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Vimos que o dolo é a vontade consciente de realizar os elementos constantes no tipo penal.
Teorias do Dolo
Teoria da Vontade. Dolo é a vontade de realizar a con duta e produzir o resultado.
Teoria da Representação. E a vontade de realizar a con duta, prevendo a possibilidade de ocorrer o resulta do,
sem desejá-lo.
Teoria do Assentimento. Dolo é o assentimento do resultado, é a previsão do resultado com a aceitação dos
riscos de produzi-lo. O crime doloso está previsto no art. 18, I, Código Penal.
"Art. 18 - Diz-se o crime:
I - doloso, quando o agente quis o resultado ou assumiu o risco de produzi-lo; "
Verificamos que o Código Penal adotou as teorias da vontade e do assentimento para o dolo; a teoria da
representação não foi adotada.
Espécies de Dolo
Fernando Capez apresenta as seguintes espécies:
"Dolo Natural - que, segundo a doutrina finalista, é o dolo sem a consciência da ilícitude. O dolo passa a cons
tituir elemento da conduta, deixando de ser requisito da culpabilidade.
Dolo Normativo - de acordo com a teoria naturalista, esse dolo não é elemento da conduta, mas da culpabili
dade: é composto de consciência, vontade e consciência de ilicitude.
Dolo Direto ou Determinado -é a vontade de realizar a conduta e produzir o resultado (teoria da vontade).
Dolo Indireto ou Indeterminado - o agente não quer diretamente o resultado, mas aceita a possibilidade de
produzi-lo (dolo eventual) ou não se importa em produ zir este ou aquele resultado (dolo alternativo).
Dolo de Dano - vontade de produzir uma lesão efetiva a um bem.
Dolo de Per i só - vontade de expor o bem jurídico a um perigo de lesão.
Dolo Genérico - vontade de realizar a conduta sem um fim especial.
Dolo Específico - vontade de realizar a conduta visando a um fim especial.
Dolo Geral ou Erro Sucessivo - quando o agente, após realizar a conduta, supondo já ter o resultado, pratica o
que entende ser um exaurimento e, nesse momento, atin ge a sua consumação. Ex.: A esfaqueia a vítima e
pensa que a matou. Ao tentar ocultar o cadáver, jogando-o no mar, vem efetivamente a matá-la por
afogamento. Haveria tentativa de homicídio (pelas facadas) em concurso com o homicídio culposo (por
praticar a ocultação de cadáver e acabou matando) ou homicídio doloso? Res posta: homicídio doloso pelo dolo
geral. "
Crime Culposo
A culpa é um elemento normativo da conduta. Deri va da comparação que se faz entre o comportamento do
agente no caso concreto com o previsto na norma, que seria o comportamento ideal.
A culpa é a violação do dever de cuidado, que é o dever que todas as pessoas devem ter. E o dever im posto às
pessoas de razoável diligência.
O tipo culposo também é chamado de tipo aberto, porque a conduta culposa não está descrita no tipo penal,
pois sempre será necessário comparar a con duta, no caso concreto, com o que seria ideal na quelas
circunstâncias. Elementos do Fato Típico Culposo
a) Conduta: mais uma vez, a conduta culposa tam bém deve ser voluntária, da mesma forma que ocor re com
o dolo;
b) Resultado involuntário: se o resultado era querido pelo agente, haverá o dolo;
c) Nexo causal;
d) Tipicidade:
e) Previsibilidade objetiva: que é a possibilidade de qualquer pessoa mediana prever o resultado;
f) Ausência de previsão:
g) Quebra do dever objetivo de cuidado: dar-se-á por meio de imprudência, negligência e imperí cia.
A inobservância do dever objetivo de cuidado deriva da quebra do dever, que se apresenta em três modali
dades de culpa:
Graus de Culpa
A culpa pode ser grave, leve ou levíssima; no entan to, não existe diferença para a cominação abstrata da
pena. A natureza da culpa irá influir no caso con creto, em que o juiz deverá levar em conta aquela natureza
no momento de dosar a pena.
Não há no Direito Penal a compensação de culpas.
Obs.: o crime só poderá ser punido como crime culposo, quando houver expressa previsão legal:
"An. 18 - Diz-se o crime: (...) Parágrafo único - Salvo os casos expressos em lei. ninguém pode ser punido por
fato previsto como crime, senão quando o pratica dolosamente.'
O crime culposo não pode ser presumido, tem que estar previsto expressamente; no silêncio da lei, o cri me
será doloso.
Crime Preterdoloso - para entendermos o que é, é preciso saber o que são crimes qualificados pelo resul tado.
Crimes qualificados pelo resultado ocorrem quando o legislador, após descrever uma figura típica funda
mental, acrescenta um resultado que tem por finali dade aumentar a pena. Os crimes qualificados pelo
resultado podem ser:
1. Conduta dolosa com resultado agravador doloso; Ex.: latrocínio, previsto no art. 157, § 3°. Duran te o
roubo, o assaltante intencionalmente mata a vítima - o crime de roubo acaba sendo qualificado pela morte.
2. Conduta culposa com resultado agravador doloso: após produzir o resultado por negligência, impru dência
ou imperícia, o agente realiza uma conduta dolosa que agravará o crime. Ex.: no crime de le são corporal
culposa, a pena será aumentada de um terço, se o agente dolosamente deixa de pres tar socorro imediato à
vitima (art. 129).
3. Conduta dolosa com resultado agravador culposo: o agente quer praticar o crime, mas, excedendo-se,
acaba produzindo culposamente um resultado mais gravoso que o esperado - é o clássico exemplo da lesão
corporal seguida de morte (art. 123, § 3°).
A esta última espécie de crime qualificado pelo resul tado é que chamamos de crime preterdoloso: há um dolo
na conduta antecedente e uma culpa na conduta consequente.
O art. 19 do Código Penal estabelece que, pelo re sultado que agrava especialmente a pena, só respon-
derá o agente que lhe tenha dado causa, ao menos culposamente.
Os crimes preterdolosos não admitem tentativa, pois o agente não quer o resultado final agravador.
O latrocínio somente admitirá tentativa quando não for preterdoloso.