Você está na página 1de 14
PROF. W. A. MAURER DA UNIVERSIDADE MACKENZIE LICOES DE GEOMETRIA ANALITICA Oitava Ediga&o Livraria Nobel $. A. PROF. W. A. MAURER da UNIVERSIDADE MACKENZIE LIC OES de GEOMETRIA ANALITICA OITAVA EDICAO 1965 Livraria Nobel S. A. Rua da Consolacao, 49 SAO PAULO bi Gao 1 O PONTO DA RETA 1. GEOMETRIA ANAL{TICA — DEFINICAO, A Geometria Analitica tem por objeto o estudo das propriedades das figuras geometricas ( linhas e superficies) com auxi - lio da analise algebrica. Estas figuras podem ser con sideradas como conjuntos de pontos. Para traduzir em forma algebrica as suas proprieda des devemos, portanto, comecar por estabelecer una as- sociacgao conveniente entre pontos ¢ nimeros. 2. COORDENADAS NA RETA. Ja vimos na Algebra co- mo esta associacao pode ser introduzida quando se faz corresponder aos pontos de uma reta o conjunto dos nu- meros positivos e negativos a partir de uma origem ar- bitraria 0. (fig. 1). Per essge rs ies geez es Fig ——————— Fig.e Uma vez fixada esta origem, uma unidade de medida e um sentido positivo,.a um ponto da reta, correspon- de um numero real e um unico, e, inversamente,cada nu mero real tem como imagem, um ponto e um 0. A ori- gem fazemos corresponder o numero 0. Um exemplo familiar de uma tal correspondéencia en contramos na‘escala dos termometros comuns (de mercu- rio ). A uma posigao determinada da coluna de mercu= rio no tubo capilar do aparélho fazemos corresponder o ponto O (origem) (fig. 23. Esta posigao corresponde a uma temperatura fixa (ponto de fusao do gelo). As temperaturas superiores, isto €, as posigoes que ocupam a extremidade do filete -6- de merctrio acima (ou a direita na fig. 2) da origem, fa- zemos corresponder mimeros positivos. As posicces infe- riores (ou A esquerda) atribuimos numeros negativos, A unidade de medida e, neste caso, o grau centigrado e se representa geométricamente pelo comprimento de que eresce a coluna de mercurio quando a temperatura aumenta de 1/100 do aumento sofrido quando se passa da fusao do gélo a ebuligao da agua. Da-se o nome de coordenada ou mais precisamente de abscissa de um ponto da reta em relacao a uma origem da- da ao numero que, numa unidade prefixada, mede a sua dis tancia a essa origem. Assim, na fig. 3, se OA = + 5, di~ reios que o ponto A tem por abscissa o numero + 5. A abs cissa do ponto B na mesma figura é OB =- 3. 3-240 Or B SS eee ee oe B A x Xp Fig. 5 > Fig. 4 3. MISTANCIA DE DOIS PONTOS NA RETA. Bd clasts representaremos a abscissa de um ponto da reta por x, © absciasas supostas conhecidas serao representadas por x afetado de um indice: x1, X95 X5-+- Sejam (fig. 4) A e B dois pontos da reta, de abscis- sas X, e X, respectivamente. A distancia AB sera dada pela diftrenga entre as abscissas X_ © x4: AB = XQ - Xy onde A (x,) @ a origem e B(x3z) @ a extremidade do seg - mente AB. 3 . Os segmentos AB e BA tem sinais contrarios: BA = x1 - XQ = - (x, - x,) = - AB -7- 4. RAZAO DE SECGAO DE UM SEGMENTO, Sejam dados os pontos A e B de abscissas x, e xg respectivamente (fig. 5) e seja C um ponto interno ao segmento AB que o divi de numa razao dada r: aC or} Digemos neste caso que C divide aB {internamente)na ra- zao r, ou ainda, que r exprime a razao simples de tre pontos A, Be C. Conhecidas as abscissas de A e B (x1e x2) trata- -se de determinar a abscissa x do ponto C (fig. 5). Exprimindo os segmentos AC e €B mediante as abscis sas de suas extremidades, temos: ar q) ac = x— x4 e x e substituindo em (1), resulta: x— x, — ar (2) 2 relacao da qual tiramos x. Teihos sucessivamente: (multiplicando os 2 membros de (2) por (x, — x) x— x, =r Oxy — x) X= X= rx, — rx (efetuando a multiplicagao por r) ou x + rx = x, + rx, (isolando no 1° membro da incognita x) ou ainda: x (1 + r) = x, + rxp (pondo x em evidéncia no 19 membro) 4 4 + rx2 Donde 5 a (3) Em particular, para r = 1, temos: x, + x, era = z (3a) que nos da a abscissa do ponto médio do segmento AB. Exemplo. Seja acha a abscissa do ponto que divi~ de na razao 2/3 o segmento AB cujos extremos tém por abscissas — 3 e 7 respectivamente. Solugao. Fazendo x, = —~ 3, xg= 7 er = 2/3, -© substituindo em (3), resulta: 2 = 3+ (2/3),.7, _ = 9+ 14 1+ 2/3 -, 3+2 X= que é abscissa procurada. Generalizando o problema anterior, diremos que , um ponto C' do prolongamento de AB (fig. 5a), divide éste segmento externamente na razao r quando 0 A B Cc aS ea ee adn eee ee eT Fig.5a Mas, neste caso, AC e CB tém sentidos contrérios e, por conseguinte, a sua razao toma sinal negativo (quociente de positivo por negativo é negativo). Portanto, escre- vemos: = x— x, aS non so ee rare) 2 chamando x a abscissa de C', Resolvendo em x, sc) ivses’ x, — rx, eo 3b. x= i (3b) que equivale a formula (3) em que se substitui r por =r. yeh i Observagado. Esta ditima relagdo deixa de ter signi ficado quando r= 1, ou quando em (3) se faz r= -— 1. Neste caso, e diz'mos que C' esta no @ , AC! Bor =-1 -9- EXERCfictoas RORS ETH Os sect 088) 1. Tomando as _abscissas dos trés pontos A, Be C de uma reta, em relacao a uma origem 0, provar a relacao (de Chasles) : BB+ EC + CA oO. 2, Generalizar a relacao anterior, isto é, tomando npontos Aj, Ap, 45, ..., An, de abscissas See A +++ %q + Tespectivamente, provar que = 4, 4 +A, A, +e 2 + Ap AS + AGR -$\Room 270; n-1 om | 3. Dados quatro pontos de uma reta A, B, Ce D, pro var a relacgao (de Euler): T8.cB 5 4.08 + IDRC zo = 4. Achar a abscissa do ponto Ct que divide na razao 3/5 0 segmento que une os pontos A ( — 5) e B (3), Resp.: x = —2. 5. Achar a abscissa. do ponto C! que divide o segmen to de extremos A (—7) e B (5) na razao — 9/5, Resp. x = 20. 6. Dois pésos de 9 gf e 12 gf respectivamente estao aplicados nos pontos A (— 2) e B (5) de uma reta, Achar a abscissa d) ponto de aplicagao da resultante. Resp. x= 2, 7. Achar o baricentro dos pontos P1(x3) e Pz (xg) @0s quais estao associados os pesos P, e Po respectivamen te. im _ (Chama-se baricentro cos pontes P, e Pz aos quais es tao associados os Pesos p; € po, o ponto B que divide o Segmento P, P, na razao p,/po * Po Xy ——__s_ 47? 2a Resp. x = 8. Mostrar que a relagao estabelecida no exercicio anterior se estende ao caso de trea Py Pas Ps» isto é, PTI) = Pps jesbeess ies P, + Pp + Pg 9. Achar os pontos que dividem harmonicamente na ra~ zio 5/3 o segmento cujos extremos tém por abscissas A (1) eB (9). (Dizemos que dois pontos dividem harmonicamente um segmento quando o dividem interna e externamente na mes ma razao). Resp.: x = 6.x' = 21 ll. Sao dados tres pontos A(— 2), B(4) e C (7). Achar 0 conjugado harménico de B em relacéo aos outros dois. (9izen-se conjugados harménicos os pontos que di- 1 harménicamente um segmento) . Resp.: x = 16. a2 Lc Oe 0 PONTO NO PLANO 5, COORDENADAS NO PLANO. A associagao entre numeros e pontos que acaba de ser introduzida na reta pode ser estendida ao plano (e mais tarde ao espaco), mas, nes- te caso, nao basta um inico numero para determinar a po- sicao de um ponto. Ainda aqui vamos comecar por conside- rar um exemplo que, conquanto nao se refira ao plano,ser- ve a ilustrar a generalizacao do problema anterior, N 35° 6. COORDENADAS GEOGRAFICAS. Em geografia nos familiarizamos com a nocao de coordenadas geo- graficas (latitude e longitude), 0 por meio das quais se pode deter S 5) minar a posicao de um local a su— perficie da terra tomando como®d™™ vee sistema de REFERDNCIA dois circu los miximos do globo terrestre:o Rg equador e um meridiano inicial ‘I escolhido arbitrariamente. Neste caso sao necessarios e suficientes dois numeros QUALIFICADOS (ou relativos ) para determinar sem ambiglédade a posicdo de um local. As sim,quando dizemos que um dado local se acha a 40° long. Ee 35° lat. N, subentendemos que se deve medir um arco de 40° ao longo do equador e a partir do meridiano de Greenwich para o [ste e sébre o meridiano que passa pe Ja extremidade déste arco, um arco de 35° deve ser me~ dido a partir do equador para o Norte (fig.6), Para des- tinguir os dois sentidos em que a longitude EB o 0 e a la- titude Ne S podem ser medidas, poderiamos estabelecer uma convencdo de sinais, considerando positivas as longi- tudes quando a Este do meridiano inicial e negativas quan do a Oeste déste, e positivas as latitudes quando ao Nor- te do equador e negativas quando ao Sul. Convencionando ainda que o primero numero escrito indique a LONGITUDE € © segundo a LATITUDE, podemos dizer simplesmente que as coordenadas co local P, no exemplo acima, sao os nume- ros relativos + 40 e + 35, subentendendo-se que a unida- de de medida seja o grau. Analogamente, poderiamos es- crever: ( —40, + 35) cm lugar de 40° long. 0, 35° lat. E m S Greenwich

Você também pode gostar