Com o fim das explicações míticas, os gregos precisaram encontrar fundamentos racionais para as normas jurídicas. As leis passaram a ser consideradas laicas e positivas, criadas pelos humanos e não pelos deuses. Isso levantou o desafio de justificar essas normas sem apelar para o sobrenatural. A filosofia do direito surgiu para responder a esse problema, buscando harmonizar as leis com a natureza e a ética.
Com o fim das explicações míticas, os gregos precisaram encontrar fundamentos racionais para as normas jurídicas. As leis passaram a ser consideradas laicas e positivas, criadas pelos humanos e não pelos deuses. Isso levantou o desafio de justificar essas normas sem apelar para o sobrenatural. A filosofia do direito surgiu para responder a esse problema, buscando harmonizar as leis com a natureza e a ética.
Com o fim das explicações míticas, os gregos precisaram encontrar fundamentos racionais para as normas jurídicas. As leis passaram a ser consideradas laicas e positivas, criadas pelos humanos e não pelos deuses. Isso levantou o desafio de justificar essas normas sem apelar para o sobrenatural. A filosofia do direito surgiu para responder a esse problema, buscando harmonizar as leis com a natureza e a ética.
Com o fim das fundamentaes mticas para explicar os fenmenos, os
gregos deparam-se com o problema de encontrar fundamentos racionais (lgicos) que os expliquem. Trata-se de um verdadeiro desafio: explicar ou justificar todas as coisas sem recorrer ao sobrenatural ou ao divino.
No mesmo momento histrico, as cidades gregas comeam a ser
estruturadas a partir de normas laicas e positivas. At ento, concebia- se que toda a ordem do universo e da Plis derivava de situaes mticas. Com a crise na crena nos mitos, as normas tornam-se frutos das discusses polticas e no de atos de revelao religiosa.
As normas, assim, passam a ser consideradas laicas, pois no so criadas
pelos deuses, mas pelos humanos. Elas so positivas, ou seja, postas ou criadas por um ato de vontade coletiva, por uma deciso poltica dos cidados.
Trata-se de um rompimento significativo, sobretudo para a histria do
Direito. A partir de ento, falar de direito falar de algo criado pelos seres humanos para os seres humanos. As normas correspondem a um momento poltico, materializando a vontade coletiva da cidade grega.
Surge, porm, o desafio descrito inicialmente: se as normas so criadas
apenas por seres humanos e no pelos deuses, como podem ser justificadas? Em outras palavras, em sendo os seres humanos meros mortais, so falveis, podem errar. Como saber se as normas laicas e positivas so boas ou justas? Haveria um critrio para medir a qualidade de uma norma?
Podemos considerar que a filosofia do direito comece com a busca a tais
respostas, com a necessidade de superar o desafio de fundamentar o prprio direito sem recorrer aos deuses.
Esse o impasse que vive Creonte, na tragdia Antgona: no consegue
encontrar um fundamento para suas decises mais forte do que os mitos, aos quais ele se recusa a submeter-se. Antgona, que pode simbolizar o ideal aristocrtico decadente, refuta a possibilidade de uma norma laica e positiva ser mais forte do que uma norma derivada dos deuses. Mas o momento da pea no mais permite o predomnio mtico, levando ao fim trgico dos personagens.
A superao ao desafio de fundamentar as normas envolve o encontro de
respostas que situem o direito em um contexto mais amplo, colocando-o em harmonia com as regras do universo (kosmos) e da natureza (physis), demonstrando a completude da vida. Haveria a necessidade de se demonstrar, racionalmente, que a Plis se encontra em um espao dentro da natureza e do universo e que as leis que regem a cidade esto em sintonia com as leis que regem esse ambiente.
Alm disso, tambm devemos considerar que, dentro da Plis, o direito
apenas uma faceta da existncia completa do homem grego. H uma complementaridade trazida pelas facetas poltica e tica da existncia. Em linhas gerais, politicamente os gregos criam a norma (o direito) e estabelecem os espaos ticos de cada cidado.
A busca da completude do direito grego a busca da fundamentao
racional de suas normas. Demonstrando-se que a norma est em harmonia com o universo e a natureza, por um lado, e com a poltica e a tica, por outro, resolve-se a questo de se saber se ela boa ou no, justa ou injusta.
Uma grande dificuldade sempre enfrentada pelos filsofos envolve a
questo de situar a Plis em relao natureza. Ser que as normas criadas na cidade devem simplesmente reproduzir, em um tom humano, o teor das normas pr-existentes na natureza? Ou uma norma humana pode radicalmente transformar as normas naturais, como o homem transforma a natureza para produzir a cultura?
As diversas respostas a essa ltima questo revelam a constante
preocupao dos filsofos de fundamentar o direito e a liberdade humana sem desprezar sua primordial condio natural.
Em suma, com a crise do mito, os filsofos precisam justificar o direito.
Essa justificativa espera situ-lo, sempre que possvel, de um modo harmnico na totalidade da existncia fsica e moral.