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AYE DARIO l C lem enesTAR € Um eo ‘Deon E Um pEever - CURSO DE POS-GRADUACAO EM ENGENHARIA DE SEGURANCA DO TRABALHO CORROSAO pfosrila ~ anced pe oe FUNCEFET- CEFET/RJ CURSO DE POS-GRADUAGAO EM ENGENHARIA DE SEGURANCA DO TRABALHO CORROSAO FUNCEFET R. Gal. Canabarro, 45 - INDICE MEDIDAS DE CORROSAO . Fatores de conversdo . Meios corrosivos ..., CORROSKO QUIMICA .... iat ps S20 Consideragdes iniciais ..........e esse eee ee 4 Reacdo do oxigénic com os metais ........... 5 éxidos ndo protetores ......seereeereeeseees Qxidos protetores: pices Siartesseod ncdeesur F CORROSKO ELETROQUIMICA .. ase Conceito .. a 3 Previsdo de reagdes .. sien 2a: £8) Agdo dos dcidos minerais ..... eel Passividade = 16 Influéncia do oxiganio no proceso d@ COLTOSEO ....- eee eee sees Best 18 Heterogeneidade causadoras de corrosao .... 19 Diferengas de potencial que ocorrem WOE GUOCALE a'o.'p va ionmabatart vee nerph ade anda gh 19 Diferengas de potencial que ocorrem na superficie ..... ee 20 Casos de corrosio associados ao meio corrosive .. Bie dBisioisions sais RO) INFLUENCIA DE FATORSS MECANICOS NA CORROSAO Introdugdo ....+. 2. ees snaps ++ 24 Corrosdo sob tensdo .. 24 Mecanismos de corros4o sob tensao. +. 28) Alguns sistemas mais comuns - net Meios de combate 4 corrosdo sob tensdo .... 26 — AGKO CORROSIVA SOBR2 TUBULAGSES METALICAS ............ 28 Correntes de fuga . Conclusdo ........05 PROTECOES USUAIS CONTRA A CORROSSO .. soe abe | SB Protegao por tratamento do meio ambiente .. 33 Modificagdes nas propriedades dos metais .. 36 Recobrimentos protetores .... PROTECKO CATODICA . grieweida tar coy ww» DE COMUTAGKO TELEFONICA ... — Medidas preventivas Contetida de poeira - Gases na atmosfera Umidade ... Medidas do protacac CORMOBRO TATMORPARIGA cite u th pas hieale bana bassin 4b Ts Tipos de atmosfera . RRR ah Bes AS E a : A > . v CORROSAO DO FERRO E OUTROS MSTAIS NO SOLO ............ SL * ; 4 CORROSKO POR IMPRESSAO DIGITAL ” € = Py Proteg6es usuais ....... > Composi¢ao quimica do suor . Corrosividade do suor.. \AcORROSKO POR IMPRESSORS DIGITATS EM RQUTPAMENTOS yp '0 so/ ay Ucorrosio SOB TENSAO FRATURANTE ........ Feateee «+ 66 ey Introdugdo -..... 66 Caracteristicas gerais do fendmeno da CTE | 66 oa Influéncia do meio corrosivo Influéncia da temperatura ... Influéncia da composi¢ao da Liga Influéncia do tratamento ernAGe we, : Influéncia da tensdo aplicada bassesas Oe Influéncia do tempo de exposi¢do 20 | i ce te oO bon 66 O37 Fratura 1G ou TG ..........-- 13 Modificagdes no projeto ..... 74 - &> Alivio de tensdes .... ae agers TH ~ OY Modificacdes no meio corrosive ............ 76 Protegdo catédica ...........65 pastas 9 CbS Uso de materiais resistentes .. Ma ebony TEE Mecanismo da CTP ....ciescseererecseerecees 18 CORROSKO SOB FADIGA . cose @YT Medidas de prote¢ao .. (DEFEITOS H DANOS CAUSADOS POR RADIAGSO = S _ AZIRCENIO os ese ee ‘ Zircaloys .... ie v7 5 tv QS — Av ¢ é [P| scavrtacko & coarosto .. {CORROSKO EM CALDETRAS Corrosdo ..... Controle do processo corrosive Introdugao . Apresentagao fs \ Influéncia do refrigerante . Medidas preventivas .. por aaeteroRie ANTI-CORROSTVA - PINTURA ? es Rayestimentos organicos obit area d sipteeaist LOB: Esquema de pintura . +++ 108 Preparagao da superficie metdlica para } Bintira nsyas gsi cers 6 Hag TeSugts ak ve 109 | Tipos de limpeza por agao mecanica 110 ? Limpeza com ferramentas mecanicas manuais 110 | Limpeza com jateamento abrasivo .... a1 Constituintes fundamentais das tintas .... 114 Mecanismos de formagao de peliculas de | EIGER! as cvnanmpeirsaeous Rien Mecanisnos dé protegdo de pelicuias as Sinker wae sae ed« iaeesos 117 Nomenclatura das tintas |.1..1 118 Constituintes das tintas 119 Classificagaa das tintas quanto ao vefculo 119 | Classes de veiculos . 119 | Tipos de veiculos ...... 120 | Solventes ....... 129 | Le Pigmentos ....... 130 PROTECAO CONTRA A CORROSKO EM ALTAS TEMPERATURAS EM TURBINAS A GAS was sit Bas Get oss 282 Problemas da corrosao ... aiid Exigéncias das camadas protetoras contra GOrTOBAO .....4.. SWaliurenase ravaesarba: Dat Camada protetora .....eeceeeeees eee teens 196 Procedimento da aplicacdo da camada 136 Propriedades da camada protetora ... 138 Resistancia a corros4o .. a 138 Resisténcia ao choque térmico ..... 139 Influgneia sobre as propriedades do material base ... sf 140 Ensaio de fluéncia ...... 140 Ensaios de flexdo rotativa .. 14h Ensaios de fadiga térmica ..- 142 BIBLIOGRARIA 143 MEDIDAS DE CORROSAO Wormalmente sdo._—=—sutilizadas _terminologias americanas para se expressar a taxa de corrosdo uniforme. - ipy: “inches penetration for year" (polegadas por penetragao por ano); —md d: "milligrams per square decimeter per day’ {miligramas por decimetro quadrade por dia}. Nota-se que a primeira unidade refere-se a penetraczo, @ a segunda a perda em peso do metal; nao sao levadas am conta a natureza do produto da corrosdo nem uma possival adersncia do mesmo 4 superficie FATORES DE CONVERSAO Para que se possa converter uma unidade em outra, sao utilizados os seguintes fatores: mdd = ipy x 696 x densidade ipy = mdd x 0,00144/densidade Observagdes: 1) Nos valores em ipy ou _mdd sao representados tempos nédios, pois.a taxa de corros4o inicial é, em geral, maior do que a final. Logo, ao ser fornecido determinado valor para a taxa de corrosa0, deva-se considerar o tempo de exposigao 2) Para a conservagao de um unidade om outra, 6 necessério o valor da densidade do metal. 3) Considerando-se um determinado valor para a perda do peso por unidade de 4rea para um metal leve (por exemplo, aluminio) @ um metal pesado (por exemplo, chumbo), esse valor representard uma perda real de espessura maior para o metal mais leve Para um ataque uniforme em meio quimico, pode-se classificar os metais de acordo com os seguintes critérios, am fungao de sua aplicagao e taxa de corrosdo a) ipy < 0,005 -> metais com boa resistancia, podendo ser aplicados’ nas partes criticas dos equipamentos (molas, sede de valvulas, haste de bombas, etc.); b) ipy entre 0,005 e 0,05 -> metais de resisténcia média, usados em instalagdes onde so toleradas altas taxas de corrosdo (tangues, tubulagées, reservatérios, corpo de valvulas); c) ipy > 0,05 -> matais da pouca resisténcia, utilizagao desaconselhavel. MEIOS CORROSIVOS Os meios corrosivos usualmente encontrados sao: a) atmosfera; b} Aguas naturais; ¢) agua do mar; a) solo; e) produtos quimicos. © efeito corrosivo da atmosfera 4 influenciado pelos saguintes fatores: poeira ou particulas am suspensdo (composto de carbono, éxidos, Acidos, sais, etc.), gases @ umidade A corroso pelas Aquas naturaiy depende dos contaminantes presentes: gases dissolvidos (oxigénio, nitrogénio, C0:, S0:, S03, etc.), sais dissolvidos (cloretos,| bicabornatos, carbonatos,’ sulfates, etc.) e matécia organica. Outros fatores também influenciam, como pH da Agua, temperatura e velocidade de-escoamanto. ‘A Agua do mar & um dos agentes mais enérgicos, em facé da variedade de substancias nela dissolvidas, tais como: compostos de sédic, calcio, magnésio, potassio, etc. © solo exerce sua ago sobre oleodutos, gasodutos, tanques subterraneos, fios e cabos, tubulagées, etc. Para os equipamentos usados em processos quimicos, devem ser encarados dois aspectos: deterioracdo do material 2, contaminagdo dos produtos. Varios fatores influenciam, com maior ou menor intensidade, tais como: pureza do metal, tipo de superficie, contato entre diferentes metais, pureza do produto quimico, concentragéo, temperatura, aeragio, etc. HA fontes de consulta na literatura que tratam especificamente de corrosdo, tabelas, dados sobre composi¢ao, @ orientam no santido de uma aplicagao correta dos. diferentes metais e ligas om relagdo as suas resisténcias e agentes quimicos. A titulo de exemplo, reproduzimos um trecho de uma tabela. Resisténcia a corrosdo de agos-ligas: Observacdo: Duriron - a¢o-liga em silicio (14,58) @ com 0,858 de carbono); Durichior - ago-liga com 14,5% de Si, 3% de Mo, 18 de Mn e@ 0,98 de carbono; RA2S - a¢o inoxidavel 18-8, com 0,088 de C, no maximo; KA2S - ago inoxidavel 18-8, com 2 e 3% de Mo. Seagenies “Dicitn—Rueichior = 2S ATE Scio cloridrica ditelde Acido clorlaricn concentrate cio funcfacice Acido altrica Acido sulftrico Acido sulfuraso Clore ‘loro com agua Clorata frie Sota clustica Titrato da aninio sulfats de alualaio + on Sulfate de andtia + in Suléata de sbtio Sulfito ds sbtio deido acético vinagee Acido eltrico ¢ sucos de Erutas B Tasistinela satistatdria rasistineia insatisfatbria ou al resisthneia ragnla CORROSAO QUIMTCA CONSIDERAGOES INICTAIS A) Os metais s40 geralmente encontrados na natureza sob a forma de compostos, sendo os mais comuns os éxidos © os sulfetos, constituindo os mintrios. Apenas os metais nobres podem ocorrer livremente na natureza B) Para se extrair dos minérios os metais, ha necessidade de um suprimento de energia. Assim, na producdo do dxido de ferro (fé:0:) nos altos ‘fornos, a energia necessdria 4 liberada pela cxidag&o do monéxido de carbono obtide a partir do coque ou do carvlo A energia poderA tamb&m ser cedida por redu¢ao eldtrica, como no caso da metalurgia do aluminio. ©) Os compostos apresentam um contetido de energia inferior ao dos metais puros, sendo, vortanto, mais a@stavels. Como a estabilidade de um sistema’ varia inversamente ao seu conteido energatico, ha uma tendéncia dos metais em reagir espontaneamente aos componentes do meio ambiente onde se encontram. Exemplos: 0 ferro enferruja-se ao cair na 4gua; a prata escurece quando exposta ao ar. D) Pode-se, em alguns casos, considerar a corrosiio como sendo um processo inverso da metalurgia. netalurgia composto + energia > metal metal corrosio H4 casos om que o produto de corrosdo 4 bastante semelhante ao minério de onde o metal 4 extraido. 0 ferro & um exemplo tipico: @ obtido mais freglientemente a partir da homatita (F701), @ a sua corrosdo produz a ferrugem (Fert: ~ #0). E) Os processos de corrosdo sao reacdes quimicas espontaneas que Se passam na superficie dos matais. Obedecen a leis quimicas estabelecidas e conduzem a destruicdo total dos materiais metalicos. Tal destruicdo sé é interrompida ou atenuada pelo emprego de varios mecanismos protetores. Classificamos como corrosao quimica a deteriora¢io de um metal ou liga sob agao direta de nao eletrolitoso (gasolina, éleo, etc.) © de gases secos, especialmente o oxig8nio. Como deterioracdo entende-se as alteragdes prejudiciais ¢ indesejaveis sofridas por um material, apresentando-se como desgaste, mudancas quimicas ou alteragdes estruturais Alguns autores costumam citar a classe "corrosdo por oxidagdo", em geral definida como sendo a reasio do metal ou liga com oxigénio, na auséncia de umidade. Entendemes, no entanto, que tal classe,é um dos tipos de corrosaée quimica. Bm face da auséncia de Agua nos processos enunciados, utiliza-se, também, a terminologia “corrosdo REAGAO DO OXIGENIO COM OS METATS 0 oxigSnio 4 capaz de se combinar diretamenta com todos os metais, exceto metais nobres: ouro (Au), platina (Pt), palddio (Pd). As reagSes dos metais com o oxigénio sao exemplos da reag&o “oxidagao", .¢ os elementos que se combinaram com o oxigénio s&o designados "oxidados". Os elementos reagem com velocidades variadas con o oxigénic. a) Reagem rapidamente o potassio (K), 0 sédio (Na) 2 © calcio (Ca), dando os éxidos correspondentes: 2Na+ Or -- > NaC: (perdxido de sédio) 2Ca+Or - > 2 Cad (éxido de calcio ou cal virgem). b) Combinam-se leatamente 4 temperatura ambiente o ferro (Fe) e 0 cobre (Cu) 2cu+O - > 2 CuO (dxido ciprico) 2 Fe + 3/2 02 - > Fer0s. Observagao: Com elevagao de temperatura, o ferro oxida-se rapidamente: 3 Fe + 20, > Fe304 (dxido salino de ferro). Pela reagdo com 0 oxig@nio, forma-se nas superficies dos metais uma pelicula dos respectivos éxidos, sendo que a estabilidade dessa pelicula é diferente para os diversos metais e ligas. A corrosdo quimica est4 intimamente ligada 4 natureza da pelicula de dxido resultante do processo. 0 crescimento da camada de um éxido de metal numa Geterminada temperatura depende do tipo idessa camada, como também da velocidade com que o oxigénio 6 capaz de se difundir através dela. Dependendo do aspecto da camada e de sua_continuidade, 08 6xidos sao classificados em protetores © ndo protetores. Nas ligas ferro-carbono, a camada de 6xidos 6 iraca, destruindo-se com facilidads, e a oxidagdo continua a se desenyolver até o interior da pega. Nesse caso, tem-se um éxido néo protetor. Em outros metais e ligas, como o aluminio, forma~ se sobre sua superficie uma camada firme e resistente que o protege contra oxidagaéo posterior; ¢ o caso de 6xido protetor. OXIDOS NAO PROTETORES Sao 6xidos volateis ou déxidos estaveis que ocupam volumes menores do que os dos matais consumidos, isto 6, V éxido / V metal < 1. A pelicula é porosa, pois ¢ formada sob tragic, o que favorece a fratura, expondo constantemente a superficie metdlica. gxemplos: dxidos de K, Na, Mg, W, Mo, etc. Verifica-se que a corrosdo ccorre segundo uma velocidade constante, fazendo com que a camada de éxido cresga linearmeate em fungao do tempo, de acordo com a férmula q=% xt, onde q = massa de éxido formada por unidade de area €, = constante dependente da temperatura (T) t = tempo Curvas tipicas de crescimento de éxidos nao protetores. A influéncia da temperatura ¢ tdo marcante que, em casos de ser razoavelmente elevada, a velocidade de oxidagio atinge valores tais que .o metal corre o risco de entrar em combustao violenta, com grande desenvolvimento de luz e calor. Este ultimo torna o processo auto-sustentavel. E 0 caso da queima de magnésio (Mg). OXIDOS PROTRTORES So dxidos estaveis que ocupam volumes maiores do que os dos metal consumido. Logo, a relagio V dxido / V metal > 1, 0 que significa que a camada & pouco porosa. Exomplos: Sxidos de Cu, Al, Cr, Wi, Fe (os dois witimos a baixa temperatura). Sendo a camada dé 6xido pouco porosa, o seu crescimento é atenuado em fungao do tempa: de acordo com uma lei parabélica (a temperaturas elevadas), logaritmica (temperaturas baixas ou assintéticas). a) 1) parabélica ? = Gt aay G = constante que depende §2) da temperatura Ex.: Cue suas ligas, Fe, Ni, Co. € 2) Assintética Bx.: Al, Pb, Si, Cr. Curvas de crescimento de éxidos protetores. Observacdes: 2) A equacdéo parabélica & seguida por metais em tamparaturas elsvadas. Com temperatura, a pelicula da dxido fica atenuando o processo de oxidagao. muitos © aumento da mais espessa, b) Os metais resistentes a oxidacao, aluminio e 0 cromo, oxidam-se inicialmente velocidade, como oO com grande mas a pelicula formada impede posteriormente a oxidaco, praticamente para todas as temperaturas inferiores As de fusdo desses elementos. c) Nos casos em que a pelicula formada é muito t@nue e pouco permedvel, ou ainda em caso de oxidacdo a baixas temperaturas, tem-se uma lei logaritmica. qgtintxa, —————_-—_ int Ca = constante que depende da temperatura. Acontece, em geral, na oxida¢do inicial de varios metais (Cu, Fe, Zn, Ni, etc.). CORROSAO ELETROQUIMICA CONCEITO Entende-se por corrosdo eletroquimica os processos de destruicdo que se desenvolve pela acdo de eletrélitos sobre o metal. Tais eletrélitos compreendem solugdes aquosas de acidos, bases, sais, Aguas naturais, agua do mar, ar atmosférico com umidade, etc, Para um melhor entendimento dos mecanismos de corrosio eletroquimica, julgamos conveniente estabelecer os seguintes conceitos: Oxidagio: @ a perda de el&trons (nfo confundir com @ reagio com o oxigénio; & um conceito mais amplo). Redugdo: & 0 ganho de elétrons. Observagdo: em termos de ntimeros de oxidagao: a) Oxideg&o: aumento algébrico do nimero de oxidacao b) Redugdo: diminui¢o alg&brica do mimero de oxida¢io. Graficamente, teriamos: REDUGAO OXIDACAO Exemplos: a) queima de magnésio: 2 Mg + O > 2MgO A equagio pode ser decomposta em: => Mgt (oxidagdo) o + 2 elétrons — -> OF (redugdo). b) ataque ao ferro pelo Acido cloridrico Fe + 2HC1 -> Fecl: + i ou Fet — 2 elétrons -----> Fe! (equagdo de oxidagéo) 2H + 2 elétrons > Hi (equagao de redugao). A soma destas equagSes parciais dard a equa¢do total Fer + 2H — > Fer + mt Esta Altima. equagdo representa ionicamente o atague ao ferro pelos Acidos nao oxidantes. Durante a agdo do eletrélito sobre o metal, tém lugar os fendmenos de oxidagao e redugao. No transcurso da oxidagdo, verifica-se a destruigado do metal (ele se dissolve); na redugdo, obtém-se hidrogénio. Pode-se ainda obter oxigénio da solu¢ao. © metal cede a solugac seus fons positives (cations), carregando-se negativamente, devido acs elétrons antes ligados eletrostaticamente aos cAtions. Os metais apresentam tendéncia a se dissolverem quando imersos em Agua; os Atomos do metal passam para a sclugdo em forma de lons positivos, deixando os elétrons no metal ndo dissolvido. Logo, a solugdo adquire carga positiva @ 0 metal, carga negativa. A carga negativa do metal aumenta até um certo valor, que impede a saida de outros lons positivos. Em face da atragdo eletrostatica, os lons nao se afastam do metal, e formam uma dupla camada elétrica. © Oo] © <4 — aetal | ® ©@| © 10 Fica estabelecido um equilibrio dinamico entre o metal e 0 eletrdlito formado: o nfmero de lons matalicos que entra na solugdo é igual ao ntmero de ions descarregados. Metal* +n elétrons A quantidade de metal que se dissolve, e conseqilentemente a intensidade da carga el&trica desenvolvida no metal, # fun¢cdo da sua natureza- Os matais tém tendéncias diferentes a perder elétrons: essa tendéncia depende do tamanho do Atomo e da @istribuigao dos seus elétrons nas tltimas camadas. Se o metal for imerso numa solucdo contendo tons, © equilibrio & influenciado dos seguintes modos: a) concentragdo de ions maior do que a do equilibrio: mais ions positivos se depositam do que se dissolvem; b) concentragéo de ions menor do que a do equilibrio: fons positivos passam para a solu¢do. Verifica-se, entdo, uma diferenga de potencial entre o metal e a solugao, que denominamos “potencial do eletrodo". Esse potencial mostra a tend@ncia de uma rea¢do ccorrer no eletrodo, isto &, de seus Atomos ganharem ou perderam elétrons. Para se determinar o potencial do eletrodo, foi fixada uma concentragdo de ions para todas as medidas. 0 potencial medido em volts, em contato com uma solugdo IM de seus fons, ¢ chamado "potencial padrao". Uma meia-pilha padrao 6 representada por um elemento metalico em contato com uma solu¢ao 1 molar (IM) de seus tons. Exemplo: Uma pilha padrfo de zinco ser Zn } Zn (1™). Nao sendo possivel a medida do valor absoluto do potencial da meia-pilha, deverd sempre aver outro componente elatrico para fechar o circuito. aw Valores relativos podem ser determinados experimentalmente, comparando-se o potencial da meia-pilha com o eletrodo normal de hidrogénio, escolhido como padrdo, cujo valor foi fixado em 0,00 volts. Observagdo: 0 eletrodo normal de hidrogénio é constitufdo de um fio de platina coberto de platina finamente dividida (negro de platina). Bsse eletrodo é imerso numa solugao IM de ions Ht, através da qual o hidrogénio 6 borbulhado a 1 atmosfera e a 25°C. POTENCIAIS NORIATS DE GXIDAGAO (=?) ietrodo (anodo) (volts) 1a, tit 3,045 x 2,525, ca, cat 2,87 Wa, wat 2,74 May Ma? 2,37 an, at aes 12 13 Na tabela anterior, as meias-pilhas estado colocadas em ordem crescente do valor positivo de E° (potencial padrdo), isto 6, em ordem decrescente na tendéncia de cader elétrons ou em ordem crescente de receber elétrons Os potenciais. tabelados referem-se ao de oxidacdo; os de reducdo apresentam o mesmo médulo e sinal contrario. A tabela € também conhecida como série eletroquimica. PREVISAO DE REACOES De posse da tabela, podem ser feitas varias afirmagées. Quanto mais elevada é a posicdo do metal na série eletroquimica, maior sua tendéncia para ser oxidado. Os metais situados na parte superior sao fortes agentes redutores # seus fons sdo estdveis. Os metais colocados abaixo sao inativos e estdveis; seus fons sao facilmente reduzidos a metal. Pode-se prever a possibilidade de uma rea¢o ccorrer espontaneamente. Assim, uma redugao ocorre quando o potencial da reagao for positivo. Exemplo: no sistema abaixo, qual 6 0 sentido da teagao? (1) Pela tabela, Fe ---- Fe’ (0,440 V) Zn -> Zn’ (+0,763 V), logo: Zn -> Zn) - 0,763 V. Somando as duas equagdes parciais, temos: Fe ant — > Fe® + an. Entdo, 0,440 - (0,763) = -0,323 v. Nao é espontanea no sentido (1) 14 No sentido (2): an + Pet -> Zn + Fe + 0,763 + (-0,440) 0,323 v. Lego, 6 espontanea no sentido (2). Observa-se, entSo, gue, nas condigdes ditadas pela série eletroquimica, o ferro funciona como catodo, e 0 zinco funciona como anodo numa pilha constituida por esses eletrodos Outro exemplo: escrever a pilha de Zn e Cu > Bn (40,763) ‘ > cu = (-0,337 V) Entao, - Cu - cu® +0,337 V. A pilha sera Zn > zn (+0,763 ¥) > Cu* (-0,337 V) A representagdo 6: Zn | Zn {{ Cu } Cu. Observagao: A parte correspondente 4 oxidagdo, isto 6, 0 anodo, 4 colocado & esquerda. © perfeito conhecimento sobre o mecanismo das pilhas 6 de grande ajuda no estudo da corrosao eletroquimica, pois esta ocorre em meios timidos, em que os elétrons sdo produzidos em um lugar e consumidos em outro, aparecendo, entdo, uma pilha ou elemento de corrosao. A caracteristica fundamental da corrosdo eletroguimica 6 © aparecimento de uma corrente elétrica @evido ao deslocanento de elétrons originada no préprio meio corrosivo. Como exemplo, podemos citar a corrosiéo sofrida pelos metais em solugao de 4cidos, bases e sais, ou mesmo a agao destrutiva do solo Bxista um tipo de corrosao ¢letroquimica na qual o metal sofre deterioracdo em sua superficie externa, funcionando como anodo ativo de uma cuba eletrolitica. 15 A corrente elétrica circulante é originada de uma fonte externa qualquer, continua ou alternada, de baixa frequéncia. Tal mecanismo de destruigdo 6 ' denominado corrosdo eletrélise. AcHO Dos AcTDOS MINERATS © mecanismo de corroséo por 4cidos envolve dois estagios: a) Ataque por dcidos nfo oxidantes. Exemplos: HCl, Hy80, diluido e HNO, dilutdo. b). Ataque por dcidos oxidantes., Bxemplos: HNO; € H,S0, concentrados. © ataque de dcidos nfo oxidantes ¢ de natureza eletroquimica, provocando as seguintes raacies: Reagdo anédica: Me — —> Mé% + 2 elétrons Reagdo catédica: 2H* + 2 elétrons -> Hy Reagio global: Me + 2H* > Me™ Hy Do ponto, de vista teérico, todos os metais situados acima do hidrogénio na série eletroquimica devem ser atacados pelos 4cidos com liberacdo de hidrogénio. A série eletroquimica dos metais. exprime, em fun¢io do potencial elétrico, a ordem crescente de dificuldade com que os metais cedem seus elétrons de valéncia (mais externos numa reagao). Para os principais metais, 8 segundo a tabela formada, a série 4: Li, K, Ba, Ca, Na, Mg, Al, Zr, Mn, Zn, Cr, Fe, Ca, Ni, Sn, Pb, H, Cu, As, Bi, Sb, Hg, Pd, Au. Desse modo, um metal em solucdéo poderd ser deslocado ou precipitado quando entra em contato com outro que esteja situado antes dele na referida série. No caso do ferro, temos: Fat + 2H* — Fer + Ht © critério de posigdo em relacao ao hidrogénio nao 8 respeitado na prética por certos metais. Exemplos: o aluminio situa-se acima do hidrog@nio e apresenta uma 16 relativa resisténcia aos dcidos. 0s oxidcidos, e 4cidos associados a agentes oxidantes, situados abaixo de H. ainda atacam metais A velocidade de corrosdo depende do metal que fornece a reagao anédica (atacada pelo Acido) e do netal, en que se desprende o hidrogénio, a reagdo sendo de deslocamento, em relagdo ao par H,, Ht. Na pratica, a dissolugado dos metais em 4cidos nao oxidantes 6 limitada pelos fatores: a) sobre voltagem do H - solubilidade do chumbo e do estanho; dininui a b) pelicula protetora de éxidos niquel, cromo, aluminio; —-> exemplo: ¢) dificuldade de dissolugao anddica — aluminio; @) produto de ataque forma pelicula protetora PbSO,. ASSTVIDI Se nado houver oxigénio na solu¢ado, 6 dificil a combinacdo 2Ht + 2e- ---> H,. Nessa situacdo, esses dtomos passam a proteger a superficie do metal. Tal estado & denominado passividade. Se houver oxigénio, hd formacdo de #2, © a corroséo se torna acentuada em pH ligeiramente Acido. {EFEETO DA 11} MA comnosnO DE mM Ago DOCE anieto da evoimyaa He 7 Passaremos a examinar o efeito corrosivo dos principais agentes quimicos: 1. Seido sulfuric: A) Concentrado: Bm alta concentragéo (85% de peso), ndo h& corrosio abaixo de 38°C. # corrosivo para o ferro e 0 ago em temperatura acima do ambiente. Caso operen com esse 4cido, as linhas ou equipamentos de aco carbono ndo devem apresentar desvios. A eros4o é acentuada para velocidades a partir de 15m/s. As regides de turbuléncia ou de altas yvelocidades, tais como bombas, vdlvulas e curvas, sofrem ataque intenso. B) Concentragdes médias (35 :a 65% em peso): Temperatura até 85°; equipamentos de hastelloy B ou ago revestido de chumbo. Temperatura acima de 85°: ligas de molipdénio, tantalo e zircOnio. €) Baixas concentragdes (13 ou menos): Agos austeniticos ou de baixo teor em carbono, HA necessidade de testes locais. 2. Acido clortdrico Porma-se pela hidrélise de cloretos ("a _e Mg, principalmente). Como gds, & corrosivo ao ago carbono} porém, com vapor d'dgua torna-se agressivo (hd casos de 65mm/ano) . Pode-se usar o "clad" da aco inoxidavel ferritico (128 cr). 3. Acido nitrico Equipamentos de ago inoxiddvel austenitico ou ferritico estabilizado. Ago comum apresenta resultados satisfatérios. 4, Scido fostérico Na auséncia de dgua, o ago carbono oferece boa resist@ncia. As ligas A base de cobre apresentam boa resisténcia. S. Acdo de bases # mais pronunciada sobre elementos anf6teros, tais como zinco, aluminio e estanho > 6. Soda cdustica Em qualquer concentragao até 93°C: eguipamentos de ago carbono. Acima da 93°C, monel e nfquel. A partir de 66°C hd perigo de corrosdo sob tensdo. Protagdo de aluminio: barreira de material betuminoso. 7. Agio dos sais 1) A agdo corrosiva decorre da presenga de fons de H* e OH obtidos da hidrélise dos seus sais. 2).Quando se tem solucdo salina de um metal em contato com metais menos nobres, isto 6, situados acima da série eletroquimica, tem-se a precipitagao do mais pobre e solubiliza¢ao do menos nobre. Do ferro em contato com solug¢ao de Cuso, obtém-se a precipitagao do cobre e solubilizacao do ferro. LINFLUESNCIA DO OXIGENIO NO PROCESSO DE CORROSAO © oxigénio é considerado como fator de controle nos processos corrosivos. Pode atuar como inibidor ou protetor, e como estimulador. Como protetor, podemos citar os seguintes caso: a) Forma¢ao de uma camada de 6xido protetora, que atenua 0 desenvolvimento da corrosao, pois essa camada dificulta o contato entre o metal @ o meio corrosivo. b) Formagao de uma pelicula de oxigénio adsorvido sobre o metal, provocando a passividade do mesmo. Alguns autores admitem que a passividade é causada por uma t@nue e invisivel camada de 6xido na superficie netélica, ou que se desenvolve nessa superficie uma outra pelicula, além de 6xido, tais como cromatos, nitratos, nol ibdatos. 0 efeito positive da passivagio 6 a reducdo da corrente de corrosao a valores muito baixos. 18 HETEROGENEIDADES CAUSADORAS DE CORROSK( A corrosdéo eletroquimica pode ser causada pela existéncia de heterogeneidade nas pegas metdlicas, que causa 0 aparecimento de regides anddicas-e catédicas. Se o material estiver sujeito a agao de Agua ou de solugdes contendo oxigénio, ocorrera a corrosao, em que as regides anddicas serdo destruidas, e as regides catédicas ficam protegidas. DIFER DE POTENCIAL Como se sabe, o contorno “dos graos cristalinos apresentam um certo desarranjo entre os Atomos decorrentes das interpenetracdes. Nessa situago, o limite entre os gréos é uma ragido heterog3nea comparada ao gro. Os limites dos grdos funcionam como regides anédicas, e os grdos como regides catédicas. Dai, o ataque da corroséo intergranular a varios materiais metdlicos. E ainda, grdos orientados diferentemente ou de tamanhos diferentes apresentam potenciais diferentes, Pode aparecer uma diferenga de potencial se parte de uma superficie sofre um tratamento térmico diferante do restante da peca. A d.d.p. verifica-se entre essas regides. Tal fenémeno pode ser observado nas operagées de solda, em que o aquecimento local ocasiona modificagées das fases presentes. No caso de uma solda de material id8ntico ao da pega, a corrosdo da regido anédica nao se verifica no cordao da solda, e sim naquelas regioes em torno desse cordao. cordao de solda corrosao intergranular 19 PERENCAS DE_PO' UZ _OCORREM WA SUPERFICIE DO_METAL Verifica-se, na prdtica, que superficies polidas apresentam potenciais diferentes das rugosas; nestas ultimas, a pelicula formada possui menor continuidade. Numa pega metdlica que forma, num meio corrosivo, uma camada protetora, as escoriagdes provocadas (riscos, arranhées, etc.) funcionam como regides anédicas, Exemplo: em tubulacdes com luvas rosqueadas, as escoriagdes provocadas pelo rosqueamento sa constituirdo em pequenas regides andédicas que, comparadas a extensas regides catédicas, irdo sofrer yviolenta corrosao. As bordas de superficies metalicas, ao se tornarem anédicas, sofrem corrosda. Como também todo material tensionado plasticamente, sofre corrosao na regido mais tensionada, que funciona como anodo. meio corrosivo corresao, corRostvi Concentragao diferencial: ocorre quando o material esta exposto a uma solugdo agressiva, com diferentes concentracOes de fons. A regiao anédica (portanto, corroida) é aquela em que a concentracao dos ions metalicos 6 menor. Na regido catédica, os fons metdlicos aparecem com maior concentracdo. Exemplo: pelas metdlicas justapostas e rebitadas Nas regides em que é dificil a penetracdo do eletrélito, ocorre maior concentragdo dos fons metdlicos resultantes da corrosdo, logo regiao catédica. Nas regides de facil acesso, hd o arraste dos fons formados, baixando sua concentragao, dando regido anddica. Rste tipo é conhecido como corrosdo por contato ou corrosdo por frestas: ocorre sob a forma de pites anddica. ee = Corrosdo to __| =e SSS ~catodes 20 21 Aeragdo diferencial: verifica-se em materiais imersos em regides diferentemente aeradas; 0 oxigénio intervém diretamente no processo, dai ser conhecida como oxigonacdo diferencial. A parte menos aerada funciona como ancdo, e a mais aerada como catodo. & uma corrosdo localizada por pites. Bsse tipo de corrosdo é encontrado em metais ou ligas parcialmente imersas em meios corrosivos, como 4gua do mar. Bm face da aeracdo diferencial, ocorre corrosdo aceatuada na linha d' Agua. Pode ocorrer, também, para materiais parcialmente entarrados em solos de composigac diferente. solo arenoso 22 Em pegas rebitadas e diferentemente aeradas, a zona catédica é protegida, e a anddica 6 atacada. catodo Notar, pelos esquemas, que a corrosdo por aeragdo diferencial tem efeito oposto ao da corrosdo por concentragdo diferencial. A predominancia de uma ou outra depende da natureza do metal. Naqueles muito ativos (Fe, Zn), predomina 4 corrosdo por aeracdo diferencial; em metais menos ativos (Cue suas ligas), predomina a de concentragao diferencial. Metais diferentes em contato: corrosdo galvanica Quando isso ocorre, o metal mais eletropositivo comporta-se como anodo, @ © menos eletropositivo como catodo. Esse tipo de corrosao caracteriza-se por ser localizada e intensa, sob a forma de pites. Quando materiais metdlicos de nobrezas diversas @stdo em contato ou unidos, a corrosado daquele que funciona como anodo 6 mais acentuada do que a corrosao isolada desse metal, A do metal que funciona como catodo é menor do que a sua corrosdo isolada Ar ¢ Sol Natl Pe (OR), * (esr) ape [oy ee 0: HC+ 3 ©, + 2 eletrons —» 202 Outro tipo de corrosdo galvanica pode ocorrer quando, numa tubulacao am uso, uma parte é substituida por outra nova; esta funciona como anodo, e a mais antiga como catodo, pois j4 estava recoberta internamente por produtos de corrosdo. Tube nove 23 INFLUSNCIAS DE FATORES MECANICOS NA CORROSAO INTRODUGAO Neste capitulo, faremos 0 estudo de varios fandmenos que resultam de uma interagdo entre o meio no qual se encontra um sélido e sua resposta a uma solicitacdo mecanica. Devemos, entretanto, distinguir os casos onde a agéo mecénica ¢ dindmica, como no caso da "corrosaéo sob fadiga", daqueles em que as solicitagdes sao de natureza estdética. A grande maioria destes dltimos casos pode ser definida e estudada sob o titulo mais usual de “corrosdo sob tensao”. Wo entanto, esse concaito nao retine todos os casos conhecidos de interacdo entre meio ambiente e tensdes, porque varios fendmenos ocorrem sem que haja uma dissolugao anédica do material, ou mesmo uma oxidagio, capazes de caracterizar propriamente o fenémeno eletroquimico da corrosdo, Adotaremos, entdo, o termo “corrosdo sob tensao" apenas para os casos onde é possivel o reconhecimento efetivo de um processo corrosive, ¢ nao para outros fenémenos de natureza fisica que determinem a “fragilizacdo do metal". Portanto, ,podemos citar, de modo geral, os seguintes fendmenos: a) corrosdo sob fadiga; Z ) corrosao com erosdo, cavitagao e turbuléncia; ¢) corrosao sob atrito, a) fragilizagao pelo hidrog@nio atémico; e) fedimento por alcali; f) fragilizagao por metal 1{quido; g) corrosao sob tensao intergranular e transgranular. CORROSKO SOB TENSKO Como j4 foi dito, os fendmenos relacionados a denominagao de corrosdo sob tensdo sao aqueles em que mais claramente observam-se as caracteristicas da interligagdo existente entre as tensdes estaticas e a corrosdo, Podemos, entdo, constatar uma pequena dissolugéo e deformagdo do metal, bem como fraturas frageis e seletivas dos meios corrosivos em relacéo aos metais. Nem sempre é facil Teconhecé-la entre outros casos existentes, sendo o comportamento em rela¢io a protegaéo catédica um fator de grande importancia na identificagao do fendmeno. MECANISMOS DE CORROSKO SOB TENSAO 1. Fratura intergranular na corrosdo sob tensdo A fratura dos metais em corrosdo sob tensdo processa-se, em muitos casos, acompanhando o contorno dos gros cristalinos. 0 cardter singular dos contornos de grao, que representam 4reas de maior energia, faz com que essa tegido seja corroida. Experimentalmente, é possivel, am varios casos, demonstrar 0 carater anédico dos contornos de grdo em rela¢do a matriz. Mesno na aus@ncia de tensdes, esse comportamento & observado. Quando uma tensdo existe num contorno de grao quimicamente ativo, 6-de se esperar que a penetracdo da corrosdo aumente, devido a@ separacdo mecanica das faces da trinca, promovendo a despolarizasaéo e rompendo camadas protetoras. # também possivel que a concentragao de tenses frente a trinca promova o escoamento do material, aumentando a sua reatividade. A yelocidada de penetracio de _trincas intergranulares sob a acdo de tensdes é maior em diversas ordens de grandeza do que a penetracao por agdo puramente quimica 2. Fratura transaranular na corrosdo sob tensSes © fenémeno é observado em ligas; metais puros sao aparentemente imunes e, na grande maioria dos casos, a estrutura cristalina dos materiais que apresentam propensdo 4 ctbica de face centrada, como, por exemplo, o latdo, os agos inoxiddveis austeniticos e as ligas de aluminio. Em determinadas ocasides, a modalidade de fratura pode ser inter ou transcristalina, da acordo com o agente corrosivo ou o valor da tensa0, como, por exemplo, no caso do latao. A explicagéo do problema 4 particularmente dificil, por requerer um mecanismo que possibilite o aparecimento de trincas em materiais de conhecida dutilidade, como o latao, etc. Essa tipo de trinca esta associado a fenémenos de natureza eletroquimica, e sua formagao e propagagdo pode ser detida pela imposicdéo de correntes catédicas. As teorias que procuram explicar a formagaéo de fratura transcristalina sao muitas e, até certo ponto, antag6nicas, que caracterizam o estado fluido do conhecimento sobre o assunto. 25 LGUNS SISTEMAS MAIS CO} Os sistemas mais usuais onde se observa a corrosdo sob tensdo sdo os seguintes: a) Acos doces em presenca de dlcalis, nitratos, produtos da destilacdo do carvao e amOnia anidra. A fratura @ geralmente intercristalina. b) Agos de alta resisténcia mecdnica sdo sujeitos a fratura em uma variedade de ambientes, mormente naqueles contendo cloretos. Em alguns casos, ar tmido 6 suficiente para fraturar o metal. ¢) Ligas de cobre em presenga de aménia; solugdes amoniacais sio os agentes classicos para ruptura de ligas de cobre, principalmente latdes. Outros agentes conhecidos so citratos, fosfatos, nitrites, etc. A fratura, em geral, é intercristalina, porém sao frequentes os casos de trincas transcristalinas. d) As ligas de aluminio podem sofrer fraturas numa série de ambientes. A fratura é intercristalina e é relacionada 4 presenga de precipitados formados durante os processos de endurecimento da liga. e) As ligas de magnésio e titanio sofrem corrosdo sob tensdo numa variedade de meios corrosivos, preponderando os que possuem cloretos, podendo aparecer também em ar Gmido, Em geral, as trincas sdo intercristalinas. -_ £) Agos inoxidéveis: nos asos ferriticos, a fratura é intercristalina; nos agos austeniticos, a fratura transgranular em meios cloridricos 4 bastante frequente. As ligas de alto teor de niquel sdo imunes 4 corrosdo sob tensdo, porém sao pouco utilizadas devido ao alto custo do metal. MBIOS DE COMBATE & CORROSKO SOB TENS&Q Diversos recursos estao a disposi¢ado do projetista para enfrentar « minorar os efeitos de corrosao sob tensdo Inicialmente, devera haver, durante o projeto, a preocupagdo de prever e evitar as situagdes em que poderd ocorrer a corrosdo sob tensdo. Quando for constatada uma fratura dessa natureza, pode ainda o projetista modificar convenientemente o sistema Para evitar sua repeticéo. Em tltimo caso, um estudo rigoroso do acidente e o entendimento das circunstancias da ocorréncia fornecer&o dados para a resolug&o do problema. 26 Como exemplo ilustrativo, citaremos um acidente ocorrido na Refinaria Duque de Caxias (REDUC), num tubo de permutador de calor, em ago inoxiddvel AISI 304 (188 Cr, 8% Ni). © fendmeno ocorreu no pré-aquecedor de nafta bruta do sistema de pré-tratamento de Unidade da Reformacao Catalitica. os tubos apresentaram rachaduras circunferenciais. Pela andlise metalogr4fica do metal, ficou constatado tratar-se de corrosdo sob tensdo, uma vez que ndo ha presenca de material precipitado nos contornos de grado e as trincas sao de natureza transgranular. © fato se dau devido a presenga do fon CL (cloreto) na nafta, em virtude de ,um vazamento nos condensadores do topo da torre de destilagdo atmosférica. Dessa maneira, houve passagem de agua salgada para nafta. A solugao adotada foi a substituicdo do material para ago-carbono, que, além de ser economicamente mais interessante, nao apresenta esse problema no meio em que ser4 submetido. 27 AKO CORROSIVA SOBRE TUBULAGGES METALICAS # um caso de destruicdo dos mais frequentes, pois as tubulagdes metdlicas se fazem presentes em quase todas as instalagdes industriais. Qs casos de corroséo em tubulagdes podem ser reunidos em dois tipos principais: a) corrosdo extern. pelo solo; b) corrosao interna: provocada por varios fatores: impurezas no fluido, gases dissolvidos —_(oxig@nio, principalmente) ou pelo préprio fluido, que pode ser de hatureza agressiva. Verifica-se, na pratica, que, na maiorla das vezes, ocorrem simultaneamente os dois tipos acima descritos. A predominancia de um ou outro tipo depende das caracteristicas especificas a cada caso. causada pela atmosfera ou Observa-se, também, que dois fatores predominam na destruigaéo da tubulagao. fxternamente a agdo do solo, ternamante A acdo agressiva dos fluidos conduzidos. Para ambos os fatores, os mecanismos sao idénticos As ligas ferrosas, quando submersas ou enterradas mesmo que nao se encontrem ligadas ou em contato com materiais dissimilares mais nobres -, sofrem corrosdo por mecanismo eletroguimico. Desenvolvem-se na superficie metalica regides anédicas e catédicas, originando pilhas, cujas dimensdes variam desde microscépicas até quilémetros de extensao, nas adutoras e nos oleodutos. Nos casos de corrosdo externa, duas causas pradominam: a) heterogeneidade no metal, tais como: variacoes na composicao quimica, desequilibrio nas funcoes internas, Presenga de componentes ndo metalicos, etc b) heterogeneidade no meio; sao numerosas, dentre as mais frequentes temos: variagdo da concentragao, aera¢ao diferencial, resistividade elétrica, mudangas na composi¢ao quimica, grau de agitacao, porosidade, etc. Passaremos a examinar alguns casos mais frequentes de corrosdo em tubulagées. 1) Bilhas de concentracéo Aparecem quando ocorrem grandes variagSes na resistividade do solo, A pequena distancia. A corrosdo serd maior em terrenos de baixa resistividade: a parte da 28 29 tubulagao enterrada nesse trecho funciona como 4rea anédica, sofrendo a corrosao. No projeto de tubulagées, ao se fazer o tragado das d4reas mais corrosivas, os levantamentos de fato mais necessdérios séo as medidas de resistividade do solo, feitas um pouco abaixo da profundidade da vala. Determinagdes da composicéo quimica ou pH t&m importancia secundéria. 2) Corrosao galvanica Ocorre quando parte de uma tubulacéo em uso é substituida por outra mais nova. A tubulacdo nova sempre se torna uma regiao anédica. ITU PLT CLOT CEE ED CLSAT en S tube nove / JS t A taxa de corrosdo depende das dimenses relativas entre as regides anédicas e catédicas, como também da natureza do solo. 3) Matais diferentes em contato # muito comum no caso de vAlvulas em tubulagdes enterradas. Tomemos como exemplo um tubo de aco e vdlvulas de latdo, que 6 uma liga de cobre, conectadas a ele. 0 tubo funciona como. anodo e a vdlvula como catodo, e o solo é 0 eletrdlito. Nessa situagdo, a valvula fica protegida e a corrosdo 6 lenta, pois a 4rea anédica 6 muito maior do que a catédica. Invertendo-se a ligagdo entre as 4reas, a corrosao se acentua. 4) Breas rosqueadas Os riscos, ranhuras e depressbes na superficie do metal funcionam como regides anédicas, e 0 restante do tubo como catodo, senda o solo o eletrdlito. Te ROSIE VN PRGA TF Bee i ar ies ice aes ‘Foscas 7 # evidente que, nesse caso, a corrosdo serd intensa, em face da desproporcao entre as regides anédicas catédicas. A situagdo se agrava caso se coloque uma liga de metal mais nobre do que o da tubulagao. 5) Solos de composica: erentes Se uma tubulagdo atravessa solos com texturas diferentes, como, por exemplo, areia @ argila (casos classicos), os trechos situados nos terrenos mais porosos 30 (areia) funcionam como catodo, e os situados em terrenos mais compactos (argila) agem como anodo € um caso devido a aeracdo diferencial. Como foi visto, os terrenos mais porosos ©, consequentemente, mais aerados funcionam como catodo em rela¢ao aos menos aerados (mais compactos), que so regides anddicas. A taxa de corroséo é inversamente proporcional a resist@ncia do solo, donde se conclui a importancia de se conhecer essa caracteristica. Mecanismos corrosivos semelhantes ccorrem quando solos diferentes estdo misturados, pois granulometrias diferentes concorrem para a formago de pilhas. Outro caso notdével de corroséo por aeragao iferencial ocorre nos tubos enterrados em valas cujo terreno de reaterro tenha sido mal compactado. A geratriz do tubo, estando em contato com o terreno primitivo, tende a funcionar como anodo em relacao ao restante, que, em contato com terrenos mais -aerados, funciona como catodo. A corrosdéo se distribui em grandes extensbes da tubulacdo, localizando-se na parte inferior do tubo. Dail, deduz-se a importancia de se conhecer a resistividade do solo, e justifica-se o fato dessa medigado ser efetuada um pouco abaixo da profundidade da vala, como foi mencionado anteriormente. CORRENTES DE FUGA Bste caso ocorre em 4reas préximas a ferrovias eletrificadas. A tubulagao fica seccionada em 4reas anédicas e catédicas. 31 A tubulacdo subterranea recebe corrente elétrica vinda do solo, em face da m4 isolagao entre os trilhos e os dormentes. Apés percorrer uma certa extensio do tubo, a corrente retorna ao solo, e a corrosdo manifesta-se nas as anédicas, provocando a dissolugéo do metal. Os elétrons migram para as regides catédicas. CONCLUSSO Face ao exposto, pode-se concluir que a instalacao de uma tubulagio é tarefa bem mais complexa do que aparentemente se apresenta. Bla envolve tarefas e equipamentos especificos, tais como escavacdes, instalacdes de tubos © conexdes, valvulas, reaterros, etc., tornando-se necessdério o conhecimento das caracterfsticas f£{sico- quimicas do solo, cuidados especiais na protecdo do equipamento metdlico, pois nada impede que yarias causas, das mencionadas anteriormente, se associem, causando prejuizos ¢ consumindo lucros de todo um trabalho realizado. 32 PROTEGSES USUAIS CONTRA A CORROSKO Um controle efetivo dos processos de corrosdo requer um perfaito conhecimento dos macanismos e reagdes envolvidas nos processos destrutivos. A corrosio e a prote¢do ndo podem ser encaradas separadamente. 0 estudo de uma delas implica no estudo da outra. S4o usados, atualmente, diferentes métodos para a prote¢do anti-corrosiva dos metais. Tais métodos implicam em: a) tratamento ou modificagSes no meio ambient: b), recobrimentos protetores; , ¢) protecaéo eletroquimica. PROTECAO POR TRATAMENTO DO MEIO AMBIENTE _ © método consiste em tratar previamente o meio corrosivo, ou efetuar adigdes especiais que evitam a corrosao do netal. © tratamento prévio é aplicado especialmente nos sistemas de suprimento de dgua para caldeiras. Esse tratamento prevé a eliminagao dos elementos presentes na Agua, que agem de modo agressivo sobre os metais. Estudos teéricos e dados experimentais mostram que 6 0 oxigénio o mais importante fator de corrosdo interna das caldeiras e acess6rios. 0 oxiganio, quando dissolvido, pode reagir com a pelicula protetora do hidrogénio, formando a agua, fazendo com que a corrosdo do ‘ferro seja intensificada. Praticamente todas as dguas naturais contém oxig8nic; sua quantidade é fungéo da oportunidade de contato ar-4gua, das impurezas, da temperatura, da presséo e de fatores introduzidos a montante, como os batimentos mecanicos. © ataque do oxigénio é reduzido quando se efetua um tratamento da dgua de alimentagéo. # de grande importancia que se faga uma desacragdo das 4guas, de ealdeiras, jd que tal procedimento assume um cardter de prevengao A desacragio pode ser efetuada com aquecimento a baixa pressdo, ou entdo pela filtragdo da 4gua em laminas de ferro, magnésio ou zinco, que possuem grande afinidade com o oxigénio. 33 Outro processo bastante generalizado & a utilizagéo de um agitador e forma de pas. A extragao de oxigénio de uma 4gua pura se efetua com um tratamento por sulfato ou bissulfato de sédio Em caso de falha do equipamento mecanico de desacragéo, ou sua retirada, assim como no inicio da operagao da caldeira, a aus@ncia de oxigénio pode ser conseguida com a adi¢gao de sulfito de sédio anidro. ksse inibidor reage com 0 oxig@nio, dando sulfato de sédio, que 6 soltvel, eliminando os Wltimos tragos de oxigénio. Naz’S0, + 1/2 0; —p Naz 50, A quantidade de. inibidor deve ser controlada, pois um excesso lavard & formagao de produtos secunddrios (HS e NaOH), que atacarao as instalag6es. 0 4cido sulf{drico ataca os acos com 5% de niguel, acos inoxiddéveis ao cromo e vanddio, No caso de formacdo de #5, sua eliminacdo 6 conseguida com a utilizagdo de carvao ativado, ou pela @aigdo de melamina ou aldeido férmico. A melanima forma uma camada protetora e o aldeido férmico polimeriza-se com o sulfeto. A corrosao é condicionada ao contato da Agua com o metal e serd pequena se houver uma camada protetora. A pelicula ndo atinge espessura necessaria 4 protegao e podera desprender-se pela acao de esforcos mecanicos ou choques térmicos, tais como os que ocorrem na partida ou parada da caldeira. Ocorre ainda a difusdo do oxigénio através da camada de dxido. A quantidade permissivel de pxiganio acha-se entre 0,02 e 0,05 ppm; a adicao de inibidor pe feita apés o desacrador. Para evitar a formagao de encrustacdes calcéreas, 6 aconselhavel adicionar fosfato trissédico para precipitar 0 Ca? e Mg, reduzindo a dureza total da Agua. Exemplos: 2 Nay (PQ,) + 3 CaCoy Cay (PO,)2 + 3 NazCoa Na industria quimica, para proteger os eguipamentos contra a corrosdo, sao efetuadas adicdes especiais no meio corrosive. Na destilacdo do petréleo, que contém cloreto de magnésio, hd introdugao de amoniaco para provocar a formagao de cloreto de amdnio. a4 35 A adigao de sulfato no 4cido acético diminui sua agdo sobre o chumbo. A adicdo de pequenas quantidades de cromato ou dicromato de potassio em aguas de refrigeracdo dos sistemas recirculantes em torres de refrigeracdo ou motores de combustde interna elimina a corrosdo dos materiais ferrosos. © ion cromato protege o ferro por ser um longo interyalo de tempo, havendo diversas teorias a respeito do mecanismo de protegdo; pesquisas sdo realizadas também com sais similares de molibdénio, rénio e tecnécio. A presenga de cloreto ou sulfato requer grandes quantidades de cromato. 0 fon cloreto & capaz de penetrar na pelicula de protegao, ocasionando uma corrosdo localizada. Os compostos adicionados para eliminar ou atenuar a corros4o sdo denominados inibidores. 0s inibidores podem ser: 1. anédicos: reprimem reagdes anédicas; 2. catédicos: reprimem reagSes catédicas; 3. de adsorgao: funcionam como peliculas protetoras; 4. de protegdo temporaria. 1. Inibidores anédicos Dificultam cu impedem as reagdes no anodo. Em geral, reagem com o produto da corroséo inicialmente formado, ocasionando um filme aderente e insoltivel (protetor) na superficie do metal. Exemplos: substancias bdsicas (hidréxidos, silicatos, carbonatos); agentes oxidantes (cromatos, dicromatos, nitratos, etc.). 2. Inibidores catédicos Sao substancias que fornecem fons metdlicos que irdo reagir com a alcalinidade catédica, produzindo compostos insoltiveis que recobrem o catodo, protegendo-o. Exemplos: sulfatos de zinco, magnésio e niquel dao precipitados de hidréxidos de Zn, Mg ou Ni, no catodo, cessando a agdo destrutiva. 3, Inibidores por adsorcdo Formam peliculas sobre 4reas anddicas e catédicas, interferindo na acdo eletroquimica Exemplos: coléides, saboes de metais pesados, aldeidos, nitrilas, aminas, mercaptans, uréias, etc 4. Ininidores de acdo temporaria Sao usados na protecdo de metais durante certo tempo, tais como transporte, armazenagem, etc. Sao, em geral, 6leos, graxas ou ceras. Em se tratando de grandes equipamentos, podem ser usados inibidores de corrosaéo que nao necessitem Lavagem ou limpeza das pegas a proteger, Tal tratamento ¢ muito utilizado em maquinas, veiculos, equipamentos militares, torres, etc. MODIFTCACOES WAS PROPRIRDADES DOS METAIS © uso de um inibidor nem sempre 6 aconselhavel, principalmenta quando acarretam elevados custos de manuten¢ao ou quando impurificam 9s produtos manufaturados. Nesses casos, procura-se modificar as propriedades de metais, ou entao escolher uma liga, em que os efeitos do meio corrosivo sejam poucos ou inexistentes. H4, na literatura especializada, —_muitas informagSes a respeito, Existem ligas com resisténcias variadas em relagao a um ou varios agentes corroedores. © “Corrosion Handbook" § uma excelente fonte de consulta, desde que se tenha determinado a causa @ 0 mecanismo da corrosdo. A metalurgia tem feito progressivos estudos na fabricagao de ligas resistentes a corros4o. Ha uma série de metais que, convenientemente tratados - como 0 cobre, o ferro, o aluminio —, apresentam desempenho bastante satistatorio. Lembramos, no entanto, que cada um dos processos destrutivos por corrosdo assume caracteristicas; nem sempre haverd um tratamento universal. 36 RECOBRII 1. Recobrimentos evestimentos ndo metdlico: a) Tintas: sao constitufdas de pigmentos inibidores geralmente & base de chumbo ou zinco, misturados com pigmentos neutros ou inertes, como o 6xido de ferro, silica, silicato de magnésio. Os pigmentos inertes melhoram as caracteristicas fisicas da pelicula de tinta b) Resinas: s&o produtos de polimerizagao, que apresentam boa resisténcia a solugdes d4cidas e alcalinas. ¢) Esmaltes: s&o borossilicatos alcalinos ou alcalino-ferrosos. Para que possuem resisténcia aos dcidos, devem conter dxido de tintanio @ silicio em teores olevados, @ teores bdsicos de fluor e boro. A resistancia 4 Agua ou solugSes alcalinas & conseguida com adicéo de dxido de zircénio 2. Revestimentos metdlicos a) Cladizagdo ou "cladding’ é usado principalmente com laminas metdlicas. 0 metal ou liga a ser protegido 6 colocado entre camadas de um outro metal mais resistente. Esses depésitos sao, em geral, obtidos fundindo- se o metal ou liga protetora contra a superficie a proteger, @ submetendo-se 0 conjunto a uma laminacdo a quente. Para a aplicacdéo do revestimento, 6 necessdrio que as superficies da pega estejam limpas de éxidos, gorduras, Gleos, etc. A limpeza pode ser feita com decapagem por dcidos (remove os 6xidos) e@ banhos alcalinos ou a vapor (zemove as gorduras). Quando o "cladding" 6 feito com aluminio, 6 comun a denominacao “alclad". zxemplo: no caso do duraluminio ~ que 6 uma liga que contém aluminio como metal-base, 4% de cobre, 0,58 de magnésio e 0,58 de manganés -, 0 recobrimento com aluminio puro combina com a resisténcia deste 4 corrosdo com a resist@ncia metdlica da liga. b) Eletroposigéo: sao revestimentos obtidos por eletrélise. Caracterizam-se por seren muito finos e pouco potosos. A eficiéncia do depésito obtido é fungao de sua porosidade. Pode-se aumentar a espessura do depésito, adicionando-se ao eletrélito sais complexos ou coldides Nesse processo, a peca a ser protegida é colocada como 37 38 catodo de uma cuba eletrolitica, onde o eletrélito contém un sal do metal a ser depositado. A eletroposicéo 6 usada para revestimentos com ouro, prata, cobre, estanho, niquel, cadmio, cromo e zinco. ¢) Metalizagao a jato: 6 0 processo utilizado para proteger estruturas ou peas depois de construidas. Netais que sdo facilmente fundidos a chama oxi-acetilénica ou em arco voltaico, como zinco e aluminio, sdo projetados por meio de pistolas, em estado fundido, sobre a superficie a ser protegida. 0 uso do chumbo é desaconselhdvel, em face do perigo de intoxicagio do operador. As goticulas do metal jateado solidificam-se no ar e aderem & superficie sobre a qual o metal & projetado, por ago do impacto. Pode ocorrer que os depésitos assim obtidos apresenten uma relativa porosidade. Essa desvantagem ¢4 corrigida por um polimento, ou provocando-se a fusdo incipiante do dapésito pelo aquecimento da peca © recobrimento por metalizacao pode ainda ser efetuado em cadmio, estanho, cobre, niquel, ago, bronze, @ destina-se a proteger a pega contra a agdo atmosférica, principalmente. Pode ainda ser empregado para conferir a peca qualidades decorativas ou especificas como, por exemplo, condutividade elétrica, restauragdo de superficies desgastadas e aumento de resisténcia térmica. a) Imersdo: os revestimentos so. obtidos por simples imersdo das pegas metdlicas. a proteger no metal protetor fundido. # um processo muito utilizado para revestir com zinco (galvanizacdo) ou estanho (estanhagdo) as pegas de ferro ou aco. Para que haja aderéncia de depésito, é necessdrio que os dois metais sejam pouco soliveis um no outro, no estado sélido, isto é, capazes de formar solugdes sdlidas. Como ilustragao, oferacemos uma _tabela de revestimentos metdlicos comuns e de suas finalidades. METAL PBOTETOR ‘eTaDO Ou PROCESSO ‘CARACTERISTICAS DO DEPOSITO zanco Hietrolitico ou imecszo ‘Ags Como anodo em relagae ao farro (ago), protegando-o Coanio Tetrolitics Pungo ddintica & do zinca; bos sdersncia; # mais dispendioso. Betarho Bletrolicicn DA scabananto Aa papas de ferro; quinds recobre o azo, tom-sa aa foltias de flandas. Waaguel © creme Eietroiitien. Raveatinento para fins eataticns, lo proteges 0 aco. Of revastinantos de croxo sfo reforgados com revestinentos prévios da cobra 9 igual, e) Tintas: s40 revestimentos organicos que apresentam basicamente os seguintes componentes: * Veiculo ou agregante - Constituido normalmente de dleos secativos, resinas naturais, resinas sintéticas ou composigéas desses materiais. Tem como fungdo formar a pelicula e agregar os pigmentos @ as cargas. * Pigmentos - Sao pequenas particulas cristalinas insoluveis nos solventes utilizados, podendo ser organicos ou ndo; conferem a pelicula a cor desejada.-Sdo responsdveis pela obliteragdéo (cobertura) do substrato. No combate & corrosdo, sdo amplamente empregadas tintas cujos pigmentos apresentam elevado teor de zinco. * Cargas - Atuam como agentes formadores de pelicula, e sao de custo inferior aos pigmentos. * Solventes - Tém como principal finalidade regular a viscosidade da tinta, a fim de que possa ser aplicada com facilidade. Atuam no mecanismo de formagao da pelicula, Da escolha adequada do solvente depende a Performance da tinta, pois, ao dissolver o vefculo, permite que a tinta possa ser aplicada em camadas finas. Classificam-se em polares e apolares. * Materiais auxiliares - Os mais comuns sao os secantes, em geral naftenatos de metais pesados, agentes anti-pele, éleos de silicone, etc. 39 40 Existem forcas que tém uma funcao definida na formacdo da pelicula e influenciam 0 equilibrio coesao- adesdo. Bssas forcas sdo: forcas eletrostaticas, forcas de Van der Weals, ligagSes metdlicas e iSnicas. Destas, as mais importantes sao as eletrostaticas e as de Van der Weals, tendo em vista a formagdo de grupos polares. © atual estado da técnica, no que se refere a tecnologia das tintas, compreande as tintas ricas em zinco, revestimentos a base de pds e eletrodeposicio de revestimentos. PROTECRO CATODICA A protecéo catédica é uma técnica de combate a corrosdo, que confere A superficie a proteger um desempenho catédico em presenga do meio corrosivo. Uma superficie mantém-se em meio agressivo por muito tempo, quando submetida a uma protegdo catédica. # aplicavel ao cobre, chumbo, ago, latéo, aluminic, quando envoltos por um eletrélito. Essa técnica é empregada em tanques, cascos de embarcagées (navios, chatas, rebocadores, béias, instalacdes portudrias, tubulagdes enterradas ou submersas, pontes, trocadores de calor, etc.). A protecéo catédica é um processo elatroquimico, logo a estrutura a ser protegida @ o anodo deverdo estar em contato metdlico e eletrolitico. Ha dois processos usuais de se efetuar a protecdo usando-se anodos de sacrificio ou corrente catédic impressa A mais antiga, conhecida como "protegéo catédica galvanica", consiste na utilizagéo de um metal mais eletropositivo do que a estrutura a proteger, estando ambos em contato eletrolitico. Como se sabe, dois metais diferentes colocados em contato, ou ‘ainda ligados eletroliticamente, dao origem a uma pilha. O metal mais eletropositivo funciona como anodo, sofrendo corrosi0, e 0 menos -eletropositivo funciona como catodo, ficando protegido. Entdo, uma estrutura metdlica ficard protegida quando ligada eletricamente a um metal mais ativo (menos nobre) do que aquele do qual ¢ construfdo. A estrutura fica intacta, © o metal que funciona como anodo sofre corrosao. A pega metdlica a ser destrufda é conhecida como “anodo de sacrificio". Existem firmas especializadas na fabrica¢do desses materiais andédicos que sdo, em geral, ligas de magnésio, zinco e aluminio. Os dois primeiros metais sao de uso tradicional; o aluminio é de utilizagdo recente, e apresenta grandes vantagens, quer pela capacidade de corrente que possui, quer pela diminuicao no peso. Os anodos de sacrificio devem satisfazer a especificacdes na composi¢ao quimica, onde 6 oxigida alta pureza. No caso de anodos de zinco, a sua pureza deve ser da ordem de 99,998, e cuidados espaciais devem ser tomados com os teores de ferro, cobre © chumbo, Tais elementos, quando Presentes em guantidades acima de 5 x 10%, dificultam a 41 gorrosdo do anodo, pois reduzem substancialmente a corrente de prote¢ao. Requisitos especiais devem ser obedecidos na construgéo e instalacdo dos anodos, sem o qu3 estard comprometido o seu desempenho. Durante a instalagdo, o anodo deve ser ligado com firmeza a estrutura a proteger, de preferéncia por meio de soldas, ou entdo através de conexées com roscas. O uso de jubrificantes © tintas é desaconselhdvel, para que no haja isolamento nas correntes de protegdo. Na parte que ficard em contate com a superficie, o anodo 6 recoberto por uma camada de resina ep6xi. Como exemplo, esquematizamos, a seguir, um anodo de sacrificio. A protegdo catédica galvanica 6 empregada especialmente em estruturas metdlicas em contato com a agua do mar. Podemos esquematizar a corrente de protegdo com a seguinte figura: 42 43 O processo pode ser aplicado na protecio de equipamentos e estruturas enterradas, principalmente tubulagdes (adutoras, oleodutos, gasodutos, atc.). Come foi visto anteriormente, no caso de tubulagdes, 9 valor da resistividade do solo adquire importancia transcendental, pois, em razdo da pequena forga eletromotrie que aparece entre o anodo e a superficie, a utilizagéo de anodos de sacrificio fica limitada a solos de baixa resistividade. © anodo tem a sua eficiéncia aumentada quando se encontra inteiramente envolvido por meio homoganeo, constituido de gesso (sulfato de cdlcio), bentonita, sulfato de sédio, etc. Tal revestimento, conhecido como “cama de anodo", tem por finalidade oferecer um meio homogéneo em toda a sua extensdo, reduzindo, dessa maneira, a resisténcia elétrica do circuito Bxempl tubulagdo enterrada. Atualmente, esta sendo usado na protegdo catédica galv€nica de tubulagées um anodo continuo de segdo variavel, provido, algumas vezes, de uma alma de aco. Apresanta como grande vantagem a facilidade de instalagio, podendo ser aplicado na mesma vala da tubulacdo, estando, portanto, préximo do equipamento a proteger. tais anodos sdo ligados, em intervalos adequados, A tubulagdo e sua corrente protetora é bastante eficaz, em face da grande superficie em contato como solo, e pode ser aplicada justamente no sator onde é necessitada. A outra maneira de se aplicar protegao catédica é fazer um fornecimento de elétrons a pega a ser protegida, por meio de um ou varios anodos de baixo consumo (inertes), associados a uma fonte externa de corrente continua. Essa fonte pode ser um gerador, uma bateria ou, mais comumente, um retificador. 0 processo 6 conhecido como "corrente impressa", e substitui o de anodo de sacrificio. 44 A protego catédica consiste na formagao de uma corrente elétrica de sentido contrdrio a corrente capaz de provocar a corrosdo, como também no controle dessa corrente. A corrente impressa circulard em direcdo a estrutura a proteger, mantendo-a sempra catédica em relacdo ao meio. 0 circuito 6 montado, ligando o polo negativo a superficie tornada catédica, e ligando o polo positivo ao terra. Para uma instalagdo submersa, teriamos: RETTPL | _ capo Fy | I HARE ALTA Se ie iie | ESTACA ! -—— 7 <—MARE BATKA i jee | DE ACD | 6 i |ELETRONS | D eee Podemos proteger, por corrente impressa, tanques que contenham eletrélitos corrosivos, de acordo com o esquema abaixo: = = o Os materiais constituintes dos anodos de baixo consumo sao de grande variedade. Tradicionalmente, podemos destacar as saguintes ligas: chumbo, antiménio, prata, ferro fundide com elevado teor de silicio, carbono ou grafite, liga de ferro com alto teor de silicio e cromo; sucatas de ago doce ou ferro fundido. Qs anodos podem ser constituidos de hastes simples yerticais ou horizontais, tubos, anodos miltiplos, © instalados em intervalos pré-determinados ou em estagGes. No caso de tubulagdes a serem protegidas por corrente impressa, a resistividade do solo nfo adquire grande importancia, pois a forca eletromotriz pode ser variada livremente, de modo a prover corrente elétrica de intensidade mecessdria. Pode ser aplicada, também, a tubulagdes revestidas como um recurso para prolongar a vida itil de tubulagdes cujos revestimentos tenham sido destruidos ® aconselhdvel utilizar prote¢do catédica como compensagao a revestimentos mal feitos ou equipamentos mal dimensionados. A protecdo catédica em tubulagées 36 deve ser empregada apés cuidadosos e exaustivos trabalhos de campo, gue atentem a sua necessidade. OBRAS CONSULTADAS TRAJANO, R.B. Metalurgia Fisica ~ Nogdes de Metalurgia. D.A. ENQ. 1962 GENTIL, ¥. Corrosdo. Editora Guanabara Dois. Rio de Janeiro. PETROBRAS. Corrosdo. Curso de Engenharia de Equipamentos e¢ Curso de Engenharia de Processamento. BARINOV @ LANDA. Metalurgia @ Metalografia. Corrosion. Handbook. PETROBRAS. Corros4o em Refinarias de Petréleo (CENAP). OHLVEILER, A.O. Introdu¢do a Quimica Geral. RVANS. Mettalic Corrosion Passivity and Protection. BRAVO, Agustin. Fisico-Quimica Bdsica. SHREVE, R. Norris. Chemical Process Industries. 45 CORROSAO ATMOSFERICA A interagdo entre as estruturas metdélicas e a atmosfera que as envolve 6 um fator importante a ser considerado por ocasiao do projeto. O desempenho de qualquer material metdlico fica condicionado A agdo da atmosfera sobre ele A maioria dos processos de corrosdo ndo se inicia sem que haja um eletrélito. Na auséncia de umidade, o ferro exposto ao ar 4 corrofdo em taxas bem pequenas. Isso é comprovado pelo fato de que pecas da aco abandonadas em regides desérticas permanecem nao atacadas pela ferrugem e mantém o seu brilho caracteristico por maito tempo. Em ambientes de temperatura negativa (abaixo de °c), a solidificacdo da umidade condensada e de solugdes aquosas em geral causam pequena corrosdo, pois o gelo é sabidamente um mau condutor eletrolftico. TIPOS DE ATMOSPERA A atmosfera varia muito ac redor do mundo no que se refere ao teor de umidade, temperatura, poeira em suspensdo ¢ outros contaminantes, Assim, nas proximidades do litoral, o ar é "carregado" devide ao aumento da quantidade de sais, particularmente o NaCl; tem-se, entdo, a denominagSo "maresia". 2m dreas industriais, encontram-se teores elevados de diéxido de enxofre (S0,), que pode ser convertido em 4cido sulfirico (H,S0,), aparecendo também, em manores quantidades, H,S, NK,, NO, e, ainda, alguns sais em suspensao. Tendo em vista os diferentes graus de ataque aos metais, as atmosferas s4o classificadas nos seguintes tipos principais: marinha, industrial, tropical, d4rtica, urbana @ rural. HA subdivis6es, tais como tropical seca, tropical ‘mida, onde se observam grandes diferengas nas taxas de corrosdo. Foi varificado que corpos de prova submetidos ao mesmo ambiente apresentam valores conflitantes. Wa Carolina do Norte (RUA), corpos de prova de ago foram colocados a cerca de 25m do oceano, sendo submetidos, portanto, a névoa salina+ sofraram corrosd4o 12 vezes mais intensa do que corpos similares colocados a 250m do oceano. Um metal pode exibir resist@ncia a corrosdo num ambiente e ser facilmente atacado em outro ambiente. Por exemplo, o ferro galvanizado tem um bom desempenho em areas rurais e resist@ncia relativamente baixa em atmosferas 46 47 industriais, Por outro lado, o chumbo tom melhor desempenho em ambientes industriais do que nos outros, devido & formacdo da camada superficial de sulfato de chumbo (PbS0,) CONTEUDO Dz POETRA A influéncia da quantidade de poeira no ar na corrosao de metais foi demonstrada através de experiéncias realizadas por W. Vernon, em 1927. Corpos de prova de ferro foram colocados em atmosferas interiores @ alguns corpos foram envolvidos por uma malha muito fina, que os protegia da poeira, e outros foram deixados a descoberto. Apés varios meses, oS corpos descobertos apresentaram-se enferrujados e com grande aumento de peso, ao passo que os corpos de prova protagidos pela tela apresentavam quase menhuma ferrugem e apenas um ligeire aumento de peso. A poeira é um contaminante primaério da atnosfera e 0 ar de uma cidade apresenta uma quantidade média de 2mg/m?, enguanto que numa atmosfera industrial esse valor pode atingir 1.000mg/m. Estima~se que, nos Estados Unidos, cerca de 100 toneladas de poeira sao depositadas por milha quadrada, por ano, numa cidade industrial (Chem. Eng. News, 29, jan. 4, 1971), Em contato com superficies metdlicas, essa poeira influencia a taxa de corrosdo de maneira acentuada, pois atmosferas industriais apresentam, em suspensdo, particulas de carbono, compostos de carbono, silica, éxidos metélicos e ainda E,S0,, (NH,),S0,, NaCl o outros. As atmosferas marinhas apresentam particulas de sal que podem ser carreadas por varios quilémetros para o interior, dependendo da intensidade e da diregao dos ventos. Essas substancias, combinadas com a umidade, iniciam a corrosdo, formando pilhas galvanicas @ pilhas de aeragdo diferencial, ou, em face da natureza higroscépica de alguns contaminantes, formam-se eletrélitos na superficie dos metais. Assim sendo, o ar com baixo contetido de poaira & Menos apto a causar Corrosdéo do que o ar carregado de particulas, principalmente se estas sdo soldveis em dgua ou adsorvem o H,80,. Mesmo os grdos de poeira quimicamente inertes podem causar corrosdo por aeracdo diferencial. A parte do metal tecoberta pela poeira ou outro produto insolivel ¢ menos aerada (anodo) do que a parte descoberta (catodo). Pilhas de aeragdo diferencial podem aparecer em pagas de aco imoxidavel, ‘aluminio, niquel = @ =~ outros —metais reconhecidamente pasSivos, ‘quando expostos a ambientes timidos.. GASBS_NA ATMOSFERA A pequena quantidade de CO, normalmente presente no ar, ao contrério do que pensavam os primeiros besquisadores, n4o inicia nem acelera a corros4o. Corpos de prova de aco enferrujam tanto em atmosferas livres de COz, quanto em atmosferas contaminadas por esse gas. Experiéncias realizadas por W. Vernon, em 1935, mostraram que, na realidade, o contetido normal de didxido de carbono no ar diminui ou retarda a corros4o, provavelmente pela formacdo de uma pelicula protetora. Tragos de H,S em atmosferas contaminadas provocam © enegrecimento da prata, devido a formacdo do Ag,S, e causam também 0 embaciamento do cobre, devido A formagdo de uma camada superficial de Cu,S + Cus + Cu,0 © componente corrosivo mais importante das atmosferas industriais 6 0 didxido de enxofre (80), originario da queima de combustiveis fésseis. Estima-se que, na cidade de Nova York, 1,5 milhées de toneladas de SO, sao produzidas anualmente, resultantes da queima de carvdo e 6leo. Isso equivale a descarregar, em média, 6.300 toneladas de H,S0, por dia (H. Uhlig - Corrosion and corrosion control). Como o consumo de combustivel é maior no inverno, a contaminagao por S0; 6 também maior nesse poriodo, o que & confirmado por uma corrosdo maior nas pegas de zinco e ferro no inverno dos paises de clima temperado do que no verdo. & Sbvic que o teor de S0, no ar cai com a distancia as fontes poluidoras, e esse efeito é sentido nas regides residenciais e ndo industrializadas. 48 Uma alta concentragdo de 4,80, nas atmosferas urbanas e industriais encurta seriamente a vida titil de estruturas metdlicas, e o efeito ¢ bastante sensivel naqueles metais ndo resistentes a esse dcido, tais como miguel, zinco, cadmio e ferro. 0 efeito corrosivo é menor nos metais resistentes a solugdes diluidas de H,S0,, ou seja, chumbo, aluminio # ago inoxiddvel. 0 cobre forma uma camada protetora de produtos de corrosdo denominada platina, que contém basicamente CuS0,.3Cu(OH)2. 0 niquel 4 bastante resistente a atmosferas marinhas, porém em atmosferas industriais a sua superficie torna-se escurecida por formacao de uma camada a base de sulfato de niquel NiSO,. Pegas| de aco galvanizadas submetidas a atmosferas industriais apresentam taxas de corrosa4o cinco vezes maiores do que pagas id@nticas em ambiente rural: UMIDADE A principio, poderia se esperar que, numa atmosfera n4o contaminada, a temperatura constante, nao houvesse corrosio aprecidvel numa superficie met4lica, para qualquer valor de umidade relativa abaixo de 100%. No entanto, na prética, isso ndo acontece, pois ha flutuagSes nos valores da temperatura e, portanto, na umidade relativa. A umidade relativa cresce com a baixa da temperatura. A presenca de impurezas higroscépicas na atmosfera ou ‘no proprio metal pode reduzir a umidade relativa a valores bem inferiores a 100%, de modo a garantir qus nao haja condensagdo de vapor d'dgua nas superficies. W. Vernon, em 1927, descobriu que existe uma umidade relativa critica, abaixo da qual a corroséo é desprezivel. Valores experimentais de umidade relativa critica situam-se entre 50 @ 70% para o aco, cobre, niquel e zinco. MEDIDAS DZ PROTECAO Dentre as varias providéncias que podem ser tomadas para prevenir ou minimizar a corrosdo atmosférica, podem ser citadas: 1) Uso de recobrimento protetores (organicos, inorganicos ou metalicos); 2) Uso de inibidores; 3) Redugdo da umidade relativa. Observagdo: Esses 3 itens sao abordados em outros capitulos. 4) Uso de ligas 49 Quando presentes em pequenas proporgdes como elementos ligas no ago, 0 cobre, o fdsforo, o niquel e o cromo s40 particularmente eficientes como radutores da corrosao atmosférica. A_adigdo de cobre 6 mais indicada em climas temperados do que em regides tomperadas marinhas. Adigdes de cromo e niguel combinadas com cobre.e f6sforo sao eficientes tanto em regides tropicais como em regiées temperadas. Verificou-se que estruturas de aso inoxiddvel em atmosferas tropicais podem se corroer duas ou mais vezes mais rapido do que na regides temperadas, devido a combinagao de altas temperaturas com elevados indices de umidade relativa. Atualmente, sao utilizados aos de baixa liga, capazes de resistir A corrosdo atmosférica, através da formacéo de uma camada protetora. Esses matoriais sao utilizados na construcdo de edificios, pontes ou mesmo para acabamentos, sem necessidade de pintura ou outro revestimento. Uma composigao comercial tipica contém: 0,098; Mn=t 143; Cus0,43; Cr=0,8%; Ni=0,33; @ 0 denominado ago Corten. Esses agos nao apresentam vantagens quando utilizados no solo ou totalmente submersos, porque as camadas protetoras que se formam sob as condigées do solo e da dgua nao saa superiores as do ago-carbono. Somente os processos de umedecimento e secagem alternados conferem 4 camada de éxido a caracteristica de protecao. 50 CORROSAO DO FERRO E OUTROS METAIS NO SOLO A corrosdo devida a acdo do solo é fortemente sentida em oleodutos, gasodutos, adutoras, estacas e demais estruturas enterradas. A corrosdo dessas: estruturas implica am trabalhos de manuten¢do constantes ¢ bastante onerosos. Tomando-se como exemplo os Bstados Unidos, as tubulagdes enterradas perfazem milhdes de quilémetros, ¢ os custos com manutengdo @ substituigdes regulares remontam a centenas de milhdes de délares por ano. © comportamento frente a corroséo do ago e do ferro, quando enterrados, aproxima-se, em muitos aspectos, do comportamento que exibem quando totalmente submersos. Pequenas variagdes na composicaéo quimica ou na estrutura nado exercem grande influ@ncia na resist@ncia 4 corrosdo. Assim, 9 ago com liga de cobre, o aco de baixa liga, o aco doce e o ferro trabalhado apresentam, aproximadamente, a mesma taxa de corrosio para um mesmo tipo de solo. Analogamente, o trabalho a quente ou o tratamento térmico no afetam essa mesma taxa em graus aprecidveis. 0 ferro fundido cinzento, por exemplo, apresenta, tanto no solo quanto na terra, a corrosdo grafitica. O ferro fundido cinzento em estruturas submetidas a 4guas naturais ou a solos sofre, inicialmente, uma corrosao numa taxa normalmente conhecida, porém tais estruturas podem apresentar uma vida Gtil superior a das estruturas de aco. Tal fato ndo se deve unicamente 4 maior espessura de metal, comum as pecas de aco fundido, mas sim ao fato de que o ferro fundido cinzento, sendo composto de uma mistura de ferrita e grdos de grafite, forma produtos de cerrosaéo que, em certos ambientes (dguas e/ou solo), agregam-se fortemente com os grdos de grafite, impermeabilizando a pega. Como se sabe, o ferro, em presenca do grafite, apresenta comportamento andédico, e, ao sofrer corrosdo, segrega os grdos de grafite. A estrutura resultante desse processo - por exemplo, uma adutora -, embora apresente uma corrosdo generalizada, exibe uma resist@éncia remanescente, capaz de suportar as pressdes e esforgos de operagdo. Esse tipo de, corrosao é conhecido como corros4o grafitica e ocorre especialmente com o ferro cinzento. 0 ferro branco ndo sofre corrosdo grafitica, pois & formado por uma mistura de ferrita e cementita. A corrasdo grafitica pode ser reproduzida em laboratério, por um periodo de semanas ou meses, pela exposi¢ao do ferro cinzento a solugSes bastante diluidas de Acido sulfirico, que so renovadas periodicamente. Cumpre ressaltar que os ofeitos galvanicos sao bastante sensiveis quando se unem pegas de ferro ou de ago com outras pegas de ferro ou de aco de composi¢ao quimica 51 diferente, sob a condigéo de totalmente enterradas e/ou submersas. Tem-se, nesses casos, a corros4o eletroquimica de mecanismo conhecido. £ sabido que um mesmo metal apresenta taxas de corrosdo diferentes quando exposto a atmosferas diferentes. © mesmo acontece quando um metal é enterrado em solos de caracteristicas diferentes, embora a corrosdo do solo seja, em geral, bem maior do que a atmosférica. Dentre os fatores que influenciam na corrosividade dos solos, podem ser citados: 4) a porosidade, normalmente vinculada a aeragdo e eventualmente a presenca de bactérias redutoras de sulfato; b) a condutibilidade elétrica; ¢)o teor de sais dissolvidos, incluindo os despolarizantes @ os inibidores; 4) a umidade; @) 0 pH (acidez @ alcalinidade). Um solo poroso pode reter umidade por um perfodo relativamente longo e ainda garantir uma boa aeragio. Esses dois fatores somados tendom a aumentar a taxa inicial de corrosdo. No entanto, a situagao se apresenta um pouco mais complexa, porque os produtos de corrosdo que se formam em solos aerados sao, geralmente, mais protetores do que agueles que se formam em solos de baixa aera¢ao. Bm soles nado aerados, o ataque corrosivo 6 geralmente localizado sob a forma de pites profundos. Esse tipo de corrosio provoca danos irrepardveis em tubulagdes. Um outro fator a ser considerado & que, nos solos nao aerados que contém sulfatos, podem ser encontradas bactérias redutoras de sulfato. Bsses microorganismos sao responsdveis por altas taxas de corrosdo, superiores a quaisquer tipos de solo: & a denominada corroséo microbiolégica. #ssas bactérias, Sporovibrio desulfuricans, sao encontradas em muitos tipos de solo e de 4gua, e se desenvolvem em condigdes de baixa ou nenhuma aeragdo, na faixa de pH entre 5,5 2 8,5, Algumas variedades se desenvolvem em Aguas doces @ solos contendo sulfates; outras, em 4guas salobras e d4gua do mar; e ainda algumas espécies s&o encontradas em solos profundos, em temperaturas na ordem de 60 a 80°C. As bactérias redutoras de sulfato reduzem facilmente os sulfatos inorganicos a sulfetos, na presen¢a de hidrogénio ou de matéria organica, e sao auxiliadas, nesse processo, pela presenga de uma superficie de ferro. A acéo do ferro nessa reducdo provavelmente deve-se ao 52 suprimento da hidrogénio normalmente adsorvido no ferro, que a bactéria utiliza para reduzir o sulfate a sulfeto. Para cada equivalente de dtomos de H que é consumido, um equivalente de fons Fe’? entra no eletrdlito (solo ou agua) para formar ferrugem e sulfeto ferroso (FeS). A bactéria age provavel e essencialmente como um despolarizante. A seqiléncia de reag6es pode ser escrita: Anodo: 4 Fe® — > 4 Fe? + Be Catodo: 8 H,0 + 8 e- -> 8 H (adsorvidos no Fe) + 8 OH bactéria' 8 Hise + NazS0y — > 4 H,0 + Nays NaS + 2 HCO; > 2 NaHCO; + 1,8 Resumidamente: 4 Fe + 2 H,0 + Na,80, + 2 HCO, -> 3 Fo (OH), + PeS + 2 NaHCO, £ interessante notar que o hidréxido ferroso a o sulfeto ferroso s4o ‘formados na proporgao de 3 para 1. Esse fato constitui-se num dado importante na andlise da ferrugem quando se suspeita que bactérias redutoras de sulfato tenham Patticipado. No caso em que a corros4o tenha sido produzida Por HS dissolvido ou por outros sulfetos, ndo se encontram aqueles compostos na proporgdo de 3:1, e a taxa de corrosdo € bem menor. Qualitativamente, a acdo de bactérias redutoras de sulfato pode ser detectada, mesmo para wmeios aparentemente livres de sulfato, através da adicdo de gotas de dcido clorfdrico junto 4 ferrugem, e notando-se cu nao o odor caracter{stico do HyS desprendido. Corroséo severa por acdo microbiolégica tem sido observada principalmente em revestimentos de pocos petroliferos, tubulagSes enterradas e em tubos de pogos profundos. 0 efeito da aeragéo foi estabelecido por M. Romanoff no seu trabalho "Underground Corrosion", em 1957: 1) Em solos muito aerados, a taxa de formagdo de pite, embora elevada de inicio, cai rapidamente com o tempo. Isso porque, na presenga de grande quantidade de oxigénio, a oxidagao e precipitacéo do Fe (OH), ocorre préxima a 53 54 superficie do metal, e a pelicula protetora assim formada tende a reduzir a corrosdo com 0 tempo. 2) Em solos pouco aerados, a taxa inicial de corrosao cai lentamente com o tempo; nessas condicdes, os produtos de corros4o permanecem na situacdo de nao oxidados, tendendo a se difundirem pelo solo, oferecendo, portanto, pouca ou nenhuma protacdo ao metal. Pode ocorrer que, mesmo em solos bem aerados, a excessiva concentracao de sais soltveis impede a precipitacdo das camadas superficiais protetoras, e a taxa de corrosdo ndo decai como tempo, devido a agressividade do solo. Desse modo, a aeracdo do solo influencia nos processes corrosivos, nao somente pela acdo direta do oxig@énio na formagao de peliculas protetoras, mas também, indiretamente, na reacéo do oxigénio e consealiente reducdo de agentes org§nicos complexantes ou despolarizantes que, normalmente presentes no solo, favorecem a formacéo de pilhas de agao local. A aeragaéo inibe a ago das bactérias redutoras de sulfate, pois estas assumem um estado latente na presenga de oxigénio. As taxas de corrosdo tendem a aumentar com a profundidade do furo, mas ndo 6 regra geral. 0 Bureau of Standards (BUA) enterrou, por 6 a 12 anos, corpos de prova em profundidades que variavam de 30 a 120cm; em geral, foi verificado que a corrosdo aumentava com a profundidade em cinco tipos de solo, porém o inverso foi verificado em dois outros tipos. Um solo contendo dcidos organicos derivado do hhimus ¢ relativamente corrosivo ao zinco, chumbo, aco e cobre. A medida da acidez total desse solo é um parametro mais confidvel do que a medida do pH. Altas concentragdes de NaCl ¢ Na.SO, em solos de pouca drenagem tornam-no altamente corrosive. Quando a condutibilidade elétrica é alta, pilhas de grandes propor¢gSes podem ser estabelecidas, devido a solos com diferentes graus de aeragéo ou de composigées diferentes. As dimensdes das 4reas anédicas e das dreas catédicas podem assumir valores muito altos. Um solo do baixa condutibilidade, ocasionada por falta de umidade e/ou auséncia de sais dissolvidos, é, em geral, menos corrosivo do que um solo de alta condutibilidade, porém a condutibilidade elétrica, isoladamente, nado é um indicativo suficiente da agressividade do solo. A escéria de carvao constitui um dos meios mais agressivos. Testes comparativos em corpos de prova reyelaram que um envoltério desse material corréi o ago e o zinco cinco vezes mais; 0 cobre, oito vezes; e@ o chumbo, vinte vezes, em relagdo a 13 tipos diferentes de solos normalmente encontrados. PROTECSES USUAIS 1) Recobrimentos orgdnicos e inorqanicos Tintas de uso generalizado para protegdo contra a corroséo atmosférica mostram-se ineficientes para resistir 4 agdo do solo. Por outro lado, uma grossa camada de alcatraéo ou piche reforgada por pigmentos ou por fibras inorganicas tem oferecido bons resultados em texrmos de protecdo a custos relativamente baixos, sendo os recobrimentos mais utilizados. ) Atualments, empregam-se ainda recobrimentos de pouca espessura de borracha sobre o aco, como também recobrimentos & base de cimento Portland. Os recobrimentos vitrificados e esmaltados, quando livres de poros, sao bastante eficazes, porém tendem a rachar e fragmentar com relativa facilidade diante de solicitagdes mecanicas. 2) Recobrimentos metdlicos: Os mais utilizados sao a base de zinco, porém sao rapidamente consumidos, principalmente quando ligados galvanicamente a grandes d4reas de ferro nu, ago e cobre. Nesses casos, 6 aconselhdvel prover um isolamento entre a pega e o revestimento. 3) AlteragSes no solo 8 um método que nem sempre é tecnicamente possivel ou vidével; no entanto, alguns processos sdéo utilizados com resultados satisfatérios. Um solo contendo alto teor de dcidos organicos pode se tornar menos corrosivo envolyendo-se a pega metdlica em fragmentos de calcdreo (CaCO;). Uma camada de CaCO, de menor granulometria, circundando tubulagdes enterradas, 6 utilizada em certas formagdes de solos suscetiveis a corros&o microbioldégica. Ainda no caso de tubulagSes, 6 comum a utilizacdo de leitos de areia grossa ou de cascalho, os quais facilitam a penetragdo do oxigénio, evitando, assim, a formagio de pilhas de aeragao diferencial e, adicionalmente, a corrosao microbiolégica em certos solos. 55 4) Protecdo catédica Na técnica atual, todas as estruturas enterradas sao, em geral, protegidas pola combinagdo do processo de protegdo catédica com os recobrimentos A base de alcatrao e piche. Esse tipo de protesdo 6 vidvel técnica e @conomicamente para pegas de ago e ferro, em todos os tipos de solo, por muitos anos, desde que nao seja descuidada a inspecao @ a manuten¢gao do sistema de prote¢ao catédica adotada. 56 CORROSKO POR IMPRESSAO DIGITAL (ASPECTOS GERAIS) A corrosdo de superficies metdlicas “contaminadas” por suor humano 6, em iiltima andlise, uma corrosa pelo ambiente. William R. Bucley e Charles R. Lewis propdem a designaséo “ruster" (enferrujador) para toda pessoa que é€ capaz de causar corros4o numa superficie metdlica recentemente polida ou tratada, tocando-a com as superficies palmares ¢ os dedos, deixando ali suas impressdes. Esse tipo de corrosio apresenta sérics problemas nas indistrias que produzem ou manipulam superficies met4licas tratadas ou altamente polidas, chegando a afetar os processos de produgdo pela ocorréncia dos seguintes problemas: a) perda ou_— daterioragéo = do._—sacabamento superficial; b) variagaéo de parametros dimensionais, quando rigidos; ¢) perda de fungéo; a) redugio e prejuizos nos detalhes estéticos; e) oneragdo de custes devido a inspegdo e rejeiggo, pois parte do trabalho j4 realizado deve ser repetido. Parece que a primeira mencao ao problema, na literatura técnica, foi feita em 1920, e a primeira pesquisa foi realizada em 1969. COMPOSICKO QUYMICA DO SUOR A composig&o Quimica do suor varia de individuo para individuo, e mesmo para determinada pessoa ela flutua, ependendo dos estados fisico e mental, como também de condigdes ambientais. A literatura cita ydérios fatores como intervenientes na composigao do suor, tais como: o tempo de Secrecdo, a temperatura da pele @ do ambiente, a climatizagdo do local de trabalho, a carga de trabalho, o vestudrio, a umidade relativa, a relagdo trabalho/repouso, a alimentagao, 0 estado geral de saiide, etc. © suor 6 uma solugao aquosa que contém 0,5 a 1% de constituintes sélidos; destes Ultimos,.75% sao substancias inorganicas e 25% sdo substancias organicas. A secrecao varia entre limites muito amplos, @ alguns componentes tipicos apresentam as seguintes concentragSes: 57 Componente em mg/100m1 Cloreto 30 a 300 Uréia 12a 57 Acido 1atico 45 a 452 Faia de pH: de 3,8 a 6,5 RROSIVID! suc Como j4 foi dito, o ataque aos.metais pelo suor 6 usualmente aceito como um tipo de corrosdo pelo ambiente. A transferéncia do suor geralmente se da pelo contato direto do individuo com a superficie do metal ou através de gotas de suor das maos, axilas e testa, principalmente. Testes efetuados com suores e solugdes de composigés similares revelaram que o cloreto de sédic 6 0 principal causador de corrosdo, enquanto que outros constituintes inorga@nicos ¢ organicos podem também caus4-la, porém em menor grau. Foi verificado, em solugées preparadas, que uma alta concentragdo salina aumenta a corrosio, se comparada com a atuagao de outra com menor contetido salino. Um valor baixo de pH da solucio revelou uma taxa de corrosdo superior a uma outra de pH mais alto. Uréia e dcido ldtico provocam sonente cerca de 58 das perdas totais causadas pelo cloreto de sédio isoladamente, numa solugdo de mesma concentragao. A adigic de Acido butirico ou Acido lético a uma solugdo de clorete de sédio contende 500mg/100ml ocasionou um sensivel aumento na corrosdo. Uma vantagem ébvia de se usar verniz contendo um agente deslocador de 4gua 6 que ele pode ser incorporado na linha de recobrimento da peta metdlica, sem que haja necessidade de secar a pega antés da aplicagio. Para os ensaios de recobrimentos, os corpos de prova constituiram-se de painéis de aco doce, revestidos com uma camada de zinco de 15 microns de espessura, recobertos por camadas passivantes de cromato nas pontas, uma incolor e outra colorida, intercaladas por uma parte descoberta. 0 meio corrosivo utilizado foi uma mistura, em partes iguais, de solugdes de dcido latico 50% v/v e cloreto de sédio 108 v/v, que é preparada do seguinte modo: 58 Acido latico : 25cm? NaCl 1 5g agua destilada: 75cm Uma gota foi colocada em cada uma das segdes dos painéis, e as agdes comparadas num mesmo intervalo de tempo. Foi, entéo, observado que as 4reas descobertas sofrem corrosdo bastante severa, e¢ que os recobrimentos passivadores incolores aplicados 4 camada de zinco sao mais resistentes ao ataque corrosivo do que os recobrimentos coloridos, que contém um alto teor de fons Cr'*, A passivagao por uma cromatizagao completa oferece melhor resistancia as condigdes gerais de corrosdo, o que é confirmado pelos testes com névoa salina e umidade. A aplicagdo de lacas e vernizes inibe sensivelmente 0 atague corrosive, devido ao ambiente e ao manuseio, sendo que o melhor desempenho & conseguido pelo revastimanto a base de nitrocelulose. Um ponto importante a ser destacado é que’ as Proporgées de Acido ldtico e de Acido pirtvico no suor das maos variam de acordo com a stnia © a alimentacao, isto 6, as proporgées relativas entra os aciicares do tipo aldose, que se reduzem ao dcido latico, © os agicares do tipo cetoses, que se reduzem ao Acido pirtivico. Sabe-se que um trabalho intenso converte, nos misculos, dcido pirtvico em Acido 1atico. REFERENCIAS 1) INF ~ Technical Conference - "Finger ~ Print Corrosion on Telephone Switching Equipment". 2) Corrosion Science, 1972, Vol.12 - “Corrosion of Metals by Human Sweat and its Prevention". Sven B. bind. 3) W.R, Buckley and C.E.Lewis - J. occup. Med, 2,23 (1960). 59 CORROSKO POR IMPRESSOES DIGITAIS EM EQUIPAMENTOS DE COMUTAGAO TELEFONICA Foi observado que placas zincadas passivadas com cromato, utilizadas em equipamentos de comutagdc telefénica, sao suscetiveis 4 corrosdo por impressdo digital; o fenémeno é intensificado por ambientes tmidos e quentes, tais como nas regiées tropicais. © problema foi estudado cuidadosamente, e um dado adicional revelou que esse tipo de corrosdo aparece frequentemente em superficies zincadas de ago doce, passivadas com cromato, que apresentam um elevado ntimero de fons hexavalentes de cromo (Cr), as quais nao receberam nenhum trataments adicional com verniz ou laca. Um exame microscépico das dreas corro{das mostrou que essas 4reas sio, na realidade, compostas de uma pluralidade de pequenissimas dreas de intensa corrosao. Inicialmente, pensou-se que a falta ocorrida no sistema de passivagao era ocasionada pelo rompimento da camada protetora, om virtude das altas temperaturas verificadas om ambientes tropicais. Estudos subsequentes mostraram que esse efeito nio 6 o principal responsd4vel pelo rompimento da camada. Assim sendo, decidiu-se pesquisar de que modo os varios constituintes da secregdo das m4os reagem com uma camada de zinco passivada e com outra camada de zinco sem Passivagao. Foram preparadas duas solugdes, (a) e (b), dos constituintes tipicos do suor, de acordo com a tabela seguinte: Constituinta Sola) ~ 3 Sous) =< Média ~ 9 ect us 40 os scl a3 2 0.15 iy - HOH - cook 3,0 3.0 10 laesdo Latics} Gig - © ~ coon - a6 03 [aeio piravico) (i)2 co (ureia) 0,2 Le 0.6 Gy - comm 0.5 06 0,55 (aeido acstico) Mag 304 oa * - 0.15 my cr a4 35 2.0 ycom 5 12 2,6 (aeida butirico) Pa 28 28 27 Fonta: IM ~ Teennical contarance. 60 Trés constituintes tipicos foram selecionados para um estudo posterior detalhado, para determinar se algum processo espontaneo se desenvolve quando painéis de teste 840 ensaiados para cada constituinte do suor, isoladamente ou em combinacdo. Os trés constituintas escolhidos foram cloreto de sdédio, 4cido ldtico e dcido pirtivico. 0 Acido ldtico apresenta uma atuagao particularmente interessante pela sua propriedade em reduzir fons hexavalentes de cromo (crs), produzindo, ao mesmo tempo, dcido pirtivico, de acordo com a equagdo: H,C - CHOH - COOH + Cr‘ > CHy - CO - COOH + Cr** + Hy Painéis de prova confeccionados em ago doce foram recobertos com uma camada nominal de 15 microns de zinco, e metade do lote foi passivada com cromato. Esses painéis foram estocados por 5 meses antes do ensaic, e solugdes de testes foram preparadas usando-se reagentes pré-andlise, pois a presenga de certos ions, como Cut? e Ni*?, mesmo em Pequenas proporgdes, afeta os resultados. As solucdes preparadas foram as seguinte: Solugdo A - cloreto de sédio 10% v/v Solugdo B - 4cido Latico 508 v/v Solugéo C - cide pirtvico 508 v/v Cada solugdo foi experimentada isoladamente ¢, a seguir, as combinagdes A+ Be A+ C, em iguais proporgdes. Gotas dessas sclugées foram aplicadas nos painéis de teste, 2 a acéo das mesmas foi anotada para certos intervalos de tempo. Foi observado o seguinte: 1) 0 Acido pirtivico, em razéo de seu pH mais baixo, ataca o zinco nao passivado muito mais rapidamente do que 0 Acido latico. 2) 0 4cido latico, isoladamente, ataca o zinco passivado mais rapidamente do que o nao passivado, embora seja necessdrio um certo tempo até que a agdo venha a ocorrer. 3) 0 4cido pirtivico, embora seja um dcido mais forte, apresenta um efeito muito pequeno no zinco passivado. 4) 0 cloreto de sédio apresenta a caracteristica de promover a atividade corrosiva desses d4cidos. A presenga de {ons cloreto reduz consideravelmente a passiva¢ao, principalmente na faixa de pH de 2,0 a 3,0. 61 Face a esses resultados, decidiu-se pesquisar algumas solugédes passivantes que proporcionam uma baixa concentracgao de fons hexavalentes de cromo, para verificar os recobrimentos que seriam mais resistentes a uma solugao contendo acida ldtico e cloreto de sédio do que aquelas que contém altas porcentagens de Cr‘*. Procurou-se, também, investigar o desempenho de camadas de diversas lacas e vernizes, aplicadas as pecas depois da passivagao a cromato, como um meio de inibir as impressdes digitais. Dois vernizes revelaram bom desempenho: - um do tipo nitrocelulose e - uma resina acrilica modificada contendo um agente deslocador de agua. ‘ Os testes para a determinacao da influéncta da umidade relativa mostraram que o ataque com ou sem impressdo digital 6 o mesmo para valores de umidade relativa até 40%, na faixa de temperatura de 17 a 20°C. Porém, se a umidade relativa 6 elevada para 60%, a corrosao 6 intensivamente aumentada. 0 mesmo fendmeno ccorre a 30°C, com um teor de umidade elevado de 45 para 60%. A explicacdo proposta é que, a0 se excederem certos valores para a umidade relativa, os sais presentes no suor serdo ativados pela formacdo de uma camada de eletrélitos. Testes realizados em corpos de prova que foram intencionalmente contaminados por cloreto de sédio mostraram que a combinagao do aumento do teor de cloreto de s6dio com o da umidade relativa ocasionou maior taxa de corrosao. Estudos adicionais revelaram que uma impressao digital ou um residuo de sal similar na superficie de um metal, por baixo de um verniz ou laca, ou de um recobrimento metalico, causa uma corrosdo intensa num tempo de apenas 10% daquele @m que a corrosao transcorreria na auséncia de sal (Sellei e Lieber - Meeting of ASLE, Cleveland, 1946). Foi verificado que a corrosdo por impressées palmares @ digitais varia de acordo com as estacdes do ano, para um mesmo setor de uma f4brica. Bucley e Lewis propuseram uma classificacao para os individuos, baseada nas impressdes que os mesmos deixam quando tocam em superficies metalicas limpas: Grupo 1: mdos quase sempre secas - ndo causam corrosao; Grupo 2: mos ccasionalmante umidas - corrosao insignficante; Grupo 3: mdos frequontemente tmidas ~ corrosao sensivel; Grupo 4; mios sempre tmidas - corrosdo severa - “enferrujador". 62 Um outro teste eficaz utilizado na identificagao de individuos propensos a causar impressées palmares e/ou digitais em superficies metdlicas 6 a medida da resistividade elétrica nas palmas das m&os, pois, como se sabe, esse valor é sensivelmente alterado pela maior ou menor presenga de eletrélitos. & também conhecido um teste comparativo com solugSes cuja concentragdo de cloreto é conhecida. Isso é feito sobre wma placa contendo uma camada de gelatina impregnada com nitrato de prata e cromato de potdssio. Pelo contato com o fon cloreto do suor, uma camada branca (AgCl) ou amarela (Na,Cr0,) aparece contra o fundo vermelho da placa com gelatina. A seguinte classificagao 6 proposta: Grupo 1: conc. fon cloreto < §0 mequiv/1 - nenhuma corrosao; Grupo 2: conc. fon cloreto 5 - 100 mequiv/1 - corrosao leve; Grupo 3: conc. fon cloreto 100 - 150 mequiv/1 - corrosao moderada; Grupo 4: conc. fon cloreto > 150 mequiv/l — corros4o severa. As reacées correspondentes ao processo sao: 2 AgNO, + KxCrO, > Ag:CrO, + 2 KNO; Ag,CrO, + 2 NaCl > 2 AgCl + Na,CrO, MEDIDAS PI TV: Bucley ¢ Lewis recomendam as seguintes providéncias de cardter preventivo: 1) Quanto ao local de trabalho Um local de trabalho com temperatura razodvel, com umidade relativa controlada e, se necessd4rio, instalagdes de condicionamento de ar. Recomenda-se umidade relativa de cerca de 50% e temperatura de 21 a 25°C, pois quanto mais alta for a temperatura, maior teor de clorato na superficie da pele. Durante o inverno, o suor contém o dobro da quantidade de sal, em comparacdo ao verdo. Apesar disso, o problema § agravado durante o verdo, devido ao aumento da 63 umidade relativa, e observa~se que, nos locais de trabalho desprovidos de condicionamento de ar, a taxa de corrosdo é mais elevada. A instalagao de bebedouros com agua fresca, de pias, chuveiros, duchas, etc. para higiene pessoal so medidas também recomendadas, simultaneamente com um moderado controle da alimentacdéo, para evitata ingestao excessiva de sal. Poi observado que essas providéncias proporcionam um sensivel declinio na corrosdo causada por pessoas classificadas nos grupos 2 @ 3, de acordo com o teste da camada de gelatina. 2) Uso de luvas Este 6 um método simples de se evitar o contato direto das mos com a superficie metdlica, No entanto, essa solugao simples apresenta alguns inconvenientes, como -o risco de irritacdes nas mios devido ao confinamento do suor no interior das luvas de material nao absorvente, principalmente durante o verdéo, £m trabalhos minuciosos ou com pequenas pegas, onde o manuseio 6 muito grande, a destreza do operdrio fica reduzida pela diminuigio das percepgées sensoriais do tato. 3) Limpeza das superficies contaminadas Métodos de limpeza mecdnica das superficies tém sido utilizados, como o uso de tecidos e papéis absorventes secos, porém a remogao do suor néo & completa. 0s solventes organicos tradicionais, como os destilados eves de petréleo, nao conseguem remover os constituintes inorgénicos, que sao insoliveis nesses solventes. 0 liquido de lavagem deve conter Agua e deve ser capaz de secar a superficie do metal rapidamente. # frequentemente usada uma mistura de metanol com cerca de 5% de dgua; no entanto, essa pratica requer cuidados especiais, porque os vapores de metanol sao téxicos @ altamente inflamaveis. Acrescente-se, ainda, que o metanol n&o remove completamente os sais, nao seca rapido sobre o ago e deixa resfiduos. Os liquidos mais adequados séo as emulsées dleo agua _e as solugdes de sabao, utilizadas em temperaturas ligeiramente elevadas (60 a 70°C). AS emulsdes @ 0 sabdo deixam um filme residual na superficie do metal, que Ihe confere uma protegdo temporaria. 0 liquido de lavagem, em nenhuma hipétese, dever4 ser cortosivo, e a agua ndo deve apresentar sais dissolvidos 4) Uso de compostos redutores da transpiracdo © uso de compostos que reduzem a transpiracdo, como talco e subst4ncias oleosas ou pastosas, nao é muito eficaz, em face da possibilidade de contaminacdo da superficie metdélica e do aparecimento de irrita¢do nas m&os pelo uso prolongado. Unguentos destinados a reduzir a transpiracdo reagem com as proteinas da pele, causando uma coagulagéo que bioqueia os orificios das glandulas sudoriparas, reduzindo a sua atividade. Esses ungientos tém um efeito adstringente, porém seus constituintes ativos - que podem ser téxicos ou corrosivos - determinam um uso moderado dos mesmos. A utilizacéo de tais substancias permite um livre uso das mdos, porém a protecao oferecida Gecresce com o tempo, devido a remocdo das mesmas pelo atrito e, assim sendo, 6 necessdrio repetir a aplicagao. 5) Tratamento da superficie A utilizagdo de processos de tratamento da superficie ou recobrimento com material resistente fornece, em geral, a melhor forma de protecdo. Algumas objecSes a esses tratamentos sao de ordem econdmica, como também o recobrimento protetor estard sempre sujeito a danos, arranhdes, golpes, etc., por ocasido da montagem, manuseio, transports, soldas e trabalhos afins. Gleos que reduzem a corroséo por impressdo digital sao um dos tipos de recobrimentos bastante utilizados; esses Gleos devem satisfazer As seguintes especificagbes gerai: - capacidade de remover ¢ desativar o suor; = deslocar a agua da superficie do metal; = remover as impressdes palmares e/ou digitais eventualmente existentes; = formar um file protetor na superficie. Essas especificagdes sao também propostas para vernizes e lacas, capazes de efetuar o mesmo tipo de Tecobrimento protetor; dentre as lacas mais utilizadas, encontram-se as resinas acrilicas modificadas ou a base de nitrocelulose. 65 CORROSKO SOB TENSAO FRATURANTE INTRODUCKO Un material metdlico usado para fins de engenharia deve ter propriedades mecdnicas independentes do tempo ¢ propriedades quimicas compativeis com o meio ambienta. Todavia, a experigncia tem mostrado que certas propriedades mecanicas sao também influenciadas pelo meio ambiente. Esse € 0 caso da corrosdo por fadiga @ da corrosao por tensao fraturante (CTF). Diz-se que corrosdo por tensdo fraturante é a fratura resultante das acées combinadas..de uma tensio estdtica de tragdo e de um meio corrosivo especifico, sendo © efeito em maior grau do que a soma dos efeitos tomados individualmente. As tensdes ciclicas ndo estdo incluidas, sendo consideradas na corrosdo por fadiga. A CTF representa, na oprética, uma fratura retardada do material, que ocorre em niveis de tensdo bem inferiores ao limite elastico (que serve de base para se daterminar o limite de projeto), devido a uma forma de ataque localizado, geralmente imprevisivel no tempo. &, portanto, um tipo perigose de ataque, porque nada se observa externamente antes da destruigdo total do material. CARACTERESTICAS GRRATS DO FENOMENO DA CTE © fendmeno da CTF 6, para uma dada liga metdlica, especifico para certos meios corrosivos. Assim, o ago inoxiddvel sofre CTF em cloretos e nio em nitratos ou ém aménia. Por outro lado, os lat6es sofrem CTF em meios amoniacais, mas ndo em presenga de cloratos. Os acos-carbono sofrem CTF em Alcalis e em nitratos $ essencial que a tensdo na superficie do metal seja de tra¢&o para que se inicie e se propague a fratura. TensGes de compressdo, pelo contrdério, inibem o inicio da fratura. Durante a propagagdo da fratura, o metal virtualmente ndo atacado na maior parte de sua superficie, ou seja, a perda de peso é muito pequena, comparada com a extensao do dano causado. INFLUSNCIA DO MBIO CORROSTVO Nao se pode predizer qual metal vai fraturar num dado meio corrosivo, ou vice-versa. AS vezes, um meio 65 severamente corrosivo ndo produz CTF, enquanto um meio brando produz CTF. 0 m4ximo que se consegue é dizer se um metal é imune ou néo & CTF num dado meio. Além disso, muitas varidveis do meio corrosivo afetam a suscetibilidade do metal a CTF, tais como temperatura, concentragao, pH, concentragio do oxigdnic ou oxidantes, etc. Para se ter uma idéia do efeito do meio corrosivo, considere-se os seguintes exemplos: = Nitratos em pequena concentragéo inibem a fragilizagdo (um tipo especial que ccorre com ago carbono de caldeiras), quando presentes na agua Ge caldeira, alcalina. Por‘ outro lado, solugdes concentradas de nitrato e -dlcalis provocam CTF em aga carbono - Nitrato de calcio frio é nao corrosive ao aco carbono, mas, quando concentrado e@ quente, provoca CTF em agos trabalhados a frio. - Ago austenitico 18/8 fratura em solugao neutra = oxigenada de NaCl (mesmo em concentragées baixas, da ordem de 10ppm), a 14°C, mas nao é suscetivel quando o pH & aunentado para 8,8 - Ago austenitico 18/8 em solugdo contendo cloreto sé fratura a partir de uma certa concentragao de oxigénio, segundo gr4fico apresentado por Fontona a Greene. INFLUSNCIA DA TEMPERATURA Como na maioria das reagSes quimicas, CTF 6 acelerada pelo aumento de temperatura. Alguns metais - por exemplo, ligas de Mg - fraturam logo na temperatura ambiente, enquanto outros requerem ebulicao para apresentar fratura por CTF. Em temperaturas acima do ponto de ebuligao da solugao, nfo ocorre fratura, pois elimina-se o eletrélito (CTF ndo ocorre em gases secos) 67 tempe ratura aco inox. 316. 247 em Jigua com 875 ppm. Na cl 2su° F ‘tempo para fratura INELUSNCIA DA COMPOSTCSO DA LIGA Acredita-se que os metais puros ndo sofrem CTP, embora ligas preparadas de metais puros possam sofrer CTF. Todavia, um acentuado aumento de resisténcia a CTF tem sido conseguido usando-se ligas preparadas de metais de elevada pureza. Exemplos que mostram a influéncia da composigao da liga sao dados a seguir: - Cobre com 99,999% de pureza resiste A am6nia, mas se tiver 0,0048 P, 0,058 As ou 0,018 Sb ja sofre CIF. - Ferro de pureza 99,99% nado 6 suscetivel em solugao fervente de nitrato de cdlcio + nitrato de aménia. - Ago inoxiddvel 18/8 n4o sofre fratura em MgCl, de concentragéo 428, fervente (teste usado para acusar suscetibilidade), se o teor de W ou C for inferior a 0,015%. = Ago carbono nao fratura em solugao fervente de nitratos se a sua superficie for descarburizada com H, wmido para reduzir o teor de C a menos de 0,153. Todavia, isso nfo 6 uma regra geral. Varias excegies tém sido verificadas na pratica. Por exemplo: - tigas Cu-Au, Ag-Au @ Ng-Al fraturam em solugo de PeCl,, qualquer que seja a pureza dos componentes. - Latae 70/30 feito com cobre e zinco super-puros sofre fratura intergranular tao rapidamente como qualquer lato comercial, numa solugo de aménia a 20% exposta ao ar, a 35°C, 68 69 INFLUENCIA DA ADICKO DE ELEMENTOS-LIGA Von Graf generalizou esse efeito para uma liga homog@nea com a seguinte regra: "Uma pequena_percentagem de metal nobre, adicionado a um metal mais ativo, aumenta a suscetibilidade a CTE, Uma pequena percentagem de metal ativo, adicionado a um metal nobre, é bem tolerada e retém sua imunidade." Quando se estuda a influéncia de adigdo de Ni aos agosinoxiddveis, por exemplo, verifica-se que hd uma concentragdo para a qual a suscetibilidade 6 m4xima: curva para Fe/18 Cr em tempo Mg Cli 4296 fervente para fratura (tH Na concentracao C, 0 tempo para a fratura € @ menor %eNi Para os ago-carbonos, o fator mais importante quanto 4 CTF 6 a percentagem “de ¢, segundo o grafico a seguir aumentando % C diminvi a susceptitidade “| limite de Selubilidade oC “nm ferrite log tempo para fratura Pesquisadores alemes sugeriram que a CTF integranular € causada por nitrato de Fe presente como impureza nos agos doces. Eles demonstram isso pelo fato de 70 adigdes de Al aumentarem a resisténcia (o Al reage com N). De qualquer maneira, a situagdo mais perigosa 6 aquela na gual particulas discretas de carbono esta4o localizadas nos contornos dos graos (quando se faz 0 racozimento subcritico, por exemplo). Pode-se ilustrar a agdo de elementos-liga na resisténcia a CTF pelo quadro abaixo (o efeito nocivo esta ligado a formagdo de compostos intermetdlicos e precipitacdo de fases): Ligas de Mg Mn, Zn - aumentam a resisténcia Cu, Al - diminuem Ligas de Al: Cu - aumenta Mo-— diminui ' Ligas de Cu: zn - aumenta INPLUENCIA DO TRATAMEN] Zco Os tratamentos térmicos modificam a interna do metal e afetam o grau de homogeneidade. influenciar na sua maior ou menor resisténcia A CTF. estrutura Isso vai Exemplos: temperado desde 500° C (imethor) teri WF ‘estriade a0 ar -—— (pior) tempo para fratura - 99,998 Fe em solucdo de nitrato de célcio mais nitrato de aménia, apés ter sido introduzido 0,14%C: o tratamonto de carburiza¢io por gas nado indua suscetibilidade; recozimento a 700° por 72 horas produz precipitagdo dos carbetos nos contornos dos gréos, e dai provoca CIF intergranular. = Ago inoxiddvel comercial 21 Cr/11 Ni em solu¢ao de 10% H,S0, + 10% CuS0,: temparado desde 1.065°C, nado ha ataque; recozimento a 650°C provoca precipitagao de carbetos, e daf CIF intergranular. INFLUENCIA DA TENSKO APLICADA Como se sabe, para que se inicie e propague a fratura, é essencial existir, na superficie do metal, tensdes de trac¢do, Nenhum caso de CTF foi observado quando 2 superficie do metal estava sob compressao. As tensdes que causam CTF podem ser classificadas em 3 tipos: —Tensdes externa: sfo as cargas mecanicas aplicadas aa estrutura. S40 as menos importantes, porque, num projeto, sao sempre consideradas, ficando sempre dentro do limite de seguranca. - Tensdes induzidas: sdo as causadas por entalhes, rebites, parafusos, soldas, etc. -Tensdes internas: sao as causadas por resfriamento desigual da segao ou estrutura, a partir de altas temperaturas, reestruturages internas devido a mudangas de fase ou de estrutura cristalina (causando variagoes de volume), etc. Qualquer uma das tensdes acima sao efetivas om causar CTF, sendo seus efeitos somados. Por isso, é importante “conhecé-las, para avaliar seu efeito na resisténcia A corrosdo por tensao. A suscetibilidade a CTP, em geral, aumenta com a tensdo, ¢ 6 mais sevara préximo ao limite de escoamento do metal.” Além disso, © aumento da tensdo diminui o tempo necessério para que a fratura ocorra, conforme grafico abaixo: tensde 4 aplicada aco 210 ages 25 e U7 ago 307 tempo para fratura (t) 1 © limite maximo de tensdo (abaixo do qual o metal 8 considerado imune)', conhecido na literatura como "threshold stress", depende da temperatura da composigao da liga e do meio corrosivo. Em alguns casos, representa 108 do “yield stress", em outros chega até 708. Alguns valores j4 foram determinados para o limite méximo de tensdo: - Para agos-carbono em solugSes de nitrato, varia de acordo com 0 teor de carbono, segundo a seguinte escala: ac psi 0,07 5.000 0,08 14.000 0,09 18.000 0,11 23.000 0,16 24.000 Para acgos-carbono em meio sulfidrico, observou-se que nao ocorre fratura quando o ago é tratado termicamente a durazas inferiores a 22 Rockwell C. Para agos da alta resisténcia em servigo onde 6 liberado hidrogénio nascente, no ha fratura quando o limite de ruptura ("ultimate strength") 6 inferior a 85,000 psi. Todavia, nem sempre o limite maximo de tensdo é bem definido como acima. Por exemplo, mostrou-se que agos inoxid4veis austeniticos fraturam sob tensdes de até 2.000 psi, quando expostos ao vapor que estava acima de dgua em alta temperatura, contendo cloretos. HA, inclusive, autores que duvidam da propria existéncia de uma “threshold stress". A figura abaixo mostra as curvas tensdo x tempo, para fratura de um latao submetido acs testes de nitrato, merctrio e amdnia. Este Ultimo nao apresenta "threshold stress", o que mostra que o material resistente ao teste do merctirio pode ainda fraturar sob condigdes de extrema exposigado a aménia, desde que o tempo seja suficientemente longo. 12 73 Cu/Zn {teste em Hg NOs) tenaso : Zn Cteste em NH,) Yempo para fratura NFLUSNCIA DO TEMPO DE EXPOSICAO AO MEIO AMBIENTE Este é um importante fator a ser considerado, uma vez que o maior dano ocorre nos estégios finais de propagacao da fratura. Bn muitos sistemas, existe um intervalo de incubagdo mais ou menos longo, que deve ser ultrapassado para que a corrosdo passe a ser acelerada pelas tensdes existentes. Durante esse periodo de inducdo, o metal sofre apenas ataque superficial ou entao | envelhecimento (reestruturagao interna), que o torna suscetivel a CTF. A madida que a fratura penetra no material, a area transversal 6 reduzida até o ponto em que a tensdo aplicada ultrapassa o limite de resistSncia ("ultimate strength"), e dai a ruptura final ocorre, como resultado quase que inteiramente de a¢do mecdnica. Por esse motivo; um teste de CTF deve ser conduzido até que ocorra a fratura, uma vez que muito pouca evidéncia fisica e mecAnica aparece durante testes de curta duragao. FRATURA IG ov TG A fratura pode ser intergranular ou transgranular, geralmente em direcdo perpendicular A tensao (aplicada ou interna). Em caso de torso, as fraturas ocorrem a 45° do eixo principal. Todavia, o caminho que a fratura toma (IG ou TC) depends fundamentalmente da liga (composigao © estrutura), do meio corrosivo, do tratamento térmico, do processo de fabricasao, etc. De um modo geral, a fratura IG predomina em ligas tornadas suscetiveis por precipitacdo nos contornos dos graos. Isso 6 ilustrado pelo duraluminio (4 Cu/Al), onde ocorre precipitagao de CuAl, nos contornos, apés tratamento térmico, Na tabela seguinte, estdo ilustradas as diversas combinagdes metal/meio corrosivo, indicando o tipo de fratura. Diversos fatores, porém, podem alterar o tipo de fratura, como, por exemplo: - Fratura de liga 63 Cu/38 em solugSes amoniacais de Cus: com pH é IG; com pH entre 3,9 - 5,7 ou 7,8 - 11,2 passa a TG. = Fratura de beta-latdes em solugdo aquosa de NH, 4 IG, quando imersa-na solugéo; e TG na regifo de fase vapor - Lato 70/30 de alta pureza 6 integralmente Ic, mas uma série de adigdes (1% As, 0,42 Sn, 0,73 Si, 0,2 Al, etc.) causam TG e IG simultaneamente. = A témpera da liga Mg/6 Al/1 Zn, para avitar a precipitagdo nos contornos dos grdos, muda a CTF de 1G para Tc. MODIFICACSES NO PROJETO Diminuir a tensdo de tragdo $ frequentemente un meio efetivo de se reduzir as fraturas por CTF. Isso pode ser conseguido por mudancas no projeto: - diminuir a pressdo de opera¢ao; - avitar mau alinhamento de conexdes soldadas ou rosqueadas ; = evitar expansdo térmica diferencial (exemplo: evitac solda entre acos austen{ticos e ferriticos, pois tém diferentes coeficientes de dilatacdo durante aquecimento e refiriamento); - evitar grandes cargas em segdes finas. ALtVIO DE TENSSES As tensdes residuais no metal nado podem ser reduzidas aumentando-se a espessura. Isso 6 conseguido fazendo-se alivio de tengdes (recozimento) apés fabricacao = instalagdo. m B Deve-se, porém, tomar cuidado para que esse tratamento nao afete certas propriedades metalurgicas desejaveis, por exemplo, dureza e resisténcia mecanica. As vezes, néo se pode fazer alivio de tensdes na estrutura inteira, entéo faz-se somente em zonas criticas (exemplo, soldas) . £ 0 caso de equipamentos grandes ou equipamentos que podem empenar, se a forma for complicada, ou ainda quando se trata de materiais de coeficientes de dilatacdo diferentes. As especificagées para alivio de tensdes podem ser encontradas nos "Codes for unfired presure vessels" ou no- fabricante. Em certos casos - por exemplo, agos inoxidaveis =, torna-se dificil fazer alivio devido as altas temperaturas e répidas témperas necessirias para manter a estrutura tipica de alta temperatura. Em certas ocasides, nado @ conveniente fazer-se alivio térmico de, tensdes em acos austenificos, com teor normal de carbono, porque este pode ficar sensivel a corrosao intergranular. Dai ser mais conveniente, quando for necessario alivio térmico de tensdes, usar acos estabilizados. Alguns dados retirados de Copson "The Wolding Journal", fevereiro de 1953, apresentam as temperaturas © 0 tempo em que determinadas ligas devem ser aquecidas, seguindo-se resfriamento lento, para alivia-las de tensoes intensas: Material Temperatura de recozimento Tempo (°F) (horas) Ferro © ago T.100 — 1.400 ts Ago inoxidavel 1.350 - 1.600 1-2 Ligas de cobre 375 - 575 1/2 -1 Iigas de aluminio 450 - 500 1 Ligas de magnésic _ 300 - 600 14-1 Ligas de niquel 1.100 - 1.200 1/2 -1 INTRODUGAO DE TENSORS DE COMPRESSAO As tensdes residuais de tragao na superficie podem ser reduzidas ou eliminadas usando-se jateamento na superficie, a fim de introduzir tensdes de compressdo. Esse método é talvez mais eficiente em materiais que sejam mais fecilmente endurecidos a frio, como agos austeniticos e as ligas de aluminio. Costuma-se, também, em alguns casos, causar uma reacdo da superficie que resulte em um aumento de volume da fase matdlica, colocando-se, assim, em compressao a superficie. Como exemplo, tem-se a nitretagao de algumas ligas de ago, com aménia a temperatura elevadas. MODIFICACOES NO MEIO CORROSIVO — — Avremogao ou o controle do agente especifico (C1, OH, NE, NO) pode redusir CTP. Deve-se, também, eliminar frestas onde, por vazamento, o agente possa se concentrar. Bxemplos: = A remogéo dos fons Cl--em trocadores de calor permite o uso de acos inoxidaveis para agua em alta temperatura — por exemplo, reatores nucleares refrigerados a dgua, caldeiras. Notar que Agua contendo i ppm de cloreto, derramada na superficie de um trocador de calor, pode se concentrar suficientemente para causar fratura de um aco inoxiddvel, austen{tico. - 0s inibidores usados para petréleo Acido (para diminuir corrosdo geral) s4o também eficientes para diminuir CTF em meio sulfeto. = Para evitar que a concentragio de NaOH atinja valores altos, adiciona-se fosfato A Agua de caldeira. Outros inibidores sao nitrato de sdédio e extrato de quebracho. Em todos esses casos, procura-se evitar a Precipitacdo de NaOH pela separacao preferencial de outro sal. - 0 benzotriazol 6 um inibidor eficaz para ligas de cobre. PROTECAO CATODICA Aumenta a vida Gtil (tempo para ruptura) e evita CTF, mesmo apés as fissuras terem aparecido. Isso evidencia 9 mecanismo eletroquimico. Exemplos de utilizagao: -LatGes sio revestidos com zinco (anodo de sacrificio). -Ligas de Al de alta resisténcia sfo revestidas com clad de uma liga de Al mais anddica. 76 nn Deve-se notar que, quando esta envolvido um mecanismo de fragilizagao pelo H, a aplicacdo de protecao catédica pode estimular mais ainda a fratura. © grafico abaixo mostra a variagdo do tempo para a fratura (te) com a polarizagaéo nas diregdes andédica e catédica de um aco inoxiddvel 18/8 em solucdo de NaCl + H, Superprotesio enco- raja a-tragilizago pelo H ee te . cetédica ” anddica USO DE MATERIAIS RESISTENTES Ago inoxid4vel austenitico pode operar com nitrate concentrado e quente, ao passo que ago-C nao resiste. Ligas de aluminio da série 6.000 sao mais resistentes a CTF do que as séries 2.000 e 7.000, embora a resist@ncia mecdnica seja menor, Certos agos de baixa-liga (0,12 C, 2,0 Cr, 0,3 Mo, 0,3 AL) sdo mais resistentes a CTF em meio sulfidico do que agos N-80, J-55 (ver L. Cauchois, J. Didier e B. Herzog, "A special N-80 ~ steel tubing developed in France to resist sulfide stress corrosion in sour gas wells", Corrosion, vol. 13, 263-269, april 1957). Acos contendo 0,25 C apresentam a resist@ncia maxima a CTP por nitrato. O aumento do teor de Mi até 32% nos agos inoxiddveis - por exemplo, Incoloy 800 48 Fe/20 Cr/32 Ni) reduz a suscetibilidade a CTF por cloreto. As vezes, 0 aco imoxiddvel austenitico 6 substituido por ligas de Ni (Inconel 600 Ni/15 Cr/7 Fe), que sdo bastante resistentes. Latées de aluminio (2% Al) sdo mais resistentes a CTF em meio amoniacal. MECANISMO DA CTF Nao 6 bem conhecido. £ provavel que nao se descubra um que se aplique a todos os sistemas metal/meio corrosivo. Tem sido observado que CTF comega na base de um pite (ou outra descontinuidade), que atua, assim, como um "concentrador de tensdes" Sao _condigSes essenciais para o inicio e propagagdo da fratura: = Caminhos no material suscetivel a corrosdo - por exemplo, precipitagdo de fases nos contornos dos grdos ou caminhos anddicos, resultantes de deformagdes plasticas localizadas. Essas fases (carbetos, por exemplo) sao bons catodes, estimulando dissclugao anédica nos contornos dos graos. Os potenciais anédicos dessas regiées dependem da natureza do meio @, por isso, CTF 4 aspecifica para o sistema metal/meio. Evans, em 1947, postulou que esses caninhos devem sec mecanicamente fracos, de modo que se formen cunhas pela corrosdo localizada, induzindo a fratura quebradica. A fratura cessa quando um obstdculo resistente 6 concentrado (incluséo ou contorno ndo orientado), mas a corrosdo age e forma outra cunha. Finalmente, a fratura 7G é explicada pelo fato de que constituintes anédicos estado no interior dos graos, ao longo de planos de deslizamento ("slip planes"). Uma tensdo de tragdo atua perpendicularmente a esses caminhos, mantendo a fratura aberta. © anodo na ponta da fratura é mantido ativo por uma alta taxa de deformacao, evitando, assim, a formacao de um filme protetor estavel. Os produtos da corrosdo sao removidos do anodo porque o volume de solucao na fratura 6 bem superior 2o volume de metal dissolvido. 78 -movimento- - da solucto tensdo sotucic aqui tem composiczo dife - rene dorestante metal dissotvide para formar a fratura Ss? Desse modo, os lados da fratura ficam passivos © a ponta permanece ativa, acelerando a corrosdo, devido a grande telagdo catodo/anodo. A acdo conjunta tens4o/corros4o requerida para a propagacdo pode ser demonstrada quando se aplica protecdo catdédica e a fratura cessa. Quando se remove a protegdo catédica, a fratura recomeca o movimento. 719 CORROSKO SOB PADIGA Muitas pecas sujeitas a esforgos ciclicos sofrem ruptura por efeito de tensdes abaixo do limite eldstico do material e sem sinais de deformagao permanenta. No entanto, um exame mais detalnado da fratura pode mostrar que o fendilhamento iniciou-se de algum ponto favoravel a concentracdéo de tensdes, que pode ser uma ranhura, um. entalhe, uma inclusao de impurezas ou uma mudanga brusca de segdo. A alta concentragdo de tensdes 6 responsavel pelo aparecimento de uma pequena fenda que progride lentamente de inicio, porém, com a aplicac¢do continuada das cargas alternadas, a fenda aumenta rapidamente, até que a secdo Util da pega seja insuficiente para \resistir 4 carga aplicada e, nesse caso, di-se a ruptura da pega. A fratura por fadiga mostra, em geral, duas regides distintas. Na regido proxima 4 fissura original, a fratura é lisa, por efeito do atrito entre as duas partes; a 4rea restante 6 rugosa, como uma fratura normal. Para que o fendilnamento progressive venha a ocorrer, 6 preciso que o material seja solicitado acima de um valor dsterminado de tensao, conhecido como limite de resisténcia a fadiga ("endurance limit") -o¢. Bsse valor pode ser determinado na curva tipica de yariagdéo do limite de resisténcia A fadiga, em fungio do ntimero de ciclos de esfor¢gos aplicados. A curva seguinte mostra que o limite de resisténcia A fadiga é a tensdo maxima que pode ser aplicada a pega, ciclica @ indefinidamente, sem causar a ruptura. rexsie sol LIMITE DE FADIGA 16 10 10) © limite de resisténcia a fadiga 6 determinado em maquinas de teste, onde os corpos de prova ficam sujeitos aos mais diversificados esforgos ciclicos, tais como: flexao rotativa, flexdo alternada, tracao e compressdo alternadas, tragdo repetida, compressdo Tepetida, etc. Procura—se reproduzir as condigées de solicitacdo a que a pega ficara submetida na prdtica. A frequéncia de aplicacdo dos esforgos 6, a8 vezes, estabelecida, pois esse fator influencia no mimero de ciclos que levara a pega a se romper. Acrescente-se, ainda, que existem varias condicées adversas, principalmente o estado da superficie da peca e do meio de trabalho, as quais reduzem profundamente o limite de fadiga, obtido com ensaics em corpos de. prova polidos de forma espelhante, como é de uso comum. Em ambiente corrosivo, a fratura num certo valor de tensdo ocorrerd para um mtimero de ciclos bem inferior ao do teste realizado ao ar. Pode-se mesmo afirmar que a fratura ira ocorrer para uma dada tensdo, desde que o ntimero de ciclos seja grande. A redugéo do limite de resist@ncia 4 fadiga é ilustrada no grafico seguinte. A fratura de um metal resultante da acdo combinada a um meio corrosivo e uma tensdo repetida ou alternada é denominada corrosao sob fadiga. 0 efeito é sempre maior do que a soma dos efeitos da corrosdo @ da fadiga, se considerados separadamente. Aumiente connosivo Ha et Lim kag 81 82 A figura seguinte ilustra a redugao percentual relativa do limite de resist@ncia A fadiga de agos comuns na Agua doce e na agua salgada. 60. 40. 20. fe geen) 40 so 60 700~C8OCSCC Através deste grafico, pode-se comparar 0 desampenho da um aco de alta resisténcia (alto teor de carbono) com um ago doce, sob os efeitos de tensdes ciclicas ou alternadas em ambiente agressivo. Exemplos: = ago doce - recozido a 900°C, contendo 0,2% de c, com limite de resisténcia 40 ko*/mm? e© limite de resisténcia a fadiga = 20 kg/mm’; - ago extra duro — recozido a 800°C, contendo 0,8% de C, com limite de resisténcia = 80 kg/mm? e limite de resisténcia a fadiga = 35 kg*/mm*. Pelo gréfico, tem-se, para o trabalho desses agos sob 4gua salgada, os seguintes valores percentuais de seus limites de resisténcia A fadiga: ago doce - 508; aco extra duro - 203, Dai, conclui-se que, nas condigGes de trabalho, os limites de resist@ncia A fadiga desses agos devem ser: = ago doc: 20 kg*/mm? x 0,5 10 kg*/mm? ~ ago extra duro: 35 kg*/mm? x 0,2 7 kat /mi donde se conclui que nao ha vantagem de se utilizar, nesse caso, ago de alta resisténcia em ambiente corrosive, como na d4gua salgada. A fratura resultante da corrosdo sob fadiga é tipicameate transgranular, podendo apresentar pequenas ramificacdes. Varias trincas s4o observadas na superficie do metal nas vizinhangas da trinca maior, responsavel pela fratura, Podem ocorrer pites na superficie do metal, de onde trincas poderdo iniciar; porém, os pites nao sao necessariamente precursores da fratura. 0s ambientes capazes de causar corrosdo sob fadica sao variados, e ndo sdo especificos a um metal, ao contrério do que ocorre com a corrosdo sob tensdo fraturante — CTF. 0 ago sofre corrosao sob fadiga em agua doce, agua salobra, Agua salgada, na presenga de condensadose de produtos quimicos, com uma regra geral: quanto maior a taxa de corroséo uniforme, tanto menor o desempenho em relacao a fadiga . A corrosio sob fadiga 6 a causa comum de fraturas ancrmais de estruturas metdlicas submetidas a vibracdes, projetadas para operar com seguranca ao ar, com tensdes inferiores ao limite de fadiga. Por exemplo, 0 eixo da hélice de um navio, levemente fora de alinhamento, podor4 operar satisfatoriamente até “que a estanqueidade seja danificada, permitindo que a 4gua do mar entre em contato com o eixo, na d4rea da tensdo maxima alternativa. Nessa situagao, fissuras poderdo se desenvolver em questdo de dias, ocasionando danos e um eventual quebra do eixo. Os tubos ligados as bombas de succdo de dleo, em pogos petroliferos, apresentam uma vida wtil limitada, em raz4o da corros4o sob fadiga, quando expostos A agua salgada dos pogos. Cabos e@ arames normalmente ss rompem devido a corrosdo sob fadiga. Tubulagdes que transportam vapor liquidos aquecidos com temperaturas varidveis podem também apresentar avarias, devido as contragdes e expanses periddicas. © teste usual de fadiga realizado ao ar, para metais usados em estruturas, 6 influenciado pelo oxigénic e pela umidade. Bsse teste representa, pelo menos em parte, uma medida da corrosdo sob fadiga. Testes recentes para oO limite de resisténcia a fadiga do cobre em vacuo parcial revelaram um aumento de 148 em relagdéo ao valor correspondente ao ar. Para o ago doce, o aumento foi de 5%, porém para o latao 70-30 0 aumento foi de 26%. 0 limite de fadiga do aluminio é sempre afetado pelo ar, © mesmo acontecendo em relagdo ao vapor d'dgua. 0 ouro, que nao retém oxigénio, apresenta o mesmo desempenho, ao ser testado guanto 4 fadiga no ar ou no vacuo. O efeito atribuido ao axigénio 6 pequeno na iniciagdéo das trincas @ bastante sensivel na propagagdo da trinca. Os agos de alta resist@ncia mecdnica apresentam um desempenho em relagdo 4 fadiga no ar tmido inferior ao do ar seco. Por outro lado, verifica-se que 0 ago doce nao tem o seu limite de 83 a4 resisténcia a fadiga afetado pela umidade, desde que nao ocerra condensa¢ao. A Agua doce e especialmente a agua salobra exercem maior influéncia na corrosaéo sob fadiga do aco do que na do cobre. Os agos inoxiddveis e os agos ligados com niquel apresentam melhor desempenho do que o ago comum. Em geral, pode-se dizer que a resist@ncia de um metal a corrosdo sob fadiga esta mais relacionada a sua propria resisténcia a cortosao do que a uma eventual resisténcia a mecAnica elevada. Baseando-se no trabalho de Mc Adam sobre agos em Agua doce e Agua salobra, tiram-se as seguintes conciusdes gerais: 1) Nao h4 correlagdo entre resist@ncia 4 corrosdo sob fadiga © resisténcia A tensao. 2) Agos de meia liga apresentam apenas uma melhora ligeira na resist8ncia A corrosdo sob fadiga do que os agos ao carbono. 3) 0 tratamento térmico néo melhora a resisténcia a corrosio sob fadiga, porém a oxisténcia de tensdes residuais 6 indesej4vel. 4) Os agos resistentes A corrosdo, especialmente agos_contendo cromo, apresentam uma resist@ncia 4 corrosdo sob fadiga maior do que os demais agos. 5) Para todos os agos, o limite de. resisténcia 4 fadiga 6 menor em 4gua salgada do que em dgua doce. © mecanismo de inicio da fadiga no ar comeca nas fendas_na superficie do metal, ocasionadas por intrusées e extrusdes microscépicas formadas nos ciclos de tensdes, ¢ que resultam de deslizamentos nos gréos cristalinos do metal. © croscimento da fratura comeca na superficie ao longo das faixas de deslizamento e o dpice-de tais fissuras torna-se uma regido anédica de uma pilha. A adsorgdo de oxigénio e/ou H,0, bem como de outras espécies iénicas nas paredes da fissura, ceduzem a energia na superficie metdlica e, portanto, impedem a ressoldagem no ciclo reverso de tensao. As tensGes de frequéncias mais baixas revelam-se como as mais prejudiciais, uma vez que, em cada ciclo, hé um tempo maior, no qual os efeitos da corrosdo e da fadiga se adicionam. 0 mecanismo eletroquimico fica evidenciado porque a corrosao sob fadiga 6 atenuada pela utilizacdo de protecado catédica e de inibidores. A aera¢do diferencial também influencia, pois o fundo das fendas, que é intensamente solicitado, é area anédica. Assim como os metais puros néo estdéo imunes a corrosdo uniforms, estes também ndo o estado em relagdo a corrosdo sob fadiga. Esse comportamento $ conflitante com a resisténcia que exibem frente a corrosdo sob tensao fraturante, que se desenyolve por um mecanismo diferente. O principal efeito do meio corrosivo 6 reiniciar ou induzir deformagSes pldsticas no metal ciclicamente tensionado or quaisquer meios, desde que o meio corrosivo aja em conjunto com a tensao aplicada Inicialmente, pensou-se que a formacéo de pites era condigdo necess4ria para o aparacimanto da corrosdo sob fadiga; no entanto, isso nado 6 certo. Se existem pites, eles podem atuar sob determinadas condigdes, como um entalhe ou concentradores de tensao, fayorecendo, assim, o aparecimento de uma ruptura. No entanto, observagdes microscépicas indicam que as intrusdes formadas de infcio, durante os ciclos de tenso, originam fissuras que podem ocasionar pites em razdo da aeragdo diferencial, da formacdo de pilha ativa/passiva, ou da acumulagao cu concentracdo de subst@ncias corrosivas no interior da fissura. Isso significa que o pite origina-se a partir de uma fissura inicial. Os dados disponiveis mostram que as pilhas de aera¢do diferencial, pilhas do tipo ativo-passivo, apesar de exercerem influéncia importante no desenvolvimento da corrosio sob fadiga, nfo podem ser apontadas como responsdveis por seu mecanismo. Por exemplo, o cobre forma pilhas de aeracéo diferencial e, no entanto, é mais resistente 4 corrosdéo sab fadige do que o ago-carbono, o aco inoxiddvel, o niquel e o monel, os quais nado formam essas pilhas. & ainda, a curta vida util do aco com 0,16% de C na agua salgada aerada, comparada com o valor correspondente a agua doce aerada, deve-se provavelmente ao afeito mais acentuado da aera¢do diferencial na solugdo salina melhor condutora, o que resulta numa elevada taxa de corrosdo na 4rea anddica da fenda. Portanto, o processo de deformagao plastica é acelerado pela corrosio, e esse efeito nao é especifico ao fon cloreto, porém § extensivo aos demais meios corrosivos. A propriedade dos mecanismos de corrosdo em acelerar wma deformagao plastica explica por que a resisténcia a corrosdo de um metal 6, em geral, um fator mais importante do que a resisténcia A tensdo, no que se refere 4 corrosdo sob fadiga. 85

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