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O CONCEITO DE ORIXÁ NO CANDOMBLÉ

1-INTRODUÇÃO

O Candomblé chega ao Brasil em virtude da escravidão. Sendo assim, essa religião é vivida no
Brasil desde 1715, data da chegada maciça de escravos originários das costas do Benin, mais
precisamente da zona de língua Yoruba1.

No nível cultural podemos dizer que “ a cultura Yoruba foi a mais importante das culturas
negras trasladas ao Brasil”, afirma Arthur Ramos.Provavelmente essa maior influência está
ligada ao fato de que o contingente de escravos Yorubas num mesmo local tenha sido maior.

Sendo assim, podemos dizer que mesmo assimilando elementos de outras tradições que lhes
são semelhantes, os elementos básicos da teologia do Candomblé são originários da tradição
Yoruba.

A Religião dos Orixás, como é chamado o Candomblé, era uma forma dos escravos
manterem seu olhar para Terra Mãe. Era uma forma de conexão com tudo o que havia ficado
para traz. E essa religião foi crescendo e tomando maior importância devido a dois fatores
importantes: 1º aumentava o número de escravos libertos. 2º o intenso tráfico com a costa do
Benin renovava continuamente os contatos com a Terra Mãe.

O Candomblé desde sua chegada tem forte influência na Bahia e Pernambuco. E é em


Salvador/ BA onde surgem as “Casas Mãe” como relata Berkenbroc (2007, pág.178) em nota
de rodapé2. Onde aponta a Casa Branca como a casa mais antiga e atuante, considerada a “Casa
Mãe” de todas as demais.

Com a mesma importância temos o Ilê Ijá Omi Axé Iyamanssê e o Ilê Axé Opô Afonjá,
ambas localizadas também em Salvador/BA.

No presente trabalho pretende-se destacar o conceito de Orixá, mas ficaria um pouco


incompletos se não fosse destacado alguns aspectos peculiares dessa religião. Por isso faz-se
necessário uma pequena abordagem sobre o universo religioso do Candomblé, onde procura-se
entender um pouco de sua cosmovisão religiosa.

2-O TERREIRO

Como esclarece Berkenbrock em nota de rodapé “ a expressão ‘terreiro’ para denominar o


local de culto é utilizada por quase todas as religiões afro-brasileiras” 3. É uma representação do
mundo africano. Portanto é no terreiro onde acontecem as principais atividades litúrgicas do

1
DE L`ESPINAY, François, A Religião dos Orixás- outra palavra do Deus único?, em REB 47(1987) 644.
2
BERKENBROCK, Volney J, A Experiência dos Orixás, 3º Edição Petrópolis: Editora Vozes: 2007
3
BERKENBROCK, Volney J, A Experiência dos Orixás, 3º Edição Petrópolis: Editora Vozes: 2007
2

Candomblé. É um espaço místico, social e religioso. Um local de encontro, doação e entrega,


entre as pessoas e seus Orixás.

Como representação do mundo africano é o local onde se cultua os antepassados humanos


(Eguns) e os Orixás. São compostos por diversos espaços, onde se destacam os quatro
principais: os Ilê-Orixá, os Ilê- Axé, a casa ou espaço para o culto público e as casas de
moradia.

Os Ilê-Orixás são pontos muito importantes na religião do Candomblé. Pois é onde se


encontram os altares dos Orixás (Pegi). Um local onde cada filho de determinado Orixá
apresenta suas oferendas e recebem seu Axé. Em todo terreiro existe um altar para cada Orixá
que tem filhos naquele terreiro.

Outra explicação é dada por Maria de Lourdes Siqueira, onde apresenta sua análise em
diferentes dimensões:

. Espaço místico: é ali que os Orixás se incorporam em filhas (os)-de-santo, a fim de dizer à
comunidade inteira que ela pode estar com eles.

. Espaço ritual: criado pela repetição secular dos ritos que apresentam homenagem aos Orixás,
com oferendas, cânticos e danças com um ritmo forte e um sabor nostálgico, é o louvor aos
ancestrais; e

. Espaço social: a qualquer momento ele abriga todas as pessoas do “santo”, constituindo uma
família que é, sem dúvida, simbólica, mas nem por isso menos real como é a existência de cada
membro do terreiro4.

Ainda eu seu livro encontramos uma passagem de Muniz Sodré,1998 onde relata o seguinte:
“ o terreiro se afirma étnico e cultural, capaz de acolher de uma forma mais geral o cruzamento
dos espaços e dos tempos compreendidos na especialização do grupo negro. Ali se conservam
os preciosos conteúdos patrimoniais (o Axé ou a energia vital, os princípios cósmicos, a ética
dos ancestrais), como também os ensinamentos do Xirê, os ritmos e as formas drásticas, que se
desdobram ludicamente na sociedade global”.

Por essas características concluímos que o terreiro é o ponto principal da Religião dos
Orixás. Local onde se manifesta a dinâmica da vida, tanto no âmbito religioso como social.

3-COSMOVISÃO RELIGIOSA

A cultura Yoruba é muito importante para o Candomblé, sendo assim a cosmovisão religiosa
é de grande destaque, como cita Berkenbrock em seu livro. “ A cosmovisão religiosa é
fortemente influenciada pela concepção de mundo na tradição Yoruba. Esta tradição é muito
complexa e não uniforme quer dizer, há um sem número de variações e não há nenhuma
4
SIQUEIRA,Maria de Lourdes. Ago Ago Lonan, Maza Edições: Belo Horizonte: 1998
3

instancia que sirva de diretriz para o todo. Uma visão unitária básica do mundo é, porém
compartilhada por todos os grupos”5.

O que se quer dizer com isso é que, mesmo com a escravidão e suas transformações, um
ponto ainda é comum. Esse ponto diz respeito ao Orum, Aiye e Olorum.

Orum e Aiye são os dois níveis de existência para o Candomblé e nada existe fora deles,
representando assim a dinâmica da vida.

3.1-AIYE E ORUM

No mundo do Candomblé, tudo o que existe é pensado dentro dos dois níveis. Tudo que
existe no Aiye é uma possibilidade de existir que no Orum. Ou seja, nada é criado nada. A sua
possível criação é dada a partir da possibilidade de existir. Não são considerados espaços ou
locais de existência. Na verdade “são duas formas ou duas possibilidades de existência”6. Nada
existe fora desses níveis. Mas existe uma diferenciação entre eles.

Aiye é o universo físico, concreto, limitado. É o mundo material. Local onde se encontram
os habitantes, a humanidade (Ara-Aiye). Sendo assim tudo que se relaciona aos humanos
encontram-se no Aiye, principalmente suas imperfeições.

O Orum por sua vez é considerado um sobremundo. Ele engloba todo o Aiye. Sendo
sobrenatural, também é ilimitado e imaterial.

É onde se encontram os Orixás e os Eguns (antepassados naturais e humanos). Os habitantes


do Orum são denominados Ara-Orum.

Ao Orum cabe a responsabilidade sobre o Aiye, onde os Orixás são responsáveis pela
existência e pelas pessoas de forma individual. O Aiye não existe fora do Orum.

Berkenbrock citando J. Elbein acrescenta: “cada indivíduo, cada árvore, cada animal, cada
cidade, etc. possui um duplo espiritual e abstrato no Orum” 7. O mais importante é que haja
sempre uma profunda harmonia entre Orum e Aiye, para que se possa equilibrar a existência.

Os habitantes do Aiye só entram no Orum quando terminam sua existência no Aiye, ou seja,
após a morte. Porém os habitantes do Orum podem aparecer no Aiye, mas não de forma
arbitrária. Como seres espirituais precisam de um corpo.

Já existiu uma conexão maior entre Aiye e Orum como nos afiança Berkenbrock: “os Itans
falam do tempo em que Orum e Aiye ainda não estavam separados e os habitantes de ambos os
lados tinham transito livre entre os dois mundos. Por causa do erro humano aconteceu que os

5
BERKENBROCK, Volney J, A Experiência dos Orixás, pag. 179
6
Cf.Berkenbrock.op cit p.181.2007.
7
J.Elbeim dos Santos, Nagô, pag.54
4

Ara-Aiye não mais podem livremente ir para o Orum, a não ser através da morte 8. Por isso a
religião é tão importante, pois através do culto acontece um profundo esforço para recompor a
unidade inicial perdida.

3.2-OLORUM: POSSIBILITADOR A TODO MOMRNTO

Olorum é também chamado de Olodum ou Olodumaré. É o ser supremo e está acima dos
dois níveis de existência. “Ele é o criador no sentido primeiro, no sentido de origem de todas as
forças. Ele é a fonte de todos os benefícios. É o Autor e Doador de todas as coisas boas que o
homem possa ter...” 9. Mas ele não interfere diretamente na vida das pessoas. Tanto que nos
terreiros não há cultos em sua homenagem. Todo culto é voltado para os Orixás.

Toda intervenção é feita pelos Orixás. Olorum passou a eles essa responsabilidade. Sendo
assim, os Orixás são intermediários de Olorum e são eles os que estão em contato com as
pessoas e toda criação. “Quando se afirma, por exemplo, que a Obatalá cabe a responsabilidade
pela criação, se está afirmando ao mesmo tempo que ele não age em nome próprio, mas de
Olorum que a ele confiou o ‘saco da existência’ e orientou sobre o modo de proceder na
criação”10.

Como principio de todas as coisas, Olorum também é a origem de forças no universo: Iwá,
Axé e Abá. Porém a mais falada no Candomblé é a força do Axé.

Iwá é força da existência em geral. Ela possibilita a existência, e da origem a tudo.

Axé é a força que possibilita a transformação. É o que faz com que cada coisa venha a ser.
“Axé é força dinâmica realização” 11. No Candomblé receber o Axé dos Orixás é um ponto
fundamental.

Abá acompanha o Axé. Tem como função dar objetivo, uma direção. Toda existência tem
essas três forças.

3.3-O CULTO

Como uns dos aspectos fundamentais da religiosidade do Candomblé é o contato com os


Orixás, o culto tem importância fundamental. É onde as pessoas entram em contato direto com
os Orixás. “Ele possibilita o contato direto, no qual o fiel tem a possibilidade de experimentar

8
BERKENBROCK, Volney J, A Experiência dos Orixás, pag. 182
9
BERKENBROCK, Volney J, A Experiência dos Orixás, pag. 185
10
J.Elbeim dos Santos, Nagô, pag.61-64

11
BERKENBROCK, Volney J, A Experiência dos Orixás, pag. 187
5

seu Orixá pessoal com uma intimidade tal que ele coloca seu corpo à disposição do Orixá, de
modo que ambos encontram-se unidos em um único corpo” 12.

O culto varia de terreiro para terreiro e de Orixá para Orixá. É um momento de troca, onde
são feitas oferendas de acordo com o gosto de cada Orixá. E em troca, os fieis esperam receber
o Axé. A força que possibilita a dinâmica. “Como se trata de um processo de dar e receber, os
filhos também fazem sua parte: eles fazem oferendas e colocam seu corpo a disposição para
que os Orixás venham a terra”13.

Como momento de encontro com os Orixás, o culto possibilita aos fieis um grande prazer e
conforto e até mesmo consolação. Os Orixás deixam o Orum e festejam com seus filhos no
Aiye. A humanidade esquece as dores e lamentações do dia-a-dia.

Parte das oferendas feitas aos Orixás é distribuída entre os fieis em sinônimo de unidade e
partilha reforçando os laços de solidariedade. Assim procura-se manter o equilíbrio da ordem
universal.

4-OS ORIXÁS (REGENTES DA INTELIGÊNCIA)

Os Orixás são alvos e figuras centrais nos cultos de Candomblé. Receberam a tarefa de
Olorum de governar e colocar ordem no Aiye.

Os fieis se sentem bem quando recebem o Axé dos Orixás e ficam felizes quando os mesmos
vêm do Orum para festejar e dançar com seus filhos. Mas quem são os Orixás?

“Ele tentou compreender o nascimento, a doença e a morte, a noite e o dia, o nascer e o pôr-do-
sol, o surgir da lua e das estrelas, a seca e a chuva, o insucesso de certas pessoas na caça e
pesca e o sucesso de outros, a pobreza de alguns e a riqueza de outros.etc,etc. O devaneio
envolvia o inexplicável, o ‘poder’, essa ‘transcendência’ que o homem primitivo não conseguia
enfrentar” TENTATIVA DE EXPLICAÇÃO14

Citando Verger 1957, 88 e complementando, Maria de Lourdes Siqueira diz: “Os Orixás são
os antepassados divinizados e assimilados à natureza. Contudo eles não são transformados em
elementos da natureza e, principalmente, não são subjugados pela mesma, ao contrário têm
poder sob uma determinada força da natureza que lhes corresponde” 15.

Berkenbrock citando J.Elbein dos Santos acrescenta: “Os Orixás são massas de movimentos
lentos e serenos, de idade imemorial. Estão dotados de um grande equilíbrio necessário para
manter a relação econômica entre o que nasce e morre, entre o que é dado e o que deve ser

12
BERKENBROCK, Volney J, A Experiência dos Orixás, pag. 197

13
BERKENBROCK, Volney J, A Experiência dos Orixás, pag. 198
14
SIQUEIRA,Maria de Lourdes. Ago Ago Lonan, pag.41
15
SIQUEIRA,Maria de Lourdes. Ago Ago Lonan, pag.44
6

devolvido... São entidades mais afastadas dos seres humanos e as mais perigosas... Os Orixás
estão associados a calma, a umidade, a repouso, a silêncio”16.

De acordo com esses conceitos percebemos que os Orixás estão inseridos no âmbito das
vidas das pessoas com bastante intensidade. E as características dos Orixás dependem muito da
relação entre pessoa e Orixá. Não se procura entender um Orixá e sim experiência-lo, vivenciá-
lo.

Relacionado com a natureza, cada Orixá domina um determinado elemento. Como o mar, as
águas doces, plantas, etc. Encontra-se envolvido também diretamente nas atividades humanas
(atos e valores).

Por esse motivo, percebe-se que no sistema religioso do Candomblé, os Orixás não
influenciam a vida somente de modo individual. Como trazem dinâmica à existência através do
Axé, interferem na vida de toda a comunidade, como exemplifica Berkenbrock: “Yansã é o
Orixá do vento e da tempestade. Quando uma comunidade humana é ameaçada pelo vento e
pela tempestade, que colocam em risco a harmonia, toda a comunidade e não somente os filhos
de Yansã têm a responsabilidade de dirigir-se a Yansã para recompor a harmonia” 17.

Entendido o conceito de Orixá é necessário porém entender sua atuação. Descrever como
cada um atua de forma determinada na vida das pessoas e da comunidade.

Sabe-se que o número de Orixás conhecidos é bem menor que os Orixás conhecidos na
África pelos Yorubas. Na África são conhecidos pelo menos 400 Orixás masculinos e 200
femininos.

A importância de cada um varia de acordo com o local e o culto. Somente Oxalá é lembrado
em todos os lugares como o Orixá de mais importância.

4.1-EXU

Exu não tem um domínio sobre certas forças da natureza. É visto como um ministro dos
Orixás, é o mensageiro. Por isso tem muita importância no Candomblé. “Ele é o mensageiro
dos Orixás entre si, dos Orixás com os seres humanos, dos seres humanos com o Orixá,
mediador entre o Orum e o Aiye e mesmo mediador entre os próprios seres humanos” 18.

Sua importância como Orixá da comunicação é extremamente relevante. Pois é ele o


encarregado de comunicação entre Orum e Aiye e é através dessa comunicação que acontece a
troca de Axé.

16
J.Elbeim dos Santos, Nagô, pag.76

17
BERKENBROCK, Volney J, A Experiência dos Orixás, pag. 226
18
BERKENBROCK, Volney J, A Experiência dos Orixás, pag. 230
7

Exu é encarregado de levar as oferendas aos Orixás, a fim de manter o equilíbrio. Sem ele
não acontece a troca de Axé. Por isso nenhuma atividade no Candomblé sem antes ser feita
uma oferenda a Exu (Padê de Exu). Oferta essa que tem como objetivo pedir a Exu a
comunicação entre Orum e Aiye. Sem a comunicação não há a troca de Axé e
conseqüentemente não há existência.

Cada pessoa e Orixá têm seu Exu individual. A intenção é sempre manter uma boa
comunicação em todos os níveis de existência.

Além da comunicação é atribuída também a Exu a função de interprete: “Exu é tido como
aquele que conhece tanto as pessoas como os Orixás. A linguagem é um meio privilegiado de
comunicação e por isso está sob o controle de Exu” 19.

Por isso é muito importante tratar Exu de forma agradável. Pois ele também pode causar
desentendimento. Tanto entendimento como desentendimento estão no caminho da
comunicação.

Outro aspecto importante sobre Exu diz respeito ao novo. A desordem não é caracterizada
sempre como algo negativo. Ela também apresenta aspectos de mudança, ou seja, através da
desordem podem ser trilhados novos caminhos. É a possibilidade do novo.

Seu símbolo é o caminho. Por isso o caminho é o lugar predileto para se fazer uma oferenda
a Exu.

4.2-ODUDUWA

É a força feminina da criação. Sua figura está sempre ligada a Obatalá. É um Orixá
conhecido, porém pouco cultuado.

4.3-YEMANJÁ

No Brasil é o Orixá das Águas salgadas. Está ligada a beleza, feminilidade e a maternidade.
É o Orixá feminino da fertilidade. Tem o titulo de “mãe dos Orixás”. É uma figura bastante
conhecida no Brasil e em sua festa devido a sua beleza, são lançados ao mar vários produtos
cosméticos. Sua cor é o azul claro. Também simboliza o ideal de mãe bela.

4.4-XANGÔ

19
BERKENBROCK, Volney J, A Experiência dos Orixás, pag. 233
8

Xangô é considerado o filho mais importante de Yemanjá. É o Orixá do fogo, do raio e da


tempestade. Também é considerado o Orixá da justiça e da guerra. Ele castiga os injustos e
acolhe os que são humilhados.

4.5-OYÁ (YANSÃ)

Primeira mulher de Xangô. “Ela quase que o lado feminino de Xangô” 20, pois suas
características muito se assemelham as dele, ressalta Berkenbrock (2007). Xangô numa
tempestade é o raio e Yansã é o vento incessante.

É vista como uma batalhadora, guerreira e fiel. Porém pode ser colérica se contrariada. Sua
cor é o vermelho.

Considerada a mãe dos Eguns e por isso é o único Orixá que pode se manifestar durante os
ritos fúnebres. (Axexê).

4.6-OBÁ

Terceira esposa de Xangô. Sempre quis ser a esposa preferida, mas nunca conseguiu.
Representa uma mulher batalhadora, mas infeliz no amor. É o Orixá das águas em geral e sua
cor é o vermelho.

4.7-OGUM

É o Orixá da mata e do ferro. Por isso existe uma série de atividades relacionadas a ele:
caçador, guerreiro, inventor, desbravador, ferreiro, etc. É o Orixá do desenvolvimento.

Com a situação dos negros no Brasil, o fator que mais tem significado é sua ligação com o
metal. Sendo assim profissões ligadas ao metal ferro é relacionada a ele.

É representado e temido no Candomblé, pois é também o Orixá da revolta, da violência.

4.8-OXOSSI
20
BERKENBROCK, Volney J, A Experiência dos Orixás, pag. 238
9

É irmão de Ogum. É o Orixá da caça. Por isso está sempre em contato com a mata,
conhecendo bem as plantas e relacionando-se com Ossaim.

No Brasil sua importância se dá pelo fato da tradição africana ter se misturado com a
tradição indígena. Dessa forma ele é o senhor da caça e das florestas. Sua cor é o azul claro e
apresenta caráter juvenil, sendo representado pela figura de um índio.

4.9-OMOLU

Orixá relacionado ao nascimento e a morte. Essa característica se dá pelo fato de estar ligado
à terra.

Ele é muito respeitado e temido, pois as doenças estão sob seu domínio, especialmente a
varíola e as doenças de pele.

É o Orixá da medicina, ao mesmo tempo em que pode espalhar doenças também pode curá-
las. Seu símbolo é uma vassoura (Xaxará).

Pessoas doentes buscam conselhos através de Omolu, é o médico dos pobres.

4.10-NANÃ

Orixá feminino, mãe de Omolu. Está ligada ao barro, a lama. Por isso está relacionada ao
começo e ao fim. É mãe e morte ao mesmo tempo. “Ao ser lama é mãe da mãe” 21.

Também está relacionada com a agricultura e com as colheitas. Como na tradição Yoruba a
terra é invocada nos juramentos, ela também é o Orixá da justiça. No Brasil também é chamada
de Nanã Buruku.

4.11-OSSAIM

É O Orixá da vegetação, das ervas e principalmente no Axé contido nelas. Como as ervas
tem uma importância muito grande no culto do Candomblé, Ossaim é cultuado de forma
incomum.

21
BERKENBROCK, Volney J, A Experiência dos Orixás, pag. 243
10

Seu culto é organizado de forma autônoma e ele tem uma sociedade organizada e um
sacerdócio especial a ele devotado: Babalossaim. São responsáveis por tudo que diz respeito a
esse Orixá. Sua cor é verde e “a parte ‘floresta’ do terreiro é seu domínio” 22.

Assim como as plantas, Ossaim está a serviço de todos.

4.12-IBEJI

É um Orixá gêmeo. Tem pouca expressão, mas no Brasil o seu culto é bastante difundido. É
o Orixá das crianças e por isso suas oferendas seguem esse padrão: doces, brinquedos, etc.

4.13-IFÁ

É O Orixá da sabedoria. Por isso também é muito importante para o sistema religioso do
Candomblé. Pois como Orixá da sabedoria ele indica o caminho para se restabelecer o
equilíbrio entre os dois níveis da existência: Orum-Aiye.

É o Orixá da consulta, sabe do passado, presente e futuro. Assim como Ossaim tem seus
próprios sacerdotes: Babalawôs.

4.14-OXALÁ

Mais poderoso e importante dos Orixás. Também conhecido como Obatalá, Orixalá ou
Orinxalá. É o Orixá da criação. Olorum deu a ele a tarefa de criar tudo o que existe na terra.

São associados a ele os elementos da criação (terra, água e ar). Ele domina tudo relacionado
a criação. Sua cor é o branco.

Pode incorporar tanto na figura de um velho (Oxaliã) como também na figura de um jovem
(Oxaguiã). Independente de forma, o que se demonstra é a responsabilidade pela vida, que é um
ciclo de nascimento, envelhecimento e morte.

5-CONCLUSÃO

22
BERKENBROCK, Volney J, A Experiência dos Orixás, pag. 245
11

A Religião dos Orixás é rica tanto em símbolos como em vivência. O que se pretendia
apresentar era a importância dos Orixás nessa religião.

Vários pontos foram deixados de fora, mas serão apresentados em um trabalho futuro. Onde
serão abordados não apenas a importância dos Orixás, mas também suas características
sincréticas, seus aspectos negativos e positivos, a visão dos fieis e como são as características
dos fieis de determinado Orixá.

Como religião autentica, os Orixás são peças fundamentais e apresentam variações em


relação aos significados de seus domínios. Mas isso não tira seu caráter especial, como algo
que transcende e leva as pessoas a um estado de paz e gratidão.

Fantástica em seu domínio, mais uma vez percebemos a vós de um Deus único, que fala aos
seus filhos de maneira que eles possam entender. Uma vós que se comunica através da cultura e
alcança o coração de toda humanidade.

Assim fica entendido que o projeto de Deus para os homens é mostrar que todos possuem
expressões da verdade, mas não a verdade em si.

.BIBLIOGRAFIA:
12

BASTIDE. Roger. O Candomblé da Bahia. 2º ed. São Paulo. Companhia Editora Nacional,
1978.

BERBENBROCK. Volney J. A Experiência dos Orixás. 3º ed. Petrópolis. Editora Vozes, 2007.

DE L`ESPINAY, François, A Religião dos Orixás- outra palavra do Deus único?, Em REB 47(1987)

SANTOS, Juana Elbein dos, Os Nagô e a Morte. 9º ed. Petrópolis. Editora Vozes, 1998.

SEGATO, Rita Laura. Santos e Daimones. Brasília. Editora Universidade de Brasília, 1995.

SERRA, Ordep. Águas do Rei. Petrópolis. Editora Vozes, 1995.

SILVA, Vagner Gonçalves da. Candomblé e Umbanda: caminhos da devoção brasileira. São
Paulo. Editora Àtica, 1994.
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