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RESISTENCIA DOS MATERIAIS 3? Edigao Ferdinand P. Beer Lehigh University E. Russell Johnston, Jr. University of Connecticut ‘Com a colaboragao de John T, DeWolt University of Connecticut Tradugdo e Revisto Técnica Celso Pinto Morals Pereira Professor de Engenharia Mecinica da UNESP Universidade Paulista “fulio Mesquita Filho” ‘Campus de Guaratinguetd ‘Sto Paulo Brasil Argentina Colémbia Costa Rica Chile Espanha Guatemala México Peru Porto Rico Venezuela Do original: Mechanics of Materials © 1982, 1961 by McGraw, Inc. (© 1896, Pearson Education do Brasil © 1980, 1982 Exitora McGraw-Hill do Bras? Lida. Todos os direitos reservados. Nenfhuma parte desta publicacdo poderd ser reproduzida ou ‘ransmitida de qualquer mado ou por qualquer outro melo, elotrdnico ou mecAnico,incllndo fotocéipa, gravagao ou qualquer outro tipo de sistema de armazenamento e transmisséo de informagdo, sem prévia aulorizagdo, por escrito, da Pearson Education do Bras. Produtora Editorial: Ménica Franco Jacintho Produtor Gréfico: José Rodrigues ‘Capa: layout: Douglas Lucas Ecitoragéo 0 fotoltos om alta resolugdo: JAG Dados Internacionals de Catalogagéo na Publicagéo (CIP) (Camara Brasileira do Livro,SP,Brasil) Beer, Ferdinand Piamre, 1815- ‘Resisténcia dos materials / Ferdinand P. Beer, E. Russell Johnston, ut. tradugo 0 revisdo técnica Celso Pinto Morais Pereira. - Sted. - 'S4o Paulo : Pearson Makron Books, 1995. 1. Resisténcia dos materas |, Johnston, Elwood Russel 19254. Thu, 95-2801 C0D-620.112 {ndices para catiétogo sistemético: 1. Matoriais : Resisténcia : Engenharia 620.112 2, Resisténcia dos materais : Engenharia 620.112 Biblioteca Central Resisténcia dos materizi. Ac, 248361 -R. 785751 Ex. 3 ‘Compra - C.A.T.M. Nf: 34919 R$ 91,90 - 23/01/2009 Engenharia Mecatrénica (Controle ¢ Juno 2008 Divetos exclusives para a fngua portuguesa cadidos & Pearson Education do Bras,” uma empresa do grupo Pearson Education ‘Av. Ermano Marchet, 1435 ep: 05038-001 Lapa So Paulo - SP Tol: (11) 2178-8586 Fax: (11) 2176-6688 ‘email: vendas@pearsoned.com SUMARIO Prefécio ... Capitulo 1 Capitulo 2 Introdugao - Conceito de Tensio .... wl 12 13 14 15 16 ut 18 19 ‘Tensio e Deformagao - Carregamento Axi 21 22 Introdugéo........... Forgas e Tensies .. Forgas Axiais; Tensées Normais ...... : ‘Tensées de Cisslhamento ‘Tensées de Esmagamento Aplicagies na Anélise de Estruturas Simples Problema Resolvido 1.1. Problemas ... ‘Tensdes em um Plano Obliquo ao Bixo ... ‘Tensdes Para um Caso de Carregamento Qualquer; Componente de Tensées .. 5 ‘Tensdes Admiasiveis e Tensées Ultimas; Coeficiente ‘de Seguranca .... Problema Resolvido 1.2.....--... Problema Resolvido 1.8 ......... Problemas ..... ‘ Revisio e Sumério Problemas de Revisio Introdugéo . ‘Deformacéo Especifica Normal Sob Carregamento Axial . . 10 13 ua 18 20 28 VI Resisténcia dos Materiais 2.3 Diagrama Tenséo-deformagao . 68 2.4 — Tensbes e Deformagies Especificas Verdadeiras 6 25 Lei de Hooke; Médulo de Elasticidade 6 2.6 Comportamento Eléstico e Comportamento Pléstico dos Materiais ee 1 2.7 Cargas Repetidas; Fadiga .........0.c00cecseeseeeeseee 80 2.8 Deformagies de Barras Sujeitas a Cargas Axiais . 81 Problema Resolvido 2.1 .. 85 Problema Resolvido 2.2 Pact) Problemas .. oa 89 29 Problemas Estaticamente Indeterminados ................ 97 210 Problemas Envolvendo Variagdo de Temperatura .........-. 105 Problema Resolvido 2.3 . uo Problema Resolvido 2.4 u2 Problemas .. a 115 2.11 Qoeficiente de Poisson ...-2.-2..24.++ cesseeseee 128 212 Estados Multiples de Carregamento; Generalizacéo da Lei de Hooke : ee 127 2.13 Dilatag&o Volumétrica; Médulo de Elasticidade de Volume... 131 2.14 Deformagio de Cisalhamento ..........6-2..00000+ seve 183 2.15 — Aspectos Complementares na Deformagao Sob Carga Axial; Relagdes entre E, ve @ 139 Problema Resolvido 2.5 .... 142 Problemas a : 44 2.16 Distribuipdo Das Tensées e Deformagées Especificas Causadas Por Carregamento Axial; Prinefpio de Saint-Venant . 152 2.17 Coneentragéo de Tensées . 156 2.18 Deformagies Plisticas....... 159 °2.19 Tensées Residuais aD 165 Problema Resolvido 2.6... 169 Problemas ... am Reviséo e Sumério . 179 Problemas de Reviséo ... 189 Sumério vil Capitulo 3 Capitulo 4 3.1 Introdugio .. 3.2 Andlise Preliminar das Tensdes em um Bixo . 3.3 Deformagies nos Bixos Circulares . . 3.4 — ‘Tenses no Regime Elistico ........... ; Problema Resolvido 3.1 . Problema Resolvido 3.2 .. Problemas 3.5 Angulo de Torgao no Regime Elastico 3.6 Eixos Bstaticamente Indeterminados . pee Problema Resolvido 3.3 Problema Resolvido 3.4...... Problema Resolvido 3.5 . Problemas .. 3.7 Projeto de Bixos de Transmissio ... 3.8 Concentragdo de Tensées em Bixos Circulares ... Problema Resolvido 3.6 .........-- eee Problemas "3.9 Deformagées Plasticas em Bixos de Sepio Circular "8.10 Kixos de Segdo Circular Feitos de Material Elastopléstico "3.1L Tensées Residuais em Eixos de Segdo Circular . Problema Resolvido 3.7 .... Problema Resolvido 3.8 . . Problemas ... teens * 3.12 Torgéo em Barras de Segio Nao-circular ........ * 3.13 Bixos Vazados de Paredes Fins Problema Resolvide 3.9 Problemas .. Reviséo e Sumério Pioblemas de Reviséo ...... Flexo Pura .. 41 Introdugiio ........- 42 Barres Prisméticas em Flexéo Pura .. 7 4,8 Anilise Preliminar das ‘Tensées na Flexo Pura 195 195 197 199 204 210 212 a4 221 227 229 232 234 - 236 247 251 252 + 286 £258 261 266 = 269 972 273 279 284 290 292 . 301 - 309 a7 317 318 320 VII Resistencia dos Materiais 44 45 46 41 48 49 4.10 “41 4.12 4.13 44d 415 *4.16 Deformagées em uma Barra Simétrica na Flexo Pura ‘Tensies e Deformagées no Regime Eléstico . . Deformagées em uma Sepio Transversal .. Problema Resolvido 4.1 .. Problema Resolvido 4.2 .. Problemas .. ee : Flexo de Barras Constitufdas por Varios Materiais Concentragéo de Tensies .. Problema Resolvido 4.3 Problema Resolvido 4.4 .. Problemas ... Deformagées Plasticas . Barras Constituidas de Material Elastoplistico Deformagées Plasticas em Barras com um Plano de Simetria . ‘Tensdes Residuais Problema Resolvido 4.5 ... Problema Resolvido 4.6 .. Problema Resolvido 4.7 . . Problemas ... Carregamento Axial Excéntrico em um Planode Simetria . Problema Resolvido 4.8 Problemas . Flexdo Fora do Plano de Simetria .. Caso Geral de Carga Excéntrica . Problema Resolvido 4.9 .. *Problema Resolvide 4.10 ... Problemas . Flexo de Barras Curva: Problema Resolvido 4.11 Problemas . Revisio e Sumério Problemas de Reviséo 321 826 332 . 334 337 339 348, 354 358 362 370 373 380 382 384 387 389 390 398 = 403 - 406 . 415 425 - 430 432 435 445 486 457 464 an Sumério 1K CapituloS —_Carregamento Transversal .... 478 5.1 Introdugéo ... eee 418 5.2 — Carregamento Transversal om Barres Prisméticas . . 419 5.3 Hipéteses Basicas para a Distribuipio de Tensbes Normais .. 482 54 Determinagéo da Tenséo de Cisalhamento em um Plano Horizontal epee . 484 55 Determinagéo da Tensio de Cisalhamento try ema uma Viga a + 490 5.6 Tensdes de Cisalhamento wy em Vigas de Segdes ‘Transversais Usuais ........ ; 493 *5.7 Anélise Mais Detalhada da Distribuigdo de Tensdes uma Viga de Segio Retangular Estreita .... 495 Problema Resolvido 5.1... 498 Problems Resolvido 5.2 ... 500 Problemas . ee 503 5.8 — Cisalhamento em uma Segéo Longitudinal Arbitréria 509 5.9 Tensdes de Cisalhamento em Barras de Paredes Finas . 512 +510 Deformagses Plésticas .........-.. 515 Problema Resolvido 5.3 ......... oo 518 Problema Resolvido 5.4 .... 519 Problema Resolvido 5.5 . 821 Problemas . a wee cece 524 5.11 ‘Tensées Devidas a Combinagées de Carregamento..... 532 Problema Resolvido 5.6 ......... 538 Problema Resclvido 5.7 ........- cietneereeeeee 540 Problemas . * 5.12 Carregamento Assimétrico em Barras de Paredes Finas; Centro de Cisalhamento .. wee BST Problema Resolvido 5.8 . . 569 Problemas . 573 Revisio e Sumério . 582 Problemas de Revisio 586 Capitulo6 —Anslise das Tensdes e Deformag6es ........--+0-+0.+0++ 593 GL Introdugdo 00. ..6ecccceeceseeeeseesessesseeseeeees 593 6.2 Estado Plano de Tensées ...... bpeosoon3 596 6.3 ‘Tensées Principais; Tensdo de Ciselhamento Méxima 598 X —— Resistincia dos Materiais Problema Resolvido 6.1... 5 605 Problemas ......0..e.0000+ , cesses GOT 64 — Circulo de Mohr para o Estado Plano de Tensses 614 Problema Resolvido 6.2 . . 621 Problema Resolvido 6.3 ... - 623 cee - 625 6.5 Estado Mais Geral de Tenstes . 628 6.6 Aplicagdo do Cireulo de Mobr a Andlise ‘Tridimensional de Tensées .. 630 *6.7 Critérios de Ruptura para Materiais Dateis em Estado Plano de Tenses aan 635 6.8 Grtfcas de Ruptura pate Materials Frégels om Estado Plano de Tensoea Bopcoonccnaccod (J Problema Resolvido 6.4 .....0..0ceeeee000+ cies OMB Problemas eee - 646 6.9 Tensées em Vasos de Pressto de Paredes Finas . 661 Problema Resolvido 6.5 . - 656 Problemas ........-. oe cies 659 6.10 ‘Transformagées no Estado Plano de Detormagées Especificas ... a cesses 683 *6.11 Cfreulo de Mohr para Estado Plano de Deformagies ........ 668 Andlise Tridimensional das Deformagées Espectficas . 674 *613. Modides das Deformagtes Expocfcan Rovtas de Deformagao ..... 679 Problema Resolvido 6.6 . 681 Problema Resolvido 6.7 . 683 Problemas ... 686 Rovisio e Sumirio ....... 692 Problemas de Revisio .......-660:cc00ecessecceeceeeeeee 701 Capitulo? —_Projeto de Vigas e Bixos de Transmissio .... 107 TA Introdugio wens + 107 12 Consideragées ‘Basicas para o Projeto de Vigas Prismaticas .. 708 7.8 Diagramas de Momento Fletor ¢ Forga Cortante 12 Problema Resolvido 7.1 .... 16 Problema Resolvide 7.2 .....+ 119 Problemas we Tal Sumério Xt 7.4 Relagdes entre Carregemento, Forsa Cortante e ‘Momento Fletor a Problema Resolvido 7.3 . Problema Resolvido 7.4 ... Problema Resolvido 7.5 ...... Problema Resolvido 7.6 .. Problemas +7.5 Utilizagdo das Fungées Singulares para Determinar a Forca Cortante eo Momento Fletor em uma Viga, Problema Resolvido 7.7 - ‘Problema Resolvido 7.8 . Problemas .. 7.6 Tensdes Principais em uma Viga .. 7.1 — Projeto de Vigas Prismétices ... Problema Resolvido 7.9 Problema Resolvido 7.10°,........ Problema Resolvido 7.11 Problemas .....----2++++ °7.8 Vigas de Igual Resisténcia . *7.9 Dimensionamento de Fixos de Transmisséo ..... 7.10 Tensdes sob Pontos de Aplicacéo de Carregamento ... Problema Resolvido 7.12 . Problemas -. Rovisdo e Sumério Problemas de Revisi - BIO Capitulo 8 Deflexio das Vigas por Integragao - . 815 8.1 Introdugao B15. 8.2 Deformagio de uma Viga Sui tae Carregamento ‘Transversal . 818 83 ‘Equagéo da Linha Eléstica . 820 *8.4 Determinag&o da Linha Elastica Diretamente a Partir do Carregamento Distribuido ...... 829 8.5" Vigas Estaticamente Indeterminadas . 893, Problema Resolvido 8.1.......-.. 836 Problema Resolvido 8.2 .. 839 XM Resistencia dos Materiais Problema Resolvido 8.3 . Problemas : 844 *8.6 Utilizagio das Fungées Singulares 852 Problema Resolvido 8.4 . 857 Problema Resolvido 8.5 . Problema Resolvido 8.6 .... 862 Problemas .. 864 8.7 Método de Superposigéo ...... ; 87h 88 Apleapbo de Superpooho hs Vigas Estaticamente Indeterminedes . 84 Problema Resolvido 8.7 .. ar? Problema Resolvido 8.8 ...... 879 Problema Resolvido 8.9 .......... 882 Problemas ... Revisio e Sumario . an 890 Problemas de Reviséo ...-......+ 896 Capitulo 9 Deflexio das Vigas pelo Método dos Momentos de Area... *9.1 Introdugio .. 900 + 900 °9.2. Teoremas Relativos as Areas do Diagrama de Momentos 901 *9.3 Aplicagao a Vigas em Balango e a Vigas com Carregamento Simétripoag....-.++.+++ +. 905 9.4 Superposigio dos Diagrames de Momentos Fletores ........ 909 Problema Resolvido 9.1 ..........++++ vee 915 Problema Resolvido 9.2 .. 917 Problemas . eee eee 919 9.5 Vigas com Carregamento Assimétrico . 928 *9.6 Deformegio Maxima .. 932 Problema Resolvido 9.3 .. Problema Resolvido 9.4 938 Problemas ...-....:200002005 940 "9.7 Vigas Estaticamente Indeterminedas 945 Problema Resolvido 9.5 950 Problema Resolvido 9.6 ...: 953 Problema Resolvido 9.7 ... = 985 Problemas ... Capitulo 10 Sumério XT Revisdo e Sumério .......- 6666. e cece eee ee eee tees . 964 Problemas de Reviséo ... 969 Métodos de Energia 974 10.1 Introdugdo ... - 974 10.2 Trabalho de Deformagio, caren . 975 10.3 Trabalho de Deformagdo Especificn ......... veeteeece 978 104 Trabalho de Deformagéo Eléstica pare Tensées Normais .... 981. 30.5 ‘Thabatho de Deformapo Bldstien pare Tenses de Cisalhamento . 986 "10.6 Trabalho de Deformagéo para o Caso Geral de Tensies ...... 990 Problema Resolvide 10.1 . ++ 994 Problema Resolvido 10.2 . . 996 Problemas ....... beveeeees - 998 10.7 Garregamento Produzido por Impacto .........0e..000- 101 10.8 Dimensionamento para Carregamento Provocado por Impacto .. - 1015 10.9 Trabalho de Deformagao Produzido por uma Unica Forga Aplicada . 1017 10.10 Determinagéo da Deformagéo Devide a uma Gatea i Carga Aplicada Usando Trabalho de Deformagao . . 1021 Problema Resolvido 10.3 - 1025 Problema Resolvido 10.4 . . 1027 Problemas .. . on . 1028 *10.11 Trabalho de Deformagio para o Caso de Grande Nimero de Cargas Aplicadas 1037 110.12 Teorema de Castigliano . - 1041 *10.13 Determinagio de Deflexées pelo Teorema de Castigliano : . 1042, *10.14 Estruturas Estaticamente Indeterminadas . 1049 Problema Resolvido 10.5 .. wee oe » 1052 Problema Resolvido 10.6 .. . - 1055, Problema Resolvido 10.7 ......+ cece 1057 Problem: + 1060 Revisao e Sumario ... ~~ 1067 Problemas de Revisio .. - 1073 XIV Resisténcia dos Materiais Capitulo 11 Apéndice A Apéndice B Apéndice C Flambagem de Colunas...... - 1078 11,1 Introdugéo - 1078 11.2 Estabilidade das Estruturas - 1079 11.3. Formula de Euler para Colunes com Bxtremidades Articuladas .. = - 1083 11.4 Férmula de Buler Para Colunas com Outras Condigées de Extremidade . - 1088 Problema Resolvido 11.1 - 1094 Problemas ......0-sccees0seeee = 1096 “115 Carga Excéntrica: a Formula da Secante .... seseese 1108 Problema Resolvido 11.2 .....+.+ eee Problemes .. . 1s 116 _ Projeto de Colunas Submetidas a Carregamento Centrado ... 1120 Problema Resolvido 11.3 ene peeeeeeeii130) Problema Resolvido 11.4 = 1133 Problemes ..... so 35 11.7 _ Projeto de Colunes Submetidas a Carregamento Exeéatrico . 1144 Problema Resolvido 11.5 oe - 1148 Problema Resolvido 11.6 - 149 Problema Resolvido 11.7 - 1150 Problemes - 1153 Revisio e Sumario . 1161 Problemas de Revisio ...-..-+.+2++++ 1165 Centréides e Momentos de Inércia ... eoieeoenod = 1170 Al Momento Estético de uma Area; Centréide de uma Area .... 1170 A2 — Determinagio do Momento Estatico e do Centréide de uma Area Composta .....-..++ 175 A3 Momento de Inéreia de uma Area; Raio de Giragéo .. - 1180 AA — Teorema dos Bixos Paralelos ... 185, A.5 — Determinagéo do Momento de Inércia de uma Area Composta ... . 1186 Propriedades dos Materiais mais Usados em Engenharia ..... 1189 Propriedades dos Perfis de Ago Laminado ........ - 191 Sumario XV ApéndiceD —_Deformagao das Vigas - 1198 ApéndiceE —_Prineipais Unidades SI Usadas na Mecanica - 1200 ApéndiceF —Centréides de Figuras Planase Linhas ............. seers 1201 ApéndiceG Momentos de Inércia de Figuras Planas ... - 1208 Apéndice HH — Unidades Usuais Inglesas e Equivalentes no Sistema Internacional (SI) .... = 1204 Respostas aos Principais Problemas .. cecteeeteteees -++ 1206 indice Analitico .... 1245 Se PREFACIO O principal objetivo de um curso bésieo de mecdnica deveria ser o de desenvolver no estudante de Engenharia a habilidade de analisar um dado problema, de maneira simples e légica, e aplicar na sua solucdo alguns principios basicos e fundamentais, que tenham sido bem entendidos. Este livro é indicado para o curso inicial de MecAnica dos Materiais, ou Resisténcia dos Materiais, ministrado aos estudantes do segundo ou terceiro anos das escolas de engenharia. Os autores esperam que poseam, do mesmo modo que em seus trabalhos anteriores, no estudo da Estética e da Dindmice, auxilier © professor a atingir os objetivos desejados em seu curso. Neste livro, o estudo da Mecinica dos Materiais esta baseado no entendimento de alguns conceitos basicos e no uso de modelos simplificados. Este procedimento torna possivel o desenvolvimento de todas as formulas necessérias, de uma maneira l6gica e racional, e mostra claramente as condigdes em que podem ser aplicadas, com seguranca, na anélise e no projeto de estruturas reais de engenharia e em compo- nentes mecénicos. Os diagramas de corpo livre so freqientemente usados ao longo de todo o texto, para determinar forcas externas e internas. O uso de figuras que mostram claramente as grandezas que aparecem nas equagées e suas relacées também ajudam ‘og estudantes a entender a superposicao de carregamentos e as resultantes tensées e deformagées. Ennecessério aos estudantes que irdo utilizar este livro ter feito anteriormente um curso de Estética. Entretanto, o Capitulo:1 dé a oportunidade a uma reviséo dos conceitos necessdrios, enquanto os diagramas de esforco cortante e momento fletor sao detalhados nas Secs. 7.3 7.4. As propriedades de momentos e centréides de éreas sao apresentados no Apéndice A; este assunto deve ser usedo para reforgar a discussao sobre tensdes normais e de cisalhamento nas vigas (Cap{tulos 4 e 5). Os cinco primeiros cap{tulos do texto séo destinados a andlise de tensdes e As deformagées correspondentes, em varios membros estruturais, considerando sucessi- vamente carregamento axial, torgéo, flexéo pura e carregamento transversal. Cada XVI XVI _Resisténcia dos Materiais andlise é baseada em alguns conceitos bésicos, ou seja, em condigdes de equilibrio de forgas exercidas sobre membros, em relagbes existentes entre tenses e deformagées do material, e em condigées impostas pelos apoios e carregamentos em cada membro. © estudo de cada tipo de carregamento ¢ complementado por um grande niimero de exemplos, problemas resolvidos passo # passo, e muitos problemas propos- tos, tudo isto destinado ao pleno entendimento por parte dos estudantes. O coneeito de tensioem um ponto é introduzido no Capitulo 1 onde é mostrado que uma carga axial pode produzir tensées de cisalhamento, bem como tensées normais, dependendo da cegéo considerada. O fato de que tensdes dependem da orientagéo da segéo em que sao calculadas 6 novamente enfatizado nos Capitulos 3, 4 e 5, para o caso de torcdo, flexdo pura e carregamento transversal, Entretanto, a discussdo de técnicas computacionais tal como o cfreulo de Mohr, usado para a transformagio de tensdes em um ponto, é protelada até o Capitulo 6, depois de os. estudantes terem resolvido problemas envolvendo uma combinagao de carregamentos bisicos e descoberto, por si préprios, a necessidade dessas técnicas. Por uma razéo similar, os diagramas de esforgos cortantes e momentos fletores so introduzidos somente no Capitulo 7, onde podem ser aplicados imediatemente no projeto de vigas e eixos. Este procedimento tem a vantagem adicional de mantor # unidade da apresentagdo de anélise de tensoes', Problemas estaticamente indeterminados so inicialmente discutidos no Ca- pitulo 2 e apresentados ao longo do texto sob diferentes condigdes de carregamento, Portanto, os estudantes ficam expostos a um método de salugdo que combina a andlise convencional de forgas, usada na Estatica, com a andlise de deformagoes. Deste modo, eles ficardo familiarizados com este método fundamental, durante todo 0 curso, o que 0s ajudaré a entender por que as tensdes so estaticamente indeterminadas, e que somente podem ser calculadas considerando-se a correspondente digtribuigio de deformagées. O conesito de deformagao plastica é apresentado no Capitulo 2, onde é aplicado na anélise de pecas sob a ago de carregamento axial. S4o também considerados problemas que envolvem deformacéo plastica em eixos circulares e vigas prisméticas nas segdes opcionais dos Capitulos 3 e 4, respectivamente. Entretanto, ainda que parte deste assunto possa ser omitida pelo professor, sua inclusio no texto ajudaré os estudantes a compreender as limitapdes na consideracéo de uma relagdo linear entre tensdes e deformagées e serviré também para alerté-los para o uso nem sempre apropriado daa formulas de torgdo e flexdo, deduzidas a partir de consideragies de elasticidade do material. 0 projeto de uma dada estrutura requer mais do que a determinagio das tensées normais e de cisalhamento, em um dado elemento dessa estrutura. O proj tista de uma viga, por exemplo, deve estar certo de que as tensdes adinissiveis néo sero excedidas em nenhurh ponto da viga e também de que a méxima deflexio néo excederd a um certo valor preestabelecido. 1 Batretanto,o professor que for discuti os diagrams de exforgos cortantes ede momentos Metores num. estégioinicial pode eobrir ambas as Seca. 7.3 74, junto com o Capitulo 1; ou imediatamente antes do Capitulo 4e resolver os Problemas 7.1 até 7.22 @ 7.37 até 7.54, Prefécio XIX No Capitulo 6, os estudantes aprenderao a determinar valores méximos de tenséo normal e de cisathamento, em um dado ponto da estrutura sujeita a qualquer combinagao de carregamento considerado nos capitulos anteriores, Na primeira parte do Capitulo 7, eles determinardo os valores maximos da forga cortante e do momento Aletor numa viga € os correspondentes valores das tensdes normais e de cisalhamento. Isto os deixaré aptos para o projeto e andlise de resisténcia de vigas ¢ eixos, que discutido num tépico ao final do Capitulo 7. A determinagdo da deflexao em vigas é tratada nos Capitulos 8 e 9, sendo que © Capitulo 8 é voltado para o método da integragéo'e o Capitulo 9, para o método do momento de érea. A apresentagao desses dois métodos em capitulos separados permite ao professor o uso de um deles, ou traté-los em seqiiéncia. O Capitulo 10 discute métodos de energia e o Capitulo 11, a anslise e projeto de colunas. ‘Na primeira edigdo deste livro, fungdes de singularidades foram introduzidas numa segéo opcional do Capitulo 8 ¢ usadas como um método alternativo para a determinagdo de declividades e deflexdes em vigas. Devido ao crescente desen- volvimento de computadores e ao fato de essas fungées de singularidades serem facilmente programéveis, essas fungdes foram também introduzidas na See. 7.5 como um modo alternativo para o célculo computscional de forga cortante e de momento fletor em vigas. Essa alteragao tem vantagem adicional, por permitir aos estudantes uma familiarizagéo antecipada com funcées de singularidades, e assim prepard-los para usé-las na Sec. 8.6, na determinagdo de declividades e deflexdes. Ainda que as Sees. 7.5 € 8.6 sejam opcionais, a Sec. 8.6 s6 deve ser incluida se a Sec. 7.5 jé tiver sido coberta ‘Topicos adicionais, tais como tensdes residuais, torgéo em barras néo-circula- res ¢ de paredes finas, flexio de vigas curvas, tensées de cisalhamento em peas assimétricas, ou com carregamento assimétrico e critérios de ruptura, foram incluidos em seg6es opcionais para uso em cursos que enfoquem esses pontos. Para manter a integridade dos assuntos, esses t6picos séo apresentados numa seqiiéneia propria, nos capitulos a que logicamente pertencem. Portanto, mesmo que nao sejam estudados durante o curso, podem ser facilmente consultados pelos estudantes se houver neces- sidade, em cursos mais avangados ou na pratica da engenharia. Por conveniéncia, todas as seedes opcionais foram indicadas com asteriscos. Cada capitulo comeca com uma segio introdutéria falando sobre o seu propé- sito e objetivo, e descrevendo com termos simples o assunto a ser discutido e sua aplicagéo na solugo dos problemas préticos. Todo o texto foi dividido em capftulos, cada um consistindo de uma ou varias segdes tedricas, seguidos por problemas resolvidos e um grande ntimero de problemas propostos. Cada capftulo corresponde a um t6pico bem definido e, em seu final, apresenta uma reviséo e sumério do que nele foi tratado. Notas nos rodapés de algumas péginas foram introduzidas para ajudar os estudantes em seus trabalhos de revisdo ou pesquisa, ¢ as referéncias cruzadas sio fornecidas para ajudé-los a encontrar partes do assunto tratado que requeiram uma atengo especial. As segies tebricas incluem muitos exemplos destinados a ilustrar o assunto que esté sendo abordado e facilitar seu entendimento. Os problemas resolvidos tém 2 XX —— Resisténcia dos Materiais intengéo de mostrar algumas aplicagdes da teoria, na solugao dos problemas de engenharia, e estes foram colocados da mesma forma como os alunos devem sistema- tizar a solucao dos problemas propostos. A maioria dos problemas séo de natureza prética e devem motivar os estudantes. Eles sao formulados, principalmente, para ilustrar os assuntos apresentados no texto e auxiliar os estudantes a um melhor entendimento dos prinefpios usados na Mecénica dos Materiais. Os problemas foram agrupados de acordo com o assunto que ilustram e colocados numa ordem crescente de dificuldade. Os problemas que requerem especial atengao esto assinalados com um asterisco. Aintrodugéo, no curriculo de engenharia, do conhecimento sobre programagao computacional e a crescente disponibilidade de computadores pessoais ou terminais derede na maioria dos campus fazem com que seja possivel atualmente os estudantes. de engenharia resolverem um grande nimero de desafiadores problemas. Nesta nova edigéo de Resisténcia dos Materiais, um grupo de quatro ou mais problemas foram projetados para serem resolvidos com o auxilio de um computador e foram adicionados aos problemas de revisdo propostos no final de cada capitulo. O desenvolvimento de um programa necessério para resolver um dado problema levard os estudantes a dois diferentes propésitos: (1) ajudaré a terem um melhor entendimento dos principios. mecénicos envolvides; (2) forneceré a eles uma oportunidade em aplicar, com habili- dade, o seu curso de programagéo computacional na soluggo de problemas reais de engenharia. Finalmente, os autores desejam externar sua gratidéo pelos comentArios ¢ sugestées oferecidos pelos usuérios de primeira edigéo deste livro. Especiais agrade- cimentos sao dados ao Professor Leon Y. Baar, da Drexel University e ao Professor Paul C. Paris, da Washington University. Ferdinand P. Beer E. Russell Johnston Jr. et Capitulo 1 INTRODUGAO - CONCEITO DE TENSAO 1.1. INTRODUGAO © principal objetivo do estudo da mecnica dos materiais 6 proporcionar ao Enge- nheiro os meios que o habilitem para a anélise © projeto de vérias estruturas de méquinas, sujeitas a diferentes carregamentos. A anélise ¢ 0 projeto de uma dada estrutura implica 2 determinagio das tensoes e deformagées. Neste primeiro capitulo seré desenvolvido o conceito de tensdo. ‘Ap6s uma pequena introducéo (Sec. 1.2), enfatizando a diferenga entre forgas © tensdes, iremos considerar sucessivamente as fensées normais em membros sujeitos a carregamento axial (Sec. 1.3), as tensdes de cisalhamento causadas pela aplicagéo de forgas iguais e opostas (See. 1.4), e as tensdes de esmagamento provocadas pelos parafusos, pinos e rebites, sobre as barras por estes conectadas (See, 1.5). Estes varios conceitos so aplicados na Sec. 1.6, na anélise de uma estrutura simples, consistindo em barras sujeitas a cargas axiais e ligadas por pinos. Na Sec. 1.7, onde uma barra esté submetida a uma carga axial, iremos encontrar fensdio normal e tenséo de cisathamento, ambas atuando sobre um plano obliquo, enquanto que, na Sec. 1.8, veremos que seis componentes de tensdo sao necesséirias para descrever o estado de tensao em um ponto em um corpo, sujeito a condigéo mais geral de carregamento. Finalmente, nés iremos discutir na Sec. 1.9 os procedimentos de testes para a determinagdo da tensdo altima para um dado material e 0 uso do fator de seguranca no céleulo da carga admissfvel, para um componente estrutural feito deste material. 2 —— Resistincia dos Materiais Cap. 1 1.2 FORGAS E TENSOES Considerando a estruture da Fig. 1.1, que consiste em barras AB e BC, nos propomos a verificar se essa estrutura pode suportar com seguranga @ carga de 30 KN, aplicada no ponto B. 30kN Fig. 1.4 Fig. 1.2 Do nosso conhecimento de estética, deduzimos que as barras AB e BC esto sob a ago de duas forgas iguais e de sentido contrério, atuando na diregdo do eixo da barra, aplicadas em cada uma de suas extremidades: Fag ¢ Fip de médulo Fp, ¢ Fag € Fic de médulo Fg¢ (Fig. 1.2). Desenhando o diagrama de corpo livre do pino B, e compondo as forgas atuantes no poligono de forcas da Fig. 1.3, podemos escrever, da semelhanga de triangulos: Fan , Fao | 30KN 4m 5m 3m Obtém-se entéo Fyg = 40 KN Fg = 50 KN Fac. foe 5 20k te" Fo 30 KN @ ® Fig. 1.3 Cap. 1 _Introdugdo - Conceito de tensdo 3 Cortando a barra BC, por uma seco transversal, em um ponto arbitrério D, obtemos duas partes BC e CD (Fig. 1.4). Para que estas duas partes permanegam em equilibrio, 6 necessério aplicar a cada uma delas uma forga de 50 kN no ponto D. Concluimos também que BC esta sob efeito de tragao, Da mesma maneira, podemos ver que a forca na barra AB é de 40 kN, e que essa barra est sob efeito de compressao. Fig. 1.4 Os resultados obtidos representam 0 primeiro passo na andlise da estrutura, mas no nos levam & conclusio de que a carga pode ser suportada com seguranga. O fato de a barra BC, por exemplo, suportar a forca interna que ihe é aplicada, ou se quebrar sob a ago dessa forga, néo depende a6 do valor encontrado para o esforgo interno, mas também da area da segdo transversal da barra e do material com que ela foi construida. Na verdade a forca interna Fyo realmente representa a resultante de forgas elementares que se encontram distribufdas em toda a rea da se¢do transversal da barra BC (Fig. 1.5). Fac one ‘ 3 > Fig. 1.5 A intensidade dessas forgas distribufdas é igual & forca por unidade de érea Foo/A, na segéo transversal. O fato de a barra BC se quebrar ou néo sob a acéo da forga F'gc depende, entéo, da capacidade do material resistir a intensidade das forgas distribufdas. Em guma, a ruptura da barra depende da forga Fyo, da drea da segdo transversal ¢ das caracterfsticas do material que a constitui. 4 Resist&ncia dos Materiais Cap. 1 A forca por unidade de érea ou a intensidade das forgas distribuidas numa certa seco transversal é chamada tensdo atuante, nessa seco, e ¢ indicada pela letra grega o (sigma). A tenséo em uma barra de segdo transversal A, sujeita a uma forea axial P (Fig. 1.6), é entao obtida dividindo-se o médulo P da forga pela érea A: P an I, Ye @ ® Fig, 9.6% Para indicar a tenséo de tragdo (barras tracionadas) serd usado o sinal positivo. O sinal negativo indicarA tensdo de compressao (barras comprimidas), No Sistema Internacional, P é expressa em newtons (N), A em metros que- drados (mm), A tenséo o seré expressa em N/m, unidade que 6 denominada pascal (Pa), Para uso prético, no entanto, o pascal se revela uma medida muito pequena (as grandezas expressas em pascal tornam-se mimeros muito grandes). Usam-se, entio, miltiplos dessa unidade, que séo o quilopascal (kPa), o megapascal (MPa) e 0 gigapascal (GPa). 1 kPa = 10° Pa-e 10° Nim* 1 MPa = 108 Pa » 108 Nim? 1 GPa = 10° Pa = 109 Nim? Cap. _Introdugtio - Conceito de tenséio 5 Quando se usam unidades inglesas, P é expressa em libras (Ib) ou quilolibras (kip), ea érea da secdo transversal se expressa em polegadas quadrades (in?). Atenséo © seré expressa em libras por polegada quadrada (psi) ou quilolibras por polegada quadrada (ksi)!, Voltando ao estudo da barra BC, vamos imaginar que é constituida de ago e possui um diémetro de 20 mm, Temas entao: P = Fy, = +50 KN = +50 x 108 = (10 x 10-9m)? = 314 x 10-6 m? +50 x 10°N TE 10S ge ~ +159 x 108Pa = + 159MPa O valor de a, obtido acima, deve ser comparado com o méximo velor de tensio que pode ser aplicado com seguranea ao ago. Dessa comparagao se deduziré se a barra BC pode ser usada para suportar acarga de30 KN. Através de tabelas de propriedades de materiais, descobrimos que a tenséo maxima admissivel para o ago utilizado 6 Guim ~ 165 MPa. Como o valor da tenséo calculado € menor que Ggén» concluimos que a barra BC pode suportar com seguranga a carga aplicade. Para completar a anélise da estrutura, devem ser estudadas ainda a tenséo de compressdo na barra AB e as tensdes provocadas nos pinos enos suportes da estrutura, o que ser4 feito mais adiante neste capitulo. Finalmente, devemos verificar se as deformagées que ocorrem nas barras, pela agéo do carregamento, séo aceitaveis. O estudo das deformagées provo- cadas por forgas axiais 6 assunto do Capitulo 2. ‘As fungées do engenheiro no se limitam & andlise de estruturas ou méquinas jGexistentes, que devem suportar determinados carregamentos; de maior importancia 60 projeto de novas méquinas e estruturas, quer dizer, a escolha dos componentes estruturais adequados para as solicitagses que se prevéem, Vamos, por exemplo, imaginar que na estrutura da Fig. 1.1, a barra BC deve ser de aluminio. Qual deve ser o diametro da barra, para suportar com seguranga a carga aplicada? Primeiramente, voltando @ tabela de propriedades dos materiais, encon- tramos, para 0 aluminio a ser usado, o valor da tenséo admissivel igual a Guim 100 MPa. Sabemos que a forca na barra é P= Fac =+50KN, pois néo houve mudanga de carregamento. ‘As principals unidades do Sistema Internacional e do Sistema Inglés encontram-se no Apéndice H. 6 Resistencia dos Materiais Cap. 1 Da Equagéo 1.1, 50 x 109. * Y00* 10°Pa Ae = 500 x 10-6 m? bi xm = ne sam nama e,como A=xr?, tm r-V4- Vv 00x 10-F mE 19,62 x 10-m = 12,62mm d = 2r = 252mm. Coneluimos entéo que uma barra de aluminio de 26mm de diametro seré adequada para a pea BC. 1.3 FORCAS AXIAIS; TENSOES NORMAIS Como foi dito anteriormente, as forgas Face Fgg, que atuam na barra BC do exemplo considerado, tém a diregéo do eixo da barra. Dizemos entéo que a barra est sob a ago de forcas axiais. A secdo transversal que passamos pelo ponto D, pata a determi- nagéo das forgas internas e das tensées, era perpendicular ao eixo da barra; as forcas internas ficaram assim perpendiculares (normais) ao plano da segdo transversal (Fig. 1.5) e as correspondentes tensdes sao chamadas tensdesnormais. Assim, a Férmula 1.1 fornece a tensao normal em uma barra sob a agéo de forga axial. oF ay Devemos notar também que na Formula 1:1, 0 obtida dividindo-se a inten- sidade P da resultante das forgas internas que atuam na seco transversal pela rea A dessa sepéo; essa relagéo, no entanto representa o valor médio das tensbes na segao transversal, e néo o valor especifico.da tenso em um determinado ponto da secdo transversal. Para definir a tensdo em um dado ponto @ da segdo transversal, devemos considerar uma pequena drea AA (Fig, 1.7). Cap. 1 Introdugéo - Conceito de tenstio 7 Pp Fig. 1.7 Dividindo-se a intensidade de AF por AA, obtém-se o valor médio da ten: em AA, Fazendo entéo AA tender a zero, obtém-se a tenséo no ponto Q: De modo geral,’o valor obtido para a tenséo no ponto Q é diferente do valor da tenséo média dado pela Férmula 1.1, e notamos que o varia ao longo da se transversal. Em uma barra delgada, sujeita a forgas concentradas iguais ¢ de sentidos opostos, P e P’ (Fig, 1.8a), esta variagdo é pequena nas segies distantes do ponto de aplicagéo das forcas (Fig. 1.8c); porém, ela é aprecidvel nas imediagées deste ponto (Figs. 1.85 ed). 8 —— Resisténcia dos Matericis Cap. 1 ’ o @ o @ Fig. 1.8 Deduzimos da Equagdo 1.2 que a intensidade da resultante das forcas inter- nas distribuidas 6 fare fi oda As condigSes de equilfbrio de cada uma das partes da barra, mostrades ne Fig. 1.8, oxigem que a intensidade da resultante se iguale ao valor P das cargas aplicadas. Assim, temos: P=fdF=f odd (3) Easa expressio mostra que o volume limitado pelas superficies que se formam em cada distribuigdo de tensdes da Fig. 1.8 deve ser igual a intensidade P das forgas aplicadas. Essa é, entao, a Gnica informagao acerca da distribuieao de tensdes nas vérias segdes da barra, que a estitica pode nos oferecer. A distribuigio real de tensdes em uma certa segao transversal é estaticamente indeterminada. Para conhevermos qualquer dado a mais sobre esca distribuigdo, precisamos langar mao da consideracdo das deformagées que resultam das diferentes maneiras de se aplicar a carga nos extremos da barra. Egse assunto serd discutido no Capitulo 2. Cap. 1 _Introdugdo - Conceito de tensdo 9 Na prética, vamos assumir que a distribuigéo das tensées é uniforme em uma barra carregada axialmente, com excegio das segées nas vizinhangas do ponto de aplicagdo da carga. O valor o da tensdo 6 adotado igual ao valor da tenséo média pea © pode ser calculado pela Férmula 1.1. Devemos compreender, no entanto, que quando assumimos uma distribuig: uniforme de tensées, isto 6, quando adotamos que as forcas internas esto uniforme- mente distribuidas ao longo da segao, segue-se da estética elemnentar? que a resultante P das forgas internas esté aplicada no centrfide da se¢do transversal (Fig. 1.9). Fig, 1.9 Entéo, uma distribuigdo uniforme de tensées 86 & posstuel se a linha de agéo das forcas aplicadas P e P' passar pelo centréide da seco considerada (Fig. 1.10). Fig. 1.10 2 Ver Ferdinand P. Beer e E. Russel Johnston Jr., Mecénica para Engenheiros, 3* ed., Nova Torque, ‘McGraw-Hill, 1976, ou Mecdnica Vetorial para Engenheiros, 3 ed., Nova Torque, McGraw-Hill, 1977, Secs, 5.16.2. 10 Resisténcia dos Materiais Cap. 1 Este tipo de carregamento é chamado de carga centradae ser4 adotado como carregamento atuante em todas as barras de eixo reto das treligas e estruturas reticuladas (estruturas cujas barras sio conectadas por pinos), como aquela da Fig. 1.1. No entanto, se uma barra ¢ carregada axialmente, mas excentricamente, como mostra a Fig. 11a, as condigdes de equilibrio de uma parte da barra (Fig. 1.115) nos levam a concluir que as forgas internas em uma certa segdo transversal devem ser equivalentes a forga P aplicada no centrdide dessa segdo, e um conjugedo M, de intensi- dade dada pelo momento M = P.d. A distribuigdo de tensdes, entio, ndo pode ser uniforme, ou simétrica, como na Fig, 1.8. 0 Capitulo 4 discute esse caso com detalhes. Fig. 1.11 1.4. TENSOES DE CISALHAMENTO ‘As forgas internas e correspondentes tensdes, que foram discutidas nas segdes 1.1 1.2, eram normais & seco transversal. Quando duas forcas P e P’ so aplicadas a uma barra AB, na diregéo transversal a barra, ocorre um tipo de tenséo muito diferente Gig. 1.12), Cop. 1 Introdupio ~ Conceito de tensio ut i, Fig. 1.12 Se passarmos uma segao transversal pelo ponto C, entre os pontos de aplicagéo das foreas (Fig. 1.13a), podemos desenhar o diagrama da parte AC (Fig. 1.13b), & concluirmos que devem existir forcas internas na seco transversal, e que sua resul- tante deve igualar a P. Essa resultante, de intensidade P, é chamada forga cortante na segéo. Ao dividirmos a forca constante P pela érea da secdo transversal A, obtemos a tensdo média de cisalhamento na seco. A tensio de cisalhamento é indicada com a letra grega t (tau). Podemos escrever entao: ae g (14) a ® Fig. 1.13 ‘Devemos frisar bem que o valor obtido na Férmula 1.4 6 um valor médio das tensées de cisalhamento. E, contrariamente ao que dissemos para as tensdes normais, a distribuigao de tensbes de cisalhamento na segdo transversal ndo pode ser assumida 12 Resistoncia dos Materiais Cop. 1 como uniforme. Como se veré no Capitulo 5, o valor real da tensao de cisalhamento varia da superficie para o interior da pega, onde pode atingir valores bem superiores 8 tinea A tensio de cisalhamento ocorre comumente em parafusos, rebitese pinos que ligam as diversas partes das maquinas e estruturas. Consideremos (Fig. 1.14) as duas chapas A e B, ligadas pelo rebite CD. Ao aplicarmos as chapas as forcas de tracdo de intensidade F, aparecerdo tensées na seco do rebite que corresponde ao plano EE’. Desenhando os diagramas do rebite e da parte deste que fica acima do plano EE’ (Figs. 1.150 e b) conclufmos que @ forea cortante P na seco é igual a F. A tenséo de cisalhamento média na secdo é obtida dividindo-se P = F pela 4rea da secdo transver- sal A, de acordo com a Férmula 1.4: PLE wa FF a5) c ce ie E F Es r—| E Ay OE £ — E o> P F $ B @) © Flg.1.14 Fig. 145 Nes condigées descritas, dizemos que 0 rebite esté.syjeito a cisalhamento simples. Podem surgir outras situagées de carregamento. Por exemplo, se as chapas de ligagto C e D sao usadas para conectar as chapas A e B (Fig. 1.16), o rebite HJ poderé ser cortado nos planos KK’ e LL’ (do mesmo modo essa situagdo ocorre para o rebite EG). Nesse caso, os rebites se dizem sujeitos a cisalhamento duplo. Fig. 1.46 Para determinarmos a tenséo média de cisalhamento em cada plano, dese- nhamos os diagramas do rebite HJ e da porcéo entre os planos HJ e LL’ (Fig. 1.17). A forca cortante P em cada uma das segées 6 P «i F/2, e a tenséo média de cisalhamento vale: Cap. 1 Introdupio - Conceito de tensio 13 PF wa EE (1.8) _ —_— r——>| @ e) Fig. 1.17 1.5 TENSOES DE ESMAGAMENTO Os parafusos, pinos e rebites provocam tensdes de esmagamento nas barras que estéo ligando, ao longo da superficie de contato. Tomemos como exemplo, novamente, a5 chapas A eB ligadas pelo rebite CD discutidas na seco anterior (Fig. 1.14). O rebite exerce na placa A uma forca P igual e de sentido contrério a forga F, aplicada sobre 0 rebite pela placa (Fig. 1.18). A forca P representa a resultante das forcas elementares que se distribuem ao longo da superficie interna do semicilindro de diametro de comprimento t, igual espessure da chepa. A distribuigio das tensdes ao longo dessa superficie cilindrica é de dificil obtengao e, na prética, se utiliza um valor nominal médio para a tensdo. A esse valor nominal dé-se o nome de tensdo de esmagamento Gp. Obtém-se og dividindo-se a forga P pela area do reténgulo que representa a projegao do rebite sobre a segdo da chapa (Fig. 1.19), Essa 4rea é igual at -d, onde ¢ 6 a espessura da chapa, ed 6 0 didmetro do rebite. alt fete Fig. 1.18 14 Resistoncia dos Materiais Cap. 1 ‘Temos: P 7) 1.6 APLICACOES NA ANALISE DE ESTRUTURAS SIMPLES Estamos agora em condigées de determinar as tensdes nos membros e ligagdes de algumas estruturas simples bidimensionais. a) Determinagao das tensées normais nas barras com forca axial: 0 primeiro passo consiste na determinagdo da forca em cada uma das barras. No caso da estrutura estudada na Sec. 1.1, isto pode ser feito pelas consideragées de equilibrio de apenas um ponto, ou né. Em problemas mais complexos, 6 necessério considerar, inicialmente, o diageama de corpo livre da estrutura toda, determinando as reagdes nos apoios através das trés equacées de equilfbrio para um corpo rigido, BF, y= 0 © EM, = 0 (18) onde A é um ponto qualquer do plano que contém a estrutura. As forgas atuantes nas barras podem entéo ser determinadas, analisando-se as condigbes de equilfbrio de cada né*. Em alguns casos, pode ser vantajoso desenhar o diagrama de corpo livre de uma parte da estrutura, estudando as equagdes de equilfbrio (1.8) para essa parte’ Seas barras da estrutura estiverem sob agdo de varias forcas, as equacées (1.8) podem ser desenvolvidas para cada barre’. Como vimos na Sec. 1.1, pare uma barra sujeita a ago de uma forea centrada, a tensfio normal ¢ pode ser obtida do quociente entre a forga Pe a drea da segdo transversal da barra. Quando a segdo transversal é varidvel ao longo da barra, a maior tensio ocorre na segéo transversal de menor rea, Tomando como exemplo a estrutura da Fig. 1.1, vamos especificar que a barra circular BC, de 20 mm de diametro, tem extremidades achatadas com segao transver- sal retangular de 20 por 40 mm (Fig. 1.20). Especifiquemos, também para a barra AB, uma seg&o transversal retangular, constante ao longo da barra, de 30 mm por Ver Beer e Johnston, Mecdnica Vetorialpara Bngenheiros, cit, Secs. 4.1 a 44e 6.4, ou Mecdnice para Engenheires, cit, Secs. 3.12.0 3.14 6.4. 4 V. ainda, Beer e Johnston, Mecéniea Vetorial para Engenheiros, cit., Sec. 6.7, ou Mesdnica pore Engenheiros, cit, Sec. 6.8, 5 V, Beer e Johuston, Mecénica Vetoria! para Engenheiros, cit, Secs. 6.9, a 6.11 ou Mecénica para Engenheiros, ci, Secs.6.10 06.12. Cop. 1 _Introdupao ~ Conceito de tenséo 15 50 mm. Na extremidade B, a barra AB divide-se em duas partes, permitindo o encaixe da barra BC. As duas barras se ligam em B, por intermédio de um pino, de onde fica suspensa a carga de 30 KN. No ponto A, um pino liga a barra AB ao apoio, que consiste em um encaixe entre duas chapas. No ponto C, um pine liga a barra BC ao apoio, que consiste em uma placa tinica. Os pinos tém 25 mm de diametro (Fig. 1.20). Como calculamos na Sec, 1.1, a forga atuante na barra BCé Fac = 50KN, ea frea de sua sepio transversal 6A = 314 x 10-6 m?; a tenséo normal média corres- pondente 6 og¢ = +159MPa. No entanto, as extremidades achatadas da barra também estao sob tensio. Se tomarmos a menor seco transversal, no ponte onde a barra é furada para a passagem do pino, temos: A = (20mm)(40:mm ~ 25mm) = 300 x 10-6 m? O valor médio da tensdo nesse ponto é: 50 x 105N Su ~ 4 ~ 300% 10m ” STMPa cpg y 8=25 0m CoA 7 Rp 20 mm SSchat ¢=20mm VISTA AUXILIAR DA BARRA BC ie dorm = 20 ren g=25mm 13m a ‘a AT | MSTA AUXUAR DABARRAAB = 250m Fig. 1.20 16 Resistencia dos Materiais. Cop. 1 Este 6 um valor médio; como veremos adiante, na Sec. 2.17, préximo ao furo © valor da tensdo é bem maior. Fica claro que, sob a agdo de uma carga crescente, 2 barra vai se romper num ponto préximo a um dos furos, e ndo na parte cilindrica. No seu projeto, entéo, deve-se providenciar uma majoragao da altura ou da espessura da parte achatada, ‘Voltando nossa atengao, agora, para a barra AB, sabemos que ela esta sendo comprimide pela agdo da forca Fag = 40 KN. Como a rea da segdo transversal da barra 6A= 30mm x 50mm = 1,5x 10-3 m?, o valor da tenséo média, na parte principal da barra, entre os pontos Ae B é: Onn =~ TE iyi 7 7267 * 106Pa = ~26,7MPa Devemos notar que as segées transversais de menor 4rea, em A eB, nao estéo sujeitas a nenhuma tenséo, uma vez quea barra est comprimide e, portanto, empurra 0s pinos (ao invés de puxar os pinos, como faz a barra BC). d) Determinagio das tensées de cisalhamento nas ligagdes: Para a determinagdo da tensdo de cisalhamento em um conector, como parafuso, pino ou Tebite, devemos especificar claramente as forgas que so aplicadas pelas varias pegas ligades por ele, Assim, no caso do pino C de nosso exemplo (Fig. 1.21a), desenhamos o diagrama da Fig. 1.216 que mostra a forca de 60 KN aplicada ao pino pele barra BC, e a forca igual e oposte, aplicada pela chapa de ligagdo. Se desenharmos agora 0 diagrama da parte do pino abaixo do plano DD’, vemos que a forga cortante nesse plano é P= 50 KN, > ow o % &) @ Fig. 1.21 A frea da segio transversal é: 2 areal = x(12,5 x 10-8m)? = 491 x 10-Sm? Anwt-x Cap. 1 _Introdugia - Conceito de tenstio a7 e calculamos a tenséo média de cisalhamento nesta secdo, que é: P 50 x 10° wea“ 7 Gal x 10-8me ~ 102MPa ‘Vamos considerar agora que o pino A. A Fig. 1.22 mostra que ele se encontra sujeito a corte duplo. Desenhamos os diagramas do pino e da porgio dele situada entre os planos DD’ e EE’, onde ocorre o corte. NesSe caso concluimos que P = 20 KN, e: ’ PB 20KN “wed A ~ 497 x 10 d= 25mm A ey | eo sown i << sox <—$ 40 in Re — ‘@ o o Fig. 1.22 Devemos ainda analisar o pino no ponto B. Na Fig. 1.23a, vemos que o pino pode ser dividido em cinco porgées pelas forcas exercidas pelas barras BC, AB (que se dividem em duas partes) e pela chapa dobrada que sustenta a carga aplicada, Considerando sucessivamente as partes DE e DG (Figs. 1.230 ec), concluimos que a forga cortante em E 6 P, = 15 KN, ea forca cortanteem G é Pg = 25 KN, O carregamento do pino € simétrico, donde afirmarmos que « maior forca cortante é Pe =25 kN. Com esse valor, calculamos a maior tensio de cisalhamento no pino, que 6 Pe 25 kN Tmtd" A” Z5L x 10-Pme ” 5OOMPa Fig. 1.23, 18 Resistincia dos Materiais Cap. 1 ¢) Determinagao das tensées de esmagamento: Para adeterminagéoda tenséo normal de esmagamento no ponto A da barra AB, utilizamos a Formula 1.7 da Sec. 1.4. A Fig. 1.20 fornece os valores ¢ = 30 mm ed = 25 mm. Como P= Fyg= 40 kN, temos: PB 40kN td ~ GOmm)(25 mm) = 53,3MPa Para caleularmos a tenséo de esmagamento nas chapas de ligagéo, em A usamos ¢ = 2(25 mm) = 50mm e d= 25 mm. oe 40 kN eid * GOmm)(25 ram) ~ 5OMPa ___ As tensdes de esmagamento nos pontos B eC, para as barras AB e BC, s80 calcilladas de maneira idéntica. PROBLEMA RESOLVIDO 1.1 No suporte da Fig. 1.1, a haste ABC tem, na parte superior, 9 mm de espessura, e na parte inferior, 6 mm de espessura de cada lado. Uma resina a base de epozy 6 usada para colar as partes superior e inferior da haste, no ponto B. Os pinos no ponto A eC tém 9 mm e 6 mm de didmetro, respectivamente. Pede-se determinar: a) Atenséo de cisalhamento no pino A. d) A tenséo de cisalhamento no pino C. ©) Amaior tensfo normal ne haste ABC. @) Atenséo média de cisalhamento nas superficies coladas no ponto B. e) Atenséo de esmagamento na haste em C. Cap. 1 Introdugéo — Coneeita de tensdo 19 Corpo livre: Todo osuporte. Desde quea barra ABC 6 um membro de duas forgas, a reagdo em A é vertical, A reagio em D é representada por suas componentes D, e D,, Podemos escrever: +) Mp =0 (2.200N)(37 mm) - Fact25 mm) = 0 Fac = 3256N Fac = 9256N tragao S286 Fac = 9256.N Fag = 9256 NN Tego 16288 ammeémeto ? Smmalimeto Tr4e=1620N a) Tensao de cisalhamento no pino A: 0 pino estd sujeito a cisalhamento simples, e podemos escrever: 20 Resisténcia dos Materiais Cop. 1 Fac _3256N x 10-6 < “" A" Tae @ x lo-dmp ” OL2MPa b) Tensio de cisalhamento no pino C: O pino esté sujeito a cisalhamento duplo. Podemos escrever: U2Fsc _-1628N x 10-6 < TH” Wax x 10-Smp ~ SOME ¢) Tensio normal maxima na baste ABO: No pontoA, a haste tem menor Grea de segio transversal, devido ao furo para passagem do pino de 9 mm. Nesse ponto temos a haste com altura de (32 - 9) = 23 mm, e: 3256N x 10-6 = SN < @ ¥ 10-? mj(@a x 107m) ~ 15.7MPa d) Tensao de cisalhamento média no ponto B: As duas faces da parte superior da haste esto coladas a parte inferior. Assim, a forga de corte em cada face 6 F, = 325 N/2 = 1628N. A tenséo de cisalhamento médio em cada face é: Fy 1628 x 10-6 < 3" A Gx l0 mas x 109m) ~ LISMPa e) Tensio de esmagamento da haste no ponte C: Para cada parte da haste, F, = 1628N, e a 4rea nominal para esmagamento é (6 mm) (6 mm) = 36 mm?, Fy 1626N x 10-6 icesharh < Tee 36 x 10-ome ~ “PPMP S PROBLEMAS LLe12 Duas barras cilindricas macigas séo soldadas no ponto B como indicado. Determine a tenaéo normal no ponto médio de cada barra. Cap. 1 _Introdugéo - Conceito de tensdo a ic ni 7e0rim =~] 3=-75 mm : 100mm. {| be-Somm P= 180 KN “ Fig. Pt Fig. P1.2 1.8 No Prob. 1.2, determine a intensidade da forga P para que a tensdo normal seja a mesma em ambas as barras. 14 No Prob. 1.1, determine a intensidade da forga P, para que a tenséo de tragdo na barra AB tenha a mesma intensidade que a tenso de compressio na barra BC. 1.5 A carga axial na coluna, que sustenta a viga de madeira mostrada, 6 de 100 KN. Determine o comprimento éda placa de apoio para que a tenséo de esmaga- mento média na madeira seja de 2,8 MPa. ‘go im 100 kN Fig. PIS Fig. P1.6 1.6 Trés pranchas de madeira sio unidas por uma série de parafusos, formando uma coluna. O didmetro de cada parafuso 6 de 12mm, e o diémetro interno de cada arruela é de 15mm, que é ligeiramente maior que os furos das pranchas. Sabendo-se que o diémetro externo de cada arruela é d = 30 mm, e que a tensio de esmagamento média entre as arruelas e as pranchas nao deve exceder a 5 MPa, determine a maxima tenséo normal admissfvel em cada parafuso. 22 Resistencia das Materiais Cop. 1 1.7 Para a estrutura do Prob. 1.6, determine o diametro externo d necessério para as arruelas, sabendo-se que a tenséo normal axial em cada parafuso é de 20 MPa e que a tenséo normal de esmagamento média entre as arruelase as pranchas néo deve exceder a 5 MPa. 1.8 Uma carga axial P suportada por uma pequena coluna W250x 80, de sepio transversal igual a A = 10.200 mm? eé transmitida a uma fundagdo de concreto por uma placa quadrada de 450 mm, como mostrado. Sabendo-se que a tensio normal média na coluna nao poderd exceder 248 MPa, e que a tensio de esmagamento média sobre a fundagéo de concreto ndo poderé exceder 13,8MPa, determine a méxima carga P admissivel. Fig. PS 1.9 e 1.10 Sabendo-se que a haste de ligagéo BD tem uma sepdo transversel ‘uniforme, de 4rea igual a 800 mm?, determine a intensidade da carga P para que a tenséo normal na haste BD seja 50 MPa. Cap. 1 Introdupio - Conceito de tensio 23. 1.11 A haste de ligagdo AC tem uma segdo transversal retangular uniforme de 3,2mam de espessura e 25,4mm de largura. Determine a tensio normal na porgao central da haste, quando «= 0". ‘230 mm” 200 mm Fig. P1.1t L.12 Resolve o Prob. 1.11, assumindo que a=90", 1.18 Cada uma das quatro hastes verticais, ligadas as duas bairas horizontais, tem uma segdo transversal retangular uniforme de 10 x 40 mme os pinos tem didmetro de 14mm. Determine. méximo valor da tenséo normal média, causada pela carga de 24KN, nas hastes conectadas pelos (a) pontos B e E; (b) pontos Ce F. Fig. P1.13 1.14 Resolver o Prob. 1.13, assumindo que a carga de 24 KN ¢ orientada para cima. 24 Resistencia dos Materiais Cop. 1 1.45 Cada uma das hastes deligacdo AB e CD tem uma segao transversel retangular uniforme de 6,3 x 25,4 mm e esta ligada a barra horizontal BCE por pinos de diémetro igual a 25,4mm. Considerando que a tenséo normal média de ambas as hastes néo exceda a 170 MPa, determine a mAxima carga que pode ser aplicada no ponto F, se esta carga é dirigida (a) verticalmente para baixo; (b) verticalmente para cima, Fig. P15 1.46 Duas cargas verticais séo aplicadas ao pino B da montagem indicada. Saben- do-se que o diametro do pino usado em cada ligacdo é de 15,2mmm, determine o valor méximo da tenséo normal médie na (a) haste AB; (b) haste BC. Fig, P1.16 Cap.1 Introdugéo-Conceitodetenséo 25 1.47 Para a trelica e carregamento mostrado, determine a tenséo normal na barra BD. Sabe-se que a érea da segdo transversal da barra é de 1.290 mm, 1.18 Determine a menor 4rea admissivel para a segdo transversal da barra DE da treliga mostrada, se para o carregamento dado, « tensdo normal nesta barra no deve ultrapassar 138 MPa. Fig, P1.17 @ P1.18 1.19 Determine a menor area admissfvel para a segdo transversal da barra DE da trelica mostrada se para o carregamento dado, a tenséo normal nesta barra nao deve ultrapassar 200 MPa, 1.20 Para a trelica e carregamento mostrado, determine a tenséo normal na barra AD, Sabe-se que a érea da seco transversal de barra é de 1.200mm?, om 25m Fig. P1.19.¢ P1.20 26 ——_Resisténcia doe Materiais Cop. 1 1.21 Sabendo-se que a haste de ligaco DE tem 25,4mm de largura e 3,2mm de espessura, determine a tensio normal na porgSo central desta haste quando @= 0". 1.22 Sabendo-se que a haste de ligagéo DE tem 25,4mm de largura e 3,2mm de espessura, determine a tenséo normal na poreao central desta haste, quando 6= 90°. 100mm 300mm 100mm 200 mm, 265 N Fig. P1.21 ¢ P.122 1.23 Uma barra-reboque para avido 6 posicionada por meio de um cilindro hidréu- lico, ligado a uma barra cilindrica de ago com 25 mm de diémetro, que aciona dois ‘bragos DEF idénticos, com rodas. O peso total da barra-reboque é de 2 KN, e seu centro de gravidade esté localizado em G. Para a posigio mostrada, determine x tensto normal nessa barra cilindriea, Dimensdes em mm Fig. P1.23 1.24 No guindaste maritimo, a barra de ligagéo CD tem uma seco transversal uniforme de 50 x 150 mm. Para o carregamento mostrado, determine a tensao normal na parte central desta barra. Cap. 1 _Introdugéo~ Conceito de tensio 27 16mm altctee rere Fig. Pt.25 1.25 Duas pranchas de madeira, cada uma com 12,7 mm de espessura ¢ 230 mm de largura, séo unidas por uma respiga de unido seca, como indicado. Sabendo-se que a madeira utilizada impede o cisalhamento ao longo das fibras enquanto a tensao de cisalhamento média néo atinge 8;3 MPa, determine a intensidade da carga axial P, que iré causer felha nesta junta. 1.26 Duas pranchas de madeira, cada uma com 15 mm de espessura e 200 mm de largura, sao unidas por uma respiga de unido colada, como indicado. Sabendo-se que esta junta iré falher, quando a tenséo de cisalhamento média na cola atingir 900 kPs, determine o comprimento necessério d, se a junta deve resistir a uma carga axial de intensidade P= 4 KN. pe (cel Fig. P1.26, Fig. P1.27 28 -Resisténcia dos Materiais Cap. 1 1.27 A carga P est aplicada na barra cilindrica de ago, como indicado, e apsia-se sobre uma place de alum{nio com furo de 12 mm de diémetro, feito por uma broca, Sabendo-se que a maxima tensdo de cisalhamento ¢ de 180 MPa para o ago e 70 MPa para o aluminio, determine a maior carga que poderd ser aplicada a barra de aco. 1.28 Determine o maior diémetro do furo que pode ser puncionado numa placa de poliestireno com 6,35 mm de espessura, sabendo-se que a forca exereida pela puncio 6 de 44,5 KN e que é necosséria uma tenséo de cisalhamento média de 58,2 MPa para causar falha do material. 1.29 Para a montagem eo carregamento do Prob.1.18, determine: (a) a tenso de cisalhamento média no pino B; (6) a tenséo de esmagamento em B, na barra de ligagao BE; (c) a tensio de esmagamento em B, na barra ABCD, sendo que esta barra tem uma segéo transversal retangular de 15 x 50 mm. 1.30 Para a montagem eo carregamento do Prob. 1.13, determine: (a) a tenséo de cisalhamento média no pino C; (b) a tensao de esmagamento em C, na barra de ligagio CF; (c) a tenséo de esmagamento em C, na barra ABCD, sendo que esta barra tem uma sepdo transversal retangular de 15 x 50 mm. 1.31 Para a montagem eo carregamento do Prob. 1.16, determine: (a) a tensfio de cisalhamento média no pino A; (b) a tensao de esmagamento em A, na barra AB. 1.32 Para a montagem ¢ o carregamento do Prob. 1.16, determine: (a) a tensio de cisalhemento média no pino C; (6) a tensao de esmagamento em C, na barra AB; (c) a tensdo de esmagamento em B, na barra. 1.7 TENSOES EM UM PLANO OBLIQUO AO EIXO Nas segies anteriores, vimos que forgas axiais aplicadas a uma barra causavam tensées normais, enquanto forcas transversais aplicadas a rebites e pinos causavam tensées de cisalhamento (Figs. 1.24 e 1.25), Observamos essa dependéncia entre as tensdes normais e forgas axiais, tensdes de cisalhamento e forgas transversais, devido ao fato de termos analisado as tenses sempre em planosnormais aos eixos das barras e pinos. ‘Vamos verificar agora que forcas axiais causem ao mesmo tempo tensdes normais e de cisalhamento em planos que néo sao perpendiculares ao eixo da peca. Do mesmo modo, forcas transversais aplicadas a um pino causam tensbes normais ¢ de cisalha- mento nos planos obliquos a0 eixo do pino. Cap. 1 Introdugtio-Conceito de tenséo 29 @ ® Fig. 1.24 Gr Desk Fig. 1.25 Consideremos a barra da Fig. 1.24, sujeita A agéo das forgas axiais Pe P’. Se cortarmos a barra por um plano que forma um Angulo @ com o plano normal, desenharmos o diagrama de corpo livre da parte A esquerda da segéo, veremos que as forgas distribuidas, atuando na segéo, devem ser equivalentes a P (Figs. 1.262. 1.266). Decompondo P em suas componentes F e V, respectivamente normal ¢ tan- gencial ao plano da segdo, podemos eserever (Fig. 12.6c) F = Peosd V = Psen 8 a9) A forca F representa a resultante de forgas internas distribuidas normais segio, ¢ V 6 a forga cortante, resultante das forgas distribufdes tangenciais (Fig. 1.26d). Podemos agora calcular a tensio média normal e de cisalhamento conside- rando a frea Ap da segao: eet eee (.10) Chamando Ay a drea da secao normal ao eixo temos que Ay =Agcos@, ou Ag=Agfcos 6 (Fig. 1.26c). Substituindo (1.9) em (1.10) para F e V. Obtemos: 30 __Resisténcia dos Materiais Cop. 1 P cos 6 _ Psend °" Ag leos6 +" Ay feos8 qu) ° a co?O -z sen 8cos 6 Podemos observer, através da 1* equagfo, que a maxima tenséo normal ¢ ocorre para @=0, ou seja, quando a seco transversal 6 perpendicular ao eixo, tendendo a zero quando @ se aproxima de 90°. Assim, para 6-0, achamos: P «ik (1.12) 4 Pp P © = -{_& re * @ Fig. 1.26 como foi visto na Sec. 1.2. A segunda das Equagées 1.11 mostra, também, que a tensio de cisalhamento o € nula para 8= 0 ¢ @= 90" e que para 0» 45° ela atinge seu valor méximo tq = © wen 48° c08, 45° (1.13) Ay Ay A primeira das Equagées 1.11 mostra que para 9~ 46°, a tenséo normal o' 6 tembém igual a P/2A,: oe fa cos? 45° = x (14) Cop. i _Introdugdo ~ Conceito de tenséo 31 e P AF On = Ply (a) Carga axial (b) Tensées para @ = 0 (6) Tensdes para 0 = 45° (d) Tenses para 0 =—45° Fig. 1.27 Os resultados obtidos sao evidenciados na Fig. 1.27. Vemos entdo que o mesmo carregamento pode produzir tensdo normal o,, = P/A, sem nenhuma tenséo de cisa- Thamento, ou tensées normal e de cisalhamento de mesmo valor o' = %, = P/2Ag, dependendo da orientagéo da secdo estudada. 1.8 TENSOES PARA UM CASO DE CARREGAMENTQ QUALQUER; COMPONENTE DE TENSOES Os exemplos ja vistos se limitaram a analisar barras sujeitas a carregamento axial e conectores sujeitos a cargas transversais. No entanto, ‘a maior parte das peas de estruturas e componentes de méquinas se encontra sob a agdo de carregamento mais complexa Consideremos um corpo onde estao aplicadas varias forgas P,, P, ete. (Fig. 1.8). Vamos estudar as condigées de tensées em um certo ponto @ do interior do corpo, causadas pelo carregamento. Para isso, passamos uma segdo pelo ponto Q, por intermédio de um plano paralelo ao plano yz. A porcao do corpo que fica a esquerda da sego esté sujeita a aco de algumas das forgas aplicadas inicialmente e das forgas normais e cortantes distribuldas na seco. 92 Resiaténcia dos Materiais Cap. 1 Fig. 1.28 ‘Tomemos um elemento de drea AA, que contém o ponto Q. Vamos designer por AF*e AV#, respectivamente, as forgas narmal e cortante que agem nas éreas AA (Fig. 1,280). O indice superior x indica que as forgas AF e AV* agem em uma superficie perpendicular no eixo. A forca normal AF¥ tem sua diregao bem definida, mas a forga cortante AV pode ter qualquer diregéo no plano da segéo, Vamos entdo decompor AV nas suas componentes AV e AV, nas diregies paralelas aos eixos y e z, respec tivamente, como mostra a Fig, 1.29b. Se dividirmos agora a intensidade de cada forga pela érea AA, fazendo AA tender a zero, definiremos as trés componentes das tensées mostradas na Fig. 1.30: (4.15) Cap. 1 _Introduptio - Conceito de tenséo 33 Fig. 1.29 Fig. 1.30 Usamos o primeiro {ndice em o,, t,, € %,, para indicar que as tensdes conside- radas agem em uma superficie perpendicular ao eixo x. O segundo indice serve para indicar a diregio da componente. A tensio normal o, é positiva se o sentido do vetor que a representa coincide com o sentido do eixo x. Assim a, seré positive quando 0 corpo estiver sendo tracionado e negativa em caso contrério. Do mesmo modo, ‘as componentes da tensio de cisalhamento, t,, €t,,, Seréo consideradas positivas quando seus correspondentes vetores tiverem sentido coincidente com 0 sentido positive do eixoy ou z, Amesma andlise pode ser feita'se tomarmos a porgao direita do corpo dividido pelo plano vertical (Fig. 1.81). As tenses obtidas serdo de mesma intensidade, mas de sentidos contrériog, em relagéo ao caso estudado acima. A segéo transversal esté voltada para o lado negativo do eixo x, de modo que o, teré sinal positivo quando seu vetor tiver sentido contrério a0 do eixo x. Do mesmo modo, +,, € t,, serdo positivas quando seus correspondentes vetores tiverem sentido contrério ao sentido positive do eixoy ou z (Fig. 1.81). 3 Resistncia dos Materiais Cap. 1 Fig. 1.31 Se passarmos pelo ponto Q uma secdo paralela ao plano xz, definiremos as componentes ¢,, t,, € t,, Ao passarmos pelo ponto @ uma seco paralela ao plano xy obteremos as componentes Oy, t,€ Ty. Para facilitar a visualizacdo do estado de tensbes uo ponto @, vamos conside- rar um pequeno cubo de lado a, com centro no ponto @, juntamente com as tensies que atuam em cada uma das seis faces do cubo (Fig. 1.32). As componentes que aparecem na figura so as tensées normais o,, 0, € o,, que atuam nas faces perpendi- culares aos eixos x, y e z respectivamente, ¢ as seis componentes das tensdes de cisalhamento t,,, %, ete. Lembramos, da definiggo de componentes das tensdes de cisalhamento, que «,, represents arsomponente y da tensio de cisalhamento que atua na face perpendicular ao eixo x, do mesmo modo que +,, representa a componente x da tenséo de cisalhamento que atua na face perpendiciilar ao eixo y. Nas trés faces do cubo que nao séo vistveis, ocorrem tenstes iguais e de sentidos opostos. As tensdes atuantes nas faces do cubo diferem pouco daquelas que agem no ponto Q, e 0 erro cometido 6 pequeno, desaparecendo quando ¢ lado a do cubo tende a zero, Fig. 1.32 Cap. 1- Introdugo ~ Conceito de tensio 36 ‘Vamos agora deduzir algumas relagées importantes entre as componentes das tensdes de cisalhamento. Considerando o diagrama de corpo livre do cubo centrado em Q (Fig. 1.38), podemos obter as foras normais e cortantes nas vérias faces, multiplicando as componentes des tensées pela érea de cada face. Considerando um sistema de eixos coordenado com origem no ponte @, podemos escrever as seis equagées, de equilfbrio: IF, = 0 BF, = 0 (1.16) IM, = 0 2M, = 0 qin 7 oad yA 4A, TyphA ahh aah ata WabA Fig. 1.33, Sabemos que nas faces nao visiveis do cubo na Fig. 1.93 agem forgas iguais e de sentido contrério as indicadas, o que satisfez as Equagées 1.16. Anelisando as Eqs. 1.17, vamos considerar em primeiro lugar a terceira das equagées, EM, 0. Usando uma projegio no plano xy (Fig. 1.34), podemos ver que somente as forcas cortantes tém momento diferente de zero, em relagio ao eixo z, Elas formam dois conjugados, ‘um deles com momento positivo, contrdrio ao giro dos ponteiros de um relégio, de valor (ay AA)a, 0 outro negativo, no sentido dos ponteiros do reldgio, de velor -(t,, AA)a. Eserevemos entéo: + IM, = 0: (Gy AA)a - (GAA)a = 0 36 Resistbicia dos Materiais Cap. 1 wl Ore ayAt ath = Voy bA Fig. 1.34 de onde podemos concluir que (1.18) Essa relagéo mostra que a componente y da tenséo de cisalhamento que atua em uma face perpendicular ao eixo.x é igual componente x da tenséo de cisalhamento que atua na face perpendicular ao eixoy. Das outras duas Equecées 1.17, deduzimos, da mesma maneira, as seguintes relagies: 19) ee pee G.19) As Equacées 1.18 e 1.19 mostram que so necessérias apenas seis compo- nentes para definir o estado de tensées em um certo ponto Q, e nfio nove componentes, como adotamos inicialmente. Essas seis componentes 580 0,, 0), Op) toy Tyo ter B facil ver também que a tensio de cisalhamento nfo ocorre em apenas um plano, mes sempre haveré, em um plano perpendicular ao primeiro, a atuagdo de uma tensao de cisalha- mento de igual valor. Consideremos coino exemplo o rebite da Fig. 1.25, analisando um pequeno cubo no centro Q do rebite (Fig. 1.52). Vemos que tensées de cisalhamento de mesmo valor devem ocorrer nas duas faces horizontais e nas duas faces que so perpendicu- Jares as forgas P e P’ (Fig. 1.356). Gap. 1 Introdugio-Conceito de tensio 37 r ae @ ® Fig. 1.35 Antes de finalizarmos nossa discusséo sobre as componentes de tenstes, vamos considerar mais uma vez o caso de uma pega submetida a carregamento axial. Se considerarmos o pequeno cubo com suas faces parelelas as faces da peca, ¢ recordarmos os resultados da Sec. 1,6, veremos que 0 estado de tensdes na pega é aquele mostrado na Fig. 1.364; nas faces perpendiculares ao eixo da pega atua unicamente a tensio normal ¢, (0 eixo da pega 6 0 eixo 2). Entretanto, se o cubo for girado em redor do-eixo z, de um Angulo de 45°, até que a orientagéo de suas faces coincida com aquela das Figs. 1.27¢ ed, concluimos que atuam tensées normais e de cisalhamento de igual valor, nas quatro faces do cubo (Fig. 1.36). Verificamos entio que o mesmo carregamento leva a diferentes interpretagGes'do estado de tensées em um ponto, dependendo de orientagdo do elemento considerado. O Capitulo 6 discutiré mais 0 assunto. Fig. 1.36 1.9 TENSOES ADMISSIVEIS E TENSOES ULTIMAS; COEFICIENTE DE SEGURANCA ‘Nas segdes anteriores aprendemos a calcular tens6es em barras e pinos submetidos a condigées simples de carregamento. Nos préximos capitulos, veremos a determinagao de tensdes em situacées mais complexas. No entanto, dentro das aplicagées da engenharia, a determinagio de tensées néo ¢0 objetivo final, mas um passo necessério no desenvolvimento de dois dos mais importantes estudos: 38 Resistencia dos Materiais Cap. 1 1. Aandlisede estruturas e méquinas existentes, com 0 objetivo de prever seu comportamento sob condigées de carga especificas. 2. O projetode novas méquinas e estruturas, que deverdo cumprir determi- nadas fungdes de maneira segura ¢ econémica. Para encaminhar qualquer dos dois estudos acima, precisamos saber como material a ser usado vai atuar sob condigdes conhecidas de carregamentos. Para cada material, isso pode ser determinado realizando testes especificos em amostras preparadas do material. Por exemplo, podemos preparar um corpo de prova de ago e levé-lo auma méquina de testes om laboratério, onde ele serd submetido a uma carga axial de tragao (V. Sec. 2.3). Enquanto fazemas a forga aplicada aumentar progressi- vamente de intensidade, podemos medir varias modificages por que passa 0 corpo de prova, como, por exemplo, alteracées no comprimento e no diametro. Em certo instante, a méxima forga que pode ser aplicada ao corpo de prova é atingida e a amostra se quebra, ou comega a perder resiaténcia, suportando forgas menores. Essa fora maxima € chamada carregamento tiltimo dessa amostra, ¢ 6 designada pelo simbolo Py. Como a forga aplicada 6 centrada, podemos dividir a carga de ruptura pela &rea da secao transversal da barra, para obter a tensdo normal iiltima do material em estudo. Esta tensdo, também conhecida como tensdo iltima 4 tragéo do material, tem. valor: Py oy = =e (1.20) Muitos procedimentos para testes sdo usados na determinagao da tensdo de cisalhamento iiltima de um material. Um procedimento usual utiliza a toreéo de um tubo circular (Sec. 3.9). Um método mais direto, se hem que nao tio preciso come o anterior, consiste em levar uma chapa a uma ferramenta de corte e splicar um carregamento crescente, até que a carga ultima Py para corte simples seja atingida (Fig. 1.87). Se a extremidade livre da chapa estiver epoiada sobre as duas bordas cortantes da ferramenta (Fig. 1.38), obtém-se a carga ditima para corte duplo. Nos dois casos, obtém-se a tensdo dltime ao cisalhamento, dividindo-se a carga tiltima pela drea cortada. No caso de corte simples, essa drea é igual & da segdo transversal do corpo de prova, ¢ no caso de corte duplo, vale o dobro da érea da sepao transversal. Cap.1 Introdugéo—Conceito de tensio 39 [Or Fig. 1.37 Fig, 1.98 ‘Uma pega estrutural ou componente de maquina deve ser projetada de tal forma que a carga tiltima seja consideravelmente maior que o carregamento que essa pega ou elemento iréo suportar em condigées normais de utilizagao. Esse carre- gamento menor é chamado carregamento admisstvel e, algumas vezes, carga de utilizagdo ou carga de projeto. Entio, quando se aplica a carga admiss(vel, apenas uma parte da capacidade de resisténcia do material esté sendo utilizada; outra parte 6 reservada para assegurar ao material condigées de utilizagéo segura. Arelacéo entre © carregamento ultimo e o carregamento admissivel é chamada coeficfente de seguranga®, Temos, entéo: i x 208 o ates tiltima 21) Coeficiente de Seguranga = C8 = Geet stmissivel Em muitas aplicagées existe uma correspondéncia linear entre carge’apli- cada e tenséo provocada pela carga. Nesse caso 0 coeficiente de sguranca pode ser expresso por: Tenséo altima (1.22) Coeficiente de Seguranga = CS = a> atmicsival A determinagéo do valor a ser adotado para o coeficiente de seguranca, nas muites aplicagées possiveis, ¢um dos mais importantes problemas da engenharia. Por um lado, a escolha de um coeficiente de seguranca baixo pode levar a uma possibi- lidade de ruptura da estrutura muito alta; por outro lado, um coeficiente desegurenga muito alto leva a projetos antiecondmicos ou pouco funcionais. Acscolha do coeficiente de seguranca adequado para as diferentes aplicagdes préticas requer uma anélise cuidadosa, que leve em consideracéo muitos fatores, como os que se seguem: @ Bm alguns campos da engenharia, principalmente na engeaharia aeronéutica, usa-se a margem de seguranga ao invés do cneficiente de soguranga. A margem de seguranpa 6 definida como a cueficiente de soguranca menos um, isto 6 ‘Margem de Seguranga * CS ~ 1,0 40 —_Resisténcia dos Materiais Cap. 1 1. Modificagées que ocorrem nas propriedades do material. A com- posig&o, resisténcia e dimensdes dos materiais estao sujeitas a pequenas variagses durante a fabricagao das pecas. Além disso, as propriedades do material podem ficar alteradas, e podem ocorrer tensdes residuais devido a deformagbes ¢ variagéo de temperatura a que o material se sujeita no transporte, armazenamento ou na propria execugdo da estrutura. 2. O miimero de vezes em que a carga é aplicada durante a vida da estrutura ou méquina. Para a maior parte dos materiais a aplicagio do carre- gamento, repotida muitas vezes, leva a um decréscimo no valor da tensdo ltima, Esto fenémeno é chamado fadiga do material e, se nao for levado em conta, poderé ocorrer uma ruptura brusca (V. Sec. 2.7). 3. O tipo de carregamento para o qual se projeta, ou que poder4 atuar futuramente. A maior parte dos carregamentos adotados em projeto séo estimados, ois so poucas as vezes em que um carregamento pode ser previsto com precisio, Ocorre também a possibilidade de alteragées futuras na finalidade da méquina ou estrutura que esté sendo projetada, como modificagdes nos valores previstos: por ocasido do projeto. Cerges dinimicas, ciclicas e instantaneas (choque) exigem altos valores de coeficientes de seguranca. 4, O modo de ruptura que pode ocorrer. Materiais frageis apresentam ruptura repentina, sem nenhuma indicagdo de que o colapso é iminente. Ja os materiais diteis, como o ago estrutural, apresentam grande deformagio, chamada escoamento, antes de atingir a ruptura, ¢ esse comportamento do material fornece um aviso de que esté ocorrendo carregamento excessivo. A ruptura ocasionada por perda de estabilidade da estrutura é geralmente repentina, seja 0 material frégil ou nao, Quando existe a possibilidade de ruptura repontina, o valor a se adotar para o Coeficiente de seguranca deve ser maior do que no caso de ruptura com aviso. “6™Métodos aproximados @ andilise. Os métodos de cdlculo e anélise séo baseados em certas simplificagdes que levam a diferengas entre as tensées caleuladas e aquelas realmente atuantes na estrutura. 6, Deterioragio que poderé ocorrer no futuro devido a falta de manu- tengo ou por causas naturais imprevisiveis. Em locais em que a composigao do material ou a ferrugem sdo dificeis de controlar ou de prever, deve ser adotado um Coeficiente de seguranga de valor alto. 7. Aimportancia de um certo membro para a integridade de toda a estrutura, Para as peas secundérias e contraventamentos da estrutura pode ser usado um coeficiente de seguranca menor do que aquele das pecas principais. Completando 0s comentérios acima, existe a consideragdo adicional relativa ao riseo de vide e danos materiais que um colapso pode trazer. Nos casos em que o colapso néo trez risco de vida, e a perda de valores materiais é mfnima, pode ser considerado o uso de um coeficiente de seguranga mais baixo. Cap. 1 Introdupao - Conceito de tenséo 4a Finalmente existe a consideragdo de ordem prética que as vezes exige um coeficiente de seguranca relativamente baixo (com um projeto muito bem feito). Por exemplo, altos coeficientes de seguranga podem trazer efeitos inaceitaveis no peso de um avido. Na maioria das aplicagées em estruturas e méquinas, os coeficientes de seguranga sio especificados por especificagdes de projeto e cédigos de construgso escritos por comités de engenheiros experientes, trabalhandp juntamente com socie- dades profissionais, indistrias, agéncias federais, estaduais e municipais. Exemplos desses cédigos de especificagses ¢ construga sdo!: 1. Ago Instituto Americano de Construgéo Metélica, Especificagdes para 0 projeto e a execugao de estruturas metélicas para edificios. 2, Concrete Instituto Americano do Concreto, Cédigo de Edificagées, requi- sitos para Concreto Armado. 8. Madeira - Associagio Nacional de Produtos Florestais, Especificagio Nacional para projeto em madeira estrutural e suas ligagdes. 4. Pontes rodovidrias —Associagéo Americana dos funcionérios de rodovias estaduais, Especificagio-padrao para pontes rodovidrias. PROBLEMA RESOLVIDO 1.2 Duas forgas sio aplicadas ao suporte de figura. a) Sabendo-se que a barra de controle AB 6 feita de ago com tensao ditima de 600 MPa, determinar 0 diametro da barra para que 0 coeficiente de seguranga seja de 3,3; 5) O pino no ponto C € feito de aco com tensdo tiltima a cisalhamento de 350 MPa. Determinar 0 didmetro do pino C que leva a um coeficiente de seguranga ao cisalhamento de valor 3,3; ¢) Determinar a espes- sura necesséria das chapas de apoio em C, sabendo-se que a tenséo admissfvel para esmagamento do ago utilizado 6 de 300 MPa. 7 N. T: No Brasil, as especificagées para coeficientes de ceguranga dos diversos materiais © para carregamentos em viries tipos de estruturas sio dados pelas Normas Téenicas da Associagio Brasileira de Normas Técnicas, Assim, para os materiais o estruturas especificados acima, temos: 1. Ago NB-14 2. Conereto NB-1 8. Madeira NB-11 4, Pontes redovidrias NBG 42 _Resisténciados Materiais Cap. 1 Corpo livre: Todo o suporte, A reagdo em C esté representada por suas ‘componentes C, e C,: +) 2Mg = 0; P(0,6m) ~ (50 KN)(0,3m) ~ (15 KN)(0,6m) = 0 P= 40 kN BF, = 0; CO, = 40kN C = VCF+ G - 76,3kN EF, = 0; 65kN a) Barra de controle AB. Como o coeficiente de seguranga é 3,3 a tensio admissivel 6 o., = 2. S00MPa em OS 33 = 181,8MPa Para P = 40 kN a drea necesséria da segéo transversal 6 Cap. 1 Introdupio ~ Conceito de tenséo 43 a P 40 kN = AUK _ 220 x 10-8 ec” Gyan” T6L@MPa © 220 * 10m? Ange = Edgy = 220 x 10-6? dyy = 16,74mm < 2) Cisalhamento no pino C. Para o coeficiente de seguranga 3,3 temos ty _ 380MPa Ted = OS gg = 108AMPa Como o pino esté sujeito a corte duplo, temos cr. _ (76,3kNV2 . Avec = Se = TETMPa * 860mm" Anes = Faz = 360mm? d, = 21,4mm Adota-se d, = 22mm < Abitola comercial mais prxima do valor encontrado é 22 mm. c) Esmagamento das chapas em C Para d= 22mm, a drea nominal de esmagamento de cada chapa 6 22¢, A forga distribufda em cada chapa ¢C/2. Com a tensio admiss{vel de 800 MPa, escrevemos OR _ (26,3kNye GA BENE 2 Aue ™ Seas” BOOMPa > 1272mu! Como 22 ¢ = 127,2, temos ¢ = 5,78 mm. Adota-set = 6mm < 4 —__ Resistencia dos Materiais Cap. 1 PROBLEMA RESOLVIDO 1.3 A viga rigida BCD esté ligada por parafusos a barra de controle em B, ao cilindro hidrdulico em C e ao suporte fixo em D. Os didmetros dos parafusos usados séo dy=dp=8mm, dg ~ 12mm. Cada parafuso est& sujeito a corte duplo, e é constituide de ago com tensio de cisalhamento tiltima t,; = 300 MPa. A barra de controle AB, com 9mm de difmetro, é feita de ago com tenséo iiltima de tragéo oy = 450 MPa, Determi- nar a maior forga que o cilindro hidréulico pode aplicar, de baixo para cima, no ponto C adotando para toda a estrutura o coeficiente de seguranca 3,0. Solugso: 0 coeficiente de seguranga deve ser maior ou igual a 3,0 para cada um dos trés parafusos, como também para a barra de controle, Vamos considerar separada- mente cada um dos quatro casos. Cap. 1 Introdugio~Conceito de tensto 45 +)3Mp = 0: B(350mm)-C(200 mm) = 0 C = 1,750B w +)2Mp = 0: -D(350mm)+C(150mm) = 0 C = 2,33D @) c Barra de controle, Para o coeficiente de seguranga 3,0 vamos ter Su _ 450MPa Sua GB 30 ~ 150 MPa A forga admisstvel na barra de controle 6 B = Oa(A) = (150 MPa) 1/4 (9 mm)? = 9,541 Usando a Equagéo 1 encontramos o maior valor possivel em C C = 1,750B = 1,760%9,54KN) C = 16,70kN < Parafuso no ponto B, Tain = %yCS = (800MPa)/3 = 100 MPa. Como o parafuso esté sujeito a corte duplo, a forga admissivel em B é B = %3q(2A) © (100MPa) bi (8mm)? B = 10,05kN Da Equagio 1 C = 1,750B = 1,750B (10,05 kN) C=17,59KN < Parafuso no ponto D. Este parafuso é igual ao do ponto Be a forca admissivel 6 ‘D » B = 10,054N. Usando a Equagfo 2: C = 2,93D ~ 2,33(10,05kN) C = 28,4kN < Parafuso no ponto C, Novamente temos tam, 100 MPa e escrevemos 46 ——_Resisténcia dos Materiais Cap. 1 C = tam (2A) = (100 MPa) 2 (12: mm? C = 22,6kN < Resumo: Obtivemos separadamente para cada caso quatro valores admissi- veis para a forca C, Devemos escolher o menor desses valores, de modo a satisfazer os quatro casos. C = 16,70kN < PROBLEMAS 1.33 0 cilindro hidraulico CF, que controla parcialmente a posigo da barra cilin- arica DE, esté completamente distendido na posigéo mostrada. A barra BD tem 15 1am de'espessura ¢ esté ligada em C, por um parafuso de 9mm de diémetro. Sabendo-se que P = 2kN e 6 = 75°, determine: (a) a tensdo de cisalhamento média no parafuso; (6) a tenséo de esmagamento em C, na barra BD. Fig, P1.33 @ P1.34 1.84 O cilindro hidréulico CF, que controla parcialmente a posigéo da haste DE, est4 completamente distendido na posigéo mostrada. A barra de ligacéo AB tem uma seco transversal retangular uniforme de 12 x 25mm e esté ligada & barra BD pelo pino B de diémetro 8 mm. Sabendo-se quea maxima tensao de cisalhamento admissvel no pino é de 140 MPa, deterraine: (c) a maior forga P que pode ser aplicada em E, quando 4 = 60"; (b) a correspondente tensio de ésmagamento em B, na barra de ligagdo AB; (c) 0 correspondente valor da tensao normal maxima, na barra de ligagao AB. 1.85 Duas pegas de madeira de segdo transversal retangular uniforme de 80x 120 mm séo unidas, através de uma emenda chanfrada e simplesmente colada, como indicado. Sabendo-se que P = 12 KN, determine as tensées normal e de cisalha- mento na referida emenda. Cap. 1 Introdugda—Conceito de tensdo ar ce 420 mm 80mm Fig. P1.35, 1.86 Duas pegas de madeira de segéo transversal retangular uniforme de 76 127 mmséo unidas, através de ume emenda simplesmente colada, como indicado. Sabe-se que P = 3560 KN, determine as tensées normal e de cisalhamento na referida emenda. Fig, P1.36 1.87 Sendo a maxima tenséo de trago admissivel para a emenda colada do Prob. 1.36 igual a 415 kPa, determine: (c) a maior carga axial P que pode ser aplicada; (b) a correspondente tensao de cisalhamento nesta emenda. 1.88 Sendo a m&xima tensdo de tragéo admissivel pare a emenda colada do Prob. 1.35 igual a 600 kPa, determine: (a) a maior carga axial'P que pode ser aplicada; (b) a correspondente tensao de cisalhamento nesta emenda. 1.39 Um tubo de ago de 300 mm de didmetro externo é fabricado com chapa de 6,35 mm de espessura, por meio de um cordéo de solda ao longo de uma hélice que forma um Angulo de 22,5" com um plano perpendicular ao eixo do tubo. Sabendo-se que uma forca axial P de 270 KN 6 aplicada ao tubo, determine as tensées, normal e de cisalhamento, que atuam respectivamente nas diregdes normal e tangencial, ao cordio de solda, 48 Resisténcia dos Materiais Cop. 1 Fig. P1.39 1.40 Para.o tubo do Prob. 1.39, sabendo-se que as méximas tensées nas diregdes, normal e tangencial, no cordao de solda séo = 165 MPa e t= 110 MPa, respectiva- mente, determine a intensidade da maior forga axial P que pode ser aplicada ao tubo. 1.41 As barras AB ¢ BE da treliga mostrada séo da mesma liga metélica, Sabe-se que uma barra de 20 mm de diametro desta mesma liga foi testada até a falha e foi rogistrada uma carga méxima de 150 kN. Usando um coeficiente de seguranea igual a 3,2, determine qual o didmetro necessério para (a) a barra AB; (b) a barra BE. yon A osm oN ecamelniamal Fig. P1.41 e°P1.42 8 \° kN E 1.42 _As barras AB e BE da trelign mostrada, so da mesma liga metélica. Sendo que a barra AB tem um didmetro de 28mm e que a carga méxima para a barra é de 300KN, determine: (a) 0 coeficiente de seguranca para AB; (b) o diametro necessério para BE, se ambas as barras tiverem o mesmo coeficiente de seguranga, 1.43 Abarra de ligacdo horizontal BC é de 6,35 mm de espessura, tem uma largura w = 31,8mme ¢ feita de ago com tensio “iltima de tragéo igual 483 MPa. Qual deve ser 0 coeficiente de seguranca a ser usado, se a estrutura mostrada for projetada para suportar uma carga P = 44,5 KN? Cop. 1 Introdugéo~ Conceito de tensdo 49 Fig. P1.43 ¢ P1.44 1.44 Abarra de ligacao horizontal BC é de 6,35 mm de espessura e & feita de aco com tensio Ultima de tragdo de 415 MPa. Qual deve ser a largura w dessa barra de Tigagéo, se a estrutura for projetada para suportar uma carga P=36 kN, com um coeficiente de seguranga igual a 3? 1.45 As peas principais de madeira mostradas so emendadas por meio de duas chapas de madeira compensada, que séo inteiramente coladas em toda a extenséo da superficie de contato, Sabendo-se que a folga entre as extremidades das peras é de 6mme que a tensdo de cisalhamento iltima da cola é de 2,5 MPa, determine, para o carregamento indicado, o comprimento L para que o coeficiente de seguranga sej 2,75 5 Fig. P1.45 1.46 Para a emenda e carregamento do Prob. 1.45, determine o coeficiente de segurange, quando L = 180 mm. ee) a 2) ~) co) 3 oO 99939€ SIIN ADS 50 Resistencia dos Moteriais Cop. 1 1.47 Para a emenda e carregamento do Prob. 1.36, determine 0 coeficiente de seguranga, sabendo-se que a resisténcia tiltima da cola 6 de 1035kPa na tragio e 1475 kPa no cisalhamento. 1.48 Quatro parafusos de ago séo usados para prender a placa mostrada A viga de * madeira, Admitindo que e tensio de cisalhamento tiltima para 0 aco utilizado é de 345 MPa, e desejando um coeficiente de seguranca de 3,3, determine o menor diémetro admissivel para os parafusos a serem usados. 185kN Fig. Pt.48 1.49 Ahaste AC‘ feita de um ago com tenséo normal tiltima de 410 MPae tem uma segio transversal retangular uniforme de 6x 12mm. Esté ligada ao apoio A e a0 membro BCD em C, por pinos de 9,5 mm de didmetro; enquanto que a barra BCD esté ligada ao apoio B, por pino de 8 mm de diametro, Todos os pinos so de aco com tensfio de cisalhamento ultima igual a 170MPa e esto sujeitos a cisalhamento simples. Desejando-se um coeficiente de seguranga de 3,25, determine a maior carga P que pode ser aplicada em D. Notar que a haste AC néo esta reforgada em torno dos furos dos pinos. Fig. P1.49 Cap. 1 Introdupo - Conceito de tenséo 51 1.50 Na estrutura de ago mostrada, um pino de 6 mm de didmetro é usado em C, enquanto que em B e D usam-se pinos de 10 mm de didmetro. A tensio de cisalhamento ‘iltima para todas as ligagdes é de 150 MPa, ¢ a tensao normal iiltima é de 400 MPa na viga BD. Desejando-se um coeficiente de seguranca igual a 3, determine a maior carga P que pode ser aplicada em A. Notar que a viga BD nao é reforgada em torno dos furos dos pinos, | f- 18mm 8mm Vista lateral Vista superior Fig. P1.50 1.51 Resolver o Prob. 1.50, assumindo que a estrutura deve ser reprojetada para utilizar pinos de 12 mm de diémetro em Be D, e que nenhuma outra modificacéo deve ser feita. 1.52 Resolver o Prob. 1.49, assumindo que a estrutura deve ser reprojetada para utilizar pinos de8 mm de diémetroemAeC, assim como tambémem B, e que nenhuma outra modificagdo deve ser feita. 1.63 Resolver o Prob. 1.50, assumindo que a estrutura deve ser reprojetada para utilizar pinos de 11,5 mm de diémetro em B e D, ¢ que nenhuma outra modificagao deve ser feita. 52 —_Resisténcia dos Materiais Cap. 1 REVISAO E SUMARIO Este capitulo est voltado ao conceito de tensdo e a introdugéo dos métodos usados para anélise e projeto de maquinas e estruturas de sustentacao. Inicialmente nés consideramos uma barra reta submetida a duas forgas axiais (Sec. 1.2). A tensdo normal o nessa barra foi obtida pela relacéo entre a intensidade da carga P e a area da seeao transversal da barra (Fig. 1.62). Nés escrevemos, 7 P onG Qi) Camegamento axial Tenséo normal Pp wv Fig. 16a Coma visto na Sec. 1.3, 0 valor de o cbtido desta forma representa a fensdo média sobre a segéo, ao contrério do que a tenséo num ponto espeeifico Q da segéo. Considerando uma pequena rea AA ao redor de @ ¢ sendo AF, a intensidade da forga sobre AA, nés definimos a tenséo no ponto @ como, o= lim AF (1.2) Avo MA Em geral, o valor obtido da tenséo ¢ no ponto Q, varia ao longo da segia e 6 diferente da tensdo média dado pela formula (1.1). Entretanto, esta variagéo é pequena em qualquer segdo afastada dos pontos de aplicagao das cargas. Na prética, Cap. 1 Introdugdo ~ Conceite de tensdo 5a no entanto, a distribuigéo de tensées normais numa barra com carregamento axial 6 assumida como sendo uniforms, exceto nas vizinhangas dos pontos de aplicagéo das carges. Mesmo assim, para que a distribuigao de tensGes seja uniforme em uma dada segio, 6 necessArio que a linha de agdo das cargas P e P’ passe pelo centréide C da segao, Tal carregamento é dito axial centrado No caso de um carregamento axial excéntrico a distribuicso de tensées ndo & uniforme. No Capitulo 4, seréo discutidas as tensées em barras sujeitas a um carregamento axial excéntrico, Quando as forcastransversais P e P’, iguais e opostas, de intensidade P, sio aplicadas em uma barra AB (Fig. 1.18a), tehsdes de cisalhaiento v surgem sobre a se¢Go localizads entre os pontos de aplicacao das duas forcas (Sec. 1.4). Estas tensies variam bastante através da segao e a distribuigao delas néo pode ser assumida como uniforme. Portanto, a relagéo entre a intensidade P, que é a forca cortante na seco, ea érea da seco transversal A, nés definimos como tenséo de cisalhamento média ao longo da segio, entao: . twee" (1.4) Forgas transversais Tensao de cisalhamento Fig. 1.138 ‘As tensées de cisalhamento sfio encontradas em parafusos, pinos e rebites, ligando dois membros estruturais ou componentes de méquinas. Por exemplo, no caso do rebite CD (Fig. 1.14), que esta sujeita a cisalhamento simples, nés escrevemos, POF Tod GE (1.5) (es c BGGOGGEe PESSSCSESSESESCOCOUSCEULECCECEGCEOCE b © © P ° a 54 Resisténcia dos Materiais Cap. 1 c FE Ae e D Fig. 1.14 enquanto que, no caso dos rebites HG e HJ (Fig. 1.16), em que ambos esto sujeitos a cisalhamento duplo, nés teremos, tei FE 6) E pK ofa 1 ¢ —G_lr Ay L F Oo uv 6 J Fig. 1.16 Os parafusos, pinos e rebites também geram tensées nos membros em que esto conectados, ao longo da superficie de contato ou superficie de esmagamento (Sec. 1.5). Orebite CD da Fig. (1.14), por exemplo, gera tensdes ne superficie semicilindrica da placa A, com a qual esté om contato (Fig. 1.18). Como a distribuigao destas tensdes € bastante complicada, alguns usam na prética um valor de tensao nominal média, Gg, chamada tensdo de esmagamento, obtida pela diviséo da carga P, pela érea do retangulo representando a projegao do rebite sobre a se¢do da placa. Denotando por ta espessura da placa e por d o diametro do rebite, escrevemos: (eee oad (2) ‘ Cop. 1_Introdupao - Conceito de tenséo 55 Fig. 1.18 Na Sec. 1.6, nés aplicamos os conceitos introduzidos nas segées iniciais para a anélise de uma estrutura simples, consistindo de duas barras, conectadas por pinos e que suportam uma dada carga. Determinamos sucessivamente as tensdes normais nos dois membros, dando especial atengdo para suas reduzidas segdes, assim como as tensées de cisalhamento nos varios pinos e a tensao de esmagamento em cada furo. Na Sec. 1.7, nés consideramos as tensdes que surgem sobre uma sepdo obliqua de uma barra sujeita a um par de cargas axiais. Nés vemos que ambas as tenses normale de cisalkamento ocorrem em tel situaeao. Denotando por 80 angulo formado entre a seco com um plano normal (Fig. 1.26a) e por Ay a érea de uma segao perpendicular ao eixo da barra, nés desenvolvemos as seguintes expressdes para a tensfo normal oe para a tensiio de cisalhamento t, sobre a segdo obliqua: c= ete c=? send cosd «any Ay Ag Nés observamos destas frmulas que a tensdo normal e maxima é igual 8 Gp =P/Ay para @=0, enquanto que a tenséo de cisalhamento é méxima e igual a Ta=Pi24 para 6= 45°. Nés também notamos que t=0 quando @=0, enquanto = P/2Ay quando 8 = 45°. Tenses sobre uma segdo obliqua Fig. 1.26a Em seguida, nés discutimos o estado de tenséo em um ponto Q de um corpo, submetido & condigdo mais geral de carregamento (Sec. 1.8). Considerando um pe- 56 __Resistncia dos Materiais Cap. 1 queno cubo centrado em Q (Fig. 1.82), nés denotamos por o, a tensdo normal exercida sobre uma face do cubo perpendicular ao eixo x, ¢ por t,, € t,,, respectivamente, as componentes y ez, da tensio de cisalhamento oxercida sobre a mesma face do cubo. Repetindo este procedimento para as outras duas faces do cubo e observando que Tay * Tyrs Ye" Ty © Tex = Ter, NOS concluimos que so necessérios seis componentes de tenséo para definir o estado de tensdo em um dado ponto Q, ou Se), 0,, Gy» Op, Try, ye 8 tee ‘Tensio sob carregamento geral y Fig, 1.32 Finalmente, nés discutimos varios coneeitos usados na anéllise e projeto de estruturas de engenharia (Sec. 1.9). A carga ou carregamento tiltimo de um dado membro estrutural ou componente de méquing é a forga a qual este membro ou componente esti no limite de falhar. Ele 6 calculado da tensao tiltima ou da resistencia ultima do material, tal como determinado par um ensaio de laboratério em um corpo de prova desse material, O carregamento tiltimo deveria ser consideravelmente maior do que a carga admisstvel, isto 6, a carga que 0 membro ou componente iré suportar em condigées normais de utilizagio. A relagdo entreacarga tiltims ea carga admiss{vel 6 definida como coeficiente de seguranga: ; carga titima (21 Coeficiente de seguranga = OS = ST A determinagéo do coeficiente de seguranga que deve ser usado no projeto de uma dada estrutura depende de um certo niimero de consideragées, algumas das quais foram listadas na Sec. 1.9. Cap. 1 _Introdupao~ Conceito de tensdo or PROBLEMAS DE REVISAO 1.64 Uma forga de 45 KN est aplicada a um bloco de madeira que é suportado por uma base de concreto, e esta repousa sobre um solo considerado indeformével. Determine: (a) a maxima tenséo de esmagamento sobre a hase de concreto, (b) 0 tamanho da base de concreto para que a tenséo de esmagamento média sobre o solo seja de 140 kPa. 45 KN 125mm, 4100 mm CRE De Fig. P1.54 1.85 Duas barras cilindricas macigas AC e CD so soldadas juntas em Ce estéo sujeitas ao carregamento mostrado. Determine a tensao normal média em cada uma das porgbes AB, BC e CD. S8mmdiimero 44mm didmetro -S0KN_65KN A5KN > A esue O| ‘300 mm 200 mm 360mm Fig. P1.55 1.56 Duas pegas de madeira de segéo transversal retangular uniforme de lados a= 100mm e b= 60mm sdo simplesmente coladas uma a outra, como mostrado. Sabendo-se que as tensées tiltimas para a cola séo oy=1,26MPa A tragao & y= 1,50 MPaao cisalhamento, e sendoP ~ 6 kN, determine o coeficiente de seguranca para a junta, quando: (a) a= 20°; (6) a= 36% (c) «= 45°, Para cada um destes valores de a, determine também se a junta iré falhar A tragdo ou ao cisalhamento, quando P cresce até que ocorra a ruptura, a¢ a] P@SOSOCOSOGOGCGEOCCEOCESGCECSCEOGCUGOCOOGULES TONOOOOIIOIVIVGIGIIS¢E TOE 58 Resistencia dos Materiais Cap. 1 1.57 Duas pegas de madeira de segdo transversal retangular uniforme de lados a e & so coladas como indicado. Denominando por oy e ty, respectivamente, a tenséo ‘iltima & trago e 20 cisalhamento da ligagdo e por P a intensidade da forca axial aplicada em cada extremidade da pega, pede-se: (a) derivar as expressdes para os coeficientes de seguranga relatives & falha da junta & tragio e ao cisalhamento, respectivamente; (b) mostrar que o coeficiente de seguranga global para ajuntacolada 6 igual a0 primeiro se tg a < oy/ty, @ igual ao segundo, para o caso contrério, ay KP 1.58 _Sabendo-se que » carga de ruptura do cabo BD é de 90 KN, e o pino em A tem um diametro de 9,5 mm e é feito ago com tensdo ultima de cisalhamento igual a 345MPa, determine o cooficiente de seguranca para o carregamento mostrado. ‘400mm 700mm Fig. P1.58 1.59 Uma coluna de concreto de 3,6: de altura, projetada para suportar seu préprio peso, consiste em dois elementos AB e BC, de 230 mm e 380 mm de didmetro, respectivamente. (2) Determine o comprimento do elemento AB para que o valor da méxima tenséo normal na coluna seja méximo; (b) expressar este valor em termos da méxima tenséo og, numa coluna de 3,6m do mesmo material, porém de secéo transversal circular uniforme. Cap. 1 Introdupdo - Conceito de tensio 59 A 5 x de el i= lc Fig. P1.59 1.60 A carga P é aplicada, como indicado, por um pino de ago que atravessa um bloco de madeira fixedo num teto. A tensdo tiltima da madeira usada 6 de 60 MPa a tracdo e 7,5 MPa ao cisalhamento, enquanto que a tensdo tiltima ao cisalhamento para 0.ag06 de 150 MPa Sabendo-se que o diémetro do pino éd = 15 mme que a intensidade da corga P = 16 KN, determine: (2) o coeficiente de seguranca para o pino; (b) a tensio de esmagamento média para a madeira; (c) os valores necessérios de b e c, se 0 coeficiente de seguranga for o mesmo que foi encontrado para o pino, no item (a). Fig. P1.60 1.61 Para o suporte do Prob. 1.60, sabendo-se que b= 40mm, c= 65mm e d= 12mm, determine: (a) a maior carga admissivel P se um coeficiente de seguranga global igual a 3 & desejado; (6) a correspondente tenséo de esmagamento média na madeira, pomircennn 60 Resistencia dos Materiais Cap. 1 1.62 Umpino de diametro igual a 5 mm esta sujeito a um cisalhamento duplo, na conexao C do pedal mostrado. Sabendo-se que P = 600N, determine: (a) a tensdo de cisalhamento média no pit )) a tensdo de esmagamento no pedal C; (c) a tense de esmagamento em cada uma das chapas de apoio, em C. 1.63 Sabendo-se que uma forga de 800 N esté aplicada no pedal indicado, determi- ne: (a) o diémetro do pino em C, tal que a tenséo de cisalhamento média no pino seja de 35 MPa; (b) a correspondente tensao de esmagamento em cada uma das chapas de apoio, em C, 75mm oe ap 4 E LI ade sm @ Fig. 1.62 ¢ P1.63 1.64 Uma placa de ago de espessura 6,35 mm esté engastada numa parede de conereto, ancorando um cabo de alta resisténcia, como indicado. O didmetro do furo da placa é de 19 mm, a tensao altima de tragio para o aco é de 250 MPa, e a tensio liltima de aderéncia entre a placa e o concreto é de 2,07 MPa. Se um coeficiente de seguranca de 3,6 6 desejado, quando P = 10 kN, determine; (a) a largura a necesséria da placa; (6) o minimo comprimento que a placa poderia ser embutida na parede. (Desprezar as tensGes normais entre o concreto e a extremidade da placa.) Fig, P1.64 1.65 Determine o coeficiente de seguranca para o cabo ancorado do Prob. 1.64, quando Pé= 13,5KN, adotando-se para a= 50mmed= 210 mm. Gop.1Introdugio-Conceito de tensio 61 Os problemas que se seguem sdo para ser resolvidos com auxilio de um computador. 1.C1 Uma barra maciga consiste em n elementos cilindricos, soldados entre sie submetidos ao carregamento indicado. O diémetro do elemento i é denotado por d; ¢ a carga aplicada em sua extremidade direita por P.. Estas cargas séo assumidas positivas quando P, é orientada como mostrado e negativa em caso contrArio. Pede-se: (a) Escrever um programa de computador que possa ser usado, em qualquer sistema de unidades, para determinar a tensdo normal média em cada elemento da barra, @®) Aplicar esse programa para resolver os Probs. 1.1, 1.2 ¢.1.85. Elemento a Elemento 1 Fig. P1.Ct 1.02 Cada uma das quatro hastes de ligacdo verticais, conectadas as duas barres horizontais, tem uma sec&o transversal retangular-uniforme de 10 x 40 yhm_ e sio feitas de ago com uma tensao de tragdo Ultima d¢ 400 MPa, enquanto'que cada um dos pinos Ce F é feito de ago com uma tensao de cisalhamentoriftima de 150 MPa. Pede-se: (a) Escrever um programa de computador tal que, dados os valores de a, be P, € 08 valores para os didmetros d dos pinos, que variam de 4 mm até 36 mm, em intervalos de 2 mm, permite calcular: (1) 0 m&ximo valor da tenséo normal média na haste CF, (2) a tensio de cisalhamento média dos pinos, em Ce F, (3) 0 coeficiente de seguranca para a haste CF, (4) 0 coeficiente de seguranga dos pinos, em Ce F, (6) 0 cocficiente de seguranga global para as hastes e os pinos; (b) Aplicar esse programa parg resolver 08 Probs. 1.13b e 1.30a; (c) Determinar para os valores de a, b e P, usados nesses dois ~ problemas, qual didmetro d do pino produzira o maior coeficiente de seguranga global, eo correspondente valor deste coeficiente. Fig. P1.C2 POSTON POR COCO PPG GGG eee 7 62 Resisténcia dos Materiais Cop. 1 1.C3 Duas pegas de madeira de secdo transversal retangular uniforme, de lados @ 6, séo unidas por uma junta simplesmente colada, e sujeitas a uma carga axial de intensidade P, como indicado. Pede-se: (a) Denotando por oy ¢ ty, respectivamente, as tens6es tiltimas de tragdo e de cisalhamento, escrever um programa de computador que, dados os valores a, 6, P, ay @ ty, expressos em qualquer sistema coerente de unidades, e para valores de a variando de 5° até 85°, em intervalos de 5°, permita calcular: (1) a tensdo normal na junta, (2) a tenséo de cisalhamento na junta, (3) 0 coeficiente de seguranga relative a falha por tragéo, (4) 0 coeficiente de seguranca relativo a falha por cisalhamento, (5) o coeficiente de seguranga global para a junta soldada; (6) Aplicar esse programa, usando dimensdes, carregamento e propriedades especificas do material, para a solugio dos Probs. 1.36, 1.47 e 1.56; (c) Em cada um destes dois casos, verificar que a tensdo de cisalhamento ¢ maxima para a= 45° e tem © valor definide pela Equagéo (1.13), também observar, em ambos 0s casos, as ptopriedades indicadas no item 6 do Prob. 1.57. Pp B Ss a 1.04 _Ahaste BD 6 feita de aco com uma tenséo Ultima a tragéo de 400 MPa, ¢ os pinos B, Ce D de um aco com uma tensdo diltima de cisalhamento de 150 MPa. Note que os pinos Be D esto sujeitos a um cisalhamento siraples, enquanto que o pino C, a.um cisalhamento duplo, Também note que a haste BD nao é reforgada em torno dos furos dos pinos, Pede-se: (a) Escrever um programa de computador que, uma vez dados os valores das dimensées a, b, w, t, do didmetro d dos pinos Be D, eodidmetro de do pino , e para um dado coeficiente de seguranga, permita calcular a méxima carga P admissivel, assim como também indicar qual tenséo, entre a tenséo de tracdo na haste BD, a tensio de cisalhamento nos pinos B e D, e a tenséo de cisalhamento no pino Cé.a mais critica; (b) Usar esse programa para a solucdo dos Probs. 1.50, 1.51 ¢ 1.53. Cop. 1 Introdusdo-Concsito de tensdo 63 Vista auwilar dabaraaso | © Fig, 1.04 See Capitulo 2 TENSAO E DEFORMACAO ~ CARREGAMENTO AXIAL 2.1 INTRODUCAO No Capftulo I anelisamos as tenses que surgem pela aplicagao de carregamentes em varios membros e conexdes, de uma méquina ou estrutura, Aprendemos a projetar membros e conexées de maneira para que eles nao viessem a falhar sob especificadas condigdes de carregamento. Outro importante aspecto da andlise ¢ projeto de estru- turas se relaciona com as deformagées causadas pela aplicacéo das cargas a uma estrutura. E importante evitar que as deformagies se tornem tao grandes a ponto de impedir que a estrutura venha a cumprit os fins aos quais estava destinada, Através da anélise das deformacées pode-se também determinar as tensdes. Na verdade, nem sempre é possivel determiner as forcas nas barras de uma estrutura pela simples eplicagio dos princfpios da Estética, isto porque ela se bascia na hipétese de sistemas rigidos e indeforméveis. Considerando, na prética, as estru- ‘turns como deforméveis, e analisando suas deformagées, é possivel calcular foreas que so estaticamente indeterminadas, isto é, indeterminadas dentro dos recursos da andlise da Estética. Também, como esté indicado na See. 1.3, a distribuigso de tensées em um dado membro é estaticamente indeterminada, mesmo quando a forga que atua no membro & conhecida; neste caso, para determinar a distribuigdo real das tenedes dentro de um membro, torna-se necessério analisar as deformagées que nela ocorrem. Neste capitulo, vamos discutir as deformagées de um membro estrutural, seja ele uma barra, viga ou placa submetida a um carregamento axial Inicialmente, vamos definir deformagéo especifica normal num membro, como a deformagéo de um membro por unidade de comprimento. Plotando a tensao versus a deformagéo especifica normal, enquanto cresce a carga aplicada a um membto, obteremos um diagrama tensdo-deformagdo para o material em estudo. Deste diagra- ma, seremos capazes de determinar elgumas importantes propriedades do material, tais como 0 médulo de elasticidade, se o material dutil ou frdgil (Secs. 2.2 a 2.5). a PUCPR - Biblieteca Lentrat Cap. 2 Tenséio ¢ deformagéo — carregamento axial 65 Do diagrama tensao-deformagéo, também seremos capazes de determinar se as deformagdes na amostra do material iréo desaparecer depois de o carregamento ter sido removido (neste caso, o material é dito ter comportamento eldstico), ou se resultaré numa deformagdo plastica ou permanente (Sec. 2.6). - , Na See. 2.7, iremos discutir o fendmeno da fadiga, o qual faz com que os componentes estruturais ou da maquina venham a falhar depois de um grande ntimero de carregamentos repetidos, mesmo que as tensdes permanecam numa faixa eléstica. : / A primeira parte do capitulo finaliza com a Sec. 2.8, que é voltada para a determinagao da deformagéo de varios tipos de membros sob varias condigdes de carregamento axial. Nas Secs. 2.9 e 2.10, iremos considerar problemas estaticamente indetermina- dos, isto 6, problemas cujas reagdes de apoio e as forgas internas néo podem ser determinadas apenas pela Estatica. As equagées de equilibrio provenientes do diagra- ma de corpo livre do membro considerado seréo complementadas por relacées envolvendo deformagées e obtidas da geometria do problema. Nas Secs. 2.11 a 2.15, constantes caracter{sticas adicionais do material serdo introduzidas. Elas ineluem 0 coeficiente de Poisson, que relaciona a deformagao especifica axial e a transversal, o médulo de elasticidade de volume, que caracteriza a variagdo do volume de um material sob presséo hidrostética e o médulo de elastici- dade transversal, que relaciona as componentes de tenséo de cisalhamento com a deformagao especifica de cisalhamento. No texto adiante, as tensées so consideradas uniformemente distribuidasem qualquer seco transversal dada, e que também nao ultrapassem a faixa elastica. Na Sec. 2.17 iremos considerar as barras chatas, e nas Secs. 2.18 e 2.19 discutiremos as tensées e deformagées em membros feitos de material datil, cujo ponto de escoamento do material € excedido, Também veremos que deformagoes plésticas ¢ tensées resi- duais resultam de tais condigées de carregamento. 2.2 DEFORMACAO ESPECIFICA NORMAL SOB CARREGAMENTO AXIAL ‘Vamos considerar uma barra BC, de comprimento L e seco transversal de area A, que 6 suspensa do ponto B (Fig. 2.1). Se apliearmos uma carga P na extremidade C, a barra se alonga (Fig. 2.15). Marcando-se os valores da intensidade da forga P e os correspondentes valores de deformagéo & (letra grega delta), nés certamente obtere- mos um diagrama carga-deformacdo (Fig. 2.2). Tedavia, este diagrama contém infor- magées titeis para o estudo da barra considerada, mas ndo pode ser usado diretamente para prever deformagées de outras barras de mesmo material e que tenham outras. dimensées. 2 C 3G Go¢ SSo0cec GEeaoGgcGge 6G © BOGGOCGCGGCG rFVAOVVIISISVE E E PF b eT eae a 66 Resistencia dos Moteriais Cap. 2 B ie P’ e lc A ie 3 @) ® Fig. 2.1 Fig. 22 Diagrama carga-deformagéo. Notamos que, se uma deformagéo é causada na barra BC pela carga P, uma corga 2P é necesséria para causar a mesma deformagio na barra B’C’, de mesmo comprimento L e com seco transversal de érea igual a 2A (Fig. 2.3). Note que, em ambos 0s casos, 0 valor da tenséo 6 a mesma: o=P/A. Por outro lado, e carga P aplicada a uma barra B"C", de mesma rea da seco transversal A, mas de compri- mento 2L, provoca uma deformacéo de 25 nesta barra (Fig. 2.4), isto 6, o dobro da deformagéo produzida em BC. Em ambos os casos, a razéo entre a deformacio e 0 comprimento da barra é a mesma, igual a /L. Esta observagao nos leva & introdugao do conceito de deformapéo espectfica. Nés definimos @ deformacéo espectfica normal de uma barra sob carga axial como a deformagéo por unidade de comprimento desta barra, Expressamos a deformagdo especifica normal por ¢ (letra grega epsilon), assim lor (2.1) Cap. 2 Tenstio e deformagéo—carregamentoarial 67 c ‘oP - Fig. 2.3 . Fig. 2.4 Plotando-se a tenséo o=P/A e a correspondente deformagao especifica e=6/L em um grafico, obteremos uma curva que caracteriza as propriedades do sMtatarial e que néo depende das dimensées da amostra do material usado. Esta curva é denominade diagrama tenséo-deformagéo e ser4 discutida em detalhes na Sec. 2.3. Uma vez que a barra BC considerada na discusséo anterior tinha uma segdo transversal uniforme de érea A, a tenséo normal o pode ser assumida como sendo constante de valor P/A, ao longo da barra, Entao, 6 apropriado definir a deformagao especffica como uma relagéo entre a deformacio total § e o comprimento total L da barra. No caso de uma barra cuja érea da seco transversal é varidvel, a tensdo normal = P/A varia eo longo da barra, e é necessério entdo definir a deformagao especifica em um determinado ponto Q, considerando um pequeno elemento de comprimento inicial Ax (Fig. 2.5). Chamando 48 a deformagao do elemento sob agéo de carre- gamento, nés definimos a deformagdo especifica normal no ponto @ como 46 _ db em dim ae de (2.2) 68 ——_Resisténcia dos Materiais Cap. 2 1 lle boxe del aK + 5, Fig. 2.5 Desde que deformagao e comprimento sejam expressos nas mesmas unidades, a deformagao especifica normal ¢ obtida pela divisdo de 8 por L (ou dé por dx) 6 uma grandeza adimensional. Entéo, 0 mesmo valor numérico é obtido para a deformagéo especffica normal de uma barra, qualquer que seja o sistema de unidades. Conside- rando, por exemplo, uma barra de comprimento L = 0,600m e de segio transversal uniforme, que se deforma de um valor = 150x10-®m. A deformagéo especifica correspondente é: 5 eb , 150 x 10S m 959. 10-8 m/m = 250 x 10-6 Note que a deformacao poderia ser expressa em micrometro (um). Poderiamos entdo escrever: 8 | 150pm © =F" Gobo 7 250um/m ~ 250 e lé-se a resposta como “250 micros”. 2.3 DIAGRAMA TENSAO-DEFORMAGAO Vimos na Sec. 2.1 que o diagrama que representa as relagdes entre tensdes e defor- magies espectficas de um certo material 6 uma caracteristica importante desse material. Para a obtengio do diagrama tensdo-deformagao de certo material, normal- mente se faz um ensaio de tragdo em uma amostra do material. Nesse ensaio se usa Cop. 2 Tenséoe deformagdo—carregamento axial 69 comumente um corpo de prova tfpico do material, indicado na Fig. 2.6, A drea da segéo transversal da parte cilindrica central é medida cuidadosamente e duas marcas séo desenhadas no corpo do cilindro, separadas de uma distdncia Ly. Fig.2.6 Corpo de prova tipico de ensaio de tragéo. © corpo de prova 6 levado & méquina de teste (Fig. 2.7), que é usada para aplicar a carga centrada P. A medida que aumenta o valor de P, a distancia L entre as duas marcas também aumenta (Fig. 2.8). Um medidor indica a distancia L, e 0 alongamento § « L - Lo é anotado para cada valor de P. Freqientemente se utiliza um segundo mostrador para medir e enotar as modificagées no didmetro do corpo de prova. Para cada par de valores lidos, P e 6, calcula-se a tenséo o dividindo-se P pela drea da seco transversal inicial Ay do corpo de prova. Calcula-se também a deformagao especifica ¢ dividindo-se o alongamento 6 pelo comprimento inicial Ly entre as duas marcas. Obtém-se assim o diagrama tenséo-deformagso marcando ¢ como abscissa e 6 como ordenada. i Gs € Be0eac og 5 3 w © © © © oO © c ye c p FT OIe pI XE d 70 __Resistneia dos Materiais Cap. 2 Fig.2.7 Maquina de testes Universal. (Cortesia de Detroit Testing Machine Co.) Fig. 2.8 0 diagrama tensdo-deformacéo varia muito de material para material, e, para um mesmo material, podem ocorrer resultados diferentes em vérios ensaios, depen- dendo da temperatura do corpo de prova ou da velocidade de crescimento da carga Entre os diagramas tensio-deformagio de varios grupos de materiais é possivel, no entanto, distinguir algumes caracterfsticas comuns; elas nos levam a dividir os materiais em duas importantes categorias, que so os materiais diifeis e os materiais frégeis. Os materiais diiteis, que compreendem 0 ago estrutural e outros metais, se caracterizam por apresentarem escoamento a temperaturas normais. O corpo de prova € submetido a carregamento crescente, e seu comprimento aumenta, de inicio, lenta- mente, sempre proporcional ao cartegamento. Desse modo, a parte inicial do diagrama tensdo-deformagéo é ums linha reta com grande coeficiente angular (Fig. 2.9). Entre- tanto, quando é atingido um valor critico de tensio 0,, 0 corpo de prova sofre uma Cap. 2 Tensio e deformagéo~carregamento axial 71 longa deformagao, com pouco aumento da carga aplicada, Essa deformecdo é causada por deslizamento relativo de camadas do material de superficies obliquas, 0 que mostra que esse fato se da prineipalmente por tensées de cisalhamento. Na Fig. 2.9 os diagramas tensdo-deformacao de dois materiais ciiteis nos mostram que o alonga- mento do material ap6s 0 inicio do escoamento pode ser até 200 vezes maior do que o alongamento ocorrido antes do escoamento se iniciar. Quando o carregamento atinge um certo valor m&ximo, o diametro do corpo comega a diminuir, devido & perda de resisténcia local (Fig. 2.10), Esse fendmeno 6 conhecido como estricedo. Apés ter comegado a estricedo, um carregamento mais baixo é suficiente para manter o corpo de prova se deformando, até que sua ruptura se dé (Fig. 2.106), Podemos ver que a ruptura se dé segundo uma superficie em forma de cone, que forma um dngulo aproximado de 45° com a superficie inicial do corpo de prova, Isso mostra que a ruptura dos materiais duicteis ocorre sob tensdo de cisalha- mento, ¢ confirma o fato de que, com carga axial, as maiores tensies de cisalhamento ocorrem em planos que formam 45° com a diregéo da carga (conforme Sec. 1.6), Atensao @, correspondente ao inicio do escoamento é chamada tensdo de escoamento do material; a tensdo a, correspondente & maxima carga aplicada ao material 6 conhecida como tenséo iiltima, ¢ a tenséo og correspondente ao ponto de ruptura é chamada tenséo de ruptura. “0 ‘ cs uptra 2 Fuptua #20 E200] 2% So ° ° 1008 02 02 * ¥ 70 0.0012 0,004 (a) Ae com bio tor de cartone (0) ga de surinio Fig 2.9 Diagrama tensdio-deformagao da dois materiais ditteis. 72 Resisténcia dos Materiais Cap. 2 ) Materiais irageis, como ferro fundido, vidro e pedra, séo caracterizados por uma Tuptura que acorre sem nenhuma mudanga sensivel no modo de deformagao do material (Fig, 2.11). Entdo, para os materiais frégeis ndo existe diferenga entre tensio Ultima e tensio de ruptura. Além disso, a deformagao até a ruptura é muito menor nos materiais frégeis do que nos materiais diiteis. A Fig. 2.12 mostra que ndo acontece a estriogao em materiais frégeis, e que a ruptura se dé em uma superficie perpendi- cular ao carregamento, Pode-se concluir dai que a ruptura dos materiais frageis se deve principalmente a tensées normais! Fig. 2.10 (Os teates de tracdo referidos nesta Sepia do efetuados oom os materiais & temperatura ambiente Entretanto, um material que é datil a temperatura ambiente pode apreseatar caracterfaticas de material frdgl a temperaturas muito baixas, enquanto um material frégil pode apresentar-se como ‘material dtl a altes temperaturas. Para temperaturas diferentes de ambiente, devemos, enti, nos ‘eferir # um material em estado ditit ou um material em estado frdgil, ao invés de dizermos materiais dateis ou frégeis. Cap. 2 Tenséo edeformagao-carregamento axial 73 Fig. 2.19 Fig. 2.12 Os diagramas tensio-deformagio da Fig. 2.9 mostram que o ago estrutural e © alum{nio, ambos materiais diteis, apresentam diferencas de comportamento no escoamento. Para o ago estrutural (Fig. 2.92), as tensdes permanecem constantes para ‘uma grande variagio das deformagées, apés o in(cio do escoamento. Depois o valor da tensio deve crescer para que o material continue a alongar, até atingir o valor oy. Isto se dé devido a uma propriedade do material conhecida como recuperagiio. A tenséo de escoamento do aco estrutural é obtida por observagéo, durante o teste de tragao, dos valores da carga, Apés um periodo de crescimento constante, observa-se que a carga cai subitamente para um valor ligeiramente menor, que se torna invaridvel durante a ocorréncia do escoamento. Quando o teste é realizado cuidadosamente, é possivel distinguir entre o valor superior de escoamento, correspondente @ forga que atua imediatamente antes do escoamento, e ovalor inferior de escoamento, correspondente a forea necesséria para manter 0 escoamento, Como o valor superior 6 momentaneo, adota-se o valor inferior para a determinagao da tensio de escoamento do material. No caso do aluminio (Fig. 2.96) e de muitos outros materiais diicteis, o infcio do escoamento néo é caracterizado pelo trecho horizontal do diagrama (trecho este conhecido como patamar de escoamento), ao invés disso, as tensées continuam aumen- tando - embora néo mais de maneira linear — até que a tensio tiltima é alcancada. Comega entéo e estriceéo que pode levar a ruptura. Para esses materiais se define um valor convencional para a tensio o,. A tenséo convencional de escoamento ¢ obtida tomando-se no eixo das abscissas a deformacao especffica ¢ = 0,2% (ou ¢ = 0,002), e por esse ponto tragatido-se uma reta paralela ao trecho linear inicial do diagrama (Fig. 2.18). A tensio , corresponde ao ponto de intersegéio dessa reta com o diagrama; definida como tensio convencional a 0,2%. 5 3 3 8 3 GCGGGG 36 2 €. 3 3 3 pEeGoecce 9900099999966 5 74 Resistencia dos Moteriais Cap. 2 +1 fe 0.3% convoncional Fig.2.13 Determinagéo da tenséo de escoamento convencional. Uma medida usual da dutibilidade de um material é 0 seu alongamento Percentual que é definido como Ly Alongamento percentual = 100. onde Lp e Le séo, respectivamente, o comprimento inicial do corpo de prova e seu comprimento final no instante da ruptura, Outra medida da dutibilidade que 6 usada as vezes 6 a redugdo percentual da Grea, definida como Ao ~ Ag 0 Redugéo percentual da érea = 100 onde Ao eAg aio, respectivamente, a area da segao transversal do corpo de provae a rea minima da ruptura. Para o aco estrutural, uma redugao na érea de 60 a 70% é comum. Até agora nos referimos apenas a testes de tragéo. Se 0 corpo de prova feito de material datil recebesse uma carga de compressfo, o diagrama tenséo-deformacdo obtido seria o mesmo do caso anterior, desde o trecho reto inicial, passando pelo trecho de escoamento e pelo de recuperacéo do material. Digno de nota é 0 fato de que, para 0 aco, a tenséo de escoamento é a mesma para a tragdo e a compressdo. Para valores altos de deformagao especifiéa, o comportamento nos dois casos passa a ser diferente, devendo-se lembrar que a estriego néo pode ocorrer na compressio. Para a maior parte dos materiais frégeis, verifica-se que a tenséo ultima de compressio é muito maior que a tensfo tiltima na tragGo. Isso se deve a imperfeigdes do material, como fendas e cavidades, que debilitam o material, diminuindo sua resisténcia a trai Cap. 2 _Tensio e deformagdo~carregamento axial 75 2.4 TENSOES E DEFORMAGOES ESPECIFICAS VERDADEIRAS Sabemos que as tensées marcadas nos diagramas das Figs. 2.9 e 2.11 foram obtidas pela divisio da carga P pela érea de secdo transversal Ap, medida antes que qualquer deformagao atuasse no corpo de prova. Como a area da secao transversal diminui com o aumento da carga P, as tensdes marcadas nos diagramas nao correspondem aos valores reais de tenséo no material. A diferenga entre a tensdo de uso pratico = P/A, que calculamos e a tensdo verdadeira o, = P/A, que se obtém com a diviséo da carga P pela 4rea da segéo transversal deformada, torna-se visivel nos materiais diteis em escoamento. A tensio de uso prético oé diretamente proporcional a P, e seu valor diminui com P durante a estricgdo. A tensdo verdadeira que é proporcional a P 6 também inversamente proporcional a A, e seu valor aumenta até a ruptura do corpo de prova. Muitos cientistas usam uma definigdo diferente de deformagao especifica, no lugar do valor de uso prético ¢=8/L. Em vez de usar o alongamento totel 6 e 0 comprimento inicial Lo, usam todos os valores sucessivos de L que foram anotados. Dividindo cada incremento As © AL/L. Definem entao a deformaséo espectfica verda- deira como o somatério dos valores Ae: gy © DAe = S(AL/L) Substituindo 0 somatério por uma integracdo, eles podem ainda definir a deformagéo espeeifica verdadeira como o somatério dos valores Ae: oS b wef,0 7 i @3) O diagrama obtido quando se marcam no grafico’os valores da tensio verda- deira e da deformacéo especifica verdadeira (Fig. 2.14) reflete de maneira mais acurada 0 comportamento do material. Como jé vimos, néo ocorre queda no valor da tensdo verdadeira durante a estricefo. Além disso, quando se usam tensdes e defor- magées especificas verdadeiras, os resultados obtidos em ensaios de tragéo e compressao levam ao mesmo diagrama tenséo-deformagao. Esse fato néo ocorre no caso de altos valores da deformagao especffica, quando se usam tensées e deformagées de uso pratico. 0 engenheiro; no entanto, que tem a responsabilidade de determinar se uma dada carga leva a tensées e deformagies aceitéveis, deve usar dados faceis de avaliar, que so a area Aye 0 comprimento Lo, do corpo de prova indeformado. Usaré entio o diagrame tensio-deformacao obtido pelos valores o = P/Ay et « 8/Lp. 76 Resistencia dos Materiais Cap. 2 G Rupture lescoament & Fig.2.14 — Tensdes verdadeiras e deformagées especificas para um material ductil. 2.5 LEI DE HOOKE; MODULO DE ELASTICIDADE As estruturas correntes séo projetadas de modo a sofrerem apenas pequenas defor- magées, que néo ultrapassem os valores do diagrama tensio-deformagio corres- pondentes ao trecho reto do diagrama, Na parte inicial do diagrama, a tenséo o é diretamente proporcional A deformagéo especifica ¢ e podemos escrever o-Ee (2.4) Essa relagdo é conhecida como Lei de Hooke, ¢ se deve ao matemético inglés Robert Hooke (1635-1703). O cocficiente E é chamado médulo de elasticidade do material, ou ‘médulo de Young (cientista inglés, 1773-1829). Como a deformacéo especifica 6 uma grandeza adimensional, omédulo E 6 expresso na mesma unidade de o, pascal ou seus miiltiplos no Sistema Internacional, e psi ou ksi no Sistema Inglés de unidades. Ao maior valor da tenséo o para o qual a Lei de Hooke ¢ vélida se denomina limite de proporcionalidade do material. Quando o material é datil e possui o inicio do escoamento em um ponto bem definido do diagrama (Fig. 2.92), 0 limite de proporcionalidade coincide com o ponto de escoamento. Para outros materiais, o limite de proporcionalidade nao se define tao facilmente, pois ¢ dificil precisar em que ponto as tensées deixam de ser proporcionais As deformagées. Nesses casos, entretanto, 0 fato de usarmos a Lei de Hooke para valores de tensdo ligeiramente acima do limite de proporcionalidade real nao vai levar a erros significativos. Algumas propriedades fisicas dos materiais estruturais, como resisténcia, dutibilidade, resisténcia A corrosio etc., podem ser modificadas por tratamento tér- mico, presenga de ligas metélicas ou pelo pr6prio processo usado na sua manufatura, Podemos noter, por exemplo, no diagrama tensdo-deformagio do ferro puro e de outros trés tipos de aco (Fig. 2.15) que existem vérias diferencas das tensées de escoamento, Cap. 2 _Tenséo e deformagéo~carregamento axial 77 tonsGes tiltimas e dos valores finais de deformagéo especifica (dutibilidade) para esses metais. Todos eles, entretanto, tém o mesmo médulo de elasticidade; em outras palavras, sua “rigidez” ou capacidade de resistir a deformagGes 6 a mesma, dentro da. regido linear do diagrama. Assim, se em uma estrutura se substitui um ago de alta resisténcia por outro de menor resisténcia, e todas as dimensoes das pogas sdo mantidas, a estrutura ficard sobrecarregada, mas sua rigidez permanece a mesma. ‘Ago com baixo teor ‘de carbon ‘Ago puro Fig. 215 2.6 COMPORTAMENTO ELASTICO E COMPORTAMENTO PLASTICO DOS MATERIAIS Um material tem comportamento e/dstico quando as deformagées causadas por um certo carregamento desaparecem com a retirada do carregamento. Chama-se limite de elasticidade do material ao maior valor de tensio para o qual o material ainda apresenta comportamento elAstico. Se o material tem 0 inicio de escoamento bem definido (Fig. 2.9a), entdo o limite de elasticidade eo limite de proporcionslidade coincidem com a tensio de eacoamento. Assim, 0 material se comporta como eldstico enquanto as tensdes se mantém abaixo do valor do escoamento. Se o material atingir 0 escoamento e se deformar, como desereve a Sec. 2.3, quando a carga 6 retirada as tensGes e deformacées decrescem de maneira linear, a0 Tongo de uma linha reta CD paralela a reta AB da curva de carregamento (Fig. 2.16). 0 fato de € nao voltar ao ponto zero indica que o material sofreu uma deformagdo permanente ou pléstica. Para a maior parte dos materiais, a deformacéo pléstica atingida GOBE J GOSGGECCECOEOGECGCHEtE GG 3 3 9 9 99090909808 © is) eS é é é POI SOX” 78 _Resisténcia dos Materiais Cop. 2 néo depende apenas da méxima tensio a que 0 material fica sujeito, mas depende também do tempo decorrido até a retirada do carregamento. A parcela da deformagio plastica que depende da tensio é chamada deformapéo lenta do material, e a parcela que depende do tempo de carregamento ~ e da temperatura — & chamada fluéncia. Fig. 2.16 Quando 0 material néo possui inicio de escoamento bem definido, néo se consegue detarminar o limite de elasticidade com preciso, Podemos entao adotar para esse limite a tensdo convencional de escoamento (Sec. 2.3), sem erros aprecidveis, Podemos verificar na Fig. 2.13 que a linha reta usada para determinar o ponto da tensio de escoamento convencionel representa a curva de desearregamento do mate- rial, depois que a tensio 9, 6 atingida. O material néo se comporta como perfeitamente cléstico, ¢ a deformacéo plastica resultante ser tao pequena quanto a deformagao especifica adotada para determinacao da tensdo convencional. Se, apés ter sido carregado e descarregado, 0 corpo de prova é carregado novamente¢Fig. 2.17), # nova curva de carregamento praticamente coincidiré com aquela obtida do descarregamento, até pouco antes de atingir 0 ponto C. Ocorre af um desvio da nova curva para a direita, até encontrar o diagrema tensdo-deformacao original, A parte reta do novo diagrama de carregamento 6 mais longa que a do diagrama inicial. Assim, os limites de elasticidade e proporcionalidade tiveram seus valores aumentados, em virtude da recuperacao de resisténcia que ocorreu durante o carregamento inicial. De qualquer forma, a deformagao especffica de ruptura perma- nece a mesma, e a dutibilidade do material, que agora é medida no ponto D, diminui. Fig. 2.17 Cop. 2 Tenséoe deformayao -carregamento axial 79 Na diseussio acima, o corpo de prova foi carregado duas vezes no mesmo sentido, com carregamentos de tragéo, Vamos agora considerar 0 caso em que o segundo carregamento é aplicado em sentido contrério ao primeiro. ‘Vamos considerar que o material é 0 ago doce, que tem tensdo de escoamento de mesmo valor para a tragdo e compresséo. Inicialmente, aplica-se carga de tragéo até que o ponto C do diagrama seja atingido (Fig. 2.18). Apés 0 descarregamento (ponto D), aplica-se uma carga de compresséo, levando o material a atingir o ponto H, onde a tenséo 6 igual a ~0,, A poredo DH da curva tensdo-deformagao 6 curvada e nao esté bem definido o ponto de escoamento, Isto é dita como efeito Bauschinger. Como acarga de compressio mantida, o material escoa ao longo da linha HJ. Fig, 2.18 Se o carregamento é removido quando ¢ atingido o ponto J, a tenséo retorna a zero através da linha JK, e notamos que a declividade de JK 6 igual ao médulo de clasticidade £. A deformagao resultante AK pode ser positiva, negativa ou nula, dependendo apenas do trecho percorrido ao longo das linhas BC e HJ. Se a carga de tragdo 6 novamente aplicada ao corpo de prova, a porgao do diagrama tenséo-defor- magao comecando no ponto K (linha tracejada) iré se curvar para a direite até atingir a tensio de escoamento 0}, Se o carregamento inicial é suficiente para levar o material a maxima defor- magao pléstica (ponto C’), o descarregamento se dar segundo a linha C'D'. Entéo, aplica-se o carregamento contrério, a tenséo torna-se compressiva e atinge o maximo valor em H', onde tem inicio o escoamento do material e, mantendo-se ao longo da linha H'J’. Notamos que 0 méximo valor desta tenséo de compresséo 6 menor que ty mas a variagio total das tensies entre C’ e H, continua igual a 20,. Se 0 ponto K ou K' coincide com a origem A do diagrama, a deformacao permanente é nula, e o material aparentemente retornou As suas condigSes iniciais. Entretanto, mudangas internas no material irdo ocorrer; se a seqiéncia de carre- gamento e descarregamento 6 repetida algumas vezes, 0 material iré se romper sem 80 Resistencia dos Materiais Cop. 2 qualquer aviso, depois de algumas repetiedes (ruptura brusca). Isso indica que as deformagées plasticas excessivas a que o material foi submetido levaram a mudancas radicais na sua estrutura interna. Por isso, carregamentos alternados em regime de deformagies plasticas raramente so permitidos na pratica, e somente em condigbes rigorosas de controle. Em algumas situagées isto pode ser facil de ser observado, como a0 desentortar e endireitar pecas danificadas ou no alinhamento de pegas estruturais. 2.7 CARGAS REPETIDAS; FADIGA ‘Nas segdes precedentes, examinamos 0 comportamento de um corpo de prova sujeito & carga axial. Vimos que, se a tensdo aplicada no ultrapassa o limite de elasticidade do material, este volta as condigées iniciais quando é retirado o carregamento, Poderfamos entao coneluir agora que uma certa carga pode ser repetida muitas vezes, desde que as tensdes permanecam dentro de valores do regime elistico. Essa conclusio 6 correta para um ntimero de repetipdes da ordem de dezena ou centena. Para um nitmero de repetigées do carregamento da ordem de milhares ou milhdes de vezes, ela deixa de ser valida, Nesses casos, a ruptura se dé a uma tensdo bem abaixo da tensio de ruptura obtida com carregamento esttico; a este fendmeno se dé o nome de fadiga, Aruptura por fadiga é sempre uma ruptura fragil, mesmo para materiais diteis. A fadiga deve ser considerada no projeto de estruturas e componentes de méquinas que possam estar sujeitas a carregamentos repetidos ou alternados. O niimero de ciclos de carregamento que pode ocorrer durante a vida titil de uma pega 6 muito variével. Por exemplo, uma ponte rolante de uma industria pode ser carregada até dois milhées de vezes em 25 anos (cerca de 300 carregamentos por dis), um virabrequim de automével serd solicitado cerca de um bilhdo de vezes se o automével rodar 300,000 km e uma hélice de turbina pode ser carregada centenas de bilhées de vezes durante a sua vida util. Alguns carregamentos sto de natureza varidvel. Assim, a passagem de tréfego sobre uma ponte provoca alteragées nos valores das tensdes que existem somente por ‘causa do peso da ponte. A condigao mais severa ocorre quando se dé uma alternéncia completa de carga durante um ciclo de carregamento. As tensées no eixo de um vagao de estrada de ferro se alternam completamente a cada meia volta da roda. O niimero de ciclos de carregamentos repetidos ou alternadas pode ser deter- minado experimentalmente pare qualquer nivel de tenséo méxima. Quando uma série de testes 6 feita para varios niveis de tenséo méxima, podemos desenhar uma curva ~n, Para cada teste, obtemos a ordenada ce a abscissa n, que séo a tenséo maxima eum determinado namero de ciclos. Como é um niimero muito grande, as abscissas séo marcadas em escala logaritmica. A Fig. 2.19 mostra uma curva t{pica o—n para o ago. 0 mimero de ciclos necessério para causar a ruptura é relativamente baixo para valores altos da tenséo aplicada. A medida que a intensidade das tensdes vai baixanda, o niimero de ciclos de

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