP traz o crime de “falso reconhecimento de firma ou letra”: Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercicio de fun¢&o piiblica, firma ou letra que 0 néo seja: Pena - recluséo, de um a cinco anos, e multa, se o documento é piiblico; e de um a trés anos, e multa, se 0 documento é particular. BEM = JURIDICO | Fé publica TUTELADO SUJEITO ATIVO | Somente o funcionério ptblico, no exercicio da func&o, pode cometer o crime. Portanto, trata-se de crime préprio. SUJEITO PASSIVO | A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO | A conduta sé pode ser a de reconhecer como verdadeira, firma ou letra que seja falsa. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 18 de 80 Aula 11 - Prof. TIPO SUBJETIVO | Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Nao se admite na forma culposa. OBJETO O documento reconhecido como verdadeiro. MATERIAL CONSUMACAO = E| Consuma-se no momento em que o agente reconhece a TENTATIVA veracidade da firma ou letra falsa. Admite-se tentativa, pois nao se trata de crime que se perfaz num Unico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis - caminho percorrido na execugaio). 1.3.6 Certidao ou atestado ideologicamente falso O art. 301 trata do crime de “certidao ou atestado ideologicamente falso”: Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razao de fungao ptiblica, fato ou ircunsténcia que habilite alguém a obter cargo publico, isencao de énus ou de servico de cardter publico, ou qualquer outra vantagem: Pena - detencao, de dois meses a um ano. § 1° - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidéo, ou alterar 0 teor de certiddo ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstancia que habilite alguém a obter cargo publico, isengao de 6nus ou de servico de carater publico, ‘ou qualquer outra vantagem: Pena - detenco, de trés meses a dois anos. § 29 - Seo crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade, 2 de muita. BEM JURIDICO TUTELADO | Fé publica SUJEITO ATIVO No caso do caput do artigo, o crime é préprio, pois s6 pode ser praticado pelo funcionario publico no exercicio da funcgdéo. Jé no § 1° trata-se de crime comum”, pois a lei criou um fato tipico novo (possui nova previséo de conduta e de pena), e ndo exige que seja praticado por funciondrio publico. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de atestar ou certificar circunstancia falsa, quando este fato habilitar o beneficiado a obter cargo *° BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 563 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 19 de 80 Aula 11 - Prof. PUblico, isengao de onus ou servico de cardter publico ou outra vantagem. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Embora a maioria. da Doutrina entenda isso, acredito que este artigo, na verdade, estabelece um fim especifico de agir, que € a vontade de colaborar para a obtengao da vantagem ilicita pela pessoa que recebe 0 atestado ou certidao. Em provas discursivas, vale a pena se alongar nisso. Nao se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL 0 atestado ou certificado produzido pelo agente. CONSUMAGAO E | A Doutrina se divide. Uns entendem que TENTATIVA © crime se consuma com a mera fabricagéo do atestado ou certidio falsa.!' Outros entendem que é necesséria a entrega a pessoa que ira utilizar 0 documento"? (embora nao se exija o efetivo uso). Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num Unico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis - caminho percorrido na execuciio). 1.3.7 Falsidade de atestado médico J4 o art. 302 estabelece o crime de “falsidade de atestado médico”: Art. 302 - Dar o médico, no exercicio da sua profissdo, atestado falso: Pena - detencéo, de um més a um ano. Paragrafo Unico - Se o crime é cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. BEM JURIDICO TUTELADO | Fé publica SUJEITO ATIVO Somente o médico™ podera praticar o crime. Portanto, trata-se de crime préprio. ** BITENCOURT, Cezar Roberto, Op. Cit., p. 564 * Nesse sentido, DAMASIO DE JESUS, apud CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 675 * Ndo pode ser praticado por enfermeiro, dentista ou qualquer outro profissional da drea de sade. CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 676. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 566 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 20 de 80 ia Aula 11 - Prof. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser somente a de fornecer atestado falso. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Entretanto, se houver a finalidade especial de agir, consistente na obtengao de lucro, ha previsdo de pena de multa cumulada com a privativa. de erdade, conforme o § tinico do art. 302. Nao se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O atestado falsamente emitido. CONSUMACAO E|Consuma-se no momento em que o TENTATIVA médico FORNECE o atestado falso. Assim, se 0 médico elabora o atestado falso, mas se arrepende e deixa de entregar @ pessoa, néo esté cometendo crime", Admite-se a tentativa. 1.3.8 Reproduciio ou adulteracdo de selo ou peca filatélica O art. 303 do CP ina a conduta de “reprodugao ou adulteragao de selo ou pega filatélica Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peca filatélica que tenha valor para colecao, salvo quando a reproducao ou a alteracao esté visivelmente anotada na face ou no verso do selo ou peca: Pena - detenco, de um a trés anos, e multa. Pardgrafo nico - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou pega filatélica. BEM JURIDICO TUTELADO | Fé publica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta somente pode ser a de reproduzir ou alterar selo ou pega filatélica QUE TENHA VALOR PARA COLECAO. Entretanto, o § Unico prevé a * BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 567 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 21 de 80 eoria Aula 11 - Prof. criminalizagao da conduta de utilizacao, para fins de comércio, da pesa filatélica ou selo alterado. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Entretanto, o § Unico prevé a criminalizacdo da conduta de utilizacao, para fins de comércio, da pega filatélica ou selo alterado. Nesse caso, hd a especial finalidade de agir (“para fins de comércio”), pois se o agente usa a peca alterada para sua propria colegao, por exemplo, nao comete crime. N3o se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O selo, ou pega filatélica, adulterado ou reproduzido irregularmente. m CONSUMAGAO Consuma-se no momento em que o TENTATIVA agente adultera ou reproduz ilicitamente 0 selo ou pega filatélica, ndo se exigido que o material chegue a circular. Admite-se tentativa, pois nao se trata de crime que se perfaz num Unico ato (pode- se desdobrar seu iter criminis — caminho percorrido na execugo). 1.3.9 Uso de documento falso O art. 304, por sua vez, dispde sobre o uso de documento falso, assim considerado qualquer dos documentos enumerados nos arts. 297 a 302 do CP: Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada a falsificacao ou 4 alteracao. BEM JURIDICO TUTELADO | Fé publica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum), ainda que o crime resultante da fabricagéo ou adulteracéo do documento seja préprio. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta consiste em fazer uso dos documentos _produzidos _nos crimes Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 22 de 80 Aula 11 - Prof. previstos nos arts. 297 a 302”. Percebam que o tipo penal praticamente no descreve as condutas, pois se remete aos outros tipos penais (arts. 297 a 302 do CP), inclusive no que se refere a pena do delito (sera a mesma pena prevista para a falsificag&o do documento utilizado). Isso é chamado pela Doutrina como tipo penal remetido, j4 que se remete a outros tipos penais para compor de forma plena a conduta criminosa.’° TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Nao & necessario que o agente tenha a finalidade de obter vantagem ilicita, por exemplo. Nao se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL O documento utilizado pelo agente. CONSUMACAO E|Consuma-se no momento em que o TENTATIVA agente leva o documento ao conhecimento de terceiros, pois ai se da a les&o a credibilidade, a fé publica. NAO SE ADMITE A TENTATIVA!” Pois se trata dede crime que se perfaz num Unico ato (nao se pode desdobrar seu iter criminis - caminho percorrido na execugio), ou seja, é crime unissubsistente. CUIDADO! E se quem usa o documento falso é a prépria pessoa que fabricou 0 documento falso? Neste caso, temos (basicamente) dois entendimentos: 1 - O agente responde apenas pelo crime de “uso de documento falso”, pois a falsificagao é “meio” para a utilizacao (Rogério Greco). 2 - O agente responde apenas pela falsificagdo do documento, e néo pelo uso, pois é natural que toda pessoa que falsifica um documento 5 Fazer "USO" significa a efetiva utilizagio do documento, no bastando para o mero “porte” do documento para a caracterizacao do delito. Porém, em se tratando de CARTEIRA NACIONAL DE HABILITACAO, entende-se que o MERO PORTE ja caracteriza o delito de uso de documento falso, pols 0 Cédigo de Transito Brasileiro dispde que o mero porte da CNH ja é considerado como "uso", 2© BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 574 7 CUNHA, Rogério Sanches. Op. Cit., p. 683. Bitencourt entende que a tentativa 6, teoricamente, possi Contudo, sustenta ser muito dificil sua caracterizagdo. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 572 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 23 de 80 eoria Aula 11 - Prof. pretenda utiliza-lo posteriormente, de alguma forma (Cezar Roberto ‘encourt, Damasio e outros). ® Prevalece o segundo entendimento, sendo a utilizagéo considerada como mero "pds factum impunivel”. Embora existam, no STJ, decisées em sentido diverso, prevalece também este entendimento (0 uso como pés-fato impunivel)."? De toda forma, existem duas correntes doutrinarias e jurisprudenciais, como prevaléncia pela corrente que entende que o agente responde pelo FALSO, sendo 0 uso mero pés fato impunivel. ATENCAO! Com relacéo & competéncia para processar e julgar a demanda, 0 STJ sumulou entendimento no sentido de que importa saber a entidade ou org&o perante o qual foi apresentado o documento (federal, estadual, etc.), ndo importando a natureza do érgao expedidor: Stmula 546 A competéncia para processar e julgar o crime de uso de documento falso é firmada em razio da entidade ou érgdo ao qual foi apresentado 0 documento ptblico, no importando a qualificagao do 6rga0 expedidor. 1.3.10 Supressao de documento © art. 305, por fim, trata do crime de “supressio de documento”. Na verdade, o crime deveria ser de “supressao, destruicao ou ocultacgao” de documento, pois estas trés condutas sao previstas neste tipo penal (so trés tipos objetivos, trés condutas incriminadas): Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em beneficio préprio ou de outrem, ou em prejuizo alheio, documento publico ou particular verdadeiro, de que no podia dispor: Pena - reclusdo, de dois a seis anos, e multa, se 0 documento é publico, e recluséo, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular. BEM JURIDICO TUTELADO | Fé publica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de destruir, suprimir ou ocultar documento do qual o agente no poderia dispor. 28 BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 571/572 #9 (HC 228.280/8A, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 11/03/2014, DJe 25/03/2014) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 24 de 80 Aula 11 - Prof. TIPO SUBJETIVO Dolo, exigindo-se a especial finalidade de agir, consistente na vontade de obter beneficio ou prejudicar alguém. Nao se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL © documento suprimido, destrufdo ou ocultado. CONSUMACAO E|Consuma-se no momento em que o TENTATIVA agente pratica qualquer das condutas previstas no nticleo do tipo (destrdi, suprime ou oculta o documento). Admite- se tentativa, pois nao se trata de crime que se perfaz num Unico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis - caminho percorrido na execugao). 1.4 Outras falsidades Este capitulo cuida de hipéteses diversas de falsidades, que nao se enquadram perfeitamente em nenhum dos tipos penais até entdo estabelecidos. O art. 306 traz o crime de “falsificagao de sinal empregado no contraste de metal precioso ou na fiscalizagao alfandegaria, ou para outros fins”: Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-o, marca ou sinal empregado pelo poder piiblico no contraste de metal precioso ou na fiscalizacao alfandegéria, ou usar marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem: Pena - reclus3o, de dois a seis anos, e multa. Pardgrafo tinico - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade publica para © fim de fiscalizacao sanitéria, ou para autenticar ou encerrar determinados objetos, ‘ou comprovar o cumprimento de formalidade legal: Pena - reclusdo ou detencao, de um a trés anos, e multa, BEM JURIDICO TUTELADO | Fé publica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de fabricar ou alterar marca ou sinal. Além disso, 0 tipo penal também incrimina que faz uso destes sinais ou marcas falsificados. O § Unico estabelece a forma privilegiada (pena reduzida) em relac&o ao caput, se o crime for praticado sobre marca ou sinal utilizado para fins de fiscalizacdo sanitaria Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 25 de 80 ia Aula 11 - Prof. ‘ou para o encerramento ou autenticagao de objetos, ou ainda, para sinalizar o cumprimento de formalidade legal. TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Nao se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL A marca ou sinal falsificado ou utilizado pelo agente. CONSUMACAO E | Na primeira conduta (falsificar, fabricando TENTATIVA ou alterando), 0 crime se consuma no momento em que o agente modifica o objeto (a marca ou sinal utilizado pelo poder publico). Aqui se admite tentativa. Na segunda conduta (usar), 0 crime se consuma no momento em que o agente faz uso do objeto, nao sendo suficiente que ele apenas carregue consigo. Aqui no se admite tentativa. O art. 307 do CP trata do crime de “falsa identidade”, que a maioria das pessoas acredita ser o crime de “falsidade ideolégica”. Cuidado com isso, meu povo! Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito préprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena - detencio, de trés meses a um ano, ou multa, se o fato ndo constitui elemento de crime mais grave. BEM JURIDICO | Fé publica TUTELADO SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). SUJEITO PASSIVO | A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de atribuir a si ou terceiro falsa identidade, que consiste, basicamente, em se fazer passar por outra pessoa. CUIDADO! A falsa identidade sé ocorre se o agente se faz passar por outra pessoa, sem utilizar documento falso! Se o agente se vale de um documento falso para se fazer passar por outra pessoa, neste caso teremos USO DE DOCUMENTO FALSO, nos termos do art. 304 do Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 26 de 80 ia Aula 11 - Prof. CP. (HC 216.754/MS, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 24/10/2013, DJe 04/11/2013). TIPO SUBJETIVO Dolo, exigindo-se, no caso do art. 307, especial lade de agir, consistente na vontade de obter alguma vantagem ou causar prejuizo a alguém. CUIDADO COM ISSO, POVO! Nao se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL | No caso de ser praticado pela forma escrita, 0 documento por meio do qual o agente atribuiu-se falsa identidade. Lembrando que se o agente se vale de documento falso, responde por uso de documento falso. CONSUMACAO E | Consuma-se no momento em que o agente se TENTATIVA faz passar por outra pessoa. Assim, é imprescindivel que o agente exteriorize a conduta. Admite-se tentativa, MAS SOMENTE NA EXECUGAO POR ESCRITO”*, pois, nesse caso, ndo se trata de crime que se perfaz num Unico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis - caminho percorrido na execucao). CONSIDERAGOES A efetiva obtengao da vantagem pelo agente, ou IMPORTANTES © dano visado por ele, sao irrelevantes para a consumacéo do delito, pois o crime, como vimos, se consuma com a mera atribuicéo falsa de identidade, independente (no caso do art. 307) de o agente vir a obter a vantagem visada ou causar o dano almejado. CUIDADO! A jurisprudéncia, durante algum tempo, encampou a tese de que a pratica da conduta (falsa identidade), perante a autoridade policial, para se esquivar de eventual cumprimento de prisdo (por mandados anteriores), configuraria exercicio legitimo de “autodefesa”. Contudo, posteriormente, essa tese passou a ser rechacada, ou seja, atualmente a Jurisprudéncia, notadamente o STJ, entende que a pratica da conduta, nestas condigées, CARACTERIZA o delito de falsa identidade. Inclusive, fora editado o verbete de stimula n° 522 do STJ, pacificando o tema: Stmula 522 A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial € tipica, ainda que em situacao de alegada autodefesa. ® BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 581 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 27 de 80 Aula 11 - Prof. O art. 308, por sua vez, é considerado pela Doutrina como um tipo de falsa identidade “especifico”. Trata-se do crime de USO (como préprio) DE DOCUMENTO DE IDENTIDADE ALHEIO. Vejamos: Art. 308 - Usar, como préprio, passaporte, titulo de eleitor, caderneta de reservista ‘ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, proprio ou de terceiro: Pena - detencao, de quatro meses a dois anos, e multa, se 0 fato nao constitu’ elemento de crime mais grave. Pune-se, aqui, tanto aquele que USA o documento alheio (como se fosse préprio) quanto aquele que CEDE 0 documento para o farsante (seja documento préprio ou de outra pessoa). Trata-se de crime FORMAL, se consumando no momento em que o agente pratica a conduta, n&o se exigindo qualquer resultado naturalistico para a consumagéo. O crime é comum, pois pode ser praticado por qualquer pessoa, e admite a tentativa, em regra, j4 que a conduta delituosa pode ser fracionada em diversos atos. Os arts. 309 e 310 do CP trazem as figuras tipicas de “fraude de lei sobre estrangeiro”, estabelecendo duas condutas completamente distintas. Uma delas refere-se a uma modalidade especial de falsa identidade (art. 309). ‘A segunda, por sua vez, é uma hipétese nao de falsa identidade especial, mas de falsidade ideolégica ou material especial, pois o brasileiro (tem que ser brasileiro) se faz passar por dono de aco, titulo ou valor pertencente a estrangeiro, para fins de fraudar a lei, pois o estrangeiro nao poderia ser proprietério delas. Trata-se do famoso “testa-de-ferro”, o “laranja”, que age desta forma para que o estrangeiro possa continuar sendo proprietario de algo que a lei brasileiro o proibe de ser: Art. 309 - Usar o estrangeiro, para entrar ou permanecer no territério nacional, nome que no é 0 seu: Pena - detencao, de um a trés anos, e multa. Pardgrafo Unico - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe a entrada em territério nacional: (Incluido pela Lei n® 9.426, de 1996, Pena - reclusso, de um a quatro anos, e multa. (Incluido pela Lei n° 9.426, de 1996, Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietério ou possuidor de aco, titulo ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este é vedada por lei a propriedade ou 2 posse de tais bens: (Redacdo dada pela Lei n° 9.426, de 1996 Pena - detencéo, de seis meses a trés anos, e multa. (Redacao dada pela Lei n° 9.426, de 1996 BEM JURIDICO TUTELADO | Fé publica Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 28 de 80 ia Aula 11 - Prof. SUJEITO ATIVO No caso do art. 309, somente o estrangeiro, incluindo o apatrida (aquele que ndo possui patria, que ndo é cidadéo de nenhum pais), pode praticar este fato tipico. No caso do § Unico do art. 309, qualquer pessoa poder4 praticar o delito. No caso do art. 310 é exatamente ao contrario, somente os brasileiros podem praticar o crime. Tratam-se, portanto, de crimes _préprios. Entretanto, se, um brasileiro no primeiro caso, ou um estrangeiro no segundo, colaboram para a pratica do crime, podem responder por ele, em coautoria (ou participagao). SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de atribuir falsa identidade ou qualidade a estrangeiro (no caso do art. 309). No caso do art. 310, a conduta que se pune é a do “testa-de- ferro”, a de alguém que se faz passar por proprietério ou possuidor de algo pertencente a estrangeiro, de forma a burlar a lei. TIPO SUBJETIVO Dolo. No primeiro crime se exige a finalidade especifica (dolo especifico) de fazer com que o agente ingresse ou permanega no territério nacional. N segundo caso, porém, a Doutrina se divide, alguns entendendo néo haver finalidade especifica, outros entendendo que o agente deve ter a finalidade especifica de fraudar a lei. Nao se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL Eventuais documentos utilizados para enganar terceiros, como os documentos que indicam a propriedade dos bens do estrangeiro (fraudulentamente), ou o documento de identidade falsa utilizado pelo estrangeiro, etc. CONSUMACAO E| No primeiro caso se consuma quando TENTATIVA © agente (estrangeiro) atribui a si falsa_identidade para ingressar_no Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 29 de 80 eoria Aula 11 - Prof. territorio nacional ou aqui permanecer”!, independente de obter ‘Ou nao sucesso na empreitada criminosa. No segundo caso, o crime se consuma quando o brasileiro passa a figurar como proprietério ou possuidor dos bens do estrangeiro. Admite-se a tentativa SOMENTE NO SEGUNDO CASO (ART. 310)?2, por nao ser possivel, no primeiro, o fracionamento da conduta. © caso do art. 310 pode ocorrer, por exemplo, nos casos em que a Constituic&o veda que estrangeiro sejam proprietarios de empresa jornalistica ou de radiodifusaio de sons e imagens. Conforme art. 222 da Constituigao: Art. 222. A propriedade de empresa jornalistica e de radiodifusao sonora e de sons e imagens é privativa de brasileiros natos ou naturalizados ha mais de dez anos, ou de pessoas juridicas constituidas sob as leis brasileiras e que tenham sede no Pais. Assim, se um brasileiro aceita se fazer passar por dono de uma emissora de TV (que na verdade é de um estrangeiro), estard cometendo o crime previsto no art. 310 do CP. Finalizando o capitulo, o art. 311 estabelece o crime de “adulteracgéo de sinal de veiculo automotor”: Art, 311 - Adulterar ou remarcar ntimero de chassi ou qualquer sinal identificador de veiculo automotor, de seu componente ou equipamento:_(Redacao dada pela Lei n? 426, de 1996) Pena - reclusao, de trés a seis anos, e multa. (Redacao dada pela Lei n2 9.426, de 1996 § 1° - Se o agente comete o crime no exercicio da funcao piiblica ou em razao dela, a pena é aumentada de um tergo. (Incluido pela Lei n? 9.426, de 1996 § 2° - Incorre nas mesmas penas 0 funciondrio piiblico que contribui para o licenciamento ou registro do veiculo remarcado ou adulterado, fornecendo indevidamente material ou informacdo oficial. (Inciuido pela Lei n° 9.426, de 1996; BEM JURIDICO TUTELADO | Fé publica SUJEITO ATIVO Qualquer pessoa (crime comum). Entretanto, os §§ 1° e 2° trazem hipéteses de condutas que devem ser praticadas por funcionério publico_no 2 Na hipétese do § Unico do art. 309, hé quem entenda cabivel a tentativa. BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 585 ® BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 587 Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 30 de 80 Aula 11 - Prof. exercicio da fungao, sendo a primeiro, ainda, uma causa de aumento de pena. SUJEITO PASSIVO A coletividade, sempre, e eventual lesado pela conduta. TIPO OBJETIVO A conduta pode ser de adulterar sinal identificador de veiculo, ou, no caso do § 2° do artigo, contribuir para 0 licenciamento deste veiculo (crime proprio, s6 podendo ser praticado por funcionario publico). TIPO SUBJETIVO Dolo, sem que seja exigida nenhuma especial finalidade de agir. Nao se admite na forma culposa. OBJETO MATERIAL 0 veiculo que teve chassi ou outro sinal identificador adulterado ou remarcado. CONSUMACAO TENTATIVA Consuma-se no momento em o agente realiza a adulterag3o ou remarcagéo do chassi ou sinal identificador. No caso do § 2° (forma equiparada), o crime se consuma com o licenciamento do veiculo anteriormente remarcado ou adulterado e que foi facilitado pelo funcionario Publico. Admite-se tentativa, pois nao se trata de crime que se perfaz num Unico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis - caminho percorrido na execugo). 1.5 Das fraudes em certames de interesse publico Foi publicada, em 2011, a lei 12.550/11, que acrescentou o art. 311- A. ao CP, prevendo a figura tipica da fraude em certame ptblico ou de interesse publico. A conduta (tipo objetivo) é, basicamente, relativa a divulgagdo de informag@es sigilosas, que possam comprometer a credibilidade do certame. Na pratica, esta muito relacionada ao “vazamento” de questdes e gabaritos de provas de concursos. Vamos ao nosso quadro esquematico: Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a ‘outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, contetido sigiloso de: incluido pela Lei 12.550. de 2011 1 concurso publico; (Incluido pela Lei 12.550. de 2011 IT- avaliacao ou exame publicos; (Incluido pela Lel 12.550. de 2011 www.estrategiaconcursos.com.br Bi de 80 Prof. Renan Araujo Aula 11 - Prof. III - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou de 2011 IV - exame ou processo seletivo previstos em lei: (Incluido pela Lei 12.550. de 2011 Pena - recluséo, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Inclu/do pela Le) 12.550. de 2011 § 1° Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, o acesso de pessoas nao autorizadas as informagées mencionadas no caput. Mncluido pele Lei 12,550. de 2011) § 2° Se da acdo ou omissdo resulta dano & administracéo publica: (Incluido pela Let 12.550. de 2011 Pena - recluséo, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. (Incluido pela Lei 12.550. de 2011 § 3° Aumenta-se a pena de 1/3 (um tergo) se o fato é cometido por funciondrio publico. (incluido pela Le) 12.550. de 2011. BEM JUR{DICO | Fé publica, neste caso especifico, relativa a credibilidade TUTELADO dos certames ptiblicos e de interesse ptiblico. SUJEITO ATIVO | Qualquer pessoa (crime comum). Entretanto, o § 1° prevé a equiparagao da conduta daquele que permite © acesso de pessoa no autorizada aos dados sigilosos. Nesta hipétese, a lei estabelece um crime préprio, pois somente quem tem o dever de impedir o acesso de outras pessoas aos dados sigilosos é que pode cometer o crime. O § 3° traz hipdtese de aumento de pena se o crime for praticado por funciondrio ptiblico no exercicio da fungéo. Embora a lei nao diga “no exercicio da fungao”, isso se extrai da légica do sistema, pois o simples fato de alguém ser funcionério publico nao pode ser causa de aumento de pena se essa circunstancia nao influenciou na pratica do delito.”> SUJEITO A coletividade, sempre, além de eventual lesado pela PASSIVO conduta. TIPO OBJETIVO |A conduta pode ser de utilizar ou divulgar indevidamente. Percebam que este __termo “indevidamente” & 0 que se chama de elemento normative do tipo penal, pois ele estabelece que a conduta do agente deve estar desamparada pela lei. Assim, aquele funciondrio puiblico que coloca 0 gabarito do concurso na internet ndo comete crime, pois nao o faz indevidamente. Entretanto, se_o fizer_antes do_horério ® BITENCOURT, Cezar Roberto. Op. Cit., p. 597/598. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 32 de 80 ia Aula 11 - Prof. determinado, e com a finalidade de obter vantagem ou prejudicar alguém, cometerd o crime. TIPO SUBJETIVO | Dolo, exigindo-se a especial finalidade de agir, consistente na vontade de beneficiar a si ou a terceiro, ou, ainda, comprometer a credibilidade do certame. Ndo se admite na forma culposa. OBJETO A informago utilizada ou divulgada indevidamente. MATERIAL CONSUMAGAO E/|Consuma-se no momento em o agente utiliza a TENTATIVA informagao ou a divulga indevidamente. Admite-se tentativa, pois no se trata de crime que se perfaz num Unico ato (pode-se desdobrar seu iter criminis - caminho percorrido na execucao). EXEMPLO: Mauro, funciondrio de uma empresa contratada para realizar um concurso ptiblico, divulga, INDEVIDAMENTE, 0 contetido da prova para Ana, uma semana antes da prova. Ana, burra que sé ela, mesmo assim nao consegue fazer, sequer, 50 pontos. Nesse caso, embora o resultado visado no tenha ocorrido (beneficiar Ana), 0 crime JA SE CONSUMOU, pois a consumacao ocorre no momento em que o agente divulga indevidamente o contetdo sigiloso. CUIDADO: Nao é sé em concurso ptiblico que esta norma se aplica, aplicando- se, também, em quaisquer outros processos seletivos de interesse ptiblico previstos nos incisos II, III e IV, como o ENEM, por exemplo, e o exame da OAB. 2_DISPOSITIVOS LEGAIS IMPORTANTES CODIGO PENAL % Arts. 289 a 311-A do CP - Tipificam os crimes contra a fé publica: TITULO xX DOS CRIMES CONTRA A FE PUBLICA CAPITULO T DA MOEDA FALSA ‘Moeda Falsa Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metélica ou papel- moeda de curso legal no pais ou no estrangeiro: Pena - recluséo, de trés a doze anos, e multa. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 33 de 80 2EITO PENAL ~ POLICTIA FI eoria f Aula 11 - Prof. '§ 1 - Nas mesmas penas incorre quem, por conta propria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulacao moeda falsa. § 2° - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui 2 circulacéo, depois de conhecer a falsidade, é punido com detencdo, de seis meses a dois anos, e multa. § 3° - E punido com recluso, de trés a quinze anos, e multa, o funcionario publico ou diretor, gerente, ou fiscal de banco de emissao que fabrica, emite ou autoriza a fabricagéo ou emisséo: I- de moeda com titulo ou peso inferior ao determinado em lei; II - de papel-moeda em quantidade superior 4 autorizada. § 40 - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulago no estava ainda autorizada. Crimes assimilados ao de moeda falsa Art. 290 - Formar cédula, nota ou bilhete representativo de moeda com fragmentos de cédulas, notas ou bilhetes verdadeiros; suprimir, em nota, cédula ou bilhete recolhidos, para o fim de restitui-los circulacao, sinal indicative de sua Inutilizacao; restituir & circulagao cédula, nota ou bilhete em tais condicées, ou jé recolhidos para o fim de inutilizacao: Pena - recluséo, de dois a oito anos, e multa. Parégrafo Unico - O maximo da reclusdo é elevado a doze anos e multa, se 0 crime é cometido por funcionério que trabalha na reparticéo onde o dinheiro se achava recolhido, ou nela tem facil ingresso, em razéo do cargo.(Vide Lei n® 7.209, de 11.7.1984) Petrechos para falsificago de moeda Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a titulo oneroso ou gratuito, possuir ou guardar_maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado 3 falsificaco de moeda: Pena - reclusao, de dois a seis anos, e multa. Emissao de titulo 20 portador sem permissao legal Art. 292 - Emitir, sem permisséo legal, nota, bilhete, ficha, vale ou titulo que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador ou a que falte indicacao do nome da pessoa a quem deva ser pago: Pena - detencao, de um a seis meses, ou multa. Pardgrafo Unico - Quem recebe ou utiliza como dinheiro qualquer dos documentos referidos neste artigo incorre na pena de detencao, de quinze dias a trés meses, ou multa. CAPITULO IT DA FALSIDADE DE TITULOS E OUTROS PAPEIS PUBLICOS Falsificacéo de papéis publicos Art. 293 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I~ selo destinado a controle tributério, pape! selado ou qualquer papel de ‘emissio legal destinado arrecadacao de tributo; (Redagao dada pela Lei n° 11.035, de 2004) IT papel de crédito publico que no seja moeda de curso legal; Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 34 de 80 LICTA FI eoria e Aula 11 - Prof. IIT - vale postal; IV - cautela de penhor, caderneta de depésito de caixa econémica ou de outro estabelecimento mantido por entidade de direito puiblico; V = tal&o, recibo, guia, alvaré ou qualquer outro documento relativo 2 arrecadacao de rendas publicas ou a depésito ou caucao por que o poder piiblico seja responsavel; VE- bilhete, passe ou conhecimento de empresa de transporte administrada pela Unido, por Estado ou por Municipio: Pena - reclusao, de dois a oito anos, e multa. § 1o Incorre na mesma pena quem: (Redacao dada pela Lei n° 11.035, de 2004) I - usa, guarda, possui ou detém qualquer dos papéis falsificados a que se refere este artigo; (Incluido pela Lei n° 11.035, de 2004) I ~ importa, exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda, fornece ou restitui & circulagao selo falsificado destinado a controle tributario; (Incluido pela Lei n° 11.035, de 2004) II - importa, exporta, adquire, vende, expée 4 venda, mantém em depésito, guarda, troca, cede, empresta, fornece, porta ou, de qualquer forma, utiliza em proveito préprio ou alheio, no exercicio de atividade comercial ou industrial, produto ou mercadoria: (Incluido pela Lei n° 11.035, de 2004) a) em que tenha sido aplicado selo que se destine a controle tributario, falsificado; (Incluido pela Lei n° 11.035, de 2004) b) sem selo oficial, nos casos em que a legislacdo tributaria determina a obrigatoriedade de sua aplicacao. (Incluido pela Lei n® 11.035, de 2004) § 2° - Suprimir, em qualquer desses papéis, quando legitimos, com o fim de tornd-los novamente utilizéveis, carimbo ou sinal indicativo de sua inutilizacdo: gETTO PENAL — Pena - reclusao, de um a quatro anos, e multa. § 39- Incorre na mesma pena quem usa, depois de alterado, qualquer dos papéis 2 que se refere o parégrafo anterior. § 40 - Quem usa ou restitui a circulacao, embora recibo de boa-fé, qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem este artigo e o seu § 2°, depois de conhecer a falsidade ou alteracao, incorre na pena de detencéo, de seis meses a dois anos, ou mutta. § 50 Equipara-se a atividade comercial, para os fins do inciso III do § 10, qualquer forma de comércio irregular ou clandestino, inclusive 0 exercido em vias, pragas ou outros logradouros publicos e em residéncias. (Incluido pela Lei n® 11.035, de 2004) Petrechos de falsificaca0 Art. 294 - Fabricar, adquirir, fornecer, possuir ou guardar objeto especialmente destinado 4 falsificacdo de qualquer dos papéis referidos no artigo anterior: Pena - recluséo, de um a trés anos, e multa. Art. 295 - Se o agente é funcionério publico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte, CAPITULO TIT DA FALSIDADE DOCUMENTAL Falsificac&o do selo ou sinal puiblico Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 35 de 80 LICTA Fi eoria { Aula 11 - Prof. ‘Art. 296 - Falsificar, fabricando-os ou alterando-os: I - selo puiblico destinado a autenticar atos oficiais da Unido, de Estado ou de Municipio; II - selo ou sinal atribuido por lei a entidade de direito publico, ou a autoridade, ‘ou sinal publico de tabelido: gETTO PENAL — Pena - reclusao, de dois a seis anos, e multa. § 19 - Incorre nas mesmas penas: I= quem faz uso do selo ou sinal falsificado; IL- quem utiliza indevidamente o selo ou sinal verdadeiro em prejuizo de outrem ‘ou em proveito préprio ou alheio. HI - quem altera, falsifica ou faz uso indevido de marcas, logotipos, siglas ou quaisquer outros simbolos utilizados ou identificadores de érgSos ou entidades da Administracéo Publica. (Incluido pela Lei n° 9.983, de 2000) § 2° - Se o agente é funcionario publico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. Falsificagao de documento puiblico Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento piiblico, ou alterar documento publico verdadeiro: Pena - recluséo, de dois a seis anos, e multa. § 1° - Se o agente é funciondrio publico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. § 20 - Para os efeitos penais, equiparam-se a documento publico 0 emanado de entidade paraestatal, 0 titulo ao portador ou transmissive! por endosso, as aces de sociedade comercial, os livros mercantis e o testamento particular. § 30 Nas mesmas penas incorre quem insere ou faz inserir: (Incluido pela Lei n® 9.983, de 2000) Ina folha de pagamento ou em documento de informacées que seja destinado a fazer prova perante @ previdéncia social, pessoa que no possua a qualidade de segurado obrigatério;(Incluido pela Lei n° 9.983, de 2000) II ~ na Carteira de Trabalho e Previdéncia Social do empregado ou em documento que deva produzir efeito perante a previdéncia social, declaracao falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita; (Incluido pela Lei n° 9.983, de 2000) IIT - em documento contabil ou em qualquer outro documento relacionado com as obrigagées da empresa perante a previdéncia social, declaracéo falsa ou diversa da que deveria ter constado. (Incluido pela Lei n° 9.983, de 2000) § 4o Nas mesmas penas incorre quem omite, nos documentos mencionados no § 30, nome do segurado e seus dados pessoais, a remuneracéo, a vigéncia do contrato de trabalho ou de prestacdo de servicos.(Incluido pela Lei n° 9.983, de 2000) Falsificacao de documento particular (Redacdo dada pela Lei n° 12.737, de 2012) Vigéncia Art. 298 - Falsificar, no todo ou em parte, documento particular ou alterar documento particular verdadeiro: Pena - reclusio, de um a cinco anos, e multa. Falsificagao de cartéo —_(Incluido pela Lei n° 12.737, de 2012) Vigéncia Paragrafo Unico. Para fins do disposto no caput, equipara-se a documento particular 0 cartéo de crédito ou débito. —(Incluido pela Lei n° 12.737, de 2012) Vigéncia Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 36 de 80 OLICIA FI eoria e Aula 11 - Prof. Falsidade ideolégica Art. 299 - Omitir, em documento puiblico ou particular, declaracao que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaracao falsa ou diversa da que devia ser escrita, com 0 fim de prejudicar direito, criar obrigacdo ou alterar a verdade sobre fato Juridicamente relevante: Pena - reclusao, de um a cinco anos, e multa, se o documento é publico, e recluso de um a trés anos, e multa, se 0 documento é particular. Paragrafo Unico - Se o agente é funciondrio publico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, ou se a falsificacdo ou alteracdo é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. Falso reconhecimento de firma ou letra gETTO PENAL — Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercicio de funcéo publica, firma ou letra que 0 néo seja: Pena - recluséo, de um a cinco anos, e multa, se 0 documento é publico; e de um a trés anos, e muita, se 0 documento é particular. Certidao ou atestado ideologicamente falso Art. 301 - Atestar ou certificar falsamente, em razéo de fungo publica, fato ou circunstncia que habilite alguém a obter cargo publico, isencao de énus ou de servico de carater publico, ou qualquer outra vantagem: Pena - detencao, de dois meses a um ano. Falsidade material de atestado ou certidlo § 19 - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidéo, ou alterar o teor de certidao ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstancia que habilite alguém a obter cargo publico, isencdo de énus ou de servico de carater publico, ou qualquer outra vantagem: Pena - detencao, de trés meses a dois anos. § 20 - Se o crime é praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a de multa. Falsidade de atestado médico Art. 302 - Dar 0 médico, no exercicio da sua profissao, atestado falso: Pena - detencao, de um més a um ano. Pardgrafo Unico - Se o crime & cometido com o fim de lucro, aplica-se também multa. Reproducao ou adulteracdo de selo ou peca filatélica Art. 303 - Reproduzir ou alterar selo ou peca filatélica que tenha valor para colecdo, salvo quando a reproducéo ou a alteragao esté visivelmente anotada na face ‘ou no verso do selo ou peca: Pena - detenco, de um a trés anos, e multa. Pardgrafo Unico - Na mesma pena incorre quem, para fins de comércio, faz uso do selo ou peca filatélica. Uso de documento falso Art. 304 - Fazer uso de qualquer dos papéis falsificados ou alterados, a que se referem os arts. 297 a 302: Pena - a cominada 4 falsificacao ou a alteracao. Supresséo de documento Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 37 de 80 LICIA FI eoria e Aula 11 - Prof. Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em beneficio préprio ou de outrem, ou em prejuizo alheio, documento publico ou particular verdadeiro, de que nao podia dispor: Pena - recluse, de dois a seis anos, e multa, se 0 documento é puiblico, e reclusdo, de um a cinco anos, e multa, se o documento é particular. gETTO PENAL — CAPITULO IV DE OUTRAS FALSIDADES Falsificago do sinal empregado no contraste de metal precioso ou na fiscalizacso alfandegaria, ou para outros fins Art. 306 - Falsificar, fabricando-o ou alterando-0, marca ou sinal empregado pelo poder piiblico no contraste de metal precioso ou na fiscalizacao alfandegaria, ou usar marca ou sinal dessa natureza, falsificado por outrem: Pena - reclusao, de dois a seis anos, e multa. Parégrafo tinico - Se a marca ou sinal falsificado é o que usa a autoridade publica para 0 fim de fiscalizaco sanitdria, ou para autenticar ou encerrar determinados ‘objetos, ou comprovar 0 cumprimento de formalidade legal: Pena - reclusdo ou detencéo, de um a trés anos, e multa. Falsa identidade Art. 307 - Atribuir-se ou atribuir a terceiro falsa identidade para obter vantagem, em proveito préprio ou alheio, ou para causar dano a outrem: Pena - detencéo, de trés meses a um ano, ou muita, se o fato ndo constitui elemento de crime mais grave. Art. 308 - Usar, como préprio, passaporte, titulo de eleitor, caderneta de reservista ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, proprio ou de terceiro: Pena - detengao, de quatro meses a dois anos, e muita, se o fato no constitui elemento de crime mais grave. Fraude de lei sobre estrangeiro Art. 309 - Usar 0 estrangeiro, para entrar ou permanecer no territério nacional, nome que nao é 0 seu: Pena - detencao, de um a trés anos, e multa. Paragrafo Unico - Atribuir a estrangeiro falsa qualidade para promover-lhe 2 entrada em territério nacional: (Incluido pela Lei n° 9.426, de 1996) Pena - reclusdo, de um a quatro anos, e multa. (Incluido pela Lei n° 9.426, de 1996) Art. 310 - Prestar-se a figurar como proprietario ou possuidor de acao, titulo ou valor pertencente a estrangeiro, nos casos em que a este & vedada por lei a propriedade ou a posse de tais bens: (Redacdo dada pela Lei n® 9.426, de 1996) Pena - detencdo, de seis meses a trés anos, e multa. (Redacao dada pela Lei n° 9.426, de 1996) Adulteracéo de sinal identificador de veiculo automotor (Redacéo dada pela Lei n° 9.426, de 1996) Art, 311 - Adulterar ou remarcar niimero de chassi ou qualquer sinal identificador de veiculo automotor, de seu componente ou equipamento:(Redacao dada pela Lei n? 9.426, de 1996)) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 38 de 80 eoria Aula 11 - Prof. Pena - reclusao, de trés a seis anos, e multa. (Redacao dada pela Lei n° 9.426, de 1996) § 19 - Se o agente comete o crime no exercicio da funcao publica ou em razéo dela, a pena é aumentada de um terco. (Incluido pela Lei n° 9.426, de 1996) § 20 - Incorre nas mesmas penas 0 funcionério publico que contribui para o licenciamento ou registro do veiculo remarcado ou adulterado, fornecendo jindevidamente material ou informacdo oficial. (Incluido pela Lei n° 9.426, de 1996) CAPITULO V (Incluido pela Lei 12.550. de 2011) DAS FRAUDES EM CERTAMES DE INTERESSE PUBLICO (ncluido pela Lei 12.550. de 2011) Fraudes em certames de interesse publico (Incluido pela Lei 12.550. de 2011) Art. 311-A. Utilizar ou divulgar, indevidamente, com o fim de beneficiar a si ou a outrem, ou de comprometer a credibilidade do certame, contetido sigiloso de: (Incluido pela Lei 12.550. de 2011) I- concurso publico; (Incluido pela Lei 12.550. de 2011) I~ avaliagéo ou exame publicos; (Incluido pela Lei 12.550. de 2011) II - processo seletivo para ingresso no ensino superior; ou (Incluido pela Lei 12.550. de 2011) IV-- exame ou proceso seletivo previstos em lei: (Incluido pela Lei 12.550. de 2011) Pena - reclusao, de 1 (um) a 4 (quatro) anos, e multa. (Incluido pela Lei 12.550. de 2011) § 10 Nas mesmas penas incorre quem permite ou facilita, por qualquer meio, 0 acesso de pessoas nao autorizadas as informacdes mencionadas no caput. _(Incluido pela Lei 12.550. de 2011) § 20 Se da aco ou omissao resulta dano 4 administracao publica: (Incluido pela Lei 12.550. de 2011) Pena - reclus3o, de 2 (dois) a 6 (seis) anos, e multa. _(Incluido pela Lei 12.550. de 2011) § 30 Aumenta-se a pena de 1/3 (um terco) se o fato é cometido por funcionario public, (Incluido pela Lei 12.550. de 2011) CRUE sae ay 3.1 Sdmulas do STJ ‘% Sdmula 17 do ST) - O ST) sumulou entendimento no sentido de que, se a potencialidade lesiva do falso se exaure no estelionato, o crime de estelionato absorve o falso, que foi apenas um meio para a sua pratica: ‘Sumula 17 do STI QUANDO © FALSO SE EXAURE NO ESTELIONATO, SEM MAIS POTENCIALIDADE LESIVA, E POR ESTE ABSORVIDO. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 39 de 60 eoria Aula 11 - Prof. % Sumula 522 do STJ - O ST) sumulou entendimento no sentido de que a conduta daquele que atribui a si préprio falsa identidade perante autoridade policial é tipica, configurando crime do art. 307, ainda que em situagao de alegada autodefesa, no havendo que se falar em atipicidade do fato: Stmula 522 do STI A conduta de atribuir-se falsa identidade perante autoridade policial ¢ tipica, ainda que em situacao de alegada autodefesa. Stimula 546 do STJ - 0 STJ sumulou entendimento no sentido de que, para fins de definigao da competéncia ratione materiae, importa saber a entidade ou 6rgdo perante o qual foi apresentado o documento (federal, estadual, etc.), ndo importando a natureza do érgao expedidor: Sumula 546 A competéncia para processar e julgar 0 crime de uso de documento falso é firmada em razio da entidade ou drggo ao qual foi apresentado 0 documento piiblico, no importando a qualificagao do érgao expedidor. ‘% Sdmula 73 do STJ - O ST) sumulou entendimento no sentido de que a falsificagdo GROSSEIRA de papel moeda (sem imitario veri) pode configurar estelionato, néo cabendo falar em moeda falsa: Simula 73 do STJ - A UTILIZACAO DE PAPEL MOEDA GROSSEIRAMENTE FALSIFICADO CONFIGURA, EM TESE, O CRIME DE ESTELIONATO, DA COMPETENCIA DA JUSTICA ESTADUAL. ST ren maul % STJ - HC 228.280/BA - O ST/ reiterou entendimento no sentido de que, caso a mesma pessoa falsifique e use 0 documento falso, deve o agente responder apenas pelo falso, sendo a utilizagSo considerada como mero "pés factum impunivel". (...) 1. A competéncia para processar e julgar o crime de uso de docurnento falso é do Juizo do local em que o documento foi utilizado. 2. Contudo, nos casos em que o uso do documento falso for cometide pelo préprio responsavel pela falsificacao, 0 uso é considerado mero exaurimento do crime de falsidade, motivo pelo qual a competéncia é a do local da falsificacao, que, se desconhecido, impe a adocéo da regra do local do uso do documento falso. Doutrina, Precedente. Gs (HC_228.280/BA, Rel. Ministro JORGE MUSSI, QUINTA TURMA, julgado em 11/03/2014, DJe 25/03/2014) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 40 de 80 Aula 11 - Prof. R % STJ - HC 257.421/MG - O ST] reiterou entendimento no sentido de que nao se aplica o principio da insignificancia ao delito de moeda falsa: (..) 3. Em se tratando do crime de falsificagéo de moeda, esta Corte, ‘acompanhamento a orientagéo do Supreme Tribunal Federal, firmou entendimento no sentido de que nao se aplica ao delito do art. 289 do Cédigo Penal o principio da insignificéncia. 4, Impetrac&o no conhecida. (HC 257.421/MG, Rel. Ministra MARIA THEREZA DE ASSIS MOURA, SEXTA TURMA, julgado em 22/04/2014, DJe 06/05/2014) % STJ- AgRg no AREsp 356.859/PE - 0 ST) decidiu que a utilizagao de recibos médicos (no caso, odontolégicos) falsos para o fim de burlar o fisco (e obter maior restituigéo de IRPF), configura crime tinico (apenas o crime tributario), sendo o falso absorvido pelo crime tributario, desde que a potencialidade lesiva do documento falso se esgote no crime tributério: (...) 1. In casu, os recibos falsos de despesas odontolégicas foram usados com © fim Gnico e especifico de burlar o Fisco, visando, exclusivamente, & sonegacao de tributos. A lesividade da conduta nao transcendeu, a: crime fiscal, raz3o porque tem aplicacdo, na espécie, mutatis mutandi comando do Enunciado n.° 17 da Simula do Superior Tribunal de Justica, ad litteram: "Quando 0 falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, ¢ por este absorvido". 2. Agravo regimental desprovido. (AgRg no AREsp 356.859/PE, Rel. Ministra LAURITA VAZ, QUINTA TURMA, julgado em 15/05/2014, DJe 23/05/2014) CRIMES CONTRA A FE PUBLICA MOEDA FALSA Conduta - Falsificar papel moeda ou moeda metélica de curso legal no Brasil ou no exterior. Pode ser praticado mediante: = Fabricac&o - Cria-se a moeda falsa * Adulteracao - Utiliza-se moeda verdadeira para transformar em outra, falsa. Consumagao - No momento em que a moeda é fabricada ou alterada (nao precisa chegar a entrar em circulag&o). Forma equiparada (mesma pena) - Quem, por conta prépria ou alheia: Importa ou exporta Adquire Vende Troca Cede Empresta Guarda Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 41 de 80 eoria Aula 11 - Prof. « Introduz na circulagéo moeda falsa Tépicos importantes ® Falsificagao for grosseira - Nao ha crime de moeda falsa, por ndo possuir potencialidade lesiva. > Forma qualificada prevista no § 3° - Sd admite como sujeitos ativos aquelas pessoas ali enumeradas (crime proprio) ™ E se a moeda ainda no foi autorizada a circular? Incorre nas mesmas penas da forma principal do delito. ™ Forma privilegiada - Ocorre quando o agente recebe a moeda falsa de boa- fé (cor saber gue ee falsa) e a restitui a circulagdo (ja sabendo que é falsa) » Insi icancia ~ NAO CABE aplicagao do principio da insignificancia. Petrechos para falsificagdo de moeda Conduta - Fabricar, adquirir, fornecer, a titulo oneroso ou gratuito, possuir ou guardar: * Maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto Sspecialmente destinado a falsificagdo de moeda. Se o objeto serve para diversas finalidades, no sendo especialmente destinado a falsificagao de moeda, ndo ha o referido crime. OBSE Trata-se de exceg&o 4 regra da impunibilidade dos atos preparatérios (Lei J considera como crime uma conduta que seria ato preparatério para outro delito). FALSIDADE DOCUMENTAL Falsificagao de documento publico Conduta - E a de falsificar, no todo ou em parte, documento ptiblico. Pode ocorrer mediante: * Fabricagéio de um documento publico falso + Adulterag3o de um documento ptiblico verdadeiro Consumacio - No momento em que o agente fabrica o documento falso ou altera o documento verdadeiro. Conceito de documento ptiblico - A Doutrina divide em: = Documento piblico em sentido formal e material (substancial) - A forma é publica (emanado de érgao publico, ou seja, por funcionario pUblico no exercicio das fungdes, com o cumprimento das formalidades legais) e 0 contetdo também € publico (atos proferidos pelo poder puiblico, como decisdes administrativas, sentengas judiciais, etc.). * Documento ptblico em sentido formal apenas - Aqui a forma é ptiblica (emanado de érgao publico), mas o contetido é de interesse Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 42 de 80 eoria Aula 11 - Prof. Re privado (Ex.: Escritura publica de compra e venda de um imovel pertencente a um particular. 0 contetido é de interesse particular, embora emanado de um érgaio publico). Equiparados a documento piblico Emanado de entidade paraestatal Titulo ao portador ou transmissivel por endosso Aces de sociedade comercial Livros mercantis Testamento particular Falso x estelionato = Se 0 falso se exaure no estelionato — E absorvido pelo estelionato: “Quando 0 falso se exaure no estelionato, sem mais potencialidade lesiva, & por este absorvido”. * Se o falso nao esgota sua potencialidade lesiva no estelionato - O agente responde por ambos os delitos. Falsificagéo de documento particular Caracterizac&o - A légica é a mesma da falsificagéo de documento publico, sé que com documento particular. Conceito de documento particular - Considera-se documento particular aquele que néo pode ser considerado, sob qualquer aspecto, como documento publico. Documento particular por equiparagdo - O CP equiparou a documento particular o cartéo de crédito ou débito. Falsidade ideolégica Caracterizagéo - Aqui o agente no falsifica a estrutura do documento. O documento é estruturalmente verdadeiro, mas contém informagdes inveridicas. A falsificag3o ideolégica ocorre quando o agente (com o fim de prejudicar direito, criar obrigacdo ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante): = Omite declaragéo que devia constar no documento (conduta omissiva) * Nele insere ou faz inserir declaragdo falsa ou diversa da que devia ser escrita (conduta comissiva) Pena - A pena varia de acordo com o documento em que hi falsidade ideolégica (documento piblico - reclusdo de um a cinco anos e multa; documento particular = reclusdo de um a trés anos e multa). Causa de aumento de pena - Ha aumento de pena (1/6): = Seo agente é funcion4rio publico, e desde que cometa o delito valendo- se do cargo; ou « Sea falsificagdo ou alteragéo é de assentamento de registro civil. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 43 de 80 eoria Aula 11 - Prof. > Falsidade ideolégica x falsidade material (falsificagdéo de documento ptiblico ou particular) - A diferenca basica entre a falsidade material ¢ a falsidade ideoldgica reside no fato de que, na primeira, o documento é estruturalmente falso, e na segunda a estrutura é verdadeira, mas o contetido (a ideia que o documento transmite) é falsa. Falsidade de atestado médico Crime préprio - Somente 0 médico poderé praticar o crime (enfermeiro, dentista, etc., nao podem). Elemento subjetivo - Dolo. OBS: Se houver finalidade de lucro = ha previsdio de pena de multa cumulada com a privativa de liberdade. Consumagao - Consuma-se no momento em que o médico FORNECE o atestado falso. Se elaborar 0 atestado falso, mas se arrepender, nao ha crime. Uso de documento falso Caracterizagao - Consiste em fazer uso dos documentos produzidos nos crimes previstos nos arts. 297 a 302 do CP. Pena - E a mesma prevista para a falsificagdo do documento. (BSH Isso € chamado pela Doutrina como tipo penal remetido, jé que se remete a outros tipos penais para compor de forma plena a conduta criminosa. Consumacao - No momento em que o agente leva o documento ao conhecimento de terceiros, pois ai se da a les&o 4 credibilidade, a fé publica. NAO SE ADMITE A TENTATIVA! ATENCAO! E se quem usa o documento falso é a prépria pessoa que fabricou o documento falso? Neste caso, temos (basicamente) dois entendimentos: 1 - O agente responde apenas pelo crime de “uso de documento falso”, pois a falsificago 6 “meio” para a utilizacdo 2 - O agente responde apenas pela falsificacéo do documento, e nao pelo uso, pois é natural que toda pessoa que falsifica um documento pretenda utilizé- leigemtesarmente, de signe. forme Prevalece na Doutrina e 11a OUTRAS FALSIDADES Falsa identidade Caracterizagéo - Atribuir a si ou terceiro falsa identidade, que consiste, basicamente, em se fazer passar por outra pessoa. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 44 de 80 ‘Se 0 agente se vale de um documento falso para se fazer passar por outra pessoa, neste caso teremos USO DE DOCUMENTO FALSO. Elemento subjetivo - Dolo. Exige-se especial finalidade de agir, consistente na vontade de obter alguma vantagem ou causar prejuizo a alguém. ™ A pratica da conduta (falsa identidade), perante a autoridade policial, para se esquivar de eventual cumprimento de prisdo (por mandados anteriores), configuraria exercicio legitimo de “autodefesa”? Nao, trata-se de conduta tipica (falsa identidade) entendimento sumulado do STJ (stimula 522). Bons estudos! Prof. Renan Araujo SSS COT VY Waser) & ees ‘icar! 01. (CESPE - 2016 - TCE-PR - AUDITOR) Assinale a opgo correta com relag&o aos crimes contra a fé publica. A) © tipo penal que incrimina a conduta de possuir ou guardar objetos especialmente destinados a falsificagdo de moeda constitui excecdo a impunibilidade dos atos preparatorios no direito penal brasileiro. B) Os documentos emitidos pelas empresas ptiblicas estaduais séo equiparados a documentos particulares para efeitos penais. C) 0 servidor ptiblico que dolosamente faz afirmacéio falsa em procedimento de licenciamento ambiental comete o crime de falsidade ideolégica, previsto no CP. D) O agente que falsificar e posteriormente usar documento ptiblico cometera os crimes de falsificagéo de documento publico e uso de documento falso em concurso material, nos termos do CP. E) Segundo o entendimento consolidado nos tribunais superiores, seré tida como atipica a conduta do acusado que, ao ser preso em flagrante, informar nome diverso, uma vez que agird em legitimo exercicio de autodefesa. 02. (CESPE - 2014 - PGE-BA - PROCURADOR DO ESTADO) Aquele que utilizar laudo médico falso para, sob a alegac&o de possuir doenca de natureza grave, furtar-se ao pagamento de tributo, deverd ser condenado apenas pela pratica do delito de sonegacio fiscal se a falsidade ideolégica for cometida com o exclusivo objetivo de fraudar o fisco, em virtude da aplicag&o do principio da subsidiariedade. 03. (CESPE - 2015 - DPU - DEFENSOR PUBLICO) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 45 de 80 ia Aula 11 - Prof. Praticara o crime de falsidade ideolégica aquele que, quando do preenchimento de cadastro publico, nele inserir declarag&o diversa da que deveria, ainda que nao tenha o fim de prejudicar direito, criar obrigacéo ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. 04, (CESPE - 2015 - TRE-GO - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Cometera o delito de falsidade ideolégica o médico que emitir atestado declarando, falsamente, que determinado paciente esta acometido por enfermidade. 05. (CESPE - 2015 - TCU - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO) Situacao hipotética: Com o intuito de viajar para o exterior, Pedro, que néo possui passaporte, usou como seu 0 documento de Paulo, seu irm&o — com quem se parece muito —, tendo-o apresentado, sem adulteracées, para os agentes da companhia aérea e da Policia Federal no aeroporto. Pedro e Paulo tém mais de dezoito anos de idade. Assertiva: Nessa situacao, de acordo com o Cédigo Penal, Pedro cometeu o crime de falsidade ideolégica. 06. (CESPE - 2015 - PGM - PROCURADOR) De acordo com 0 Cédigo Penal, agente que registrar na CTPS de empregado, ou em qualquer documento que deva produzir efeito perante a previdéncia social, declaragao falsa ou diversa daquela que deveria ter sido escrita praticara o delito de A) uso de documento falso. B) falsificago de documento particular. C) falsa identidade D) falsidade ideolégica. E) falsificacéio de documento ptblico. 07. (CESPE - 2009 - BCB - PROCURADOR) Quanto aos crimes contra a fé publica e contra a administrac&o publica, assinale a opgo correta. A) No crime de falsificagio de documento publico, o fato de ser o agente funcionario publico é um indiferente penal, ainda que esse agente cometa o crime prevalecendo-se do cargo, tendo em vista que tal delito é contra a fé e ndo contra a administracao publica. B) No crime de falsidade ideolégica, 0 documento é materialmente verdadeiro, mas seu contetido nao reflete a realidade, seja porque o agente omitiu declaragéo que dele deveria constar, seja porque nele inseriu ou fez inserir declaracao falsa ou diversa da que devia ser escrita. C) No crime de prevaricago, a satisfaéo de interesse ou sentimento pessoal é Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 46 de 80 Aula 11 - Prof. mero exaurimento do crime, no sendo obrigatéria a sua presenga para a configuracio do delito. D) N&o haveré o crime de condescendéncia criminosa quando faltar ao funcionrio pUblico competéncia para responsabilizar o subordinado que cometeu a infracdo no exercicio do cargo. E) A ocorréncia de prejuizo puiblico como resultado do fato néo influencia a pena do crime de abandono de fungao. 08. (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TECNICO DE INTELIGENCIA) Julgue 0 préximo item com base no que estabelece 0 Cédigo Penal sobre falsidade documental e crimes praticados por funcionario publico. A omissdo, em documento publico, de declaracdo que dele deveria constar, ou a inserg&o de declaracéo falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigacdo ou alterar a verdade sobre fato juridico relevante, sujeita o funcionario publico a pena de recluséo de um a cinco anos e multa, se o documento for publico; e de um a trés anos e multa, se o documento for particular. A pena sera aumentada em um sexto se a falsificacao ou alteragéo for de assentamento de registro civil. 09. (CESPE - 2010 - ABIN ~ OFICIAL TECNICO DE INTELIGENCIA) Com base nos delitos em espécie, julgue 0 préximo _ item. Um agente que tenha adquirido cinco cédulas falsas de R$ 50,00 com o intuito de introduzi-las no comércio local deve responder pelo tipo de moeda falsa, visto que, nessa situac&o, ndo se aplica o principio da insignificncia como causa excludente de tipicidade. 10. (CESPE - 2010 - AGU - PROCURADOR FEDERAL) Acerca dos crimes relativos a licitacdo, crimes contra a fé publica e crimes contra as relacdes de consumo, julgue o item a seguir. E atipica a conduta do agente que desvia e faz circular moeda cuja circulacéo ainda no estava autorizada, pois constitui elementar do crime de moeda falsa a colocagao em circulacéo de moeda com curso legal no pais ou no exterior. 11. (CESPE - 2012 - TC/DF - AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO) A respeito dos crimes contra a fé publica, dos crimes previstos na Lei de Licitagdes, bem como dos principios e conceitos gerais de direito penal, julgue o item a seguir. E crime proprio, que somente pode ter como sujeito ativo o servidor publico, falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidao, ou alterar o teor de certidao ou atestado, para produzir prova de fato que habilite alguém a obter cargo publico. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 47 de 80 ia c Aula 11 - Prof. 12. (CESPE - 2012 - TC/DF - AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO) A respeito dos crimes contra a fé ptiblica, dos crimes previstos na Lei de Licitagdes, bem como dos princfpios e conceitos gerais de direito penal, julgue o item a seguir. A falsificagdo de moeda e a falsificagdo de documento particular, bem como a falsidade ideolégica e a falsidade de atestado médico, so crimes contra a fé publica. Os dois primeiros dizem respeito & forma do objeto falsificado, que é criado ou alterado materialmente pelo agente; os dois tltimos referem-se a falsidade do contetido da declarac&o contida no documento, que, entretanto, é materialmente verdadeiro. 13. (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO DA UNIAO) Julgue o item a seguir acerca dos crimes contra a fé publica. No crime de falsificagéo de documento publico, a circunstancia de ser o sujeito ativo funcionario publico, independentemente de ter ele se prevalecido do cargo e, com isso, obtido vantagem ou facilidade para a consecugao do crime, é um indiferente penal. 14. (CESPE - 2011 - DPU/MA - DEFENSOR PUBLICO) Acerca dos crimes contra a fé piblica e contra a administrac&o publica, assinale a opeao correta. A) A incidéncia da circunstancia agravante relativa ao abuso de poder ou violacao de dever inerente a cargo, oficio, ministério ou profissdo ndo se mostra incompativel com o delito de peculato. B) Caracteriza o delito de moeda falsa a fabricacéo de instrumento ou de qualquer objeto especialmente destinado a falsificagdo de moeda. C) Reconhecer como verdadeira, no exercicio de fungéio publica, firma ou letra que néo o seja caracteriza o delito de falsificag&o de documento particular. D) Destruir, em beneficio préprio ou de outrem, documento publico ou particular verdadeiro de que nao se pode dispor configura o delito de falsidade ideolégica. E) A consumagio do crime de peculato-apropriagao ocorre no momento em que © funcionério ptiblico, em virtude do cargo, comesa a dispor do bem mével de que se tenha apropriado, como se proprietario dele fosse. 15. (CESPE - 2012 - AGU - ADVOGADO DA UNIAO) Julgue o item a seguir, que versa sobre crimes relacionados as licitagées e delitos contra a fé publica e as relagées de consumo. © agente que falsificar e, em seguida, usar o documento falsificado responderé apenas pelo crime de falsificacao. 16. (CESPE - 2012 - TJ/BA - JUIZ ESTADUAL) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 48 de 80 ia Aula 11 - Prof. Considerando o que dispée o CP a respeito dos crimes contra a incolumidade, a paz, a fé e a administracdio ptiblicas, assinale a opgao correta. A) Nao integram o tipo penal perigo de desastre ferrovidrio os veiculos de tragéo mec&nica por meio de cabo aéreo. B) Considere que Joao, Pedro, Anténio e Joaquim, todos maiores de idade, associem-se com a finalidade de falsificar um Unico ingresso de evento esportivo. Nessa situac3o, a conduta dos agentes se amolda ao crime de quadrilha. C) Suponha que Maria, de dezenove anos de idade, receba, de boa-fé, de um desconhecido passe falso de transporte de empresa administrada pelo governo e © utilize imediatamente apos ser alertada, por seu irmao, da falsidade do bilhete. Nessa situac&o, a conduta de Maria caracteriza-se como atipica. D) Responde criminalmente o funcionério ptiblico que, em razao da funcdo, e mesmo antes de assumi-la, aceita promessa de vantagem indevida, ainda que nao venha a recebé-la. E) Nao é prevista a modalidade culposa para o crime de desabamento. 17. (CESPE - 2012 - AGU - ADVOGADO DA UNIAO) Julgue o item a seguir acerca dos crimes contra a fé publica. De acordo com o ST3, a falsificacao nitidamente grosseira de documento afasta o delito de uso de documento falso, haja vista a inaptidao para ofender a fé ptiblica. 18. (CESPE - 2013 - TRE/MS - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Silas, maior e capaz, foi abordado por policiais militares e, ao ser questionado acerca do documento de identificac&o, apresentou, como sendo seu, o Unico documento que carregava, um titulo de eleitor, auténtico, pertencente a terceira pessoa. Nessa situago hipotética, A) a conduta de Silas ajusta-se ao crime de uso de documento de identidade alheio. B) Silas praticou o crime de falsidade ideolégica. C) configurou-se o delito de uso de documento falso. D) Silas perpetrou o crime de falsa identidade. E) a conduta de Silas foi atipica, pois ele exibiu o documento apenas por exigéncia dos policiais. 19. (CESPE - 2004 - AGU - ADVOGADO) Maria inseriu, falsamente, em sua carteira de trabalho e previdéncia social, visando adquirir alguns bens a crédito, um contrato de trabalho por meio do qual exercia funcéio de secretaria-executiva, com salario de R$ 1.800,00 mensais, na empresa Transportadora J&G Ltda. Posteriormente, Maria fez uso da carteira de trabalho em uma loja de eletrodomésticos, ao adquirir, a crediario, um televisor Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 49 de 80 ia Aula 11 - Prof. e um videocassete. Nessa situago, consoante orientagao do STJ, Maria praticou os crimes de falsidade de documento pubblico e uso de documento falso. 20. (CESPE - 2012 - TER/RJ - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) A conduta consistente na emissdo de titulo ao portador sem permissao legal constitui crime contra a fé publica. 21. (CESPE - 2012 - AGU - ADVOGADO) O agente que falsificar e, em seguida, usar 0 documento falsificado responderé apenas pelo crime de falsificacao. 22. (CESPE - 2012 - PF - AGENTE DA POLICIA FEDERAL) Luiz, proprietario da mercearia Pague Menos, foi preso em flagrante por policiais militares logo apés passar troco para cliente com cédulas falsas de moeda nacional de R$ 20,00 e R$ 10,00. Os policiais ainda apreenderam, no caixa da mercearia, 22 cédulas de R$ 20,00 e seis cédulas de R$ 10,00 falsas. Nessa situagdo, as acées praticadas por Luiz — guardar e introduzir em circulacéo moeda falsa — configuram crime Unico. 23. (CESPE - 2012 - PC/CE - INSPETOR DE POLICIA - CIVIL) Considere que, em uma batida policial, um individuo se atribua falsa identidade perante autoridade policial com o intento de ocultar seus maus antecedentes. Nessa situag&o, conforme recente decisdo do STF, configurar-se-a crime de falsa identidade, sem ofensa ao principio constitucional da autodefesa. 24, (CESPE - 2012 - PC/CE - INSPETOR DE POL{CIA - CIVIL) Se um individuo adquirir, gratuitamente, maquinismo para falsificar moedas e alcanar o seu intento, entdo, nesse caso, ele responderd pelo crime de moeda falsa em concurso com o delito de petrechos para falsificagdo de moeda. 25. (CESPE - 2008 - SEMAD/ARACAJU - PROCURADOR MUNICIPAL) Considere a seguinte situac&o hipotética. Katia, proprietéria de uma lanchonete, recebeu, de boa-fé, uma moeda falsa. Apés constatar a falsidade da moeda, para nao ficar no prejuizo, Katia restituiu a moeda & circulacdo. Nessa situac&o, a conduta de Katia é atipica, pois ela recebeu a moeda falsa de boa-fé. 26. (CESPE - 2008 - SEMAD/ARACAJU - PROCURADOR MUNICIPAL) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 50 de 80 ia Aula 11 - Prof. No crime de falsificago de documento publico, se o agente é funciondrio publico e comete o delito prevalecendo-se do cargo, sua pena sera aumentada em um sexto. 27. (CESPE - 2008 - SEMAD/ARACAJU - PROCURADOR MUNICIPAL) Nao comete o crime de falsidade ideolégica o agente que declara falsamente ser pobre, assinando declarag&o de pobreza para obter os beneficios da justica gratuita, pois a declaragao n&o pode ser considerada documento para fins de consumar o crime mencionado. 28. (CESPE - 2008 - SEMAD/ARACAJU - PROCURADOR MUNICIPAL) O crime de falsidade material de atestado ou certido prevé pena de detengdo ao agente que o pratica. No entanto, se o crime for praticado com o fim de lucro, aplica-se, além da pena privativa de liberdade, a pena de multa. 29. (CESPE - 2009 - SEAD/SE (FPH) - PROCURADOR) E atipica a conduta de quem restitui circulacéo cédula recolhida pela administrac&o publica para ser inutilizada. 30. (CESPE - 2009 - SEAD/SE (FPH) - PROCURADOR) O direito penal nao pune os atos meramente preparatérios do crime, razéo pela qual é atipica a conduta de quem simplesmente guarda aparelho especialmente destinado & falsificagdo de moeda sem efetivamente praticar o delito. 31, (CESPE - 2011 - PC/ES - DELEGADO DE POL{CIA - ESPEC{FICOS) Em crimes de moeda falsa, a jurisprudéncia predominante do STF é no sentido de reconhecer como bem penal tutelado nao somente o valor correspondente a expressao monetéria contida nas cédulas ou moedas falsas, mas a fé publica, a qual pode ser definida como bem intangivel, que corresponde, exatamente, & confianga que a populacio deposita em sua moeda. 32. (CESPE - 2009 - SECONT/ES - AUDITOR DO ESTADO - DIREITO) A conduta de quem se declara falsamente pobre visando obter os beneficios da justica gratuita subsume-se ao delito de falsificago de documento particular. 33. (CESPE - 2010 - EMBASA - ANALISTA DE SANEAMENTO - ADVOGADO) Segundo 0 STJ, no caso de crime de falsificacéio de moeda, a norma penal n&o busca resguardar somente o aspecto patrimonial, mas também, e principalmente, a moral administrativa, que se vé flagrantemente abalada com a circulac&o de moeda falsa. No entanto, a pequena quantidade de notas ou o pequeno valor de seu somatério é suficiente para quantificar como pequeno o Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br Si de 80 ia Aula 11 - Prof. prejuizo advindo do ilicito perpetrado, a ponto de caracterizar a minima ofensividade da conduta para fins de excluséio de sua tipicidade. 34, (CESPE - 2009 - DPE/ES - DEFENSOR PUBLICO) A apresentacéio de documento falso @ autoridade incompetente, apés exigéncia desta, nao configura o crime de uso de documento falso. 35. (CESPE - 2009 - DPE/ES - DEFENSOR PUBLICO) Se, ao ser abordado por policiais militares, em procedimento rotineiro no centro da’ cidade onde mora, um individuo se identificar com outro nome, a fim de esconder antecedentes penais, esse individuo praticaré o delito de falsa identidade, segundo o STJ. 36. (CESPE - 2013 - POLICIA FEDERAL - DELEGADO) A falsa atribuigéo de identidade sé é caracterizada como delito de falsa identidade se feita oralmente, com o poder de ludibriar; quando formulada por escrito, constitui crime de falsificacéio de documento puiblico. 37. (CESPE - 2013 - DPE-DF - DEFENSOR PUBLICO) Julgue os seguintes itens, relativos aos crimes de porte ilegal de arma de fogo, roubo e falsificacdo. 0 agente que falsificar cartao de crédito ou débito cometerd, em tese, o crime de falsificaco de documento particular previsto no CP. 38. (CESPE - 2013 - PC-BA - ESCRIVAO DE POLiCIA) Julgue os préximos itens, relativos a crimes contra a fé publica. A consumacdo do crime de atestar ou certificar falsamente, em razéo de fung&o publica, fato ou circunstancia que habilite alguém a obter cargo publico, isengdo de dnus ou de servico de carater puiblico, ou qualquer outra vantagem ocorre no instante em que o documento falso é criado, independentemente da sua efetiva utilizag&o pelo beneficiério 39. (CESPE - 2013 - PC-BA - ESCRIVAO DE POLICIA) Julgue os préximos itens, relativos a crimes contra a fé publica. Considere a sequinte situac&o hipotética. Celso, maior, capaz, quando trafegava com seu veiculo em via publica, foi abordado por policiais militares, que Ihe exigiram a apresentacéio dos documentos do veiculo e da carteira de habilitacdo. Celso, entao, apresentou habilitacdo falsa. Nessa situac&o, a conduta de Celso & considerada atipica, visto que a apresentacéo do documento falso decorreu de circunstancia alheia & sua vontade. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 52 de 80 ia F Aula 11 - Prof. 40. (CESPE - 2013 - MPU - ANALISTA - DIREITO) A inserg&o, em assentamento de registro civil, de declaracao falsa com vistas alteragdo da verdade sobre fato juridicamente relevante configura crime de falsidade ideolégica, com aumento de pena em razéo da natureza do documento. 41. (CESPE - 2013 - CNJ — ANALISTA JUDICIARIO) Crime de falsificagdo de documento publico, quando cometido por funcionério publico, admite a modalidade culposa ~~ hipétese em que a pena € reduzida. 42. (CESPE - 2013 - TCDF - PROCURADOR) O crime de uso de documento falso é formal, consumando-se com a simples utilizag3o do documento reputado falso, ndo se exigindo a comprovagao de efetiva leséio a fé pUblica, o que afasta a possibilidade de aplicacao do pri da insignificancia, em raz&o do bem juridico tutelado. 43. (CESPE - 2014 - TCDF - ACE) Julgue os itens a seguir, acerca de crimes contra a administragéo publica e contra a fé publica. Considere que determinado servidor publico, prevalecendo-se de seu cargo, tenha falsificado o teor de um testamento particular. Nesse caso, o servidor praticou o delito de falsificagdo de documento particular, que no se equipara a documento publico, e esta sujeito ao aumento da pena prevista na lei penal. 44, (CESPE - 2013 - AGU - PROCURADOR) Acerca da legislagdo penal especial e dos crimes contra a administragao publica e contra a fé publica, julgue os itens subsequentes. Aquele que emitir, sem permissdo legal, titulo que contenha promessa de pagamento em dinheiro ao portador praticara crime contra a ordem econémica, as relacdes de consumo e a economia popular. 45. (CESPE - 2013 - PC-DF - AGENTE DE POLICIA) O empresério que inserir na carteira de trabalho e previdéncia social de seu empregado declaraco diversa da que deveria ter escrito cometerd o crime de falsidade ideolégica. 46. (CESPE - 2013 - TJ-BA - TITULAR NOTARIAL - ADAPTADA) A falsificagdo de carto de crédito, por si sé, n&o configura conduta tipica punivel, uma vez que esse tipo de cartéo néo é um documento propriamente dito, mas constitui apenas uma base material destinada a estampar informe ou outros dados crediticios. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 53 de 80 Aula 11 - Prof. R 47. (CESPE - 2013 - SEGESP-AL - PAPILOSCOPISTA) No que se refere aos crimes contra a fé publica e contra o patriménio e a imputabilidade, julgue os itens seguintes. Considera-se crime contra a fé publica fraudar concurso puiblico para érgao da inistragdo direta do governo federal ou vestibular para universidade PATS ANG OMA lO 01. (CESPE - 2016 - TCE-PR - AUDITOR) Assinale a opcao correta com relacao aos crimes contra a fé piblica. A) O tipo penal que incrimina a conduta de possuir ou guardar objetos especialmente destinados 4 falsificagdo de moeda consti excecdo a impunibilidade dos atos preparatérios no direito penal brasileiro. B) Os documentos emitidos pelas empresas publicas estaduais sao equiparados a documentos particulares para efeitos pen: C) © servidor publico que dolosamente faz afirmagao falsa em procedimento de licenciamento ambiental comete o crime de falsidade ideolégica, previsto no CP. D) 0 agente que falsificar e posteriormente usar documento ptblico cometera os crimes de falsificagéo de documento ptiblico e uso de documento falso em concurso material, nos termos do CP. E) Segundo o entendimento consolidado nos tribunais superiores, sera tida como atipica a conduta do acusado que, ao ser preso em flagrante, informar nome diverso, uma vez que agira em legitimo exercicio de autodefesa. COMENTARIOS: A) CORRETA: Item correto, pois os atos preparatérios néo séo puniveis em EM REGRA (art. 31 do CP). Existem, portanto, excegdes. Alguns tipos penais auténomos criminalizam condutas que so meros atos preparatérios para outros delitos, como é 0 caso do delito de petrechos de falsificagao de moeda (art. 291 do CP), que configura uma das exce¢ées 4 impunibilidade dos atos preparatérios. B) ERRADA: Estes documentos s&o considerados documentos publicos, pois emitidos por érgaos ptiblicos. C) ERRADA: 0 funcionério publico pratica, aqui, um crime ambiental, previsto no art. 66 da Lei 9.605/98: Art. 66. Fazer o funcionério publico afirmagdo falsa ou enganosa, omitir a verdade, sonegar informacées ou dados técnico-cientificos em procedimentos de autorizag3o ou de licenciamento ambiental: Pena - reclusao, de um a trés anos, e multa. D) ERRADA: Segundo entendimento jurisprudencial majoritdrio, 0 agente responderé apenas pelo delito de falsificacdo de documento, sendo o uso Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 54 de 80 eoria Aula 11 - Prof. considerado como mero pés-fato impunivel (mero exaurimento do delito). E) ERRADA: Item errado, a tese de “autodefesa” em casos como este foi rechacada pelos Tribunais Superiores, tendo o STJ, inclusive, editado verbete de simula em sentido contrario, ou seja, sustentando que, neste caso, fica configurado o delito de falsa identidade, previsto no art. 307 do CP (simula 522 do $T3). Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA A. 02. (CESPE - 2014 - PGE-BA —- PROCURADOR DO ESTADO) Aquele que utilizar laudo médico falso para, sob a alegacdo de possuir doenca de natureza grave, furtar-se ao pagamento de tributo, devera ser condenado apenas pela pratica do delito de sonegacao fiscal se a falsidade ideolégica for cometida com o exclusivo objetivo de fraudar o fisco, em virtude da aplicacio do principio da subsidiariedade. COMENTARIOS: De fato, o agente respondera apenas pelo crime-fim, ou seja, © crime tributdrio, j4 que a falsidade foi praticada como mero crime-meio para a pratica do delito tributario. Contudo, o principio aplicavel é o da CONSUNCGAO (absorgao do crime-meio pelo crime-fim). Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 03. (CESPE - 2015 - DPU - DEFENSOR PUBLICO) Praticara o crime de falsidade ideolégica aquele que, quando do preenchimento de cadastro ptblico, nele inserir declaracgdo diversa da que deveria, ainda que ndo tenha o fim de prejudicar direito, criar obrigacao ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. COMENTARIOS: Item errado, pois o tipo penal do art. 299 do CP exige, para sua configuragao, a presenga do elemento subjetivo especifico (ou especial fim de agir, também chamado de dolo especifico), consistente na INTENCAO de prejudicar direito, criar obrigacao ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Vejamos: Falsidade ideolégica Art. 299 - Omitir, em documento publico ou particular, declaracéo que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaracéo falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigacao ou alterar a verdade sobre fato Juridicamente relevante: Pena - reclusdo, de um a cinco anos, e multa, se o documento é puiblico, e reclusdo de um a trés anos, e multa, de quinhentos mil réis a cinco contos de réis, se 0 documento é particular. Assim, ausente tal intento, nao restara configurado o delito do art. 299 do CP. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 04. (CESPE - 2015 - TRE-GO - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 55 de 80 Aula 11 - Prof. R Cometera o delito de falsidade ideolégica o médico que emitir atestado declarando, falsamente, que determinado paciente esta acometido por enfermidade. COMENTARIOS: Item errado, pois existe um tipo penal especifico para este caso, que € 0 crime de “falsidade de atestado médico”, previsto no art. 302 do cP: Falsidade de atestado médico Art. 302 - Dar 0 médico, no exercicio da sua profiss3o, atestado falso: Pena - detencdo, de um més a um ano. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 05. (CESPE - 2015 - TCU - AUDITOR FEDERAL DE CONTROLE EXTERNO) Situagdo hipotética: Com o intuito de viajar para o exterior, Pedro, que no possui passaporte, usou como seu o documento de Paulo, seu irmao — com quem se parece muito —, tendo-o apresentado, sem adulteracées, Para os agentes da ‘companhia | aérea e da Policia Federal no aeroporto. Pedro e Paulo tém mais de dezoito anos de idade. Assertiva: Nessa situagéo, de acordo com o Cédigo Penal, Pedro cometeu o crime de falsidade ideolégica. COMENTARIOS: Item errado, pois Pedro praticou o delito previsto no art. 308 do CP: Art, 308 - Usar, como proprio, passaporte, titulo de eleitor, caderneta de reservista ‘ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, proprio ou de terceiro: Pena - detencéo, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato nao constitui elemento de crime mais grave. Trata-se, segundo a doutrina, de uma modalidade especifica do delito de falsa identidade, também chamado de crime de “uso de documento de identidade alheio”. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 06. (CESPE - 2015 - PGM - PROCURADOR) De acordo com o Cédigo Penal, agente que registrar na CTPS de empregado, ou em qualquer documento que deva produzir efeito perante a previdéncia social, declaracao falsa ou diversa daquela que deveria ter sido escrita praticara o delito de A) uso de documento falso. B) falsificacgéo de documento particular. C) falsa identidade. D) falsidade ideolégica. E) falsificagéo de documento publico. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 56 de 80 Aula 11 - Prof. R COMENTARIOS: Embora tal conduta seja, do ponto de vista estrutural, muito parecida com o delito de falsidade ideolégica, temos aqui um crime de falsificagéo de documento publico, conforme estabelecido no art. 297, §3°, II, do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA £ A LETRA E. 07. (CESPE - 2009 - BCB - PROCURADOR) Quanto aos crimes contra a fé ptiblica e contra a administracao publica, assinale a opcio correta. A) No crime de falsificagéo de documento publico, o fato de ser o agente funcionario pdblico é um indiferente penal, ainda que esse agente cometa o crime prevalecendo-se do cargo, tendo em vista que tal delito € contra a fé e n4o contra a administracao publica. B) No crime de falsidade ideolégica, o documento é materialmente verdadeiro, mas seu contetido nao reflete a realidade, seja porque o agente omitiu declaracdo que dele deveria constar, seja porque nele inseriu ou fez inserir declaracdo falsa ou diversa da que devia ser escrita. C) No crime de prevaricacdo, a satisfacdo de interesse ou sentimento pessoal € mero exaurimento do crime, nado sendo obrigatéria a sua presenca para a configuragao do delito. D) N&o haveré4 o crime de condescendéncia criminosa quando faltar ao funcionario publico competéncia para responsabilizar o subordinado que cometeu a infragdo no exercicio do cargo. E) A ocorréncia de prejuizo ptiblico como resultado do fato no influencia a pena do crime de abandono de funcao. COMENTARIO: O crime de falsidade ideolégica é um crime contra a fé ptiblica, consistente na alteragdo do contetido de determinado documento, com vistas a alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante. Tem, por finalidade, portanto, 0 contetido do documento, nao sua forma, diferentemente do crime de falsidade documental. E crime comum, podendo ser praticado por qualquer pessoa, e somente pode ser praticado na forma dolosa, por nao haver previséo de sua punic&o a titulo culposo. Vejamos ° art. 299 do cP: Falsidade ideologica Art. 299 - Omitir, em documento publico ou particular, declaragéo que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaracdo falsa ou diversa da que devia ser escrita, com 0 fim de prejudicar direito, criar obrigacdo ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclusdo, de um a cinco anos, e multa, se o documento é puiblico, e recluséo de um a trés anos, e multa, se 0 documento é particular. Assim, a alternativa B esta correta. As demais alternativas esto erradas, eis que no crime de falsificacio de documento publico, o fato de o agente ser funcionario puiblico é causa de aumento de pena, art. 297, §1° do CP. No crime de prevaricacdo a satisfacéo de sentimento pessoal é elementar do crime e ndo mero exaurimento, nos termos do art. 319 do CP. O crime de condescendéncia criminosa pode ser praticado pelo Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 57 de 80 Aula 11 - Prof. R superior hierdrquico, ainda que este n&o tenha competéncia para punir o subordinado, j4 que deve levar o fato a conhecimento de quem tenha competéncia, nos termos do art. 320 do CP. Por fim, a ocorréncia de prejuizo ptiblico € causa qualificadora no crime de abandono de cargo ou fungao publica, nos termos do art. 323, §1° do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA B. 08. (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TECNICO DE INTELIGENCIA) Julgue o préximo item com base no que estabelece o Cédigo Penal sobre falsidade documental e crimes praticados por funcionario publico. A omisséo0, em documento publico, de declaragdo que dele deveria constar, ou a inser¢do de declaracSo falsa ou diversa da que deveria ter sido escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigacao ou alterar a verdade sobre fato juridico relevante, sujeita o funciondrio publico a pena de reclusdo de uma cinco anos e multa, se 0 documento for ptiblico; e de um a trés anos e multa, se o documento for particular. A pena sera aumentada em um sexto se a falsificagdo ou alteracdo for de assentamento de registro ci COMENTARIO: A afirmativa esté CORRETA, eis que a conduta narrada pela questo se amolda perfeitamente ao tipo penal do art. 299, qual seja, o crime de falsidade ideolégica. Vejamos: Art, 299 - Omitir, em documento publico ou particular, declaragéio que dele devia constar, ou nele inserir ou fazer inserir declaracéo falsa ou diversa da que devia ser escrita, com o fim de prejudicar direito, criar obrigago ou alterar a verdade sobre fato juridicamente relevante: Pena - reclus30, de um a cinco anos, e multa, se 0 documento é puiblico, e reclusso de um a trés anos, e multa, se o documento é particular. Pardgrafo Unico - Se 0 agente é funciondrio ptiblico, e comete o crime prevalecendo- se do cargo, ou se a falsificacdo ou alteracéo é de assentamento de registro civil, aumenta-se a pena de sexta parte. Portanto, a afirmativa esta CORRETA. 09. (CESPE - 2010 - ABIN - OFICIAL TECNICO DE INTELIGENCIA) Com base nos delitos em espécie, julgue o préximo item. Um agente que tenha adq co cédulas falsas de R$ 50,00 com o intuito de introduzi-las no comércio local deve responder pelo tipo de moeda falsa, visto que, nessa situacéo, n&o se aplica o principio da insignificancia como causa excludente de tipicidade. COMENTARIO: O crime de moeda falsa esta previsto no art. 289 do CP, e tem como condutas, dentre outras, a introdugéo da moeda falsa em circulacSo. Vejamos: Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metélica ou papel-moeda de ‘curso legal no pais ou no estrangeiro: Pena - reclusio, de trés a doze anos, e multa. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 58 de 80 eoria Aula 11 - Prof. § 19 - Nas mesmas penas incorre quem, por conta propria ou alheia, importa ou exporta, adquire, vende, troca, cede, empresta, guarda ou introduz na circulacao moeda falsa. Segundo a Jurisprudéncia pacifica do STJ, n&o se aplica o principio da insignificdncia ao delito de moeda falsa. Vejamos: HABEAS CORPUS. MOEDA FALSA. APLICACAO DO PRINCIPIO DA INSIGNIFICANCIA. IMPOSSIBILIDADE. DESCLASSIFICAGAO PARA O DELITO DE ESTELIONATO. NECESSIDADE DE REVOLVIMENTO DO CONJUNTO FATICO-PROBATORIO. INCOMPATIBILIDADE COM A VIA ELEITA. ORDEM DENEGADA. 1. Segundo iterativa jurisprudéncia desta Corte e do Supremo Tribunal Federal, 0 principio da insignificancia no é aplicével ao delito de moeda falsa, independentemente, da quantidade de notas ou do valor por elas ostentado. (o-) 4 (HC 149.552/RS, Rel. Ministro MARCO AURELIO BELLIZZE, QUINTA TURMA, julgado em 07/08/2012, DJe 22/08/2012) Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 10. (CESPE - 2010 - AGU - PROCURADOR FEDERAL) Acerca dos crimes rel: ivos a licitacio, crimes contra a fé publica e crimes contra as relagdes de consumo, julgue o item a seguir. E atipica a conduta do agente que desvia e faz circular moeda cuja circulagéo ainda ndo estava autorizada, pois constitui elementar do crime de moeda falsa a colocac’o em circulagdo de moeda com curso legal no pais ou no exterior. COMENTARIO: O crime de moeda falsa esta previsto no art. 289 do CP. Vejamos: Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metélica ou papel-moeda de curso legal no pais ou no estrangeiro: Pena - reclusao, de trés a doze anos, e muita. Assim, vemos que a circunstancia "de curso legal no pais ou no estrangeiro" é uma elementar do tipo, de forma que, ausente esta circunstdncia no objeto falsificado, estara afastada a caracterizacao do delito de moeda falsa. No entanto, 0 §4° estende os efeitos do tipo penal do caput 4 conduta daquele que pratica o fato em relago & moeda cuja circulacéo ainda nao tenha sido autorizada. Vejamos: Art. 289 (...) § 40 - Nas mesmas penas incorre quem desvia e faz circular moeda, cuja circulacéo nao estava ainda autorizada. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 11. (CESPE - 2012 - TC/DF - AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 59 de 80 Aula 11 - Prof. R ‘A respeito dos crimes contra a fé publica, dos crimes previstos na Lei de Licitagées, bem como dos principios e conceitos gerais de direito penal, julgue o item a seguir. , que somente pode ter como sujeito ativo o servidor ificar, no todo ou em parte, atestado ou certiddo, ou alterar © teor de certidao ou atestado, para produzir prova de fato que habilite alguém a obter cargo publico. COMENTARIO: 0 crime descrito na questéo é 0 crime de FALSIDADE MATERIAL DE ATESTADO MEDICO OU CERTIDAO, previsto no art. 301 do CP: Art, 301 (...) Falsidade material de atestado ou certidao § 1° - Falsificar, no todo ou em parte, atestado ou certidgo, ou alterar o teor de certido ou de atestado verdadeiro, para prova de fato ou circunstancia que habilite alguém a obter cargo publico, isencao de énus ou de servico de carater publico, ou qualquer outra vantagem: Pena - detencéo, de trés meses a dois anos. Este delito NAO E PROPRIO, podendo ser praticado por qualquer pessoa, diferente do crime do caput (ndo transcrito), que é 0 de "atestar ou certificar falsamente...", este sim um delito préprio. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 12. (CESPE - 2012 - TC/DF - AUDITOR DE CONTROLE EXTERNO) A respeito dos crimes contra a fé puiblica, dos crimes previstos na Lei de Licitacées, bem como dos principios e conceitos gerais de direito penal, julgue o item a seguir. A falsificagéo de moeda e a falsificagéo de documento particular, bem lade de atestado médico, sao crimes Gltimos referem-se a falsidade do conteGdo da declaracdo contida no documento, que, entretanto, é materialmente verdadeiro. COMENTARIO: Os delitos de falsificagéo de moeda (moeda falsa) e falsificag&o de documento particular, de fato, sSo crimes contra a fé ptiblica, estando previstos nos arts. 289 e 298 do CP, dentro do Titulo X (Crimes contra a fé ptiblica). Ambos os delitos se referem a forma do que esta sendo falsificado, no primeiro caso a moeda e no segundo caso o documento particular, de forma que © proprio objeto é falso. Os crimes de falsidade ideoldgica e falsidade de atestado médico também estéo previstos dentro do Titulo X do CP (crimes contra a fé publica), arts. 299 e 302 do CP, sendo, no entanto, crimes nos quais nao se esta a alterar a forma do documento, que é original, verdadeiro. O que se altera é o contetido que deveria estar dentro do documento, ou seja, 0 contetido do documento, aquilo que ele expressa, é falso. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 60 de 80 Aula 11 - Prof. R Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 13. (CESPE - 2009 - AGU - ADVOGADO DA UNIAO) Julgue o item a seguir acerca dos crimes contra a fé publica. No crime de falsificagéo de documento publico, a circunstancia de ser o sujeito ativo funcionario publico, independentemente de ter ele se prevalecido do cargo e, com isso, obtido vantagem ou facilidade para a consecuco do crime, é um indiferente penal. COMENTARIO: Embora o delito de falsificagdo de documento ptiblico seja um crime comum, ou seja, no exige nenhuma qualidade especial do agente, se o delito for praticado por funcionério ptiblico no exercicio da fungao, prevalecendo- se de alguma vantagem proporcionada pelo cargo, a pena é aumentada em um sexto, nos termos do art. 297, §1° do CP: Art. 297 - Falsificar, no todo ou em parte, documento publico, ou alterar documento publico verdadeiro: Pena - recluséo, de dois a seis anos, e multa. § 1° - Se o agente é funcionério publico, e comete o crime prevalecendo-se do cargo, aumenta-se a pena de sexta parte. Assim, nao se trata de indiferente penal. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA ERRADA. 14, (CESPE - 2011 - DPU/MA - DEFENSOR PUBLICO) Acerca dos crimes contra a fé publica e contra a admit assinale a opcio correta. A) A incidéncia da circunstancia agravante relativa ao abuso de poder ou violacéo de dever inerente a cargo, oficio, ministério ou profisséo nao se mostra incompativel com o delito de peculato. B) Caracteriza o delito de moeda falsa a fabricacéo de instrumento ou de qualquer objeto especialmente destinado a falsificagao de moeda. C) Reconhecer como verdadeira, no exercicio de funcao publica, firma ou letra que nao o seja caracteriza o delito de falsificagao de documento particular. D) Destruir, em beneficio préprio ou de outrem, documento ptblico ou particular verdadeiro de que nao se pode dispor configura o delito de falsidade ideolégica. E) A consumagio do crime de peculato-apropriacdo ocorre no momento em que o funciondrio publico, em virtude do cargo, comega a dispor do bem mével de que se tenha apropriado, como se proprietario dele fosse. COMENTARIO: A) ERRADA: A aplicacdo desta agravante é impossivel no crime de peculato, eis que essa circunstdncia jé é uma elementar do tipo penal de peculato, ndo podendo incidir a agravante, sob pena de BIS IN IDEM; istragdo publica, Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 61 de 80 eoria a Aula 11 - Prof. B) ERRADA: Essa conduta caracteriza o delito de PETRECHOS DE MOEDA FALSA, previsto no art. 291 do CP: Petrechos para falsificacao de moeda Art. 291 - Fabricar, adquirir, fornecer, a titulo oneroso ou gratuito, possuir ou guardar maquinismo, aparelho, instrumento ou qualquer objeto especialmente destinado 4 falsificacao de moeda: Pena - reclusio, de dois a seis anos, e multa. C) ERRADA: Essa conduta caracteriza o delito de falso reconhecimento de firma ou letra, previsto no art. 300 do CP: Falso reconhecimento de firma ou letra Art. 300 - Reconhecer, como verdadeira, no exercicio de funcao publica, firma ou letra que 0 ndo seja: Pena - reclusao, de um a cinco anos, e multa, se 0 documento é publico; e de um a trés anos, e multa, se 0 documento é particular. D) ERRADA: Nesse caso, resta caracterizado o delito de supressdéo de documento, previsto no art. 305 do CP: ‘Supressio de documento Art. 305 - Destruir, suprimir ou ocultar, em beneficio préprio ou de outrem, ou em prejuizo alheio, documento publico ou particular verdadeiro, de que no podia dispor: Pena - reclusao, de dois a seis anos, e multa, se o documento é puiblico, e recluséo, de um a cinco anos, e multa, se 0 documento é particular. E) CORRETA: A afirmativa esta correta, pois no peculato-apropriacgaéo o funciondrio publico ja esta na posse do bem, o que ocorre € uma inversao da intencdo, que antes era apenas a de ser mero detentor, ou seja, apenas ter a posse do bem que sabe nao ser seu, para uma intengiio de ter o bem como préprio (ANIMUS REM SIBI HABENDI). Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA £ A LETRA E. 15. (CESPE - 2012 - AGU - ADVOGADO DA UNIAO) Julgue o item a seguir, que versa sobre crimes relacionados as licitacdes e delitos contra a fé publica e as relagées de consumo. © agente que falsificar e, em seguida, usar 0 documento falsificado respondera apenas pelo crime de falsificagao. COMENTARIO: Essa questo ja foi analisada pelo STJ, tendo sido mantida a decisdo do Juizo de primeiro grau. Vejamos: PENAL. HABEAS CORPUS. MOEDA FALSA E FALSIFICACAO DE DOCUMENTO PUBLICO. PLEITO DE APLICAGAO DA TESE DA AUTODEFESA. ATIPICIDADE DA CONDUTA. INVIABILIDADE. 1. 0 Juizo de primeiro grau imputou ao paciente o crime de falsificacso de documento piiblico, uma vez que o crime de uso de documento falso restou absorvido por aquele. on) 4. Assim, além de 0 caso dos autos nao se adequar ao anterior entendimento desta Corte, por se tratar de falsificagao de documento publico, e nao uso de documento falso, @ pretens3o do impetrante esbarra no entendimento atual da Turma. 5. Ordem denegada. (HC 195.634/SP, Rel. Ministro SEBASTIAO REIS JUNIOR, SEXTA TURMA, julgado em 03/11/2011, DJe 28/11/2011) Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 62 de 80 ia Aula 11 - Prof. Assim, vemos que quando o agente comete ambos os crimes, dever responder apenas pelo crime de falsificacao. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 16, (CESPE - 2012 - TJ/BA - JUIZ ESTADUAL) Considerando o que dispde o CP a respeito dos crimes contra a incolumidade, a paz, a fé e a administragao publicas, assinale a opgdo correta. A) Nao integram o tipo penal perigo de desastre ferrovidrio os veiculos de trag’o mec4nica por meio de cabo aéreo. B) Considere que Jodo, Pedro, Anténio e Joaquim, todos maiores de idade, associem-se com a fin: lade de falsificar um Unico ingresso de evento esportivo. Nessa situacdo, a conduta dos agentes se amolda ao crime de quadrilha. C) Suponha que Maria, de dezenove anos de idade, receba, de boa-fé, de um desconhecido passe falso de transporte de empresa administrada pelo governo eo ize imediatamente apés ser alertada, por seu irma: da falsidade do te. Nessa situacdo, a conduta de Maria caracteri se como atipica. D) Responde criminalmente o funciondrio ptiblico que, em razéo da fungdo, e mesmo antes de assumi-la, aceita promessa de vantagem indevida, ainda que néo ——venha a recebé-la. E) Nao é prevista a modalidade culposa para o crime de desabamento. COMENTARIO: A) ERRADA: Estes veiculos também integram o tipo penal, nos termos do art. 260, e seu §3° do CP; B) ERRADA: Nao ha crime de quadrilha neste caso, pois o tipo penal do art. 288 exige que a associagao se dé para a pratica de CRIMES, no plural, e nao para apenas um delito; C) ERRADA: A conduta de Maria, neste caso, se amolda ao tipo penal do art. 289, §2° do CP. Vejamos: Art. 289 - Falsificar, fabricando-a ou alterando-a, moeda metélica ou papel-moeda de curso legal no pais ou no estrangeiro: Pena - reclusao, de trés a doze anos, e multa. () § 2° - Quem, tendo recebido de boa-fé, como verdadeira, moeda falsa ou alterada, a restitui 4 circulagao, depois de conhecer a falsidade, é punido com detencao, de seis meses a dois anos, e multa. D) CORRETA: Esse funcionario ptiblico respondera pelo delito de corrupcdo passiva, nos termos do art. 317 do CP; E) ERRADA: O crime de desabamento admite modalidade culposa, nos termos do art. 256, § unico do CP. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA D. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 63 de 80 Aula 11 - Prof. R 17. (CESPE - 2012 - AGU - ADVOGADO DA UNIAO) Julgue 0 item a seguir acerca dos crimes contra a fé publica. De acordo com o STJ, a falsificagéo nitidamente grosseira de documento afasta o delito de uso de documento falso, haja vista a inaptiddo para ofender a fé publica. COMENTARIOS: 0 delito de uso de documento falso exige potencialidade lesiva para sua caracterizacdo, ou seja, é necessdrio que a falsificagao seja passivel de levar alguém a erro. A Doutrina e o STJ entendem que se a falsificagao for grosseira, nao ha crime, por nao possuir potencialidade lesiva (nao tem o poder de enganar ninguém). O poder de iludir (imitatio veri) é indispensavel. Caso nao haja esse poder, poderemos estar diante de estelionato, no maximo, caso _haja obtencdo de vantagem indevida em detrimento de alguém mediante esta fraude. Portanto, a AFIRMATIVA ESTA CORRETA. 18. (CESPE - 2013 - TRE/MS - ANALISTA JUDICIARIO - AREA JUDICIARIA) Silas, maior e capaz, foi abordado por pi is militares e, ao ser questionado acerca do documento de identificacéo, apresentou, como sendo seu, 0 dnico documento que carregava, um titulo de eleitor, auténtico, pertencente a terceira pessoa. Nessa situacio hipotética, A) a conduta de Silas ajusta-se ao crime de uso de documento de identidade alheio. B) Silas praticou o crime de falsidade ideolégica. C) configurou-se o delito de uso de documento falso. D) Silas perpetrou o crime de falsa identidade. E) a conduta de Silas foi atipica, pois ele exibiu o documento apenas por exigéncia dos policiais. COMENTARIOS: No caso a Banca considerou como correta a letra A, nos termos. do art. 308 do CP. Vejamos: Art, 308 - Usar, como préprio, passaporte, titulo de eleitor, caderneta de reservista ‘ou qualquer documento de identidade alheia ou ceder a outrem, para que dele se utilize, documento dessa natureza, proprio ou de terceiro: Pena - detencao, de quatro meses a dois anos, e multa, se o fato nao constitui elemento de crime mais grave. A questao é polémica, pois poderia se entender que houve pratica do crime de “falsa identidade”, eis que a nomenclatura “falsa identidade”, de acordo com o CP, se aplica tanto ao art. 307 quanto ao art. 308, embora doutrinariamente o nome “uso de documento alheio” seja utilizada para designar a conduta do art. 308. Questo poderia, tranquilamente, ter sido anulada. Portanto, a ALTERNATIVA CORRETA E A LETRA A. Prof. Renan Araujo www.estrategiaconcursos.com.br 64 de 80

Você também pode gostar