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Revista da Faculdade de Letras «LINGUAS E LITERATURAS» Porto, XIU, 1996, pp. 207-256 FENOMENOLOGIA DA EXPRESSAO LITERARIA CLASSICO E BARROCO EM JORGE DE SENA A obra de Jorge de Sena é marcada por uma profunda consciéncia dialéctica da literatura. Esta consciéncia aleanga grande visibilidade no processo de constituigo de uma «critica superativay que atravessa varias etapas: a «critica histérico-sociolégica» e a «critica ontolégicay (ou fenomenoldgica) so superadas por uma «critica onto-sociolégicay que pro- gride em direcg%io a uma «critica estruturaly e culmina numa «critica tipolégican '. © método critico seniano tende para uma determinagio tipoldgica do objecto, seja o objecto cultural no seu fluir histérico, que se organiza em tomo de certas atitudes fundamentais em progressio dialéc- tica, seja o objecto estritamente literario, de igual modo mobilizado na his- t6ria pelo dinamismo da transmutagdo qualitativa 2, Radicado na tensio Cf. Uma Cangdo de Camdes, Lisboa, Portugalia Editora, 1966, pp. 29-31 Cf. «Ensaio de uma Tipologia Literdria», in Dialécticas Tedricas da Literatura Lisboa, Edigdes 70, 1977, p. 30. Sena explicita nestes termos a sta concepgao dialéctica da cultura: «A cultura ndo é uma repetitive viagem pendular entre polos opostos, mas uma progressdo (nao necessariamente ‘progresso’) dialéctica de numerosos pares de contrérios, cuja relevancia varia de periodo para periodo, ou cuja diferenciagdo correlatamente se acen- tua» («Sobre a Dualidade Fundamental dos Periodos Literdriosn, in idem, p. 200). E actes- centa, mais adiante: «Em nenhuma época foi possivel, pela estrutura do conhecimento |...) que algo existisse sem que por sua mesma existéncia nto suscitasse 0 seu contriio, E isto € a dualidade fundamental, constantemente superada (em progressto ou regressto), da propria existéncia humana de que toda a descrigao da realidade inteiramente dependen (idem, p. 201) Donde decorre que esta visto dialéctica do fenémeno cultural afecta necessariamente © campo da literatura: «© que se passaré na historia da literatura de um ponto de vista universal € que certas tendéncias, mais ou menos vagamente, sempre existem, € podem manifestar-se em maior ou menor grau — mas houve um momento historico, num lugar ¢ numa cultura ou varias, em que uma tendéncia dessas assumiu particular sentido € relevancia, sendo subli- nnhada acima € além das outras, conscientemente, pelos artistas € os criticos» (Pref. a Poesia do Século XX, Porto, Editorial Inova, 1978, p. 39). 207 LUIS ADRIANO CARLOS essencial de uma dialéctica e de uma fenomenologia, 0 método visa for- malizar a historia na estrutura tipolégica; e, de molde a banir a redugdo idealista, propde-se dinamizar a estrutura tipolégica na determinagio rever- sivel de uma historicidade >. Logo, a classificagtio estética do objecto lite- rario, simultaneamente histérico € fenomenoldgico, é rigorosamente deter- minada por uma dualidade fundamental: «Note-se que ‘ismos’ como ‘classicismo’, ‘romantismo*, ‘barroquismo’, ‘realismo’, ‘simbolismo’, “naturalismo’, ‘impressionismo’, ete., etc., podem ser entendidos em dois diversos niveis de sentido, e nao hé outro modo de evitar confusdes em critica literdria, Ou os vemos como movimentos ou tendéncias ou escolas que tiveram uma especifica conotagao histérico-cultural, ou os vernos como caracteristicas tipolégicas (em descrigo fenomenolégica) encontré- veis em autores nas mais diversas épocas ¢ literaturas» 4. Em breves pala- vras, Sena define com clareza a articulagao de dois niveis complementares da textualidade literéria: um nivel de superficie e um nivel de profun- didade, correspondendo respectivamente ao «sentido periodolégicon e ao «sentido estético-tipoldgicon §, Método histérico e método tipolégico No importante «Ensaio de uma Tipologia Literéria» (1960), Jorge de Sena estabelece vinte e dois planos fundamentais de andlise estética, com a finalidade de resolver «a relagdo dialéctica entre as definigdes teoréticas * «O levantamento sindptico das afinidades © divergéncias entre as varias atitudes esta bem longe de ser um aprioristico reconhecimento idealista de arquetipos epistemoldgicos. Sé-lo-ia, se a identificag2o desses arquétipos fosse acompanhada da formulagdo rigida de uma orientagdo escatologica, ou pretendesse definir um supramundo (mais vasto que o do pita- ‘zorismo platénico), do qual descessem & vida dos homens, e condicionadas por ela, séries reais de eventos, que pos-figurassem séries ideais deles. Aquele levantamento, uma vez que se no separe nunca de uma historicidade (& qual ultrapassa ou busca ultrapassar, mas n8o esqueve), € antes a organizagto teorética da multiplicidade de virtualidades probabilisticas do conhecimento, adentro dos limites, digamos instrumentais, do ser humano» («Ensaio de uma Tipologia Literdrian, ens. cit, p. 31). Cf. as criticas as tipificagdes idealisticas nos ensaios «O Maneirismo de Camdes», in Trinta Anos de Cambes, vol. 1, Lisboa, Edigdes 70, 1980, p. 45, © «Sobre a Dualidade Fundamental dos Periodos Literdrios», ens. cit., p. 202. * Pref. a Poesia do Século XX, prefacio cit. p, 39. 5 wPost-Ficio — 1963», posf. a Metamorfoses, in Poesia-II, 22 ed., Lisboa, Edigbes 70, 1988, p. 160. No ensaio «Algumas Palavras sobre o Realismo, em especial o Portugués © 0 Brasileiro», de 1971, 0 autor fala de sentido «histérico-literdrio» € sentido «fenomenolé- ico ou tipolégicon (Estudos de Cultura e Literatura Brasileira, Lisboa, EdigBes 70, 1988, p. 348) 208 CLASSICO E BARROCO EM JORGE DE SENA € 0 historicismo das classificagées periodolégicas» ® por meio de uma dis- tribuigdo antitética de «atitudes», orientando «no sentido da obra em si ‘mesma todas as coordenadas que as diversas disciplinas fornecem para entendé-la» 7. © emparelhamento antitético, «natural ¢ intrinseco a propria dialéctica da criagio literarian, € enquadrado numa «combinago suces- sivay que «progride segundo uma fungao exponencial de dois», até a0 aestabelecimento ‘esquemético” [..] de 2 hipéteses analiticas, ou sejam... 4 196 304» 8. As possibilidades analiticas do modelo prevéem ainda que a correlago dialéctica das atitudes apresente «toda uma gama de gradacdes» e que cada atitude apareca «com infinita variagao de graus de intensidaden ‘ou com «tendéncia» para «a sua contraria» °, a medida em que, no decurso da descrigao fenomenolégica do objecto, vaio ocorrendo as «verificagbes concretas» '°, Independentemente da questo da eficdcia global do modelo, ¢ da deficiente compreensao a que se sujeita quando interpretado fora do seu Ambito metodolégico "', esta orientago critica de Sena, visando as formas profundas do texto, reveste-se de uma importncia fundamental para o © Uma Cangao de Camées, ob. cit., p. 33. 7 «Ensaio de uma Tipologia Literérian, ens. cit, pp. 34-35; ef. p. 69. Em 1947, ja se referia as atitudes, mas como metos «dualismos»: «Por atitudes, entendam-se os dualismos classicismo © romantismo; simbolismo e naturalismo; conceptismo e realismo; ete.» (Poesia € Filosofia/l — O Poeta e a Filosofia, «Mundo Literarion, 52, Lisboa, 3-5-47, p. 3). * «Ensaio de uma Tipologia Literérian, ensaio cit, pp. 36 € 70. 9 Idem, pp. 66-67. '© «Sistemas © Correntes Criticas», in Dialécticas Tedricas da Literatura, ob. cit., p. 166, Em 1958, Sena afirmava que «as atitudes estéticas representam ou significam, com ‘5 diversos graus © variedades inerentes a uma tipologia que se queira concreta, formas de ‘mundividéncia resultantes de reacgdes idiossincrisicas (€ & possivel, assim, sem apelo a cara terologias rigidas e idealistas, compreender a ressurgéncia, em todas ou quase todas as lite raturas das diversas €pocas € civilizagdes, de atitudes simbolistas, naturalistas, ete.)» (ePreficio da 1° Edigdon, pref. a Liricas Portuguesas — 3." Série, vol. |, 3." ed., Lisboa, Edigdes 70, 1984, p, LXXIX). E actescentava que, @ semelhanga dos géneros, as atitudes «sero como que arquétipos, sem nada de misterioso ou de supra-real; ¢, como tais, ndo desa- parecem nem se transformam, sendo na medida em que as mundividéncias também se alte~ ram, segundo as estruturas das sociedades que as suscitam» (ibidem). 1 CL as andlises tipolégicas de Sena em «Alma minha Gentil..”», in Trinta Anos de Camoes, ob. cit, vol. II, pp. 18 sg., € «Estudo Tipoldgico de um Soneto de Camdes», apén- dice a «Ensaio de uma Tipologia Literériay, ens. cit, pp. 77 sg. Cf. ainda as tentativas de aplicagdo a sua propria poesia praticadas por Cury, Jorge — Itinertirio Poético de Jorge de Sena: Estudo Tipolégico de um Soneto de Jorge de Sena, in AA. VV. — «Studies on Jorge de Sena», Santa Barbara, Jorge de Sena Center for Portuguese Studies/Bandanna Books, 1981, pp. 63 sg., © ViriRA-PiMteNtet, F. J. — As Metamorfoses de Jorge de Sena: Para além do Homem e dos Deuses, «Cadernos de Literatura», 9, Coimbra, Outubro de 1981, pp. 73-74 209 LUIS ADRIANO CARLOS conhecimento da sua prépria expresso poética, porque 0 método tipolé- ico permite constituir um horizonte interno onde se tornam visiveis as correlagdes imanentes da obra e, nessa medida, mantém uma relagao necessdria de complementaridade com 0 método histérico. Sena visa afinal «dois alvos distintos ainda que inter-relacionados»: «Por um lado, a clari- ficagiio de conceitos literdrios que, usados, como correntemente o so, fora dos seus contextos histéricos, se tornaram de uma aventurosa e impres- sionista confusdo de areas seménticas. Por outro lado, o permitir — apds quaisquer andlises determinativas das caracteristicas de um autor — obser- vé-lo numa sintese de cupula, em que todavia se no perdem de vista os diversos planos de analise, em que a determinag&o se desenvolveu» "2, A visto da obra seniana num horizonte tipolégico possibilita desfazer os ‘Nota de Aberturan, in Dialécticas Teéricas da Literatura, ob. cit, p. 1819. Em termos explicitados no ensaio, tratava-se de contestar uma situagao dominada pela oscilagao pendular «entre a consideragto de familias espirituais, comunicando entre si através dos tem- pos © dos lugares, ea de periodos literérios isolados no tempo € no espago, comunicando essencialmente apenas no préprio ambito de cada um». Tal situagdo reduz-se a dois «senti- dos contrariosn seguidamente enunciados: «a) uma quase diriamos sistematica extrapolagio dos conteddos historicos dos termos, que passam a ser usados como qualificativos de figuras ou de tendéncias literérias de outras épocas e lugares, nas quais se distinguem ou se pretende acentuar tragos semelhantes aos daqueles conjuntos convencionais de caracteristicas, que esses {ermos foram, com maior ou menor felicidade, chamados designar; € 6) uma no menos sistemiitica fixago do uso desses termos, com fitos de taxonomia periodistica, em que 0 periodo literério assume as fungdes, menos de uma definigio atificial e necessdria de li tes historicos determinados, que de um denominador comum de factores estéticos e estilisti cs, a partir do qual, como que por um calculo estatistico de desvios, seriam caracterizaveis as diversas personatidades em suas obras» («Ensaio de uma Tipologia Literdrian, ens. cit pp. 25-26; ef. «Maneirismo € Barroquismo na Poesia Portuguesa dos Séculos XVI ¢ XVII», in Trinta Anos de Cambes, ob. cit, vol. 1, pp. 66-67). Seis anos depois, Sena procedia a uma delimitagao precisa do seu método tipolbgico, que de facto convém ter presente a par das grandes categorias da fenomenologia husserliana: «A tipologia literdria que definimos ¢ usa- ‘mos € coisa inteiramente diversa das “biotipologias’ que pretendem reconhecer e classificar (05 homens segundo tipos psicofisicos, ou das tipologias estritamente psicologisticas, propos- tas pela psicologia analitica. E, como 0 nome indica, uma tipologia literdria, A personalidade que se descreve ¢ caracteriza € a de um autor enquanto autor, € a descrigao € baseada nas verificagdes metodoligicas do seu estilo [..]. © método tipoldgico [...] surgiu da necessidade de sistematizar metodologicamente a confusdo vocabular da critica e da historia literdria 20 usar © abusar impressionisticamente de classificagdes que, prenhes de conotagdes histérico- -literdrias, sdo extrapoladas sem exacto plano de referencia. E 0 que acontece quando se diz que um escritor simbolista, ou classico, ou realista, ou ete, como se estas designagbes, tomadas tipologicamente, mutuamente se excluissem., [..] Na verdade, uma escola literaria no € sendo a chegada, consciéneia teorética, de caracteristicas existentes desde sempre, ‘mas ndo relevadas com dominadora exclusividaden («Sistemas e Correntes Criticas», ens. cit, pp. 164 a 166), 210 CLASSICO E BARROCO EM JORGE DE INA equivocos historicistas suscitados por uma expresso poética que, gragas @ sua historicidade flexuosa, @ sua intertemporalidade cultural ¢ a sua complexidade interna, emite sinais estéticos e ideolégicos que a associam, na sua progressio dialéctica, a uma irredutivel pluralidade de cédigos, como © roméntico e o simbolista, 0 pos-simbolista e 0 modernista, 0 presencista e 0 neo-realista, 0 surrealista e © neoclassico, 0 neobarroco © © concretista. Reagindo contra as atribuigdes estéticas de um «classicismo» e de um «romantismo» a sua obra poética, ambiguamente mantidas numa zona de indeterminagio susceptivel de sugerir um anacronismo h térico alheio ao proceso modemista, Sena escreve no posfacio a Metamor- ‘foses (1963): [J jamais defendi um retomo a0 «classicismo» ou ao «romantismo», que de ambas as viagens retrospectivas ja fui indiciado, «Classico» e «roméntico» so termos que s6 t8m duas possibilidades de sentido, fora das confusdes mentais de quem os empregue a despropésito: 0 sentido periodalégico, estritamente estetico-historico (e & absurdo supor-se que alguém, a menos que imbecil — categoria que os meus inimigos ‘me fazem a justiga de nfo acharem ser a minha —, preconiza 0 regresso a Epocas revolutas ¢ conclusas, que no so socialmente a nossa), ¢ 0 sentido estérico-ripolégico que fixei num ensaio que goza de algum prestigio internacional (e € absurdo falar-se de regressdes escolisticas, onde apenas pode haver andlogas atitudes estéticas, veri ficdveis, através dos tempos, segundo bem definidos planos de andlise). Deduz-se destas observagdes que, quanto a mim, esses poemas ndo sdo, fora de uma andlise rigorosamente tipologica, clissicos ou romanticos ". No seu sistema tipoldgico, o «plano da expression, directamente determinado pela presenca negativa do «plano da emogao», beneficia por isso mesmo de uma posigao de relevo. Ao aglutinar as atitudes «classico» € cbarrocon, Sena desencadeia imediatamente duas distingdes tipolégicas claras: 0 «classicon enquanto expressdo distingue-se do «classico» enquanto emocdo; e 0 «clissico» opde-se tanto a «roméntico» como a barrocon, mas em planos distintos — 0 que significa, por exemplo, que um texto pode ser «clissicon na expresso e «romantico» na emogao, «classicon na emogao e “barrocon na expresso '4. Mais: 0 postulado tipo- ® Posh cit, p. 160. 1 © plano da emogao, «dinamicamente estruturada na obran, articula as «atitudes» antitéticas cldssico-romdntico, correspondentes a0 uso da emogtio como contencdio ou como intensificagdo da visto do mundo («Ensaio de uma Tipologia Literdriay, ens. cit, pp. 39 € 41), Cf, Alma minha Gentl..”», ens. cit, pp. 122-123. Em 1946, Sena ja manifestava a necessidade de wesclarecer 0 contetido da palavra cldssico» («Florbela Espancan, in Da Poesia Portuguesa, Lisboa, Atica, 1959, p. 120), Entretanto, a0 propor o seu modelo tipolé- ‘zico, nao deixa de sublinhar as variagdes ¢ redugdes seminticas de «classico»: «Para 0 cien- 2 LUIS ADRIANO CARLOS légico de um «plano da expresso» articulade por aquelas duas atitudes fundamentais determina que todo 0 texto — roméntico ou simbolista, modernista ou surrealista, neo-realista ou concretista — se inscreva no cit- culo antitético cldssico-barroco, quaisquer que sejam as correlagdes histé- ricas e concretas das duas atitudes, visto que 0 «plano da expression tem incidéncia sobre «as formas tomadas preferencialmente em si mesmas», numa «visto funcional», isto é, numa «formalidade» '8, Esta formalidade consiste numa dindmica funcional das formas expressionais, num campo tismo idealista, sera, por exemplo, ‘cléssico’ 0 autor, ou a obra, que pertenga a um periodo ‘que a si proprio se rotulow ow foi com o consenso geral rotulado de ‘classico’. J4 para o espiritualista transcendentalista “clissico’ serd, antes de mais, aquele autor (ou aquela obra) cuja orientagao criadora e cujo estilo patenteiam elementos assimitiveis — independente- ‘mente de época ¢ lugar — aquele complexo de formas, tendéncias ¢ expressdes convencio- nnalmente atribuido ao escritor ou ao artista de certas épocas € lugares (que so, na maioria das vezes, 0 “Século de Augusto’, em Roma, ou o *Século de Luis XIV’, em Franga) mais patentemente ou pretensiosamente ‘cléssicos’. Podemos ainda observar que, em critica actual [..}, aquela mesma designacdo de cldssico, além de significar qualquer autor que 0 tempo ¢ 4 conformidade da critica tornaram conspicuo, aparece como oposto simultaneamente @ bar- roco, a modernista € a roméntico. E cléssico aquele que nao se entrega a ‘agudezas y artes de ingenio’, E clissico aquele que ndo aceita 0 experimentalismo fora das regras tradicionais da expressdo ou da compostura intelectual. E clissico aquele que no explora a auto-suges- {0 emotiva. © que pode parecer que implica, na ambiguidade lamentavel que a maioria dos criticos de literatura usa com uma destreza exemplar, algo de préximo a uma oposta identi- ficagao do intelectualismo conceptista € do ornamentalismo estrutural do barroco, como, por um lado, a tibertinagem formal cultural dos modernistas, ¢, por outro, a paixfo e a melan- colia sonhadora dos roménticos. Tal identificagdo sera pelo menos absurda, no que respeita uma tentativa de classificagao rigorosa» («Ensaio de uma Tipologia Literérian, ens. cit, p. 27), CF. «Sistemas € Correntes Criticas», ens. cit, pp. 140-141 'S Ensaio de uma Tipologia Literdria», ens. cit, pp. 41-42. Cf. por exemplo, a atri= buigdo do valor estético «cléssico» a Baudelaire (nota critica, in Poesia de 26 Séculos, vol. Il, Porto, Editorial Inova, 1972, p. 163, ¢ pref. a Poesia do Século XX, pref. cit. p. 42), Ega de Queirés («Ensaio de uma Tipologia Literdrian, ens. cit., p. 74), Pessoa («Femando Pessoa, Indisciplinador de Almas», in Fernando Pessoa & C* Heterénima, vol. 1, Lisboa, Edigdes 70, 1982, p. 78, € «O ‘Meu Mestre Caciro” de Fernando Pessoa e outros mais», in idem, vol. Il, p. 214), Casais Monteiro («Tentativa de um Panorama Coordenado da Literatura Portuguesa de 1901 a 1950», in Estudos de Literatura Portuguesa-ll, Lisboa, Edigdes 70, 1988, p. 84), Tomaz Kim («Da Virtualidade Poética 4 sua Expressto — Tomaz Kim», in idem, p. 165) e Alexandre O'Neill («Alguns Poetas de 1958», in idem, p. 203, e «O Surrea- lismo em Portugal», in Estudos de Literatura Portuguesa-lil, Lisboa, Edigdes 70, 1988. . 244), a atribuigdo do valor estético «barroco» a William Faulkner («A Morte de Emest Hemingway», in Sobre 0 Romance, Lisboa, Edigdes 70, 1986, p. 188), Vitorino Nemésio («Notas acerca do Surrealismo em Portugal...», in Estudos de Literatura Portuguesa-lll, ob. cit, p. 248) ¢ Fernando Echevarria (nota critica, in Liricas Portuguesas — 3." Série, vol. II, Lisboa, Edigdes 70, 1983, p. 421), € ainda a descrig&o do funcionamento interactivo dos valores estéticos «classicon € barroco» em Ant6nio Gededo («A Poesia de Anténio Gedeao», in Dialécticas Aplicadas da Literatura, Lisboa, EdigBes 70, 1978, pp. 182-183), 212

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